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Prova Direito Romano - Mandato e Negócio - Casos práticos

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Anna Beatriz Maia - Direito Romano – Resumo das aulas da FDSBC
Direitos Romano - Mandato,
1) Compare e aponte as principais semelhanças e diferenças entre o Mandato (Mandatum) e a Gestão de
Negócios (Negotiorum gestio). Dê exemplos.
A primeira diferença entre ambos se apresenta logo em suas classificações: O mandato trata-se de um
contrato, enquanto a Gestão de Negócio diz respeito aos Quase-Contratos. Este primeiro resume-se em
um contrato por qual alguém (mandatário) se obriga a praticar gratuitamente um ato (material ou
jurídico), de acordo com as instruções de outro (mandante). Já o segundo ocorre quando alguém, sem ter
mediado encargo, cuida da gestão de um ou mais negócios de outro, onde adquire direitos análogos
àqueles que nascem de um contrato de mandato.
A gestão de negócios, assim como o mandato, surgiu a partir dos séculos IV-III a.C., quando as ausências
se multiplicaram por razão da maior frequência de guerras distantes, onde se fez necessária a
administração dos bens daquele cidadão que fora convocado para a guerra e abandonou sua casa. Alguns
exemplos de Mandato são: um negócio jurídico, onde o mandatário realiza uma compra e venda; um fato
material, onde o mandatário faz a lavagem de uma roupa; ou uma série de fatos materiais (mandatário faz
a administração de um patrimônio). Enquanto da Gestão de Negócios são: um conserto, onde alguém
conserta espontaneamente o telhado danificado pela tempestade da casa de seu vizinho; um reparo, onde
se escora a casa do vizinho que ameaçava ruína ou deterioração; um cuidado, onde um sujeito trata de
um escravo doente de seu amigo que está viajando, etc.
Sobre o Mandato, este é um contrato bilateral imperfeito e gratuito, sendo as obrigações eventuais do
Mandante o de ressarcir o mandatário das despesas havidas na execução do mandato e dos danos sofridos
ocasionalmente. Da mesma forma ocorre na Gestão de Negócios, uma vez que o Dominus negotii que é
obrigado a reembolsar o Gestor de suas despesas e assumir todas as obrigações que ele contraiu durante a
gestão, na medida em que foi feita em seu interesse. As obrigações essenciais do Mandatário são de
cumprir fielmente o mandato e prestar contas ao mandante, podendo assim definir que seu objetivo é
realizar sua atividade, sendo ela lícita, possível e determinada. Ademais, o mandato admite a rescisão
unilateral, antes de iniciada a sua execução, por qualquer das partes e se extingue com a morte do
mandante ou do mandatário.
Na Gestão de Negócios (negotiorum gestio), esta é o ato voluntário e lícito de uma pessoa que, sem ter
recebido incumbência, se imiscui na administração do patrimônio alheio para evitar um dano. Sendo o
negotiorum gestor encarregado, de forma espontânea, a praticar atos de boa-fé no interesse da outra parte
e terminar a gestão transferindo ao dominus os efeitos dos negócios jurídicos concluídos, desde que o
dominus os ratifique. A morte do negotiorum gestor não extingue a obrigação, diferentemente do que
ocorre com o mandato. Além disso, o negotiorum gestor deve agir como um bonus pater familias,
podendo responder por culpa leve (culpa levis), dolo ou culpa, caso os atos de administração fossem
urgentemente exigidos. Fora isso, caso ele inicie sem necessidade negócios não habituais ou negócios
sem a permissão do dominus, contrários à vontade deste último, o gestor também poderá responder por
caso fortuito (Inst. 3,27,1: deve prestar contas com o máximo grau de diligência).
Os elementos constitutivos do mandato são o consenso e o fim prático de cumprir gratuitamente uma
atividade exigida pelo mandante. Já na Gestão de negócios são: a efetiva gestão, constituída por um ou
mais atos diferentes (elemento objetivo) iniciados de maneira vantajosa (utiliter coeptum), no sentido em
que o próprio dominus teria praticado o ato; a utilidade da gestão , sendo obrigatório que
comprovadamente e objetivamente a gestão seja considerada útil (negotium utiliter coeptum) ao dominus
negotii; atuar de forma à interesse alheio, tendo subjetivamente o gestor o animus negotia aliena gerendi.
Sendo que os negócios devem ser administrados pelo gestor para que sejam destinados a entrar na esfera
patrimonial do dominus; e por fim, a espontaneidade por parte do gestor e a circunstância de não ter sido
o ato praticado contra a vontade do dominus, isso porque não é espontânea a gestão quando feita para
cumprir uma obrigação. A falta de um desses elementos pode ser sanada mediante a ratificação do
dominus, que transformará a relação semelhante a um Mandato (tornando incontestável a utilidade da
gestão).
As Ações no Mandato são: Actio mandati directa (ação direta de mandato), concedida ao mandante
contra o mandatário; e Acto mandati contraria (ação contrária de mandato), exercitável pelo mandatário
contra o mandante. E as Ações na Gestão de Negócio: Actiones in factum, no início, de origem
pretoriana, e posteriormente acrescentadas a actiones iuris civilis de boa fé (in ius ex fide bona; a Actio
negotiorum gestorum directa, do Dominus negotii (dono do negócio) contra o Negotiorum gestor (gestor
de negócios; e por fim, a Actio negotiorum gestorum contraria – do Negotiorum gestor contra o Dominus
Negotii.
2) Tício, homem livre, cidadão romano e filiusfamilias, era aprendiz de sapateiro na oficina
de Semprônio, notório mestre e que ensinava o seu ofício há muitos anos, contando com inúmeros
alunos. Certo dia, Semprônio se irritou ao verificar que Tício executou mal a tarefa que lhe
atribuiu e golpeou com tanta força a cabeça do aprendiz com uma forma (de sapateiro) que acabou
arrancando um olho do aprendiz.
O sapateiro se defendeu, alegando que não desferiu o golpe para feri-lo, mas para adverti-lo e
ensiná-lo. O paterfamilias de Tício está inconformado com esta situação e não sabe quais seriam os
meios processuais para punir o sapateiro Semprônio por seu ato violento e desproporcional.
Pergunta-se:
a) Qual delito foi cometido por Semprônio? Justifique e fundamente a sua resposta.
Trata-se aqui de um Delicta (delitos privados), uma vez que a ofensa foi feita à pessoa (lesões corporais).
Esse tipo de delito atravessou 4 fases: a do Talião; da composição voluntária; da indenização legal; e a da
repressão do Poder Público.
Especificamente, esse caso trata-se de um delito privado chama injúria, chama-se assim a ofensa de
qualquer espécie, física ou moral (honra alheia), feita a uma pessoa, contra o direito. Na fase do Talião
(450 ac.), de acordo com as XII Tábuas, o ofensor podia cometer alguns tipos de iniuria física: o
membrum ruptum, o os fractum, e a iniuria simples. No caso de Semprônio, ocorreu o chamado
membrum ruptum (membro mutilado), uma vez que o olho do aprendiz fora arrancado. A pena para isso
é a faculdade da vítima produzir no ofensor a mesma lesão que este fez, o famoso “olho por olho, dente
por dente”. Por exemplo, cortou-se um braço, dava-se o direito de cortar o mesmo braço do ofensor. A
pena de talião, porém, pode ser afastada se a vítima concordasse – chamada composição voluntária - em
receber do ofensor uma indenização:
XII Tábuas, VII,11
“Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de talião, salvo se houver acordo”.
Em outra fase do direito, a Lei das XII Tábuas na Composição legal, aplica-se penas pecuniárias ao autor
da iniuria: valor de 300 asses, na hipótese de os fractum (osso fraturado), caso a vítima fosse homem
livre ou 150 asses, caso ela fosse escrava; e 25 asses, quando se trata de outras espécies de lesões (lesão
leve). Porém, com o decurso do tempo, estas penas foram consideradas desiguais. Esta, após a repressão
do Poder Público, foi considerada inadequada e a actio iniuriarum transformou-se em aestimatoria, ou
seja, começou-se a levar em conta as circunstâncias de tempo, lugar e as qualidades das pessoas, para se
estabelecer o valor da condenação. A actio iniuriarum (ação de injúrias) objetiva condenar o autor da
injúria em quantia a ser avaliada pelo juiz popular, conforme a maior ou menorgravidade do delito.
Sendo ela infamante e intransmissível ativa e passivamente. Visando punir a ofensa do que propriamente
o dano por ela causado. A ação é anual (ou seja, a actio iniuriarum deve ser exercida no prazo de 1 ano a
contar da data da injúria). Nesse caso, seria analisado pelo juiz as condições de Semprônio para que de
fato fosse estabelecida a quantia da qual teria que pagar à Tício.
Ademais, ainda no direito clássico, a iniuria começa a sair dos delitos privados para o fazer parte dos
delitos públicos. Isso se deu por razão da Lei Cornelia de iniuriis, a qual admitiu que a vítima, se
quisesse, e se a iniuria fosse grave (iniuria atrox), poderia obter o julgamento do réu pelas Quaestiones
Perpetuae (Tribunais que julgavam delitos públicos, impondo, consequentemente, penas públicas).
A injúria era classificada como atroz (impiedosa, violenta, implacável) por várias razões: pela própria
gravidade do fato, como o caso de Semprônio e Tício onde um olho foi arrancado; pelo local de sua
realização, por exemplo, a injúria realizada em local público, na presença de muitas pessoas, em teatro ou
praça pública; ou pela posição social do injuriado, por exemplo, insultos a um magistrado ou um senador.
b) Qual ação poderia ser movida contra Semprônio neste caso? Quem estaria legitimado a
mover esta ação?
Dependendo da fase que o ocorreu, Tício poderá mover a actio iniuriarum legitima ou a actio iniuriaum
aestimatoria contra Semprônio. A actio iniuriarum (ação de injúrias) condenará Semprônio em quantia a
ser avaliada pelo juiz popular, isso conforme a maior ou menor gravidade do delito, que neste caso
trata-se do membro mutilado de Tício. Visando que a ação é anual, a actio iniuriarum deverá ser exercida
no prazo de 1 ano a contar da data que ocorreu o golpe contra a cabeça do aprendiz. No caso da actio
iniuriarum aestimatoria, será analisado pelo juiz as condições de Semprônio para que estabelecer a
quantia que deverá ser paga.
c) Suponha que o mestre sapateiro Semprônio tivesse, com este golpe de forma de sapateiro,
matado ou ferido um aprendiz escravo (escravo este que não lhe pertencia, alheio). Nesta
situação, de qual delito se trata? Quais foram os parâmetros adotados pelos romanos para
avaliar o cálculo do valor da indenização referente ao prejuízo causado por Semprônio
neste caso?
Nessa situação tratar-se-ia de dano. O dano classificado nos delitos privados, no direito clássico, gerava
uma obrigação do ofensor para com o ofendido (chamada obligatio ex delicto) cujo objeto era a pena
pecuniária. Todavia, o damnum iniuria datum (dano causado ilicitamente) fez da pena mais do que uma
punição, mas sim uma forma de reparação do dano. A elaboração deste princípio foi realizada nas
disposições de uma Lex Aquilia de damno (287 a.C.), onde inicialmente sua sanção se aplicava a dano
causado por ato positivo e consistente em estrago físico e material de coisa corpórea:
Gaio, D.9,2,2pr.
“(...) se alguém matar injustamente ou escravo ou uma escrava alheios ou um quadrúpede ou uma
rês, seja condenado a pagar ao dono o preço maior que a coisa teve naquele ano [no último ano]’.
Sendo assim, o valor da indenização que deverá ser paga por Sêmpronio para o paterfamilias de Tício
poderá ser : caso tenha matado o escravo, o maior valor que tal coisa tivera no ano anterior ao delito;
caso tenha apenas ferido o escravo alheio, o maior valor que a coisa danificada teve no último mês (30
dias anteriores ao delito).
Isso porque, de acordo com a Lei Aquília, se configura o damnum iniuria datum por meio de três
seguintes requisitos: Um dano causado contra o direito (iniuria), contra a lei (ato contrário ao direito); a
culpa, uma falta positiva (culpa in commitendo), mesmo levíssima; e um dano causado diretamente por
contato físico, o damnum. O dano de Semprônio de fato decorreu de ato contrário ao direito, uma vez que
não estava exercendo direito próprio, ou agindo em legítima defesa ou estado de necessidade. Seu dano
resultou de ato positivo (não simplesmente da omissão), praticado com dolo ou culpa em sentido estrito.
E Tício sofreu lesão em virtude de ação direta dele, exercida materialmente contra ele. Sendo assim, se
caracteriza por completo em damnum iniuria datum. E suas obrigações serão sancionadas pela Actio
legis Aquiliae, de caráter penal, que só podem ser intentadas pelo proprietário da coisa que sofrera o
dano, no caso, dono de Tício, e que implica para o ofensor, a condenação ao pagamento do valor do
prejuízo causado (abrangendo o lucrum cessans e o damnum emergens), e, uma vez que Semprônio
continue negando a prática do damnum iniuria datum, a condenação será in duplum (pagamento do dobro
daquele valor).0
3) Mévio furta o cavalo do proprietário quiritário Tício e, logo em seguida, vende-o a
Semprônio. Após o contrato de compra e venda, Mévio e Semprônio realizam a solenidade da
mancipatio. Semprônio compra o cavalo sem saber do furto. Após 2 meses da realização do
contrato de compra e venda, Tício move uma ação reivindicatória contra Semprônio para
recuperar o animal.
Pergunta-se:
a) Poderá prosperar a ação reivindicatória de Tício contra Semprônio para recuperar o
cavalo?
Sim, uma vez que que a ação reivindicatória se destina à recuperação da coisa furtada e objetiva a
proteção contra a lesão do direito da propriedade, onde o proprietário quiritário que não possuí a
coisa pode agir contra aquele que a possuí, mas não é proprietário. Nesse caso, apesar de
Semprônio ter comprado o cavalo, ele não o possui, pois Mévio também não era o proprietário do
objeto. O que significa que este terá que restituir Tício e depois exigir a Actio furti oblati contra
Mévio, uma vez que houve um Furtum oblatum.
b) No caso de Semprônio, o comprador, ser vencido na ação reivindicatória movida pelo
verdadeiro proprietário Tício e ter que entregar o animal comprado para este último, qual
garantia teria que prestar o vendedor Mévio para o comprador Semprônio? Qual ação poderia ser
movida neste caso por Semprônio para exigir uma indenização de Mévio, vendedor? O que poderia
ser exigido nesta ação?
Quando o comprador é vencido em ação reivindicatória por outro, o vendedor tem a obrigação de
responder pela evicção, sendo assim, Semprônio tem a garantia da Actio auctoritatis (Ação de
autoridade). A Actio auctoritatis é uma ação penal, movida pelo mancipio accipiens (comprador) contra
o mancipio dans (vendedor), chamado em causa na ação reivindicatória. Nesse caso, Mévio deve pagar o
dobro do valor da coisa (in duplum) a ele. Ademais, no caso de Semprônio, houve o Furtum oblatum,
que ocorre quando a coisa furtada é entregue a um terceiro que a recebe de boa-fé, e este terceiro, que
recebeu a coisa sem saber que ela era furtada, pode intentar uma ação contra o ladrão, para a restituição
da quantia que foi condenado a pagar ao dano da coisa (triplo do valor). Neste caso, ele também tem o
direito de exigir a Actio furti oblati , e Mévio terá a obrigação de pagar esse valor.
c) Suponha-se, em outra hipótese, que Mévio seja o verdadeiro proprietário do cavalo e
realize a venda deste animal para Semprônio, rico agricultor, no Forum Magnum de Roma.
Semprônio procurava comprar animais que lhe auxiliassem no transporte de produtos agrícolas.
Dois dias depois, após receber o cavalo em sua villa (casa de campo), Semprônio percebe que o
cavalo comprado tem um problema na pata traseira direita, fazendo-o tropeçar constantemente,
fato este que impossibilita a sua utilização para tracionar carroças pesadas.
Ao realizar o negócio no Forum, o vendedor Mévio não mencionou em nenhum momento que o
cavalo tivesse alguma doença ou defeito físico e nem o comprador Semprônio detectou, naquele
momento em que realizou o negócio, qualquer defeito na coisa comprada.
Neste caso, qual ação poderia ser movida por Semprônio contra Mévio para desfazer o negócio e
pleitear a restituição do preço pago no animal?
Nessa situação, o vendedor tem a obrigação de responderpelos vícios ocultos (vícios
redibitórios), então Semprônio pode exigir uma actio redhibitoria (do verbo redhibere = retomar,
restituir) contra Mévio, uma vez que há um prazo de 6 meses da revelação do vício, onde poderá exigir a
rescisão do contrato de compra e venda;
d) Por fim, considere a hipótese inicial do item c): que Mévio seja o verdadeiro proprietário
do cavalo e realize a venda deste animal para Semprônio, rico agricultor, no Forum Magnum de
Roma. Após realizar a compra e venda no Forum Magnum e antes da entrega do cavalo ser
realizada por Mévio, ocorre uma forte tempestade naquela mesma noite e um raio atinge o cavalo
dentro do estábulo de Mévio, matando-o. Qual foi o princípio vigente entre os romanos em relação
aos riscos após a celebração da compra e venda? Ou melhor, celebrado um contrato de compra e
venda (emptio venditio) e ainda não entregue a coisa vendida, a quem caberá o prejuízo caso a
mercadoria (merx – no caso o cavalo) se destrua, sem qualquer conduta culposa tanto do vendedor
(venditor – no caso Mévio) quanto do comprador (emptor – no caso, Semprônio)?
Dentro das Obrigações de um comprador, está a de suportar os riscos pelo perecimento ou avaria
da coisa por caso fortuito (res perit emptori). Desse modo, no Direito Romano, o comprador tem que
pagar a totalidade do preço mesmo se a coisa pereceu ou se deteriorou por vis maior. Segue um trecho do
Digesto de Justiniano que explica essa obrigação:
Inst.3,23,3: “Desde que a compra e venda é perfeita, isto é, desde que se ajustou o preço, quando o
contrato é sem instrumento escrito, os riscos da coisa correm por conta do comprador, ainda que
não lhe tenha sido feita a traditio da coisa. Assim, se o escravo falece, ou é mutilado em alguma
parte do corpo, se a casa é destruída total ou parcialmente por um incêndio, se o terreno se perde
no todo ou em parte pela violência de um rio, ou se deteriora por inundação, ou por tempestade
que derrube as árvores, a perda é suportada pelo comprador, que, embora não receba a coisa, fica
obrigado a pagar-lhe o preço. Realmente, tudo quando sucede sem dolo ou culpa do vendedor não
afeta a este.
Ademais, cabe examinar se o vendedor havia se encarregado de guardar o objeto (no caso, o cavalo) até a
traditio, pois, nesse caso, ele deverá suportar sozinho o risco, do mesmo jeito que, no caso contrário, não
poderá ser responsabilizado. Por exemplo, se depois da venda, os escravos vendidos fogem, ou são
roubados, sem dolo nem culpa do vendedor, caso o vendedor não tenha garantido o dever de guardá-los
até a traditio, a culpa não caíra sobre o mesmo. Sendo que isso também ocorre relativamente aos animais
e a quaisquer outros objetos.

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