Buscar

resumo de psiquiatria revalida- Transtornos somatoformes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Transtornos somatoformes, dissociativos e factícios 
Transtornos somatoformes:
A característica principal dos transtornos somatoformes, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é a presença de sintomas físicos, que sugerem alguma doença orgânica ou física e não são produzidos intencionalmente. Ocorrem associados à busca persistente de assistência médica. Apesar de os médicos nada encontrarem de anormal, as queixas persistem e, quando há alguma alteração orgânica, esta normalmente não justifica a queixa.
Porém, para que haja diagnóstico de transtorno somatoforme, deve haver, junto às queixas, algum sofrimento ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional. A diferença entre os transtornos somatoformes e as doenças psicossomáticas está no fato de estas últimas apresentarem, além da queixa, de fato, alguma alteração orgânica constatável clinicamente.
A importância clínica dos transtornos somatoformes é totalmente determinada pela sua enorme prevalência, portanto, pela assiduidade com que os pacientes se utilizam dos sistemas de saúde.
 Transtorno de somatização:
O transtorno de somatização é o mais comum, cuja característica principal é a elaboração de múltiplas queixas somáticas, que são recorrentes e clinicamente significativas, resultando em algum tratamento médico. No transtorno de somatização, normalmente, há história de dor incaracterística e de difícil explicação médica que acomete, sobretudo, a cabeça, as costas, as articulações, as extremidades e o tórax, ou história de comprometimento nas funções de órgãos, como em relação às menstruações, ao intercurso sexual, à digestão ou ao funcionamento intestinal.
As queixas levam a frequentes exames médicos, radiográficos, tomográficos e mesmo a cirurgias exploratórias desnecessárias. Como os portadores do transtorno de somatização são previamente histeriformes, em geral, descrevem suas queixas em termos dramáticos, eloquentes e excessivos ou, curiosamente, ao contrário, ou seja, completamente indiferentes à sugerida gravidade do problema.
Frequentemente, ocorre longo histórico de hospitalizações e extensa trajetória médica, muitas vezes em busca de tratamento com vários médicos ao mesmo tempo. Para o diagnóstico, deve haver, pelo menos, 2 anos de sintomas múltiplos, sem explicação clínica, recusa pelo paciente de que não há explicação física para os sintomas e prejuízo em seu funcionamento social e familiar. O transtorno é mais comum entre mulheres e inicia-se na idade adulta, após os 30 anos. Dependência e abuso de sedativos e analgésicos são bastante frequentes.
Transtornos dissociativos (conversivos):
Segundo a CID-10, os transtornos dissociativos, ou de conversão, caracterizam-se por perda parcial ou completa das funções normais de integração da memória, da consciência, da identidade e das sensações imediatas, e do controle dos movimentos corpóreos. Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, em particular quando a ocorrência se associa a acontecimento traumático. A evolução pode igualmente acontecer para transtornos mais crônicos, particularmente paralisias e anestesias, quando o transtorno está ligado a problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis.
No passado, esses transtornos eram classificados, entre diversos tipos, como “histeria de conversão”. Admite-se que sejam psicogênicos, uma vez que ocorrem em relação temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis e insuportáveis, ou relações interpessoais difíceis. Os sintomas revelam frequentemente a ideia que o sujeito faz de uma doença física. O exame médico e os exames complementares não permitem colocar em evidência um transtorno físico (em particular neurológico) conhecido. Os sintomas podem ocorrer em relação temporal estreita com estresse psicológico, aparecendo e desaparecendo frequente e bruscamente.
Convém atentar-se à produção dos sintomas, se é consciente ou inconsciente e se há ganho secundário, para fazer o correto diagnóstico dos transtornos.
Amnésia psicogênica ou dissociativa:
Define-se amnésia psicogênica ou dissociativa uma súbita incapacidade para lembrar informações pessoais importantes e anteriormente armazenadas na memória. Trata-se de algo muito mais profundo que um esquecimento simples e, para que se possa dar esse diagnóstico, ele deve ocorrer na ausência de outro transtorno cerebral concomitante, como traumatismos cranianos e estados pós-convulsivos. A amnésia psicogênica pode seguir-se a acidentes catastróficos, como guerra, acidentes aéreos ou fatos vivenciais traumáticos ou moralmente muito condenáveis, como assaltos e estupros. Há incapacidade de recordar informações pessoais importantes, em geral de natureza traumática ou estressante, demasiadamente extensa e delimitada para ser explicada pelo esquecimento normal.
 Fuga psicogênica:
Nesse tipo de alteração, o distúrbio predominante consiste em afastamento súbito e inesperado de casa ou do local de trabalho e a incapacidade de recordar seu passado, portanto é um sintoma superposto à amnésia psicogênica. Há desejo incontido de afastar-se de experiências emocionalmente dolorosas, mas, durante o período em que o paciente está foragido, pode comportar-se de modo aparentemente normal ao julgamento dos outros. O principal diagnóstico diferencial é o comportamento do estado crepuscular, que pode acontecer na epilepsia do lobo temporal.
 Estupor dissociativo:
O estupor dissociativo compreende a diminuição importante ou a ausência dos movimentos voluntários e da reatividade normal a estímulos ópticos, auditivos e táteis externos, sem que os exames clínicos e os exames complementares mostrem evidências de causa física. Além disso, dispõe-se de argumentos em favor de origem psicogênica do transtorno, na medida em que é possível evidenciar eventos ou problemas estressantes recentes.
Convulsões dissociativas:
Os movimentos observados no curso das convulsões dissociativas podem assemelhar-se, de perto, aos observados no curso das crises epilépticas; todavia, a mordedura de língua, os ferimentos por queda e a incontinência urinária são raros. Além disso, a consciência está preservada ou substituída por estado de estupor ou transe.
 Anestesias dissociativas:
Os limites das áreas cutâneas anestesiadas correspondem, frequentemente, às concepções pessoais do paciente, mais do que às descrições científicas. Pode haver, igualmente, perda de um tipo de sensibilidade com conservação de outras sensibilidades, não correspondendo a nenhuma lesão neurológica conhecida. A perda de sensibilidade pode ser acompanhada de parestesias. As perdas da visão e da audição raramente são totais nos transtornos dissociativos.
Síndrome de personalidade múltipla:
O transtorno de personalidade múltipla ou transtorno dissociativo de identidade é outro sintoma que pode estar presente no transtorno dissociativo. Esse quadro caracteriza-se pela existência de duas ou mais personalidades distintas e separadas em uma só pessoa, cada uma determinando comportamentos, atitudes e sentimentos próprios. Quando o paciente manifesta determinada personalidade, há amnésia em relação à outra. A transição de uma personalidade para outra é, frequentemente, súbita e dramática. As personalidades assumidas podem representar identidades criadas subjetivamente e que atendem a anseios subterrâneos do indivíduo, bem como entidades sobrenaturais e possessivas.
Transtorno de despersonalização e desrealização:
Muito semelhante à personalidade múltipla, é a forma de histeria denominada despersonalização, caracterizada por alteração persistente ou recorrente na percepção de si mesmo, como a experiência de sentir-se separado do próprio corpo, de agir mecanicamente ou de estar em um sonho. Em vez de sentir-se “possuído” por outra personalidade, há sensação de irrealidade para com o próprio corpo. Dentre as causas orgânicas que mais apresentam o sintoma da despersonalização, está a epilepsia, que deve ser prontamente distinguida do transtorno dissociativo. Normalmente, a despersonalização éacompanhada de grande sensação de ansiedade.
A desrealização também pode estar presente, vivenciada como um sentimento de que o mundo externo é estranho ou irreal. A pessoa com desrealização pode perceber, também, alteração insólita no tamanho ou na forma dos objetos, percebendo-os maiores do que são (macropsia) ou menores (micropsia), assim como podem parecer estranhas ou mecânicas as pessoas à sua volta.
Síndrome de Ganser:
A síndrome de Ganser caracteriza-se por “respostas aproximativas”: quando se pergunta quanto são 2 + 2, por exemplo, a resposta é 5. É acompanhada de vários outros sintomas dissociativos.
Transtorno factício:
Também chamado de síndrome de Munchausen, o transtorno factício é definido pela CID-10 por presença de sintomas físicos ou psicológicos, intencionalmente produzidos ou simulados com o fim de assumir o papel de doente. O julgamento de que determinado sintoma é intencionalmente produzido é feito por evidências diretas e pela exclusão de outras causas. Por exemplo, um indivíduo que se apresenta com hematúria é descoberto com anticoagulantes em seu poder, nega tê-los consumido, mas os exames de sangue condizem com a ingestão de anticoagulantes. Cabe notar que a presença de sintomas factícios não exclui a coexistência de sintomas somáticos ou psicológicos verdadeiros.
No caso de crianças, quando a mãe intencionalmente produz algum sintoma no filho pequeno, visando mantê-lo no papel de paciente, o transtorno é chamado transtorno factício por procuração (ou Munchausen por procuração).
Os transtornos factícios são diferenciados de atos de simulação. Nesses últimos casos, o indivíduo também produz os sintomas de modo intencional, porém com um objetivo obviamente perceptível quando as circunstâncias ambientais se tornam conhecidas; por exemplo, a produção intencional de sintomas para livrar-se de uma prova ou de uma viagem. Da mesma forma, seria um ato de simulação se um indivíduo hospitalizado para tratamento de transtorno mental simulasse piora da doença para evitar a transferência para outro hospital menos desejável. Em contrapartida, no transtorno factício, a motivação é uma necessidade psicológica de assumir o papel de enfermo, evidenciada por ausência de incentivos externos para o comportamento. A simulação pode ser considerada adaptativa sob certas circunstâncias, mas, por definição, o diagnóstico de transtorno factício sempre indica psicopatologia.
Você sabe diferenciar os transtornos somatoforme, dissociativo e factício?
Para diferenciar os transtornos somatoformes, dissociativos e factícios, deve-se observar se a produção de sintomas pelo paciente é voluntária ou não, e se ocorre ganho secundário com a posição de doente.
Bibliografia:
Livro medcel- Psiquiatria 2020

Outros materiais