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O porco-espinho de espinha fina , Chaetomys Subspinosus (Rodentia: Erethizontidae), em áreas protegidas na Mata Atlântica A R T I G O 01 Brasil: conhecimento local e ameaças Fig. 1. O porco-espinho de espinha fina, Chaetomys subspinosus (Foto: Gaston Giné). O ouriço-preto Endêmico da Mata Atlântica do Nordeste Brasileiro; classificado como vulnerável pela IUCN investiga o conhecimento, comportamento e percepção dos moradores rurais sobre o animal e a conservação da fauna O estudo Área de estudo sul do estado da Bahia, nordeste do Brasil: o Refúgio de Vida Silvestre de Una e o Parque Estadual da Serra do Conduru Coleta e Análise de dados Um estudo piloto foi realizado em uma subamostra de participantes para destacar potenciais vieses relacionados à condução de entrevistas e minimizar erros na coleta de dados. Posteriormente, 125 residentes rurais foram entrevistados; RESUMO 02 Introdução 03 São animais arbóreos, noturnos e solitários. Sua dieta é estritamente de folhas. Preferem habitar florestas nativas com alta complexidade vertical. Infelizmente, sua população está em declínio! O porco-espinho de espinha fina, Chaetomys subspinosus (Foto: Gaston Giné). Porcos-espinhos são comumente vistos como uma ameaça porque cães e pessoas podem ser gravemente feridos por seus espinhos. Vistos como ameaça Principais objetivos reduzir a perda de habitat e expandir as áreas florestais na área de ocorrência da espécie; reduzir a pressão de caça; aumentar o conhecimento relacionado à conservação sobre as espécies; estabelecer procedimentos de gestão; divulgar informações e fortalecer políticas públicas que contribuam para a conservação da espécie. Sobre o Plano de Ação Nacional para a conservação do porco-espinho de espinha fina 06 explorar o comportamento humano e o conhecimento sobre a espécie Voltado para residentes de áreas protegidas dentro de sua extensão de ocorrência. Objetivo do estudo 05 hipótese de trabalho O porco-espinho de espinha fina é uma espécie pouco conhecida, muitas vezes confundida com o porco-espinho anão peludo da Bahia e tratada como tal, mas a extensão desse fato (e suas consequências) é desconhecida. Refúgio de Vida Silvestre de Una (RVSU) e o Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC) Ambas as áreas estão localizadas em uma região que inclui os remanescentes mais significativos de Mata Atlântica no nordeste do Brasil. Esses remanescentes abrigam mamíferos endêmicos e ameaçados de extinção. Área de estudo 06M A T E R I A I S E M É T O D O S Refúgio de Vida Selvagem de Una (RVSU) e Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC) no sul da Bahia, Brasil. O roteiro da entrevista foi analisado em quatro secções: Coleta e Análise de dados As entrevistas foram realizadas em 2006-2007 (PESC) e 2010 (RVSU). residentes rurais foram entrevistados 125 07 M A T E R I A I S E M É T O D O S Escolaridade, idade, tempo de residência e ocupação variáveis pessoais conhecimento sobre o animal comportamento relacionado à conservação da vida selvagem percepções sobre a conservação e áreas protegidas Em ambas as áreas, as entrevistas foram gravadas em papel, embora por vezes tenha sido utilizado um mini-gravador, com autorização dos entrevistados. Para verificar a consistência e precisão, algumas entrevistas foram repetidas. No PESC, 22 pessoas foram entrevistadas mais de uma vez e cinco entrevistas foram repetidas no RVSU. Quando os respondentes deram respostas diferentes para a mesma pergunta em momentos diferentes, apenas a última resposta foi usada para a análise dos dados. 08 Sobre as entrevistas Foi utilizada para analisar o nível de conhecimento dos entrevistados Sobre as analises Escala Likert de três pontos (respostas corretas = 1; respostas parciais = 0,5; respostas erradas = 0): Foi criado um indicador para as duas áreas, para comparar quantitativamente o conhecimento dos respondentes sobre as espécies. Um valor final foi obtido somando as pontuações de cada sujeito e dividindo pela pontuação máxima possível Para avaliar as possíveis ameaças às espécies, foi investigado o comportamento e as atividades dos residentes em relação à conservação da vida selvagem. 09 Escala atitudinal de Kellert foi usada para avaliar a relação dos entrevistados RVSU com a vida selvagem local por meio de seus sentimentos sobre a importância dos animais. Esta escala classifica os valores humanos relativos à vida selvagem em dez dimensões: naturalista, moralista, estética, utilitária, humanística, ecológica, científica, dominionista, neutra e negativa. Sobre as analises Duas questões do roteiro de entrevista foram utilizadas para construir esta escala: “Qual a importância dos animais?” e "Para que eles existem?" 10 Resultados: Perfil dos entrevistados O tamanho da amostra consistiu em 125 entrevistas (99 homens e 26 mulheres). O tamanho da amostra consistiu em 125 entrevistas (99 homens e 26 mulheres). 38% dos entrevistados em ambas as áreas não tinham educação formal. A maioria estava envolvida em atividades agrícolas (85% no RVSU e 56% no PESC). Os animais criados nas fazendas são principalmente galinhas, gado, porcos, gansos, mulas, burros, vacas e ovelhas. 28% das propriedades do RVSU 36% das propriedades do PESC não possuem nenhum tipo de gado que pudesse servir de fonte de alimento para os residentes. 11 Resultados: Conhecimento sobre o porco-espinho de espinha fina 57% 46% No RVSU foi capaz de descrever o porco-espinho de espinha fina ou identificar sua imagem. No PESC, menos da metade dos participantes reconheceu o animal. A maioria dos entrevistados em ambas as unidades de conservação citou um comportamento solitário e noturno para a espécie, passando a maior parte do dia dormindo em árvores ocas e emaranhados de cipós. Esses são fatos relatados na literatura atual A dieta da espécie era pouco conhecida entre os entrevistados. A dieta da espécie era pouco conhecida entre os entrevistados. 12 Resultados: Conhecimento sobre o porco-espinho de espinha fina Alguns entrevistados relataram que o porco-espinho anão peludo da Bahia tem um comportamento mais agressivo do que o porco- espinho de espinha fina (“o animal é mais agressivo que o porco- espinho de espinha fina, atira os espinhos para se defender”). Os entrevistados (43% no RVSU e 30% no PESC) estavam familiarizados, direta ou indiretamente, com fins medicinais para o porco-espinho de espinha fina e o porco-espinho anão peludo da Bahia. 13 Resultados: Conhecimento sobre o porco-espinho de espinha fina Os residentes em ambas as áreas se comportam negativamente em relação à conservação da vida selvagem, considerando as práticas atuais e passadas 14 Dezenove entrevistados admitiram a caça para fins de alimentação. Em ambas as áreas, a caça foi significativamente relacionada ao conhecimento, mostrando que os caçadores anteriores e atuais sabem mais sobre o porco- espinho de espinha fina do que os não caçadores. A espécie está sob pressão de caça, citada por 54% dos entrevistados como um alvo de caça. Embora sua carne não seja cobiçada em toda a área de estudo, o principal motivo da caça é para alimentação. Outra motivação para a caça é para uso medicinal. Resultados: A maioria das pessoas que reconheciam a espécie tinha bom conhecimento sobre sua biologia e comportamento. O conhecimento concentrou-se em residentes que se dedicam ou se dedicaram à caça e têm baixos níveis de educação formal. Existe uma clara diferenciação genérica na profundidade do conhecimento, sendo os homens mais conhecedores do que as mulheres, provavelmente devido à sua proximidade com o meio ambiente através do trabalho rural ou da caça Esse aparente conflito pode estar relacionado à baixa qualidade de vida dos residentes. As necessidades mais citadas pelos respondentes RVSU estão relacionadas à infraestrutura básica. 15
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