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Técnico em Biblioteca Edinaldo Barbosa 2014 Representação Temática Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Temer Ministro da Educação José Henrique Paim Fernandes Secretário de Educação Profissional e Tecnológica Aléssio Trindade de Barros Diretor de Integração das Redes Marcelo Machado Feres Coordenação Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Arêas Governador do Estado de Pernambuco João Soares Lyra Neto Secretário de Educação José Ricardo Wanderley Dantas de Oliveira Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Gerente Geral de Educação Profissional Luciane Alves Santos Pulça Coordenador de Educação a Distância George Bento Catunda Coordenação do Curso Hugo Carlos Cavalcanti Coordenação de Design Instrucional Diogo Galvão Revisão de Língua Portuguesa Letícia Garcia Diagramação Izabela Cavalcanti INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 1.COMPETÊNCIA 01 | CONHECER FUNDAMENTOS E PROCESSOS DA CLASSIFICAÇÃO, ANALISANDO EVOLUÇÃO E A APLICAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO ................................................ 5 1.1 Histórico ................................................................................................................. 6 1.2 Classificação ......................................................................................................... 13 1.3 Tipos de Sistemas de Classificação ....................................................................... 16 1.4 Como Classificar ................................................................................................... 18 2.COMPETÊNCIA 02 | CONHECER OS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: CDD E CDU ................................................................................................................................................ 20 2.1 Conceitos .............................................................................................................. 20 2.2 Classificação Decimal de Dewey .......................................................................... 21 2.2.1 Estrutura ............................................................................................................ 26 2.2.2. Divisões de Forma ............................................................................................ 26 2.2.3 Divisão Geográfica ............................................................................................. 27 2.2.4 Divisão Filológica (Linguística) ........................................................................... 28 2.2.5 Divisão de Forma Literária ................................................................................ 29 2.2.6 Tabelas Suplementares da 14ª Edição .............................................................. 29 2.3 Classificação Decimal Universal ........................................................................... 30 2.3.1 Estrutura e Notação .......................................................................................... 31 3.COMPETÊNCIA 03 | ENTENDER OS PRINCÍPIOS E NOTAÇÕES DA CDD E CDU ................... 35 3.1 Notação ................................................................................................................ 35 3.1.1 Caracteres ......................................................................................................... 35 3.1.2 Finalidades......................................................................................................... 37 3.1.3 Qualidades ......................................................................................................... 37 3.1.4 Ordem ............................................................................................................... 37 3.1.5 Expressividade ................................................................................................... 38 3.1.6 Especificidade .................................................................................................... 38 3.1.7 Hospitalidade e Flexibilidade ............................................................................ 39 3.1.8 Facilidade e Brevidade ...................................................................................... 41 3.2 Classificação Decimal de Dewey .......................................................................... 41 3.2.1 Princípio de Hierarquia ...................................................................................... 41 3.3 Classificação Decimal Universal ........................................................................... 42 Sumário 4.COMPETÊNCIA 04 | ORGANIZAR O ACERVO DE ACORDO COM OS TEMAS: CATEGORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO .................................................................................. 48 4.1 Classificação Decimal de Dewey .......................................................................... 49 4.2 Classificação Decimal Universal ........................................................................... 65 4.3 Tabela de Cutter ................................................................................................... 82 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 85 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 86 MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ........................................................................................... 91 3 Representação Temática INTRODUÇÃO Prezados alunos, a Representação Temática é uma das disciplinas, na área da Biblioteconomia, que é fundamental para a organização dos documentos em um acervo. Essa organização é função primordial para o bom funcionamento de uma unidade informacional. Dela, vão depender os serviços de busca da informação e da circulação dos documentos. Em uma biblioteca, os livros e documentos, em geral, estão organizados segundo uma classificação, contendo uma linguagem artificial, ou seja, os assuntos neles contidos são representados por códigos ou símbolos, para facilitar ao usuário o acesso à informação com mais rapidez e precisão, para que isso aconteça será necessário um bom sistema de classificação. Portanto, o classificador deverá realizar um trabalho correto e eficaz para a garantia de sucesso. Para os profissionais que atuam na biblioteca, o conhecimento desse sistema representará a facilidade para uma arrumação rápida e constante. Apesar de o conhecimento de um sistema de classificação significar, também, um conjunto de saberes sobre uma diversidade de assuntos, dentro de um universo possível, isso não quer dizer conhecê-los especificamente, mas sim, conhecer suas relações e sua subordinação. É isso que veremos. Neste caderno de estudo será possível acompanharmos os princípios que nortearam o processo de classificação. Observaremos, ainda, que através da história, esse processo se tornou mais complexo e completo, com a contribuição de filósofos e pessoas que dedicaram grande parte de sua vida ao amor pelos livros e, na construção de uma nova área do conhecimento, a Biblioteconomia e a Ciência da Informação. São apresentadas as diferenciações entre os sistemas de classificação e as maneiras como as notações são construídas, usando exemplos para melhor demonstrá-las. No fim da disciplina, dedicaremos maior espaço para o 4 Técnico em Biblioteca desenvolvimento prático das notações. Esta disciplina está apresentada em quatro competências: 1. Conhecer fundamentose processos da classificação, analisando a evolução e a aplicação da classificação; 2. Conhecer os tipos de classificação bibliográfica: CDD e CDU; 3. Entender os princípios e notações da CDD e CDU; 4. Organizar o acervo de acordo com os temas: categorização do conhecimento. Através delas, faremos observações utilizando imagens, quadros e tabelas para demonstrar, na prática, como representar um assunto. 5 Representação Temática Competência 01 1.COMPETÊNCIA 01 | CONHECER FUNDAMENTOS E PROCESSOS DA CLASSIFICAÇÃO, ANALISANDO EVOLUÇÃO E A APLICAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO Quando, pela primeira vez, nos deparamos com uma coleção de livros, em uma biblioteca, não entendemos como os livros estão organizados em cada lugar. Apenas conseguimos observar números e letras em suas lombadas, mas que à primeira vista não significam nada para nós, não é caro (a) aluno (a)? Esse conjunto de números e letras faz parte de uma representação artificial dos conteúdos dos livros e é exatamente esse processo que vamos conhecer os fundamentos e a evolução. Figura 1 – Estante de livros organizados e etiquetados de acordo com uma classificação Fonte: Verruga na gordura (2012) Figura 2 – Exemplo de etiqueta com notação do sistema de classificação Fonte: Wordpress (2012) 6 Técnico em Biblioteca Competência 01 O ser humano é, naturalmente, um classificador, executando esse processo de maneira inconsciente. “É um processo mental, habitual ao homem, pois vivemos automaticamente classificando coisas e ideias, a fim de compreendê- las e conhecê-las” (PIEDADE, 1977, P. 8). A partir da própria organização social em classes, usando critérios de função social, o homem foi se separando e se organizando. Com o desenvolvimento da oralidade e da escrita, esse ser adquiriu o poder de representar através de sons e símbolos, coisas, ideias e sentimentos. 1.1 Histórico Há registros históricos de pseudo classificações do século VI a. C. na Assíria, onde, na Biblioteca de Assurbanipal, quando a informação ainda era gravada em tabletes de argila, havia uma divisão bem simples entre aqueles destinados às ciências da terra e os das ciências do céu (PIEDADE, 1977). No século III a. C. Calimacus (ou Calímaco), chefe da Biblioteca de Alexandria e considerado o primeiro bibliotecário, elaborou um catálogo denominado Pinakes, onde havia uma divisão da coleção pelo tipo de escritores (PIEDADE, 1977): 1. Poetas: Épicos Cômicos Trágicos Ditirambos 2. Legisladores 3. Filósofos Geométricos 7 Representação Temática Competência 01 Matemáticos 4. Historiadores 5. Oradores 6. Escritores de Tópicos Diversos Na era medieval, o processo de ordenação dos livros torna-se mais diversificado, ordenando-os por tamanho, ordem alfabética dos autores e em ordem cronológica (PIEDADE, 1977). A classificação, como prática consciente, nasce da necessidade de organizar um conjunto de coisas, de acordo com critérios, sejam eles simples como cores, tamanhos, formatos ou mais elaborados como o conteúdo. Figura 3 - Aristóteles Fonte: Wikipédia (2012) A primeira tentativa de classificação do conhecimento de que se tem notícia foi desenvolvida por Aristóteles, que vigorou por aproximadamente, 2000 anos (entre 300 a. C. e 1600 d. C.). Essa classificação dividia a ciência em três partes: Teórica (visando o conhecimento de si – matemática, física e metafísica); Prática (buscando o conhecimento como um guia de conduta, cujo 8 Técnico em Biblioteca Competência 01 propósito é a ação – ética, política, economia e retórica); Produtiva (tendo como propósito a criação de um produto – poesia e artes). Aristóteles estabeleceu os princípios que nortearam os sistemas de classificação, chamando de categorias ou predicáveis as classes gerais, essas seriam dez, classificadas ainda como gêneros supremos ou dez essências, sendo elas: 1. Substância (homem, cachorro, pedra, etc.); 2. Qualidade (azul, virtuoso, etc.); 3. Quantidade (grande, comprido, dois quilos, etc.); 4. Relação (mais pesado, escravo, duplo, etc.); 5. Duração (ontem, 1070, de manhã, etc.); 6. Lugar (aqui, Brasil, no pátio, etc.); 7. Ação (correndo, cortando, falando, etc.); 8. Paixão ou Sofrimento (derrotado, cortado, etc.); 9. Maneira de ser (saudável, febril, etc.); 10. Posição (horizontal, sentado, etc.). Figura 4 – Johannes Gutenberg Fonte: imprensasociedade.blogspot.com.br 2012 No século IV, o filósofo grego Porfírio desenvolveu uma classificação do conhecimento baseada no princípio da oposição, chamada de classificação dicotômica onde, para cada ramo do conhecimento, havia outro de oposição. 9 Representação Temática Competência 01 Um dos instrumentos conhecidos dessa classificação é a Árvore de Porfírio. Figura 5 – Estrutura da Árvore de Porfírio Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/porfirio.jhtm (2012) A partir do advento da imprensa, no século XV, quando Gutenberg desenvolve uma tecnologia denominada de prensa móvel, ocorre a chamada explosão bibliográfica, e a necessidade de organizar todo o conjunto de obras torna-se fundamental. No século XVI, Konrad Von Gesner publica a obra Bibliotheca Universalis, considerada por Edward Edwards a primeira classificação bibliográfica. Baseando-se no trivium e quadrivium, considerava a filosofia como sendo a totalidade do conhecimento, apresentando para ela 21 subdivisões (PIEDADE, 1977): FILOSOFIA Ciências preparatórias Necessárias Sermoniais 1. Gramática e filologia 2. Dialética 3. Retórica 10 Técnico em Biblioteca Competência 01 4. Poética Matemática 5. Aritmética 6. Geometria, Ótica, etc. 7. Música 8. Astronomia 9. Astrologia Ornamentais 10. Adivinhação e Mágica 11. Geografia 12. História 13. Artes Mecânicas Substanciais 14. Filosofia Natural 15. Metafísica 16. Moral 17. Economia 18. Política civil e Militar 19. Jurisprudência 20. Medicina 21. Teologia cristã No século XIX, surge a Classificação de Melvil Dewey, inspirada na divisão do conhecimento humano de William Harris, que se baseava na inversão da classificação de Francis Bacon. A classificação de Dewey será vista com mais detalhes mais adiante. Veja o quadro comparativo: 11 Representação Temática Competência 01 Francis Bacon (1605) Inversão Harris (1870) Dewey (1876) Faculdades Mentais Classes Classes Classes Memória História Natural Civil Filosofia Ciências Filosofia Religião Ciências sociais e políticas Ciências Naturais Generalidades Religião Ciências Sociais Imaginação Poesia Narrativa Dramática Parabólica Poesia Artes Belas Artes Poesia Ficção Literatura Miscelânea Belas Artes Literatura Razão Filosofia Divina Natural Humana Teologia História História Geografia e viagens História Civil Biografia Miscelânea História Geografia e viagens Biografia História /Civil Figura 6– Quadro comparativo entre classificações Fonte: Piedade, 1977, p. 65. O sistema criado por Dewey foi pioneiro no uso de números decimais para classificação dos documentos, utilizando-os para comportar muitas divisões. Nele, o conhecimento encontra-se dividido em 10 classes. Cada uma delas podendo ser subdivididas diversas vezes. Classe 000 Obras gerais Classe100 Filosofia Classe 200 Religião Classe 300 Ciências Sociais Classe 400 Linguística Classe 500 Ciências Puras Classe 600 Ciências Aplicadas Classe 700 Belas Artes Classe 800 Literatura 12 Técnico em Biblioteca Competência 01 Classe 900 Geografia. Biografia. História Charles Ammi Cutter, mostrando-se insatisfeito com o sistema decimal de Dewey, desenvolve a chamada Expansive Classification, na qual, os assuntos são representados por letras. Ele foi pioneiro no uso de subdivisões comuns de forma e geográficas, ou seja, utilizando as letras que significavam formas e locais, em outros assuntos. Suas classes: A Obras Gerais B Filosofia BR Religião C Religiões judaica e Cristã D Histórias eclesiásticas E Biografia F História G Geografia e Viagens H Ciências Sociais I Sociologia J Governo e Política K Legislação. Direito L Ciências em Geral M História Natural em Geral. Geologia. Biologia N Botânica O-P Zoologia. Antropologia Q Medicina R Artes Úteis S Engenharia e Edificação T Manufaturas U Artes Defensivas e Preservativas V Artes Recreativas. Esportes. Teatro. Música W Belas Artes X Língua Y Literatura 13 Representação Temática Competência 01 YF Ficção Z Arte do Livro Em 1905, é publicado o sistema de Classificação Decimal Universal (CDU), considerado o segundo, em maior importância dos sistemas bibliográficos, criado por Paul Otlet e Henri de La Fontaine. Baseado na Classificação de Dewey (CDD), diferenciando-se por não conter uma classe quatro, essa permanece vazia. Ela utiliza em sua notação sinais gráficos. Principais classes: 0 Generalidades 1 Filosofia 2 Religião. Teologia 3 Ciências Sociais 5 Ciências Puras 6 Ciências Aplicadas 7 Belas artes. Divertimentos. Desportos 8 Linguística e Literatura 9 Geografia. Biografia. História Em 1933, Ranganathan publica o seu sistema da classificação, denominado de Classificação de Dois Pontos, destacando-se por ser “inteiramente sintético, em que os assuntos são apresentados em listas de facetas e, cabe ao classificador, construir os números de classificação, segundo uma fórmula apresentada no início da classe” (PIEDADE, 1977, p. 68). 1.2 Classificação De acordo com Barbosa (1969), por muito tempo, os livros eram arrumados apenas com o sentido de sua preservação, já que não tinham a preocupação de serem consultados por um grande número de pessoas. Até então, as coleções eram agrupadas por sistemas filosóficos ou práticos. Apenas quando surgem as bibliotecas universitárias, no século XIX, é que, de fato, cresce a necessidade de uma arrumação sistemática nas estantes pela condição, agora, O advogado Paul Otlet e o professor e político Henri La Fontaine, esses belgas, aproximados pelo interesse bibliográfico que tinham em comum, compreendendo a necessidade de melhorar a organização para controlar a bibliografia foram responsáveis por organizar uma bibliografia universal, intitulada Repertoire Bibliographique Universel. (PIEDADE, 1977). 14 Técnico em Biblioteca Competência 01 do livre acesso aos livros. Esse rompimento de paradigma fez com que vários filósofos concebessem grandes agrupamentos, que sempre variavam de acordo com o conceito de cada filósofo. A definição de classificação é variada, (BARBOSA, 1969, p.13), em lógica, ela é “um processo mental pelo qual coisas, seres ou pensamento são reunidos, segundo as semelhanças ou diferenças que apresentam”. Classificar pode ser, ainda, de acordo com (PIEDADE, 1977, P. 8), “dividir em grupos ou classes, segundo as diferenças e semelhanças. É dispor os conceitos, segundo suas semelhanças e diferenças, em certo número de grupos metodicamente distribuídos”. Exemplo: os seres vivos compreendem um conjunto de espécimes vegetais e animais; os animais podem ser racionais e irracionais; os racionais podem ser homens e mulheres. Quando realizamos essa atividade, estamos classificando. Nota-se que partimos sempre de uma semelhança para encontrarmos uma diferença. Se analisarmos um conjunto de 100 livros (livros=semelhança) e separarmos pela cor, predominante na capa (cor=diferença) encontraremos algumas subdivisões, pois existirão aqueles de cor vermelha, verde, azul, etc. Outros conceitos de classificação são o de (SAYERS, apud PIEDADE, 1977, p. 8) “ato ou a arte de determinar o lugar no qual uma coisa (objeto, ideia, documento etc.) deve ser enquadrada, num sistema de classificação”. Já Merrill (1958, apud PIEDADE, 1977, p.9) define como “a arte de dar aos livros um lugar exato, num sistema de classificação, no qual, os vários ramos do saber ou a descrição da vida humana, em seus vários aspectos, estão agrupados, conforme suas semelhanças ou suas relações recíprocas”. Tanto Sayers como Merrill, definem bem o procedimento que deve ser realizado numa biblioteca. 15 Representação Temática Competência 01 Figura 7 – Shiyali Ramamrita Ranganathan Fonte: curtindosoleitura.blogspot.com.br/2010_09_01archive.html (2012) Para completar, Ranganathan (PIEDADE, 1977 p. 9) ressalta que “classificar consiste em traduzir o nome dos assuntos dos documentos da linguagem natural, para a linguagem artificial, utilizada pelos sistemas de classificação bibliográfica”. Para que, então, classificar? E o que devemos levar em consideração ao fazê- la? Um bom sistema de classificação deve permitir (BARBOSA, 1969, p. 15): a) Localizá-los dentro da coleção; b) Retirá-los para consulta, com rapidez; c) Devolvê-los à coleção, sem dificuldade; d) Inserir novos livros aos já existentes, na coleção, sem que percam suas ordens lógicas; e) Inserir novos livros, de novos assuntos, sem quebrar a sequência do grupo. Os sistemas de classificação são definidos por (LANGRIDGE, apud PIEDADE, 1977, p. 9), como “um mapa completo de qualquer área do conhecimento, mostrando todos os seus conceitos e suas relações”. Esses sistemas são formados por disciplinas e fenômenos, onde as disciplinas podem ser fundamentais (Religião, História, Ciências Sociais, etc.) ou subdisciplinas como, Economia, Sociologia, Música, entre outras. Ainda segundo (LANGRIDGE, apud PIEDADE, 1977, p. 9), fenômeno “é tudo 16 Técnico em Biblioteca Competência 01 que é percebido pelos sentidos ou pela consciência, tudo que se observa. Fenômenos são fatos de natureza moral, social ou física, isto é, coisas, ações, ideias, reações, agentes, etc., estudados pelas várias disciplinas”. Exemplo: homem, café, mar, erosão, etc. 1.3 Tipos de Sistemas de Classificação Os sistemas de classificação podem ser repartidos de acordo com a característica predominante na sua divisão. Segundo a qualidade escolhida para a base de classificação, elas podem ser: “naturais”, quando é aplicada à característica natural ou inseparável do objeto classificado e, “artificiais”, quando são aplicadas características artificiais ou mutáveis (PIEDADE, 1977). De acordo com a finalidade a que se destinam, os sistemas de classificação podem ser: filosóficos, criados pelos filósofos para definir, esquematizar e hierarquizar o conhecimento, sempre visando a uma ordem das ciências ou coisas. Ex: Bacon e Comte; bibliográfico, quando destinados à organização de documentos nas estantes, em catálogos, bibliografias, etc. Ex: Dewey, Bliss (PIEDADE, 1977). De acordo com o campo do conhecimento, os sistemas podem ser de classificações “gerais”, quando ordenam todo o conhecimento humano como, por exemplo, Bacon, Dewey, Cutter, Ranganathan; e “especializados” quando tratam apenas de umramo do conhecimento, como a classificação das plantas de Linné (ou Lineu) e a classificação para bibliotecas médicas de Cunningham. As classificações filosóficas surgem quando os filósofos percebem que há uma hierarquia entre causas e princípios e, portanto, uma hierarquia e uma relação entre as ciências que os estudam. Assim, eles resolveram esquematizar essas hierarquias (PIEDADE, 1977). Aristóteles teve maior prestígio entre os filósofos, apesar de alguns autores Carl Von Linné – Botânico, médico e zoólogo sueco, foi o pai da moderna taxonomia, desenvolveu as bases para o esquema moderno de nomenclatura binomial. 17 Representação Temática Competência 01 destacarem Platão como o primeiro filósofo a realizar uma classificação. Depois de Aristóteles, o filósofo inglês Francis Bacon, que viveu entre os séculos XVI e XVII, ganha evidência entre os bibliotecários, pela influência em várias outras classificações como a de Harris, Dewey, Classificação Decimal Universal e a classificação da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Bacon dividiu as ciências de acordo com as faculdades humanas: a memória, a imaginação, e a razão (PIEDADE, 1977). Em memória, Bacon faz uma relação com a história dividindo-a entre História Natural, História Civil e História Sagrada. A imaginação produziria a poesia, dividida em narrativa, dramática e parabólica. A razão criaria a Filosofia, dividida em natural, humana e teologia. No século XIX, Augusto Comte é o principal representante desse tipo de sistema. Para ele, as ciências foram divididas em abstratas (fundamentais) e concretas (derivadas). Nas abstratas, eram estudadas as leis gerais, independente dos seres concretos. Nas concretas, estudavam os seres, considerados em sua complexidade concreta (PIEDADE, 1977). Comte parte das ciências mais simples, abstratas e independentes, para as mais complexas e dependentes, dividindo-as em: Matemática Química Astronomia Biologia Física Sociologia Moral As classificações bibliográficas têm por base os assuntos tratados nos documentos para, assim, ordená-los em uma coleção. Pela sua complexidade, essas classificações exigem (PIEDADE, 1977, p. 59): 1. Uma classe que reúna as obras sobre todos os assuntos, subdividida pela forma do documento; 2. Subdivisões de forma, aplicáveis aos vários assuntos; 18 Técnico em Biblioteca Competência 01 3. Uma notação, isto é, um conjunto de símbolos para representar os assuntos e permitir a ordenação lógica dos documentos; 4. Um índice, para facilitar a consulta. 1.4 Como Classificar Para iniciar o processo de classificação de um livro, o classificador deverá estar atento a tudo que possa fornecer subsídios para conhecer o seu assunto. Lentino (1971) nos dá treze possibilidades, que podem oferecer essas informações, são elas: 1. Título – não é critério determinante, pois alguns títulos podem enganar. O livro “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, poderia levar ao classificador a determinar sua localização na área de Botânica, mas o conteúdo faz referência à Sociologia. 2. Subtítulo – alguns deles são explicativos e podem definir algo que o título não diz. 3. Nota de Série – muitas vezes, ela é fundamental para a classificação. 4. Prefácio – quando o livro é dotado de um prefácio, e este, for escrito pelo próprio autor, será mais fácil elucidar o assunto em questão. 5. Introdução – muitas vezes são longas e o classificador, na ânsia de terminar, despreza-a. Isso não deve acontecer. 6. Título do encadernador – por exemplo, uma coletânea de folhetos de Rui Barbosa foi encadernada. A nova capa ganhou o título de Jurídica, levando ao classificador a inseri-lo na área de Direito. Dentre outras coisas, ele também era jurista. 7. Tabelas de Conteúdo – é uma lista dos cabeçalhos do assunto contido no livro, e vem no seu início. 8. Índice – Quando os itens anteriores não são suficientes, o índice pode ser de grande ajuda para o classificador. 9. Bibliografia – são localizadas no fim dos capítulos, do livro ou em rodapés. 10. Tópicos Marginais – informações extras contidas em livros antigos. 11. Nome do Autor e sua atividade – quando título e outras pistas não são o 19 Representação Temática Competência 01 bastante para se traçar o assunto do livro, a atividade do autor ou a sua origem podem ajudar. 12. Orelhas do Livro – é comum elas trazerem pistas do assunto do livro. 13. Fontes externas – quando se esgotarem todas as possibilidades, o classificador poderá se valer de livros de referências, que podem dar pistas para a classificação. Depois de examinar o livro e determinar o assunto, deve-se localizá-lo no índice. Sendo esse assunto novo, é necessário, então, procurar a divisão e subdivisão para estabelecer uma ordem na coleção. Ao final, é escolhido o número de chamada, tendo o cuidado para não repetir com outro título. Feito isso, só restará a construção dos assuntos secundários e a inserção no catálogo. Além disso, a decisão de como classificar um livro deve, ainda, obedecer a algumas regras, as principais são (LENTINO, 1971): 1. O livro deve ser classificado pelo seu primeiro assunto e, depois, pela forma, exceto em literatura, quando [a] forma tem preferência. Ex: Filosofia de Arte classifica-se em Arte, e História da Filosofia em Filosofia. O livro “Os Lusíadas” fala da história de Portugal, mas sua classificação deve ser Literatura (poesia), pois a forma é predominante. 2. Colocar o livro onde for mais útil ao leitor. 3. Quando o livro tratar de dois ou mais assuntos, colocá-lo onde for mais útil, avaliado pela característica da biblioteca. Exemplo: um livro de higiene escolar, numa biblioteca de educação, irá para educação, enquanto que numa biblioteca médica ou de higiene, irá para higiene, fazendo-se, em ambas, referências para o outro assunto. (LENTINO, 1971) 20 Técnico em Biblioteca Competência 02 2.COMPETÊNCIA 02 | CONHECER OS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: CDD E CDU Nesta competência, faremos um estudo mais aprofundado dos dois tipos de classificações bibliográficas mais utilizadas no mundo, suas diferenças e especificidades. 2.1 Conceitos Vamos estudar um pouco mais sobre as classificações CDU e CDD, caro (a) aluno (a)? De acordo com o modo de apresentação dos assuntos e a estrutura da classificação, essas classificações podem ser: enumerativas, analítico- sintéticas ou semi-enumerativas. As classificações enumerativas buscam indicar todos os assuntos e todos os ajustes possíveis entre eles e oferecer os símbolos que os representam, prontos para serem empregados. As classificações analítico-sintéticas oferecem listas dos assuntos, acompanhadas de símbolos, e permitem ao classificador a possibilidade de combinar os símbolos para representar os assuntos compostos. Por isso, são chamadas também de classificações em facetas ou classificações facetadas. As classificações semi-enumerativas são aquelas que recorrem, em parte, à fusão (combinação de símbolos) para a constituição dos símbolos, destinados a representar os assuntos compostos, mas, outras vezes, oferecem símbolos prontos para esses assuntos (PIEDADE, 1977). Ranganathan diverge um pouco da distinção acima, apresentando cinco tipos 21 Representação Temática Competência 02 de sistemas de classificações bibliográficas: 1. Sistemas enumerativos; 2. Sistemas quase enumeratitvos; 3. Sistemas quase facetados; 4. Sistemas rigidamente facetados e 5. Sistemas livremente facetados ou analítico- sintéticos. Os sistemas enumerativos incidemnuma única tabela, que enumera todos os assuntos passados, presentes e futuros. Ex: Sistema da Library of Congress e de Rider. Os sistemas quase enumerativos são compostos de longas tabelas enumerativas para a maioria dos assuntos, seguidas de algumas tabelas de subdivisões comuns. Ex: CDD e a Classificação de Brown*. Os sistemas rigidamente facetados são formados de tabelas, contendo assuntos básicos, tabelas de subdivisões comuns, tabelas auxiliares especiais e resoluções rígidas sobre a sequência em que devem ser arranjados os vários conceitos (PIEDADE, 1977). Dentre as classificações bibliográficas, duas receberão destaques, daqui em diante, por serem mais usadas na maioria das bibliotecas nacional e internacionalmente. São elas: A Classificação Decimal de Dewey (CDD) e Classificação Decimal Universal (CDU). Certo, caro (a) aluno (a)? 2.2 Classificação Decimal de Dewey Melvil Dewey (1851-1931) nasceu nos estados Unidos e concebeu a ideia de construir um esquema de classificação bibliográfica quando ainda era estudante e auxiliar de biblioteca. 22 Técnico em Biblioteca Competência 02 Figura 8 – Melvil Dewey Fonte: www.firstmethodistrm.org/templates/System/details.asp? id= 23112&PID=759498 (2012) A primeira edição é lançada em 1876, anonimamente. Nela, havia apenas 42 páginas, sendo 12 de introdução, 12 de tabelas e 18 para o índice, com tiragem de mil exemplares e 10 classes, 100 divisões, 1000 seções (LENTINO, 1971). As edições subsequentes foram se aprimorando e dando ao sistema mais volume e maiores possibilidades. A 12ª teve 1243 páginas, 40.000 subseções, por exemplo, e a 13ª edição 1457 páginas. A 14ª trouxe 1927 páginas, sendo 800 de índice com 43.000 verbetes e, como novidade, as tabelas suplementares. A 15ª foi a primeira a ser revisada e, apenas na 16ª edição, ela acompanha o nome de Dewey. Em 1945, aparece a primeira edição resumida ou abreviada. Em 1967, sua 9ª edição é lançada e destinada a pequenas bibliotecas públicas e escolares (LENTINO, 1971). Sua aceitação foi ampla e rápida. Dentre outras qualidades, que permitiram essa aceitação, estão: A simplicidade de sua notação; Seu caráter decimal, permitindo larga ampliação e fácil entendimento; Sua linguagem universal, os números. http://www.firstmethodistrm.org/templates/System/details.asp 23 Representação Temática Competência 02 Sua notação tem como característica, além da simplicidade, a flexibilidade de ser mnemônica e ainda usar apenas algarismos arábicos na decimal, facilitando a inserção de novos números, sempre que necessário. Seu sistema foi baseado (HERDMAN, 1934 apud LENTINO, 1971, p. 60), no sistema de Harris o seguinte raciocínio: o homem, sendo animal racional, faz uso dessa faculdade, donde a filosofia; eleva seu pensamento a Deus, daí a religião; vive em sociedade, donde a sociologia; comunica-se com seus vizinhos, filologia; adquire conhecimento dos fatos, dos problemas da vida, da matéria e da força, ciências puras e aplicadas; com eles ganha meios de descanso e recreação, Belas artes e literatura; faz registros e viaja, História e Geografia; reunindo todos esses assuntos e os encabeçando vêm as Obras gerais. Comportando 10 divisões gerais chamadas de classes, ela sempre é representada por três algarismos e, posteriormente, um ponto decimal servindo para a classificação detalhada. 000 Obras gerais 100 Filosofia 200 Religião 300 Ciências Sociais 400 Linguística 500 Ciências Puras 600 Ciências Aplicadas 700 Belas Artes 800 Literatura 900 Geografia. Biografia. História 24 Técnico em Biblioteca Competência 02 Figura 9 – CDD 23ª edição Fonte: anacastrope.blogspot.com.br/2011/07/cdd-23-edicao.html (2012) Nessa classificação o zero irá indicar um ponto de vista geral do assunto, podendo esse ser apresentado em até três quadros sumários (1º, 2º e 3º). Um algarismo inserido, à direita do número, forma um novo grupo, sem mudar, com isso, a classificação já constituída. Exemplo: 600 – Ciências Aplicadas (1º sumário) Divisões das classes ( 2º sumário) 610 – Medicina 620 – Engenharia 630 – Agricultura 640 – Economia Doméstica 650 – Comércio e Comunicações 660 – Indústrias Químicas 670 – Indústrias Manufatureiras 680 – Ofícios e Profissões 690 – Construção 25 Representação Temática Competência 02 Seções das divisões (3º sumário) 610 – Medicina 611 – Anatomia 612 – Fisiologia 613 – Higiene 614 – Saúde Pública 615 – Farmacologia 616 – Patologia 617 – Cirurgia 618 – Ginecologia 619 – Veterinária As seções se subdividem em subseções, posterior ao ponto. Exemplo: 616.8 – Patologia do sistema nervoso. Se tomarmos por base a 14ª edição e expandirmos a classe 600 teremos: 600 – Ciências aplicadas 620 – Engenharia 621 – Mecânica 621.3 – Eletrotécnica 621.38 – Comunicações elétricas 621.382 – Telégrafo 621.384 – Telégrafo sem fio 621.3841 – Rádio 26 Técnico em Biblioteca Competência 02 2.2.1 Estrutura 1) Índice O Sistema da CDD é formado por um índice geral muito bem elaborado, com todas as minúcias, para garantir o bom funcionamento do sistema, já que o classificador não conhece o lugar lógico de um assunto, dentro do esquema geral. O sistema costuma ser bastante extenso. Nele, estão incluídos os tópicos presentes nas tabelas, juntamente com seus sinônimos correspondentes. Diferente de um índice comum, ele não direciona o classificador a uma página, mas sim ao número correspondente. Outra característica marcante é a de ser relativo, uma vez que remete para diferentes lugares, de acordo com o sentido em que for tomado. Na CDD a procura do assunto pode ser realizada de duas maneiras: 1. Indutivamente – quando é consultado primeiramente. 2. Dedutivamente - Através das tabelas completas, indo do geral para o particular. 2.2.2. Divisões de Forma “Uma das grandes vantagens da CDD reside nas divisões de forma que são constantes para todas as classes e, por isso mesmo, mnemônica: têm sua base na classe 000” (LENTINO, 1971). São assim denominadas, porque subdividem o assunto conforme a forma em que foi exposto. São estas as divisões de forma: 01 – Filosofia – Teoria – Metodologia 02 – Compêndios – Manuais 03 – Dicionários – Enciclopédias 04 – Ensaios – Palestras – Dissertações 05 – Periódicos A segunda maneira é a mais recomendada, embora seja mais trabalhosa, encontrando o assunto relacionado com seus afins. (LENTINO, 1970) 27 Representação Temática Competência 02 06 – Sociedades 07 – Estudo e Ensino 08 – Poligrafia – Coleções – Miscelâneas 09 – História e Tratamento Local Exemplo: 109 – 1 = Filosofia + 09 = divisão de forma histórica Podendo ainda ser usado quando se deve tomar em consideração o local, mesmo que seja mais descritivo que histórico. Exemplo: 320.981 – 32 = Política + 09 = forma história + 81 = Brasil 092 – Biografia 2.2.3 Divisão Geográfica Algumas vezes, os assuntos podem ser divididos geograficamente, exceto nas classes 400 e 800, onde domina a divisão de língua. Na classe 400 há algumas exceções, que veremos nas próximas competências (LENTINO, 1971). Esta tabela é fixa: 4 – Europa 5 – Ásia 6 – África 7 – América do Norte 8 – América doSul 9 – Oceania Quando se trata de países desses continentes o número é acrescido, 28 Técnico em Biblioteca Competência 02 formando assim o número do país. Ex: Brasil (81). 2.2.4 Divisão Filológica (Linguística) a) Essa divisão é aplicável às classes 400 e 800, sendo: 2 – Inglês 3 – Alemão 4 – Francês 5 – Italiano 6 – Espanhol 69 – Português 7 – Latim 8 – Grego 9 – Outras línguas Exemplos: 420 – Língua Inglesa 440 – Língua Francesa 469 – Língua Portuguesa 820 – Literatura Inglesa 840 – Literatura Francesa 869 – Literatura Portuguesa b) Divisão gramatical Aplicada à classe 400, é assim constituída: 1 – Ortografia (17ª Códigos escritos e falados) 2 – Etimologia 3 – Lexiologia – Dicionários 29 Representação Temática Competência 02 4 – Sinônimos, Homônimos, Antônimos. 5 – Gramática (na 17ª Sistemas estruturais) 6 – Prosódia 7 – Dialetos, “slang”, gíria 8 – Textos para o ensino da língua 9 – Outras línguas pertencentes a cada grupo 2.2.5 Divisão de Forma Literária Aplicada à classe 800, exceto à grega e à latina: 1 – Poesia 2 – Teatro 3 – Romance 4 – Ensaio 5 – Oratória 6 – Epistolografia. Cartas 7 – Sátira e humor 8 – Miscelânea 09 – História Exemplo: 823 – Romance Inglês 862 – Teatro Espanhol 2.2.6 Tabelas Suplementares da 14ª Edição São cinco as chamadas tabelas suplementares. Tabela 1. Assuntos, cujos números podem ser subdivididos geograficamente. Tabela 2. Expansão das divisões de forma. Tabela 3. Para língua e literatura. 30 Técnico em Biblioteca Competência 02 Tabela 4. Extensão para a divisão filológica. Tabela 5. Botânica taxonômica 2.3 Classificação Decimal Universal Os belgas Paul Otlet e Henri La Fontaine, de tanta importância para a Biblioteconomia e para o controle bibliográfico universal, são responsáveis pela criação da CDU. Figura 10 – Paul Otlet Fonte:www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2156249/Paul-Otlets- idea-televised-book-foretold-internet-1934.html (2012) Figura 11 – Henri La Fontaine Fonte: commons.wikimedia.org/wiki/file:Henri_La_Fonteaine.jpg (2012) Em 1905, foi publicada a primeira edição da CDU, ainda com o nome de Manuel Du Répertoire Bibliographique Universal. Depois de um exame profundo de todos os sistemas existentes até aquele momento, o Instituto 31 Representação Temática Competência 02 Internacional de Bibliografia resolveu escolher se basear na CDD, devido a sua característica de notação decimal e possibilidade de subdivisões ilimitadas. Sua primeira edição nasce com um total de 33.000 subdivisões e 40.000 entradas no índice (PIEDADE, 1977). A CDU é produzida em cinco tipos de edição, são elas: edições desenvolvidas; edições médias; edições abreviadas; edições condensadas; edições especiais. Vamos saber um pouco mais sobre cada uma delas? As edições desenvolvidas são as mais completas da 1ª até 10ª edições se constituíram por diversas classes e tabelas. Outra característica dessa edição é a sua publicação em várias línguas, inclusive em português. As edições médias começaram a ser publicadas na década de 1960, sob a responsabilidade de Karl Fill e Martins Schuchmann, contendo cerca de 25% da edição desenvolvida. O IBICT foi responsável pela publicação, em língua portuguesa, na década de 1970 (PIEDADE, 1977). As edições abreviadas tiveram início em 1927 e suas publicações foram feitas em quase todas as línguas. As edições condensadas são as mais resumidas, contendo apenas 2,5% de uma edição completa. As edições especiais existem em poucas classes e foram criadas para suprir a necessidade de especialistas, em algumas áreas do conhecimento. Ex: Educação, Cartografia. 2.3.1 Estrutura e Notação Apesar de serem parecidas em sua concepção, a CDD e a CDU diferem na sua notação, pois a segunda é dotada, além dos números de sinais gráficos, de letras ou palavras. 32 Técnico em Biblioteca Competência 02 Exemplo: 382{633.73}.5 Comércio externo – Café – Importação 025.45CDU Classificação Decimal Universal 92Schiller, F. Biografia de Friedrich Schiller Suas nove classes gerais são representadas por apenas um algarismo e, na sua estrutura, não encontramos a classe 4, deixada livre para um possível preenchimento futuro. 0 Generalidades 1 Filosofia 2 Religião. Teologia 3 Ciências Sociais 5 Ciências Puras 6 Ciências Aplicadas 7 Belas artes. Divertimentos. Desportos 8 Linguística e Literatura 9 Geografia. Biografia. História A classe 4 existiu até 1964 e comportava o assunto Linguística, que foi transferida para a classe 8 junto com Literatura. Para cada classe, há 10 subdivisões que expressam essa área do conhecimento, onde a primeira subdivisão é resguardada aos temas gerais e as outras nove a assuntos específicos. Exemplo: 5 Ciências Puras 50 Princípios Gerais 51 Matemática 52 Astronomia. Geodésia 33 Representação Temática Competência 02 53 Física 54 Química. Cristalografia. Mineralogia 55 Geologia e Ciências afins. Meteorologia 56 Paleontologia 57 Ciências Biológicas 58 Botânica 59 Zoologia Essas 10 divisões são sujeitas a outras 10 subdivisões, sendo nove específicas e uma geral. Exemplo: 51 Matemática 510 Princípios Gerais 511 Aritmética. Teoria dos números 512 Álgebra 513 Geometria 514 Trigonometria. Poligonometria 515 Geometria Descritiva 516 Geometria Analítica. Coordenadas 517 Análise Matemática 518 Processos Gráficos de Cálculo. Jogos Matemáticos 519 Análise Combinatória. Cálculo das Probabilidades Daí por diante, podem ser realizadas combinações indefinidas conforme a precisão. Outra peculiaridade desse sistema é que a cada três algarismos são inseridos pontos. Exemplo: 6 Ciências Aplicadas 62 Engenharia 621 Engenharia Mecânica 34 Técnico em Biblioteca Competência 02 621.3 Engenharia Elétrica 621.39 Telecomunicações 621.394 Telegrafia 621.394.7 Instalações e Redes Telegráficas 621.394.73 Linhas Telegráficas A CDU é dotada ainda de tabelas analíticas especiais e de tabelas auxiliares comuns, utilizadas sempre para especificar um determinado assunto, contido na tabela principal. Exemplo: Tabela Principal Tabela Analítica Especial 22 Bíblia 01 Introdução 221 Antigo testamento .011 Cânon 222 Livros históricos .012 Inspiração 222.1 Pentateuco .02 Análise e sinopse 222.11 Genesis .03 Concordâncias 223.9 Cântico dos Cânticos .05 Tradução Aplicando uma tabela a outra: 22.03 Concordância da Bíblia 222.1.05 Tradução do Pentateuco Podemos ter até aqui um entendimento geral de como as classificações CDD e CDU estão organizadas, suas diferenças e especificidades, que vão ajudá-lo a compreender melhor a próxima competência, que tratará, com mais propriedade, das notações de ambos os sistemas. 35 Representação Temática Competência 03 3.COMPETÊNCIA 03 | ENTENDER OS PRINCÍPIOS E NOTAÇÕES DA CDD E CDU 3.1 Notação Nesta competência, vamos aprender um pouco sobre notações, começando pelo seu conceito. Notação é um código utilizado como método para indicar uma ordem dentro de um sistema de classificação, ou ainda um conjunto de símbolos destinados a representar os termos da classificação,traduzindo, assim, em linguagem codificada, o assunto dos documentos, e indicando sua localização nas estantes, nos catálogos e nas tabelas de classificação (PIEDADE, 1977). 3.1.1 Caracteres Uma notação é constituída de caracteres que podem ser números (decimais ou aritméticos), letras (maiúsculas e minúsculas) e sinais gráficos (parênteses, ponto, vírgula, etc.). Com relação aos caracteres empregados, a notação poderá ser: 1. Pura – quando apresenta caracteres de um só tipo (números ou letras); Exemplo: CDD – emprega apenas algarismos arábicos, apesar de termos o ponto, ele é usado unicamente para facilitar a leitura do número. 726.7710222 – Desenhos arquitetônicos de abadias beneditinas. 36 Técnico em Biblioteca Competência 03 2. Mista – quando emprega caracteres de mais de uma qualidade. Exemplo: CDU – emprega algarismos decimais, sinais gráficos, letras e palavras. 336.2(816.12Campinas) “1970”(042.3) – Conferência sobre impostos do município de Campinas, em 1970. Assim, também, podemos distinguir as classificações entre aquelas que usam apenas números, de numéricas, as com apenas letras, de alfabéticas e as que empregam ambos os caracteres de alfanuméricas. Além de localizar os assuntos em uma coleção, a notação oferece, ainda, um meio para remeter do índice às tabelas de classificação ou das fichas do catálogo aos documentos. Vamos ver como isso funciona, na prática: Então caro aluno, quando alguém que solicita um documento sobre “partidos políticos do Brasil no século XX”, podemos saber que “Partidos políticos” é tema de “Política” que está incluída entre as “Ciências Sociais”, que os “Partidos Políticos” estão subdivididos por país e, depois, por período, mas pode não saber, exatamente, onde está este assunto na coleção; porém, se tivermos um símbolo que indique que o devido assunto fica em 329.8106 ou em 329(81)”19”, podemos ir diretamente onde ele se encontra (PIEDADE, 1977). As notações apresentam, também, um símbolo que, combinado com outros, indica os assuntos considerados complexos ou compostos. A esta combinação é dado o nome de síntese. A maioria das classificações é dotada de notação de síntese. Exemplo: O símbolo 329.81 na CDD é uma síntese entre 329 = Partidos Políticos + 81 37 Representação Temática Competência 03 notação referente à área do Brasil. 3.1.2 Finalidades Podemos dizer, então, que as finalidades de uma notação são: 1. Traduzir em símbolos o assunto dos documentos; 2. Localizar o assunto na coleção; 3. Indicar, pelo índice ou pelas fichas do catálogo, onde se encontra determinado o assunto; 4. Permitir a síntese; 5. Mostrar a hierarquia ou a estrutura da classificação. 3.1.3 Qualidades Entre as qualidades que uma notação deve possuir estão: 1. Indicar a ordem dos assuntos de modo claro e automático, a fim de permitir a localização da informação procurada; 2. Permitir revelar integralmente o assunto do documento; 3. Ser hospitaleira, isto é, permitir o número de subdivisões necessárias a cada assunto; 4. Ser flexível ou expansiva, isto é, permitir a inclusão de novos assuntos nas posições mais convenientes; 5. Ser fácil de lembrar, falar e escrever; 6. Ser breve e simples; 7. Revelar a estrutura da classificação, a sua hierarquia, isto é, mostrar as classes relacionadas e as classes subordinadas; 8. Ser mnemônica. 3.1.4 Ordem Tanto as notações puras como as mistas devem seguir uma ordem dentro do Mnemônico: conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de memorização. Consistem na elaboração de suportes como esquemas, gráficos, símbolos, palavras ou frases relacionadas como o assunto que se pretende memorizar. 38 Técnico em Biblioteca Competência 03 sistema. Quando são usados apenas números e letras, a sua compreensão é mais fácil, ao contrário daquelas onde são usados números, letras e sinais gráficos. Vale ressaltar que as notações com uso de sinais gráficos, como a CDU, devem ter estabelecidas as regras para proceder em relação à ordem, já que esses não são naturais como os números e as letras. 3.1.5 Expressividade De acordo com essa característica, ela pode ser hierárquica ou estrutural e, ainda, ordinária ou não hierárquica ou não estrutural. Exemplo: Hierárquica mostrando a sequencia das divisões. 5 Ciências Puras 51 Matemática 511 Aritmética 511.2 Teoria dos números Ordinária: não há uma sequência das divisões. C Ciências Puras E Matemática F Aritmética 3.1.6 Especificidade A notação deve permitir a especificidade desejada para a classificação, possibilitando a formação de símbolos para representar os conceitos mais simples, assim como os mais complexos, ficando a decisão de acordo com a 39 Representação Temática Competência 03 característica da unidade informacional. 3.1.7 Hospitalidade e Flexibilidade A hospitalidade da notação pode ser compreendida de duas formas: 1. Hospitalidade em Cadeia – quanto à subdivisão é do mais geral para o mais específico. Exemplo: 5 Ciências Puras 51 Matemática 511 Aritmética 511.2 Teoria dos números 2. Hospitalidade em Fileira – quando permite a representação dos vários assuntos correlatos, resultantes da subdivisão de um assunto mais geral ou de várias espécies de um mesmo gênero. Exemplo: A notação decimal é bem hospitaleira em cadeia, mas pouco em fileira, pois só conta com nove subdivisões. Para alargar a hospitalidade em fileira, quando a notação é decimal, Ranganathan propôs o “principio da oitava”, isto é, a utilização, na divisão, dos algarismos de 1 a 8 e a transformação do 9 em 91 até 98 e do 99 em 991 e assim sucessivamente (PIEDADE, 1977). Utilizando o princípio da oitava na divisão da Filologia em relação à língua teríamos: 4 Filologia 40 Técnico em Biblioteca Competência 03 41 Língua portuguesa 491 Língua finlandesa 42 Língua francesa 492 Língua rética 43 Língua alemã 493 Língua norueguesa 44 Língua espanhola 494 Língua irlandesa 45 Língua romena 495 Língua flamenga 46 Língua polaca 496 Língua africaander 47 Língua búlgara 497 Língua provençal 48 Língua armênia 498 Língua sânscrita 4991 Língua tupi Outra saída para aumentar a hospitalidade em fileira é subdividir um número pela centena e não pela dezena, como é comum. Exemplo: na CDU o assunto 329 é subdividido da seguinte forma: 329.11 329.12 329.13 329.14 ........... 329. 21 329.22 329.23 329.14 Etc. Em relação à flexibilidade de uma notação para inclusão de novos assuntos, pode exigir a inclusão no início, no fim ou no meio de uma sequência. No caso dos dois primeiros, é feita uma extrapolação e no terceiro uma interpolação. Normalmente é realizada de duas formas: 1. Deixando-se símbolos vagos, que apresentam o problema de não ser possível antecipar os locais onde haverá inserção de um novo conhecimento 41 Representação Temática Competência 03 ou assunto. 2. Utilizando caracteres de novo tipo, letras ou números decimais. Podem ocorrer problemas ligados à diminuição da expressividade da notação, pois háa possibilidade de alteração da estrutura da classificação. 3.1.8 Facilidade e Brevidade Quanto mais curta for uma notação, mais fácil será de lembrar e memorizar, não importando se ela é pura ou mista, mas é claro que entre uma pura e uma mista do mesmo tamanho, a pura acaba tornando-se mais fácil. 3.2 Classificação Decimal de Dewey De acordo com Ranganathan a CDD é um sistema quase-enumerativo, pois utiliza uma tabela principal extensa e tabelas auxiliares comuns. Baseada no sistema de Harris, sua classificação é considerada simples, flexível e mnemônica. 3.2.1 Princípio de Hierarquia A hierarquia na CDD é expressa mediante a notação e a estrutura. Através da amplitude de uma notação, os números a qualquer nível estão subordinados a uma classe cuja notação é um dígito mais curta; se coordenam com uma classe cuja notação tem o mesmo número de dígitos; e se relacionam com uma classe hierarquicamente menor, cujos números são uma ou várias dígitos mais amplos. Exemplo: 600 Tecnologia 630 Agricultura 636 Criação de animais domésticos 636.7 Cachorros 42 Técnico em Biblioteca Competência 03 636.8 Gatos Cachorros e gatos são mais específicos (ou subordinados a) que criação de animais domésticos e são igualmente específicos (ou coordenados) um com o outro; criação de animais domésticos é menos específico (ou hierarquicamente maior) que cachorros e gatos. Caro aluno, até agora podemos observar os aspectos acerca da CDD agora vamos perceber as particularidades de outra classificação bibliográfica. 3.3 Classificação Decimal Universal A CDU tem na sua notação a inclusão de sinais gráficos variados para representar melhor as facetas de determinados assuntos dos documentos. Vamos ver como eles funcionam? Os primeiros são os chamados sinais de ligação ou associação: + mais / barra oblíqua : dois pontos O sinal de adição é empregado quando um documento trata de dois ou mais conceitos representados nas tabelas por símbolos que não são consecutivos ou seguidos. Exemplo: 51+53 Matemática e Física 172+176 Moral social e Moral sexual 32+34+93 Política, Direito e História O emprego desse sinal não é muito recomendado. É preferível construir várias 43 Representação Temática Competência 03 entradas no catálogo. A barra oblíqua será utilizada quando um documento trata de dois ou mais conceitos representados nas tabelas por símbolos consecutivos. Exemplo: 1/2 Filosofia e Religião 51/54 Matemática, Astronomia, Física e Química. 328/329 Parlamentos e Partidos políticos Pode-se utilizar a barra oblíqua para suprimir os números idênticos da segunda parte, anteriores ao ponto. Exemplo: 312.1/.2 Estatística de Nascimento e de Óbitos 323.31/.33 Aristocracia, Burguesia e Proletariado Os dois pontos são utilizados quando um documento trata do relacionamento entre dois ou mais conceitos. Exemplo: 51:52 Aplicação da Matemática na Astronomia 840:869.0 Influência da Literatura Francesa na Literatura Portuguesa É possível haver mais de um tipo de sinal em um único número de classificação. Exemplo: 56/57+59 Paleontologia, Antropologia e Zoologia 44 Técnico em Biblioteca Competência 03 31:338:633.73/.74 Estatística da produção de café e cacau 338:634.51+634.53 Produção de nozes e castanhas Outros sinais existentes na notação da CDU são: colchetes, dois pontos duplos e apóstrofo. Eles são usados para ligar símbolos tirados das tabelas principais. Os colchetes podem ser aplicados com três finalidades (PIEDADE, 1977): 1. Para alterar a ordem de citação dos conceitos encontrada nas tabelas, intercalando um símbolo no meio de outros. Exemplos: 382.5:633.73 Comércio Externo – Importação – Café 382.6:633.73 Comércio Externo – Exportação – Café Vejam como podem ficar: 382[633.73].5 Comércio Externo – Café – Importação 382[633.73].6 Comércio Externo – Café – Exportação 2. Como símbolo sub-agrupador para tornar mais claro o tipo de relacionamento existente entre vários conceitos ligados pelos símbolos + ou: Exemplo: 373.5+378:355.27 Pode estar representando “As relações entre a Educação Secundária e a Universitária com o Recrutamento militar” ou “A Educação Secundária e as Relações entre a Educação Universitária e o Recrutamento Militar”. Para obter uma maior clareza, podemos representar assim: 45 Representação Temática Competência 03 [373.5+378]:355.27 e 373.5+[378:355.27] respectivamente. 3. Pode-se ainda utilizar colchetes em lugar dos dois pontos, quando se trata de tópico subordinado, não havendo necessidade de ser feita entrada para o segundo símbolo. Exemplo: 38[633.73] em lugar de 38:633.73 Dois pontos duplos podem ser usados como sinal de fixação da ordem, com a mesma finalidade da terceira forma dos colchetes, indicando a não necessidade de inverter o símbolo para outra entrada. Exemplo: 38::633.73 O apóstrofo passou a ser utilizado em 1964, como sinal de concentração ou fusão de ideias. Ele é exclusivo dos símbolos 329, 546, 547, 666.113.667.6, 669 e 678. Ele permite a supressão dos caracteres comuns a dois símbolos que não são consecutivos. Exemplo: 329.11’21 Partido Político com Tendências Conservadoras e Monarquistas (símbolos 329.11 e 329.21). 546.561’131 Cloreto de Cobre (símbolos 546.561 e 546.131) Outro sinal bastante visto na CDU são os parênteses usados sempre para indicação de lugar presente na Tabela Auxiliar de Lugar ou de Âmbito Geográfico. 46 Técnico em Biblioteca Competência 03 (81) Brasil (22) Montanhas (37) Roma Antiga (4) Europa (817) Região Centro-oeste do Brasil Para estados ou municípios que não possuem número próprio, ele pode vir acrescido do nome no número que o contém. Exemplo: (816.12Campinas) Em outras tabelas auxiliares, podemos encontrar outros sinais. O sinal de igualdade entre parênteses consta na Tabela Auxiliar de Raça para designar raça e nacionalidade. Esses símbolos são formados pelos símbolos da língua desse determinado povo, suprimindo-se o 80 inicial. Exemplo: 809.6 Língua Africana (=96) Raça Negra 809.24 Língua Hebraica (=924) Israelitas O de nacionalidade é formado pelo símbolo geográfico ao (=1.). Exemplo: (=1.81) Brasileiros (=1.352) Assírios Caros alunos, as notações podem dar uma falsa ideia de que é muito difícil de 47 Representação Temática Competência 03 construí-la, apesar de a CDU ser complicada para memorizar, pela grande utilização de sinais gráficos, ela dá um pouco mais de liberdade para realizar a sua construção. Lembrando, mais uma vez, de que o intuito aqui não é tornar você, cursista, um “expert” em classificação, mas sim dar noção de como o conhecimento da classificação pode auxiliar nos serviços de uma biblioteca. Na próxima competência, veremos, na prática, como elas funcionam. 48 Técnico em Biblioteca Competência 04 4.COMPETÊNCIA 04 | ORGANIZAR O ACERVO DE ACORDO COM OS TEMAS: CATEGORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Figura 12 – Segundo Sumário da CDD Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 49 Representação Temática Competência 04 Nesta competência, vamos trabalhar de forma mais prática a organização de um acervo. Tentaremos, aqui, usar exemplos utilizando a CDD e a CDU. Em relação à primeira, estaremos disponibilizando os três sumários e, na segunda, usaremos a base existente na Internet. Jávimos, nas competências anteriores, que cada livro deverá ser classificado pelo seu assunto e que podemos consultar desde o título, ficha catalográfica e outras pistas para o identificarmos e que a especificação do número de classificação será de acordo com a característica da biblioteca. Vale ressaltar que o método correto é utilizar o índice para classificar um assunto, mas pela sua grande extensão, não será possível usá-lo aqui. Para cada classe geral, estaremos usando, pelo menos, um exemplo. 4.1 Classificação Decimal de Dewey Classe 000 Generalidades Exemplo 1: Começaremos com o assunto Biblioteconomia. Ele é considerado um assunto geral, por isso, disposto nessa classe. Observando o segundo sumário da CDD, encontramos o número “020 para Biblioteconomia”. Se o assunto em questão for mais específico, como por exemplo, Biblioteca de Serviço Social, usaremos o terceiro sumário da Classe 000 e encontraremos o número “026 para Bibliotecas específicas”. Se a biblioteca exigir um número mais específico, será utilizado então, “026.36”, o número 36 acrescentado é o número correspondente ao assunto, Serviço Social, observado no segundo sumário da classe 300, suprimindo o zero do final da notação. 50 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 13 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 000 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 51 Representação Temática Competência 04 Classe 100 Filosofia e Psicologia Exemplo 2: O assunto em questão é “Filosofia Aristotélica”, consultando o segundo sumário, podemos observar que temos três possibilidades de classificar esse assunto. Qual a melhor forma, então? Podemos observar que o número “100 é para o tratamento geral da filosofia”, não é objetivo. Veremos que o número “140 de Escolas Filosóficas Específicas”, não é uma opção, pois, esse assunto, não é uma Escola Filosófica Específica. Vamos encontrar, então, em “180 Filosofia antiga, medieval, oriental”, no terceiro sumário, teremos como opção o número “185 de Filosofia Aristotélica”. Exemplo 3: Assunto “História da Filosofia”. Agora sim, trata-se de assunto geral da filosofia. Já sabemos que estará na classe 100. Consultando o terceiro sumário desta classe, veremos o número “109” para “Tratamento histórico da filosofia”. 52 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 14 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 100 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 53 Representação Temática Competência 04 Figura 15 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 200 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 54 Técnico em Biblioteca Competência 04 Classe 200 Religião Exemplo 4: O assunto aqui é “A Bíblia”. Dentro desta classe, já no segundo sumário, é possível observar um número “220”, específico para o assunto. Mas se o documento tratar sobre o “Novo Testamento” será usado, assim, o número “225” contido no terceiro sumário da classe. Classe 300 Ciências Sociais Esta Classe chama a atenção, por uma maior quantidade de áreas de conhecimento. Exemplo 5: O assunto “Recenseamento Brasileiro”. Olhando o segundo sumário podemos observar que o número “310” compreende o assunto “Estatísticas em geral”. Partindo para o terceiro sumário, encontramos “318”, estatísticas referentes à “América do Sul”. Para especificar que ela é sobre o Brasil, acrescentamos “1”, formando “381.1”. 55 Representação Temática Competência 04 Figura 16 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 300 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 56 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 17 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 400 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 57 Representação Temática Competência 04 Classe 400 Filologia / Linguística É uma das classes onde é preciso bastante atenção no momento da classificação, pois além das línguas, é preciso olhar e aplicar, algumas vezes, a divisão gramatical. Exemplo 6: Para o assunto “Gramática”, no geral, identificaremos no segundo sumário o número “410” para “Linguística” e, no terceiro sumário, “415” para gramática. Para cada língua especifica, deverá ser aplicado o número de divisão gramatical como veremos. Exemplo 7: “Gramática Inglesa” 425 42 número correspondente à língua inglesa e 5 à divisão gramatical. “Gramática de Português” 469.5 469 número correspondente à língua portuguesa e 5 à divisão gramatical. Lembrando de que o ponto nas notações dos exemplos 5 e 7 são usados, apenas, para separar os três primeiros algarismos. 58 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 18 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 500 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 59 Representação Temática Competência 04 Classe 500 Ciências Naturais, Matemáticas ou Puras Exemplo 8: No assunto “Plantas”, no geral, quando visto no segundo sumário, pode ser encontrado o número “580” para “Ciências Botânicas”. Consultando o terceiro sumário, o número “581” é suficiente para classificar esse assunto. Ressalta-se que se o assunto for um tipo de planta específica, serão usados os números entre 582 a 589 para classificá-las. Exemplo 9: “Briófitas” “588” Classe 600 Ciências Aplicadas Exemplo 10: Assunto “Fisiologia Humana”. Procurando no segundo sumário encontramos em “610” o número de “Medicina”, no terceiro sumário em “612” temos “Fisiologia humana”. 60 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 19 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 600 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 61 Representação Temática Competência 04 Classe 700 Artes Exemplo 11: O assunto, nesse caso, é “Instrumentos de percussão”. Consultando o segundo sumário, temos o número “780” para “Música”. Consultando o terceiro sumário, encontramos “786” “Instrumentos de percussão”. Figura 20 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 700 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 62 Técnico em Biblioteca Competência 04 Classe 800 Literatura Exemplo 12: “Literatura Portuguesa” é o assunto. Olhando o segundo sumário, encontramos o número “860” para “Literatura Espanhola e Portuguesa” e seu número é encontrado no terceiro sumário “869”. Se for necessário especificar o tipo de literatura e quase sempre é, utiliza-se, então, o número de divisão literária. Exemplo 13: “Literatura Portuguesa Romance” 869.3 Em alguns casos, podemos, ainda, especificar o período literário e até o número do autor. Exemplo 14: Thomaz Antônio Gonzaga (poeta brasileiro entre os anos de 1750-1830) “869.9124” 8 Literatura 69.9 Brasil 1 Poesia 2 Período de desenvolvimento 4 Número de Gonzaga 63 Representação Temática Competência 04Figura 21 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 800 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 64 Técnico em Biblioteca Competência 04 Classe 900 Geografia, Biografias e História. Exemplo 15: O assunto “História da Geografia” se junta ao número de Geografia “910” encontrado no segundo sumário, e o número 9 é referente à divisão comum de história, formando “910.9”. Figura 22 – Terceiro Sumário da CDD – Classe 900 Fonte: CDD 20ª edição em espanhol 65 Representação Temática Competência 04 4.2 Classificação Decimal Universal Classe 0 - Generalidades Nesta classe, estão contidos os assuntos, Ciência e Conhecimento, Organização, Informática, Informação, Documentação, Biblioteconomia, Instituições, Publicações. Figura 23 – Primeira divisão da Classe 0 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=0&lang=pt (2012) 66 Técnico em Biblioteca Competência 04 Exemplo 1: Número “09” para documentos manuscritos, obras raras e notáveis. Em sua subdivisão, encontramos “091 Manuscritos”. Figura 24 – Subdivisão da Classe 0 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=0&lang=pt (2012) 67 Representação Temática Competência 04 Classe 1 Filosofia Estão dispostos nesta classe os assuntos Filosofia e Psicologia. Exemplo 2: No assunto “Psicologia Aplicada” na divisão da classe observamos o número “159.9” para Psicologia. Para encontrarmos o assunto específico temos que aprofundar a notação em sua subdivisão e, então, temos o número “159.98”. Figura 25 – Primeira divisão da Classe 1 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=1&lang=pt (2012) 68 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 26 – Subdivisão da Classe 1 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=1&lang=pt (2012) 69 Representação Temática Competência 04 Classe 2 Religião, Teologia Exemplo 3: O assunto em questão é “Budismo”. Ao consultar a primeira divisão, podemos observar que ela se encaixa em “21/29”, para “Sistemas Religiosos. Religiões e crenças religiosas”. Aprofundando mais, conseguimos obter o número “24 Budismo”. Figura 27 – Primeira divisão da Classe 2 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=2&lang=pt (2012) 70 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 28 – Subdivisão da Classe 2 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=2&lang=pt (2012) 71 Representação Temática Competência 04 Classe 3 Ciências Sociais Exemplo 4: Ao consultar a primeira divisão, não conseguimos encontrar o assunto “Direito Penal”, mas identificamos o número “34” para “Direito e Jurisprudência”. Quando aprofundamos a notação, temos o número “343” para “Direito Penal e Delitos Penais” e, em sua subdivisão, obtemos “343.2/.7 Direito Penal”. Figura 29 – Primeira divisão da Classe 3 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=3&lang=pt (2012) 72 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 30 – Subdivisão da Classe 3 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=3&lang=pt (2012) 73 Representação Temática Competência 04 Classe 5 - Ciências Puras Esta classe compreende os assuntos gerais, Matemática, Astronomia, Física, Química, Geologia, Paleontologia, Ciências Biológicas, Botânica e Zoologia. Figura 31 – Primeira divisão da Classe 5 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=5&lang=pt (2012) 74 Técnico em Biblioteca Competência 04 Exemplo 5: O assunto “Magnetismo” está contido na área de conhecimento “Física”, encontrado facilmente na divisão de Ciências Puras. Na subdivisão de Física, encontramos no número “537” Eletricidade, Magnetismo e Eletromagnetismo. É preciso aprofundar ainda mais um pouco para encontrar “537.6/.8” referente à “Magnetismo e Eletromagnetismo” e, definitivamente, encontramos “537.6” específico apenas para “Magnetismo”. Figura 32 – Subdivisão da Classe 5 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=5&lang=pt (2012) 75 Representação Temática Competência 04 Classe 6 Ciências Aplicadas A Classe em questão contém os assuntos Biotecnologia, Ciências Médicas, Engenharia, Agricultura, Economia Doméstica, Indústrias da comunicação e Transportes, Tecnologia e Indústrias Químicas, Artes Industriais, Indústrias da Construção. Figura 33 – Primeira divisão da Classe 6 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=6&lang=pt (2012) 76 Técnico em Biblioteca Competência 04 Exemplo 6: No assunto “Sistema Nervoso”, buscado na primeira subdivisão, temos o número “61” para Ciências Médicas. Em sua subdivisão, podemos observar a existência do número “611/612” para “Biologia Humana”. Em mais uma subdivisão, encontramos “612 Fisiologia” e, nele, encontramos a subdivisão de “Fisiologia Sistemática” e o assunto “Sistema Nervoso” em “612.8”. Figura 34 – Subdivisão da Classe 6 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=6&lang=pt (2012) 77 Representação Temática Competência 04 Classe 7 Artes. Entretenimento e Desporto Exemplo 7: No assunto “Xadrez”, fazendo uma observação geral da classe, percebemos no número “79” o assunto “Jogos”. Aprofundando em um nível, temos o número “794” para “Jogos de Mesa e Tabuleiros” e aí então encontramos em “794.1 Xadrez”. Figura 35 – Primeira divisão da Classe 7 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=7&lang=pt (2012) 78 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 36 – Subdivisão da Classe 7 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=7&lang=pt (2012) 79 Representação Temática Competência 04 Classe 8 Língua. Linguística. Literatura Exemplo 8: O assunto em questão é “Gramática”. Ao observar a classe, no geral, encontramos o número “81”, referente à “Linguística e Língua”. Expandindo um nível, temos o número “81’1/’4” e as subdivisões auxiliares especiais para materiais e facetas da linguística. Expandindo outro nível, encontramos o assunto Gramática, junto com outros, no número “81’3”, chegando, em sua ultima expansão, no número “81’35 Gramática”. Figura 37 – Primeira divisão da Classe 8 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=8&lang=pt (2012) 80 Técnico em Biblioteca Competência 04 Figura 38 – Subdivisão da Classe 8 (CDU) Fonte: www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?tag=8&lang=pt
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