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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Primeiros Socorros – 2020.2 Atendimento pré-hospitalar É o atendimento prestado por profissionais da área da saúde, treinados e capacitados para prover os cuidados iniciais a vítima, de forma organizada e sistematizada, seguido de transporte até serviço de saúde que proporcionará o tratamento definitivo. Não é um tratamento definitivo, mas sua realização é primordial para a sobrevida da vítima, evitando risco da lesão secundária. Os profissionais de toda a equipe devem se preocupar em triar, tratar e transportar a vítima de forma segura para receber o tratamento definitivo. No ambiente extra hospitalar é iniciado a prestação do serviço de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é encaminhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível, entre eles ambulância, helicóptero ou lancha. Na fase pré-hospitalar, deve ser dada ênfase à manutenção da via aérea, ao controle da hemorragia externa e do choque, à imobilização do doente e ao transporte imediato ao hospital apropriado mais próximo, preferencialmente a um centro de trauma credenciado. Todo esforço deve ser realizado para abreviar a permanência na cena. No Brasil, o APH envolve duas equipes: • o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), 192, é mais para tratar as emergências de ordem clínica, traumas e atropelamentos, queimaduras, sangramentos e hemorragias; • Corpo de Bombeiros é acionado em casos de encarceramento, soterramento, ou acidentes automobilísticos é acionado o corpo de bombeiros (193). No APH existe a unidade básica e a unidade avançada; a unidade básica é composta pelo enfermeiro (fica na base), técnico de enfermagem e o motorista; as unidades avançadas temos o médico, o motorista e a técnica de enfermagem. Na unidade avançada é obrigatório a presença do médico, pois nela são realizados procedimentos invasivos, como a toracocentese, por exemplo. OBS.: o que define qual serviço será enviado ao local de atendimento é determinado no momento da triagem, diante da gravidade da situação e o número de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o melhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado. OBS.: a primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a atual realidade e as necessidades para o bom andamento. Suporte básico de vida OBS.: o paciente tem que ser tratado como se tivesse uma fratura até que se prove o contrário, e isso só é feito dentro do hospital através de exames de imagem. Suporte avançado de vida Requer procedimentos invasivos: Manter os sinais vitais do paciente. Manter em observação os sinais vitais dos pacientes. Manter a qualidade da circulação e oxigenação. Primordial Conter o sangramento. O sangramento venoso não é tão significante quanto o arterial. Sempre que for sangramento arterial é necessário conter. Curativo oclusivo, principalmente em lugares que se evidenciam as hemorragias. Ele vai conter o sangramento. Imobilização cervical. É obrigatório em todo e qualquer paciente vítima de acidente, de ocorrência traumática. Imobilização de prancha longa. É incomodo para o paciente, mas é necessário por ser uma superfície rígida. A vítima de trauma é um potencial paciente de fratura em coluna, que pode ser agravado se mantiver movimento. O objetivo é salvar a vida, manter a vida do paciente; equilibrar os sinais vitais do paciente, tanto em vítimas de acidentes traumáticas como vítimas de situações clinicas. O principal objetivo é chegar o quanto antes com a vítima em uma região de suporte hospitalar. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Primeiros Socorros – 2020.2 Fases do APH 1. Avaliação de cena A cena deve ser avaliada em 3 parâmetros: cena, segurança e situação: ➢ Cena Quando a equipe de APH é enviada, vários fatores podem interferir na abordagem, e esses fatores tem que ser muito bem observados. Ao ligar para a emergência informações importantes devem ser passadas: local do acidente (ponto de referência), tipo de emergência, número de vítimas, gravidade das vítimas e ações já executadas A avaliação da cena inclui também a triagem das vítimas. Em um caso de múltiplas vítimas atender a mais grave, que nem sempre é a que está mais agitada. Essa avaliação tem que ocorrer de forma muito rápida. Existem várias formas de triar as vítimas, avaliar o paciente que está gritando ou calado, idade, etc. OBS.: Existem algumas situações nas quais são dispostas lonas de cores diferentes para classificar as vítimas, vermelho, amarelo, verde e preto, mais afastada. ➢ Segurança do local Adoção de cuidados por parte do socorrista para a manutenção da segurança no local da ocorrência. É necessário verificar se a cena é segura para ser abordada, e assim tornar o ambiente adequado para o atendimento prévio. Isolamento da cena, com a obstáculos da cena, partindo da cena até chegar ao ponto final da obstrução, não pode ser nem muito próximo nem muito distante, garantindo a segurança física, e com sinalização. OBS.: a própria ambulância do SAMU tem pisca alerta do lado. Uma forma de isolar a cena é colocar o carro de forma a impedir o fluxo. Além dessa segurança física, tem a proteção individual, biológica, os EPIs. Para que o socorrista promova atendimento a vítima ele tem que ter segurança de toda a cena. Então segurança da equipe e segurança do paciente. ➢ Situação Qual a situação daquele instante? Entender a cena. Colisões automobilísticas: Fases: Colisão da máquina; Colisão do corpo contra o próprio automóvel; Colisão dos órgãos internos. Lesões mais comuns: Lesões associadas ao tórax e abdome; Lesões de face e da coluna cervical; lesões nos joelhos, tornozelos e fêmur. Colisões motociclísticas: Na maioria dos casos o pilo é ejetado da máquina, tendo lesões de extremidades, cabeça, tórax e abdome. Em colisões laterais há grande chance de encontrar-se esmagamento dos membros inferiores. Atropelamentos: Fases: Impacto da vítima com a frente do veículo; Impacto com o capô e possivelmente com o para-brisas; quando a vítima atinge o solo. Quedas: aspectos importantes - altura da queda; Superfície em que a vítima caiu; A parte do corpo que primeiramente atingiu a superfície. Intubação endotraqueal para manter via aérea do paciente, via nasotraqueal, orotraqueal, submento ou traqueostomia com cricotireoidostomia. Toracocenteses, drenagem do tórax. O paciente pode ter um hemotórax, que pode ser aberto ou fechado, e vai ter em vez de sangue, acúmulo de ar, impedindo a expansão do tórax; Pericárdiocentese, nos casos de tamponamento cardíaco. Garantir a segurança, e não apenas a segurança do ambiente e do socorrido, mas também do socorrista. Identificar as ameaças e riscos que podem ocorrer no cenário de emergência. Observar se tem linha viva, se o ambiente está energizado; O mecanismo da lesão, como foi causada a lesão no paciente, foi por trauma? Eletrocutado? houve explosão? Tem risco de explosão? teve colisão? Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Primeiros Socorros – 2020.2 2. Avaliação da vítima Deve-se realizar a avaliação para melhor sistematização e controle para a manutenção da vida da vítima. A avaliação é dividida em duas fases, a avaliação primária (ABCDE) e a avaliação secundária. A abordagem é o primeiro passo do socorrista. O socorrista chegou na cena, tomou todos os cuidados e vai chegar junto da vítima. Primeira coisa, a aproximação da vítima é feita, de preferência, por um dos lados, pelo lado para o qual a face da mesmaestá voltada, garantindo-lhe o controle cervical (se houver dois socorristas um fica na cabeça e outro no lado). Ao chegar e abordar à vítima deve-se começar a fazer uma inspeção visual na vítima, observar se ela está consciente e respirando, observar a coloração da pele, se ela está cianótica, se existe expansão torácica e se o paciente está se mexendo ou não, se está de olhos abertos ou não. OBS.: isso deve ser feito em 60”. OBS.: Se o paciente não tiver expansão torácica pode haver uma parada cardiorrespiratória ou respiratória, mas pode evoluir para uma PCR por conta da falta de oxigenação. Ao abordar a vítima, contenha-a segurando os ombros, apresente-se, acalme-a e pergunte o que aconteceu com ela, uma resposta adequada permite esclarecer que a vítima está consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que respira. Caso não haja resposta, utilize o estimulo de dor. O estimulo de dor tem várias formas de ser feito, uma das formas é apertar o trapézio, como a mão já está contendo os ombros, dá um aperto no trapézio para ver se ele reage. Tudo isso já faz parte de uma avaliação de condições cardiocirculatórias, respiratórias e neurológicas. OBS.: atenção em todo momento ao paciente, até que ele seja atendido pela emergência. OBS.: se o paciente não responder ao comando de voz, deve-se observar o pulso do paciente, através da artéria carótida. OBS.: Na avaliação neurológica existem escalas que você classifica o paciente quanto as respostas neurológicas, isso é de extrema importância. OBS.: tudo deve ser feito com o consentimento do paciente, pois ele tem direito de recusar o socorro, exceto nas seguintes condições caso de intoxicação; ingestão de drogas; lesões graves; incapacidade mental ➢ Avaliação primária É a primeira análise que você realiza na vítima, onde se segue uma sistemática e forma lógica de identificar e avaliar as principais alterações que podem levar a vítima a óbito. Seguindo o ABCDE A) Permeabilização das vias aéreas: sempre lembrando de manter o controle da coluna cervical. Se o paciente estiver em decúbito ventral existem técnicas para você posiciona-lo em decúbito dorsal. A liberação das vias aéreas pode ser feita com as manobras de Chin Lift (elevação da mandíbula, que não pode ser feita em pacientes politraumatizados), Jaw Thrust (tração de mandíbula) e Heimlich (desobstrução das vias aéreas, em casos de engasgue, por exemplo. Pode ser realizada no gordinho, na gestante, no bebê. É uma manobra que aumenta a pressão interna da caixa torácica, que vai levar o ar a sair de uma vez, e causar desimpedimento da via aérea superior). B) Ventilação e oxigenação: observa-se a permeabilização pelo método VOS (ver, sentir, ouvir), se tem expansão torácica, se não tem pode ser uma obstrução de vias aéreas ou uma parada respiratória. Verifica se tem pulso, se tem pulso deve ventilar o paciente. Não tem pulso faz RCP. C) Assegurar a circulação: checar o pulso, sua qualidade e regularidade. Em casos de pacientes inconscientes checa-se o pulso carotídeo. Se o paciente estiver entrando em choque hipovolêmico ele não vai mais ter pulso periférico, ele vai entrar em bradicardia e hipotensão, você tem então que observar os pulsos centrais, você não vai encontrar pulso radial. Se não tem pulso realizar RCP. D) Estado neurológico: uma rápida avaliação do estado neurológico deve determinar o nível de consciência e a reatividade pupilar do traumatizado. O Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Primeiros Socorros – 2020.2 rebaixamento do nível de consciência é indicativo de diminuição da oxigenação, lesão direta do encéfalo ou uso de drogas e/ou álcool. Na avaliação inicial, utiliza-se o método AVDI: A (alerta) V (resposta ao estimulo verbal) D (estimulo a dor) I (inconsciente). OBS.: A classificação de acordo com a escala de coma de Glasgow irá melhor definir qual o estado neurológico do paciente. A intubação é feita na pontuação de 3 - 8. E) Exposição da vítima: todo paciente vítima de trauma tem que ser despido, cortando as roupas, mas isso não deve ser feito em via pública. Tem que expor o corpo do paciente e procurar deformidades, grandes lacerações, traumas fechados (paciente perde a vida com muita facilidade). Sempre que remover a roupa do paciente não pode deixá-lo exposto por muito tempo, porque ele pode ter sofrido um trauma e perder a termorregulação e gerar uma hipotermia, que mata. OBS.: É importante a utilização, pelos socorristas, da manta térmica. Ela retém o calor da vítima mantendo-a aquecida. O calor do sol também ajuda. ➢ Avaliação secundária É mais apurada, para resolver problemas que não foram identificados inicialmente, será observado lesões que não apresentam risco imediato de vida, como um rompimento de uretra. Na avaliação secundária temos: Nessa avaliação procura-se saber se o paciente tem alergias, os medicamentos que ele faz uso, passado médico (gravidez), líquidos e alimentos ingeridos e a que horas, ambiente e evento que levou ao trauma. (AMPLA) Então é feito a triagem do paciente. O doente traumatizado deve ser reavaliado constantemente para assegurar que nenhum trauma negligenciado e para descobrir deterioração dos traumas registrados previamente. OBS.: Doenças clínicas preexistentes podem também se tornar evidentes e afetar seriamente o prognóstico do doente. A monitoração contínua dos sinais vitais e do débito urinário é essencial. OBS.: Para um doente adulto é desejável a manutenção de um débito urinário de 0,5 mL/kg/h. Nos doentes pediátricos, acima de 1 ano, é conveniente manter o débito de 1 mL/kg/h. A transferência deve ser considerada toda vez que as necessidades de tratamento do doente excederem a capacidade da instituição que o recebeu. Essa decisão requer uma avaliação detalhada das lesões do doente e da capacidade da instituição, incluindo equipamentos, recursos e equipe. Os critérios de triagem inter-hospitalar ajudam a determinar o grau, o ritmo e a intensidade do tratamento inicial que devem ser ministrados ao doente traumatizado. Reanimação Cardiopulmonar • Parada cardiorrespiratória É a cessação súbita de toda e qualquer atividade mecânica do ventrículo; decorrente disso se tem a deficiência na oxigenação. A parada pode decorrer de uma insuficiência respiratória, de uma parada da respiração, por um trauma crânio encefálico ou pelo trauma no centro respiratório. Nesse caso o coração para de bombear e trabalhar de uma forma eficiente. Existem várias modalidades de parada cardiorrespiratória. As causas podem ser primárias, devido a um problema no próprio coração, como um infarto, ou secundária, por uma disfunção causada por traumas, choques hipovolêmicos, afogamentos, insuficiência respiratória, envenenamento, overdoses, obstruções das vias aéreas, choque séptico, etc. Anamnese mais direcionada, com exames e checar todo o histórico do paciente Identificar todos os ferimentos de forma muito mais precisa Realizar exames físico de forma mais detalhada Realizar os questionários básicos. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Primeiros Socorros – 2020.2 Os sintomas são dores na região do coração, palpitações, dores que se irradiam para o estomago, costas, o paciente começa a ficar descorado, suar frio, embaçamento da visão, tontura, e pode chegar à perda da consciência e ausência de pulso. Chegando à inconsciência observa-se dilatação das pupilas. Então, ao observar o pulso pode também já observar as pupilas. OBS.: se está com pulso e tem pupila dilatada, de dia, indica overdose. A PCR é caracterizada pela ausência demovimentos respiratórios, ausência de pulso, inconsciência, cianose e midríase. OBS.: é importante não fazer a RCP em paciente que não possuem parada cardiopulmonar, uma vez que a mesma pode causar a parada. Como identificar: • Avaliar a responsividade da vítima, pelo estimulo verbal; • Verificar o pulso e a respiração Se agir do momento da parada, 0min até 4min o paciente, provavelmente, não vai ter dano cerebral. De 4min a 6min possivelmente já tem dano cerebral, que pode ser no centro da fala, no centro motor, vai ter algum dano. E de 6min a 10min pode ocorrer morte cerebral. Nas situações de emergência temos como objetivo: preservar a vida do paciente, limitar danos, dentro do hospital as respostas são melhores porque existem mais meios e melhores, restaurar batimentos cardíacos e testar reatividade cerebral. Existem várias modalidades de parada cardiorrespiratória: fibrilação ventricular, assistolia (choque não resolve), atividade elétrica sem pulso (choque não resolve), taquicardia ventricular sem pulso. Tratamento: ➢ Reconhecer e acionar o serviço médico de emergência ➢ Iniciar a RCP imediata e de alta qualidade ➢ Realizar desfibrilação em paradas que são chocáveis ➢ Atuação do serviço médico A fibrilação ventricular é responsável pela morte de mais de 80% de pacientes com morte súbita hospitalar. Tem-se um ritmo cardíaco rápido, irregular e ineficaz; a alteração da atividade elétrica é muito comum em pacientes agudos. É uma contração descoordenada do miocárdio. Uma contração do miocárdio sem efetividade. É uma função ineficiente do coração. Taquicardia ventricular sem pulso tem uma atividade elétrica um pouco mais organizada, mas sem atividade mecânica efetiva. Com batimentos ectópicos ventriculares e uma ausência de pulso. Na assistolia tem resquícios de atividade elétrica, mas que não é suficiente. É uma atividade de forma secundaria, sem efetividade. Como causas temos os 5 T’s e 5 H’s Técnica de RCP Para a realização da reanimação cardiopulmonar, primeiro deve colocar o paciente em decúbito dorsal, em superfície rígida, não necessariamente com pernas levantadas (retorno venoso). Mão sob o peito da vítima, porção hipotênar, dedos entrelaçados, braços esticados e só o que se move é a cintura. O peso do corpo Tamponamento cardíaco, que pode ser advindo dos traumas Tensão do tórax Tromboses coronarianas, que pode ser os infartos agudos do miocárdio Trombose pulmonar Tóxicos Hipovolemia Hipóxia Hipercalemia Hipotermia Acidose (H+) Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Primeiros Socorros – 2020.2 comprimindo a região “linha imaginária entre os mamilos, a dois dedos acima do apêndice xifoide”. Tem que comprimir 5cm para que seja efetivo. Muitas vezes fratura costela, principalmente se for paciente idoso, mas o que importa é que o paciente permaneça vivo. 120vezes por minuto. A cada 1seg 2 compressões. Na ausência de respiração, a cada 30 compressões 2 ventilações. Referências: Andrade. E.D. Emergencias médicas em odontologia. 3ª ed., São Paulo, Artes Médicas, 2011. Malamed, S.F. Manual de anestesia local. 5ª ed., Rio de Janeiro, Elsevier, 2005.
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