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TCC - RAYSSA PIRES

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ
PRO REITORIA ACADÊMICA - PROAC
CURSO DE BACHARELADO EM FISIOTERAPIA
RAYSSA DE SOUZA PIRES
A FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM TEMPOS DE COVID-19: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA - PB.
JOÃO PESSOA
2020
RAYSSA DE SOUZA PIRES
A FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM TEMPOS DE COVID-19: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA - PB.
Artigo apresentado ao componente curricular PTCCF, do Centro Universitário de João Pessoa- UNIPÊ, em cumprimento aos requisitos necessários para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Linha de Pesquisa: Atenção Primária á Saúde.
ORIENTADORA: PROF. DRA. RAFAELA GERBASI NÓBREGA QUARTARONE. 
JOÃO PESSOA
2021
FICHA CATALOGRÁFICA 
	
P667f PIRES, Rayssa de Souza
 A fisioterapia na atenção primária em tempos de COVID-19: Uma análise no município de João Pessoa-PB.
 Rayssa de Souza Pires. – João Pessoa, 2021.
 44 f.
 Orientador (a): Prof. Dra. Rafaela Gerbasi Nobrega Quartarone.
 Artigo (Curso de Fisioterapia) – 
 Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ
 1. Sistema Único de Saúde. 2. Fisioterapia. 3. Atenção Primária em Saúde. I. Título.
UNIPÊ / BC CDU – 615.8 
RESUMO
A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. O atual contexto da pandemia tem trazido um grande impacto para o Sistema Único de Saúde (SUS) que tem suportado a proliferação cada vez mais rápida do vírus, resultando em elevados níveis de morbimortalidade pela doença. A fisioterapia tem atuado na linha de frente, operando em todos os níveis de atenção, desde a APS com as ações preventivas até o âmbito hospitalar. O estudo tem como objetivo analisar os mecanismos de enfrentamento do fisioterapeuta na APS durante o período de pandemia do COVID-19. Tratou-se de uma pesquisa de campo, de caráter transversal, exploratório-descritivo e de natureza quantiqualitativa. A pesquisa foi realizada em 12 Unidades básicas de saúde do Distrito Sanitário V da cidade de João Pessoa-PB durante o mês de abril de 2021. O público alvo da pesquisa envolveu profissionais da atenção primária a saúde, com ênfase nos fisioterapeutas e gerentes das unidades selecionadas no município de João Pessoa-PB. A seleção dos participantes foi probabilística, por conveniência (participação voluntária). Os dados foram coletados mediante a utilização de um questionário semiestruturado elaborado pela pesquisadora a partir da plataforma Google Forms, abordando questões objetivas e subjetivas acerca da temática. Estes dados foram tabulados em arquivos específicos no programa Microsoft Excel e posteriormente analisados através da estatística descritiva simples. As questões subjetivas foram analisadas na perspectiva qualitativa, a partir da técnica de análise de conteúdo temática. Observaram-se de acordo com o processo de trabalho do fisioterapeuta no COVID-19 que 84% desses profissionais participaram de treinamentos, 100% dos profissionais seguiram os protocolos de cuidado quanto ao uso de EPI’s, 84% dos profissionais foram vacinados, 34% da amostra precisou afastar-se do serviço durante a pandemia, e os profissionais afastados foram por motivo de contaminação pelo vírus. Nesse contexto do processo de trabalho, puderam-se observar ações desenvolvidas pela fisioterapia durante o período de pandemia, como atendimento domiciliar, telemonitoramento e orientações preventivas através de educação em saúde. Conclui-se que o fisioterapeuta, como um membro da equipe de saúde, desempenhou um papel importante no combate à pandemia da COVID-19 cumprindo seu protocolo de manejo clínico, que envolvem práticas da fisioterapia que adotam medidas de prevenção e de tratamento. 
Palavras- chave: COVID-19. Sistema Único de Saúde. Fisioterapia. Atenção Primária à saúde.
ABSTRACT
COVID-19 is a disease caused by the coronavirus, called SARS-CoV-2, which has a clinical spectrum ranging from asymptomatic infections to severe conditions. The current context of the pandemic has had a major impact on the Unified Health System (SUS), which has supported the increasingly rapid proliferation of the virus, resulting in high levels of morbidity and mortality from the disease. Physiotherapy has acted on the front line, operating at all levels of care, from PHC with preventive actions to the hospital. The study aims to analyze the physiotherapist's coping mechanisms in PHC during the COVID-19 pandemic period. It was a field research, transversal, exploratory-descriptive and quantitative-qualitative in nature. The research was carried out in 12 basic health units in the Sanitary District V in the city of João Pessoa-PB during the month of April 2021. The target audience of the research involved professionals in primary health care, with an emphasis on physiotherapists and unit managers selected in the city of João Pessoa-PB. The selection of participants was probabilistic, for convenience (voluntary participation). Data were collected using a semi-structured questionnaire prepared by the researcher using the Google Forms platform, addressing objective and subjective questions about the theme. These data were tabulated in specific files in the Microsoft Excel program and later analyzed using simple descriptive statistics. The subjective questions were analyzed from a qualitative perspective, using the thematic content analysis technique. It was observed according to the work process of the physiotherapist at COVID-19 that 84% of these professionals participated in training, all professionals 100% followed the care protocols regarding the use of PPE's, more than half of the professionals were vaccinated 84% , less than half of the sample had to leave the service during the pandemic 34%, and the professionals on leave were due to contamination by the virus. In this context of the work process, it was possible to observe actions developed by physiotherapy during the pandemic period, such as home care, telemonitoring and preventive guidance through health education. It is concluded that the physiotherapist, as a member of the health team, played an important role in combating the pandemic of COVID-19, complying with its clinical management protocol, which involves physical therapy practices that adopt preventive and treatment measures.
Keywords: COVID-19. Unified Health System. Physiotherapy. Primary health care.
	
AGRADECIMENTOS
Fazer um projeto não envolve apenas a si mesmo, vai muito além. Quando se trata do projeto de conclusão de curso, tudo fica mais intenso por significar tanto, por ser o encerramento de um ciclo. 
Em todos os momentos, até aqui, eu senti a presença de Deus e é a ele que eu devo os meus maiores agradecimentos, por ter me tornado tão forte durante esses quatro anos e meio de curso e hoje me fazer capaz de produzir um trabalho que sem dúvida irá marcar não só a minha trajetória, mas como a de muitas pessoas, pois é um tema muito significante nesse momento em que estamos vivendo. Deus foi minha fortaleza, minha vontade de vencer e meu amparo. Gratidão é a palavra.
Minha família, que tornou tudo isso possível, dando o máximo para que eu pudesse está aqui, terminando uma graduação, a graduação que eu sempre quis. Eu vejo neles o exemplo de determinação, força, responsabilidade e acima de tudo amor, e é com eles que eu aprendo como devo ser na minha vida pessoal e profissional, eles não são fisioterapeutas, mas são meus exemplos de cuidado com o próximo, acolhimento e humanidade. Muitas vezes eu me senti incapaz, me senti cansada e eles sempre me ajudaram a me reerguer, mostrando o quanto eu sou forte, por isso eu dedico a eles o melhor de mim, todo o meu amor, admiração e sem duvida, gratidão.
Ter ao seu lado
pessoas de energia boa, de coração leve e muita positividade são as chaves para ter uma construção de um projeto com muita firmeza e certeza de que tudo vai da certo, mesmo quando tudo parece estar errado, quando você acha que vai fracassar e decepcionar quem faz parte dessa construção. Sim, eu falo da minha querida orientadora, Rafaela. Sempre esteve muito disposta a ajudar, com muito carinho, entendendo e respeitando quando havia intercorrências da vida, incentivando a ser melhor e me mostrando meu lado criativo, que muitas vezes nem eu sabia que tinha, me reinventando e trabalhando incansavelmente pra apresentar para ela um conteúdo tão bom quanto à orientação que ela sempre me dava. Nesse processo, vejo que além de orientadora e professora tenho uma amiga e isso me deixa extremamente feliz. Obrigada por tudo e por tanto, Rafaela.
A todos os profissionais que participaram desse projeto, colaborando com os meus resultados. A todos os meus amigos que me ajudaram de alguma forma. Obrigada de todo o coração, vocês foram e são peças fundamentais para esse momento e para mim. 
INTRODUÇÃO
O vírus apresenta alto potencial de transmissibilidade com letalidade dependente de fatores de risco, como a idade, presença de uma ou mais comorbidades e imunidade do indivíduo (ZHU et al., 2020). Nesse contexto, embora o impacto seja incerto, é natural pensar que o vírus possa produzir volume de casos com gravidade suficiente para sobrecarregar os serviços de saúde nos três níveis de atenção (primário, secundário e terciário) (FARIAS et al., 2020).
COVID-19 é o acrônimo oficial da doença causada pelo agente SARS-CoV-2, isolado e genotipado a partir de amostras respiratórias de pacientes da cidade de Wuhan, cidade da China, após um surto de pneumonia de origem não identificada em dezembro de 2019 (RICHMAND et al.; 2020). Em 12 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou como pandemia a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
No Brasil, o Decreto Nº 40.475, de 28 de fevereiro de 2020, declarou situação de emergência no âmbito da saúde pública devido ao risco de disseminação do novo coronavírus. Em decorrência disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem suportado a proliferação cada vez mais rápida do vírus. O SUS, um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, abarca vários níveis de atenção, garantindo assim uma atenção integral, universal e gratuita (BRASIL, 2020).
A Atenção Primária à Saúde é um nível de atenção fundamental, pois são os profissionais de saúde dessa área que fazem a Vigilância em Saúde, ou seja, a identificação e a busca por pessoas que tiveram contato com alguém infectado. O modelo da APS brasileira com suas equipes de saúde da família e enfoque comunitário e territorial que tem tido comprovados impactos positivos na saúde da população, tem um papel importante na rede assistencial de cuidados e pode contribuir para a abordagem comunitária necessária no enfrentamento de qualquer epidemia (GIOVANELLA, 2020).
A Atenção Básica dentro do seu contexto, ao mesmo tempo em que tem um papel estratégico no enfrentamento à crise sanitária, é invisibilizada frente a um planejamento focado exclusivamente nos serviços hospitalares, no número de leitos gerais e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) (CNS, 2020). 
Este nível de atenção pode responder de forma contínua, equânime e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde no âmbito tanto individual quanto coletivo, além de abranger a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da qualidade de vida, proporcionando assim uma atenção integral, pensando no cuidado individual e coletivo, obedecendo a uma visão holística de saúde, de acordo com as características estabelecidas nos determinantes e condicionantes sociais de saúde (CABRAL et al., 2020).
Diante do contexto da pandemia e crescente disseminação do COVID-19, faz-se necessária a atuação de equipe multiprofissional na assistência à saúde, para proporcionar assistência integral e ampliar a divulgação de informações completas e embasadas no estabelecimento de medidas de prevenção e controle para enfrentamento da transmissão. Com a busca da capacitação e obtenção de conhecimento técnico científico acerca dos equipamentos de proteção individual a serem utilizados no atendimento a esses casos, bem como quais orientações fornecer a população para estabelecer um fluxo de atendimento adequado a esses pacientes com recomendações eficazes para diminuir a transmissão (GUIMARÃES et al., 2020).
Nesse cenário, de acordo com dados de março de 2020 do sistema de dados do SUS (DATASUS), há 10.287 fisioterapeutas atuando na APS, seja em Estratégia Saúde da Família (ESF) ou em equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF). O Fisioterapeuta como membro da equipe da APS, deverá incorporar em seu processo de trabalho as recomendações do Ministério da Saúde, disponibilizado no “Protocolo de manejo clínico do Coronavírus (Covid-19) na APS”, como práticas da fisioterapia, que adotam medidas de prevenção da transmissão do coronavírus e de tratamento dos casos confirmados e suspeitos que cursam com sintomas leves (BRASIL, 2020).
Os Fisioterapeutas da APS, ao incorporarem em seu cotidiano do trabalho os conhecimentos da fisioterapia respiratória, tanto para o planejamento das ações da APS, acolhimento, triagem e encaminhamentos, como para o acompanhamento dos usuários dos grupos de risco, dos casos suspeitos ou confirmados da COVID-19 e que cursem com sintomas respiratórios leves, têm papel preponderante no cuidado ampliado e possível melhor desfecho clínicos junto aos usuários que estão sob a responsabilidade de suas equipes. Perante uma nova realidade, quais os mecanismos de enfrentamento do fisioterapeuta na APS durante o período de pandemia do COVID-19?
Realizar essa análise dos mecanismos de enfrentamento é o principal objetivo da pesquisa, juntamente com as informações acerca do perfil sociodemográfico dos participantes, identificando as ações elegíveis pelos fisioterapeutas para o cuidado nesse período de pandemia, avaliando as dificuldades e potencialidades na execução dessas práticas e a gestão desse processo de enfrentamento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 Atenção Primária á Saúde
A mais recente concepção de Atenção Primária á Saúde surgiu no Reino Unido, em 1920, no Relatório Dawson que diversifica a organização do sistema de atenção à saúde em diversos níveis: os serviços domiciliares, os centros de saúde primários, os centros de saúde secundários, os serviços suplementares e os hospitais de ensino. Esse relatório descreveu as atribuições de cada nível de atenção e as relações que deveriam existir entre eles, além do mais, representa o texto fundante da regionalização dos sistemas de atenção à saúde organizada em bases populacionais, tendo influenciado a organização desses sistemas em vários países do mundo (MENDES, 2015).
Segundo o Ministério da Saúde (2019) a Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde e designa-se por ser um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que engloba a promoção, proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde tendo como objetivo desenvolver uma atenção integral que afete positivamente a condição de saúde das coletividades. 
A Portaria Ministerial nº 2.436, de 21 de Setembro de 2017, versa sobre a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e apresenta orientações sobre a organização e funcionamento das instituições de saúde, estabelecendo as diretrizes para a organização do componente atenção básica. Reforça ainda que a Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro de comunicação da rede de atenção à saúde e que tem como prioridade as equipes de estratégia saúde da família para sua expansão e consolidação (BRASIL, 2017)
Como sendo a principal porta de entrada do SUS deve ser conduzida pelos princípios da universalidade, da acessibilidade,
da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização e da equidade, ou seja, a APS funciona como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços nas redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos (BRASIL 2020).
No Brasil, há diversos programas governamentais relacionados à Atenção Básica, sendo um deles a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que leva serviços multidisciplinares às comunidades por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), como consultas, exames, vacinas e radiografias. A atenção básica também envolve outras iniciativas, como: as Equipes de Consultórios de Rua, que atendem pessoas em situação de rua; o Programa Melhor em Casa, de atendimento domiciliar; o Programa Brasil Sorridente, de saúde bucal; o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que busca alternativas para melhorar as condições de saúde de suas comunidades (LACERDA, 2016).
A partir desses programas, são desenvolvidas diversas ações de cuidado aos usuários de saúde, sendo essas práticas reorientadas diante de condições específicas de vulnerabilidade, como é o caso do contexto atual da pandemia do COVID-19.
2.2 Covid-19: Aspectos gerais quanto à patologia
O SARS-CoV- 2 retrata o terceiro corona vírus humano, o qual apareceu nas últimas duas décadas, com alta patogenicidade, sendo descrito pela primeira vez em 2015 por pesquisadores chineses (SHI et al., 2015). A relação do (COVID-19) que se originou em Wuhan, província de Hubei, no centro da China, está ligado diretamente a um Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que também comercializava animais vivos e pelo inesperado número de infectados, levou-se a acreditar que o vírus tenha ligação zoonótica (ZHU et al., 2020).
Em todo organismo existe a presença de enzima ACE2, que fisiologicamente é caracterizada por ajudar na regulação da pressão arterial, marcando os tecidos sujeitos à infecção, tendo em vista que o vírus exige entrar na célula através dela. Há indivíduos que, devido a aspectos intrínsecos ao organismo, possuem uma maior quantidade de angiotensina II ou fazem uso de medicamentos que induzem o aumento do número desses receptores na célula, tornando-as mais susceptíveis ao vírus, e consequentemente, à doença (SCHOLZ et al., 2020).
Para a grande maioria das doenças infectocontagiosas, a quantidade de indivíduos expostos à infecção é superior ao dos que apresentam a doença, mostrando que a maior parte dos indivíduos tem condições de destruir esses microrganismos e impedir a persistência da infecção (MACHADO, 2020). A transmissão do vírus forma-se através de gotículas no ar, que podem ser propagado pela pessoa infectada ao tossir, falar ou espirrar. É importante salientar que, ao tossir ou espirrar na mão, o contágio poderá ocorrer através do contato, portanto, alerta-se cobrir a boca ao realizar tais atos, conforme Brasil (2020).
À medida que o vírus se prolifera, o indivíduo infectado pode transmitir grandes quantidades dele durante a primeira semana de infecção. Cerca de 80% das pessoas infectadas não apresentam sintomas da doença, ou seja, são assintomáticos. Já os pacientes sintomáticos podem desenvolver febre, tosse seca, dor de garganta, perda de olfato e paladar ou dores na cabeça e no corpo (SILVEIRA, 2020).
O diagnóstico para o novo coronavírus é feito através de uma coleta de materiais respiratórios como aspiração de vias aéreas ou indução de escarro. O diagnóstico laboratorial para detecção do vírus é realizado por meio das técnicas de proteína C reativa em tempo real e sequenciamento parcial ou total do genoma viral. Orienta-se a coleta de aspirado de nasofaringe ou swabs combinado (nasal/oral) ou também amostras de secreção respiratória inferior, que são escarros, lavado traqueal ou lavado bronco alveolar. Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral (BRASIL, 2020).
Apesar de existirem alguns grupos de pessoas que são mais propensas a se infectarem pelo novo coronavírus, toda a população é vulnerável, podendo contrair a infecção promovida pela COVID-19. Entretanto, estas pessoas estão mais susceptíveis ao risco, pois podem desenvolver mais facilmente os quadros graves da doença: idosos, pessoas com doenças respiratórias, hipertensos, diabéticos, fumantes, pessoas com problemas cardiovasculares e com o sistema imunológico comprometido (OMS, 2020).
Como medidas preventivas, manter o distanciamento social é um dos métodos mais importantes e eficientes para evitar o contágio do vírus, pois quando se fala, espirra, ou tosse, o vírus é carregado em gotículas muito pequenas de água. Essas partículas que são eliminadas podem atingir até um metro de distância, afetando alguém que esteja perto de um indivíduo infectado, e além de chegar até outras pessoas, essas gotículas podem ficar no ar, aumentando as chances de contaminação (MAIEROVITCH, 2020).
Até dezembro de 2020, no Brasil, ainda não havia vacinas que evitasse o contágio da COVID-19. Evitar se expor ao vírus é a melhor maneira de prevenir a infecção. Algumas medidas para evitar que o vírus respiratório se espalhe, incluem: lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos, se não houver água e sabão, use um desinfetante para as mãos à base de álcool (contendo pelo menos 60% de álcool), evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, não ter contato próximo com quem tem febre e tosse, ficar em casa quando estiver doente, cobrir a boca ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogue-o no lixo e limpar e desinfetar objetos e superfícies tocadas com frequência (OMS, 2020).
2.3 Incidência e Diagnóstico do Covid-19 na cidade de João Pessoa
Desde o início da pandemia causada pelo novo corona vírus, o Estado da Paraíba vem investindo na qualificação da estrutura da rede de saúde e na contratação do maior número possível de profissionais para atuar no tratamento de pessoas infectadas no ambiente hospitalar. Este reforço, aliado à ampliação de testes nos 223 municípios, resulta na menor taxa de mortalidade pela COVID-19 em todo o Nordeste (CODATA, 2020).
O primeiro caso suspeito do novo vírus no estado da Paraíba, causador da Covid-19, foi notificado no dia 26 de fevereiro de 2020 e o  primeiro caso confirmado do patógeno ocorreu no dia 18 de março, referente a um homem de 60 anos, residente no município de João Pessoa. No ano de 2020 o maior número de casos diários foi identificado pela Secretaria estadual de Saúde em 19 de junho de 2020, quando a Paraíba contabilizou 3.285 confirmações (PARAÍBA, 2020).
De acordo com o secretário estadual de Saúde da Paraíba, houve uma diminuição de 33% no número de óbitos de pessoas infectadas pelo COVID-19, tendo como circunstancia um aumento na imunidade da população paraibana. Confirmando também que as medidas tomadas para o controle da pandemia são eficazes e colocam a Paraíba à frente de estados vizinhos com muito mais estrutura, a exemplo de Pernambuco, onde a taxa de letalidade encontra-se em 8,4% (MEDEIROS, 2020).
Após montar uma ampla rede de proteção à vida no combate à pandemia do novo coronavírus, o que incluiu a disponibilização de 268 leitos e um hospital exclusivo para a COVID-19, contratação de 471 profissionais da área da saúde, e medidas de isolamento social que permitiram salvar seis vezes mais vidas, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) deu início ao plano estratégico de flexibilização respeitando as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e seguindo critérios estabelecidos para a avaliação de risco (PARAÍBA, 2020).
O Plano Estratégico de flexibilização teve início em 15 de junho, com o fim do isolamento social rígido e conta com ações planejadas e regras de ouro para garantir a segurança da população e evolução da cidade no enfrentamento à pandemia. A cada etapa do Plano, a Prefeitura de João Pessoa vem aderindo novos protocolos e medidas para a retomada gradual e progressiva de novos segmentos às atividades, seguindo um rigoroso esquema sanitário e também de fiscalização dos setores
(OLIVEIRA, 2020).
A recomendação para que as pessoas continuem em casa e só saiam em caso de necessidade, permanece. A Prefeitura de João Pessoa justificou a decisão de flexibilizar a partir dos índices de saúde, como a queda no número de transmissão de casos, redução na ocupação de leitos de UTI, menor pressão hospitalar nas UPAs e redução no número de mortes ocasionadas pela doença (SECOM, 2020).
Segundo Cartaxo (2020):
Nosso plano é flexível, apresentando datas para as duas primeiras etapas e, posteriormente, tudo vai depender do que alcançarmos neste período. Vamos ampliar a flexibilização de forma segura e, se não respeitarmos as regras e protocolos definidos, podemos retroceder em alguma etapa, levando em consideração nossa prioridade número um, que é a vida (p.1).
	
O Sistema de Saúde da Capital comprova que a retomada gradual das atividades está acontecendo de forma muito satisfatória. Os leitos de UTI registram ocupação de 32% da capacidade, enquanto os de enfermaria, 25%. Seguindo um ritmo decrescente de pacientes de COVID-19 nas unidades de pronto atendimento (UPAs) da Capital. Esses números retratam a eficiência e organização  de todo o Sistema de Saúde de João Pessoa, incluindo a atenção hospitalar, os protocolos de comunicação entre os serviços, os postos de saúde, e o serviço do telemedicina, que vem conseguindo corresponder ao enfrentamento da pandemia desde os seus momentos mais complexo (OLIVEIRA, 2020).
2.4. Atuação do fisioterapeuta na Atenção Primária á Saúde em tempos de COVID-19
A Atenção Primária á Saúde estabelece um espaço de produção de cuidado que utiliza mecanismos de baixa densidade tecnológica, mas de alta complexidade. É no âmbito da APS que os indivíduos têm total autonomia para conduzirem suas vidas e, em momento como o da pandemia da COVID-19, tais peculiaridades tornam-se ainda mais relevantes para que os projetos profiláticos e terapêuticos sejam aderidos pelos usuários (DIAS et al., 2020).
As equipes de saúde na APS têm o desafio de promover o cuidado de modo que as singularidades dos usuários sejam consideradas, com atos cuidadores capazes de ampliar as potências de vida e favorecer o combate à pandemia com o enfrentamento de problemas que não podem ser resolvidos. Assim as práticas dos Fisioterapeutas e das equipes na APS devem operar a partir das melhores evidências para o enfrentamento da pandemia da COVID-19, associadas a práticas que dialoguem com a diversidade das realidades em que as pessoas vivem e das diferentes formas de viver (MAIA; DIAS, 2020). 
O Fisioterapeuta como membro da equipe da APS, deverá incluir em seu processo de trabalho as recomendações do Ministério da Saúde, disponíveis no “Protocolo de manejo clínico da coronavírus (Covid-19) na APS” (BRASIL, 2020). É importante também que o Fisioterapeuta participe e colabore com o planejamento e com as ações a serem desenvolvidas no território adscrito, onde vive uma população com um perfil epidemiológico, social, cultural e demográfico. Tais características tornam o território dinâmico, sempre em movimento, no qual a população adota estratégias próprias para o enfrentamento da pandemia de COVID-19 (DIAS et al., 2020).
Nesse cenário, vale salientar a importância das abordagens da intensa busca ativa de sintomáticos respiratórios, com vigilância e monitoramento de regiões mais aglomeradas e vulneráveis. Até o momento, o comprometimento do sistema respiratório é o fator mais preocupante na COVID-19, exigindo uma abordagem específica e resolutiva o mais rápido possível, direcionada aos usuários dos grupos de risco, com síndrome gripal ou com o diagnóstico de COVID-19 (ASSOBRAFIR, 2020).
O profissional Fisioterapeuta da APS deverá inserir em seu cotidiano práticas da fisioterapia respiratória, adotando as medidas de prevenção da transmissão do coronavírus orientadas pelo Ministério da Saúde e de tratamento dos casos confirmados e suspeitos que cursam com sintomas leves, deverá ser capaz de avaliar sinais e sintomas em casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, como: tempo de diagnóstico ou presença de sintomas, temperatura corporal (>37,8°C), presença e característica da tosse, presença e intensidade da dispneia, tempo desde o início da dispneia, saturação de pulso de oxigênio (≤94%), pressão arterial (140/90mmHg), presença de mialgia e fadiga (BRASIL, 2020). 
Em decorrência das poucas evidências ainda disponíveis e dos riscos que envolvem a execução de procedimentos de fisioterapia nesta população, vale ressaltar que a atuação dos fisioterapeutas dependerá da fase da doença na qual o paciente se encontra, assim como os sintomas que possa apresentar. Assim, o objetivo da fisioterapia no COVID-19 está diretamente relacionado à melhora da sensação de dispneia, manutenção da função pulmonar, prevenção de complicações osteomioarticulares, vasculares e respiratórias, prevenção e melhora de incapacidades, reduzindo os efeitos do imobilismo, a manutenção ou melhora da qualidade de vida e redução dos níveis de ansiedade e depressão (ARBILLAGA, 2020).
A avaliação fisioterapêutica, que engloba a anamnese e o exame físico, com todos os cuidados em relação a proteção individual, é um recurso indispensável para obtenção de informações que conduz a assistência fisioterapêutica nos diferentes níveis de atenção à saúde. Ainda de acordo com as orientações governamentais acerca do “Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde”, o exame físico deve ser realizado de maneira criteriosa, e precisam ser avaliadas, além dos sinais e sintomas, frequência respiratória, sinais de desconforto respiratório, ausculta pulmonar e saturação (ASSOBRAFIR, 2020). 
A educação em saúde deverá ser uma rotina dos profissionais proporcionando aos usuários um aprendizado sobre a doença, suas repercussões, estratégias de prevenção e o processo de tratamento por meio de orientações utilizando-se metodologias diversas, como conversas com os usuários que estejam presentes nas Unidades de Saúde, folders, vídeos, áudios, chamadas telefônicas por vídeo, mensagens em redes sociais da unidade de saúde, dentre outros. Para que essas ações tenha um maior impacto, é importante que a linguagem seja acessível aos usuários e que os canais de informação confiáveis estejam ao alcance dos usuários e seus familiares (DIAS et al., 2020).
Segundo os mesmos autores, o apoio matricial deverá ser utilizado como estratégia para ampliar e qualificar a atuação dos Fisioterapeutas e profissionais da equipe de APS no cuidado respiratório aos usuários do território, quando necessário, levando para esse cenário de atenção à saúde conhecimentos inerente a especialidades profissionais de fisioterapia respiratória e fisioterapia cardiovascular, os quais serão úteis no contexto da pandemia da COVID-19.
Um dos desafios que os profissionais da APS irão enfrentar são o acolhimento e assistência aos usuários após hospitalização decorrente da COVID-19. De acordo com o relatório criado por Fisioterapeutas do Comitê da Sociedade Respiratória Europeia (ERS) recomenda-se a assistência multiprofissional no âmbito da comunidade aos usuários que foram hospitalizados por COVID-19, sempre que necessário (MARTJN et al., 2020).
A reabilitação do paciente no pós COVID-19, deverá ser com um protocolo de tratamento abrangente com base em uma avaliação completa do usuário, seguida de intervenções personalizadas que incluem exercícios de treinamento, educação e mudança de comportamento, com o intuito de melhorar a condição física e psicológica dos usuários e promover a adesão em longo prazo aos comportamentos de melhoria da saúde. Nessa perspectiva, as equipes da atenção primária tem um lugar privilegiado, por constituírem uma rede de serviços de saúde altamente diversificado no país ao operarem na lógica do cuidado no território, centrada no usuário (ASSOBRAFIR, 2020).
2.5 Ações voltadas para o enfretamento do Covid-19 na APS
A pandemia do novo coronavírus intitulou-se como um grave problema de saúde pública devido ao seu alto potencial de transmissibilidade
e intenso alastramento, ocupando leitos hospitalares com uma rapidez preocupante em um cenário que logo apresentou desafios para atender a demanda emergente. A atuação da equipe multiprofissional no manejo dos casos acometidos e vulneráveis é fundamental desde a promoção da saúde até a assistência aos pacientes acometidos por COVID-19 e Síndrome Respiratória Aguda Grave (GUIMARÃES et al., 2020). 
Com o intuito de suprir as necessidades foi criada pelo Ministério da saúde uma ação estratégica “O Brasil conta comigo”, voltada à capacitação e ao cadastramento de profissionais da área de saúde, para o enfrentamento à COVID-19. Estudantes que cursam os anos finais dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia e farmácia, em instituições de ensino superior, públicas e privadas, também poderão atuar nesta ação (BRASIL, 2020).
Garantir a proteção dos trabalhadores da saúde que compõem a linha de frente do combate à COVID-19 é uma prioridade, assim o Ministério da Saúde tem dado uma atenção maior à produção, aquisição e distribuição de equipamentos de proteção individual (EPI) para os trabalhadores da saúde, de todo o território nacional, implementando ainda medidas de prevenção de infecção em todos os serviços de saúde (NACOTTI et al., 2020).
Visando diminuir a propagação do coronavírus e não deixar a população desassistida durante as medidas de distanciamento social e nos casos de isolamento domiciliar O Ministério da Saúde (MS) tem adotado estratégias de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs). Devido a implementação dessas tecnologias, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde recomenda o uso do teleatendimento como alternativa para ofertar cuidado qualificado aos cidadãos sem que haja exposição desnecessária ao vírus, tanto para o paciente quanto para os profissionais de saúde (BRASIL, 2020).
Os atendimentos e monitoramentos realizados a distância devem seguir protocolos determinados e ser realizadas através de escuta qualificada e avaliação de resultados de exames. Outra forma de colocar em prática o teleatendimento é usando as redes sociais para convidar os usuários cadastrados em sua unidade de saúde a interagirem em grupos virtuais de acolhimento e até de grupos de atividade física em tempo real. Esses espaços são utilizados pelos profissionais para compartilharem com a comunidade, cuidados terapêuticos e informações relacionadas à saúde (BRASIL, 2020).
Considerando a gravidade e rapidez com que a epidemia se espalhou em diversos países e no Brasil, O COFITTO, através da resolução 516 nos incisos 1º, 2º, 3º e 4º do artigo 2º, determina que o fisioterapeuta tem a possibilidade de acompanhar o paciente a distância oferecendo o suporte necessário com auxílio da tecnologia, podendo ser de forma síncrona e assíncrona. Além do monitoramento remoto, o profissional tem livre arbítrio para determinar, se há necessidade de uma avaliação presencial, e tal autonomia necessita ter embasamento científico que garanta benefício e segurança ao paciente. Os serviços prestados precisarão obedecer a normas técnicas como, infraestrutura tecnológica física, recursos humanos e equipamentos condizentes, além de garantir o sigilo profissional acerca de divulgação de dados, seguindo os critérios expostos no Artigo 5º (COFFITO, 2020).
O Ministério da Saúde adotou o método de informação e comunicação para a população e a imprensa como estratégias fundamentais para o enfrentamento da pandemia (BRASIL, 2020). As orientações repassadas têm sido claras, desde o princípio, no sentido de reforçar a importância das medidas de prevenção da transmissão do coronavírus. Nesse contexto, todas as ações de enfrentamento são voltadas para diminuir a curva epidêmica da COVID-19, impedindo um crescimento do número de casos e reduzindo o pico de demanda por serviços de saúde para evitar que se sobrecarregue o sistema de saúde e este entre em colapso (GARCIA; DUARTE, 2020).
 PERCURSO METODOLÓGICO
Tratou-se de uma pesquisa de campo de caráter transversal exploratório-descritivo de natureza quantiqualitativa. A pesquisa foi realizada nas Unidades básicas de saúde do Distrito Sanitário V da cidade de João Pessoa-PB durante o mês de abril de 2021. O referido distrito é um importante cenário de práticas do Estágio Supervisionado I do curso de Fisioterapia e tem possibilitado ricas experiências com a vivência fisioterapêutica na comunidade nesse período de pandemia.
O público alvo da pesquisa foi composto por 12 profissionais da atenção primária a saúde, entre fisioterapeutas e gestores das unidades selecionadas no município de João Pessoa-PB.
A seleção das participantes foi não probabilística, por conveniência (participação voluntária), adotando-se como critério de inclusão ser fisioterapeuta ou gestor da saúde, faixa-etária de 18 a 65 anos, atuação nas unidades supracitadas, e aceitar participar da pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A pesquisa adotou como critério de inclusão ser fisioterapeuta ou gestor da saúde, faixa-etária de 18 a 65 anos, com atuação nas unidades supracitadas, e aceitar participar da pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão se referem àqueles profissionais impossibilitados de acessar o questionário na plataforma virtual.
Os dados foram coletados mediante a utilização de um questionário semiestruturado elaborado pelo pesquisador a partir da plataforma Google Forms, no qual envolveram questões objetivas e subjetivas acerca da temática. O questionário foi disponibilizado por meio do aplicativo WhatsApp, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, no mês de abril de 2021. No TCLE constou a solicitação de autorização para participar da pesquisa, além de informações claras e explicativas a respeito do interesse do pesquisador, riscos, benefícios e objetivos.
Para a realização dessa pesquisa foi garantida a preservação do anonimato aos participantes, assim como o direito de desistência a qualquer momento, sem ônus ou prejuízo de qualquer natureza. Aos que aceitaram participar da pesquisa foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), respeitando os critérios éticos de pesquisa com seres humanos, como orienta a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa desenvolveu-se após a submissão e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 
Os dados quantitativos foram tabulados em arquivos específicos no programa Microsoft Excel, gerando assim um banco de dados que posteriormente foi analisado através da estatística descritiva simples. Já as questões subjetivas foram analisadas na perspectiva qualitativa, a partir da técnica de análise de conteúdo temáticas proposta por Minayo (2020). 
Essa análise foi feita por meio de três etapas: A pré-análise que foi realizada através da leitura do material coletado, selecionando os dados para análise, formando o corpus da pesquisa, estruturado por um questionário online. Posteriormente, houve a exploração desse material, sendo codificado e categorizado nos seguintes eixos temáticos: “Ações desenvolvidas pela fisioterapia durante o período de pandemia”, “Maiores demandas do serviço de fisioterapia neste momento de pandemia”, “Dificuldades enfrentadas pelo fisioterapeuta durante a pandemia” e “Potencialidades e inovações desenvolvidas pela fisioterapia a pandemia do COVID-19”. Tais eixos constituíram a grande categoria temática: Fisioterapia e APS: uma reflexão em meio à pandemia do coronavírus.
Dentro dos referidos eixos temáticos, a apresentação dos resultados foi identificada por códigos estabelecidos pelo pesquisador, tratando-se da letra “P” para a catalogação destes resultados, para que dessa forma seja preservado o anonimato dos colaboradores previstos pelos procedimentos éticos. 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Caracterização dos participantes e do processo de trabalho da fisioterapia
A presente secção abordará, inicialmente, os resultados quantitativos
do estudo. Na tabela abaixo serão apresentados os resultados referentes ao perfil sociodemográfico dos participantes desta pesquisa e outras questões associadas ao processo de trabalho dos fisioterapeutas serão abordados na sequência.
Tabela 1 – Dados sociodemográficos dos participantes da pesquisa.
	
	N
	%
	Gênero
Feminino
Masculino 
	
9
3
	
75,0%
25,0%
	Idade (anos)
18-30 
30-40
40-50
 
		
6
3
3
	
50,0%
25,0%
25,0%
 
	Ocupação
Fisioterapeuta
Gestor
Ambos
	
6
4
2
	
50,0%
34,0%
16,0%
 
	Estado Civil
Solteiro (a)
Casado (a)
	
6
6
	
50,0%
50,0%
	Religião
Católico (a)
Cristão
	
11 
1
	
83,0%
17,0%
 
	Tempo de formação
1-2 anos
+ 3 anos
	
1
11
	
 08,3%
 91,7%
	Tempo de trabalho
Até 1 ano
+3 anos
	
4
8
	 
 33,4%
 66,6%
	Pós-graduação na área da saúde coletiva
Sim
Não
	
5
7
	
 42,0%
 58,0%
	Além da unidade de saúde, trabalha em outro local.
Sim
Não
	
3
8
	
 25,0%
 75,0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
De acordo com os dados coletados dos profissionais participantes da pesquisa, percebe-se a predominância do gênero feminino, correspondendo a 75% do total dos trabalhadores e apenas 25% são do gênero masculino. A feminização encontrada entre os profissionais da APS é compatível com a literatura, que revela uma tendência da feminização das profissões da área da saúde (LIMA et al., 2016).
 Ainda segundo os resultados encontrados, constata-se que as maiorias desses profissionais estão na faixa etária entre 18 e 30 anos, correspondendo ao total de 50% da amostra, e os outros 50% dividiu-se em 25% para os profissionais com idade entre 30 e 40 anos e os outros 25% aos que tem idade entre 40 e 50 anos, podemos observar que há um predomínio de adultos jovens nessas áreas. 
No que se refere aos cargos desses profissionais, 50% dos profissionais que responderam ao questionário são fisioterapeutas, 34% são gestores e que ocupam o cargo de gestor e fisioterapeuta temos apenas 16% da amostra. Nos resultados também se observa que quase 100% da amostra tem o tempo de formação superior a três anos, com apenas um profissional recentemente formado com apenas um ano sendo 8,4% desse total. Em relação ao tempo de trabalho nesses serviços, os resultados mostram que 66,6% já trabalham a mais de três anos no serviço. Contudo, existe uma quantidade significativa de recém-contratados de 33,4%.
Além da unidade de saúde, não foi obtido uma grande quantidade de profissionais que também trabalhe em outros locais, apenas 25% correspondem a esse total e 75% tem vínculo apenas com a unidade de saúde. No quesito pós-graduação na área de saúde coletiva, ainda temos uma maioria que não tem essa formação, e apenas 42% da amostra possui essa especialização. 
Os profissionais investigados seguem a tendência geral de feminilização das profissões da saúde e são relativamente jovens. A minoria tem formação pós-graduada, mais da metade atua a mais de três anos, e uma grande maioria atua exclusivamente na APS (VENDRUSCOLO et al., 2020).
Complementando a análise quantitativa, foram abordadas questões relativas ao processo de trabalho do fisioterapeuta nas ações voltadas ao enfrentamento do coronavírus, conforme tabela abaixo: 
Tabela 2 – Processo de trabalho do fisioterapeuta no COVID-19. 
	
	n
	%
	Participou de algum treinamento para o enfretamento da COVID-19 no âmbito de trabalho/;
Sim
Não
	
10
2
	
	
 84,0%
 16,0%
	Seguiu os protocolos de cuidado quanto ao uso dos EPI’s no serviço de saúde?
Sim
		
12
	
100%
	Já foi vacinado contra a COVID-19?
Sim
Não
	
10
2
	
 84,0%
 16,0%
	Precisou se afastar do serviço durante a pandemia?
Sim
Não
	
4
8
	 
 34,0%
 66,0%
	Já foi contaminado pela COVID-19
Sim
Não
	
4
8
	
34,0%
66,0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
O treinamento acerca do enfrentamento da pandemia da COVID-19 apesar de ser algo de grande importância no momento em que estamos vivendo, notamos que 8,6% desses profissionais não participaram dessa vivência, onde a maioria com 84% participou.
A COVID-19 envolve riscos, diminui a confiança dos atores no atendimento cotidiano e coloca em teste os sistemas de saúde. Colocando em evidência a necessidade de criar experiência, de redução de riscos, de reconstruir confiança dos profissionais de saúde, melhoria dos processos, melhoria da segurança de todos os envolvidos como pacientes, famílias, profissionais de saúde, todos os outros trabalhadores da área da saúde (PINHO, 2020).
 Quanto a seguir os protocolos de cuidado abordados nesse momento de treinamento, todos relataram seguir as orientações devidas no tocante à paramentação e normas de biossegurança, o que representa 100% dos colaboradores. 
Tendo em vista os riscos existentes durante esse período de pandemia, sabe-se que a população está sujeita a contaminação e podemos analisar que apesar de todos os treinamentos e protocolos de seguranças, 34% dos colaboradores relatou ter sido contaminados pela COVID-19 consequentemente essa mesma porcentagem de profissionais precisou se afastar do serviço da saúde por esse motivo, com isso temos apenas 66% dos casos ressalvados do vírus. Posteriormente, a maioria dos profissionais (84%) afirmam terem sidos imunizados com a vacina.
Considerando a transmissibilidade da COVID-19, cerca de 60 a 70% da população precisaria estar imune para impedir a circulação do vírus. Desta forma, seria necessária a vacinação de 70% ou mais da população de acordo com a efetividade da vacina em prevenir a transmissibilidade para eliminação da doença. O Plano de Vacinação desenvolvido pelo PNI juntamente com o comitê de especialistas da Câmara Técnica foi baseado em princípios similares aos estabelecidos pela OMS, assim como nas considerações sobre a viabilização operacional das ações de vacinação. Tendo como ordem de prioridade aquelas pessoas que fazem parte da manutenção do funcionamento de serviços essenciais, trabalhadores da saúde os quais se encontram entre os grupos mais expostos ao vírus, situação epidemiológica e grupos de maior risco de agravamento e óbito (BRASIL, 2020).
No que se refere aos profissionais de saúde o plano de vacinação contempla além daqueles profissionais que estão diretamente ligados a assistência de saúde, como médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, engloba também os trabalhadores de apoio, como recepcionistas, seguranças, pessoal da limpeza, cozinheiros e auxiliares, motoristas de ambulâncias e outros (BRASIL, 2020).
A seguir, são apresentados os dados qualitativos obtidos através da análise de conteúdo temática, resultando na grande categoria temática: “Fisioterapia e APS: uma reflexão em meio à pandemia do coronavírus”. Foram destacados quatro eixos temáticos que serão apresentados abaixo e em seguida discutidos conforme as respostas dos participantes.
4.2 Fisioterapia e APS: uma reflexão em meio à pandemia do coronavírus.
Ações desenvolvidas pela fisioterapia durante o período de pandemia
Sabe-se que durante o período de pandemia, os profissionais de saúde assim como os fisioterapeutas, tiveram que se adaptar no que diz respeito a ações voltadas para a COVID-19. Para isso, observa-se a importância do desenvolvimento de ações nesse âmbito. Dentre essas ações, podemos ver nas respostas a seguir um destaque para as ações educativas:
(...) As ações de promoção, prevenção e reabilitação estão cada vez mais sendo utilizadas pelos fisioterapeutas dentro das unidades de saúde, principalmente as ações preventivas a fim de diminuir a disseminação do vírus. (...) (p1)
(...) Cartilhas preventivas sobre a importância do uso da mascara, álcool em gel e lavar as mãos com sabão. Orientações sobre a necessidade dos pacientes permanecerem em casa para diminuir os riscos, principalmente com os grupos de idosos da unidade. (...) (p2).
(...) Atendimento aos pacientes na unidade como foco em orientações de prevenção a Covid. (...) (p3)
(...) Orientações quanto etiqueta de tosse e espirro; higienização das mãos (água e sabão ou álcool gel a 70°); hidratar-se
e a manter uma boa alimentação, assim como, praticar atividade física. Além disso, compartilhar informações quando se deve procurar a unidade de saúde, a depender dos sintomas presentes; a importância da utilização da máscara e a conscientização no que se refere ao isolamento social, evitando sair de casa para propósitos de não relevância, e quando precisar sair para lugares como farmácia, supermercado ou trabalho, seguir de maneira rigorosa todos os cuidados de proteção para evitar a contaminação. (...) (p4)
Desde o primeiro momento, o Ministério da Saúde esclarece para a população a importância das medidas de prevenção da transmissão da COVID-19, que incluem a lavagem das mãos com água e sabão ou sua higienização com álcool em gel, a etiqueta respiratória, que consiste em cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir, o distanciamento social, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como copos e talheres e o hábito manter a ventilação nos ambientes, além da recomendação e obrigatoriedade do uso de mascaras (BRASIL, 2020).
De acordo com as ações comentadas pelos profissionais do estudo, pôde-se ver que quase 100% dos relatos, envolve a prevenção em saúde. Nesse momento de pandemia é de extrema importância que a mobilização social para a prevenção da covid-19 aconteça, sendo capaz de gerar uma grande rede de comunicação, espalhando informações importantes de ações no combate ao vírus (SALLES et al., 2020).
Ao ver profissionais citando cartilhas como formas de ação desenvolvida pelo fisioterapeuta, consequentemente associasse a educação em saúde que está diretamente ligada a práticas de prevenção e com a melhoria das condições de vida da saúde da população. Mudanças de comportamentos e práticas são essenciais para que as pessoas consigam ter uma saúde adequada, mas para isso é preciso preservar as informações transmitidas por esses profissionais (PALÁCIO, 2020).
As demandas de pacientes com sequelas de COVID-19 têm sido identificadas como ação prioritária da fisioterapia, conforme os relatos:
(...) Ações voltadas à recuperação da funcionalidade respiratória. (...) (p5)
(...) Recuperação respiratória e motora no pós covid. (...) (p10)
(...) Apoio Matricial junto as Unidades de Saúde, orientações ao tratamento pós covid, campanha de imunização. (...) (p6)
(...) Ações voltadas à promoção, prevenção e tratamento de sequelas do COVID-19. (...) (p8)
Outro fator que veio a ser destacado foram às ações direcionadas as questões respiratórias, tendo em vista que essa sequela é decorrente da infecção do vírus em alguns casos. Sabendo que esse fator pode ser apresentado em três níveis, leve, moderado e grave, é importante que seja sim discutido e divulgado maneiras de identificação do problema e que a partir de uma possível infecção, até depois do período de tratamento, esse sinais de desconforto respiratório podem persistir (FARO et al., 2020). 
A reabilitação é um componente crucial da recuperação desses pacientes, determinada a gravidade da disfunção observada nos pacientes com covid-19, a reabilitação é fundamental para melhorar o funcionamento físico e cognitivo e diminuir o risco de incapacidade e morbidade. O fisioterapeuta é um dos profissionais considerados de extrema importância no manejo desses pacientes (SILVA et al., 2021). 
 Acerca das consequências físicas da COVID-19 em longo prazo, os pacientes que necessitam de ventilação mecânica na fase mais aguda da doença podem vir a ter graves efeitos colaterais, desenvolvendo a síndrome pós-cuidados intensivos. Essa síndrome é caracterizada primariamente por uma incapacidade prolongada e tem como efeitos secundários disfunção muscular, fadiga, dor e dispneia. Uma segunda consequência muito comum nos pacientes graves consiste em fraqueza adquirida na UTI, relacionada à imobilidade. Nos pacientes não graves, apesar de não ter grandes acometimentos como em pacientes críticos, o vírus também pode gerar sequelas duradouras (SILVA; SOUSA, 2020). 
A atuação do fisioterapeuta contribui para evitar complicações cardiorrespiratórias e motoras, bem como para recuperar a funcionalidade, principalmente da capacidade pulmonar e aeróbica daqueles que tiveram a doença.  O tratamento é traçado de acordo com uma avaliação completa do paciente, sendo uma conduta individualizada e progressiva, com um olhar sobre a recuperação da funcionalidade do paciente visando a recuperação da aptidão física, melhora da falta de ar, da fraqueza muscular, restabelecimento da massa muscular, incluindo músculos respiratórios (GONZAGA, 2020). 
Durante a pandemia, foi necessário adaptar as práticas de cuidado voltado á população, incorporando ações como o telemonitoramento que também foi mencionada nos relatos:
(...) Ações voltadas aos cuidados de higiene pessoal para prevenção de agravos, atendimentos híbridos e campanhas de promoção da saúde. (...) (p7)
(...) Ajuda no atendimento do alto fluxo de paciente na unidade. (...) (p9)
A APS pode contribuir para diminuir a incidência da infecção na população, com impacto direto na diminuição da morbimortalidade. Por meio do trabalho comunitário pode atuar para a redução da disseminação da infecção, acompanhar os casos leves em isolamento domiciliar, apoiar as comunidades durante o distanciamento social, identificar e conduzir situações de vulnerabilidade individual ou coletiva e, principalmente, garantir o acesso a cuidados de saúde e o necessário encaminhamento nas fases mais críticas da epidemia. Todas essas ações resultam em redução da demanda e dos riscos de infecção nas unidades de emergência e permitem a concentração de seus recursos no atendimento aos casos mais graves. (DAUMAS et al., 2020).
Ainda de acordo com Daumas et al (2020) os profissionais da APS podem orientar os casos suspeitos quanto ao isolamento e reconhecimento dos sinais de alerta como identificar pacientes que não podem ser cuidados no domicílio, monitorar estes casos suspeitos quanto à evolução clínica, realizar o telemonitoramento para casos mais complexos. Visando a manter o acesso aos cuidados de saúde para outros agravos, o trabalho na APS durante a pandemia deve priorizar ainda a continuidade de ações preventivas, tais como vacinação, acompanhamento de pacientes crônicos e grupos prioritários como gestantes e lactentes, e o atendimento a pequenas urgências e às agudizações de doenças crônicas. 
	Ainda sobre o cardápio de ofertas da fisioterapia na APS no cenário pandêmico, é importante ressaltar que as demandas voltadas às doenças crônicas e suas sequelas persistem e também são consideradas nas falas:
(...) Atendimentos individuais das diversas áreas de atuação da fisioterapia como neurologia e ortopedia (...) (p11).
O usuário com doenças crônicas frequenta constantemente a Unidade Básica de Saúde, em busca por diversos fatores, como renovação de receitas, consulta de acompanhamento, verificação da pressão e/ou glicemia, atendimento para agudização de sua condição crônica (BRASI, 2014).
A partir da estratificação de risco, é possível conhecer quem e quantos são os casos de baixo, médio e alto risco. Cada grau de risco tem necessidades diferentes, inclusive no que se refere a frequência de atendimentos, com isso, ao estratificar, organizam-se melhor a oferta das ações da equipe e o fluxo da pessoa na rede de atenção. É preciso lembrar que muitas pessoas podem ter piorado a adesão terapêutica devido a redução do contato com o profissional de saúde. E o contato regular, mesmo com uso de tecnologias à distância, faz diferença para a adesão terapêutica (BRASIL, 2020).
Os contatos de monitoramento devem incluir perguntas sobre adesão terapêutica para o controle de doença crônica, além de abordar a presença de sintomas gripais e a adoção de medidas de proteção relacionada à Covid-19. Sobre o modo de atender, a equipe pode incluir atendimentos na unidade de saúde, domiciliares e a distância. Sabendo que o modo à distância é uma novidade para muitos, algumas pessoas poderão ser orientadas e se adaptarão ao uso de tecnologias e outras não. Por isso, é bom
lembrar que a ligação telefônica pode ser uma alternativa mais viável para as pessoas que manifestam mais dificuldades com tecnologias e uso de aplicativos (BRASIL, 2020).
Maiores demandas do serviço de fisioterapia durante a pandemia na APS
Através do conhecimento acerca da necessidade do fisioterapeuta na linha de frente da COVID-19, esse profissional também é muito requisitado na prevenção e reabilitação da funcionalidade, melhorando a qualidade de vida e proporcionando uma volta às atividades de vida diária mais rápida, consequentemente as demandas tiveram nesse processo de trabalho tiveram um aumento significativo, como vemos abaixo diante das falas dos participantes da pesquisa:
(...) Reabilitação pulmonar (Respiratório), Reabilitação motora, Reabilitação cognitiva (...) (p1).
(...) Demandas respiratórias. (...) (p2)
(...) Sequelas do pós covid-19 (...) (p3).
(...) Exercícios respiratórios (...) (p4)
(...) Pacientes com queixa de insuficiência respiratória e dores no corpo (cabeça, coluna). (...) (p5)
(...) Reabilitação funcional (...) (p6)
(...) Fisioterapia respiratória, motora e domiciliar. (...) (p7)
Percebe-se que apesar do cenário ser de pandemia, as demandas não estão voltadas exclusivamente para a recuperação pós COVID, seja ela motora ou respiratória. Existem outras queixas de casos habituais que já faziam o acompanhamento nas unidades de saúde. Nesse primeiro momento temos um grupo que menciona as maiores demandas como sendo, respiratórias, motoras, funcionais e domiciliares associadas a sequelas de pós COVID-19.
Tendo em vista as possíveis sequelas desencadeadas da infecção pelo COVID-19, faz-se necessário o desenvolvimento de ações já no momento de alta do paciente, bem como sua vinculação a Atenção Primária à Saúde (APS) (BRASIL, 2020).
Algumas das competências da APS são abordadas nesse processo como, acolher o usuário em suas demandas, realizar a avaliação multiprofissional, avaliação cardiorrespiratória, avaliação da capacidade cinésio-funcional, avaliação das capacidades neurocognitivas, avaliação do estado de saúde mental, avaliação do contexto social, elaboração de Projeto Terapêutico Singular identificando a necessidade da continuidade dos cuidados em reabilitação, realizando, quando necessário, os devidos encaminhamentos a outros níveis de atenção (BRASIL, 2020).
Evidências mostram que as principais sequelas apresentadas pelos pacientes após a fase aguda da COVID-19 estão relacionadas ao acometimento pulmonar como a tosse crônica, fibrose pulmonar, bronquiectasia e doença vascular pulmonar (FRASER, 2020; ZHENGLIANG, 2020). A reabilitação pulmonar está indicada para melhorar a função pulmonar, tolerância aos exercícios físicos e redução da fadiga principalmente para os pacientes que foram hospitalizados, pois as sequelas não se restringem apenas ao sistema respiratório (ZHAO et al., 2020).
Além dos acometimentos respiratórios, o comprometimento da funcionalidade motora, desses usuários também foi mencionado como uma das maiores demandas. 
(...) Sequelas respiratórias, dores crônicas de coluna e fibromialgia (...) (p8).
(...) Poucas demandas de pós- COVID. A maioria da procura por fisioterapia é dor crônica lombar. (...) (p9)
(...) Alta demanda de paciente com queixas de mialgias. (...) (p10)
(...) Recuperação motora de paciente não covid, pois muitos tiveram que suspender as sessões (...) (p11).
(...) Reabilitação neurológica (...) (p12)
A COVID-19 tem grande repercussão tanto relacionada ao sistema respiratório, quanto em outros sistemas como o cardiovascular causando assim, deficiência na função dos músculos respiratórios e na tolerância do indivíduo na realização das AVD e em exercícios específicos. Decorrente a isso, surgem limitações na capacidade funcional dos indivíduos afetados, como o comprometimento da mobilidade e outros aspectos importantes durante sua rotina, como andar e realizar atividades domiciliares (SOUZA et al., 2020).
Neste segundo grupo de demandas mencionadas, temos uma percepção de queixas voltadas a dores (musculares e coluna), casos crônicos como a fibromialgia e também reabilitação neurológica. Casos que também exigem muito dos profissionais, mas que já eram casos comuns de serem tratados nas unidades de saúde.
A APS possui um papel muito importante para a manutenção da saúde da população, sendo assim, é necessário pensar no seu papel em situações de emergência de saúde, onde a atenção primária tem uma atuação mais presente e há ganhos significativos na condição de saúde da população, especialmente em epidemias (SOARES; FONSECA, 2021).
De acordo com Soares e Fonseca (2021), atividades cotidianas, como vacinação, consultas agendadas, acompanhamento dos grupos de riscos e de doenças crônicas, devem ser mantidas com as adequações necessárias, como garantir Equipamentos de Segurança Individual - EPI a todos os profissionais da saúde, atendimento em locais diferenciados para cada atividade, higienização constante dos locais, trabalho com agendamentos, quando possível, para evitar aglomerações, utilização do atendimento por telefone, garantindo, assim, a segurança da população quanto à possibilidade de contágio por vírus na unidade de saúde.
O monitoramento dos casos crônicos deve ser mantido, pois as pessoas irão continuar tendo pressão alta, diabetes, tuberculose, dentre outros. Desse modo, não é possível negar o atendimento a essas pessoas, além de serem de um grupo de risco, é possível que a mortalidade e a morbidade desse grupo aumentem em função da diminuição das ações preventivas e curativas no período de pandemia (SOARES; FONSECA, 2021).
Nota-se que em nenhuma unidade fica restrita a apenas uma queixa, até mesmo as que mencionaram o tratamento no pós COVID-19, continuam atendendo casos como estes de dores devido ao fato do usuário continuar precisando do acompanhamento independente de seu diagnóstico clínico ser ou não voltado ao vírus. 
Devido ao cenário ainda ser de isolamento social para diminuição da disseminação do vírus, o atendimento se torna restrito para a grande procura de tratamento. Como o atendimento em grupo era uma das práticas mais desenvolvidas por esses profissionais, facilitava a abordagem a uma quantidade maior de pessoas, consequentemente havendo mais resolução dos casos e devido ao fato dos atendimentos serem individuais por motivos de prevenção, a demanda consequentemente é maior para os profissionais. 
Diante do cenário da pandemia do novo coronavírus e início dos protocolos de distanciamento social, as atividades dos grupos operativos, que antes eram exercidas presencialmente em USF’s, foram paralisadas. Pensando na importância da continuidade das ações de promoção e educação em saúde, verificou-se a necessidade de acrescentar uma forma de trabalho remota. Isso se justifica porque era esperado que a população, se afastassem dos atendimentos e da rotina da Atenção Primária à Saúde (APS) com receio do novo coronavírus. Dessa forma, essa adaptação é de suma importância, uma vez que torna o paciente apto a reconhecer as características da sua própria enfermidade, permitindo que ele saiba os caminhos para a melhora da sua qualidade de vida (OLIVEIRA et al., 2021).
Dificuldades enfrentadas pelos fisioterapeutas durante o período de pandemia
Em todos os cenários de atuação na área da saúde, existem suas dificuldades, porém quando se trata de uma pandemia mundial e de um novo vírus, as fragilidades são acentuadas. Podemos ver através de relatos algumas dessas dificuldades, dentre elas o risco de contaminação cruzada:
(...) A fisioterapia não dá muito para deixar de ter contato direto com o paciente. Na maioria das vezes temos que estar bem perto, tocar e estar a maior parte da sessão bem próxima. (...) (p2)
(...) Realizar sessões de fisioterapia presencial pelo grande risco de contaminação. (...) (p3)
(...) Dificuldade com os atendimentos presenciais. (...) (p6)
As dificuldades em um serviço de saúde sempre irão existir, mas quando se trata de um período de pandemia, com a presença de um agravo, com a necessidade
de um isolamento social e medidas de prevenção, as dificuldades parecem ainda maiores. Neste momento o que se foi mencionado com maior frequência, foi à questão da alta demanda de serviço, ou seja, muitos pacientes precisando de atendimento simultaneamente (NORONHA, 2020). 
Os desafios para a APS são muitos e incluem em primeiro lugar equipes ESF completas, disponibilidade de equipamentos e insumos, EPIs, medicamentos, testes, educação permanente específica, integração à rede assistencial e ao transporte sanitário, integração com os setores de vigilância em saúde e financiamento adequado (MONTEIRO, 2020).
No início da pandemia, parte das atividades das UBS foi suspensa, ACS foram retirados dos territórios e passaram a atuar principalmente nas UBS, seja por a alta demanda e tentativas de reorganização de fluxos para atendimento de casos suspeitos, ou por receio de propagação do contágio.  No entanto, com o passar dos meses, muitas equipes desenvolveram novas estratégias e processo de trabalho (GIOVANELLA, 2020).
Nesta nova fase para o Sistema Nacional de Saúde, que levou a tomada de medidas urgentes e que mudou de forma considerável o cotidiano dos profissionais de saúde, o gestor tem um papel relevante ao incorporar na gestão da sua unidade, as novas orientações do órgão regulador da saúde, de modo a responder às solicitações, no âmbito do combate à COVID-19 (JACOB et al., 2020).
As instituições de saúde foram exigidas um planejamento organizacional no sentido de atender a necessidade de recursos materiais e humanos como a organização dos profissionais e das equipes, criação de intervenções integradas e definição de vários planos de ação em situação de contingência (ALMEIDA, 2020).
A proteção dos profissionais de saúde é fundamental para evitar a transmissão de Covid-19 nos estabelecimentos de saúde e nos domicílios dos mesmos, sendo necessário adotar protocolos de controle de infecções e disponibilizar EPIs, incluindo máscaras, capotes, óculos, protetores faciais e luvas. Além disso, deve-se proteger a saúde mental dos profissionais e trabalhadores de saúde, por conta do estresse a que estão submetidos nesse contexto (TEXEIRA et al., 2020).
Outra dificuldade mencionada foi à elevada demanda de pacientes e a organização desse fluxo em um cenário pandêmico, ressaltando a sobrecarga para os profissionais:
(...) A alta demanda de pacientes com sintomas de covid e os pós covid, além das demandas dos casos já existentes na unidade de saúde. (...) (p1)
(...) Alta demanda de pacientes; lidar com o desconhecido e incerto. (...) (p4)
(...) Gerenciamento da elevada demanda de paciente. (...) (p5)
(...) Elevada demanda de pacientes (...) (p10).
(...) Sobrecarga de trabalho (...) (p9).
Além da sobrecarga aos fisioterapeutas, o gerenciamento também se encontra como uma das dificuldades, pois toda a organização das equipes, dos usuários, atendimentos é feito por esses profissionais, tornando-se muito desgastante. Esse desgaste pode levar complicações maiores aos profissionais, como a comum síndrome de Burnout. 
A síndrome de Burnout  é uma combinação de três fatores: exaustão emocional, como a diminuição da energia emocional pela demanda excessiva de trabalho, despersonalização (senso de distância emocional dos pacientes ou do trabalho) e baixa realização pessoal que é sensação de baixa autoestima e baixa eficácia no trabalho. Em outras palavras, Burnout é a resposta prolongada ao estresse crônico no trabalho (SILVEIRA et al., 2015).
Os profissionais da saúde são considerados grupo de risco para o desenvolvimento da síndrome de burnout, Dentre as principais causas para isso, pode-se citar a carga horária de trabalho exorbitante, baixa qualidade do sono, redução do convívio social, ausência de suporte emocional, alta responsabilidade e cobranças excessivas. Agravando ainda mais o cenário, dados epidemiológicos trazem que 92% dos portadores, mesmo diagnosticados, continuam trabalhando (MACHADO, 2021).
Já no contexto da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, os profissionais da saúde sofrem um agravante ainda maior ao cuidarem de pacientes acometidos pela doença, sendo afetados, principalmente, no âmbito emocional. Com medidas de biossegurança tão restritas, profissionais da saúde são, frequentemente, evitados por familiares e amigos, vivendo um isolamento físico muito próximo da solidão. A perda de autonomia, o estado de alerta constante e a necessidade de se adaptar a novas formas de trabalho atrapalha a capacidade do profissional de oferecer conforto para alguém doente (MACHADO, 2021).
Ainda de acordo com Machado (2021), esses profissionais por ser um grupo já predisposto a vivenciar momentos de insatisfação profissional ocasionados pelo esgotamento físico e mental, muito pior do que lidar com um ambiente de trabalho desfavorável é, diariamente, sofrer o luto da morte de pacientes, colegas de trabalho e conhecidos.
A partir disso, Silveira et al. (2015) mostram que os profissionais de saúde são susceptíveis a desenvolver tal síndrome, visto que lidam diariamente com intensas emoções, sofrimento, medo, morte, sendo vulneráveis a um alto grau de estresse, bem como a uma crescente exaustão física e psicológica.
Os relatos a seguir reforçam a elevada demanda, com o agravante da falta de recursos em algumas situações, ressaltando também a falta de acesso de alguns usuários para o telemonitoramento:
(...) Alta demanda de pacientes os quais teriam que serem atendidos por tele consultas, mas com casos que necessitariam de atendimentos presenciais para melhor resolutividade. (...) (p8)
(...) Conciliar os atendimentos remotos com a alta demanda de paciente que ainda se encontra nas unidades presenciais por não ter condições de atendimentos por tele consulta. (...) (p11)
(...) Falta de recursos. (...) (p7)
Apesar de ter sido desenvolvido meio de atendimento a esses usuários de forma em que não gerasse uma quantidade significativa de pessoas nas unidades de saúde, como as teleconsultas e os telemonitoramentos, esses profissionais se queixam de que muitos desses pacientes precisam de um contato presencial para que o seu trabalho seja eficaz naquela patologia. 
Outro problema em questão que foi mencionado nessas respostas dos participantes foi que ao contabilizar os pacientes de atendimento remoto, com os pacientes que estavam presentes nas unidades, se tornava uma sobrecarga de trabalho para que pudessem conciliar. 
Geralmente, as condições de trabalho dos profissionais incluem um ritmo intenso, conflitos interpessoais, entre outros fatores desencadeantes de desgastes físicos e psicológicos. No momento de pandemia, estas condições são potencializadas pelo número de pessoas infectadas e por, situações que elevam os desgastes devido ao medo de infectar-se ou de transmitir o vírus. É prudente repensar as escalas de trabalho dos profissionais de modo a diminuir o desgaste físico e emocional (MIRANDA et al., 2020).
Potencialidades e inovações desenvolvidas pela fisioterapia durante a pandemia 
Tendo em vista as dificuldades enfrentadas nessa fase de pandemia, as inovações em relação a atendimentos e organização na unidade de saúde estão sendo essenciais, para que dessa forma tenha uma diminuição na disseminação do vírus, tanto em questões entre os profissionais, quanto entre profissional e usuário. Através disso, temos algumas dessas potencialidades realizadas por os integrantes da pesquisa:
(...) O telemonitoramento; teleconsulta e aprimoramento dos recursos digitais para compartilhar informações à comunidade, abordando tanto sobre o vírus e sua etiologia, quanto às precauções que devem ser seguidas para evitar a disseminação. (...) (p1)
(...) Durante a pandemia houve o desenvolvimento de comunicação e acompanhamento à distância com alguns os usuários, sendo uma prática remota inovadora, além das novas experiências a respeito das intervenções feitas em pacientes com sequela do vírus, fugindo do contexto em que já estávamos acostumando a trabalhar. (...) (p2)
(...) Inovação na forma de atendimento à distância.
(...) (p3)
(...) Elaboração de materiais educativos, ações com enfoque na promoção de saúde, uso de dispositivos a exemplo do celular para acompanhar os casos e reuniões de alinhamento semanais (...) (p4).
(...) O uso de aparelhos tecnológicos para realização de atendimentos, como celular, computador. (...) (p5)
Como forma de manter os atendimentos dos pacientes que já faziam parte dos grupos das unidades, e atender as demandas de novos usuários, muitos profissionais começaram a ter os seus acompanhamentos de forma remota, a fim de preservar a manutenção da saúde dessas pessoas, tanto em questão de prevenção não indo ate a unidade de saúde, quanto na questão de dar continuidade aos trabalhos que eram realizados presencialmente (BRASIL, 2020).
O Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO, no uso de suas atribuições legais estabeleceu outras providências durante o enfrentamento da crise provocada pela Pandemia do COVID-19, através da resolução nº 516, de 20 de março de 2020, foram adotados novos meios de atendimento como a permissão para atendimento não presencial, sendo nas modalidades, teleconsulta, teleconsultoria e telemonitoramento (COFFITO, 2020).
As ações de teleconsulta e telemonitoramento se faz necessária para garantir o cumprimento dos atributos essenciais da Atenção Primária em momentos de isolamento. Os objetivos da teleconsulta é realizar um atendimento satisfatório e resolutivo, tanto para o usuário quanto para o profissional de saúde, além de determinar se há indicação de atendimento presencial e, nesse caso, encaminhar o paciente para o local, horário e para qual profissional de saúde ele será atendido (BRASIL 2020).
Assim como foi destacada nas ações desenvolvidas pelos fisioterapeutas, a educação em saúde e ações preventivas também foi mencionada como potencialidades e inovações, mas nesse contexto sendo abordada de forma diferente, onde citam que essas ações são desenvolvidas em equipe, por profissionais de diferentes áreas em conjunto:
(...) Elaboração de materiais educativos, ações com enfoque na promoção de saúde, uso de dispositivos a exemplo do celular para acompanhar os casos e reuniões de alinhamento semanais (...) (p6)
(...) Foco nas ações preventivas e no trabalho em equipe (...) (p7)
(...) Educação em saúde, ações preventivas, atendimento por tele consulta e tele monitoramento. (...) (p8)
(...) A criação de intervenções com as diferentes áreas além da fisioterapia, para proporcionar um atendimento completo ao paciente devido ao momento de pandemia e por a maioria dos casos não poderem se direcionar a unidade. (...) (p9)
(...) Acompanhamento de pacientes que foram intubados, realizando Fisioterapia motora e respiratória pós covid, acelerando a melhora dos pacientes. (...) (p10)
(...) A criatividade admirada nesse período para desenvolver um tratamento eficaz e seguro tanto para o paciente quanto para o fisio. A busca pelo conhecimento para aprofundar sobre a COVID (...) (p11).
(...) A busca pelo conhecimento na área da fisioterapia respiratória devido à demanda de pacientes que necessitam desse acompanhamento. (...) (p12)
Não só as ações foram desenvolvidas em equipes, mas o planejamento de intervenções também, unindo a criatividade desses profissionais para proporcionar um atendimento integral seja ele quando for de forma remota ou presencial. A busca pelo conhecimento e capacitação para estarem aptos a realizarem os tratamentos adequados, principalmente no que diz respeito à COVID-19 e as questões respiratórias (GUIMARÃES; BRANCO, 2020). 
É fundamental a adoção de estratégias de educação em saúde, caracterizadas como tecnologias leves, para que de fato possa conter o avanço dessa pandemia no Brasil. Partindo do pressuposto que, mesmo sob a orientação da quarentena e do isolamento social, os usuários continuarão a buscar os serviços de saúde, pois os problemas de saúde continuarão a afetá-los, é fundamental a produção do cuidado, ainda mais rigorosos. Portanto, a relação profissional-usuário continuará a ocorrer, e a aposta nas tecnologias leves e no cuidado humanizado são ainda mais fundamentais (CECCON; SCHNEIDER, 2020).
Estes mesmos autores trazem a educação em saúde, como processo educativo de construção de conhecimentos para a apropriação por parte da população das medidas necessárias ao enfrentamento do Coronavírus. Assim, o foco são as estratégias de promoção de saúde, prevenção da doença, sinais e sintomas e orientação quanto à rede de atenção à saúde, centrada na prática do isolamento social.
Diante do exposto, foi possível constatar que as potencialidades que estão sendo trabalhadas e desenvolvidas durante esse período de pandemia do COVID-19, são de extrema importância no processo de trabalho desses profissionais, agregando ricas experiências por vivenciarem novas práticas, além de ser um diferencial para que os usuários da APS tenham desde um acolhimento seguro até um atendimento continuado, seja de forma remota ou presencial. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente estudo buscou conhecer os mecanismos de enfrentamento da Fisioterapia na APS durante o período de pandemia da COVID-19 através da percepção dos fisioterapeutas e gerentes de unidades básicas de saúde. 
Diante do exposto, ficou evidente a importância do fisioterapeuta na linha de frente e na retaguarda do enfrentamento à pandemia da COVID-19, no âmbito da Atenção Básica. A fisioterapia tem desenvolvido rotinas de cuidado para os casos de COVID-19, bem como para a assistência de outras demandas nesse período, reforçando as ações de promoção da saúde. Os desafios impostos aos fisioterapeutas pelo cenário pandêmico têm se convertido em estímulos para o aprimoramento e desenvolvimento profissional e das relações profissionais, à medida que novas práticas estão sendo implementadas no processo de trabalho desses profissionais.
Uma das mudanças das praticas do fisioterapeuta na APS foi adotar as medidas tecnológicas ao seu favor, no momento inicial da pandemia em que não podia ter sequer visitas domiciliares. O meio de comunicação, acompanhamento e atendimento através das teleconsultas e telemonitoramento foi o que manteve essa relação do profissional com o usuário. 
Para a concretização da pesquisa, foram encontradas algumas dificuldades de acesso aos profissionais para aplicação do questionário e a limitação de estudos sobre a atuação da fisioterapia frente ao COVID-19 na APS. Sugere-se a realização de novos estudos que possam complementar a referida pesquisa e fomentar estratégias para a resolutividade das ações de enfrentamento da fisioterapia no âmbito da APS.
REFERÊNCIAS
ARBILLAGA, A. et al. Fisioterapia respiratoria en el manejo del paciente con covid-19: recomendaciones generales. Sociedad española de neumología y cirugía torácica, ESPANHA, v. 1, n. 1, p. 1-20, mar./2020.
ASSOBRAFIR. O fisioterapeuta e sua relação com o novo betacoronavirus 2019 (2019-ncov). Disponível em: <https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2020/01/ASSOBRAFIR_BETACORONAVIRUS-2019_v.4.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020.
ASSOBRAFIR. Recomendações para a atuação dos fisioterapeutas no âmbito da atenção primária à saúde (aps) de pacientes suspeitos ou diagnosticados com covid-19. Disponível em: file:///C:/Users/jessyka/Documents/TCC/ASSOBRAFIR_COVID-19_APS_2020.06.01.pdf. Acesso em: 10 out. 2020.
BRASIL. Ministério da saúde. Tecnologia auxilia no enfrentamento da COVID-19. Brasília. 2020.
BRASIL, Ministério da Saúde. Estratégia para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília. 2014.
BRASIL, Ministério da Saúde. Como organizar o cuidado de pessoas com doenças crônicas na APS no contexto da pandemia. Brasília. 2020.
CABRAL, E R M. et al. Contribuições e desafios da Atenção Primária à Saúde frente à pandemia de COVID-19. Interamerican journal of medicine and healt, São Paulo, v. 30, n. 87, p. 6, 11 abril 2020. 
CECCON, R F; SCHNEIDER, I J. Tecnologias leves e educação em saúde no enfrentamento à pandemia da COVID-19. Santa Catarina, 2020. 19 p. Disponível em: Acesso em: 19 mai.

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