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Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 OSTEOARTRITE/OSTEOARTROSE: desordem não neoplásica de erosão progressiva da cartilagem articular associada ao envelhecimento, trauma ou lesão ocupacional. A osteoartrite, a forma mais comum de artrite, é uma condição localizada que afeta principalmente as articulações que suportam peso. A doença é caracterizada pela degeneração da cartilagem articular e osso subcondral. Pode manifestar-se como uma doença primária de etiologia desconhecida ou como uma doença secundária relacionada com defeitos congênitos (pacientes mais jovens) ou adquiridos que afetam a distribuição da sobrecarga articular Epidemiologia • A osteoartrite, ou doença articular degenerativa, é a doença articular mais comum. • Ela é frequente, se não inevitável, parte do envelhecimento e importante causa da incapacidade física em pessoas com mais de 65 anos de idade. • A característica fundamental da osteoartrite é a degeneração da cartilagem articular; alterações estruturais no tecido ósseo subjacente são provavelmente secundárias. • Embora o termo osteoartrite implique uma doença inflamatória, a osteoartrite é principalmente uma doença degenerativa da cartilagem articular, na qual os condrócitos respondem a estresses biomecânicos e biológicos de uma maneira que resulta na fragmentação da matriz. • Na maioria dos casos, a osteoartrite aparece de modo insidioso com a idade e sem causa iniciadora aparente (osteoartrite primária). • Em tais casos, a doença usualmente é oligoarticular (isto é, afeta apenas poucas articulações), com as articulações das mãos, dos joelhos, dos quadris e da coluna vertebral mais comumente afetadas. • Na circunstância incomum (menos de 5% dos casos) em que a osteoartrite ataca na juventude, há tipicamente alguma condição predisponente, como trauma prévio, deformidade do desenvolvimento ou doença sistêmica primária, como ocronose, hemocromatose ou obesidade marcante. • Nesses contextos, a doença é chamada de osteoartrite secundária, e frequentemente envolve uma ou várias articulações predispostas. • O sexo tem alguma influência; os joelhos e as mãos são mais comumente afetados em mulheres, enquanto os quadris são mais comumente afetados em homens. Fatores de risco • Os fatores de risco para a progressão da OA incluem a idade avançada, a OA em múltiplas articulações, a neuropatia e, para os joelhos, a obesidade. • Foi sugerido que os eventos celulares responsáveis pelo desenvolvimento da OA começam com algum tipo de insulto ou estímulo mecânico anormal, incluindo hormônios e fatores de crescimento, fármacos, estresse mecânico e o ambiente extracelular. • Estudos também implicam fatores imunológicos na perpetuação e aceleração da alteração osteoartrítica. • Com o envelhecimento da cartilagem, eventos bioquímicos como a fadiga do colágeno e a fratura ocorrem com menos estresse. • As tentativas de reparo pelo aumento da síntese da matriz e proliferação celular mantêm a integridade da cartilagem até que a falha nos processos de reparação possibilita que as alterações degenerativas progridam. O aumento no tamanho da articulação geralmente resulta de formação de osso novo, o que faz com que articulação tenha um aspecto rígido à palpação Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Patogênese • A patogênese da osteoartrite inclui a ruptura progressiva da superfície lisa/brilhante da cartilagem articular (hialina) com o desenvolvimento de fissuras de superfície que se aprofundam até envolver o osso subcondral, seguido pela erosão completa da cartilagem articular com exposição do osso subcondral polido semelhante a marfim, desalojamento de fragmentos de corpos livres osteocartilaginosos flutuantes, desenvolvimento de cistos ósseos e formação de esporões ósseos anormais nas margens articulares. • A cartilagem articular sofre o impacto maior das alterações degenerativas na osteoartrite. A cartilagem articular normal realiza duas funções: (1) juntamente com o líquido sinovial, ela proporciona um movimento virtualmente livre de fricção no interior da articulação; (2) em articulações que suportam peso, ela distribui a carga através da superfície articular de maneira que permita que os ossos subjacentes absorvam o choque e o peso. • Essas funções requerem que a cartilagem tenha propriedades elásticas (isto é, que recupere a arquitetura normal após compressão) e tenha alta força tênsil. • Esses atributos são fornecidos pelos proteoglicanos e pelo colágeno do tipo II, respectivamente, ambos produzidos pelos condrócitos. Como com o tecido ósseo adulto, a cartilagem articular sofre constantemente degradação e substituição de sua matriz. • A função normal dos condrócitos é crítica para manter a síntese e a degradação da matriz cartilaginosa; qualquer desequilíbrio pode levar à osteoartrite. • A função dos condrócitos é afetada por uma variedade de influências. Embora a osteoartrite não seja exclusivamente um fenômeno de desgaste, os estresses mecânicos e o envelhecimento atuam não obstante de forma proeminente. • Fatores genéticos, incluindo polimorfismos e mutações em genes que codificam componentes da matriz e moléculas de sinalização, contribuem para a suscetibilidade à osteoartrite. • O risco de osteoartrite também é aumentado com a crescente densidade óssea, além de níveis de estrógenos mantidos altos. • Independentemente do estímulo incitante, há um desequilíbrio na expressão, atividade e sinalização de citocinas e de fatores de crescimento, o qual resulta em degradação e perda de matriz. • A osteoartrite inicial é marcada pela cartilagem em degeneração contendo mais água e menos proteoglicanos (os proteoglicanos proporcionam turgidez e elasticidade). • A rede de fibrilas de colágeno do tipo II também se apresenta diminuída, presumivelmente como resultado de uma síntese local diminuída e colapso aumentado; a apoptose dos condrócitos está aumentada. • De modo geral, a força tênsil e a resiliência da cartilagem estão comprometidas. • Em resposta a essas alterações degenerativas, os condrócitos proliferam e tentam “reparar” a lesão através da síntese de novo colágeno e novos proteoglicanos. • Embora essas alterações reparativas inicialmente sejam capazes de acompanhar o ritmo, as alterações na matriz e a perda de condrócitos finalmente predominam. Manifestações clínicas. • A dor e a rigidez são as principais características da doença. Mediadores inflamatórios (p. ex., prostaglandinas) podem aumentar a resposta inflamatória e degenerativa. • A osteoartrite é uma doença insidiosa, afetando predominantemente pacientes a partir de seus 50-60 anos de idade. • Os sintomas e sinais característicos incluem profunda dor exacerbada pelo uso, rigidez pela manhã, crepitação (sensação de ralar ou de estalo na articulação) e limitação no alcance do movimento. • O impacto de osteófitos sobre forames espinais pode causar compressão em raízes nervosas, com dor radicular, espasmos musculares, atrofia muscular e deficiências neurológicas. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 • Quadris, joelhos, vértebras lombares inferiores e vértebras cervicais, articulações interfalângicas proximais e distais dos dedos das mãos, primeiras articulações carpometacarpais e primeiras articulações tarsometatarsais dos pés são comumente envolvidas. • Os nodos de Heberden nos dedos das mãos, que representam proeminentes osteófitos nas articulações interfalângicas distais, são característicos de mulheres. • Além da inatividade completa, não há modo previsto para prevenir ou suspender a progressão de uma osteoartrite primária; ela pode se estabilizar por anos, mas geralmente é lentamente progressiva. • Com o tempo, significativa deformidade articular pode ocorrer, mas, ao contrário da artrite reumatoide (discutida a seguir), não ocorre fusão. Processos patológicos envolvidos. MACROSCOPIA • As alterações iniciais sãomesmo degeneração da cartilagem hialina da superfície articular com fibrilação da matriz cartilaginosa e possível fragmentação da cartilagem • No momento da ressecção, a superfície articular é frequentemente mole e granular com formato alterado, descamação da cartilagem, eburnação óssea, corpos livres articulares (pedaços desalojados de cartilagem e osso subcondral), cistos subcondrais, osteófitos (protuberâncias ósseas nas margens da superfície articular), processo inflamatório sinovial (sinóvia fibrosa que cobre a periferia da superfície articular) MICROSCOPIA • As alterações iniciais na osteoartrite incluem alterações na composição e na estrutura da matriz. • Os condrócitos têm capacidade limitada de proliferação, e alguns se dividem para formar pequenos clones de células que secretam matriz recém-sintetizada. Subsequentemente, a fibrilação (processo fibrilar) e a formação de rachaduras (fendas) na matriz em sentidos vertical e horizontal ocorrem à medida que as camadas superficiais da cartilagem são degradadas – comunicação da cartilagem articular com o tecido ósseo à possível formação do cisto subcondral (Fig. 20-16, A). Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 • O exame macroscópico nesse estágio revela uma superfície da cartilagem articular de aspecto granular macio, condição conhecida como condromalacia. Finalmente, porções de espessura total da cartilagem são perdidas, e a placa de tecido ósseo subcondral é exposta e tornada lisa e polida através de fricção, dando-lhe a aparência de marfim polido (eburnação óssea; Fig. 20-16, B). • O tecido ósseo subjacente se torna reforçado devido à atividade osteoblástica. Pequenas fraturas podem deslocar pedaços de cartilagem e do tecido ósseo subcondral para dentro da articulação, formando corpos soltos (artrófitos). • Os espaços da fratura permitem que o líquido sinovial seja forçado para dentro das regiões subcondrais para formar cistos de parede fibrosa. Osteófitos (excrescências ósseas) em formato de cogumelo se desenvolvem nas margens da superfície articular. Na doença severa, um pannus sinovial fibroso cobre as porções periféricas da superfície articular. A cabeça femoral à esquerda (removida por causa da fratura) mostra cartilagem articular lisa, brilhante, homogênea enquanto a cabeça femoral à direita mostra uma aparência áspera, eburnada e irregular, típica de osteoartrite. A parte mais amarelada representa o resto da cartilagem e a parte mais esbranquiçada o osso desnudo, alterado. Cabeça femoral – vista superior – alteração do relevo e coloração da superfície. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Imagem em um menor aumento à parte inferior evidenciando o tecido ósseo e revestimento de cartilagem (rosa mais claro). Esse revestimento encontra-se na periferia da articulação, quando vai chegando mais no centro inicia-se a degradação da cartilagem, demonstrada na microscopia pela perda de regularidade da superfície e formação de fenda. Degradação da cartilagem, demonstrada na microscopia pela perda de regularidade da superfície e formação de fenda. Osso ainda protegido. ► Aparência microscópica da: (a) cartilagem articular normal – superfície lisa. (b) cartilagem articular osteoartrítica – grande fenda na cartilagem Na cartilagem normal, a superfície cartilaginosa é uniforme e a disposição dos condrócitos é regular, principalmente como células isoladas. A coloração da proteoglicana de fundo é homogênea e a placa óssea subcondral está intacta. Na osteoartrite, a superfície está partida por fissuras, há proliferação e aglomeração de condrócitos, e a coloração da proteoglicana de fundo é mais fraca e irregular. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Cartilagem lesionada à formação de osteófitos (seta branca); espessamento da cartilagem com superfície irregular e presença de fendas (triângulo); diminuição/ausência do revestimento da cartilagem (seta preta). Infiltrado inflamatório não chama atenção. Articulação alterada por osteoartrite com presença de osteófitos Vértebra alterada por osteoartrite com presença de osteófitos que pode levar a compressão medular/nervosa. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Comparação AR e OA. A osteoartrite, a forma mais comum de artrite, envolve o desgaste da cartilagem que cobre os ossos das articulações. Na artrite reumatóide, a membrana sinovial que protege e lubrifica as articulações fica inflamada – formação de pannus, causando dor e inchaço. Pode ocorrer erosão articular. GOTA+ARTRITE GOTOSA: doença inflamatória que acomete sobretudo as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal (hiperuricemia) Epidemiologia • Causa 2 a 5% das doenças articulares crônicas • A gota afeta cerca de 1% da população e apresenta predileção pelos homens. • É causada por quantidades excessivas de ácido úrico, o produto final do metabolismo de purinas, dentro dos tecidos e de líquidos corporais. • Cristais de urato monossódico se precipitam a partir de líquidos corporais supersaturados e induzem uma reação inflamatória aguda. • A gota é caracterizada por episódios recorrentes de artrite aguda, às vezes acompanhada pela formação de grandes agregados cristalinos, chamados de tofos, e pela deformidade articular permanente final. • Embora elevado nível de ácido úrico seja um componente essencial da gota, nem todas as pessoas desenvolvem gota, e fatores genéticos e ambientais também contribuem para sua patogenia. • Tradicionalmente, a gota é dividida em formas primária secundária, responsável por cerca de 90% e 10% dos casos, respectivamente (Tabela 20-3). Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 • A gota primária designa casos nos quais a causa básica é desconhecida ou (menos comumente) nos quais a doença é devida a um defeito metabólico congênito que causa a hiperuricemia. • Na gota secundária, a causa da hiperuricemia é conhecida, mas a gota não é necessariamente a doença clínica principal ou mesmo dominante. Patogênese • As principais manifestações morfológicas da gota são artrite aguda, artrite tofácea crônica, tofos em vários locais e nefropatia gotosa. • Necessita de urato sérico> 7 mg / dl para deposição (limiar de saturação de urato a 37oC) • A artrite aguda é caracterizada por um denso infiltrado neutrofílico que permeia a sinóvia e o líquido sinovial. Longos e delicados cristais de urato monossódico, em formato de agulha, frequentemente são encontrados no citoplasma dos neutrófilos, além de pequenos agregados na sinóvia. • A sinóvia está edematosa e congesta, e contém células inflamatórias mononucleares espalhadas. • Quando o episódio de cristalização diminui e os cristais se ressolubilizam, o ataque sofre remissão. • Artrite tofácea crônica se desenvolve a partir da precipitação repetitiva de cristais de urato durante ataques agudos. Os uratos podem se incrustar profundamente nas superfícies articulares e formar depósitos visíveis na sinóvia (Fig. 20-21, A). Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 • A sinóvia se torna hiperplásica, fibrótica e espessada pelas células inflamatórias, formando um pannus que destrói a cartilagem subjacente, levando a erosões ósseas justa-articulares. • Em casos severos, uma anquilose fibrosa ou óssea se inicia, resultando em perda da função articular. • Os tofos são patognomônicos para a gota. Eles são formados por grandes agregados de cristais de urato circundados por intensa reação inflamatória de linfócitos, macrófagos e células gigantes de corpo estranho, tentando englobar as massas de cristais. • Os tofos podem aparecer na cartilagem articular das articulações e nos ligamentos periarticulares, tendões e tecidos moles, incluindo lóbulos das orelhas, cartilagens nasais e a pele das pontas dos dedos das mãos. • Os tofos superficiais podem levar a grandes ulceraçõesda pele sobrejacente. • A nefropatia gotosa se refere a complicações renais associadas à deposição de uratos, formando de forma variável tofos medulares, precipitações intratubulares ou cristais de ácido úrico livres e cálculos renais. • Complicações secundárias, como pielonefrite, podem ocorrer, especialmente quando há obstrução urinária. • A maioria dos casos de gota é caracterizada por produção excessiva primária de ácido úrico. Menos comumente, o ácido úrico é produzido em taxas normais, e a hiperuricemia ocorre devido à excreção renal diminuída de uratos. • Síntese do ácido úrico: O ácido úrico é o produto final do catabolismo das purinas. O aumento da síntese de urato reflete tipicamente alguma anomalia na produção de purinas. A síntese de nucleotídeos de purina, por sua vez, envolve duas vias interligadas. Na via de novo, os nucleotídeos de purinas são sintetizados a partir de precursores não purina, e, na via de recuperação, são sintetizados a partir de bases livres de purina provenientes da alimentação e do catabolismo de nucleotídeos de purina. • Excreção do ácido úrico: O ácido úrico é filtrado da circulação pelos glomérulos e reabsorvido quase que completamente pelo túbulo proximal do rim. Uma pequena fração do ácido úrico reabsorvido é secretada pelo néfron distal e excretada na urina. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 • A inflamação na gota é desencadeada pela precipitação de cristais de urato monossódico (UMS) nas articulações, o que resulta na produção de citocinas que recrutam leucócitos SLIDE: O líquido sinovial é um solvente mais pobre para o urato de sódio do que o plasma, portanto, com a hiperuricemia, os uratos no líquido articular se cristalizam, particularmente no tornozelo devido à temperatura mais baixa; os cristais se desenvolvem nas células do revestimento sinovial, estimulam a formação de anticorpos, o que acelera a formação de novos cristais; a liberação de cristais atrai neutrófilos e complemento, gera C3a, C5a, atrai mais neutrófilos, libera radicais livres, libera enzimas lisossomais que eventualmente causam artrite aguda que dura dias a semanas sem tratamento; ataques repetidos de artrite aguda causam artrite crônica e formação de tofos nas membranas sinoviais e no tecido periarticular, o que eventualmente danifica as articulações Manifestações clínicas • A gota é mais comum em homens do que em mulheres; normalmente, ela não causa sintomas antes dos 30 anos de idade. • Os fatores de risco para a doença incluem obesidade, ingesta excessiva de álcool, consumo de alimentos ricos em purinas, diabetes, síndrome metabólica e insuficiência renal. • Polimorfismos em genes envolvidos no transporte e homeostase do urato, como URAT1 e GLUT9, também estão associados à hiperuricemia e à gota. • Quatro estágios são classicamente reconhecidos: (1) hiperuricemia assintomática (2) artrite gotosa aguda (3) gota “intercrítica” (4) gota tofácea crônica. • A hiperuricemia assintomática aparece ao redor da puberdade em homens e após a menopausa em mulheres. • Após um longo intervalo de anos, a artrite aguda aparece na forma de início súbito, dor articular excruciante associada a eritema localizado e calor; sintomas constitucionais são incomuns, exceto, possivelmente, febre moderada. • A vasta maioria dos primeiros ataques é monoarticular; 50% ocorrem na primeira articulação metatarsofalângica (do dedão do pé) e 90% no dorso do pé, tornozelo, calcanhar ou punho. • Caso não seja tratada, a artrite gotosa aguda pode durar horas a semanas, mas gradualmente se resolve completamente, e o paciente entra em um período intercrítico assintomático. • Embora algumas pessoas de sorte nunca tenham tido outro ataque, a maioria experimenta um segundo episódio dentro de meses a alguns anos. • Na ausência de terapia apropriada, os ataques recorrem a intervalos mais curtos e frequentemente se tornam poliarticulares. • Finalmente, após uma década ou mais, os sintomas falham em se resolver completamente após cada ataque, e a doença progride para gota tofácea crônica. • Nesse estágio, as radiografias mostram uma característica erosão óssea justa-articular causada pelos depósitos de cristais e pela perda do espaço articular. • A progressão leva a uma severa doença incapacitante. • As manifestações renais da gota podem aparecer como cólicas renais associadas à passagem de cascalho e cálculos, e podem evoluir para nefropatia gotosa crônica. • Cerca de 20% das pessoas com gota crônica morrem de insuficiência renal. • Numerosas drogas estão disponíveis para eliminar ou prevenir os ataques agudos de artrite e mobilizar depósitos tofáceos. Seu uso é importante porque muitos aspectos da gota estão relacionados à duração e severidade da hiperuricemia. • Geralmente, a gota não encurta o tempo de vida sob o ponto de vista material, mas certamente pode prejudicar a qualidade de vida. Processos patológicos envolvidos Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Parte branca evidenciando o acúmulo de cristais de urato. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 As áreas claras vistas aqui são tofos, ou agregados de cristais de urato cercados por infiltrados de linfócitos, macrófagos e células gigantes de corpo estranho. Um tofo é o achado característico da gota. Os tofos são mais comumente encontrados nos tecidos moles, incluindo tendões e ligamentos, ao redor das articulações. Menos comumente tofos aparecem em outros lugares. A gota tofácea resulta da precipitação contínua de cristais de urato de sódio durante os ataques de gota aguda. Se o líquido sinovial for aspirado de um paciente com gota, o líquido pode ser examinado quanto à presença de cristais de urato de sódio, que são vistos aqui em forma de agulha. Se forem observados sob luz polarizada com um compensador vermelho, eles aparecem amarelos. Tecido mais róseo demonstrando um tofo gotoso – amorfo + células inflamatórias ao redor (histiócitos, linfócitos e células gigantes multinucleadas). Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Descrição microscópica (histológica) • Precoce: sinóvia edemaciada com infiltrado inflamatório agudo e crônico; • Tofos: tofos (grandes agregados de cristais de urato, inflamação granulomatosa, sinóvia fibrótica hiperplásica); os cristais de gota são longos, delgados, em forma de agulha, mas difíceis de visualizar com a coloração de rotina porque são dissolvidos durante o processamento da formalina (os cristais são solúveis em água); mais fácil de identificar ao raspar ou com fixação de álcool; • Na doença crônica, os depósitos de urato podem estar presentes nos tecidos moles, ligamentos, pele; • Depósitos gotosos podem ser circundados por tecido fibroso e contornados por histiócitos e células gigantes; Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Diferença com o nódulo reumatoide = células gigantes multinucleadas + fibrose ao redor PSEUDO-GOTA • A pseudogota também é conhecida como condrocalcinose ou, mais formalmente, doença da deposição dos cristais de pirofosfato de cálcio – formato mais romboide/retangular. • Os depósitos de cristais aparecem primeiramente em estruturas compostas de cartilagem, como meniscos, discos intervertebrais e superfícies articulares. • Quando os depósitos aumentam suficientemente, eles podem se romper, induzindo uma reação inflamatória. • A pseudogota tipicamente ocorre primeiramente em pessoas de 50 anos de idade ou mais idosas, tornando-se mais comum com o avançar da idade e, finalmente, atingindo prevalência de 30- 60% nos indivíduos de 85 anos de idade ou mais. • Não há predileção por sexo ou raça. • Embora as vias que levam à formação de cristais não sejam compreendidas, elas provavelmente envolvem a produção excessiva ou a degradação diminuída do pirofosfato, resultando em seu acúmulo e cristalização final com o cálcio na matriz que circunda os condrócitos.• Mutações em um transportador transmembranar de pirofosfato estão associadas a uma rara forma familiar da doença, na qual os cristais se desenvolvem relativamente cedo na vida e ocorre severa osteoartrite. • Grande parte da subsequente patologia articular na pseudogota envolve o recrutamento e a ativação de células inflamatórias e é similar à da gota. • Finalmente, aproximadamente 50% dos pacientes experimentam significativa lesão articular. Manifestações clínicas • A duração dos sinais clínicos pode ser de vários dias a semanas, e o envolvimento articular pode ser monoarticular ou poliarticular; os joelhos, seguidos pelos punhos, cotovelos, ombros e tornozelos, são mais comumente afetados. • DPPC é frequentemente assintomática. Morfologia • Os cristais se desenvolvem primeiro na cartilagem articular, meniscos e discos intervertebrais, e à medida que os depósitos aumentam, podem romper-se e espalhar-se para a articulação. Os cristais formam depósitos calcários, friáveis, brancos, que são vistos histologicamente em preparações coradas como agregados ovais roxoazulados (Fig. 26-48A). Cristais individuais são romboides, entre 0,5 e 5 mm em sua maior dimensão são positivamente birrefringentes. A inflamação, se estiver presente, é geralmente mais leve que a da gota. Maria Eduarda Butarelli Nascimento – P7 Descrição microscópica (histológica) • Cristais retangulares pequenos (rombóides) que são birrefringentes fracamente positivos; pode haver reação histiocítica e de células gigantes em torno desses cristais; • Os cristais de CPPD têm morfologia romboide ou retangular.
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