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Giovanna Morelli – Direitos Autorais APOSTILA COMPLETA – DENTES VITAIS E NÃO VITAIS INTRODUÇÃO A terapia de clareamento dental é um tratamento que, além de estético, proporciona a melhora da auto estima dos pacientes, aumentando o bem estar e o relacionamento com as pessoas. Atualmente, buscou-se por uma rapidez no processo, tendo em vista que muitos pacientes querem o resultado imediato. Por tanto, devemos entender que existem técnicas diferentes para clareamento dental, porém, obviamente, com o mesmo propósito. ❖ Técnica de clareamento em consultório ❖ Técnica de clareamento caseiro ❖ Técnicas associadas DEFINIÇÃO DA TERAPIA O clareamento dentário pode ser definido como um tratamento farmacológico de uso tópico, aplicado a superfície de dentes com vitalidade pulpar. Quando se trata de dentes não vitais, ou seja, que não possuem mais a polpa dentária, o agente clareador irá agir em contato com a dentina coronária. AÇÃO DOS AGENTES CLAREADORES Os agentes clareadores possuem dois tipos de ação, sendo elas, ações intrínsecas e ações extrínsecas. ❖ Intrínseca = o agente clareador pode se difundir até o complexo dentino – pulpar e interagir com as substâncias mais pigmentadas da dentina, tornando-as mais claras. Giovanna Morelli – Direitos Autorais ❖ Extrínseca = o agente clareador vai agir quebrando os pigmentos extrínsecos, ou seja, exógenos, que estão presentes no esmalte. ETIOLOGIA DOS MANCHAMENTOS Muitos pacientes que apresentam algum tipo de mancha nos dentes se incomodam com elas, visando procurar um cirurgião dentista para resolvê-las, achando que um clareamento dental já é o suficiente. Entretanto, nem todas as manchas nos dentes são passíveis de clareamento, tendo em mente que existem tratamentos específicos e que não incluem o clareamento. A etiologia dessas manchas pode ser endógena ou exógena. Quando falamos de manchas endógenas, são aquelas produzidas pelo nosso organismo (hemossiderina, ferro e bilirrubina). Já pensando em manchas exógenas, estamos falando daquelas manchas que não são produzidas pelo nosso organismo, ou seja, vem de fora (tetraciclina, prata e pigmentos de bebidas como coca cola, vinho, café, chás). → até mesmo bactérias cromógenas. OS DENTES = nossos dentes apresentam a cor natural amarelada, mas sua tonalidade pode alternar de individuo para indivíduo. Porém, deve- se saber que, além das tonalidades naturais de amarelo (tonalidades fisiológicas), alguns matizes passam a ser considerados verdadeiros alterações patológicas, das cores do elemento dental. ❖ Excessivamente amarelada ❖ Acastanhadas ❖ Acinzentadas ❖ Enegrecidas ❖ Azuladas Além dessa discussão, entende-se que a cor dos elementos dentais pode ser alterada por algumas manchas brancas, que são provenientes da hipoplasia de esmalte ou até mesmo da cárie incipiente. Giovanna Morelli – Direitos Autorais ESCURECIMENTO DENTAL Até os dias atuais, o escurecimento dos dentes é um problema estético que incomoda muitos pacientes. Quando falamos nesse tópico tão importante, podemos definir “escurecimento dental” como uma alteração difusa por aumento da tonalidade de cor amarelada e modificação em seus matizes em toda a coroa de um ou mais dentes. Entretanto, a mídia sempre vai proporcionar uma atenção maior aos dentes brancos e definem isso como “dentes saudáveis”, sendo que na verdade, a tonalidade amarelada é a tonalidade fisiológica e saudável dos nossos dentes. A incorporação de pigmentos no escurecimento dentário pode ser: ❖ Interna = quando o pigmento está incorporado na estrutura dos tecidos dentários, mineralizados, decorrente de um tratamento de canal, por uso de tetraciclina durante a odontogênese e na fluorose. ❖ Externa = quando o pigmento está aposicionado nas superfícies dos tecidos mineralizados do dente, sem fazer parte de sua estrutura. A exemplo disso temos: o alcatrão do tabaco, pigmento de bactérias cromógenas e pigmento de alimentos aderidos à placa bacteriana. Mas, existem algumas situações que implicam no aparecimento do escurecimento dental, como as citadas abaixo: ❖ Hemorragia da polpa associada a aberturas coronárias (cirurgia de acesso) de forma inadequada no tratamento endodôntico. ❖ Emprego de cimentos endodônticos (a exemplo temos o N Rickert, que possui partículas de prata e se este cimento não for bem manipulado, poderá causar escurecimento dental). Giovanna Morelli – Direitos Autorais ❖ Tetraciclina, flúor e outro produto que se comporta como pigmento estão presentes no sangue, podem incorporar na matriz adamantina e dentinária durante a sua formação. Isso poderá causar comprometimento da cor de vários dentes. ❖ A bilirrubina e a hemossiderina também podem se incorporar nos dentes quando excessivamente presentes no sangue. ❖ A polpa pode sofrer metamorfose cálcica e a necrose pulpar podem afetar um ou dois dentes isoladamente do arco, especialmente incisivos centrais / laterais, por serem mais propícios a sofrer traumatismos dentários. MECANISMO DE AÇÃO O mecanismo de ação que ocorre nas técnicas de clareamento dental é a reação de oxidação – redução. Peróxido de hidrogênio → substância oxidante / agente oxidante → aplicado ao esmalte → entra em contato com os pigmentos orgânicos → clivando / quebrando esses pigmentos → transformação dos pigmentos em estruturas moleculares hidrossolúveis. EM RESUMO = o agente oxidante (peróxido de hidrogênio) irá liberar radicais livres e o agente redutor (pigmentos) receberá esses radicais e será transformado em substâncias mais claras. AGENTES CLAREADORES Existem diversos agentes clareadores e que serão abordados nessa apostila. O mais utilizado é o peroxido de hidrogênio. 1. PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO Esse agente clareador pode ser utilizado em técnicas de clareamento em consultório e técnicas de clareamento caseira, ambas com concentrações diferentes do gel. ❖ 35% = utilizado em clareamento de consultório. Giovanna Morelli – Direitos Autorais ❖ 4 a 9,5% = aplicado pelo paciente com supervisão do dentista, em períodos que variam de meia a uma hora. Porém, o peroxido de hidrogênio não é tão utilizado em clareamento caseiro 2. PERBORATO DE SÓDIO Essa substância tem em sua composição, o peroxido de hidrogênio, resultante de uma reação de decomposição lenta. O perborato de sódio é muito usado em clareamento de dentes NÃO vitalizados, ou seja, tratados endodonticamente. É apresentado em forma de pó, normalmente misturado com água. Isso formará uma pasta que será colocada na câmara pulpar com devido selamento cervical. TÉCNICA DE WALKING BLEACHING = Considera-se um curativo clareador, permanecendo por alguns dias na câmara. O perborato de sódio é aplicado e colocado na câmara através de uma bolinha de algodão. 3. PERÓXIDO DE CARBAMIDA É um gel clareador mais indicado para clareamento de dentes vitais. Normalmente, esse gel é aplicado através de uma moldeira de acetato, individualizadas a partir da obtenção do modelo de estudo do paciente após a moldagem com alginato. A vantagem é que essas moldeiras retém o gel clareador, proporcionando um contato íntimo com a face vestibular do dente, entre 2 a 4 horas, dependendo da concentração. O ideal é que, se for utilizado o peroxido de carbamida para clareamento caseiro NOTURNO, deve- se utilizar uma concentração mais baixa. Quando o peroxido de carbamida entra em contato com a água, irá dar origem à ureia e ao peroxido de hidrogênio. Assim, a ureia dará origem à amônia e dióxido de carbono, o que auxilia a manter o pH alcalino (básico), potencializando a ação do clareador. →O peroxido de carbamida na formade gel, apresenta em sua composição, uma substância chamada carbopol. O Giovanna Morelli – Direitos Autorais carbopol vai retardar a degradação do peroxido de carbamida, permitindo a liberação do peroxido de hidrogênio de maneira bem mais gradual. COMO AGE O PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO Como dito anteriormente, o peroxido de hidrogênio vai liberar radicais livres, que surgiram através de sua dissociação. Esses radicais vão penetrar nos tecidos duros do dente (esmalte e dentina), através de porosidades e trincas. A penetração ocorre através do processo de osmose. Os pigmentos mais saturados apresentam uma estrutura química mais complexa → são anéis aromáticos. Quando esses anéis estão sob ação dos radicais livres do peroxido de hidrogênio, eles são clivados, se transformando em estruturas químicas lineares, mais simples e com ligações insaturadas As ligações insaturadas, pela ação do agente clareador, vão se transformar em ligações simples saturadas e hidrofílicas. Essa transformação permite a saída mais fácil dos pigmentos, completando o processo de clareamento. FATORES QUE INFLUENCIAM NO CLAREAMENTO Existem alguns fatores importantes que podem interferir no processo de clareamento. ❖ Natureza do gel clareador ❖ Coeficiente de difusão ❖ Tempo de contato com o dente ❖ Calor ❖ Luz 1. NATUREZA DO GEL CLAREADOR Quanto maior for a concentração do gel clareador, maior vai ser a pressão osmótica sobre o elemento dental. → Com isso, maior será a difusão do peróxido para dentro da estrutura. OBS: por ser mais rápido o efeito clareador, muitos dentistas optam pelo peróxido de hidrogênio em clareamentos de consultório. Giovanna Morelli – Direitos Autorais Essa difusão maior fará com que o processo de clareamento seja mais rápido. Alguns compostos são derivados do peróxido de hidrogênio, como é o caso do perborato de sódio e do peróxido de Carbamida. → essas substâncias vão fornecer uma ação clareadora um pouco mais lenta e gradativa. 2. TEMPO DE CONTATO E DIFUSÃO Quanto maior for o tempo de contato da substância com o dente, maior será a eficiência do clareamento. → essa afirmativa está totalmente relacionada com o coeficiente de difusão. No esmalte dentário, o coeficiente de difusão é mais baixo, de acordo com a lei de Fick. → portanto, o coeficiente é dependente de alguns fatores. ❖ Quantidade de peróxido ❖ Espessura a ser penetrada EFETIVIDADE DO CLAREAMENTO CASEIRO ❖ Segundo estudos, o clareamento caseiro supervisionado é bem eficiente quando se trata de tecidos mais profundos. ❖ Isso ocorre devido a alta taxa de decomposição do peróxido de hidrogênio na superfície do esmalte, substrato que oferece um rápido contato com pigmentos extrínsecos. DENTINA ❖ A dentina é um substrato responsável por fornecer a cor dos dentes. Possuí diferentes níveis de permeabilidade e é mais difícil de ser atingida pelo gel clareador. PH O pH é um fator importante que possui alta influência na formação de OBS: muitos dentistas optam por utilizar o peróxido de carbamida em clareamentos caseiros supervisionados, por causa da lenta liberação do peróxido de hidrogênio. Giovanna Morelli – Direitos Autorais radicais livres. Esses radicais vão atuar sobre os pigmentos do dente. ❖ O ideal é que os géis clareadores possuam pH neutro ou alcalino, porque assim, vão gerar radicais perhidroxil → bem mais eficientes. ❖ pH que é bastante elevado torna o gel clareador bem mais ativo. RISCOS DO CLAREAMENTO Nesse tópico, abordaremos sobre o risco do clareamento para as estruturas duras do dente (dentina e esmalte). Muitos se questionam devido ao risco de “enfraquecimento” dos dentes após a realização de um clareamento. O primeiro cuidado que devemos ter, é evitar ao máximo que se ultrapasse o ponto de saturação. Caso isso não seja evitado, haverá uma completa degradação molecular da cadeia principal de carbono das proteínas. Isso é válido para os pigmentos que estão “colados” nos dentes e também, para o esmalte e a dentina. Uma série de estudos feitos sobre esse assunto pôde concluir que o clareamento dental pode ter efeitos deletérios no esmalte, ocorrendo um decréscimo na dureza superficial do esmalte. SENSIBILIDADE DOLOROSA É o efeito adverso mais comum quando se trata de clareamento → em dentes vitalizados, obviamente. A permeação dos agentes clareadores nos tecidos mais duros, esmalte e dentina, pode resultar em algumas reações da polpa → totalmente relacionadas com a hipersensibilidade dentária pós tratamento. Giovanna Morelli – Direitos Autorais CONCLUSÃO Pode-se concluir que, o uso de agentes clareadores está cada dia mais comum e procurado por pacientes na Odontologia, visando melhorar a estética dentária. O cirurgião dentista deve estar sempre atento às marcas comerciais do mercado e as indicações / contra indicações das técnicas de clareamento dental. Saber qual tipo de gel é indicado para cada caso, também é uma maneira de propor um tratamento clareador com mais segurança. Com a onda de influenciadores digitais, o número de pacientes que fazem técnicas caseiras utilizando bicarbonato, fermento, carvão ativado e pastas que contenham substâncias clareadoras e abrasivas, só têm crescido. No entanto, cabe ao cirurgião dentista orientar aos pacientes que esse tipo de clareamento não existe e que pode trazer diversos problemas e lesões para os dentes, mucosas e gengiva.
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