Prévia do material em texto
Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 1 O Fluxo de Caixa na empresa familiar de Comércio de Produtos Naturais na cidade de Conchal, SP DIONLENO DA COSTA BRAGA Centro Universitário Adventista de São Paulo jhon.lenon.2008@hotmail.com JADSON BARBOSA DE OLIVEIRA Centro Universitário Adventista de São Paulo jadson.oliva@gmail.com LUIS FERNANDO DA ROCHA Centro Universitário Adventista de São Paulo luis.rocha@adventistas.org.br RESUMO Surgem mais empresas familiares de pequeno porte e com isso empresários que não possuem capacitação para gestão financeira adequada e controle das movimentações financeiras para que se tenha planejamento de curto, médio e longo prazo. Tendo como propósito evidenciar a importância de se ter a ferramenta de fluxo de caixa, o objetivo da pesquisa é demonstrar que através desse modelo financeiro é possível tomar decisões com rapidez e visualizar situações futuras que podem ser geridas na empresa familiar de comércio de produtos naturais na cidade de Conchal localizada no estado de São Paulo. Foi realizada uma coleta de dados através de um questionário com 10 questões, buscando saber o perfil do gestor, nível de experiência profissional, nível acadêmico, as expectativas de desafios do negócio e em relação ao controle financeiro das vendas e recebimentos diários, sobre o conhecimento em ferramentas financeiras de gestão. Constatando que o gestor não possuía praticamente nenhuma habilidade e conhecimento da área específica, principalmente sobre os registros de entradas e saídas monetárias da empresa, identificou a oportunidade de aplicar o fluxo de caixa e utilizar de maneira simples e prática e com acompanhamento necessário para implantação e entendimento do usuário. Os dados coletados demonstraram a necessidade de se ter um fluxo de caixa para controlar os registros de vendas e recebimentos e assim melhorar a gestão da empresa. Os resultados foram satisfatórios, com a utilização da ferramenta percebeu-se que é possível fazer análise de planejamento de reserva, para pagamento de fornecedores no prazo adequado sem necessidade de financiamento. Palavras-chave: Empresa familiar; Fluxo de Caixa; Planejamento. mailto:jhon.lenon.2008@hotmail.com mailto:jadson.oliva@gmail.com mailto:luis.rocha@adventistas.org Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 2 1. Introdução Uma pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2018 sobre a educação financeira do MEI informa que a maioria das empresas realizam o controle financeiro no papel, ou seja, não possuem uma maneira eficiente para registrar as entradas e saídas de recursos de seus negócios. Devido a competitividade na venda de as entradas e saídas de recursos de seus negócios. Devido a competitividade na venda de produtos e serviços e as exigências dos clientes, faz com que as empresas busquem melhorar sua gestão financeira, e com isso propõe-se a oferecer uma ferramenta de controle financeiro que é o Fluxo de Caixa. Sabe-se que as pequenas empresas têm dificuldades no planejamento financeiro, por ser familiar há também o problema do princípio da entidade, isso é algo que infelizmente tem fechado as portas de uma empresa. Com a utilização adequada do fluxo de caixa, a entidade terá um planejamento e conseguirá indicar antecipadamente as necessidades de numerários para atendimento dos compromissos. (Silva, 2007). A funcionalidade desta ferramenta na pequena firma é lançar as entradas e saídas financeiras e assim realizar a demonstração do fluxo de caixa e gerir de maneira eficiente a estabelecimento. Desta maneira o profissional responsável pela área financeira terá melhor visibilidade da situação da organização e com isso tomar as decisões necessárias a curto e longo prazo e tendo a possibilidade de se planejar para realizar outros projetos de interesse da empresa, fazendo assim que ela se desenvolva cada vez mais. (Silva, 2007). De acordo com Marques (2013), o desenvolvimento do Fluxo de Caixa é entender e organizar adequadamente o sistema financeiro referente a movimentação diária de numerários e sua influência no sistema operacional organizacional. Essa ferramenta financeira atende a diversos públicos e todos com muita particularidade, é através dela que possibilita a formação ideal da organização de uma empresa. Os usuários são: Diretores, Assistentes Financeiros, Executivos da área financeira. Muitas microempresas não têm a cultura e condições financeiras de adquirir um programa tecnológico específico de Fluxo de Caixa, por isso sugere-se a elaboração criteriosa de uma planilha de Excel. Essa planilha é simples, uma pessoa com conhecimento básico de informática conseguirá realizar os lançamentos financeiros de movimentação de entrada e saída. Portanto, surge a necessidade da implantação da ferramenta de Fluxo de Caixa que contribuirá na gestão financeira e nas antecipações de decisões da empresa. De acordo com a contextualização realizada, a seguinte questão problema: Como o Fluxo de Caixa auxiliará na gestão financeira da empresa familiar de Comércio de Produtos Naturais na cidade de Conchal, SP? O desenvolvimento deste trabalho tem como objetivo identificar a necessidade de implantar o fluxo de caixa direto na empresa de comércio de produtos naturais na cidade de Conchal localizada no estado de São Paulo com ênfase na importância de se ter uma ferramenta financeira que proporciona o controle de vendas e recebimentos, auxiliando nas tomadas de decisões com base em resultados e através das análises financeiras. O artigo se justifica pela possibilidade em apresentar uma ferramenta financeira que é de grande importância para uma empresa familiar ter condição de gerir de maneira organizada, eficaz e assim se planejar financeiramente sem prejudicar a saúde do negócio. Demonstrou-se através desse arquivo que há grandes vantagens quando o fluxo de caixa é implantado e bem operado sistematicamente na rotina financeira. 2. Fundamentação Teórica 2.1. A contabilidade, os Sistemas e Métodos de Compras Pode-se dizer que é nítida a importância e a necessidade da contabilidade para o bom Comentado [U-AAB1]: Que pesquisa é essa? Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 3 andamento de uma empresa, que conforme enuncia Ribeiro (2013, p. 10) “é uma ciência que possibilita por meio de suas técnicas o controle permanente do Patrimônio das empresas” “, tendo como principal finalidade a de fornecer informações de ordem econômica e financeira que facilitam nas tomadas de decisões. Abreu (2006) também contribui ao informar que a contabilidade tem a missão de relatar fatos, através da produção de relatórios referentes a situação da empresa. Para Gonçalves e Baptista (2004, p. 23) o objetivo primordial da contabilidade “é o estudo do patrimônio a partir da utilização de métodos”. Sobre quem são os usuários da contabilidade, entende-se que os usuários da Contabilidade são todos aqueles que direta ou indiretamente utilizam as informações fornecidas por ela, seja para acompanhar o desenvolvimento da empresa, seja para tomar decisões administrativas, econômicas ou financeiras, seja para conhecer as garantias que a empresa oferece para cumprir seus compromissos juntos a seus Clientes, Fornecedores e principalmente ao fisco (Ribeiro, 2013. p.12). Segundo os autores Warren, Reeve, Duchac e Padoveze (2010), a contabilidade atua de forma efetiva ao fornecer informações a serem utilizadas no direcionamento da empresa. Além de fornecer informações que podem ser utilizadas na avaliação esituação econômica da empresa, infelizmente nem todos os proprietários têm experiência contábil ou financeira para administrar o seu negócio. De acordo com Ribeiro (2013) as empresas são entidades econômico-administrativas que visam o lucro, por terem finalidade econômica. Pode-se desenvolver com os mais variados ramos de atividades. Ao tratar diretamente sobre as empresas que operam com mercadorias, as chamadas empresas comerciais, entende-se que as mercadorias compreendem aos bens que as empresas compram para revender, sendo que as operações que envolvem as compras e vendas de mercadorias dizem respeito a atividade principal das empresas comerciais. De modo geral, as empresas possuem tanto obrigações quanto direitos, no campo das obrigações as empresas efetuam compras de suas mercadorias através dos fornecedores, podendo ser pago no momento da compra, alguns dias depois, semanas ou até meses, a depender do que foi combinado com o fornecedor. Com relação aos direitos acontece o contrário, a empresa é que vende suas mercadorias a prazo, gerando assim um direito de receber o valor que foi combinado entre as partes, Ribeiro (2013). Fato é que todas as informações financeiras da empresa precisam ser organizadas por meio de métodos ou sistemas de controle para uma efetiva gestão da empresa. Conforme menciona Ribeiro (2013), quando se refere ao processo de compras de mercadorias, existem dois métodos e dois sistemas que as empresas podem utilizar para o registro interno. Sendo um dos métodos a da Conta Mista, na qual se adota apenas uma conta que registra todas as operações, que comumente também é chamada de “Mercadorias” ou Estoque de Mercadorias. O outro método de registro é o chamado Conta Desdobrada, que diferentemente da Conta Mista, adota-se várias contas para o registro das operações de mercadoria. Vale ressaltar que a empresa possui autonomia para escolher qualquer um dos métodos apresentados, mas não poderá fazer uso dos dois ao mesmo tempo. Já com relação aos sistemas, temos o Sistema de Inventário Periódico em que as empresas passam a fazer o inventário físico das mercadorias apenas no final de um período, que geralmente é de um ano. Dessa forma, o resultado da conta Mercadorias só será conhecido no final do período mencionado. Neste contexto, tem-se também o Sistema de Inventário Permanente, no qual por fazerem um controle constante com as respectivas anotações, é possível que as empresas apurem o Resultado da Conta Mercadorias sempre que desejarem Ribeiro (2013). Independentemente do método escolhido, a empresa poderá optar por utilizar Formatado: Cor da fonte: Texto 1 Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 4 um dos sistemas mencionados Ribeiro (2013). Ainda no contexto dos métodos que podem ser adotados, mais especificamente no fluxo de caixa, Ribeiro (2013) expõe que existem dois métodos que podem ser adotados para a estruturação de um fluxo de caixa. Tem-se o método indireto, também denominado método da Reconciliação, por esse método os recursos advindos das atividades operacionais são apresentados pela junção do lucro líquido do exercício, alinhado pela adição das despesas e a exclusão de receitas na apuração do resultado e não afetaram o Caixa da empresa. E tem-se o método direto, sendo muito semelhante ao método indireto, diferindo apenas na forma de apresentação das atividades operacionais. Sobre o método indireto, Ribeiro esclarece que no método indireto, os recursos derivados das atividades operacionais são indicados a partir do lucro líquido do Exercício, conforme já vimos. No método direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais, efetuados durante o período (Ribeiro, 2013. p.370). Ribeiro (2013), ainda esclarece que não há uma previsão legal que obrigue as empresas a utilizarem um ou outro método, neste caso as empresas são livres para escolherem a forma mais adequada à sua realidade. No caso das empresas de pequeno porte, por não precisarem de detalhes em seus registros, normalmente optam por fazer uso do Método da Conta Mista com Inventário Periódico. Já as empresas de maior porte geralmente adotam o Método da Conta Desdobrada com Inventário Periódico ou Permanente, devido necessitarem de detalhes em seus registros. No entanto, independentemente da escolha tomada mediante a realidade de cada empresa, o registro de informações de uma empresa é de suma importância para assertivas tomadas de decisões. Na qual as informações de entradas e saídas de ordem financeira fornecidos aos usuários da contabilidade referem-se ao Chamado Fluxo de Caixa. 2.2. Fluxo de Caixa Frezatti (2014) esclarece que em um primeiro momento o conceito de fluxo de caixa parece simples, mas embora tenha um conceito fácil, pode se tornar difícil por interferir em diversos elementos de nossa vida. Mas de forma simples e clara, o fluxo de caixa é caixa, dinheiro que sai e dinheiro que entra. Além do conceito apresentado, tem-se outros conceitos em que no sentido clássico, o caixa representa o objetivo final dos investidores ao optarem por uma dada alternativa de alocação de recursos. No meio empresarial caixa é o ativo mais líquido disponível na empresa, encontrado em espécie na empresa, nos bancos e no mercado financeiro de curtíssimo prazo (Frezatti, 2014, p. 1 e 2). Segundo Ribeiro (2013) a demonstração dos fluxos de caixa (DFC) tem por finalidade evidenciar um relatório contábil, onde se encontra todos os registros de entrada e saída do saldo do caixa, ocasionando assim as modificações equivalentes de caixa, fazendo assim o relatório de fluxo de caixa. Basicamente esse processo envolve o registro de débito e crédito, pois trata-se de uma demonstração sintetizada dos fatos administrativos que envolvem os fluxos de dinheiro ocorridos durante um determinado período, devidamente registrados a débito (entradas) e a crédito (saídas) da conta caixa, da conta Bancos conta Movimento e das contas representativas dos equivalentes de caixa. (Ribeiro, 2013, p. 431). Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 5 Independente do conceito a ser utilizado para o fluxo de caixa, Frezatti (2014, p. 1) aponta que uma “organização só́ tem sucesso se as suas atividades materializarem a geração de caixa” Frezatti (2014, p. 1). Nesse sentido, Frezatti (2014) esclarece ainda que é comum as empresas tomarem conhecimento e implantarem o fluxo de caixa devido à uma situação crítica, tentando evitar assim uma falência nos negócios. O autor apresenta que é como uma pessoa que não possui hábitos saudáveis até se deparar com problemas de saúde, e só a partir disso querer providenciar os meios de cuidados que já anteriormente eram necessários. Além disso, o uso e gestão do fluxo de caixa deveria ser uma preocupação das organizações de modo geral e não apenas das grandes empresas ou daquelas voltadas apenas para a obtenção de lucro, mas deveria ser uma prioridade para uma instituição religiosa, uma empresa familiar em ascensão, uma empresa estatal, etc. Para que com o gerenciamento do fluxo de caixa se alcance os objetivos de maneira adequada. O que é possível se a empresa vir o fluxo de caixa como um instrumento estratégico de toda a empresa e não somente do tesoureiro. Frezatti (2014, p. 3 e 4). 2.3. Fluxo de caixa: Instrumento estratégico de gestão No sentido de uma contabilidade mais voltada para a gestão, Iudícibus (1988, p. 16) esclarece que a contabilidadegerencial é “um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços”. Observando de um ponto de vista mais tático e estratégico, a geração e saldos de caixa são grandes e importantes elementos. Em que as metas específicas de liquidez devem ser harmonizadas, para isso se faz necessário uma projeção de fluxo de caixa diário. Frezatti (2014). De acordo com Ribeiro (2013) o ideal é que as práticas no tocante às entradas e saídas de caixa sejam escolhidas em três grupos de atividades, como estabelece o inciso I do artigo 188 da Lei nº 6.404/76 e, ainda consoante com as recomendações contidas na NBC TG03 (Normas Brasileiras de Contabilidade tipo NBC TG03): “a) Atividades operacionais – são as principais atividades geradoras de receita da entidade. Podem ser exemplificadas pelo recebimento de uma venda, pagamento de fornecedores por compra de materiais, pagamento dos funcionários etc. Devem ser classificadas como operacionais, todas as demais atividades que não se enquadrem como de investimento ou financiamento. b) Atividades de investimento – são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. São exemplos, as aquisições ou vendas de participações em outras empresas e de Ativos utilizados na produção de bens ou na prestação de serviço ligados ao objeto social da empresa. É importante citar que as atividades de investimentos não compreendem a aquisição de Ativos com o objetivo de revenda. c) Atividades de financiamento – são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. Compreendem a captação de recursos dos acionistas ou cotistas e seu retorno em forma de lucros ou dividendos, a captação de empréstimo ou outros recursos, sua amortização e remuneração. (Ribeiro, 2013, p. 432 e 433). Em um ângulo estratégico os enfoques podem possuir diferentes abordagens dos instrumentos e de detalhamentos. A realidade é que nem toda empresa pode dispor de um fluxo de caixa para um longo prazo, com o fim de se ter uma segurança com relação ao futuro. Mas o que se pretende é que seja estudado as formas de questionamentos e de avaliação de toda Comentado [U-AAB2]: Acredito que não precisa deste tópico Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Comentado [U-AAB3]: A partir daqui, neste tópico, só foi utilizado Frezatti! Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 6 empresa Frezatti (2014). O fato é que “geração de caixa é algo fundamental na organização, no seu estágio inicial, no seu desenvolvimento e mesmo no momento da sua extinção” Frezatti (2014, p.33). Ter o fluxo de caixa de uma organização como um instrumento gerencial significa ter maior potencialidade para gerenciamento de decisões. O gerenciamento estruturado de informações é fundamental para o célere poder decisório dos gestores Frezatti (2014). O fluxo de Caixa deve fornecer detalhes que permitam a correta análise das informações, pois um fluxo não devidamente adequado pode levar a empresa a não entender, analisar e a não decidir adequadamente sobre sua liquidez. Sobre suas modalidades, a depender do usuário, o fluxo de caixa pode ser da tesouraria, no qual é elaborado pelo tesoureiro da empresa e o contábil, que é um conjunto de demonstrações contábeis (balanço patrimonial e demonstração de resultados) Frezatti (2014). Com relação as entradas e saídas financeiras, tem se que são uma consequência do que acontece com o fluxo não financeiro Frezatti (2014). “No caso contrário, ou seja, falta de caixa na linha não financeira, temos uma entrada de caixa para cobri-la (resgate de investimento ou captação de empréstimo)” Frezatti (2014, p.41, 53). Neste sentido a análise das entradas e saídas de modo geral devem ser cuidadosamente analisadas, pois ter um fluxo operacional positivo é sinal de saúde empresarial. Ter fluxo ope- racional constantemente negativo é um alerta, mesmo que a organização esteja vivendo momentos de adolescência empresarial, situação em que as vendas são ainda pequenas embora crescentes e os gastos em geral são significativos (Frezatti, 2014, p. 54). Frezatti (2014) esclarece que no próprio fluxo de caixa é possível a avaliação e projeção de melhorias, no qual para uma visualização de progresso deve ser feitas comparações com o mês anterior, comparações com o ano anterior e comparações com o planejamento etc. Em algumas situações para se fazer a comparação da evolução, é necessário que a moeda do fluxo de caixa seja ajustada. Após a análise de comparações, é relevante buscar a otimização dos resultados. Toda a estruturação da análise do fluxo de caixa deve levar em consideração tanto o próprio fluxo de caixa quanto as movimentações das demais contas do capital de giro. Embora não haja necessariamente uma integralização entre eles. As informações das demais contas de capital de giro se tornam relevantes, pois pode auxiliar para se entender o que ocorreu no passado e de forma proativa também ajustar e buscar oportunidades para otimização do fluxo de caixa Frezatti (2014). “Não apenas as variações desfavoráveis devem ser analisadas e explicadas, mas também as favoráveis, pois permitem o aprendizado e transplante para outras áreas da organização com o objetivo de ampliar a aprendizagem organizacional” Frezatti (2014). Em síntese, o fluxo de caixa é de grande importância para o planejamento e controle financeiro, sendo um referencial de tomadas de decisões de curto e longo prazo. Pois a partir de uma avaliação de seus resultados, pode-se analisar as tendências e demandas de mercado subsequentes. Portanto, é considerado indispensável para qualquer tipo de atividade ou ramo. Sendo que cada projeção deve ser feita com cuidado, para que se aproxime da realidade da organização (Zdanowicz, 2004). 2.4. Métodos de DFC De acordo com Campos Filho (1999) O existe o Fluxo de Caixa Direto é basicamenteque é a quantidade de dinheiro disponível para a realização de negóciospara o funcionamento da empresa e mede as entradas e saídas monetária de uma empresa em determinado período. Segundo Campos Filho, 1999, p. 32 cita “A demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto facilita o entendimento do usuário, pois nela pode-se visualizar Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Formatado: Fonte: Não Negrito Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 7 integralmente a movimentação dos recursos financeiros decorrentes das atividades operacionais da empresa”, ou seja, evidenciar os valores que transitam pelo caixa é de vital importância para que se analise melhor o fluxo financeiro da empresa. O autor Campos Filho (1999) informa que a vantagem de se apropriar no método direto é que possibilitará que os recebimentos e pagamentos sejam classificados levando em consideração critérios técnicos e não fiscais. O autor explica que assim estabelece um novo desafio, o de administrar a empresa levando em consideração o caixa, e possibilita que as informações do caixa estejam disponíveis diariamente. As desvantagens são que agrega um novo trabalho, a classificação dos recebimentos e pagamentos e dificulta em se ter uma familiaridade dos envolvidos na classificação dos recebimentos e pagamentos. Campos Filho (1999) também informa a existência da demonstração financeira através do método indireto, muito parecido com a DOAR (Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos) e como o fluxo de caixa é facilitar o entendimento do usuário, então o autor informa que muitos preferem utilizar o direto que é mais simples para o aprendizadode comerciantes que não tem experiência na gestão financeira. O fluxo de caixa é apresentado como uma das ferramentas mais eficazes na gestão financeira, pois auxilia o administrador planejar, organizar os recursos financeiros em determinados períodos, assim influenciando o processo de decisão. Em outras palavras, segundo Gitman (2003), o fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa. Se não utilizá-lo de maneira correta, não se saberá quando haverá a necessidade de financiamentos bancários. Através dessa ferramenta financeira, é possível visualizar de maneira ampla o montante de contas a pagar, contas a receber e assim facilitando um planejamento financeiro estratégico. 2.5. Administração financeira de uma empresa familiar É grande o número de empreendedores de empresas familiares que após criar a sua empresa, iniciam o papel de gerenciar de forma geral ou parcial. O autor Almeida (1994) afirma que: “na pequena empresa a administração é geralmente feita pelos seus proprietários ou por seus parentes, que muitas vezes não têm conhecimento aprofundado de técnicas administrativas. (...) Vale observar que o conhecimento profundo de técnicas administrativas não é fundamental para as pequenas empresas, dada a simplicidade de funcionamento desse tipo de organização.” Quando se trata de administração financeira de uma empresa familiar, é comum encontrar casos em que gastos e despesas não são relatados na contabilidade a assim prejudica no controle financeiro. Afirma Mamede (2014) que é necessário que não só o proprietário e sócios, mas sim toda a família envolvida na atividade da empresa esteja ciente que é necessário uma transparência e tratativa diferenciada em relação a gestão financeira, pois se isso não ocorrer, a empresa será um ambiente de bagunça, em que não haverá controle, terá confusão com princípio de entidade, ninguém anotará as movimentações dos recursos e então com toda a falta de controle, não garantindo a manutenção financeira, nem rentabilidade futura chegando então a falência. 2.6. Prazo Médio de Pagamento dos Fornecedores (PMPF) Sabe-se que é necessário que o profissional que administra financeiramente o seu negócio tenha o conhecimento dos dados relevantes da área financeira, como por exemplo, o prazo médio de pagamento para com os fornecedores, teoricamente conhecido como prazo médio de pagamento (PMP) também conhecido como prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF). De acordo com Alves (2018), o prazo médio de pagamento evidencia a qualidade das contas que a empresa tem a pagar, a autora acrescenta que através desses dados Comentado [U-AAB4]: Quem disse isto? Tem fonte? Comentado [U-AAB5]: É assim que se cita? Comentado [U-AAB6]: Onde está a referência? Comentado [U-AAB7]: Mais de 40 palavras deve ser recuado. Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 8 a empresa obtém a informação se está pagando suas dívidas de forma rápida ou lenta. Ou seja, se a empresa tem obrigações com fornecedores cujo vencimento é bem antes do recebimento do cliente, ela está comprometendo a saúde financeira empresarial, pois suas operações passam a ser financiadas até o momento de recebimento das vendas realizadas. Por exemplo: para um prazo médio de pagamento de 30 dias, frente aos prazos médios de estocagem de 7 dias e recebimento das vendas de 15 dias, há uma folga no capital de giro de 8 dias (30 dias -7 dias - 15 dias). Deve haver um equilíbrio entre esses prazos, pois seu reflexo na situação financeira da empresa é imediatoSegue abaixo a fórmula utilizada:. PMPF = Fornecedores ÷ Compras × 360 PMPF sendo prazo médio de pagamento dos fornecedores. 2.6.1. Prazo Médio de Estocagem (PME) No cenário social e empresarial o estoque assume um papel de destaque, por não permitir que faltem os produtos aos seus clientes e por tornar a empresa mais competitiva no mercado, porque o estoque representa um patrimônio significativo da empresa. O estoque pode ser um diferencial para que a empresa tenha ou não sucesso Zorzo (2015). Para que o processo de estoque funcione, é necessário um processo de logística adequado, que delimite de onde saíram os produtos, para onde eles deverão ser enviados, prazos de entrega, pontos de registro e controle e não menos importante a cobertura de estoque Zorzo (2015). A gestão de materiais também é muito importante para a adequada gestão da empresa, pois é por meio dela que se sabe o que manter em estoque, bem como quanto e quando é necessário ser mantido ou retirado produtos do estoque Zorzo (2015) a gestão é feita a partir de várias ações que têm a finalidade de estabelecer se os estoques estão sendo usados, se há um controle sobre o que entra e sai, se sai manuseados de modo apropriado, se estão localizados nos locais mais convenientes ao mercado que devem abastecer, entre outros aspectos (Zorzo, 2015, p. 15). De acordo com Assaf Neto (2020) o prazo médio de estocagem em dias vai desde o momento que se adquire a matéria-prima até o período em que se é solicitada na produção, para dar início assim, ao processo de transformação da matéria em produto acabado. Ou seja, o preço médio de estocagem corresponde ao estoque de matéria-prima, dividido pelo consumo anual, vezes 360 dias do ano. Segundo Assaf Neto (2020) existe outros prazos de estocagem, porém nem sempre é fácil de se perceber os vários componentes separadamente, que são matérias-primas, produtos em elaboração e produtos acabados, sendo identificados nos balanços. Um desses prazos voltados para a indústria é o prazo médio de estocagem total, “revela o tempo médio que os estoques totais de uma empresa industrial permanecem armazenados à espera de serem consumidos, produzidos e vendidos’’. Ainda segundo Assaf Neto (2020) existe o PME voltado para o comércio, indicando assim, o período em que a mercadoria permanecerá no aguardo em estoque para ser comercializada. O cálculo ficaria da seguinte maneira: PME = (Estoque Médio ÷ CMV) × 360 Formatado: Não Realce Formatado: Recuo: À esquerda: 2,54 cm, Primeira linha: 1,27 cm Formatado: Não Realce Formatado: Recuo: À esquerda: 2,54 cm, Primeira linha: 1,27 cm Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 9 PME sendo prazo médio de estocagem. Existem diversas formas que visam um controle adequado da dinâmica do estoque, sendo necessário a escolha do melhor método para seja devidamente apresentado e auxilie a empresa em seu crescimento, principalmente nas tomadas de decisões. Existem diversas formas que visam um controle adequado da dinâmica do estoque, sendo necessário a escolha do melhor método para seja devidamente apresentado e auxilie a empresa em seu crescimento, principalmente nas tomadas de decisões. Também é necessário entender que há algumas maneiras de cada empresa encontrar um equilíbrio a respeito do controle de estoque. Algumas maneiras a saber qual é o coeficiente máximo, médio e mínimo e dessa maneira aumentar o giro de estoque, pois quando maior o giro, melhor é a gestão e resultado da empresa, e principalmente para empresas no ramo alimentício que geralmente tem uma validade curta dos seus produtos. Sabe-se que hoje em dia existem sistemas de gestão que facilitam esse tipo de controle, mas muitas pessoas não estão capacitadas para operar a tecnologia e com isso não há êxito no processo. 2.7. Auxílio de tomada de decisões A demonstração do Fluxo de Caixa, possui uma notável maneira de apresentar ao gestor resultados obtidos através de análise, para isso é necessária uma visão sistêmica de gestão e como usuário da planilha financeira tomar as devidas decisões para pagar empregados, pagar fornecedores, ser cuidadoso para não se pagar nada com juros e também sepreocupar com o controle de estoque, pois sabe-se que estoque é um ativo que precisa ser movimentado, ou seja, vendido. Com isso o Comitê de Pronunciamentos Contábeis afirma que: As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários das demonstrações contábeis requerem uma avaliação da capacidade que a entidade tem para gerar caixa e equivalentes de caixa, e da época e grau de certeza dessa geração. Em última análise, essa capacidade determina, por exemplo, se a entidade poderá pagar seus empregados e fornecedores, os juros e amortizações dos seus empréstimos e fazer distribuições de lucros aos seus acionistas. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2008, p. 15). 3. Metodologia da pesquisa Para o desenvolvimento do artigo, a metodologia ocorreu através de pesquisas bibliográficas sobre o fluxo de caixa operacional no método direto e sua a importância para uma gestão financeira eficiente. Utilizou-se o método de entrevista realizada pessoalmente com o comerciante Ryshell Muniz, de 41 anos de idade, proprietário do comércio Muniz Produtos Naturais localizado na cidade de Conchal no estado de São Paulo que possui uma pequena equipe de colaboradores, sendo sua esposa Ruth e o seu sobrinho Gabriel Muniz que é o único contratado mediante regime CLT. De acordo com Descombe (2003), a entrevista é um método atrativo ao pesquisador, porque a maioria dos pesquisadores possui a habilidade da conversação e precisa ser realizada de maneira estruturada como orienta Rubbin (1995). Sendo assim, essa metodologia teve a intenção de identificar o nível de conhecimento do proprietário e também de sua equipe a respeito da gestão financeira empresarial. Buscou-se através das fontes bibliográficas, livros, sites, para atingir o objetivo proposto, que se direciona a apresentar a importânciaao entrevistado de um comércio utilizar uma a ferramenta financeira que proporciona um excelente controle de movimentações Comentado [U-AAB8]: Quem disse isto? Comentado [U-AAB9]: Devem explicar melhor esta metodologia. Quando, como, onde, com quem... Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 10 financeiras de maneira simples, rápida e prática e assim auxiliá-loar o gestor a geriradministrar de maneira eficaz a sua empresa e com isso agregar conhecimento, desenvolvimento, e se ter uma visão sistêmica parae assim realizar decisões com segurança para sua empresa familiar.. Realizada a pesquisa através da entidade de auxílio a microempreendedores, o SEBRAE, foi aplicada uma entrevista estruturada através de um questionário com 10 questões dissertativas específicas com base em controle financeiro, fluxo de caixa, inadimplência, estratégia e planejamento financeiro e auxílio para tomada de decisão financeira. Toda a abordagem da pesquisa através de entrevista foi qualitativa e Beuren (2012, p. 82) afirma que “essa tipologia de pesquisa é primordial no aprofundamento de questões relacionadas ao desenvolvimento da Contabilidade, seja âmbito teórico ou prático”. Diante disso identificou-se quais perspectivas e desafios que a empresa possui e entender o que essa empresa espera do futuro através de sua gestão, identificar o que ela tem feito para conseguir se manter em um mercado tão competitivo no ramo alimentício, onde ainda há uma barreira para produtos naturais, e que muitas pessoas estão vivendo em um ritmo frenético e optam por alimentos mais práticos e rápidos no preparo e para consumo. 4. Apresentação e análise de dados O desenvolvimento da pesquisa se dá na importância do fluxo de caixa operacional na empresa familiar Muniz Produtos Naturais localizada na cidade de Conchal no estado de São Paulo com um faturamento médio mensal de R$ 7.000,00 e três pessoas compondo a equipe de trabalho. A entrevista foi realizada através de um formulário com resposta dissertativa sobre o conhecimento e importância do fluxo de caixa, prazo médio de pagamento, prazo médio de estocagem e planejamento financeiro de futuras reservas. Em relação ao questionário, a primeira pergunta sobre qual é o prazo médio de pagamento das compras junto aos fornecedores, o empresário que também é o gestor do comércio de produtos naturais informou que não tinha o conhecimento desse assunto e que algumas vezes realizava um empréstimo bancário para quitar os boletos de fornecedores, com isso não negociava novos prazos como mudança de data de vencimento de boletos e que não tinha ideia de como controlar os prazos de pagamento de boletos de acordo com as entradas, ou seja, com o recebimento das vendas. Em seguida foi entrevistado se na empresa possuía uma ferramenta financeira, um sistema que ajudasse no controle e monitoramento de entradas e saídas monetárias e assim tendo uma visão de gestão financeira para que pudesse auxiliar nas tomadas de decisões sejam elas imediatas ou não imediatas. A resposta foi que a família não tem conhecimento básico de informática e o único colaborador que tem habilidade de informática está diretamente na área de vendas e não está apto para a área administrativa, por isso, o comércio não tinha sistema tecnológico de gestão, e a única forma de anotações de movimentos de saídas era feita através de anotações diárias em um simples caderno de papelaria que apenas algumas anotações diárias eram lembradas e registradas. Essas anotações não eram revisadas e nem auditadas pelo proprietário ou por um outro colaborador de confiança da empresa. As importâncias apresentadas até o momento são corroboradas na literatura de Gitman (2003) em que o autor cita que o fluxo caixa é a maneira mais eficaz para ajudar o administrador a planejar, organizar a área financeira, os recursos e períodos específicos e assim influenciando nas tomadas de decisões. Ele também enfatiza demonstrando que o fluxo de caixa é como se fosse uma espinha dorsal da empresa e com base nisso perguntou-se ao proprietário do comércio se havia conhecimento do fluxo de caixa para o bom desempenho de sua empresa. Obteve-se a resposta que uma entidade de apoio a pequena empresa comentou sobre o assunto, mas ele e sua equipe nunca buscaram informação a respeito de como implantar e como operar essa Comentado [U-AAB10]: Que entidades são estas? Não entendi esta informação Comentado [U-AAB11]: A cada nova pergunta, iniciar um novo parágrafo. Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 11 ferramenta tão importante para a gestão financeira. Através do questionário utilizado para a entrevista, o empresário foi questionado sobre a existência de algum planejamento financeiro de curto, médio ou longo prazo e se existisse como era feito esse procedimento de plano e criação de reserva financeira. O gestor entrevistado informa que não havia planejamento financeiro, pois também tinha empréstimo bancário realizado e que estava na fase de finalização de quitação da dívida. Ao analisar a resposta negativa sobre a existência de planejamento financeiro, ficou claro que estratégias financeiras, futuras reservas não era a prioridade naquele momento, mas um administrador financeiro, seja proprietário ou um empregado em registro CLT, é responsável por buscar iniciativa de investimento, estudar sobre financiamentos, mesmo não sendo indicado para o momento, pois deve-se preocupar com a manutenção de capital da empresa. É viável uma análise cuidadosa para identificar os movimentos (fluxos) de entradas e saídas de recursos e assim conquistando um equilíbrio financeiro da empresa (Souza, 214). O empresário de comércio de produtos naturais também foi questionado sobre o princípio de entidade e inadimplência. O empresário entrevistado informou que não possui um salário na empresa e que a esposa também não possui um salário fixo, ou seja, eles não separamdinheiro pessoal do dinheiro da empresa, existe salário somente para o sobrinho que é vendedor e está registrado de acordo com o regime da CLT. Sobre os pagamentos, se preocupam em realizar o pagamento no dia correto, mas quando há atraso de pagamento de fornecedor ou de uma outra espécie de conta, eles recorrem ao banco realizando empréstimos, financiamentos, já aconteceu de venderem produtos estocados e de imobilizado para quitação das dívidas. Embora não tenham tantas dívidas, eles não conseguem obter o lucro que esperam, com isso entende-se que o lucro esperado pela empresa é um lucro sem administração financeira, sem gestão de estoque e com isso trabalham da maneira que aprenderam através dos conhecimentos ensinados de geração para geração da família. Um dos problemas que ocorre em uma empresa familiar é a confusão de salário, muitas vezes não há uma distinção do que pertence ao trabalhador e do que pertence à empresa. O administrador e também proprietário deve ter uma remuneração, que denomina-se de pró- labore. Muitas vezes isso gera uma confusão e com isso a questão do princípio de entidade, onde não há uma separação e acabam utilizando os mesmos recursos financeiros para interesses pessoais e da empresa demonstrando deficiência na gestão financeira. É assustador o número de empresas em que isso ocorre e muitas vezes acarreta a falência empresarial (Mamede, 2014). Verificando e analisando todas as respostas do proprietário/gestor, detectou-se a ausência de conhecimento e experiência em relação a qualquer demonstração financeira existente para gerir uma empresa e também devido a falta de conhecimento técnico foi apresentado e oferecido ao comércio o fluxo de caixa operacional no método direto. Nesse método as informações são apresentadas diretamente pelas vendas e recebimentos ocorridos na empresa partindo-se do saldo inicial de caixa, sendo assim uma maneira mais simples de se ter um controle de lançamentos e análise dos dados financeiros para futuras tomadas de decisão a curto, médio e longo prazo (Souza, 2014). Com a devida apresentação o proprietário aceitou de imediato a implantação e utilização da ferramenta para o seu negócio, mesmo sem nunca ter acompanhado a operação de um fluxo de caixa. Antes de implantar essa ferramenta de auxílio, o proprietário recebeu explicações detalhadas do que é o fluxo de caixa, sendo fluxo (movimento) e caixa (dinheiro), seu funcionamento, como realizar os lançamentos, sobre a real importância e o que isso proporciona de benefício para a saúde financeira da empresa. Em seguida ocorreu uma análise sobre o método utilizado das anotações feitas no caderno de saída de recursos, qual a intenção de anotar e aí percebeu-se que realmente não lançavam todas as saídas., muitas vezesIdentificou-se também algumas saídashavia sangria de valores para aquisição desuprir interesses pessoais e Formatado: Não Realce Formatado: Não Realce Comentado [U-AAB12]: Frase longa demais. Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 12 não organizacionais, ou seja, da empresa., com isso o comerciante Com isso receberam recebeu a a orientação de que tudo deveria ser controlado, sejatanto de interesse pessoal ou e da empresa, pois futuramente todos os lançamentos seriam isso deveria ser controlado separadamente.controlados separadamente. A implantação ocorreu de maneira lenta e gradativa, pois preocupou-se com cada detalhe de funcionalidade da DFC em Excel, sabendo que o responsável pelo lançamento seria o proprietário da empresa que não tinha conhecimento básico da utilização de uma planilha de Excel. As duas primeiras semanas de lançamento de entradas e saídas dos recursos foram acompanhadas por um dos discentes de Ciências Contábeis do Unasp EAD. Após as duas primeiras semanas de lançamentos no fluxo de caixa e com o processo de acompanhamento e conferência, houve o momento de tratar sobre as formas ou modalidades de recebimento, pois destaca-se que isso é algo a ser analisado e sempre revisado por cada administrador ou responsável pelo departamento financeiro, com isso identificou-se as seguintes formas: • Dinheiro. • Cartão de Crédito (2% de taxa administrativa) sendo à vista ou parcelado. • Cartão de Débito (2% de taxa administrativa). • Cartão Convênio Prefeitura (5% de taxa administrativa) à vista. • Crediário (pagamento a prazo). • O prazo de recebimento das vendas realizadas através de cartões é de um dia útil e isso ocorre através da operadora de cartões Getnet (Bradesco). Para não complicar os lançamentos, foi decidido não lançar os valores de recebimento no próximo dia e sim lançar no dia em que ocorre a venda com o desconto da taxa administrativa, ou seja, com o valor líquido. A empresa deve ter o fluxo de caixa de acordo com suas atividades operacionais da maneira mais apropriada e facilitada para os seus negócios (Filho, 1999). Com isso os lançamentos continuaram a serem realizados e com o tempo o próprio gestor responsável pelos lançamentos das movimentações de recursos analisou a possibilidade de identificar algumas informações muito importantes ao longo do mês e também visualizou outras possibilidades para auxiliar na gestão como por exemplo a semana que há mais vendas, qual a forma de recebimento que gera maior renda para o estabelecimento e assim traçar estratégias de vendas. Segue abaixo a figura 1 que demonstra o modelo apresentado e utilizado para lançamentos diários do comércio de produtos naturais da cidade de Conchal, SP. Formatado: Cor da fonte: Texto 1, Não Realce Formatado: Com marcadores + Nível: 1 + Alinhado em: 1,9 cm + Recuar em: 2,54 cm Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 13 Figura 1: Planilha de lançamentos diários. Fonte: Elaborado pelos autores. Logo após o primeiro mês de preenchimento através dos lançamentos de entradas e saídas de recursos, houve uma conferência minuciosa e verificação da origem de cada recebimento ou venda a receber assim também como os valores de contas a pagar. As explicações e revisões ocorreram juntamente com o proprietário que foi o responsável pela alimentação do fluxo de caixa. A experiência de trabalho com a planilha no primeiro mês fez com que o proprietário analisasse a melhor semana de recebimento, os melhores dias para pedidos de compra e também a melhor semana para pagamento de fornecedores. Tudo isso foi possível através da planilha de análise originada dos lançamentos diários com o saldo inicial diário. Segue o exemplo na figura 2. Formatado: Borda: : (Simples, Automática, 2,25 pt Largura da linha) Comentado [U-AAB13]: Não visível Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 14 Figura 2: Análise de lançamento com saldo inicial diário. Fonte: Elaborado pelos autores. Então a partir disso, iniciou-se a análise do prazo médio de pagamento dos fornecedores (PMPF), com isso a empresa sabe se está realizando os pagamentos de maneira lenta ou rápida, pois o ideal é que ao adquirir o produto a venda seja realizada até o prazo final para pagamento, pois o propósito é que através da venda daquele produto seja retirado o lucro e com o restante pagar o fornecedor conforme programado. Sabe-se que o PMPF pode variar a cada mês . PMPF = Fornecedores ÷ Compras × 360 Formatado: Borda: : (Simples, Automática, 2,25 pt Largura da linha) Formatado: Realce Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 15 Entendeu-se que a gestão de estoque é muito importante para a empresa, é necessário que não se tenha um volume alto de estoque e sim um volume baixo, mas se atentando para não faltarprodutos para os clientes, pois ao diminuir o estoque, aumentará a quantidade de pedido de compra, pois terá que comprar mais vezes e realizar definitivamente a gestão de estoque. O importante é que tenha sempre produto disponível para o cliente e como se trata de alimentos, deve-se preocupar com a validade de cada tipo de produto e assim prezando pela boa qualidade e atendimento. É importante saber qual é o estoque médio, para isso determina-se um período, ou intervalo. Exemplo: Mês de Janeiro: Saldo inicial (01/01/2021) = 1000 unidades e Saldo final (31/01/2021) = 500 unidades. Então soma-se 1000 + 500 = 1.500 e divide por 2 = 750 Ou seja, o estoque médio do mês de Janeiro é de 750 unidades. PME = (Estoque Médio ÷ CMV) × 360 PME sendo prazo médio de estocagem. Através desse índice, expressa quantos dias, em média os produtos ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos, ou seja, quanto tempo o estoque demora para se renovar. Também foi identificado a possibilidade de visualizar algumas situações futuras através desse fluxo de caixa simplificado e com isso tomar algumas decisões com antecipação, sem surpresas inesperadas. O fluxo de caixa proporciona essa possibilidade de prever o que poderá ocorrer nos próximos dias, semanas ou meses e assim tratar de maneira estratégica na gestão do negócio e realizar uma manutenção preventiva, preditiva ou até mesmo corretiva antes que isso ocorra no presente e sim já sabendo que ocorrerá futuramente se algo não for feito no momento certo e assim o proprietário começou a visualizar maneiras de conduzir a empresa com mais agilidade e de maneira eficiente. 5. Considerações finais Esta pesquisa se deteve em identificar as dificuldades de gestão financeira de uma empresa familiar de comércio de produtos naturais, bem como identificar as principais dificuldades enfrentadas pela falta de conhecimento de uma ferramenta que poderia proporcionar um controle financeiro adequado para a situação da empresa, como por exemplo o Fluxo de Caixa. Nesta pesquisa como exemplo da empresa mencionada, demostrou-se que embora o Fluxo de Caixa seja de grande importância para um bom gerenciamento de uma empresa/organização, independentemente do porte, ainda não é devidamente conhecido e divulgado. Neste contexto, foi apresentado que além de ser necessário o uso do Fluxo de Caixa, é também imprescindível que se faça uso dos métodos e sistemas adequados para a realidade da empresa, para que a demonstração do Fluxo de Caixa possa realmente fornecer informações fidedignas que possam dar um embasamento para tomada de decisão da gestão. Foi demonstrado neste trabalho também que o Fluxo de Caixa é uma ferramenta estratégica que a empresa deve utilizar não apenas no setor financeiro, mas em toda sua estrutura, para que toda a organização tenha o senso de cooperação para um desenvolvimento positivo e duradouro, beneficiando dessa forma a empresa como um todo. Compreende-se que a pesquisa demonstrada não se restringe aos resultados nela apresentados e, levando-se em consideração as delimitações do presente trabalho, torna-se possível realizar algumas sugestões para trabalhos futuros. Diante disso, consta-se como sugestão a divulgação por meio das mais diversas ferramentas tecnológicas quais são os fatores Formatado: Realce Comentado [U-AAB14]: Isto é teoria Comentado [U-AAB15]: Teoria Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 16 que podem motivar a procura e o uso do Fluxo de Caixa para um melhor funcionamento das empresas, ou seja, fomentar por meio de ferramentas digitais de comunicação os benefícios do Fluxo de Caixa como fator de suma importância para o bom desenvolvimento de qualquer empresa/organização. Referências: ABREU, A. F. de. (2006) Fundamentos de contabilidade: utilizando o excel (1 ed.). São Paulo, SP: Saraiva. ALMEIDA, Martinho Isnard Ribeiro. (1994). Desenvolvimento de um Modelo de Planejamento Estratégico para Grupos de Pequenas Empresas. São Paulo. Tese de Doutorado. FEA/USP. ASSAF NETO, Alexandre. (2020). Estruturas e Análise de Balanços – Um Enfoque Econômico-financeiro, 12 edição – São Paulo: Atlas. BEUREN, I. M. (Org). (2012). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade (3ª ed.). São Paulo: Atlas. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual básico. Disponível em: www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual/pdf. Acesso em: 23 jun. 2021. CAMPOS FILHO, Ademar. (1999). Demonstração dos Fluxos de Caixa: Uma ferramenta indispensável para administrar sua empresa. (2ª edição). São Paulo: Atlas. FILHO, Jorge Ribeiro de Toledo. OLIVEIRA, Everaldo Leonel de. SPESSATTO, Giseli. (2010). Revista de Contabilidade do mestrado em Ciências Contábeis da UERJ. Volume 15, nº 2. Rio de Janeiro. FREZATTI, Fabio. (2014). Gestão do fluxo de caixa: perspectivas estratégica e tática. 2. Ed. São Paulo, SP: Atlas. GITMAN, Lawerence J. (1987). Princípios de administração financeira. Tradução de Jacob Ancelevicz e Francisco José dos Santos Braga. 3. ed. São Paulo: Harbra. GONÇALVES, EL, C. Baptista, A., E. (2004). Contabilidade Geral. São Paulo: Atlas. IUDÍCIBUS, S. de. (1998). Contabilidade gerencial. 6. Ed. São Paulo: Atlas. MAMEDE, Gladston. (2014). Empresas Familiares: o papel do advogado na administração, sucessão e prevenção de conflitos entre sócios. 2. ed. São Paulo: Atlas. MARQUES, Wagner Luiz. (2013). Controlando as Finanças Utilizando Fluxo de Caixa. Disponível em: https://books.google.com.br/books/fluxodecaixa. Acesso em: 21 jun. 2021. MATARAZZO, Dante. C. (1998). Análise Financeira de Balanço. 5ª ed. São Paulo: Atlas. Formatado: Fonte: Itálico Formatado: Fonte: Itálico http://www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual/pdf https://books.google.com.br/books/fluxodecaixa Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho Curso de graduação em Ciências Contábeis 17 RIBEIRO, O. M. (2014). Contabilidade Geral Fácil: demonstração de fluxo de caixa (29ª ed.). São Paulo: Saraiva. SEBRAE – Pesquisa sobre a educação financeira do MEI. (2018Disponível em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/fe6869d 6dee6e276445bab70b4af687c/$File/9939.pdf . Acesso em 21 jun. 2021.https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/gestao-financeira-em-tempos-de- crise. Acesso em: 21 jun. 2021. SILVA, Jairo Barbosa da. (2007). A Importância do Fluxo de Caixa como Ferramenta Fundamental na Média e Pequena Empresa. Ano VII – Número 12 – Junho. – Periódicos Semestral. Disponível em http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2BbFGJ6GucodWhr_2013-4- 29-16-28-38.pdf. Acesso em: 24 jun. 2021. SOUZA, Acilon Batista de. (2014). Curso de Administração financeira e orçamento: princípios e aplicações. São Paulo: Atlas. WARREN, C. S., Reeve, J. M., Duchac, J. E., & Padoveze, C., L. (2010). Fundamentos de contabilidade princípios. Cengage Learning. ZDANOWICZ, José Eduardo. (2004). Gestão financeira para cooperativas: enfoques contábil e gerencial. Rio de Janeiro, RJ: Atlas. RUBBIN HGE, Rubbin HIS. (1995). Qualitative interviewing the art of hearing data. Londres: Sage Publication. ZORZO, Adalberto. (Org). (2015). Gestão de produtos e operações. Editorar Pearson. Ebook Person. Disponível em: https://middleware-bv.am4.com.br/SSO/unasp/9788543010151. Acesso em: 25 jun. 2021. Código de campo alterado Formatado: À esquerda Comentado [U-AAB16]: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/fe6869d6dee6e276445bab70b4af687c/$File/9939.pdf http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/fe6869d6dee6e276445bab70b4af687c/$File/9939.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2BbFGJ6GucodWhr_2013-4-29-16-28-38.pdfhttp://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2BbFGJ6GucodWhr_2013-4-29-16-28-38.pdf https://middleware-bv.am4.com.br/SSO/unasp/9788543010151