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O câncer de mama é o segundo mais incidente e o primeiro em número de mortes no Brasil. É preciso saber diferenciar as alterações benignas das malignas. O tecido mamário sai da pelve do embrião, percorre a linha mamária até chegar no tórax. Portanto, é muito comum ter tecido mamário em toda essa região. • Agenesia (amastia/amazia) – falta do desenvolvimento • Assimetria → quando for muito evidente deve ser encaminhada para tratamento estético (após os 18 anos) • Polimastia (mama acessória) → sempre é removido por cirurgia • Inversão da papila → se sempre teve a papila invertida é normal, agora se inverteu quando mais velha, deve-se investigar (pode ser tumor) • Hipo/hipermastia • Politelia (1 a 2%) – presença de tecido mamário na linha mamária (papilas acessórias) Quando a menina está desenvolvendo o broto mamário pode ter alguma intercorrência. • Iatrogênicas: • Biópsia de broto mamário • Radioterapia torácica na infância • Deformidades traumáticas: queimadura Antigamente era chamada de displasia, hoje em dia não se utiliza mais. É uma condição caracterizada por dor e/ou nódulos que incidem no menacme no período pré menstrual e regridem após a menopausa. 60 a 70% das mulheres. • FISIOPATOLOGIA: Durante o ciclo, o próprio estrogênio e progesterona tem ação na mama de forma proliferativa, podendo levar a uma saída de secreção, formação de nódulos. Além disso, a progesterona pode ter ação pró dilatadora na mama no período pré menstrual, causando um edema e dor. Esses sintomas regridem após a menstruação. • OUTROS FATORES ASSOCIADOS: PROLACTINA → pode acarretar alteração no ritmo de secreção ↓ ácidos graxos essenciais ou excesso de metilxantinas → mais irritabilidade (aumentam os sintomas pré menstruais) • FATORES AGRAVANTES: ✓ Estilo de vida da mulher moderna → mulher engravida mais tarde hoje em dia (mama ainda é imatura) ✓ Menarca precoce/menopausa tardia ✓ Nuliparidade/oligoparidade ✓ Primiparidade tardia ✓ Amamentação curta ou ausente • QUADRO CLÍNICO: Mastalgia clínica (dor que acompanha o período menstrual, após a ovulação, por ter mais progesterona circulando) Fluxo papilar (saída de secreção pela papila) Cistos Espessamento (mama fica mais densa, não chega a formar um nódulo) → ficar atento a esses espessamentos persistentes após a menstruação por 3 ciclos (pode ser um tumor) Toda vez que tiver uma suspeita clínica, principalmente em mulheres após os 30 anos, realizar biopsia (desses espessamentos que persistem). São muito frequentes (33 a 55 anos). Na grande maioria das vezes é assintomático. CISTO: crescimento súbito (de um ciclo para o outro aparece um nódulo) e doloroso, de consistência amolecida ou fibroelástica (tensão). Normalmente regridem espontaneamente de um ciclo para o outro. Os próprios hormônios levam a formação desses cistos. Normalmente os macrocistos são os de 4 cm (nódulos palpáveis). • CONDUTA DE CISTOS MAMÁRIOS PALPÁVEL: Toda vez que a alteração da mama for palpável, a conduta será diferente daquela alteração que não é palpável. Realizar uma punção aspirativa com agulha fina (PAAF) → vai com uma agulha fininha e retira o líquido, se for amarelado, não tem importância (não precisa fazer citologia). Reavaliar essa paciente em 30 dias, se não tiver a presença de nódulo significa que foi resolvido. Se recidir, realizar biópsia. Se o conteúdo da punção for hemorrágico, envia o conteúdo para citologia. Se o cisto tem conteúdo sólido dentro dele indica um cisto complexo, tem que ser removido por cirurgia. • CONDUTA DE CISTOS NÃO PALPÁVEIS: Se é indolor que apareceu apenas no USG não precisa tomar conduta nenhuma, principalmente se for nova. Não tem necessidade de realizar USG todo ano. Se o cisto for complexo, com sólido dentro dele, tem que ser avaliado pela biopsia. O primeiro cisto é simples, o segundo é complexo. Queixa muito comum na maioria das mulheres, muito associada ao ciclo menstrual. Condição auto limitada. Se a dor for um sintoma isolado, risco de 0,02% de câncer. • CÍCLICA: condição muito comum Relacionado ao estimulo do estrogênio e progesterona no tecido mamário no período menstrual. • ACÍCLICA: ✓ Mastites ✓ Traumas ✓ Cistos mamários Tem que ver a causa quando essa mastalgia é acíclica. Algumas mulheres têm dor na coluna. Síndrome de Tietze: comprometimento das articulações esternocostais. Doença de Mondor: é uma flebite (a rede de circulação venosa superficial da mama é muito extensa, podendo ter trombose dessas veias). • DIAGNÓSTICO/MASTALGIA: Só pelo exame clínico já se consegue fazer o diagnóstico. Não tem necessidade de realizar exame de rastreamento nos casos de mastalgia sem alterações no exame físico. Conforme a queixa clínica (se puder ser suspeito) pode fazer exame. • TRATAMENTO: Quando a queixa é muito persistente, pode- se recomendar o uso de qualquer anti- inflamatório. Os anticoncepcionais evitam essa situação. Evitar sutiãs de armação, porque estimulam os receptores. Em casos muito intensos, tem mulheres que precisam de tratamento mais específico, como inibidores de prolactina. O tamoxifeno é um medicamento utilizado nos casos de câncer de mama porque é um modulador seletivo do receptor de estrógeno (pode ser utilizado em casos de dor extrema). A vitamina E melhora os sintomas também. Saída de secreção líquida pelo mamilo fora do ciclo gravídico puerperal. 95% é alterações benignas, mas os 5% devem ser investigados. • CLASSIFICAÇÕES: Funcionais Orgânicos Pseudofluxos • FUNCIONAIS: Stress Auto expressão (cancerofobia)/estimulo sexual Hiperprolactinemias (galactorreia) → alguns medicamentos podem causar um aumento de prolactina • ORGÂNICAS: Não neoplásicas (ectasia ductal e mastite subareolar) Neoplasias (papilomas/carcinomas) • PSEUDO FLUXOS: Mamilos invertidos, eczemas, traumas, herpes, abcessos dos tubérculos Neoplasia epitelial benigna de baixo risco para malignidade. Secreção sanguinolenta espontânea, unilateral, uniductal (água de rocha ou sanguinolento). Toda secreção que é espontânea deve-se ficar mais atento. Para diferenciar de carcinoma papilífero tem que retirar todo o ducto para enviar para a biopsia (antes disso não tem como diferenciar). Sempre que for realizar o exame, fazer a digitopressão (comprimir toda a aureola até descobrir o ponto do gatilho, onde é o ducto). • DIAGNÓSTICO: Sempre clínico, por digitopresssão. Não se faz citologia desse fluxo (muito falso negativo e muito falso positivo). Pedir USG e mamografia (para mulheres com mais de 35 anos). Carcinomas: fluxo papilar transparente tipo “água de rocha” ou hemorrágico (sempre suspeito, deve investigar). • TRATAMENTO: Cirúrgico, remover por complexo esse cisto comprometido. Os papilomas múltiplos tem um risco maior para carcinomas. OBS: secreção bilateral também não tem importância. Há medicações que podem aumentar a prolactina, o que leva a uma galactorreia associada a longos períodos sem menstruar Doenças sistêmicas (hipotireoidismo, insuficiência renal crônica, Tb, sarcoidose) Os antipsicóticos podem causar uma gigantomastia até mesmo em homens. Não tem problema nenhum, não medicar, porque se diminuir a prolactina vai reduzir o efeito da medicação também. Lactacionais: gestacionais e lactacionais • NÃO LACTACIONAIS: ESPECÍFICAS: ✓ Tuberculose ✓ Leutica ✓ Micóticas ✓ Lupicas ✓ Sarcoidose ✓ Parasitarias ✓ Virais ✓ Doença de Mondor ✓ Esteatonecrose INESPECÍFICAS: ✓ Mastite periareolar recidivantes (em fumantes,oblitera o ducto, formam um abscesso que tendem a sair pela pele) ✓ Mastite da ectasia ductal • MASTITE PERIAREOLAR RECIDIVANTE: O cigarro causa uma metaplasia no ducto, que oblitera a luz do ducto, causando dilatação por estase. Forma um abscesso nesse ducto que sai pela pele na forma de fístula (caminho não anatômico entre duas estruturas). Infecção por múltiplas bactérias, principalmente bactérias anaeróbicas e S., aureus. QUADRO CLÍNICO: Paciente fumante vem com dor, descamação e hiperemia, com uma ou mais fistulas. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Nunca se pode descartar o câncer (sempre realizar uma pequena biópsia). TRATAMENTO: Inicialmente o tratamento é clínico sempre por 7 a 10 dias. O uso é sempre com 2 tipos diferentes de antibiótico. Cefalexina com metonidazol. Se não funcionar → clindamicina com cloranfenicol. Ir trocando de antibióticos conforme as recidivas. Drenagem dos abcessos volumosos. Em casos de recidiva, a paciente toma antibiótico de forma profilática (metronidazol) + parar de furar. TRÊS INVESTIGAÇÕES: 1º antibiograma (para saber qual a bactéria) 2º exame para descartar tuberculose 3º anátomo-patológico para descartar carcinoma. • MASTITE DE ECTASIA DUCTAL: Mastite muito parecida com a outra, mas em mulheres não fumantes. Ocorre por dilatação do ducto. Que pode ser resolvido com um antibiótico único que pode nem formar fistula. É uma neoformação tecidual que vai crescendo e empurrando as estruturas das mamas (diferentes do carcinoma). • FIBROADENOMA (FA): É a neoplasia benigna mais frequente na mama. Geralmente surgem antes dos 30 anos, mas podem surgir em qualquer fase. Tem relação com os estímulos hormonais. Nódulos são bem delimitados, 2 a 4 cm, crescimento lento, característica clínica fibroelástica. São móveis e ovalados. Sempre indolor, exceto na gravidez. Bilaterais (10 a 15%), múltiplos (10%) Malignidade é rara (0,1 a 0,3%). Não existe indicação para retirada (recidiva seria alta), apenas controlar. DIAGNÓSTICO: • Clínico (pelas características: crescimento lento, inelástico, indolor). • USG → nódulo circunscrito, hipoecóico, margens bem delimitadas, largura maior que a altura (BI-RADS 3). • PAAF/CORE: indicada para casos de risco de câncer, dificuldade em seguimento posterior, palpáveis. • MAMOGRAFIA: indicada a partir dos 40 anos (textura radiológica do FA é semelhante ao tecido). Pedir mamografia se o nódulo for endurecido (mesmo se a paciente for jovem). Se o BI-RADS é 3, fazer acompanhamento de 6 em 6 meses por 2 anos. TRATAMENTO: Cirúrgico → mas a indicação depende do tamanho, se está deformando a mama, idade, risco de câncer, cancerofobia. A cirurgia deixa cicatriz radiológica (distorções), assim, deve-se ter critérios na indicação. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ✓ Nódulos dominantes ✓ Cistos ✓ Câncer ✓ Tumor Phyllodes (filóides) O câncer de mama antes dos 50 anos é mais raro. Abaixo dos 35 é mais raro ainda. A partir dos 35 deve-se ficar atento. Portanto, se surgir nódulos palpáveis em mulheres acima de 35 anos devem ser investigados por biopsia (acima de 2 cm). Se a mulher tem menos de 35 anos, categoria 3 no USG, seguimento de 6 em 6 meses por 2 anos. Nódulos grandes, mesmo na mulher jovem, realizar biopsia. NÓDULO PALPÁVEL → pode pedir biópsia. Se não for palpável e a mulher for jovem → seguimento com exame de imagem. DIANGÓSTICO: Exame de imagem → nódulo bem delimitado, homogêneo por dentro • TUMOR PHYLLODES: Raro (0,3 a 0,9%) Da 4 a 5ª década. Alta taxa de recidiva local Em 80% dos casos é benigno, porém com alta taxa de recidiva. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Fibroadenoma juvenil (também de crescimento rápido, mulheres jovens, não apresenta recidivas locais) Carcinoma Fibroadenomas TRATAMENTO: Cirúrgico (sempre retirar com margem de segurança) Os malignos são raros, mas muito agressivos. Nódulos sólidos, o ideal é pedir uma biópsia, quando for cistos, pedir punção com agulha fina. • PAAF (PUNÇÃO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA): Dirigida ou não por USG Citologia. • BIÓPSIA COM AGULHA GROSSA (BAG OU CORE BIOPSY): Dirigida por US ou MG (esterotaxia) Histologia – anátomo patológico Retira um fragmento (pedaço do nódulo). • BIÓPSIA COM AGULHA GROSSA A VÁCUO (MAMOTOMIA): Dirigida por US OU MG (esterotaxia) Histologia – anátomo patológico Remoção completa em tumores pequenos (1,5 cm). A agulha vai até onde está o nódulo e retira todo. É mais cara e dolorosa. Questões CASO 1: Paciente de 30 anos, com queixa de nódulo de mama há 6 meses de crescimento lento. Em seus antecedentes refere avó com câncer de mama aos 75 anos. No momento em uso de ACHO combinado, nuligesta, sem outras comorbidades. Ao exame, mamas de médio volume, palpa- se nódulo fibroelástico, móvel, bem delimitado, de 2 cm em mama esquerda. A palpação de linfonodos foi negativa. Qual é a hipótese diagnóstica? A história fala a favor de um nódulo, porque é fibroelástico e de crescimento lento, além de ser indolor. Hipótese → fibroadenoma. Não é câncer porque a palpação de um câncer seria com nódulo bem endurecido. Quais exames a serem solicitados? É uma paciente de 30 anos, pedir apenas USG. Qual a melhor conduta? Se o USG der BI-RADS 3 seguimento de 6 em 6 meses por 2 anos. Como orientá-la quanto ao risco de câncer? 85% dos canceres de mama são aleatórios, como só a vó teve câncer com mais de 75 anos, não se enquadra nos 15% de câncer ligado à história familiar. CASO 2: Paciente com 42 anos procurou PA com história de trauma na mama D há três dias após briga conjugal. Em uso de AINH desde então, mas está apresentando piora progressiva associada a vermelhidão, dor intensa, calafrios e sudorese. Ao exame físico nota-se abaulamento com hiperemia no quadrante súpero lateral da mama direita. A palpação esse abaulamento corresponde a um espessamento dolorido. Sem linfonodos palpáveis. Trouxe mamografia de 6 meses com resultado BI-RADS 2 por calcificações benignas bilaterais. Qual a hipótese diagnóstica? A hipótese diagnóstica é de mastite pós trauma → bateu, as bactérias da própria pele infectaram. Qual é a melhor conduta? Antibióticos. Se não fuma → pensar em uma mastite casual (1 antibiótico só). O melhor antibiótico nesse caso é cefalosporina. Do que suspeitar se o quadro não melhorar em até 72 horas? Se ainda estiver vermelho e com sinais flogísticos, indica que ainda está infeccionado, o que indica a presença de um abcesso, onde o antibiótico não consegue penetrar para fazer efeito. Qual conduta frente essa nova situação? Tem que drenar esse abcesso (dar um tempo de antibiótico primeiro, se não resolver, tem que drenar o abcesso). Antes de drenar realizar USG para confirmar que é um abcesso (o USG vai identificar uma coleção de líquido mais espesso). Internar a paciente, anestesiar e realizar uma drenagem. 3. A etiologia mais frequente de fluxo papilar sanguinolento, unilateral, em paciente de 45 anos é: a. Fibroadenoma b. Papiloma intraductal c. Carcinoma de mama d. Alterações funcionais benignas da mama e. Ectasia ductal COMENTÁRIO: Tanto o papiloma quanto o carcinoma papilífero podem causar fluxo papilar sanguinolento, mas o mais frequente é papiloma intraductal (85% dos casos). As alterações funcionais benignas as vezes podem dar um fluxo, mas seria bilateral e não seria sanguinolento e nem espontâneo. 4. O abcesso subareolar recidivante está relacionado com: I. Staphylococcus aureus e Anaeróbios II. Alcoolismo III. Tabagismo IV. Fibroadenoma Está correto apenas o contido em: a. I, II e III b. I e IIIc. II e IV d. I, III e IV e. I
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