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Direito Constitucional Aula 1 Prof. Weberth Sousa Localização das teses no roteiro estratégico 1. Teoria dos direitos fundamentais 1.1. Justificativa Tese 01: A razão de ser da existência de direitos fundamentais sustenta-se em dois pilares: (1) Dignidade da pessoa humana e (2) Existência do Estado de direito. 1.2. Direitos Humanos e Direitos Fundamentais Tese 02: No campo das posições filosóficas justificadoras dos direitos fundamentais, destacam-se a corrente jusnaturalista, para quem os direitos humanos são imperativos do direito natural, anteriores e superiores à vontade do Estado, a corrente positivista nacionalista, para quem não há consenso sobre os direitos humanos, uma vez que o mundo é plural e imperativos do direito positivo e a corrente moralista, para quem os direitos humanos decorrem da consciência moral e da experiência de determinado povo, no convívio e na experiência do convívio no seio social. Tese 03: Os direitos essenciais do indivíduo contam com ampla diversidade de termos e designações: direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais com base na positivação ou não e no âmbito em que tais direitos estariam positivados. 1.3. TITULARES dos direitos fundamentais Tese 04: Conforme a Teoria Geral dos Direitos Fundamentais, no final do Século XIX, o alemão Georg Jellinek, na sua obra "Sistema dos Direitos Subjetivos Públicos", formulou concepção original, muito citada pela doutrina brasileira no estudo da teoria dos direitos fundamentais, segundo a qual o indivíduo, como vinculado a determinado Estado, encontra sua posição relativamente a este cunhada por quatro espécies de situações jurídicas (status) – status negativo, positivo, ativo ou passivo – , seja como sujeito de deveres, seja como titular de direitos. 1.3.1. Pessoas físicas Tese 05: A despeito de a Constituição de 1988 ter limitado ao “estrangeiro residente” a titularidade de direitos fundamentais, é pacífico o entendimento quanto à impossibilidade de privação de tais direitos pelo exclusivo critério da “não-residência”. Tese 08: Há direitos fundamentais cuja titularidade é reservada aos estrangeiros 1.3.2. Pessoas jurídicas Tese 06: Embora os direitos e as garantias fundamentais se destinem essencialmente às pessoas físicas, alguns deles podem ser estendidos às pessoas jurídicas. Tese 07: O Estado pode ser beneficiário de direitos fundamentais. 1.4. EFICÁCIA dos direitos fundamentais (Destinatários dos deveres: eficácia vertical, horizontal e diagonal). Tese 09: A eficácia dos direitos fundamentais é reconhecida sob três aspectos, a saber: vertical, horizontal e diagonal 1.5 CARACTERÍSTICAS dos direitos fundamentais 1.5.1. Universalidade Tese 10: Os direitos fundamentais são comuns a todos os seres humanos, respeitadas suas particularidades. 1.5.2. Relatividade: 1.5.2.1. Conflitos entre Direitos Fundamentais: Concorrência de direitos fundamentais e colisão de direitos fundamentais. Tese 11: De acordo com o princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas, os direitos e garantias fundamentais consagrados na CF não são ilimitados, visto que encontram seus limites nos demais direitos igualmente consagrados pela CF. 1.5.2.2. Limites (Restrições) aos direitos fundamentais e a tese dos limites dos limites Tese 12: A relatividade é uma característica dos direitos fundamentais, que, na medida em que podem colidir entre si, demandam necessária harmonização que viabilize sua convivência, sem que, contudo, se sacrifique qualquer deles. 1.5.3. Imprescritibilidade Tese 14: Os direitos fundamentais podem ser exercidos ou reclamados a qualquer tempo, não havendo lapso temporal que limite sua exigibilidade. 1.5.4. Inalienabilidade Tese 13: A inalienabilidade dos direitos fundamentais caracteriza-se pela impossibilidade de negociação dos mesmos, tendo em vista não possuírem conteúdo patrimonial. 1.5.5. Historicidade: Os direitos fundamentais e suas dimensões (gerações). Tese 18: A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que seu conteúdo se modifica e se desenvolve de acordo com o lugar e o tempo. Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se transformar. 1.5.5.1. Direitos fundamentais de primeira dimensão Tese 19: Os direitos fundamentais de primeira geração exprimem preferencialmente a exigência de prestações “negativas” por parte do Estado. 1.5.5.2. Direitos fundamentais de segunda dimensão Tese 20: Os direitos fundamentais de segunda geração cobram maior intervenção do Estado no domínio econômico, social e cultural. 1.5.5.3. Direitos fundamentais de terceira dimensão Tese 21: Denominados direitos fundamentais de terceira geração são de titularidade coletiva. 1.5.5.4. Direitos fundamentais de quarta dimensão? Tese 22: Os direitos fundamentais de quarta geração ou dimensão são decorrentes da evolução da engenharia genética, relacionados à manipulação do patrimônio genético, processo que pode colocar em risco a existência humana. 1.5.5. Irrenunciabilidade Tese 15: Os direitos fundamentais são irrenunciáveis, ou seja, podem não ser exercidos pelo titular, mas não pode haver renúncia. 1.5.6. Indivisibilidade Tese 16: Uma das características dos direitos fundamentais é a indivisibilidade. 1.5.7. Interdependência Tese 17: Uma das características dos direitos fundamentais é a interdependência. 1.6. ROL dos direitos fundamentais. Tese 24: O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 NÃO é taxativo, isto é, o Brasil adota um sistema aberto de direitos fundamentais. 1.6.1. Cláusula de abertura Tese 23: A abertura material do catálogo constitucional permite o reconhecimento de direitos fundamentais implícitos, decorrentes do sistema como um todo. 1.6.2. Tratados e convenções internacionais Tese 25: Os tratados incorporados ao sistema jurídico brasileiro, dependendo da matéria a que se refiram e do rito observado no Congresso Nacional para a sua aprovação, podem ocupar três diferentes níveis hierárquicos: hierarquia equivalente à das leis ordinárias federais; hierarquia supralegal; ou hierarquia equivalente à das emendas constitucionais. Tese 26: A sistemática concernente ao exercício do poder de celebrar tratados é deixada a critério de cada Estado. Em matéria de direitos humanos, são estabelecidas, na CF, duas categorias de tratados internacionais: a dos materialmente constitucionais e a dos materialmente e formalmente constitucionais. Tese 27: A incorporação de um tratado à ordem jurídica interna é um ato complexo, o qual envolve uma sucessão de atos e que, pelo entendimento do STF, somente se aperfeiçoa com o ato de promulgação, que é feito por um decreto executivo do Presidente da República. Tese 28: Como regra, não se admite a privação de liberdade de locomoção em razão de dívidas. Tese 29: A prisão civil no direito brasileiro, atualmente, é admitida pelo inadimplemento de débito de natureza alimentar, mas vedada para o depositário infiel. O STF julgou que não ser cabível a prisão do depositário infiel, pois reconheceu o pacto de San José da Costa Rica status de supralegalidade. Tese 30: Perspectiva objetiva dos direitos fundamentais: Os direitos fundamentais, além de criarem situações jurídicas favoráveis a pessoas em particular, também estabelecem diretrizes para a atuação das estruturas estatais de poder. Resumo da aula 1. Teoria dos direitos fundamentais 1.1. Justificativa A uma, o princípio da dignidade da pessoa humana previsto constitucionalmente como um dos fundamentos da República constitui um núcleo essencial de irradiação dos direitos fundamentais. A dignidade da pessoa humana significa não só um reconhecimento do valor do homem em sua dimensão de liberdade, como também de que o próprio Estado se constrói com base nesse princípio. (Carvalho, Kildore Gonçalves. Direito constitucional. 14 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008). A dignidade da pessoa humana, portanto, implica em um deverde interpretação de toda a ordem jurídica em conformidade com tal princípio, no sentido de que os direitos fundamentais constituem desdobramentos da dignidade da pessoa humana e com base nesta é que devem aqueles ser interpretados. Como ensina Jorge Miranda, a dignidade humana confere unidade de sentido, de valor e de concordância prática ao sistema de direitos fundamentais. Este princípio funciona como fonte ética, fazendo da pessoa fundamento e fim da sociedade e do Estado (MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 3.ed. Coimbra: Coimbra, 2000. t. IV, p. 180-181). O principal fundamento dos direitos fundamentais no Brasil refere-se à dignidade da pessoa humana. Os direitos fundamentais são direitos indispensáveis reconhecidos internamente num determinado Estado e momento histórico a dotar a pessoa de dignidade. Os direitos fundamentais são os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna. Os direitos fundamentais constituem explicitações da dignidade da pessoa, já que em cada direito fundamental, há um conteúdo e uma projeção da dignidade da pessoa. À vista do exposto, verifica-se que não há consenso acerca do conteúdo do princípio da dignidade da pessoa humana. Há níveis de consenso registrados de uma ordem constitucional para outra e mesmo no âmbito interno de cada Estado, são muito diferenciados (Sarlet, Ingo Wolfgang. Curso de direito constitucional. 6. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2017). Em suma, “sem os direitos fundamentais, o homem não vive, não convive, e, em alguns casos, não sobrevive”. (BULOS, UadiLammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2011). A duas, existência do Estado de direito que consiste na limitação do agir do Estado e representa o respeito aos direitos fundamentais de todos. Na visão ocidental de democracia, governo pelo povo e limitação de poder estão indissoluvelmente combinados. (FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Estado de direito e constituição. São Paulo: Saraiva, 1988. p. 16). O princípio democrático previsto no art. 1º da atual Constituição, em seu parágrafo único, dispõe que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” consiste na participação de cada uma das pessoas na vida política do país através do Congresso Nacional a fim de garantir o respeito à soberania popular. Há uma delegação por parte do povo aos mandatários que decidem os destinos da nação. Entretanto, o poder delegado não é absoluto, restrito com a previsão de direitos fundamentais do povo. Assim, os direitos fundamentais cumprem “a função de direitos de defesa dos cidadãos sob uma dupla perspectiva: (1) constituem, num plano jurídico-objectivo, normas de competência negativa para os poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica individual; (2) implicam, num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa). (CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito... Op. cit. p. 541. No mesmo sentido: BARILE, Paolo. Diritti dell’uomo e libertà fundamentali. Bolonha: Il Molino. p. 13) 1.2. Direitos Humanos e Direitos Fundamentais Direitos Fundamentais são considerados os direitos positivados dentro de uma determinada ordem jurídico-constitucional. Expressão preferida na Alemanha (Paulo Bonavides). Direitos Humanos são aqueles reconhecidos e disciplinados no âmbito internacional, tendo como marco maior a Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH). Expressão recorrente no âmbito anglo-americano e latino (Paulo Bonavides). Os direitos fundamentais, normalmente, adquirem maior grau de proteção do que os direitos humanos. • Direitos Fundamentais: Proteção Interna (Jurisdição Doméstica) • Direitos Humanos: Proteção Internacional (que, em regra, é subsidiária/complementar à interna) A nossa CF utilizou de forma tecnicamente correta as terminações direitos fundamentais e direitos humanos. Art. 5º [...] § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Quando o texto constitucional, buscou se referir aos direitos previstos, tanto da ordem interna, como internacional, não fazendo menção a nenhuma das expressões, os termos do art. 5º, §2º. A CF especificamente fala em aplicação imediata dos direitos fundamentais (§1º), da incorporação de tratados de direitos humanos (§3º) e, quando quer se referir a ambos, não utiliza nenhuma dessas expressões (§2º). Ademais, no campo das posições filosóficas justificadoras dos direitos fundamentais, destacam-se a corrente jusnaturalista, para quem os direitos humanos são imperativos do direito natural, anteriores e superiores à vontade do Estado, a corrente positivista nacionalista, para quem não há consenso sobre os direitos humanos, uma vez que o mundo é plural e imperativos do direito positivo e a corrente moralista, para quem os direitos humanos decorrem da consciência moral e da experiência de determinado povo, no convívio e na experiência do convívio no seio social. Jusnaturalismo Positivismo Teoria Moralista ou de Perelman Defende a existência da natureza humana e que os direitos humanos dela decorrem. Assim, o homem, em tese, na sua historicidade, é um só, havendo valores que sobrepairam ao processo histórico, que estão acima da sua consagração no ordenamento político positivo, que são a fonte de onde jorram os direitos humanos. O pensamento constitucionalista iluminista era jusnaturalista. Os direitos fundamentais, portanto, não são uma criação dos legisladores ou dos tribunais. Não há consenso, uma vez que o mundo é plural. O pluralismo sobre questões de justiça é inerente às sociedades complexas. Então essa fragmentação, esse pluralismo, essa diversidade ontológica, levaria a uma posição cética, não há valores superiores, pois não há consenso sobre quais valores superiores são esses, logo, é melhor adotar a noção de que o válido é o que está no direito positivo. Então, para o positivismo a fonte de direitos humanos é o direito positivo. Os direitos fundamentais decorrem da consciência moral e da experiência de determinado povo, no convívio e na experiência do convívio no seio social, configurando o denominado espiritus razonables. 1.3. TITULARES dos direitos fundamentais 1.3.1. Pessoas físicas CF, art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) Imagine a seguinte situação hipotética: Caio, residente e domiciliado em Nova York, veio passar férias no Brasil e cometeu o crime de homicídio simples, ainda em território brasileiro. Neste caso, de acordo com a Constituição Caio não poderá impetrar nenhum tipo de remédio constitucional em seu favor já que o artigo 5°, caput, da Constituição da República de 1988 é restritiva, ou seja, os direitos fundamentais são assegurados som ente aos brasileiros e estrangeiros residentes no País. Assim, a CF não garante aos estrangeiros em trânsito pelo território nacional os mesmos direitos garantidos aos cidadãos brasileiros. Entendimento do STF: A condição jurídica de não nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeironão possuir domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. O estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio constitucional do habeas corpus, em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido processo legal. Impõe-se, ao Judiciário, o dever de assegurar, mesmo ao réu estrangeiro sem domicílio no Brasil, os direitos básicos que resultam do postulado da dignidade da pessoa humana. Assim, os direitos fundamentais, são extensíveis essa proteção ao estrangeiro em trânsito (jurisprudência do STF) bem como qualquer pessoa que esteja sob as leis brasileiras, mesmo que seja estrangeiro residente no exterior (HC 94.016). Nada impediria, portanto, que um estrangeiro, de passagem pelo território nacional, ilegalmente preso, impetrasse habeas corpus (art. 5.º, LXVIII) para proteger o seu direito de ir e vir. (Lenza, Pedro Direito constitucional esquematizado/ Pedro Lenza. – 23. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019). 1.3.2. Pessoas jurídicas As pessoas jurídicas são beneficiárias dos direitos e garantias individuais, pois reconhece- se às associações o direito à existência, o que de nada adiantaria se fosse possível excluí-las de todos os seus demais direitos. STJ – Terceira Turma – Resp 959564/SP – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, decisão: 24-5-2011. O Supremo Tribunal Federal, inclusive, reconhece o direito a pleno acesso à Justiça gratuita às pessoas jurídicas (STF – Pleno – Reclamação (AgR-ED) nº 1.905/SP – Rel. Min. Marco Aurélio, decisão: 15-8-02. Informativo STF nº 277). As pessoas jurídicas, portanto, são destinatárias dos direitos fundamentais que sejam compatíveis com sua específica natureza, isto é, as pessoas jurídicas são destinatárias dos direitos e garantias elencados na CF, mas não na mesma proporção das pessoas físicas. Por exemplo: não há como se aplicarem às pessoas jurídicas o direito à liberdade de locomoção, que pode ter como destinatário apenas o homem, mas são extensivos a elas os direitos à propriedade, à liberdade de expressão, ao sigilo das comunicações, à indenização por dano à imagem, ao respeito do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, entre outros, que não pressupõem características essencialmente humanas. Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, mas sempre a favor de pessoa física. Súmula 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. A 4ª Turma do STJ, no REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013, entendeu que não é possível que um ente público seja indenizado por dano moral sob a alegação de que sua honra ou imagem foram violadas. 1.4. EFICÁCIA dos direitos fundamentais (Destinatários dos deveres: eficácia vertical, horizontal e diagonal). A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais; Ex.: Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do contraditório e da ampla defesa. A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na constitucionalização do direito privado a sua gênese; Ex.: afigura-se possível a revisão judicial da exclusão de associado dos quadros de associação privada, quando violado direito individual previsto na Constituição Federal. O STF reconheceu a eficácia horizontal em pelo menos três oportunidades: A exclusão de cooperado (RE 158.215); Caso Air France (RE161243-6) e expulsão de associado (RE 201819). A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em que se configuram desigualdades fáticas. Há, portanto, uma nova concepção de eficácia de direitos fundamentais, a chamada eficácia diagonal que consiste na possibilidade de se invocar direitos fundamentais nas relações entre particulares que não estejam em pé de igualdade (flagrante desigualdade fática), havendo, portanto, uma relação diagonal. Ex.: relação de consumo e de trabalho. 1.5 CARACTERÍSTICAS dos direitos fundamentais 1.5.1. Universalidade Os direitos fundamentais alcançam a todos que se encontrem no Estado onde vigoram, dentro das suas especificidades. Não importam aqui considerações quanto a raça, idade, sexo, religião, ideologia. O que se quer afirmar é que eles protegem, dentro das suas peculiaridades, todas as pessoas físicas e/ou jurídicas que se encontrem no território estatal, sem discriminação de qualquer espécie. Em outras palavras, há um núcleo mínimo de direitos que deve ser outorgado a todas as pessoas (como, por exemplo, o direito à vida). Todavia, há alguns direitos não podem ser titularizados por todos, pois são outorgados a grupos específicos (como, por exemplo, os direitos dos trabalhadores). 1.5.2. Relatividade: 1.5.2.1. Conflitos entre Direitos Fundamentais: Concorrência de direitos fundamentais e colisão de direitos fundamentais. A doutrina majoritária é uniforme quanto à relatividade dos direitos fundamentais, que se apresenta como característica destes. Alexandre de Moraes com relação a relatividade dos direitos fundamentais ao citar Quiroga Lavié, afirma que os direitos fundamentais nascem para reduzir a ação do Estado aos limites impostos pela Constituição, sem, contudo, desconhecerem a subordinação do indivíduo ao Estado, como garantia de que eles operem dentro dos limites impostos pelo direito. (Moraes, Alexandre de. Direito constitucional - 34. ed. - São Paulo : Atlas, 2018) O Supremo Tribunal Federal em mais de uma oportunidade reconhece a relatividade dos direitos fundamentais. Vejamos: (1) Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas – e considerado o substrato ético que as informa – permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. [MS 23.452, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-1999, P, DJ de 12-5-2000.] Vide HC 103.236, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-6-2010, 2ª T, DJE de 3-9-2010. (2) Em face da concepção constitucional moderna de que inexistem garantias individuais de ordem absoluta, mormente com escopo de salvaguardar práticas ilícitas (...) [RHC 132.115, rel. min. Dias Toffoli, j. 6-2-2018, 2ª T, DJE de 19-10-2018.] Dos julgados acima é possível reconhecer a relatividade dos direitos fundamentais: A uma, não podem ser utilizados como escudo protetivo da prática de atividades ilícitas; A duas, não podem ser exercidos em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros igualmente reconhecimentos no texto constitucional. Assim, por exemplo, a liberdade de expressão não autoriza a pessoa a estimular o racismo. Dito isto, os direitos fundamentais podem ser ponderados e relativizados uns em relação a outros. 1.5.2.2. Limites (Restrições) aos direitos fundamentais e a tese dos limites doslimites Os direitos fundamentais podem sofrer limitações por (1) ponderação judicial caso estejam em confronto com outros direitos fundamentais, por (2) alteração legislativa, que consiste na discricionariedade do legislador de definir e delimitar os direitos fundamentais. EX.: Direito de propriedade e a sua função social. As restrições normativas infraconstitucionais aos direitos e as garantias fundamentais, mesmo que autorizadas expressamente pelo próprio texto constitucional, não podem afetar o núcleo essencial desses direitos e garantias (sacrifício total). Em outras palavras, deve-se esclarecer que, se de um lado admite-se que os direitos fundamentais podem ser restringidos pela atuação do legislador ordinário, de outro não pode esta restrição legal implicar o esvaziamento do direito, na aniquilação (revogação) de seu núcleo semântico fundamental. É o que se denomina “teoria do limite dos limites”. A teoria consiste em afirmar que a limitação de direitos não pode afetar o seu núcleo essencial, ou seja, não pode haver o seu esvaziamento. (restrição ilimitada). A garantia do conteúdo essencial é concebida como um limite à atividade limitadora dos direitos fundamentais, isto é, como o limite dos limites. Ex.: O legislador não pode determinar que toda liberdade profissional só vai poder exercer que tem o nível médio; Uma lei não pode exigir quinze anos de estágio profissional para que alguém pudesse exercer a advocacia. Quando houver conflito entre dois ou mais direitos e garantias fundamentais: (I) o intérprete deve sempre buscar a concordância prática entre os direitos fundamentais; (II) na hipótese de conflito entre direitos fundamentais não pode ser solucionado em abstrato e, (III) o conflito entre direitos fundamentais é resolvido pelo princípio da harmonização (ou da concordância prática*). * decorre da inexistência de hierarquia dos direitos fundamentais. Estes deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles, buscando, assim, evitar o sacrifício (total) de um princípio em relação a outro em choque. 1.5.3. Imprescritibilidade Os direitos fundamentais são exercitáveis a qualquer tempo, não cabendo falar-se em prescrição. A imprescritibilidade só tem a ver com o próprio direito fundamental abstratamente reconhecido, mas não com as consequências que possam decorrer concretamente. Por exemplo, o direito fundamental a reparação de danos materiais é imprescritível. Todavia, no caso de uma situação concreta, é possível o surgimento de determinado tempo que limite sua exigibilidade. Ex.: Código Civil, Art. 206. Prescreve: § 3º Em três anos: V - a pretensão de reparação civil. 1.5.4. Inalienabilidade Os direitos fundamentais apresentam como características, dentre outros, a da inalienabilidade. A inalienabilidade só tem a ver com o próprio direito fundamental abstratamente reconhecido, mas não com as consequências que possam decorrer concretamente. (BERNARDES, Juliano Taveira. Direito Constitucional. Tomo I 5. Ed. – Salvador-BA: Juspodivm, 2015). Por exemplo, o direito fundamental a propriedade é inalienável. Todavia, não há negar a alguém o poder de alienar um imóvel (situação concreta). 1.5.5. Historicidade: Os direitos fundamentais e suas dimensões (gerações). Altera-se o sentido ou a amplitude do direito fundamental conforme o momento histórico em que seja analisado, podendo até mesmo ocorrer a extinção de certo direito reconhecido como fundamental em época anterior. Justamente por isso, fala-se na existência de gerações (dimensões) de direitos fundamentais. 1.5.5.1. Direitos fundamentais de primeira dimensão Os direitos fundamentais de primeira geração, também denominados “liberdades públicas”, são os direitos civis e políticos e abrangem as quatro liberdades clássicas (vida, liberdade, segurança e propriedade). São os direitos individuais que consagram as liberdades individuais, impondo limitações ao poder de legislar do Estado. Necessariamente estão inseridos no texto constitucional e decorrem da evolução do direito natural, sofrendo decisiva influência dos ideais iluministas, como se percebe no Contrato Social, de Rosseau (também conhecidos como direitos negativos ou direitos de defesa). São exemplos de tais direitos, entre outros, o direito à vida, à propriedade, à liberdade de locomoção, à liberdade de expressão, à liberdade de participação política, à igualdade (formal) perante a lei, à incolumidade física etc. Os direitos fundamentais de primeira geração, diretamente vinculados à ideologia liberal, são essencialmente direitos de defesa do indivíduo perante o Estado, pois objetivam não uma prestação positiva do Estado, mas uma atuação negativa, um não agir por parte do Estado em benefício da liberdade do indivíduo, no sentido de que o ente estatal não interfira nas esferas jurídicas individuais. Buscam, basicamente, assegurar a liberdade do indivíduo na arena política e, precipuamente, em seus negócios privados. Uma ressalva a esta atitude omissiva do Estado perante os indivíduos pode ser vislumbrada apenas quanto ao direito à segurança, para os que o consideram um direito fundamental de primeira geração, já que ele exige para sua satisfação uma atuação comissiva do Estado, buscando assegurar a incolumidade física do cidadão mediante atividades de policiamento. 1.5.5.2. Direitos fundamentais de segunda dimensão Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos de índole econômica, social e cultural. Em termos cronológicos, surgem após os direitos de primeira geração e, diferentemente, destes, não visam a uma atuação estatal negativa, mas positiva, pois têm por conteúdo alguma prestação que o Estado deva cumprir perante os indivíduos. Tais direitos exigem, pois, uma postura ativa do Estado, no sentido de possibilitar as conquistas sociais, sobretudo as decorrentes da regulamentação do Direito do Trabalho. Estão intrinsecamente ligados ao estatuto da igualdade. As normas constitucionais consagradoras desses direitos exigem do Estado um fazer, por meio de ações concretas desencadeadas para favorecer o indivíduo (também são conhecidos como direitos positivos ou direitos de prestação). Para exemplificar, podemos citar como direitos de segunda geração o direito à proteção na idade avançada, o direito ao lazer, à saúde, à assistência social, à previdência social, ao trabalho, à habitação, ao desporto etc. 1.5.5.3. Direitos fundamentais de terceira dimensão Os direitos fundamentais de terceira geração possuem natureza essencialmente transindividual, porquanto não possuem destinatários especificados, como os de primeira e segunda geração, abrangendo a coletividade como um todo. São, assim, direitos de titularidade difusa ou coletiva, que abrangem destinatários indeterminados ou de difícil determinação. Vinculam-se essencialmente aos valores da fraternidade ou solidariedade e são tradução de um ideal intergeracional, que liga as gerações presentes às futuras, a partir da percepção de que a qualidade de vida destas depende sobremaneira do modo de vida daquelas. São exemplos os direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos povos, à conservação do patrimônio histórico e cultural, à comunicação (para alguns, também os direitos relacionados à infância e juventude e os direitos do consumidor), entre outros. 1.5.5.4. Direitos fundamentais de quarta dimensão? São direitos relativos à manipulação genética, relacionados à biotecnologia e à bioengenharia, tratando de discussões sobre a vida e a morte, pressupondo sempre um debate ético prévio. Sua consolidação é irreversível, sendo certo que por meio deles se estabelecem os alicerces jurídicos dos avanços tecnológicos e seus limites constitucionais. Essa geração se ocupa do redimensionamento de conceitos e limites biotecnológicos, rompendo, a cada nova incursão científica,paradigmas e, por fim, operando mudanças significativas no modo de vida de toda a humanidade. Urge a necessidade de seu reconhecimento para que não fique o mundo jurídico apartado da evolução científica. 1.6. ROL dos direitos fundamentais. Os direitos e garantias fundamentais não são apenas os que estão expressos na Constituição. Os direitos fundamentais não se esgotam na Carta Magna, podendo ocorrer a inclusão de outros decorrentes dos regimes e princípios por ela adotados ou de tratados internacionais desde que a República do Brasil seja parte. A CF apresenta uma cláusula de abertura (§ 2º do Art. 5º da CF) para o ingresso no ordenamento jurídico de outros direitos além dos previstos na própria carta magna. É materialmente aberto, podendo ser explicitados direitos fundamentais decorrentes do regime e dos princípios constitucionais, além de haver a possibilidade de virem a existir novos direitos fundamentais introduzidos na ordem jurídica brasileira por tratados internacionais de direitos humanos. Por isso, diz-se que os direitos fundamentais não estão previstos de forma taxativa, mas meramente exemplificativa, podendo ser adicionados outros. Art. 5º § 2º da CF dispõe que “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Pelo exposto, é simples concluir que os direitos fundamentais não são estanques, não podem ser reunidos num elenco fixo, imutável, nem ter seu conteúdo compreendido da mesma forma nos diferentes períodos históricos em que se desenrolou seu estabelecimento e evolução. O surgimento dos diversos direitos fundamentais, ao longo da História, comprova nos serem esses direitos uma categoria aberta e potencialmente ilimitada, a qual pode ser complementada por outros direitos a partir da constatação de sua importância para o desenvolvimento pleno da sociedade, como poderá ocorrer com relação à clonagem, cujas potencialidades podem levar à defesa de sua legitimidade e à sua inserção entre o rol dos direitos fundamentais. 1.6.1. Cláusula de abertura A Constituição de 1988 trouxe um rol extensivo de direitos e garantias fundamentais, que foram estabelecidos em dois grandes grupos de direitos e garantias fundamentais: os expressamente positivados, portanto, com direto assento em texto normativo (direitos e garantias fundamentais do Título II, os direitos dispersos pelo texto constitucional - as limitações constitucionais ao poder de tributar, meio ambiente, o direito a terra dos povos indígenas e das comunidades quilombolas, por exemplo – e os direitos expressamente reconhecidos e protegidos pelos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil) e os direitos decorrentes do regime e dos princípios ou direitos implícitos (direitos e garantias fundamentais não diretamente - explicitamente - positivados). A caracterização de um direito como fundamental não é determinada apenas pela relevância do bem jurídico tutelado por seus predicados intrínsecos, mas também pela relevância que é dada a esse bem jurídico pelo constituinte, mediante atribuição da hierarquia correspondente (expressa ou implicitamente) e do regime jurídico-constitucional assegurado às normas de direitos fundamentais. Ex.: O direito ao nome e a busca da felicidade são direitos fundamentais implícitos na Constituição da República Federativa do Brasil. Direito ao nome: “o direito ao nome insere-se no conceito de dignidade da pessoa humana e traduz a sua identidade, a origem de sua ancestralidade, o reconhecimento da família, razão pela qual o estado de filiação é direito indisponível”. (RE n. 248.869-1 (07.08.2003), rel. Min. Maurício Corrêa. Patrimônio genético: Com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana e no direito fundamental à vida (agregando ainda, em reforço à fundamentação, o dever estatal de preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético) guindou-se o direito à identidade genética à posição de direito fundamental implícito na ordem constitucional pátria. Busca da felicidade: Reconhecimento e qualificação da união homoafetiva como entidade familiar. O STF – apoiando-se em valiosa hermenêutica construtiva e invocando princípios essenciais (como os da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da autodeterminação, da igualdade, do pluralismo, da intimidade, da não discriminação e da busca da felicidade) – reconhece assistir, a qualquer pessoa, o direito fundamental à orientação sexual, havendo proclamado, por isso mesmo, a plena legitimidade ético-jurídica da união homoafetiva como entidade familiar, atribuindo-lhe, em consequência, verdadeiro estatuto de cidadania, em ordem a permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais, relevantes consequências no plano do direito, notadamente no campo previdenciário, e, também, na esfera das relações sociais e familiares. A extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica-se e legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança jurídica e do postulado constitucional implícito que consagra o direito à busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimensão que privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição da República (art. 1º, III, e art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes aptos a conferir suporte legitimador à qualificação das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero entidade familiar. (...) O postulado da dignidade da pessoa humana, que representa – considerada a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) – significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso país, traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. (...) O princípio constitucional da busca da felicidade, que decorre, por implicitude, do núcleo de que se irradia o postulado da dignidade da pessoa humana, assume papel de extremo relevo no processo de afirmação, gozo e expansão dos direitos fundamentais, qualificando-se, em função de sua própria teleologia, como fator de neutralização de práticas ou de omissões lesivas cuja ocorrência possa comprometer, afetar ou, até mesmo, esterilizar direitos e franquias individuais. Assiste, por isso mesmo, a todos, sem qualquer exclusão, o direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado constitucional IMPLÍCITO, que se qualifica como expressão de uma ideia-força que deriva do princípio da essencial dignidade da pessoa humana. [RE 477.554 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 16-8-2011, 2ª T, DJE de 26-8-2011.] Vide ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-10-2011 (Os grifos não constam do original. 1.6.2. Tratados e convenções internacionais Com efeito, pode haver, em nosso ordenamento jurídico, outros direitos derivados de tratados internacionais (Art. 5º, §§ 2º e 3º). Os tratados incorporados ao sistema jurídico brasileiro, dependendo da matéria a que se refiram e do rito observado no Congresso Nacional para a sua aprovação, podem ocupar três diferentes níveis hierárquicos: hierarquia equivalente à das leis ordinárias federais; hierarquia supralegal; ou hierarquia equivalente à das emendas constitucionais. (1) hierarquia legal: Tratados que não sejam sobre direitos humanos. Eficácia: revoga lei anterior e ser revogado por lei posterior. Ex.: Convenção de Varsóvia sobre indenização tarifada em caso de extravio de bagagem em voos internacionais.(2) Considerando a sistemática de incorporação, na ordem jurídica interna, dos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como a posição que podem ocupar no escalonamento das normas de acordo com o entendimento prevalecente no âmbito do Supremo Tribunal Federal, podem ter natureza supralegal ou constitucional. (2.1) hierarquia supralegal: Tratados de direitos humanos aprovados antes de 2004 – e, portanto, sem ser pelo trâmite de emenda constitucional). Eficácia: prevalece sobre as leis infraconstitucionais. Ex.: Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). (2.2) hierarquia equivalente à das emendas constitucionais: Tratados sobre (1) direitos humanos (2) aprovados pelo Congresso Nacional em obediência ao rito estabelecido no art. 5º, § 3º, da CF (trâmite das emendas constitucionais – aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros). Eficácia: prevalece sobre lei infraconstitucionais e inclusive revogar norma constitucional, com ressalvas. Cabe registrar que como norma constitucional derivada (equiparada a uma emenda constitucional), os tratados e as convenções sobre direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos podem ser ulteriormente declarados inconstitucionais. Ademais, passará a compor o “bloco de constitucionalidade”. Esse novo instituto passou a permitir, inclusive, o controle concentrado de constitucionalidade pelo STF – Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e ADI- omissão –, em relação a todo ordenamento jurídico interno que contrarie tratados sobre direitos humanos devidamente incorporados na forma do parágrafo 3º do artigo 5º da CF; garantindo maior eficácia e efetividade à proteção à dignidade da pessoa humana. (Moraes, Alexandre de Direito constitucional - 34. ed. - São Paulo : Atlas, 2018) Ex.: Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Tratado de Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para aceder ao texto impresso. 1.6.3. Tratado internacional e prisão civil por dívidas A CF autoriza a prisão civil de depositário infiel, conforme art. 5°, LXVll, que estabelece que "não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel". De outro modo, a Cláusula Sétima do Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil, em 25/09/1992) admite apenas um caso de prisão civil, o do inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia, não contemplando, portanto, a prisão do depositário infiel. A exceção da norma constante do art. 5º, LXVII para ser aplicada necessita de norma infraconstitucional para regulamentá-la. Todavia, o Supremo Tribunal Federal dirimiu a questão elevando o Pacto de São José à categoria de norma supralegal (posição intermediária entre a norma constitucional e a norma infraconstitucional) que prevalece sobre as normas infraconstitucionais em sentido contrário. Assim, na prática ficou inviabilizada qualquer forma de prisão civil por dívida na qualidade de depositário infiel. Isso porque o Pacto de São José, não obstante não tenha sido recepcionado como norma constitucional derivada pela EC no 45/2004, o foi como norma supralegal e, com isso, revogando, ou melhor, não recepcionando, nenhuma norma legal que, até então, disciplinava a prisão civil do depositário infiel. E, mais do que isso, impedirá que qualquer lei nova venha a tratar do tema. (Motta, Sylvio. Direito Constitucional: Teoria, Jurisprudência e Questões 27. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018). Conforme destacado pelo Ministro Carlos Britto: “O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão”. STF – Pleno – RE 349.703/RS – Rel. Min. Carlos Britto, decisão: 3-12-2008, DJE-104, publicado em 5-6- 2009. Há inclusive uma Súmula Vinculante nº 25 sobre o tema, afirmando que “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. O Pacto de São José de Costa Rica não estaria acima da Constituição Federal. No julgamento, o STF considerou que o artigo 5º, inciso XLVII, da Constituição Federal perdeu aplicação prática, uma vez que a prisão nesse caso não decorre do texto constitucional, mas de norma infraconstitucional, que lhe dava aplicação prática. Considerando que esta norma contraria tratado internacional de direitos humanos, de natureza supralegal, não há como persistir com a referida modalidade de prisão civil no ordenamento jurídico. Cabe destacar que a proibição da prisão civil por dívidas do depositário infiel NÃO está prevista na Constituição e sim prevista no pacto de San José da Costa Rica, tratado com status supralegal reconhecida pelo STF. Aplicação em concurso 1. (2019 FCC AFAP ANALISTA DE FOMENTO - ADVOGADO). Considere o seguinte excerto da obra doutrinária ao final identificada: “Outra característica associada aos direitos fundamentais diz com o fato de estarem consagrados em preceitos da ordem jurídica. Essa característica serve de traço divisor entre as expressões direitos fundamentais e direitos humanos. A expressão direitos humanos, ou direitos do homem, é reservada para aquelas reivindicações de perene respeito a certas posições essenciais ao homem. São direitos postulados em bases jusnaturalistas, contam índole filosófica e não possuem como característica básica a positivação numa ordem jurídica particular. A expressão direitos humanos, ainda, e até por conta da sua vocação universalista, supranacional, é empregada para designar pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em documentos de direito internacional. Já a locução direitos fundamentais é reservada aos direitos relacionados com posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra.” (MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 13.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 147) Com base no texto transcrito, A) não há como distinguir doutrinariamente as expressões direitos fundamentais e direitos humanos, dada a vocação universalista da proteção da pessoa humana, reconhecida nos documentos do direito internacional. B) a expressão direitos humanos possui natureza universalista, oriunda de uma concepção filosófica derivada do Direito Natural. C) a expressão direitos humanos diz respeito ao direito positivado por cada Estado soberano e, por essa razão, se afasta das concepções jusnaturalistas. D) a expressão direitos humanos, dado o caráter nacional da positivação jurídica, não constitui objeto do Direito Internacional Público. E) por se tratar de concepção filosófica jusnaturalista, não limitada ao tempo e ao espaço, os direitos fundamentais não possuem conteúdo jurídico. 2. (2018 FCC PREFEITURA DE MACAPÁ-AP). Os direitos fundamentais são os direitos do ser humano, reconhecidos e positivados na esfera jurídica de determinado país, como o Brasil, enquanto os direitos internacionais se referem ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com uma determinada ordem institucional, sendo válidos para todos os homens em todos os tempos. Essa concepção se refere, respectivamente, aos direitos previstos na A) Declaração dos Direitos do Homem e da Mulher e na Declaraçãode Igualdade e Inclusão Social. B) Constituição dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal do Brasil. C) Declaração Nacional de Inclusão Social e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. D) Declaração dos Direitos do Cidadão e no Estatuto da Criança e do Adolescente. E) Constituição Federal do Brasil e na Declaração Universal de Direitos Humanos. 3. (2017 FCC DPE-PR DEFENSOR - ADAPTADA). No campo das posições filosóficas justificadoras dos direitos fundamentais, destaca-se a corrente jusnaturalista, para quem os direitos do homem são imperativos do direito natural, anteriores e superiores à vontade do Estado. 4. (2017 FCC TRT-21ª REGIÃO TÉCNICO JUDICIÁRIO). Diante da disciplina dos Direitos e Garantias fundamentais na Constituição Federal, A) somente são assegurados direitos fundamentais às pessoas físicas, uma vez que esses decorrem diretamente do princípio da dignidade da pessoa humana. B) o rol de direitos e garantias fundamentais é taxativo, não sendo admitida a existência de direitos e garantias que não estejam expressamente previstos na Constituição, ainda que decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou previstos em tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. C) os direitos fundamentais podem sofrer limitações impostas pela própria Constituição, assim como pelo legislador ordinário, quando autorizado a tanto por aquela. D) somente são assegurados direitos individuais e coletivos aos brasileiros, sejam eles natos ou naturalizados, e não aos estrangeiros. E) os direitos assegurados pela Constituição aos trabalhadores urbanos e rurais não se aplicam aos domésticos, uma vez que as atividades desempenhadas por essa categoria se encontram disciplinadas por legislação própria. 5. (2018 FCC SEAD-AP ANALISTA JURÍDICO). Em relação à eficácia horizontal dos direitos fundamentais, são destinatários das normas constitucionais que dispõem sobre esses direitos: A) as Entidades autárquicas. B) os Órgãos do Poder Executivo. C) as Entidades paraestatais. D) os Particulares. E) os Órgãos do Poder Judiciário. 6. (2017 FCC DPE-SC DEFENSOR). No julgamento do Recurso Extraordinário n° 201.819/RJ, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria para o acórdão do Ministro Gilmar Mendes, decidiu acerca da impossibilidade de exclusão de sócio, por parte da União Brasileira de Compositores, sem garantia da ampla defesa e do contraditório. O caso em questão representa um leading case inovador da nossa Corte Constitucional atinente ao seguinte ponto da Teoria Geral dos Direitos Fundamentais: A) Princípio da proibição de excesso. B) Núcleo essencial dos direitos fundamentais. C) Limites e restrições aos direitos fundamentais. D) Princípio da proibição de proteção insuficiente. E) Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas. 7. (2015 FCC TCE-CE CONSELHEIRO SUBSTITUTO). Determinada associação civil impôs a expulsão liminar de associado, tendo em vista que seu estatuto afirmava que, caso “proposta a expulsão de associado por motivo que afronte a moral e os bons costumes por outro associado, cabe à diretoria decidir, em um prazo de 10 dias, sobre a sua expulsão”. Nesse caso, à luz da disciplina constitucional dos direitos e garantias fundamentais, A) a expulsão somente pode ser levada a cabo caso se atribua, ao associado, o direito de se defender regularmente, mas a matéria não é constitucional e não cabe ao Supremo Tribunal Federal analisá-la. B) a expulsão somente pode se efetivar caso se atribua ao associado o direito de se defender amplamente e a matéria, caso venha a ser questionada regularmente, pode ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal via recurso extraordinário. C) desde que haja previsão estatutária atribuindo ao associado o direito de recorrer da decisão da diretoria, o caso pode ser decidido pelo Supremo Tribunal Federal via recurso extraordinário. D) o caso somente pode ser decidido pelo Supremo Tribunal Federal após decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça que se entenda contrária à Constituição Federal. E) a questão, caso judicializada, somente pode ser resolvida em perdas e danos, pois não cabe ao Poder Judiciário reintegrar associado expulso, tendo em vista o laço de confiança que une os membros de uma associação. 8. (2016 FCC DPE-BA DEFENSOR). No âmbito da Teoria dos Direitos Fundamentais, A) a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais está atrelada, na sua origem, à função clássica de tais direitos, assegurando ao seu titular o direito de resistir à intervenção estatal em sua esfera de liberdade individual. B) em que pese a doutrina reconhecer a eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares (eficácia horizontal), a tese em questão nunca foi apreciada ou acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. C) a cláusula de abertura material do catálogo de direitos fundamentais expressa no § 2º do art. 5º da Constituição Federal não autoriza que direitos consagrados fora do Título II do texto constitucional sejam incorporados ao referido rol. D) o princípio da proibição de retrocesso social foi consagrado expressamente no texto da Constituição Federal. E) os direitos fundamentais de primeira dimensão ou geração possuem função normativa de natureza apenas defensiva ou negativa. 9. (2010 FCC TRF-4ª REGIÃO ANALISTA JUDICIÁRIO). São direitos fundamentais classificados como de segunda geração A) os direitos e garantias individuais clássicos. B) o direito do consumidor e o direito ao meio ambiente equilibrado. C) os direitos econômicos e culturais D) os direitos de solidariedade e os direitos difusos. E) as liberdades públicas. 10. (2018 FCC CÂMARA LEGISLATIVA DO DF - CONSULTOR LEGISLATIVO). À vista das disposições constitucionais, os direitos e garantias fundamentais A) são apenas aqueles especificamente expressos na Constituição Federal, no tópico a eles especialmente destinado, podendo ser aumentados ou diminuídos por meio de Emenda Constitucional. B) expressos na Constituição Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. C) poderão ser assegurados em tratados e convenções internacionais, que serão equivalentes às emendas constitucionais se forem aprovados, em dois turnos, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, pelo voto de 2/5 de seus membros. D) não expressos na Constituição Federal serão assegurados em território nacional apenas se constarem de tratados internacionais que forem aprovados pela maioria absoluta dos integrantes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e homologados por Decreto do Presidente da República. E) somente terão aplicação, por meio de suas normas definidoras, após a edição de lei complementar aprovada por 4/5 dos membros do Congresso Nacional. 11. (2018 FCC CÂMARA LEGISLATIVA DO DF - CONSULTOR LEGISLATIVO). Considere a hipótese de a República Federativa do Brasil vir a celebrar tratado internacional do qual conste a possibilidade de imposição de pena de prisão perpétua pela prática de ato de discriminação atentatória dos direitos e garantias fundamentais. Uma vez submetido à apreciação do Congresso Nacional, referido tratado A) estará sujeito aos limites materiais impostos ao poder de reforma constitucional, a impedirem que seja objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais, dentre os quais figura a proibição de instituição de penas de caráter perpétuo. B) será equivalente a emenda constitucional, se aprovado em dois turnos, em cada casa do Congresso Nacional, pelo voto de dois quintos dos respectivos membros, caso em que o ordenamento constitucional brasileiro passará a prever uma hipótese de pena de caráter perpétuo, ainda que excepcional. C) estará sujeito ao processo ordinário de apreciação das normas dessa espécie, estando, sob o aspecto material, em conformidadecom o princípio de regência das relações internacionais de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. D) será equivalente a emenda constitucional, independentemente de ser aprovado pelo procedimento previsto para as emendas constitucionais e sem se sujeitar aos limites materiais impostos ao poder de reforma, uma vez que se cuida de tratado internacional em matéria de direitos humanos. E) será equivalente a emenda constitucional, independentemente de ser aprovado pelo procedimento previsto para as emendas constitucionais e sem se sujeitar aos limites materiais impostos ao poder de reforma, uma vez que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros previstos em tratados internacionais em que o Brasil seja parte. 12. (2018 FCC TRT-15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO). A Constituição Federal VEDA, como regra geral, a prisão civil por dívida, A) proibindo, expressamente, a prisão do depositário infiel, qualquer que seja a natureza do depósito, ainda que permita a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. B) ressalvando, expressamente, a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel, mas o Supremo Tribunal Federal firmou tese jurídica, em sede de julgamento de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, no sentido de que todos os pactos internacionais em matéria de direitos humanos internalizados pelo País, inclusive os que proíbem a prisão civil por dívida, ingressam no direito brasileiro com hierarquia de norma constitucional e, por isso, a hipótese de prisão do depositário infiel é inaplicável segundo o direito vigente. C) ressalvando, expressamente, a prisão do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel, mas, de outro lado, o Supremo Tribunal Federal editou súmula vinculante segundo a qual é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. D) ressalvando, expressamente, a prisão do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel, mas a jurisprudência vigente do Supremo Tribunal Federal entende que os pactos internacionais em matéria de direitos humanos internalizados pelo País, inclusive os que proíbem a prisão civil por dívida, ingressam no direito brasileiro com hierarquia de norma constitucional e, por isso, todas as hipóteses de prisão civil previstas na Constituição Federal são inaplicáveis segundo o direito vigente. E) ressalvando, expressamente, a prisão do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel, mas, segundo jurisprudência vigente do Supremo Tribunal Federal, é vedada a prisão civil do depositário infiel apenas quando o depósito for fruto de ordem judicial. 13. (2018 FCC TRT-2ª REGIÃO ANALISTA JUDICIÁRIO). Considere que tratado internacional que veda a prisão civil do depositário infiel seja aprovado em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. À luz das disposições da Constituição Federal, trata-se de tratado A) incompatível com o direito brasileiro, uma vez que não poderia vedar a prisão civil do depositário infiel, já que prevista na Constituição Federal. B) incompatível com o direito brasileiro, apenas porque teria sido aprovado através de procedimento não previsto no texto constitucional, embora no mérito não haja óbice à vedação de prisão civil do depositário infiel. C) compatível com o direito brasileiro no que toca ao procedimento adotado para a sua aprovação, mas incompatível ao vedar a prisão civil do depositário infiel, já que prevista na Constituição Federal. D) incompatível com o direito brasileiro no que toca ao procedimento de aprovação, mas compatível ao vedar a prisão civil do depositário infiel, por se tratar de norma de direito fundamental mais protetiva do que aquela acolhida no texto da Constituição Federal. E) compatível com a Constituição Federal no que toca ao procedimento adotado para a sua aprovação, ademais de não haver óbice material à vedação da prisão civil do depositário infiel, sendo referido tratado equivalente à emenda constitucional. 14. (2010 FCC PGM-TERESINA-PI PROCURADOR - ADAPTADA). Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Gabarito: 1. B 2. E 3. CERTO 4. C 5. D 6. E 7. B 8. A 9. C 10. B 11. A 12. C 13. B 14. CERTO
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