Buscar

ATIVIDADE 05 docx

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ATIVIDADE 05: Direito Urbanístico na Constituição Federal e Diretrizes
vinculantes do Estatuto da Cidade
Nome: Sylvia Hiromi Masuno RA 11201920519
Fichamento dos textos:
1) Papel dos Planos Diretores na tutela do Direito a Cidade, de Betania Alfonsin (pags.
264 a 285)
O desenvolvimento e planejamento urbano no Brasil sofreu influências sobre o urbanismo
francês e a reforma urbana levada a cabo na cidade de Paris pelo Barão Haussmann, e neste
contexto histórico, temos que no início do século XX (1900 - 1910), o Rio de Janeiro, com bases
nessas influências parisienses, traz um viés higienista como uma das vitrines nacionais do
planejamento urbano, destacando-se o conceito de "planos de melhoramentos", uma vez que a
estrutura base do perímetro urbano já havia sido construída. Enquanto que em meados do século
XX (1940 - 1960) o planejamento urbano recebe um viés diferente do mencionado anteriormente,
neste ponto torna-se mais relevante o aspecto desenvolvimentista e estratégico do espaço urbano,
trazendo consigo um planejamento com uma visão funcionalista e tecnicista. Neste ponto também
fica evidente os traços de segregação da população mais sensível e de baixa renda às alterações
desse novo planejamento, uma vez que estes acabavam sendo indiretamente afastados dos
centros urbanos.
Para então levar a pauta da discussão sobre a visão autoritária do planejamento urbano, a
Constituição de 1988 traz à tona o Fórum Nacional de Reforma Urbana e com isso a discussão
sobre diretrizes referentes à política urbana, mesmo que majoritariamente as propostas tenham
sido negadas por um grupo de viés mais conservador, sendo este o primeiro momento em que o
regimento e a política urbana em si começam a fazer parte da constituição federal.
Os artigos 182 e 183 foram os únicos que restaram e que formaram o capítulo “Da política
urbana na Constituição Federal”. Estes artigos trazem consigo uma visão mais ampla do conceito
de cidade, prezando pelo aspecto de grupo e fomentando a visão da cidade como um bem coletivo.
De modo geral, o processo de urbanização vivido por cada município possui profundos aspectos
socioeconômicos e estratégicos, ocasionando uma grave segregação e exclusão socioterritorial de
uma parcela significativa da população. Contudo, a partir da constituição de 1988 tornou-se
possível enfrentar as definições prévias de segregação territorial através de planos diretores
participativos. Além disso, ferramentas como regras de zoneamento, uso e ocupação do solo, além
da política de desenvolvimento e expansão urbana, atuam como protagonistas no processo de
combate às graves especulações imobiliárias que o espaço urbano costuma ser exposto. Dessa
forma, pontua-se que por mais que existam ferramentas como as citadas e o arranjo institucional
seja bem estruturado, cabe a cada um dos municípios relacionar os principais aspectos sociais,
econômicos e políticos da cidade e assim compor um cenário imobiliário com menor força
especulativa.
Uma vez que existam mecanismos para o processo de desenvolvimento e expansão através
do plano diretor, surge-se o desafio de adequar tal proposta à realidade de cada um dos municípios
e também ao conjunto de considerações indicadas no Art. 41 do Estatuto da Cidade. Evidencia-se
que tal proposta carrega consigo o interesse em garantir a todas as regiões que compõem a cidade
um desenvolvimento e um conjunto de relações justas, equilibradas e sustentáveis, além de
abranger com maior atenção municípios que possam sofrer de intenção de especulação (cidades
com finalidade turística) ou que se encontram em regiões suscetíveis a deslizamos, inundações ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos.
Partindo das considerações indicadas na constituição, o processo de desenvolvimento do
Plano Diretor exige a participação da população, favorecendo desta forma uma perspectiva mais
pragmática e realista sobre as escolhas a serem tomadas dentro do cenário urbano e como estas
afetam diretamente o povo. Neste sentido, artigos da constituição reforçam o poder e a
responsabilidade que a população tem como protagonistas junto a classe política no processo de
tomada de decisão. No entanto, encontra-se uma grande dificuldade em estabelecer bons
parâmetros para execução de audiências públicas para discussão de tópicos referentes ao plano
diretor, assim como o questionamento do que garante que tal público terá conhecimento sobre
aspectos técnicos abordados ou como fornecer a capacitação destes. Para o processo legislativo
esbarrar nesses percalços tornou-se mais difícil garantir a elaboração de documentos que
realmente reflitam a realidade urbana.
O Estatuto da Cidade por sua vez adota um conjunto de pontos como diretrizes com caráter
norteador no que tange a política urbana, trazendo aspectos como a função social da propriedade e
o direito à cidade para toda população. Tais considerações requerem um viés crítico contínuo e
pragmático no que tange a realidade sócio-territorial de cada município, pois além do caráter social
atrelado, mostra-se necessário trazer também o acesso ao aspecto sustentável e de gestão
democrática de política urbana.
Avaliando toda infraestrutura constitucional desenvolvida até o momento, regulamenta-se
uma série de elementos essenciais através do Estatuto da Cidade, onde possibilita uma melhor
vigilância do processo violento de especulação imobiliária, da função social de propriedade e da
utilização de imóveis, mas não somente isso, como o plano diretor também permite aos legisladores
fomentar ações de equilíbrio e acompanhamento mais rígido através de recursos como o próprio
IPTU. Tais recursos garantem a política urbana nacional, ferramentas práticas e com chances reais
de realizar mudanças no processo desenfreado de urbanização dos municípios evitando situações
drásticas de valorização e desvalorização localizada e consequente segregação de grupos sociais
em certas regiões do município.
Por fim, para que a “nova ordem jurídico-urbanística” seja de fato efetivada na realidade das
cidades brasileiras, mostra-se necessário um planejamento bem estruturado, tanto da metodologia
de elaboração de planos diretores participativos quanto dos novos instrumentos urbanísticos que
foram introduzidos em nosso ordenamento jurídico. Além disso, uma equipe técnica capacitada
para observar as novas diretrizes também deve ser levado em conta, o qual possam compreender e
ter vontade na construção de diagnósticos competentes e de alterar as dinâmicas e tendências do
mercado imobiliário, além da participação de entidades com funções sociais para planejar o
desenvolvimento urbano orientado para que de fato tenhamos a garantia do direito à cidade para
todos.
2) Direito à Cidade, David Harvey
Quando pensamos na cidade, podemos ter diversas abordagens tanto sociais, econômicas
e culturais que esta acarreta, podendo refletir qual a sua finalidade nos dias atuais e como foi a sua
construção desde seus primórdios. Para o sociólogo Robert Park, a cidade pode ser vista como
sendo “uma tentativa bem-sucedida do homem de reconstruir o mundo em que vive o mais próximo
do seu desejo”, e em uma visão mais indireta, ao construir a cidade, o homem reconstruiu a si
mesmo, simultaneamente. Neste sentido, a idealização do tipo de cidade em que os humanos
querem para realização de tais desejos, não pode fugir das relações sociais, do estilo de vida, das
tecnologias e da relação com a natureza do qual nos influenciam tanto, sendo então um direito
humano à liberdade de construir a cidade - e a nós mesmos.
A urbanização veio decorrente de alguns aspectos sociais e econômicos do último século,
seja com as Revoluções Industriais quanto com o desenvolvimento do capitalismo. Este último
emerge uma conexão estreita entre o seu desenvolvimento e a urbanização, uma vez que a
urbanização depende da mobilização de excedentes. Esta relação vem do resultado de
reinvestimento contínuo, onde os termos de dinheiro, produto e população se ligam intimamente a
acumulação do capital com o crescimento da urbanizaçãosob o capitalismo, onde este fenômeno
(urbanização) tornou-se o canal de absorção de capital excedente ao longo da história, usufruindo
da fração fragilizada da população.
Podemos ter como exemplos situações em que houve tentativas de controlar o problema do
excedente de capital ocioso. No caso de Haussmann, encarregado das obras públicas urbanas em
1853, escolhido por Bonaparte, seu plano para o problema foi utilizar a urbanização como solução.
Influenciado pelo trabalho de Haussmann, Robert Moses mudou a escala da concepção de
processo urbano nos Estados Unidos, onde por meio de um sistema de autoestrada e
transformações infraestruturais, suburbanização e completa reengenharia, não simplesmente da
cidade, mas de toda a região metropolitana, ajudou a resolver o problema da absorção de capital
excedente. E mesmo em outros países, a ideia de que o direito à cidade tinha de significar o direito
a comandar todo o processo urbano era válida, mas que isto estava dominando progressivamente a
zona rural através do fenômeno de expansão.
O capitalismo afetou de formas diferentes a urbanização ao redor do globo, assim como as
consequências para a economia global e a absorção de capital excedente que têm sido
significativas. No Chile, por exemplo, o país cresceu graças ao elevado preço do cobre; a
prosperidade da Austrália, até mesmo da Argentina e do Brasil, tem sido recuperada em parte pela
forte demanda chinesa por matéria prima. No caso da urbanização chinesa, seu desenvolvimento
teve ênfase na parte infraestrutural, sendo nos últimos vinte anos teve um caráter diferente, com
sua ênfase no desenvolvimento infraestrutural, mas mesmo ela é mais importante do que a dos
EUA, podendo dizer que esta urbanização é a principal estabilizadora da economia global
atualmente.
Além disso, no processo de expansão urbana é nítido observar as transformações no estilo
de vida, assim como o envolvimento do consumismo nesse estilo, onde a qualidade de vida e a
própria cidade tornaram-se mercadorias, assim como o turismo e a indústria da cultura e do
conhecimento se tornaram os principais aspectos da economia política urbana. Esse processo,
dentro do desenvolvimento mundial, divide a cidade em diferentes “microestados”, onde de um lado
temos os bairros desenvolvidos, com os mais diversos tipos de serviços, enquanto do outro temos
aqueles em situações que chegam a ser precárias, o que traz como uma das consequências ao
processo de deslocamento, que pode ser chamado de “acumulação por despossessão”. Neste
processo, os pobres são os mais afetados negativamente, o qual são obrigados a desocupar suas
residências, na maior parte considerada “ilegais”, sem receber qualquer tipo de compensação sobre
isso.
Por fim, podemos concluir que a urbanização mostrou-se com um papel importante na
absorção de capitais excedentes, ao passo em que o direito à cidade foi retirada de forma massiva
dos menos favorecidos, à medida que este mesmo direito vem caindo em interesses privados, onde
esta elite política e econômica, que são a minoria dentre a sociedade, molda as cidades a seu
gosto, confinando cada vez a massa expressiva da população. É possível dizer que esta luta global
contra o capital financeiro não deve ser parado, pois é uma vertente que se mostra com muitas
possibilidades, apesar das dificuldades. Ainda, como o processo urbano é o principal canal de
utilização do excedente, estabelecer uma administração democrática sobre sua organização
constitui a principal ferramenta para levar o direito à cidade, o qual já deveria ocorrer.

Outros materiais