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Tony João Mpehera Maliamo A Cooperação dos Estados Africanos Independentes com o Mundo (Países Capitalistas; Socialistas e em Desenvolvimento). (Licenciatura em Ensino de História com Habitação em Documentação) Universidade Rovuma Extensão de Niassa 2021 1 Tony João Mpehera Maliamo (Licenciatura em Ensino de História com Habitação em Documentação) Trabalho de investigação científica, da disciplina de História de África do século XX dos meados do século XXI. A ser apresentado no departamento de Letras e Ciências Sociais. Sob orientação do Msc. Orlando Paulino. Universidade Rovuma Extensão de Niassa 2021 2 Índice 1. Introdução .............................................................................................................................. 3 1.1. Objectivos Gerais ............................................................................................................ 3 1.1.1. Objectivos Específicos ............................................................................................. 3 1.1.2. Metodologia .............................................................................................................. 3 2. A COOPERAÇÃO DOS ESTADOS AFRICANOS INDEPENDENTES COM O MUNDO (Países Capitalistas; Socialistas e em Desenvolvimento). ......................................................... 4 2.1. A África e os países capitalistas ...................................................................................... 4 2.1.1. O multilateralismo e a Carta do Atlântico ................................................................ 5 2.1.2. O desenvolvimento económico e a descolonização (1960-1973) ............................ 7 2.1.3. A acção da OPEP marca um ponto de inflexão ........................................................ 7 2.1.4. O combate pela descolonização económica (1974-1984) ........................................ 8 2.1.5. Um imperialismo Triunfante .................................................................................... 9 2.1.6. A persistência da dependência e do subdesenvolvimento da África ...................... 10 2.1.7. O governo dos negros e a sobrevivência do capitalismo na África do Sul ............ 11 2.1.8. O governo dos negros e o desenvolvimento do socialismo na África do Sul ........ 11 2.1.9. Estabelecimento do Socialismo em África ............................................................. 11 2.1.10. Estabelecimento do Socialismo em Moçambique ................................................ 12 3. Conclusão ............................................................................................................................. 13 4. Referência Bibliográfica ...................................................................................................... 14 3 1. Introdução O presente trabalho da disciplina de História de África do século XX dos meados do século XXI, com o tema A Cooperação dos Estados Africanos Independentes com o Mundo. Com destaque aos (Países Capitalistas; Socialistas e em Desenvolvimento). O combate da África contra a ocupação territorial oficial foi coroado com sucesso, já a referente a luta do continente contra a exploração económica estava apenas em seu inicio, Considera-se, em geral, que o ano 1960, no transcorrer do qual grande numero de países africanos conquistou a independência, representa o ponto de partida para a independência da África. As relações entre a África e o mundo exterior capitalista eram essencialmente relações afro ocidentais, o mundo ocidental considerado no sentido da tríade: Europa Ocidental, América do Norte e Japão. O socialismo existia desde os tempos imemoriais nas aldeias africanas. A quando das celebrações da independência nacional, a URSS apareceu em 16º lugar na lista do protocolo das delegações convidadas. Em Março de 1977, Moçambique e a URSS assinaram um acordo de comércio e cooperação com a duração de vinte anos. 1.1. Objectivos Gerais Debruçar em torno da Cooperação dos Estados Africanos Independentes com o Mundo. 1.1.1. Objectivos Específicos Explicar de forma detalhada o desenvolvimento da África independente destaque aos (Países Capitalistas; Socialistas e em Desenvolvimento); Analisar as transformações sócio políticos económicos que ocorreram no período da África independente; Compreender as dificuldades do período da África independente. 1.1.2. Metodologia Para a realização do presente trabalho foi necessário recorrer ao uso de métodos e técnicas de realização de trabalhos científicos tais como׃ consultas bibliográficas, consultas a internet, revisão bibliográfica e cruzamento de fontes. 4 2. A COOPERAÇÃO DOS ESTADOS AFRICANOS INDEPENDENTES COM O MUNDO (Países Capitalistas; Socialistas e em Desenvolvimento). O combate da África contra a ocupação territorial oficial foi coroado com sucesso, já a referente a luta do continente contra a exploração económica estava apenas em seu inicio, Considera-se, em geral, que o ano 1960, no transcorrer do qual grande numero de países africanos conquistou a independência, representa o ponto de partida para a independência da África. As relações entre a África e o mundo exterior capitalista eram essencialmente relações afro- ocidentais, o mundo ocidental considerado no sentido da tríade: Europa Ocidental, América do Norte e Japão. 2.1. A África e os países capitalistas As relações da África com o mundo capitalista foram marcadas por três flagelos: o tráfico de escravos, o imperialismo e o racismo. A história anterior das relações da África com o mundo capitalista evidentemente mostrou que o capitalismo desenvolvido poderia sobreviver sem problemas a abolição da escravatura. Inclusive seria ele capaz de tomar a sua iniciativa, pois que, a primeira potencia capitalista do século XIX, a Grã-Bretanha, também se apresentou como a primeira potência abolicionista. Na perspectiva de MAZRUI (2010, p, 927) Do final da Segunda Guerra Mundial ate os anos 1980, o mundo capitalista finalmente aceitou, a descolonização política da África, assim como, o inicio dos anos 1990 viu anunciar-se o fim do apartheid e do racismo institucionalizado na África Austral. Com a chegada da independência, as mudanças que os novos Estados africanos desejavam ver intervirem na esfera das suas relações com o mundo capitalista. As suas elites pretendiam: Modernizar a sociedade a fim de conquistar, para seu povo, o respeito da comunidade internacional; Realizar a descolonização politica da África, impondo um fim as humilhações do racismo; 5 Elas contavam também, a seu favor, com o desenvolvimento económico, para transformar os seus países em membros poderosos, ricos e respeitados no mundo industrializado; Enfim, elas pretendiam, através da descolonização económica, liberar‑se da tutela económica do Ocidente. O mundo ocidental acolheu estes anseios na justa medida do seu grau de compatibilidade com o seu interesse primordial, a saber: manter a sua supremacia, mediante tanto menos reformas quanto as possíveis. Quando estas pretendidas mudanças fossem alem, ou ao encontro destas reformas, o Ocidente, a elas, opor-se-ia caso contrário, ele as apoiaria. Para a África, assim como para o mundo ocidental, a modernização supunha um processo chamado a transformar as sociedades africanas em réplicas negras das sociedades industriais do século XX. O modelo predilecto em geral era proporcionado pelas sociedades industriais capitalistas. A maioria dos dirigentes africanos, a imagem dos seus homólogos ocidentais, rejeitava o modelo das sociedades industriais socialistas,arquétipo somente escolhido por uma minoria das elites africanas (M'BOKOLO, 2007). Em respeito ao Ocidente, tanto quanto aos Estados africanos, o objectivo económico da modernização consistia em permitir aos africanos adequarem-se rapidamente ao padrão da civilização de consumo, característica no mundo ocidental contemporâneo. Entretanto, se os africanos, por sua vez, pretendessem criar as suas próprias indústrias, para responderem a demanda por produtos constituídos como objectos de desejo, o Ocidente, a seu turno, preferiria ver a África permanentemente dependente em relação a si. 2.1.1. O multilateralismo e a Carta do Atlântico A Carta do Atlântico, redigida em 1941, pelo então presidente dos Estados Unidos da América do Norte, Franklin Roosevelt, e pelo primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, tornou-se a sua referência. Ela norteava-se pelos princípios do multilateralismo, conceito que igualmente inspirou a organização das grandes instituições político-económicas e militares do mundo capitalista no pós-guerra. Os acordos de Bretton Woods de 1944 criaram, sob a égide dos Estados Unidos da América do Norte, três instituições económicas fundamentais: O Fundo Monetário Internacional (FMI); O Banco Mundial; e o Acordo Geral Sobre as Tarifas e o Comercio (GATTI). 6 O FMI, cujo inicio do funcionamento deu-se em 1947, recebeu como tarefa nivelar as disparidades criadas pelos excedentes e pelos deficits nas balanças de pagamento. O Banco Mundial, cujo inicio do funcionamento data de 1946, teve como missão incentivar o investimento de capitais com vistas a reconstrução e em prol do desenvolvimento dos países membros. Nas esferas políticas e militar, a Carta do Atlântico esteve a origem da criação de duas instituições: A primeira foi a Organização das Nações Unidas (ONU), fundada em 1945 e sediada nos Estados Unidos da América do Norte. Ela se tornaria o fórum político onde seriam discutidos os assuntos internacionais, enquanto os seus órgãos especializados prestariam uma assistência técnica no intuito de oferecer soluções a diversos aspectos dos problemas mundiais; Em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se lhe atribuiu a responsabilidade pela defesa colectiva das potências europeias e norte-americanas do mundo capitalista, cabendo aos Estados Unidos da América do Norte figurar, neste contexto, na qualidade de primos interpares. Duas outras organizações económicas multilaterais, ulteriormente criadas, influíram no curso da evolução da África independente: Trata-se primeiramente da Comunidade Económica Europeia (CEE), criada pelo Tratado de Roma em 1957 e cujo inicio das actividades teve lugar em 1958, sob o impulso determinante dos interesses da Franca. Os seus membros visavam, especialmente, promover uma politica externa comum, nas esferas do comércio, da agricultura e dos transportes. A segunda organização é um clube das principais potências capitalistas, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ela teve como missão, entre outras, promover o comércio multilateral em escala mundial. Estas instituições (ONU, FMI, Banco Mundial, GATTI, CEE, OCDE, OTAN) estavam no centro de uma ampla estrutura de regulamentações, leis, procedimentos e organizações, as quais, em conjunto, determinavam os mecanismos de funcionamento do mundo capitalista em cujos países africanos descolonizados inseriam-se. 7 2.1.2. O desenvolvimento económico e a descolonização (1960-1973) Decidido a preservar o seu protectorado económico sobre a África e temendo as incursões do bloco soviético, caso os africanos encontrassem-se frustrados em suas aspirações, o Ocidente estaria pronto a possibilitar certo grau de africanização da economia do continente africano e a apoiar com os seus meios o tipo de desenvolvimento limitado que as potências coloniais haviam começado a organizar após a Segunda Guerra Mundial. Porem, as exigências do nacionalismo africano ultrapassavam em muito aquilo que o Ocidente, Estados Unidos da América do Norte a frente, estava disposto a conceder. O primeiro quarto de século de independência política da África, igualmente, veria chocar-se a acção dos africanos, em favor do desenvolvimento e da descolonização do continente, com os esforços empreendidos pelos ocidentais, cujo alvo consistia em parar estas mutações. Na perspectiva de MAZRUI apud CHINWEIZU (2010, p. 927), Os socialistas e os capitalistas africanos não estavam de acordo em respeito aquelas modalidades de organização social interna, as mais adequadas para aplicar esta estratégia de desenvolvimento. Para os partidários da “via socialista de desenvolvimento”, a aplicação deveria ser realizada por intermédio de medidas sociais e económicas norteadas pela propriedade colectiva dos meios de produção. Na prática, propriedade colectiva significava propriedade do Estado. Para os defensores da “via capitalista de desenvolvimento”, a estratégia deveria acontecer através de medidas, sociais e económicas, baseadas no principio capitalista e envolvendo uma propriedade dos meios de produção, a um só tempo, publica e privada. Eles optavam por uma economia mista, ao combinarem, em doses variáveis, a empresa privada e a empresa pública. No inicio dos anos 1970, não havia sequer sinais de uma “recuperação” em qualquer pais da África (capitalista, socialista ou marxista). O mundo inteiro poderia constatar que as nações ricas tornavam-se progressivamente mais prósperas, ao passo que os pobres, aqui incluídos os países africanos, estavam cada vez mais empobrecidos. (CASTRO, 1978. P, 149) 2.1.3. A acção da OPEP marca um ponto de inflexão A acção da OPEP teve repercussões em diversos níveis das relações afro-ocidentais. Em que pese a influência moderadora de Washington, sobre o mais potente dentre os membros da OPEP, a Arábia Saudita, o cartel dos produtores de petróleo desencadeou uma crise aguda na 8 balança de pagamento dos países não produtores de petróleo, crise esta que transformou em verdadeiro pesadelo a gestão económica. A acção da OPEP mostrou igualmente ser possível superar os obstáculos relativos a fixação dos preços e outras barreiras, formando um cartel de produtores e lançando ataques políticos orquestrados, incidentes sobre a estrutura das relações económicas externas. Em virtude desta possibilidade, desde logo manifesta, o sucesso da OPEP teve duplo efeito, nas esferas da propaganda e da diplomacia internacional, por um lado, ao transformar em debate público a controvérsia, ate então académica, concernente a estratégia do desenvolvimento, e, por outro lado, ao também transformar os apelos isolados pela descolonização das relações económicas internacionais em reivindicação geral (DE ANRADE, 1998, p. 98). Quando as economias africanas passaram da estagnação ao declínio e, em seguida, mergulharam na crise, em parte causada pela vertiginosa alta nos preços do petróleo, continuou-se com a mesma intensidade a buscar estratégias de desenvolvimento eficazes e os meios para a mudança das relações económicas externas. 2.1.4. O combate pela descolonização económica (1974-1984) Os Estados africanos prosseguiram em seu esforço de descolonização orientados por duas directrizes centrais: O combate geral do Terceiro Mundo em favor de uma nova ordem económica internacional; e As negociações da Convenção de Lome, entre os países ACP e a CEE. Em 1974, o Grupo dos Setenta e Sete logrou alcançar na ONU a adopção de uma Declaração para o Estabelecimento de uma Nova Ordem Económica Internacional, acompanhada de um Programa de acção, com este propósito. O grupo igualmente garantiu a adopção de uma Carta dos Direitos Económicos dos Estados. Esta carta apresentava dois importantes aspectos, ela afirmava: Ao um só tempo, a soberania das nações em respeito aos seus recursos naturais,sobre os bens estrangeiros e aqueles das sociedades multinacionais situadas em seu território; Assim como o seu direito de nacionalizar estes bens e decidir modalidades indemnizatórias Para possibilitar aos países terceiro-mundista disporem de maior volume de capitais. 9 Para preservar o rendimento das suas exportações, eles propuseram indexar os preços dos produtos primários aqueles dos artigos manufacturados. Estas ideias foram apresentadas na quarta sessão da Conferencia das Nações Unidas sobre o desenvolvimento, em Nairobi, no ano 1976, na forma de proposição de um Programa Integrado para os Produtos de Base (PIPB). Segundo FAGE (1995) Os países ocidentais não eram evidentemente favoráveis a estas proposições que tendiam a suprimir ou enfraquecer o seu controle sobre a economia mundial. Mas, eles não queriam tampouco uma proliferação de cartéis, do género da OPEP, para outros produtos de base, e muito menos a generalização de um clima de hostilidade ou enfrentamento económico. A ideia de indexação dos preços relativos aos produtos primários, aqueles dos artigos manufacturados, foi abortada. No quadro da campanha geral em prol de uma nova ordem económica internacional, lançada pelo Terceiro Mundo, os países africanos insistiam naquilo que caracterizava a economia africana. Em razão da África ser, sobretudo, um fornecedor de matérias-primas, a sua preocupação central pressupunha, naturalmente, a estabilização das suas receitas de exportação e a indexação. 2.1.5. Um imperialismo Triunfante Os países africanos permaneceram membros da ONU, do Banco Mundial, do FMI, e estas instituições não perderam o seu carácter como instrumentos da dominação ocidental, quanto a influência da África e do Terceiro Mundo em suas actividades e programas, ela não aumentou de modo notável salvo no âmbito da retórica. Igualmente, os ocidentais continuaram a controlar os fluxos das exportações africanas. Se houve tentativas realizadas para interrompe-los, elas fracassaram. Por exemplo, em 1981, o Zaire decidiu comercializar os seus diamantes de forma independente, mas ele renunciou em 1983, rendendo-se novamente. Na visão de LEMPERT (1968, p. 224) No inicio dos anos 1980, os próprios Estados africanos marxistas abandonaram Marx, em prol da economia mista, e manifestaram a sua predisposição em estabelecerem relações económicas mais estreitas com este Ocidente e com as suas multinacionais, ate bem pouco, odiados. A Guine e o Congo, adeptos da via socialista nos anos 1960, tentaram uma reaproximação política com o Oeste e buscaram atrair a Etiópia, Angola e Moçambique, dez anos somente 10 após se terem autoproclamado Estados marxistas, estes países se desligaram do modelo soviético e reataram os laços com o mundo ocidental. Moçambique, por exemplo, Estado marxista convicto, dedicou-se a cortejar seriamente o Ocidente em 1982. Para combater a crise, Moçambique, cuja economia era inteiramente planificada, liberalizou de modo limitado o mercado de trabalho e aquele referente a alguns bens. Solicitou a sua adesão ao Banco Mundial e ao FMI para, em seguida ao final de 1984, tornar-se o sexagésimo quinto pais do grupo ACP. Ademais, lançou-se operações conjuntas com sociedades empresariais americanas, japonesas e espanholas e ofereceu a Lonhro uma parte das explorações agrícolas do Estado (MELO et al, 1978). Assim sendo, em lugar de tomar as suas distancias com o mundo Ocidental, a África permaneceu ligada ao sistema capitalista mundial segundo o modelo colonial clássico, através das próprias estruturas das quais quisera livrar-se ou as quais intuirá modificar. 2.1.6. A persistência da dependência e do subdesenvolvimento da África Não somente a África não atingiu a criação de uma robusta modernidade mas, ela inclusive perdeu a sua tradicional capacidade em assegurar a sua própria subsistência. Em 1984 ela era o único continente incapaz de se alimentar por si próprio. Segundo KI-ZERBO (1972) As grandes fomes devastavam ou ameaçavam vastas porções de territórios. A imagem mais representativa do continente negro era aquela própria a uma incompetência crónica simbolizada por um refugiado em pele e osso, tendendo perpetuamente ao semblante do mendigo. Os dirigentes africanos lançavam ao mundo os seus pedidos de socorro e, enquanto os famintos morriam aos milhões, a África tornava-se um objecto de caridade e piedade. A África tomou o hábito, ao longo do período considerado, de imputar a responsabilidade para todos os seus males ao mundo ocidental, particularmente, pela sua recusa em modificar as relações desiguais que ele estabelecera a época do colonialismo. Ora, esta atitude manifesta com a maior nitidez a irresponsabilidade africana. A incapacidade da Nigéria em acumular ou investir criteriosamente estes enormes fundos, provenientes da exploração petrolífera, pode ser atribuída, em larga medida, as origens, a ideologia e as aspirações da sua classe dirigente. Em contrapartida, a burguesia ocidental tinha por hábito acumular capital, neste aspecto, ela possuía uma longa experiencia e apoiava-se, de modo suplementar, em sistemas produtivos altamente desenvolvidos, assim como em grandes reservas de capitais, anteriormente acumulados que ela podia mobilizar com vistas a uma nova acumulação. (KI-ZERBO, 1972) 11 2.1.7. O governo dos negros e a sobrevivência do capitalismo na África do Sul A África do Sul negra, livre do apartheid, poderia tornar-se uma potência imperialista de segunda linha na África Austral (“O poder corrompe e o poder absoluto corrompe de modo absoluto”). Os novos dirigentes negros deverão proteger-se desta tentação. Na perspectiva MAZRUI apud CHINWEIZU (2010, p, 929) de Os sul- africanos negros, os mais oprimidos do século XX, ao que tudo indica são convocados a tornarem-se os negros mais potentes do século XXI. Em razão dos laços de independência mutua entre a riqueza mineral e o capitalismo internacional, os dirigentes negros talvez considerem que o capitalismo seja o sistema mais rentável e seriam tentados a conserva-lo. 2.1.8. O governo dos negros e o desenvolvimento do socialismo na África do Sul A luta prolongada, poderia fazer bascular a África do Sul negra em direcção ao socialismo. Enfim, a causa em prol da construção do socialismo poderia tirar proveito do duplo movimento, referente a ampliação do proletariado negro e a interrupção do aburguesamento (ILLIFE, 1999. P, 932). A profecia do homem branco, segundo a qual, atrás de todo nacionalista haveria um marxista, findaria por consumar-se. Em suma, o casamento entre o apartheid e o capitalismo ocidental alcança certamente o seu ocaso. Para o capitalismo internacional, o racismo institucionalizado esta, actual e provavelmente, fadado a inscrever-se no passivo, muito mais que no activo, do saldo global do sistema, ele apressa-se em livra-se do apartheid, não pelo interesse da justiça mas, em razão do interesse e do lucro. 2.1.9. Estabelecimento do Socialismo em África Na visão de LEMPERT (1968, p. 224) No inicio dos anos 1980, os próprios Estados africanos marxistas abandonaram Marx, em prol da economia mista, e manifestaram a sua predisposição em estabelecerem relações económicas mais estreitas com este Ocidente e com as suas multinacionais, ate bem pouco, odiados. A Guine e o Congo, adeptos da via socialista nos anos 1960, tentaram uma reaproximação política com o Oeste e buscaram atrair a Etiópia, Angola e Moçambique, dez anos somente após se terem autoproclamado Estados marxistas, estes países se desligaram do modelo soviético e reataram os laços com o mundo ocidental. Moçambique, por exemplo, Estado marxista convicto, dedicou-se a cortejar seriamente o Ocidente em 1982. Para combater a crise, Moçambique, cuja economia era inteiramente planificada, liberalizou de modo limitado o mercado de trabalho e aquele referente a algunsbens. Solicitou a sua adesão ao Banco Mundial e ao FMI para, em seguida ao final de 1984, tornar-se o sexagésimo quinto pais do grupo ACP. Ademais, lançou-se operações conjuntas com sociedades empresariais americanas, japonesas e espanholas e ofereceu a Lonhro uma parte das explorações agrícolas do Estado (MELO et al, 1978). 12 Assim sendo, em lugar de tomar as suas distancias com o mundo Ocidental, a África permaneceu ligada ao sistema capitalista mundial segundo o modelo colonial clássico, através das próprias estruturas das quais quisera livrar-se ou as quais intuirá modificar. 2.1.10. Estabelecimento do Socialismo em Moçambique Quando o regime autoritário de Marcelo Caetano foi derrubado em Portugal em 1974, a Frelimo, que vinha lutando pela independência desde 1962, já mantinha sob seu controlo três das 10 províncias de Moçambique. A Frelimo, sob pressão contínua do conflito vigente, forçou a antiga potência colonial a abandonar o país mais cedo e a entregar o poder sem realização de eleições (Acordo de Lusaka, 7 de Setembro de 1974). Consequentemente, foi criado antes da independência (25 de Junho de 1975) um governo de transição, maioritariamente composto por ministros da Frelimo e liderado por um primeiro-Ministro. Com a independência de Moçambique em 1975, foi adoptada uma Constituição, a qual definia o papel da Frelimo como força de liderança do Estado e da sociedade, bem como assegurava a legitimação do regime de partido único, eliminando, deste modo, qualquer forma de pluralismo social (MELO et al, 1978). Nestes termos, as autoridades tradicionais foram abolidas por decreto e substituídas por comités locais do partido, os grupos dinamizadores. Os dissidentes da Frelimo e membros da oposição política que não optaram pelo exílio, rapidamente se viram forçados a integrar campos de reeducação e de trabalho na Província do Niassa (operação produção). Enquanto a década de 1970 pode ser, em larga medida, descrita como a fase da consolidação do poder pela Frelimo, a de 1980 revelou os primeiros sintomas de um estado em crise. Em termos estruturais, materiais e económicos, o conceito do estado, enquanto agente exclusivamente responsável pelo desenvolvimento económico nacional, provou ser um fracasso (MELO et al, 1978). O estabelecimento de aldeias comunais e a consequente recolocação de populações à força, despoletaram forte resistência por largos sectores da população rural. A tradicional economia de subsistência dos camponeses não tinha lugar no modelo socialista de desenvolvimento implantado, marginalizando grandes segmentos populacionais da sociedade rural que se desiludiam, cada vez mais, com o governo de então. Política do primeiro presidente da Tanzânia, Kambarage Nyerere, que após o batismo adquiriu o nome de Julius Nyerere Kambarage. Acreditava que o socialismo existia desde os tempos imemoriais nas aldeias africanas. A quando das celebrações da independência nacional, a URSS apareceu em 16º lugar na lista do protocolo das delegações convidadas. Em Março de 1977, Moçambique e a URSS assinaram um acordo de comércio e cooperação com a duração de vinte anos (MALOA. 2011). A exclusão era o sentimento de largos segmentos da população, face a um sistema político que incluía características patrimoniais, tornando o estado numa fonte de acumulação de privilégios e recursos materiais para os que a ele tinham acesso. 13 3. Conclusão A análise desenvolvida neste trabalho considerou como ponto de partida a Cooperação dos Estados Africanos Independentes com o Mundo. Com destaque aos (Países Capitalistas; Socialistas e em Desenvolvimento) que marcaram as relações entre a África e o mundo. O capitalismo ocidental não sofrera com a descolonização política da África, na justa que este processo não se acompanhou de uma descolonização económica. A história mostrou que ao capitalismo internacional não lhe era imprescindível plantar pavilhões imperiais, em impérios territoriais, para poder alimentar-se da substancia de outras sociedades, ele e perfeitamente capaz de parasita-los, sem erguer a bandeira nacional. No inicio dos anos 1980, os próprios Estados africanos marxistas abandonaram Marx, em prol da economia mista, e manifestaram a sua predisposição em estabelecerem relações económicas mais estreitas com este Ocidente e com as suas multinacionais, ate bem pouco, odiados. A Guine e o Congo, adeptos da via socialista nos anos 1960, tentaram uma reaproximação política com o Oeste e buscaram atrair a Etiópia, Angola e Moçambique, dez anos somente após se terem autoproclamado Estados marxistas, estes países se desligaram do modelo soviético e reataram os laços com o mundo ocidental. 14 4. Referência Bibliográfica CASTRO, A. - O sistema colonial português em África, Lisboa, Editorial Caminho. 1978. DE ANRADE, M. P. Origens do nacionalismo Africano. Lisboa, publicações Dom Quixote, 1998. FAGE, J.D. Historia de África. Lisboa, edições 70, 1995. ILLIFE, John. Os Africanos. História de um continente. Lisboa, Terramar, 1999. KI-ZERBO, J. Historia da África Negra II. Lisboa, Publicações Europa - América, 1972. LEMPERT, L. O. - A historia de África. 1918-1967, Academia Soviética de Ciências, Instituto da África, Moscou, Nauka. 1968. MALOA, Joaquim Miranda. O lugar do marxismo em Moçambique: 1975-1994. 2011. MAZRUI, A. A. Historia geral da África VIII, África Desde 1935, In: CHINWEIZU. A África e os países capitalistas. [Cap. 26]. Brasília: UNESCO, 2010. MAZRUI, A. A. Introdução, In: MAZRUI, Ali A. (Org.). História geral da África VIII, África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010. M'BOKOLO, Elikia. África Negra: historia e civilizações do séc. XIX aos nossos dias. Lisboa, Edições colibri, 2007. MELO, António; Capela, José; Moita, Luís & Perreira, Nuno teotónico. Colonialismo e lutas de libertação. Porto, Afrontamento, 1978.
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