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EFEITOS DO ENVELHECIMENTO EM ÓRGÃOS E SISTEMAS ESPECÍFICOS - GERIATRIA

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Fabiana Bilmayer
EFEITOS DO ENVELHECIMENTO EM ÓRGÃOS E SISTEMAS ESPECÍFICOS
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Entre os 20 e 80 anos de idade, a função
ventricular esquerda sistólica não muda, mas o
ventrículo esquerdo fica gradualmente mais
espesso. O resultado é que o enchimento
ventricular esquerdo durante o início da diástole
declina 50%, e o enchimento ventricular
torna-se mais dependente da contração atrial.
Embora a aterosclerose seja a causa mais
importante de doença cardíaca sintomática na
população idosa, a rigidez vascular associada
com a idade resulta em um aumento da
insuficiência cardíaca relacionado com a idade
apesar da função sistólica normal. Com a perda
gradual de até 90% das células marca-passo
(pacemaker) do nó sinusal pelos 80 anos de
idade, tanto a frequência cardíaca em repouso
quanto a frequência cardíaca máxima com o
exercício diminuem. A disfunção do sistema de
condução contribui para um aumento na
prevalência de fibrilação atrial, a qual é
observada em cerca de 4% de indivíduos idosos
vivendo na comunidade e pode se desenvolver
em até um terço dos idosos após cirurgia. As
valvas cardíacas espessam e enrijecem,
aumentando a prevalência de estenose aórtica e
calcificações do anel mitral, frequentemente
causando sopros cardíacos. O enrijecimento da
aorta causa um aumento da pressão arterial
sistólica, enquanto a pressão arterial diastólica
muitas vezes permanece estável ou até diminui.
A combinação de enchimento ventricular
reduzido e a incapacidade em aumentar a
frequência cardíaca com o estresse contribui
para a hipotensão postural que é observada em
20% dos indivíduos idosos, assim como para sua
predisposição para síncope com níveis de
estresse que indivíduos mais novos tolerariam. A
capacidade reduzida do idoso em tolerar o
estresse cardiovascular deve ser reconhecida e
antecipada sempre que eles sofram uma doença
importante. Adicionalmente, a doença da artéria
coronária pode limitar a reserva cardíaca e
aumentar o risco de que a hipotensão cause um
infarto do miocárdio secundário.
SISTEMA ENDÓCRINO
Os níveis do hormônio do crescimento caem com
o avanço da idade, resultando em uma
diminuição da força muscular, afinamento dos
ossos e pele, e aumento da gordura central. No
entanto, reposição do hormônio do crescimento
não parece resultar em uma melhoria da força
muscular. Os níveis dos hormônios tireoidianos
não declinam com a idade. No entanto, os níveis
do hormônio da paratireóide em geral
aumentam, em especial nas mulheres,
provavelmente em resposta ao declínio da
capacidade do rim em manter níveis séricos
normais de fósforo e cálcio. A capacidade do
pâncreas em liberar insulina está prejudicada
com o avanço da idade, mas a remoção da
insulina pelo rim também diminui. O resultado
líquido é a manutenção dos níveis de insulina
plasmática no estado de jejum, mas um aumento
de probabilidade de hiperglicemia pós-prandial
ou induzida por estresse. O drástico declínio na
produção de estrógenos e progesterona precipita
a menopausa, em média, aos 51 anos de idade. Os
níveis de testosterona começam a diminuir no
homem perto dos 50 anos de idade, muitas vezes
com o resultante declínio na função sexual, mas
não na potência do sêmen. Os suplementos de
testosterona revertem a perda muscular e as
implicações sexuais do declínio dos níveis de
testosterona, mas aumentam em cinco vezes o
risco de complicações cardiovasculares.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
A parede torácica enrijece com o avanço da
idade, e os pulmões perdem o recolhimento
elástico. A capacidade vital máxima diminui em
cerca de 40%, mas a troca de oxigênio declina
50% devido ao efeito aditivo da progressiva
inadequação de ventilação-perfusão.
Consequentemente, a PO2 arterial de muitos
indivíduos com 80 anos é de cerca de 70 a 75
mmHg. As manifestações clínicas muitas vezes
são a falta de ar progressiva com o exercício,
uma suscetibilidade aumentada para pneumonia
adquirida na comunidade e até para pneumonia
de aspiração.
SISTEMA GASTROINTESTINAL
O paladar e o olfato declinam com a idade
avançada. Os alimentos tendem a ter sabor
menos doce e mais amargo. O esfíncter esofágico
pode se tornar relaxado, aumentando desse
modo o refluxo e mesmo a aspiração. A gastrite
atrófica reduz o risco de ferida duodenal, mas
também a absorção de ferro e de vitamina B12. O
esvaziamento gástrico retardado pode levar a
uma sensação de saciedade precoce e diminuição
do apetite. Um declínio gradual no número de
hepatócitos diminui o peso do fígado em cerca
de um terço pelos 90 anos de idade e diminui a
capacidade do fígado em metabolizar fármacos.
A motilidade do cólon distal da área do
retossigmoide ao canal anal diminui, e mais de
60% dos indivíduos idosos desenvolvem
obstipação. Os divertículos tornam-se mais
comuns com a idade e são observados em até
50% das pessoas com mais de 80 anos de idade.
SISTEMA URINÁRIO
A filtração glomerular diminui cerca de 1% ao
ano, e o tamanho dos rins diminui em cerca de
um terço nos adultos idosos. A capacidade de
concentração máxima declina, e torna-se mais
difícil excretar carga salina ou conservar água no
caso de desidratação. A bexiga torna-se mais
irritável com o avanço da idade e pode gerar
menos potência, que é especialmente um
problema nos homens com hipertrofia
prostática. Em comparação, a incontinência
urinária é mais prevalente nas mulheres. O
volume urinário residual da bexiga aumenta,
sendo a noctúria comum. A atrofia vaginal e
uretral predispõe as mulheres a infecções do
trato urinário. O rim é mais suscetível aos efeitos
das medicações, particularmente fármacos
anti-inflamatórios não esteroides, o que pode
resultar em uma retenção de sódio e fluidos e
subsequente hipertensão. Nos indivíduos idosos,
uma ligeira acidemia resulta da excreção de
ácidos comprometida e pode contribuir para o
desenvolvimento de osteoporose.
SISTEMA IMUNE
O declínio da resposta do sistema imune explica
as razões pelas quais a incidência de condições
autoimunes, tais como o lúpus eritematoso e a
esclerose múltipla, diminui no idoso. No
entanto, esse mesmo declínio explica o aumento
da morbidade e da mortalidade por doenças
infecciosas e o aumento de risco de reativação de
infecções como a tuberculose e o herpes-zóster.
Esses riscos salientam a importância da
vacinação no idoso contra o herpes-zóster,
influenza, pneumonia pneumocócica e tétano.
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
A hematopoiese geralmente se mantém com o
envelhecimento, exceto na resposta ao estresse
acentuado. A única exceção é que o hematócrito
declina um pouco no homem idoso,
presumivelmente devido aos seus níveis baixos
de testosterona.
SISTEMA TEGUMENTAR
Com o envelhecimento, a epiderme e a derme
aderem menos firmemente, e o tecido
subcutâneo afina, tornando, desse modo, a pele
mais frouxa e mais propensa a enrugar e ulcerar.
As sequelas clínicas incluem púrpura senil
devido a lacerações em pequenas vênulas após
pancadas ou abrasões. A exposição à luz
ultravioleta também predispõe ao câncer de
pele, rosácea, xerose e perda de cabelo.
A cicatrização de feridas também está
comprometida, e a cicatrização completa da pele
pode demorar 5,5 semanas nos indivíduos com
mais de 65 anos, em vez de 3,5 semanas. Em
consequência disso, os adultos idosos estão mais
propensos a úlceras de pressão quando estão
confinados à cama. As úlceras de pressão, que
são áreas necróticas de músculo, gordura
subcutânea e pele, ocorrem usualmente entre o
osso subjacente e uma superfície dura (ou uma
superfície mole durante um período prolongado)
como resultado de compressão e isquemia
subsequente. É necessário um limiar de apenas
30 a 35 mmHg de pressão contínua para causar
úlceras de pressão, e um colchão padronizado
pode gerar pressões cinco vezes superiores.
Adicionalmente à lesão de pressão, outros
fatores contributivos incluem a lesão de
cisalhamento por esfregar-se constantemente
contra as superfícies subjacentes; lesão de
queimadura por fricção de camadas superficiais
da pele; e a umidade que amacia a pele, faz com
que ela adira às superfícies subjacentes,
proporcionando um acesso fácila infecção.
Posicionamento seguro, mudanças de posição
regulares, evitação da pressão direta, camas
redutoras de pressão, colchões de espuma e as
camas de suspensão por ar podem reduzir a
incidência das úlceras de pressão. As úlceras de
pressão devem ser fotografadas para se
estabelecer uma referência de base. A ferida
dever ser liberta de qualquer pressão para
prevenir feridas de pressão adicionais. Os
curativos de úmido a seco são um pilar
fundamental, e os curativos semioclusivos e
oclusivos podem também ser úteis. É
frequentemente necessário o desbridamento
cirúrgico ou químico. Podem ser necessários
antibióticos tópicos ou sistêmicos. As úlceras de
pressão curam-se habitualmente em 6 meses,
mas a reparação cirúrgica é algumas vezes
necessária.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
A massa e densidade musculares diminuem
cerca de 1% por ano, mas até 2% a 3% por ano
nos primeiros 5 a 10 anos após a menopausa nas
mulheres. Os tendões e ligamentos tornam-se
menos elásticos, desse modo contribuindo para
uma maior incidência de rupturas,
especialmente do tendão de Aquiles. A massa
muscular declina cerca de 25% em torno dos 70
anos de idade e de 30% a 40% pelos 80 anos, a
menos que seja compensada por exercícios.

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