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DIREITO PENAL IV - LEIS ESPECIAIS

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1 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA – UNIFOR-MG 
CURSO DE DIREITO 
RAFAEL DE OLIVEIRA CASTRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE DIREITO PENAL IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORMIGA-MG 
2021 
2 
 
RAFAEL DE OLIVEIRA CASTRO 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE DIREITO PENAL IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho acadêmico para a obtenção de 
créditos na disciplina de Direito Penal IV do 
curso de graduação de Direito 5º período do 
Centro Universitário de Formiga – Unifor-MG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORMIGA-MG 
2021 
 
3 
 
 
4 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO AO TRABALHO ............................................................................. 8 
2. DA LAVAGEM DE CAPITAIS ................................................................................. 8 
2.1 A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO ART. 4º, §2, LEI 9.613/98: 
CONSTITUCIONALIDADE .......................................................................................... 8 
2.2 LAVAGEM DE DINHEIRO – DELITOS ANTECEDENTES AMPLIADOS PELA 
LEI 12.683/2012, PRECEDENTES DO STF, STJ E TJSC3 ....................................... 9 
2.2.1 STF - RE: 1115041 SP - SÃO PAULO 2143789-04.2015.8.26.0000, Relator: 
Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 22/05/2018, Data de Publicação: 
DJe-103 28/05/2018 .................................................................................................... 9 
2.2.2 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STF – INQUÉRITO: INQ 0001731-
83.2016.1.00.0000 DF – DISTRITO FEDERAL 0001731-83.2016.1.00.0000 ........... 10 
2.2.3 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ – HABEAS CORPUS: HC 0195908-
11.2018.3.00.0000 RJ 2018/0195908-1 .................................................................... 11 
2.2.4 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ – RECURSO ORDINÁRIO EM 
HABEAS CORPUS: RHC 1411762-62.2016.8.12.0000 MS ..................................... 12 
2.2.5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA TJ-SC – REVISÃO 
CRIMINAL: RVCR 4001023-74.2017.8.24.0000 CHAPECÓ 4001023-
74.2017.8.24.0000 .................................................................................................... 13 
2.2.6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA TJ-SC APELAÇÃO 
CRIMINAL: APR 0301213 ......................................................................................... 14 
2.3 PERSECUÇÃO PENAL DO CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS: 
PECULIARIDADES EM RELAÇÃO AO PROCESSO PENAL................................... 14 
2.4 DA COLABORAÇÃO PREMIADA ....................................................................... 15 
2.4.1 DOS REQUISITOS........................................................................................... 16 
2.4.2 DO MOMENTO DA CONCEÇÃO ..................................................................... 17 
2.4.3 DAS OPÇÕES PELO BENEFÍCIO, COM INFLEXÃO DE PRÓS E CONTRAS 
NO ARTIGO 13 DA LEI 9.807/99 .............................................................................. 17 
2.5 A QUESTÃO DO “CRIME ORGANIZADO” NA NOVA LEI .................................. 18 
2.6 ACESSO DA AUTORIDADE POLICIAL E DO M.P AOS DADOS CADASTRAIS
 .................................................................................................................................. 19 
2.7 PREVISÃO DA ALIENAÇÃO ANTECIPADA ....................................................... 19 
2.8 DEVER DO ADVOGADO DE COMUNICAR ATIVIDADE SUSPEITA DE 
“LAVAGEM DE DINHEIRO”: CONSTITUCIONALIDADE .......................................... 20 
2.9 NOVOS DESAFIOS DA MODERNA LEGISLAÇÃO SOBRE O TEMA ............... 20 
2.10 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E SUA FINALIDADE ...................................... 21 
2.11 DA AÇÃO CONTROLADA ................................................................................ 22 
2.12 DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO .................................................................. 22 
5 
 
2.13 A TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA NO CRIME DE LAVAGEM DE 
CAPITAIS, ORIGEM E APLICAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO E A EXISTÊNCIA 
DE DOLO DIRETO, DOLO EVENTUAL OU CULPA CONSCIENTE ........................ 23 
2.14 A ESPECIALIZAÇÃO DE VARAS PARA JULGAMENTO DE CRIMES DE 
LAVAGEM DE CAPITAIS E A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO NO DIREITO 
PÁTRIO: PRECEDENTES DO STF .......................................................................... 24 
2.15 A AUTOLAVAGEM DE DINHEIRO (SELFLAUDERING) E SUAS CORRENTES 
DE PENSAMENTO NO DIREITO BRASILEIRO COMPARADA A OUTROS 
MODELOS INTERNACIONAIS ................................................................................. 25 
2.16 CONCLUSÃO PESSOAL .................................................................................. 26 
3. ABUSO DE AUTORIDADE – LEI 13.869/2019 .................................................... 26 
3.1 ABUSO DE AUTORIDADE: BEM JURÍIDICO TUTELADO, AMBITO DE 
INCIDÊNCIA DA NOVA LEI, VEDAÇÃO DO CRIME DE HERMENÊUTICA ............ 26 
3.2 AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ............................ 27 
3.3 EFEITOS EXTRAPENAIS DECORRENTES DA SENTENÇA PENAL 
CONDENATÓRIA ..................................................................................................... 27 
3.4 DECRETAÇÃO DE MEDIDA DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE EM MANIFESTA 
DESCONFORMIDADE COM AS HIPÓTESES LEGAIS ........................................... 28 
3.5 NÃO RELAXAMENTO DA PRISÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL ..................... 28 
3.6 QUANTO AO CONSTRANGIMENTO DO PRESO OU DETENTO ..................... 29 
3.7 PROSSEGUIMENTO DO INTERROGATÓRIO DE PESSOA QUE TENHA 
DECIDIDO EXERCER DIREITO DE SILÊNCIO ....................................................... 29 
3.8 SUBMISSÃO DE PRESO, INTERNADO OU APREENDIDO AO USO DE 
ALGEMAS FORA DAS HIPÓTESES LEGAIS. ......................................................... 30 
3.9 RESTRIÇÃO, SEM JUSTA CAUSA, DA ENTREVISTA PESSOAL E 
RESERVADA DO PRESO COM O SEU ADVOGADO ............................................. 31 
3.10 VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO EM UM CONTEXTO DE ABUSO DE 
AUTORIDADE ........................................................................................................... 32 
3.11 VIOALAÇÃO DE DIREITOS E PRERROGATIVAS DO ADVOGADO ............... 33 
3.12 CONCLUSÃO .................................................................................................... 33 
4. DA LEI 11.343/2006 .............................................................................................. 34 
4.1 PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES DECORRENTES DA LEI 11.343/2006 .............. 34 
4.2 DA RETROATIVIDADE DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO §4 DO ART. 
33 DA LEI 11.343/2006 AOS DELITOS PRATICADOS NA VIGÊNCIA DA LEI 
6.368/76: PRECEDENTES DO STF, STJ E TJPR .................................................... 35 
4.2.1 STF - HABEAS CORPUS 97.094, RIO GRANDE DO SUL, 13/12/2011 .......... 35 
4.2.2 STF – HABEAS CORPUS 107.583, MINAS GERAIS, 17/04/2012 .................. 35 
4.2.3 STJ AGRG NO HC: 167713 PE 2010/0058368-0, RELATOR MINISTRO JOEL 
ILAN PACIORNIK. 21/06/2018 .................................................................................. 36 
6 
 
4.2.4 STJ – HC: 211513 SP 2011/0151003-9, RELATOR MINISTRA MARIA 
TEREZA DE ASSIS MOURA. 17/12/2013 ................................................................ 36 
4.2.5 TJ-PR APL: 00005766820038160033 RELATOR: DESENBARGADOR 
FERNANDO WOLFF BODZIAK. 11/04/2019 ............................................................ 37 
4.2.6 (TJ-PR - RVCR: 50009541320188160000 PR 5000954-13.2018.8.16.0000 
(Acórdão), Relator: Desembargador Carvílio da Silveira Filho, Data de Julgamento: 
08/08/2019, 4ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 09/08/2019) ......................... 37 
4.3 DIFERENÇA ENTRE ASSOCIAÇÃO E CONCURSO DE AGENTES ................. 38 
4.4 DESPENALIZAÇÃO OU DESCRIMINALIZAÇÃO DA POSSE PARA USO ........ 38 
4.5 REINCIDÊNCIA DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS – ANÁLISE 
CONSIDERANDO PROCEDENTES DO STF E/OU STJ .......................................... 39 
4.6 NO RECONHECIMENTO DO TRÁFICOPRIVILEGIADO, A QUANTIDADE DE 
DROGAS INFLUENCIA OU NÃO NO RECONHECIMENTO DA CAUSA DE 
DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, §4 DA LEI 11.343/2006? ............................... 40 
4.7 HÁ CONFLITOS ENTRE OS ARTIGOS 33, CAPUT, COM O ARTIGO 34 DA LEI 
DE DROGAS? QUANDO SERÁ POSSÍVEL RECONHECER OS DOIS CRIMES AO 
MESMO AGENTE CRIMINOSO? FUNDAMENTE COM PRECEDENTES DO STF 
E/OUSTJ ................................................................................................................... 40 
4.8 A NATUREZA DO DELITO DESCRITO NO ARTIGO 35 DA LEI 11.343/2006, 
PRINCIPALMENTE SE PODE OU NÃO SER CONSIDERADO HEDIONDO ........... 41 
4.9 POSSIBILIDADE DE SUBSTIUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
POR RESTRITIVA DE DIREITOS: CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 44 DA LEI 
11.343/06 .................................................................................................................. 42 
4.10 NATUREZA HEDIONDA DO TRÁFICO PRIVILEGIADO .................................. 42 
4.11 REGIME INICIAL FECHADO OBRIGATÓRIO NO TRÁFICO ........................... 43 
4.12 MARCHAS, PASSEATAS E MANIFESTAÇÕES EM PROL DA LIBERAÇÃO DO 
USO DE DROGAS E POSIÇÃO DO STF ................................................................. 44 
4.13 A TRANSNACIONALIDADE DO TRÁFICO DE DROGAS, A COMPETÊNCIA 
PARA JULGAMENTO E SE HÁ NECESSIDADE OU NÃO DE TRANSPOR AS 
FRONTEIRAS DO BRASIL ....................................................................................... 44 
4.14 ASPECTOS PROCESSUAIS SOBRE O RITO PROCEDIMENTAL DOS 
CRIMES DE TÓXICOS ............................................................................................. 45 
4.15 CONCLUSÃO .................................................................................................... 45 
5. DA LEI 9605/98 ..................................................................................................... 46 
5.1 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE ...................................................................... 46 
5.2 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E SUA ADMISSIBILIDADE NO DIREITO 
PENAL AMBIENTAL: PRECEDENTES DO STF ...................................................... 46 
5.2.1 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STF – AG.REG. NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO: ARE 0055867-45.2019.8.13.0625 MG .......... 46 
7 
 
5.2.2 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STF – HABEAS CORPUS: HC 4002089-
77.2016.1.00.0000 PR – PARANÁ ............................................................................ 47 
5.3 RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NO DELITO 
AMBIENTAL: ASPECTOS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS, PRÓS E CONTRAS ... 47 
5.4 É POSSÍVEL PENALIZAR E RESPONSABILIZAR A PESSOA JURÍDICA DE 
DIREITO PÚBLICO? ................................................................................................. 49 
5.5 EVOLUÇÃO DA TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO OU DAS IMPUTAÇÕES 
PARALELAS NO DIREITO PENAL AMBIENTAL, ESPECIALMENTE SOBRE O 
ATUAL ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (STJ E STF) ............... 49 
5.6 CRITÉRIOS GERAIS E EXPECÍFICOS DE APLICAÇÃO DE PENA .................. 51 
5.7 A FIXAÇÃO DA PENA PARA PESSOAS JURIDICAS ........................................ 51 
5.8 APLICABILIDADE DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
NO DIREITO AMBIENTAL ........................................................................................ 52 
5.9 DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO 
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME ........................................................................... 52 
5.10 AÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL .............................................................. 53 
5.11 PRESCRIÇÃO DO CRIME AMBIENTAL: PRECEDENTES DO STF, STJ E 
TJBA. SUSPENÇÃO DE ATIVIDADES CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E 
AGRAVANTES .......................................................................................................... 53 
5.11.1 STF................................................................................................................. 54 
5.11.2 STJ ................................................................................................................. 55 
5.11.3 TJBA ............................................................................................................... 63 
5.12 O INTERROGATÓRIO DA PESSOA JURÍDICA EM CASO DE CRIMES 
AMBIENTAIS: É POSSÍVEL A APLICAÇÃO? ........................................................... 66 
5.13 CONCLUSÃO .................................................................................................... 66 
6. CONCLUSÃO FINAL ............................................................................................ 67 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 68 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO AO TRABALHO 
O presente trabalho tem por objetivo estudar e analisar algumas leis penais 
especiais, com o intuito de desenvolver o aprendizado. Os temas contam com o 
entendimento dos Tribunais Superiores bem como o embasamento no sistema 
normativo pátrio de modo tentar positivar o conteúdo aqui trabalhado. Não obstante 
está presente o entendimento doutrinário quanto aos temas. 
2. DA LAVAGEM DE CAPITAIS 
Precipuamente pode-se dizer que a Lavagem de Capitais ou comumente, 
Lavagem de Dinheiro, com previsão nas leis 9.613/1998 e 12.683/2012, é quando 
certo capital obtido de forma ilícita se camufla para ter aspectos de um capital lícito e 
circular no meio econômico. O presente capítulo buscará discutir a Lavagem de 
Dinheiro, sua previsão na Lei 9.613/98 com as alterações trazidas pela Lei 
12.683/2012, trabalhando os pontos de maior importância e/ou discussão dispostos 
na lei, bem como julgados e posicionamentos doutrinários. 
 
2.1 A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO ART. 4º, §2, LEI 9.613/98: 
CONSTITUCIONALIDADE 
A de se apontar quanto à Lavagem de Capitais vários pontos importantes para 
debate inclusos nas leis 9.613/1998 e 12.683/2012 e correlatos ao tema. Começar-
se-á quanto à inversão de ônus da prova que está previsto no art. 4º, §2 da Lei 
9.613/98, em tal caso, se houver a inversão deverá o acusado provar a licitude de 
seus bens, seja eles qual for, para que, desse modo haja a “liberação” de antemão do 
trânsito em julgado da sentença condenatória, imperioso ressaltar que, no caso de 
absorção do acusado são os bens liberados, em detrimento da decisão da sentença, 
ou seja, a inversão propriamente dita ocorrerá para a “liberação” dos bens antes do 
trânsito em julgado. Com o advento da Lei 12.683/2012 cujo modificou a lei 
supracitada, mesmo com os bens constituindo origem lícita, há a probabilidade de 
permanecerem indisponíveis para, se necessário, reparar os danos possivelmente 
causados e outras prestações pecuniárias relacionadas. Quanto à constitucionalidade 
a de se mencionar que, mesmo com a origem lícita os bens podem ficar apreendidos, 
não faz menor sentido, uma vez que os bens tento origem lícita há de se devolver ao 
9 
 
seu dono comprovada a licitude, e no tocante ao pagamento pecuniário decorrente do 
crime deve o pagante escolher sua forma de pagamento, e não havendo acordo ou 
capital disponível aí sim gravar os imóveis com indisponibilidade e se necessário 
apreender e/ou penhorar. 
 
2.2 LAVAGEM DE DINHEIRO – DELITOS ANTECEDENTES AMPLIADOS PELA 
LEI 12.683/2012, PRECEDENTES DO STF, STJ E TJSC3 
Com o advento da Lei 12.683/2012, a infração penal, elemento normativo do 
tipo, configurando importância impar na caracterização da lavagem de capitais, pois, 
sem o elemento há de ter se configurar delito típico. Então sua nova redação permitiu 
que as infrações penais configurem como ato delituosos antecedentes até mesmo as 
contravenções penais. 
 
2.2.1 STF - RE: 1115041 SP - SÃO PAULO 2143789-04.2015.8.26.0000, Relator: 
Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 22/05/2018, Data de Publicação: 
DJe-103 28/05/2018 
Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão do Superior 
Tribunal de Justiça,do qual se extrai da ementa o seguinte trecho: 
"RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. LAVAGEM DE 
DINHEIRO, QUADRILHA E FRAUDE À EXECUÇÃO. TRANCAMENTO DE 
AÇÃO PENAL. FATOS OCORRIDOS ANTES DA ALTERAÇÃO DA LEI 
9.613/1998 PELA LEI 12.683/2012. ROL TAXATIVO DOS CRIMES 
ANTECEDENTES À LAVAGEM. AUSÊNCIA DE DEFINIÇÃO JURÍDICA DO 
DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA À ÉPOCA. IMPOSSIBILIDADE 
DE CONSIDERAÇÃO DO MENCIONADO ILÍCITO PARA FINS DE 
CONFIGURAÇÃO DO CRIME TIPIFICADO NO ARTIGO 1º DA LEI 
9.613/1998. MANIFESTA ATIPICIDADE DA CONDUTA. PROVIMENTO DO 
RECURSO. […]." O recurso busca fundamento no art. 102, III, a, da 
Constituição Federal. A parte recorrente alega que "considerar a exigência 
da definição do delito de organização criminosa à época dos fatos, que “não 
havia no ordenamento jurídico pátrio", e, por conta disso, afirmar que não 
se pode considerar a organização criminosa como delito antecedente à 
lavagem de dinheiro, para fins de caracterização de crime de lavagem de 
dinheiro, viola o art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal, tendo em 
vista a inobservância, data vênia, à máxima vinculação à redação típica, 
constatada a definição do crime em prévio diploma legal". O recurso é 
inadmissível, tendo em vista que o acórdão recorrido se encontra alinhado 
com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a partir do 
julgamento do HC 96.007, Rel. Min. Marco Aurélio, tem prevalecido o 
entendimento de que, no período anterior à Lei nº 12.850/2013, seria atípica 
a conduta descrita no art. 1º, VII, da Lei nº 9.613/1998, tendo em vista a 
falta de definição jurídica válida para organização criminosa. Entendimento, 
esse, também adotado no julgamento da AP 470, Relator originário o 
Ministro Joaquim Barbosa. Nessa linha, vejam-se o RHC 124.082, Rel. Min. 
10 
 
Dias Toffoli; e o RHC 121.835, Rel. Min. Celso de Mello, assim ementado: 
"RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS LAVAGEM DE DINHEIRO 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE 
QUADRILHA (ATUALMENTE DESIGNADA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA) 
CONDUTAS PRATICADAS ENTRE 1998 E 1999 , MOMENTO QUE 
PRECEDEU A EDIÇÃO DA LEI Nº 12.683/2012 E DA LEI Nº 12.850/2013 
IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE SUPRIR-SE A AUSÊNCIA DE 
TIPIFICAÇÃO DO DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA , COMO 
INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE , PELA INVOCAÇÃO DA 
CONVENÇÃO DE PALERMO INCIDÊNCIA , NO CASO , DO POSTULADO 
DA RESERVA CONSTITUCIONAL ABSOLUTA DE LEI EM SENTIDO 
FORMAL (CF , art. 5º, inciso XXXIX) DOUTRINA PRECEDENTES 
INADMISSIBILIDADE , DE OUTRO LADO , DE CONSIDERAR-SE O 
CRIME DE FORMAÇÃO DE QUADRILHA COMO EQUIPARÁVEL AO 
DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA EFEITO DE REPRESSÃO 
ESTATAL AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO COMETIDO ANTES 
DO ADVENTO DA LEI Nº 12.683/2012 E DA LEI Nº 12.850/2013 RECURSO 
DE AGRAVO IMPROVIDO . Em matéria penal, prevalece o dogma da 
reserva constitucional de lei em sentido formal, pois a Constituição da 
República somente admite a lei interna como única fonte formal e direta de 
regras de direito penal, a significar, portanto, que as cláusulas de tipificação 
e de cominação penais, para efeito de repressão estatal, subsumam-se ao 
âmbito das normas domésticas de direito penal incriminador, regendo-se, 
em consequência, pelo postulado da reserva de Parlamento. Doutrina. 
Precedentes (STF). As convenções internacionais, como a Convenção de 
Palermo, não se qualificam, constitucionalmente, como fonte formal direta 
legitimadora da regulação normativa concernente à tipificação de crimes e 
à cominação de sanções penais." Diante do exposto, com base no art. 21, 
§ 1º, do RI/STF, nego seguimento ao recurso. Publique-se. Brasília, 22 de 
maio de 2018. Ministro Luís Roberto Barroso Relator. 
 
2.2.2 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STF – INQUÉRITO: INQ 0001731-
83.2016.1.00.0000 DF – DISTRITO FEDERAL 0001731-83.2016.1.00.0000 
EMENTA Inquérito. Deputado federal. Corrupção passiva (art. 312, 
CP). Intermediação de reunião entre colaborador premiado, representantes 
de empreiteira e o presidente do Banco do Nordeste. Financiamento e 
empréstimo-ponte. Ausência de ingerência indevida do parlamentar em sua 
aprovação e na gestão do banco. Inexistência de ato de ofício relacionado à 
função parlamentar. Fato atípico. Insubsistência, por arrastamento, da 
imputação de lavagem de capitais (art. 1º, caput, V, da Lei nº 9.613/98, na 
redação anterior à Lei nº 12.683/12). Denúncia rejeitada. 1. O denunciado, 
ainda que eventualmente responsável por sua indicação política, limitou-se a 
intermediar uma reunião entre o presidente do Banco do Nordeste, o 
colaborador premiado e representantes da empreiteira. 2. Não há notícia de 
que o parlamentar tenha intercedido de forma escusa para que o 
financiamento e o empréstimo-ponte fossem liberados à empreiteira, ao 
arrepio de procedimentos legais ou regulamentares. 3. A simples solicitação 
para que o presidente do Banco do Nordeste recebesse os representantes 
11 
 
da empreiteira não traduziu ingerência indevida na gestão do banco e na 
aprovação do financiamento e do empréstimo. 4. Não se vislumbra nenhuma 
conduta atribuível ao deputado federal que pudesse concretamente se 
revestir da qualidade de ato de ofício relacionado à função parlamentar, 
objetivando a liberação do financiamento e do empréstimo-ponte. 5. A 
simples apresentação de interessado em obter financiamento e a solicitação 
de reunião ao presidente do Banco do Nordeste não caracterizam exercício 
de influência para obtenção de financiamento nem para a liberação dos 
recursos. 6. Ausente a prática de ato de mercancia da função parlamentar, 
os fatos imputados ao denunciado, a título de corrupção passiva, são atípicos. 
7. Insubsistente a imputação de corrupção passiva, fenece, por arrastamento, 
a de lavagem de capitais, por não haver crime antecedente contra a 
administração pública. 8. Denúncia rejeitada. (Inq 4259, Relator (a): Min. 
EDSON FACHIN, Relator (a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Segunda 
Turma, julgado em 18/12/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-043 DIVULG 
06-03-2018 PUBLIC 07-03-2018) 
 
2.2.3 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ – HABEAS CORPUS: HC 0195908-
11.2018.3.00.0000 RJ 2018/0195908-1 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. 
QUADRILHA ARMADA E LAVAGEM DE DINHEIRO ANTES DA ENTRADA 
EM VIGOR DA LEI N. 12.683/2012. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM 
CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. Diante da hipótese de habeas corpus 
substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida, 
segundo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal - STF e 
do próprio Superior Tribunal de Justiça - STJ. Contudo, considerando as 
alegações expostas na inicial, razoável a análise do feito para verificar a 
existência de eventual constrangimento ilegal. 2. Na redação legal em vigor 
na época dos fatos - setembro de 2003 e março de 2011 -, o crime de 
lavagem de dinheiro dependia da ocorrência de um delito anterior elencado 
nos incisos do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, sendo que a jurisprudência desta 
Corte exclui o delito em discussão fundado no inciso VII, ou seja, quando 
"praticado por organização criminosa", antes da publicação da Lei n. 
12.683/2013, em virtude da inexistência anterior de legislação incriminadora 
deste tipo. Precedentes: AgRg no AREsp 1.198.334/RS, Rel. Ministro 
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 10/12/2018 e 
(HC 378.449/PB, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 
26/9/2018. 3. Habeas Corpus não conhecido. Todavia, concedida a ordem, 
12 
 
de ofício, para extinguir a ação penal em relação ao delito de lavagem de 
dinheiro. 
 
2.2.4 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ – RECURSO ORDINÁRIO EM 
HABEAS CORPUS: RHC 1411762-62.2016.8.12.0000 MS 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS. LAVAGEM DE CAPITAIS. PLEITO DE TRANCAMENTO DA 
AÇÃO PENAL POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. REDAÇÃO DA LEI N. 
9.613/98 ANTERIOR AO ADVENTO DA LEI N. 12.683/12. ROL TAXATIVO 
DOS CRIMES ANTECEDENTES À LAVAGEM. AUSÊNCIA DE DEFINIÇÃOJURÍDICA DO DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ANTES DA LEI N. 
12.850/2013. IMPOSSIBILIDADE DE CONSIDERAÇÃO DO 
MENCIONADO ILÍCITO PARA FINS DE CONFIGURAÇÃO DO CRIME 
TIPIFICADO NO ART. 1º, § 1º, INCISO I, C/C § 2º, DA LEI 9.613/98. 
ATIPICIDADE DA CONDUTA. RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. I - O 
trancamento da ação penal por meio do habeas corpus é medida 
excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequívoca 
comprovação da atipicidade da conduta, da incidência de causa de extinção 
da punibilidade ou nos casos de ausência de indícios de autoria ou de prova 
sobre a materialidade do delito, inclusive, quando a prova anteriormente 
colacionada for considerada ilícita. II - Na redação original da Lei n. 
9.613/1998, anterior ao advento da Lei n. 12.683/12, o delito de lavagem de 
dinheiro só estaria configurado se os bens, direitos ou valores objeto de 
branqueamento fossem provenientes de um dos crimes elencados no rol 
taxativo dos incisos do caput do art. 1º. Do mesmo modo, também o tipo 
alternativo do referido delito, previsto no art. 1º, § 1º, inciso I, da Lei n. 
9.613/1998, exigia que os bens, direitos ou valores fossem provenientes de 
qualquer dos crimes antecedentes. No mesmo sentido, o art. 1º, § 2º, da Lei 
n. 9.613/1998 faz expressa menção à prática de crimes antecedentes. III - 
"No que concerne à imputação do crime de lavagem de capitais, com crime 
antecedente praticado por organização criminosa (art. 1º, VII, da Lei n. 
9.613/1998), tem-se que é assente no Superior Tribunal de Justiça a 
atipicidade da conduta. Referido entendimento se deve ao fato de o tipo 
penal de organização criminosa ter sido inserido no ordenamento jurídico 
apenas em 2013, por meio da Lei n. 12.850/2013. Assim, o fato de o crime 
ter sido praticado por organização criminosa, antes da referida situação ser 
tipificada como ilícito penal, não autoriza a tipificação do crime de lavagem" 
(RHC n. 36.661/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
DJe de 3/5/2017). IV - Assim, uma vez que se exigia, ao tempo da infração, 
13 
 
para a configuração do crime de lavagem, inclusive nas suas modalidades 
dos §§ 1º e 2º, do art. 1º, da Lei n. 9.613/98, a existência de elementos 
aptos a pelo menos apontar a ocorrência do delito antecedente e, na 
hipótese, o que há é a prova de que não houve delito antecedente (conduta 
atípica), resta patente a falta de justa causa para o prosseguimento da ação 
criminal relativamente aos ora recorrentes. Recurso provido para 
determinar o trancamento da Ação Criminal n. 005131-62.2008.8.12.0002 
em relação aos recorrentes. 
 
2.2.5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA TJ-SC – REVISÃO 
CRIMINAL: RVCR 4001023-74.2017.8.24.0000 CHAPECÓ 4001023-
74.2017.8.24.0000 
REVISÃO CRIMINAL. LAVAGEM DE CAPITAIS. ART. 1º, VII, DA LEI N. 
9.613/98. DELITO ANTERIOR ÀS LEIS NS. 12.683/12 E 12.850/13. 
INEXISTÊNCIA DE DESCRIÇÃO NORMATIVA DE ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA. CARÊNCIA DE CRIME ANTECEDENTE. ATIPICIDADE. 
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. FATO ANTERIOR À LEI N. 12.850/13. 
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM. NÃO OCORRÊNCIA. 
INFRAÇÃO PENAL AUTÔNOMA. EVENTUAL PRÁTICA DE OUTROS 
DELITOS PELO GRUPO. CONCURSO DE CRIMES. 1 "A ausência à época 
de descrição normativa do conceito de organização criminosa impede o 
reconhecimento dessa figura como antecedente da lavagem de dinheiro, 
em observância ao princípio da anterioridade legal, insculpido nos arts. 5º, 
XXXIX, da CF, e art. 1º do CP" (STJ, HC n. 356.027/CE, Min. Nefi Cordeiro, 
j. em 6/10/2016). 2 Como o art. 288 do Código Penal cuida de crime 
autônomo, é prescindível a prática efetiva dos delitos que motivaram a 
reunião, os quais, se ocorridos, atraem a regra do concurso material. 
INJUSTIÇA OU ERRO TÉCNICO NA APLICAÇÃO DA REPRIMENDA. 
INCIDÊNCIA DA MAJORANTE DO ART. 288, PARÁGRAFO ÚNICO, DO 
CÓDIGO PENAL. FRAÇÃO MAIS BENÉFICA TRAZIDA PELA LEI N. 
12.850/13. ADEQUAÇÃO DEVIDA. PENA DE MULTA. AUSÊNCIA DE 
PREVISÃO NO PRECEITO SECUNDÁRIO DO DELITO. EXCLUSÃO DE 
OFÍCIO. REPRIMENDA RETIFICADA, COM REFLEXOS NA FORMA DE 
CUMPRIMENTO. 1 O Superior Tribunal de Justiça assentou que não fere o 
princípio do non reformatio in pejus "[...] a adoção pelo Tribunal de 
motivação própria sobre as questões jurídicas ampla e contraditoriamente 
debatidas no juízo a quo, não se tratando de inovação indevida, desde que 
não agravada a situação do réu" (HC n. 319.962/SP, Mina. Maria Thereza 
14 
 
de Assis Moura, j. em 17/3/2016). 2 Mister o afastamento de ofício da pena 
de multa quando não prevista no preceito secundário do tipo penal. PEDIDO 
PARCIALMENTE ACOLHIDO. EXTENSÃO DOS EFEITOS AOS 
CORRÉUS, COM AJUSTE DAS REPRIMENDAS. EXEGESE DO ART. 580 
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
2.2.6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA TJ-SC APELAÇÃO 
CRIMINAL: APR 0301213 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. ALEGADA 
OMISSÃO EM RAZÃO DA NÃO OBSERVÂNCIA DA LEI N. 12.683/12. NÃO 
CABIMENTO. DECISUM QUE ENFRENTOU TODAS AS QUESTÕES 
PROPOSTAS. HIPÓTESES DO ART. 619 DO CÓDIGO DE PROCESSO 
PENAL NÃO OBSERVADAS. PRETENDIDA REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. 
DESPROVIMENTO. ALEGAÇÃO DE QUE, À ÉPOCA DA COMPRA DOS 
BENS, OS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA NÃO INTEGRAVAM 
A LEI N. 9.613/98, RAZÃO PELA QUAL É IMPOSSÍVEL A APLICAÇÃO DO 
SEU PARÁGRAFO § 4º. MANIFESTA INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO 
CONHECIMENTO NO PONTO. 
2.3 PERSECUÇÃO PENAL DO CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS: 
PECULIARIDADES EM RELAÇÃO AO PROCESSO PENAL 
Quanto à competência no Processo Penal, em regra, os crimes previstos na Lei 
de Lavagem de Capitais serão de competência da Justiça Estadual, porém, existe 
exceções de competência, e tais crimes podem passar a ser de competência da 
Justiça Federal, com sua previsão arrolada no artigo 2º da referida lei. Poderá o crime 
ser de competência Federal caso seja praticado contra sistema financeiro nacional 
e/ou a ordem econômica financeira, bem como em relação a bens de interesse da 
União, entidades e até mesmo empresas públicas. O STJ, no Habeas Corpus 
23.952/ES posicionou com a seguinte decisão: 
O delito de lavagem de dinheiro não é, por si só, afeto à Justiça Federal, se 
não sobressai a existência de crime antecedente de competência da justiça 
federal e se não se vislumbra, em princípio, qualquer lesão ao sistema 
financeiro nacional, à ordem econômica-financeira, a bens, serviços ou 
interesses da União, de suas Autarquias ou Empresas Públicas. 
A súmula 122 do STJ irá incidir nos casos em que a infração penal precedente 
for de competência Federal, assim, não necessitando previsão legal. 
15 
 
Não menos importante, imperioso destacar questão do artigo 366, CPP cujo 
dispõe da citação. Na hipótese do crime aqui tratado não há de se aplicar o artigo 366, 
pois a citação do réu será mediante edital, e o processo seguirá até mesmo se não 
houver a parte constituído defensor, então, irá o juiz da causa nomear defensor público 
para o acusado, assim, tramitando normal e legal. 
Quanto à fiança e liberdade provisória, com a revogação do artigo 3º da referida 
lei de “Lavagem de Dinheiro” por sua inconstitucionalidade pode-se dizer que a 
liberdade provisória se trata de medida cautelar e para sua aplicação deve-se 
preencher a necessidade e adequação conforme artigo 282, CPP, momento algum o 
legislador pode ceifar do juiz a análise da situação concreta tratada submetida a 
apreciação. Insta mencionar que nem os crimes hediondos e semelhantes tinham tal 
vedação do artigo 3º, o mostrava que a previsão era consideravelmente 
inconstitucional. 
Nas medidas assecuratórias, conforme o artigo 4º, poderá, o Juiz de ofício ou 
a requerimento do Parquet e até mesmo mediante representação do Delegado, desde 
que ouvindo o MP em 24h poderá decretar as medidas assecuratórias de bens, sejam 
diretos ou valores do investigado, desde que seja comprovado indícios suficientes de 
infração penal. Tais medidas podem incorrer sobre os bens para que haja areparação 
do dano com advento da infração penal, ou para medidas de penalidade com o 
pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas processuais. 
 
2.4 DA COLABORAÇÃO PREMIADA 
Precipuamente pode-se dizer de forma geral que a colaboração/delação 
premiada, com sua previsão, neste caso, na Lei 12.683/2012 é uma espécie de 
benefício que o acusado e até mesmo o réu podem receber caso colabore de alguma 
forma com o interesse do Estado, podendo ser de modo a evitar novos delitos, 
produção de provas para outros crimes e/ou identificação coautores do mesmo que 
crime que incorre com o acusado ou réu, tem sua previsão no Código Penal, Lei dos 
Crimes Hediondos entre outras espécies normativas. Neste capítulo será trabalhado 
a Colaboração premiada quanto à Lavagem de Capitais. 
 
16 
 
2.4.1 DOS REQUISITOS 
Conforme disposição do artigo 13 da Lei 9.807/1999 c/c artigo 1º, §5, Lei 
12.683/2012 são requisitos para a conceção do benefício ser o acusado ou réu 
primário, ou seja, aquele que não é reincidente. Deve-se haver uma colaboração 
devidamente efetiva, considerada, por Nucci um “requisito imponderável ou mesmo 
inútil”, já que importante seria atingir os objetivos presentes nos incisos do artigo 13 
da lei supracitada. Quanto à voluntariedade trata-se da ação ou omissão daquele que 
busca o benefício, qual seja, deve-se ser livre de qualquer tipo de coação moral ou 
física (diferente da espontaneidade tratada no Direito Penal), pode-se dizer que no 
artigo 13 pouco a de se importar a espontaneidade do agente, desde que prevaleça 
sua voluntariedade. Concatenados nos incisos do artigo trabalhado está a expressa 
previsão doutros requisitos, quais sejam; no inciso I- “a identificação dos demais 
coautores ou partícipes da ação criminosa”, nesse é indicado que haja a identificação 
dos demais participantes da ação criminosa por meio do delator, embora haja uma 
interpretação literal errônea, deve-se considerar para os devidos fins desse inciso que 
a identificação de apenas um participante seja suficiente para a conceção do 
benefício. Inciso II- “a localização da vítima com a sua integridade física preservada” 
a de se criticar o fato de o legislador referir-se à apenas uma vítima, no singular, mas 
há casos que podem existir mais de uma. Deve-se atentar que nos casos que houver 
mais de um ofendido, o relator, para conceção do benefício deve informar a 
localização de todas as vítimas ou aquela(s) que tenha conhecimento de sua 
localização, porém, se agir de má-fé, omitindo localização de uma das vítimas não 
haverá aplicação do benefício, mister mencionar, novamente, que o ofendido deve 
estar com a integridade física preservada. Por fim, no inciso III- “a recuperação total 
ou parcial do produto do crime”, ou seja, para conceção do benefício deve-se haver a 
recuperação do produto do crime em uma das duas modalidades previstas no inciso. 
Não obstante é imperioso destacar os requisitos subjetivos presentes no parágrafo 
único que leva em consideração a personalidade do beneficiado, natureza, 
circunstâncias, gravidade e repercussão social, Nucci faz outra crítica ao referido 
parágrafo único, pois é uma questão que depende do juiz, considerando sua 
subjetividade. O delator, se submete aos possíveis riscos que advém da delação, para 
que no fim, o juiz em análise dos critérios subjetivos indefira o seu benefício, então 
Nucci parte do pressuposto que se deve revogar o disposto neste parágrafo único. 
17 
 
 
2.4.2 DO MOMENTO DA CONCEÇÃO 
Pode-se dizer que não há um momento preciso para conceção da 
Delação/Colaboração Premiada podendo o magistrado aplica-la a qualquer tempo, 
conforme expresso no artigo 1º, §5º da Lei 9.613/1998 com redação dada pela Lei 
12.683/2012. Não obstante, no âmbito Processual Penal, o artigo 621 do CPP traz 
hipótese, que mesmo após o trânsito em julgado da sentença, caso seja descobertas 
novas provas de inocência, ou circunstâncias que determine a diminuição especial de 
pena, poderá ainda, o condenado receber o benefício, observado, logicamente os 
princípios processuais penais. Mormente, o momento que pode ocorrer a Colaboração 
pode diferir do momento da Concessão do benefício. 
 
2.4.3 DAS OPÇÕES PELO BENEFÍCIO, COM INFLEXÃO DE PRÓS E CONTRAS 
NO ARTIGO 13 DA LEI 9.807/99 
Quanto às opções, pode-se dizer que se tem a diminuição de pena, de no 
máximo ⅔, e como já tratado anteriormente, há a possibilidade de diminuição mesmo 
após a sentença condenatória. A substituição de pena privativa de liberdade pela 
restritiva de direito também é uma possibilidade cujo independe dos requisitos 
arrolados no artigo 44 do CP. No perdão judicial a de se falar sobre a extinção da 
punibilidade, por requerimento do Parquet ou Delegado de Polícia, pois, o juiz, de 
ofício, não pode aplicar o perdão. E, caso o Parquet não ofereça a denúncia, neste 
caso deve-se atentar a dois requisitos, cujo o delator não seja o chefe de organização 
criminosa e/ou seja o primeiro a delatar os fatos à autoridade, não obstante, há outras 
opções que não foram tratadas aqui. 
Quanto aos prós e contras, seguindo o raciocínio de Nucci, a de se mencionar 
como pontos negativos da colaboração premiada (serão mencionados apenas 
alguns): 
I- A lei traz em sua letra uma forma antiética sobre o comportamento social; 
II- Errônea ideia de que os fins justificam os meios, pois podem ser imorais ou 
antiéticos; 
III- Não serviu como incentivo para quebrar as “leis do silêncio” que vigoram 
entre as organizações criminosas, cujo nesse universo ela “fala mais alto”; 
18 
 
IV- O Estado não pode praticar “escambo” com a criminalidade; 
V- Estímulo a possíveis delações falsas e meio de vinganças pessoais. 
São pontos positivos: 
I- Não a de se falar em ética e moral no ambiente criminoso considerando a 
própria prática dos delitos, quebrando as normas legais e lesando bem jurídico de 
terceiro ou protegidos pelo Estado; 
II- Os fins justificam o meio quando se tratar de objeto legalizado e presentes 
no âmbito jurídico; 
III- O Estado já barganha com acusados e réus de outras formas, seria a 
colaboração premiada apenas outra forma de escambo. 
IV- Tal benefício pode servir de estímulo ao sincero arrependimento com 
relação à regeneração interior, sendo um dos princípios da aplicação da pena; 
V- A falsa colaboração deve ser devidamente punida. 
“(...) a delação é um mal necessário, pois o bem maior a ser tutelado é o Estado 
Democrático de Direito” (Nucci, 2010, pag.1114). 
 
2.5 A QUESTÃO DO “CRIME ORGANIZADO” NA NOVA LEI 
Com nova redação da Lei 9.613/1998 dada pela nova lei (Lei 12.683/2012) 
houve deveras alterações, pode-se dizer que antes a lei classificava um rol de crimes 
anteriores para a lavagem de dinheiro, enquadrando, assim na “legislação de segunda 
geração”. Com a nova redação qualquer que seja a infração penal poderá ser 
antecedente da lavagem de capitais, desse modo, “legislação de terceira geração”. 
Quanto à organização criminosa propriamente dita não existe mais a antiga 
discussão sobre a sua definição, considerando qualquer grupo estável de quatro 
pessoas, que praticam crimes contra a ordem financeira, arrecadando demasiada 
quantia de bens agora pode e deve ser punida como lavagem de dinheiro, o que, na 
redação da antiga lei não seria punido como lavagem de capitais. Ademais, agora 
qualquer dinheiro obtido de forma ilícita, ocultado e/ou dissimulado será considerado 
o crime de lavagens de capitais, foi uma alteração necessária e de grande acerto do 
legislador. 
 
19 
 
2.6 ACESSO DA AUTORIDADE POLICIAL E DO M.P AOS DADOS CADASTRAIS 
Pode-se dizer que a nova lei trouxe um rol de novas atribuições ao MP e Polícia, 
cujo é possível, sem prévia autorização judicial ter acesso a dados privados do 
investigado que estejam na Justiça Eleitoral, empresas de telefonia, instituições 
financeiras, redes de internet e empresas de crédito. Numa primeiraanálise é 
observado uma possível inconstitucionalidade, pois, está violando sem ordem judicial, 
informações privadas do investigado que são previstas como invioláveis pela 
Constituição da República, sem o devido mandado judicial expedido por autoridade 
competente. Embora à primeira vista inconstitucional, não há que se falar sobre, pois 
tais atribuições não se equiparam à quebra de sigilo do investigado, que para essa 
quebra, deverá ainda haver a devida autorização judicial, desse modo não há violação 
da privacidade do investigado. Sua previsão está no artigo 17-B da nova lei. Pode-se 
afirmar que é uma forma de agilizar o trâmite da investigação de modo a melhorar o 
trabalho da autoridade policial e do MP. 
 
2.7 PREVISÃO DA ALIENAÇÃO ANTECIPADA 
Com previsão nos artigos 4º e 4º-A da Lei 9.613/1998 com redação dada pela 
Lei 12.683/2012. A alienação antecipada pode ocorrer de ofício pelo Juiz desde que 
tenha competência, requerimento do Parquet ou solicitação da pessoa interessada 
por intermédio de petição. Assim será debatido a aplicação ou não da alienação 
antecipada sem prejuízo à tramitação do processo. Todos os bens são levantados, 
localização, descrição, tipo de bem e que o tem, desse modo é realizado uma 
apuração quando aos seus valores, e mediante manifestação o juiz da causa poderá 
homologar e prosseguir com a alienação judicial por meio de leilões, o valor 
proveniente desses leilões é depositado em uma conta judicial. É importante destacar 
que tal alienação antecipada é realizada apenas nos bens que sejam frutos do crime, 
aqueles que tenham origem lícita e constituídos legalmente pelo acusado/réu não 
serão objetos de alienação antecipada. Caso o réu seja condenado culpado, após o 
trânsito em julgado da sentença condenatória os bens arrecadados passar-se-ão a 
constituir patrimônio público da União ou dos Estados-Membros, a depender de onde 
fora julgado. Noutro diapasão, caso haja sentença absolutória os bens são devolvidos 
ao acusado bem como a toda remuneração obtida, descontado de tributos e multas 
20 
 
provenientes se houver, desde que seja sentença transitada em julgado. Não menos 
importante, os bens oriundos da lavagem de capitais concatenados com o tráfico de 
drogas, se objetos de alienação antecipada serão destinados ao FUNAD – Fundo 
Nacional Antidrogas, conforme disposição da Lei 11.343/2006. 
 
2.8 DEVER DO ADVOGADO DE COMUNICAR ATIVIDADE SUSPEITA DE 
“LAVAGEM DE DINHEIRO”: CONSTITUCIONALIDADE 
Com sua previsão no artigo 9º, XIV da Lei 9.613/1998 com redação dada pela 
Lei 12.683/2012, trata-se de uma norma lícita, considerando que os dados são 
encaminhados ao SISCOAF e o Advogado é considerada uma pessoa obrigada, e 
relacionada na Lei 9.613/98, embora estamos tratando do Advogado, há outros 
profissionais obrigados também como, os administradores e contadores que são 
peças indispensáveis para tornar os bens ilícitos com a aparência mais lícita possível. 
Novamente, no tocante à constitucionalidade, trata-se de uma espécie de política 
preventiva para combater o crime, pois, como mencionado os profissionais precisam 
manter banco de dados de clientes atualizados e comunicar ao SISCOAF, tratando, 
portanto, de uma atividade administrativa e preventiva, embora pareça quebrar o sigilo 
profissional. Entre os doutrinadores e constitucionalistas há a discussão sobre qual 
deve prevalecer, o Sigilo ou o Dever de Comunicação, pois o sigilo profissional, em 
regra, é um direito fundamental da relação cliente e profissional, que assegura que 
nenhuma informação chegue a terceiros. Nesse diapasão, por se tratar de mera 
consultoria, assessoria e outros. Quando o Advogado está no tribunal, representando 
seu cliente não tem dever algum de comunicar os possíveis tentativas ou práticas de 
ilícitos dessa natureza, sendo, portanto, relativo, levando em consideração a atividade 
desempenhada pelo Advogado no momento, e seu vínculo no negócio jurídico objeto 
de discussão. 
 
2.9 NOVOS DESAFIOS DA MODERNA LEGISLAÇÃO SOBRE O TEMA 
Talvez um dos maiores desafios enfrentados na modernidade a respeito do 
tema seja as tecnologias aplicadas ao mercado financeiro, pois há possibilidade da 
lavagem de capitais, com ênfase no dinheiro, quanto às criptomoedas, tais como 
Bitcoin e Ethereum que possibilita as transações de valores incalculáveis sem o 
21 
 
rastreio ou quebra de sigilo garantindo aos praticantes do crime maior facilidade de 
lavar e guardar seu dinheiro, em moedas impossíveis de “quebra de sigilo”. Não 
obstante, a legislação moderna vem a cada dia se adaptando e se moldando às 
tecnologias, conseguindo, não totalmente, barrar ou interceptar possíveis crime de 
lavagem de capitais. A de se mencionar, a maior e mais intensificadas transações no 
“mercado comum” o que, considerando a demasiada demanda acaba não sendo 
possível ou deixa passar, sem intenção algum ilícito, porém nenhuma legislação é 
perfeita como nenhum crime é perfeito, é uma verdadeira corrida entre “gato e rato” 
pois, quando criminosos conseguem um novo esquema ou forma de praticar os 
ilícitos, a legislação também encontra formas de se adequar e procurar barrar que 
estes aconteçam. A fluidez da modernidade e suas tecnologias fazem o sistema 
normativo parecer resistente ou até mesmo inerte em alguns períodos ou casos. 
 
2.10 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E SUA FINALIDADE 
Pode-se dizer que as medidas assecuratórias tem por finalidade resguardar e 
assegurar direito de terceiros, quanto à reparação de danos causados pela prática do 
ilícito, seja a pessoa natural, jurídica ou ao Estado e seus entes. Podem ser medidas 
assecuratórias de bens, valores monetários do investigado, direitos e até mesmo que 
estejam ligados ou em posse de outras pessoas, desde que seja fruto ou proveito dos 
crimes de Lavagem de Capitais. 
São medidas assecuratórias a alienação antecipada dos bens fruto de ilícito, 
para sua preservação, desde que esses estejam sujeitos a deterioração e/ou 
depreciação ou seja difícil manter sua manutenção, a exemplo, um automóvel. E como 
já tratado anteriormente na alienação antecipada se houver sentença absolutória os 
bens são devolvidos aos respectivos donos sem prejuízo, diminuído das custas e 
multas se assim houver e do valor suficiente para reparação dos danos. 
Mister mencionar que para as medidas assecuratórias podem ser invocadas 
durante a investigação, porém para sua efetiva aplicação deve-se haver prova e 
materialidade suficiente sobre a existência do crime, ou seja, os indícios são 
suficientes para tal. 
Grande inovação que a lei 12.683/12 trouxe neste caso fora a possibilidade de 
interpor medidas assecuratórias em bens de terceiros “laranjas” ou “testas de ferro” 
22 
 
que são aqueles que escondem a verdadeira propriedade do dinheiro, sendo os bens 
em posse dos laranjas também objeto de crime de lavagem de dinheiro e portando 
passíveis de invocar a medida assecuratória, desde que comprovada a sua ilicitude, 
desde que o suspeito tenha prazo hábil para apresentação da sua defesa para 
comprovar ou tentar, a licitude de seus bens. 
 
2.11 DA AÇÃO CONTROLADA 
Pode-se dizer que a Ação Controlada é uma tática de investigação, pois 
aqueles que investigam possível ilícito, com indícios de provas e materialidade 
suficiente para agir, abdicam de tal ato, para que possam coletar mais provas, 
descobrir outras pessoas envolvidas e até mesmo poder recuperar os bens e assim 
lograr maior êxito na prisão e obter máximo aproveito. A de se mencionar também a 
prisão cautelar, pois, em casos que possam comprometer o curso da investigação 
esta pode ser suspensa de modo a não embaraçar as investigações com a finalidade 
de não prejudicar a descoberta de mais provas, ilícitos e pessoas envolvidas. 
Se a autoridade agisse no momento que juntara provas suficientes, teria êxito 
na prisão e apreensão daquilo que tinha provas, mas com uma ação controladaseu 
êxito pode ser muitas vezes maior, já que irá pegar mais coisas, de modo esdrúxulo 
seria a mesma coisa de pescar um molinete versus uma tarrafa. Trata-se de uma 
medida de cautela, de modo a acelerar o processo e possivelmente diminuir custas 
processuais e de investigações. 
 
2.12 DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
Além dos efeitos previstos no Código Penal, não há possibilidade nem 
viabilidade que os bens obtidos pela prática do ilícito continuem sendo propriedade do 
autor, então neste caso há a possibilidade de sua alienação e confisco, desde que a 
sentença condenatória transite em julgado, ai os bens e valores passão a compor o 
patrimônio da União nos casos que o crime for de competência Federal e se a 
competência for da Justiça Estadual passar-se-á a constituir patrimônio daquele 
estado-membro, não apenas os frutos de ilícitos, mas também os valores pagos de 
fiança se assim houver, garantido ao terceiro de boa-fé e àqueles lesados os seus 
devidos direitos. A previsão desse e dos demais temas dessa sessão está arrolada 
23 
 
no artigo 7º Lei 9.613/1998 com redação dada pela Lei 12.683/2012. No seu inciso II 
é tratado quando à interdição ao exercício de cargo e função pública, ou seja, aquele 
que fora condenado não poderá exercer cargo público, ser diretor ou membro de 
conselhos administrativos ou os referidos no artigo 9º da lei aqui tratada pelo dobro 
do tempo da pena que recebeu, desde que seja privativa de liberdade. Necessário 
mencionar que tais disposições tem efeito automático, não necessitando o juiz inserir 
na carta de sentença condenatória. 
 
2.13 A TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA NO CRIME DE LAVAGEM DE 
CAPITAIS, ORIGEM E APLICAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO E A EXISTÊNCIA 
DE DOLO DIRETO, DOLO EVENTUAL OU CULPA CONSCIENTE 
A Teoria da Cegueira Deliberada, ou Teoria do Avestruz dispõe que o indivíduo 
sendo agente econômico é obrigado a investigar o ativo que está recebendo, a 
exemplo um vendedor de veículos, caso este omitir a investigação da origem do 
capital, negando ou dissimulando desconhecimento é um contribuinte para a 
ocultação dos bens ilícitos, ou seja, como no exemplo, o recebimento do dinheiro ilícito 
em troca de um veículo lícito, assim dissimulando e escondendo a ilicitude do dinheiro 
e com isso o agente econômico também responderá pelo crime de lavagens de 
capitais, uma vez que se omitiu a investigar a origem do dinheiro. Conforme o delito 
da lavagem de dinheiro teve como base um crime precedente, entende-se o aquele 
que não tiver noção da procedência ilícita não de se caracterizar criminoso, então, a 
Teoria buscou acertadamente coibir essas práticas e responsabilizar os indivíduos 
que não investigam a origem dos bens transacionados. Quanto à sua historicidade há 
divergências doutrinárias, pois existe doutrinadores afirmam que ela fora usada 
primordialmente na Inglaterra em meados de 1860 em um caso chamado “Regina vs. 
Sleep”, sendo esta a mais aceita. A Teoria do Avestruz tem sua aplicação 
principalmente na legislação dos EUA, uma vez que suas normas são costumeiras e 
advém do Common Law. Sua aplicação no âmbito brasileiro está conforme fora 
trabalhado no início dessa sessão, porém, talvez um dos casos brasileiros mais 
famoso fora do Furto ao Banco Central de Fortaleza, cujo um dos integrantes da 
organização criminosa comprara 11 veículos no montante de R$950.000,00 fazendo 
o pagamento à vista em espécie, com o dinheiro fruto do crime, algum tempo depois 
24 
 
o criminoso fora preso e o juiz da causa julgou os sócios da concessionária onde fora 
realizada a compra, já que estes venderam a um desconhecido elevada quantia em 
bens sem a devida análise da origem do capital, simplesmente ignorando as 
possibilidades de lavagem de capitais, neste caso do exemplo fruto de furto, foram 
julgados pelo juiz da causa à prisão, clássica aplicação da Teoria Supra mencionada. 
Quanto ao dolo direto, cujo o resulta é previsto não resta dúvidas sobre sua 
aplicação nesse caso, pois o agente agiu de modo a dar o resultado pretendido. Já no 
dolo eventual, com o advento da Lei 12.683/2012 o legislador acertadamente 
estendeu sua aplicação à aqueles que têm suspeitas sobre a prática do ilícito e mesmo 
com as suas suspeitas continua a movimentar os bens possivelmente ilícitos e assim 
assume o risco de está praticando lavagem de capitais, ou seja, deve-se ter 
consciência do contexto em si, e se o agente percebe o perigo e mesmo assim age, 
assumiu para si o risco de contribuição à lavagem de dinheiro. Na culpa consciente 
não que se falar em condenação, pois, em regra, trata-se de mera negligência ou 
imprudência, pois no crime é importante haver o dolo, o agente tem que ter a vontade, 
se colocar como beneficiário, deve-se ter total cuidado ao caso concreto uma vez que 
culpa consciente e dolo eventual são separados por uma tênue linha. 
 
2.14 A ESPECIALIZAÇÃO DE VARAS PARA JULGAMENTO DE CRIMES DE 
LAVAGEM DE CAPITAIS E A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO NO DIREITO 
PÁTRIO: PRECEDENTES DO STF 
Considerando as demasiadas práticas de crimes financeiros, em especial a Lavagem 
de Capitais, é importante a especialização de varas para o julgamento do assunto, 
uma vez que estas estão mais preparadas, trabalhando cotidianamente com o tal 
assunto, há também um descarrego das varas normais, passando a lavagem de 
capitais para vara própria, a de se mencionar a relação custo benefício, o montante 
de casos julgados versus o valor para manter a vara atuante. O STF julgou válido e 
constitucional a criação e transferência de processos em andamento na vara comum 
para a vara especializada, precedentes que o STF julgou acertadamente, uma vez 
que há um descarrego das varas comuns transferindo os processos para a vara 
especializada. 
STF julga constitucional especialização de varas do Poder Judiciário 
25 
 
Dez dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram hoje (15) 
que a criação de varas especializadas pelo Poder Judiciário não fere a 
Constituição Federal, tampouco a transferência de processos já em curso em 
varas não-especializadas. A questão foi analisada no julgamento de um 
Habeas Corpus (HC 88660) impetrado em defesa de um acusado de crimes 
contra o sistema financeiro nacional. Ele teve seu processo transferido para 
uma vara especializada em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, no 
estado do Ceará, criada por meio da Resolução 10-A do Tribunal Regional 
Federal da 5ª Região (TRF-5), sediado em Recife (PE). 
 
Ementa do H.C 88.660/CE em 15/05/2008: 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. DIREITO 
PROCESSUAL PENAL. RESOLUÇÕES NS. 10-A/2003, DO TRF DA 5ª 
REGIÃO, 314/2003, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ALEGAÇÃO 
DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA RESERVA 
LEGAL, DA SEPARAÇÃO DOS PODERES, DO JUIZ NATURAL E DE 
INOBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO ART. 75, PARÁGRAFO ÚNICO, DO 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: IMPROCEDÊNCIA. VALIDADE 
JURÍDICA DA ESPECIALIZAÇÃO DE VARA FEDERAL PARA 
PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DE CRIMES CONTRA O SISTEMA 
FINANCEIRO NACIONAL E DE LAVAGEM OU OCULTAÇÃO DE BENS, 
DIREITOS E VALORES. ORDEM DENEGADA. 1. Ao determinar a 
especialização de varas pela Resolução n. 10-A, de 11.6.2003, o Tribunal 
Regional Federal da 5ª Região restringiu-se a suas atribuições legais, sem 
ofensa a dispositivo constitucional ou legal. 2. A regra do art. 75, parágrafo 
único, do Código de Processo Penal não é absoluta, restringindo-se a sua 
aplicação aos casos em que o Juízo prevento deixa de existir ou se dele for 
retirada a competência para o julgamento da causa. 3. Ordem denegada. 
 
2.15 A AUTOLAVAGEM DE DINHEIRO (SELFLAUDERING) E SUAS CORRENTES 
DE PENSAMENTO NO DIREITO BRASILEIRO COMPARADA A OUTROS 
MODELOS INTERNACIONAIS 
Com previsão na Convenção de Palermo, cujo Brasil é signatário, no direito 
pátrio não há o afastamento no caso de praticado por autor de crime anterior, ou seja, 
poderá ter a responsabilização do praticantede crime anterior à lavagem de capitais, 
embora haja divergências na doutrina, mas em regra a lavagem de capitais não exaure 
o crime anterior. Sendo a autolavagem entendida como uma “reciclagem” do produto 
de crime anterior, cujo segundo entendimento do STF é plenamente possível a 
condenação por ambos delitos, sem a aplicação do Princípio da Consunção. Quantos 
aos modelos internacionais não há unanimidade, pois diferentes países têm seu 
entendimento, a exemplo a Itália que exclui o autor do crime antecedente quanto à 
lavagem de capitais, por outro lado a Espanha e Portugal punem a autolavagem como 
concurso de crimes. 
 
26 
 
2.16 CONCLUSÃO PESSOAL 
Pode-se concluir que a Lei de Lavagem de Capitais é uma norma de notória 
importância para a segurança financeira do Estado, não longe disso, para empresas 
de todo setor nacional e internacional, pois, busca coibir o ingresso de bens e capitais 
ilícitos nas mais possíveis aplicações. É mister destacar que serve também como 
desestímulo para a prática de um delito antecede, pois, mesmo que haja a prática de 
delito antecedente (a exemplo o tráfico de drogas) será mais difícil para os criminosos 
“lavar” o dinheiro e dar a ele uma aparência lícita, ainda mais que a legislação prevê 
que aqueles que contribuírem para a camuflagem dos ilícitos também será 
responsabilizado. 
 
3. ABUSO DE AUTORIDADE – LEI 13.869/2019 
Primeiramente é mister destacar que a Lei 13.869/19 fora acertadamente um 
sistema normativo aprovado, pois, em regra, deve combater os crimes praticados por 
aqueles que detêm o poder, autoridades e agentes públicos. Esta lei revogou o antigo 
sistema normativo quanto ao abuso de autoridades, cujo era previsto na Lei 
4.898/1965, consideravelmente arcaica, levando em consideração a evolução 
histórica normativa. 
Importante destacar que se caracterize o crime é exigido a finalidade específica 
do agente em prejudicar ou beneficiar a si mesmo ou a outrem, não obstante tem-se 
os elementos objetivos e subjetivos. 
 
3.1 ABUSO DE AUTORIDADE: BEM JURÍIDICO TUTELADO, AMBITO DE 
INCIDÊNCIA DA NOVA LEI, VEDAÇÃO DO CRIME DE HERMENÊUTICA 
Pode-se dizer que o objetivo desta nova lei fora, como bem jurídico tutelado, o 
legislador objetivou punir os excessos e desvios de poder, assim, zelando pelo correto 
exercício das funções públicas, ou seja, aquele que de alguma forma se extrapolar no 
exercício de sua função é uma forma de desrespeito para com sociedade, pois fora 
confiado no cargo que exerce, o abuso é uma forma de “trair” a comunidade. Dito isso, 
a lei tem por finalidade proteger o regulamento funcional do agente, de modo a este 
agir dentro das normas e legalidade, ser impessoal, digno e eficiente. É tutelado 
27 
 
também, talvez o mais importante, a Dignidade da Pessoa Humana nos mais 
possíveis sentidos, principalmente quanto à vida, integridade física e psicológica e 
outros. Por fim, pode-se dizer que o legislador agiu acertadamente nesse novo meio 
normativo. 
 
3.2 AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
Conforme previsão do artigo 3º, caput os crimes decorrentes desta lei serão de 
ação penal pública incondicionada. Embora a exceções em que se pode ocorrer a 
ação privada caso a pública não for intentada em prazo hábil, assim o M.P deve aditar 
a queixa e oferecer denúncia substitutiva e demais requisitos. Há também a ação 
subsidiária, cujo será exercida em 06 meses a partir da decadência do prazo de 
oferecimento da denúncia. Diz o artigo 3º: 
Art. 3.º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública 
incondicionada. 
§ 1.º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no 
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de 
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
§ 2.º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, 
contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 
Pode-se dizer que o legislador agiu coerentemente ao definir como uma ação 
pública incondicionada, pois, em caso contrário, poderia a vítima sofrer além do abuso 
de autoridade ameaças e coações para não representar sobre o acontecido. Desta 
forma, a partir do conhecimento das autoridades competentes, dar-se-á início às 
investigações independente de representação da vítima. O que garante a ela maior 
segurança e integridade. 
 
3.3 EFEITOS EXTRAPENAIS DECORRENTES DA SENTENÇA PENAL 
CONDENATÓRIA 
Por se tratar não apenas de um ilícito penal, mas também civil e administrativo, 
tal prática de abuso de autoridade tem suas ramificações em outros ramos do direito. 
Naturalmente e já sabido decorre a obrigação de indenizar o dano causado a terceiro, 
seja moral, físico ou patrimonial previsto no Código Civil e reforçado pela lei aqui 
trabalhada. Não obstante e de igual importância à indenização, o legislador agiu 
acertadamente ao dispor também que como efeito da condenação aquele que praticou 
28 
 
o abuso será desligado de seu cargo ou função pública por período de 01 a 05 anos, 
qual seja um período relativamente baixo, mas deve-se levar em consideração a 
gravidade do ilícito praticado, a depender da gravidade certo seria a perda do cargo 
ou função pública por tempo indeterminado. Ver artigo 4º. 
 
3.4 DECRETAÇÃO DE MEDIDA DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE EM MANIFESTA 
DESCONFORMIDADE COM AS HIPÓTESES LEGAIS 
Com a sua previsão no artigo 9º da Lei 13869/2019, este diz que se de alguma 
forma for decreta uma medida de privação de liberdade que esteja em 
desconformidade com as hipóteses legais, quais sejam, a exemplo, a prisão cautelar, 
medida de segurança detentiva e demais. Ou seja, deve haver manifesta legalização 
sobre a prisão em caso contrário estará em desconformidade com hipóteses legais. A 
consumação desse delito se da no momento de sua decretação, ou seja, no momento 
que o autor determina a medida de privação, ainda que não tenha consumada, é 
claramente uma hipótese de crime formal, pois não necessita da produção de 
resultados. Não só o agente que aplica a medida em desconformidade, mas também 
o judiciário incorre para o crime caso não relaxar a prisão ilegal ou não substitui a 
prisão preventiva por medida cautelar ou até deixar de conceder liberdade provisória 
se cabível, e por fim deixar de deferir habeas corpus se for cabível. 
Ao se falar de prazo razoável, deve ser analisado cada caso em suas 
especificidades, pois o legislador deixou em aberto, então cada prazo deve observar 
o caso concreto propriamente dito para haver o prazo razoável correspondente. 
 
3.5 NÃO RELAXAMENTO DA PRISÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL 
Ao se falar de não relaxamento da prisão manifestamente ilegal, estar a se falar 
da omissão daquele responsável em proclamar a prisão ilícita cerceando a liberdade 
de outrem, assim, omitir sobre uma prisão manifestamente ilegal é algo gravíssimo, 
uma vez que o direito de liberdade daquele injustiçado foi ceifado. Deve-se atentar ao 
fato que pode ter mais de um motivo para que o juiz o mantenha em prisão, então 
deve-se fazer uma análise do caso como um todo primeiramente. Mas em regra o não 
relaxamento é gravíssimo e fere principalmente a Constituição da República no 
tocante ao direito de ir e vir, e acusação injusta que ceifa, como dito anteriormente a 
29 
 
liberdade do ofendido. Mais um dispositivo óbvio e acertadamente incluído pelo 
legislador. 
 
3.6 QUANTO AO CONSTRANGIMENTO DO PRESO OU DETENTO 
Ao se falar de constrangimento entramos em sessão delicada e importante. 
Quando o agente age com abuso de autoridade, está sem sombra de dúvidas 
colocando o indivíduo em uma condição constrangedora e até mesmo vexatória, não 
obstante, é observado tais condições até mesmo no cotidiano. Embora o acusado 
tenha praticadoalgum ilícito, momento algum as autoridades tem a prerrogativa de 
ceifar sua dignidade, pois ela está prevista na Charta Magna de 1988, sendo a 
dignidade da pessoa humana um direito de todos, independente da condição que se 
encontre. A partir do momento que o agente tolhe tal direito do acusado está este 
agindo em abuso de autoridade e deve ser punido, cujo está expresso pela lei objeto 
deste capítulo, não obstante, além das sansões penais, o acusado poderá e terá o 
direito de indenização da esfera Cível é o agente sofrerá sanções administravas 
também. Vale mencionar que o acusado colocado em condições vexatórias ou de 
constrangimento, indiretamente atinge seus familiares e conhecidos, a exemplo um 
filho que visualiza seu pai sendo submetidos a tais condições, poderá a criança 
desenvolver algum trauma ou problemas psicológicos relacionados a isso, bem como 
a figura do acusado na comunidade, movida pelo pré-conceito deixado pelos rastros 
do abuso. Quanto ao acusado, este também poderá sofrer severos danos físicos e/ou 
psicológicos, e não obstante danos materiais, caso venha a ser absolvido da sentença 
será figurado como “monstro” por aqueles que tem conhecimento só da “ponta do 
iceberg”, terá dificuldades no mercado de trabalho e de relacionamento interpessoal, 
ou seja, tal situação é muito mais grave do que aparenta. 
 
3.7 PROSSEGUIMENTO DO INTERROGATÓRIO DE PESSOA QUE TENHA 
DECIDIDO EXERCER DIREITO DE SILÊNCIO 
Quanto á pessoa que tenha decidido por exercer o direito de silêncio não há o 
que se discutir, é uma previsão constitucional e inviolável, ninguém é obrigado a 
produzir provas contra si mesmo é o chamado princípio nemo tenetur se detegere, 
desse modo, o acusado tem a prerrogativa de exercer o silêncio em todo o tramite 
30 
 
investigatório e processual, é um direito inviolável. Vale mencionar que embora o 
acusado tenha o direito de permanecer em silêncio, tal dispositivo não se aplica às 
testemunhas e provas testemunhais, pois estas estão sob juramento e não tem a 
prerrogativa de exercer o direito de silêncio. O direito de silêncio trata-se de Princípio 
constitucional e não pode ser violado, caso o acusado sofra alguma pressão ou 
coerção para falar, este que o fizera será praticante de abuso de autoridade. Embora 
seja uma prerrogativa do acusado, ele pode por exemplo não participar da parte 
investigatória, como por exemplo a reconstituição do crime, mas pode se omitir do 
silêncio no tribunal, ou seja, ele faz como melhor entender. Insta mencionar que 
aquele acusado que sabe ser inocente não tem porque invocar o nemo tenetur se 
detegere, uma vez que sendo inocente, falar o que sabe e ajudar na fase investigatória 
é mais um meio de provar sua inocência, não tem o por que de se omitir, embora, vale 
ressaltar que o acusado seja uma “laranja” de modo a participar da investigação de 
crime que não praticou sob ameaça de organização criminosa para esta se safar do 
crime. Então, deve-se haver uma ampla investigação e apuração do caso concreto. 
Por fim, caso a pessoa decida exercer o direito de silêncio deverá as 
investigações e fazer processuais acontecer normalmente, não há possibilidade de 
ceifar tal direito do acusado. 
 
3.8 SUBMISSÃO DE PRESO, INTERNADO OU APREENDIDO AO USO DE 
ALGEMAS FORA DAS HIPÓTESES LEGAIS. 
 Conforme fundamentação da Súmula Vinculante 11 o uso de algemas 
somente é lícito nos casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia. Segue seu texto: 
Súmula Vinculante 11 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de 
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou 
de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de 
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado. 
Ou seja, fora das hipóteses cabíveis agirá o agente em abuso de autoridade. 
Deve-se levar em consideração o critério subjetivo, pois não a de saber o que se passa 
na cabeça do acusado, poderá o acusado com aparência calma está premeditando 
uma fuga ou agredir as autoridades policias, ao mesmo tempo que um acusado 
31 
 
predominantemente verbalmente furioso não tenha intensão alguma de fuga ou 
agressão. Tal questão deve ser analisada com demasiado cuidado, ficando a cargo 
da autoridade policial decidir sobre o algemamento ou não, pois estes que estão “nas 
ruas” e conhecem o real perigo, não sendo a cargo de um juiz ou M.P definir se o 
policial agiu com abuso de autoridade, insta mencionar também que não a de se falar 
de algemar pessoa predominantemente idosa sem condições de fuga ou agressão 
bem como deficiente físico incapaz de exercer tais atos, estes sim, se algemados deve 
a autoridade responder por abuso, pois o uso de algemas em um cadeirante incapaz 
de empreender fuga pode ser considerada uma condição vexatória e indigna ao 
acusado. Ou seja, deve-se observar os vários critérios subjetivos que podem aparecer 
no decorrer da abordagem. Considerando a letra da súmula, muito se vê autoridades 
policiais agindo com abuso de autoridade ao utilizar algemas com acusados que se 
encontravam pacíficos e sem nenhuma premeditação de fuga ou violência. Deve-se 
considerar e muito a dignidade do acusado, uma vez que não seja preso em flagrante, 
é meramente acusado, e à população comum o uso de algemas aparente “o fim do 
mundo”, entretanto a autoridade deve agir de modo a preservar a dignidade da pessoa 
em frente de sua família ou em um local público, de modo a evitar o uso de algemas 
e outras formas de coerção, mas se necessários, conforme as hipóteses da súmula, 
fazer seu uso sem hesitar. 
 
3.9 RESTRIÇÃO, SEM JUSTA CAUSA, DA ENTREVISTA PESSOAL E 
RESERVADA DO PRESO COM O SEU ADVOGADO 
Com previsão no artigo 20 da referida lei a pena para quem praticar esse ilícito 
é de seis meses a dois anos, e multa. 
Tal artigo é fruto da Constituição da República, pois não a que se falar em 
privação de entrevista pessoal e reservada com o advogado, é um direito e 
prerrogativa do preso. O delito se consuma no momento em que o preso tem sua 
conversa com o advogado impedida sem justa causa, cabe também a tentativa 
quando o agente não tem êxito ao tentar embaraçar a entrevista. 
A entrevista com o Advogado é ato lícito e protegido, pois o preso precisa ter a 
prerrogativa de conversar com seu advogado para ter conhecimento dos tramites 
processuais, discutir provas e outros assuntos relevantes ao caso concreto. Contudo, 
32 
 
correto seria o barramento de entrevista de advogado usado para porta voz do crime, 
passando o preso coordenadas e mensagens para o lado de fora da prisão de modo 
a continuar embaraçando a segurança pública e movimento de dentro da prisão seus 
ilícitos, desde que devidamente comprovada. Não obstante no parágrafo único do 
artigo 20 também incorre que priva o acusado ou réu de conversar com seu advogado 
por prazo considerável antes de audiências e/ou de sentar-se ao lado de seu defensor 
e com ele estabelecer comunicação durante o a audiência, traz ainda uma ressalva 
que dispõe no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por 
videoconferência. 
Embora não se saiba se o réu e seu advogado estão a agir de boa ou má-fé 
são reservados a estes o direito de comunicação, para ajustar coisas relativas ao seu 
processo ou tirar dúvidas, pois, na maioria das vezes o réu não sabe de seus direitos, 
e algum deles podem ser ceifados dentro da prisão, então é de demasiada importância 
entrevistar-se pessoal e reservadamente. 
 
3.10 VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO EM UM CONTEXTO DE ABUSO DE AUTORIDADE 
Em regra, conforme o artigo 5º, XI da CR a casa é asilo inviolável do indivíduo, 
porém á de se falar nas exceções em que pode ser adentrado sem o consentimento 
do morador,são os casos de flagrante delito ou desastre, prestar socorro, ou durante 
o dia por determinação judicial, são essas as hipóteses elencadas no artigo 5º da CR. 
O conceito de domicílio abrange qualquer compartimento habitado, aposento ocupado 
de habitação coletiva e compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce 
profissão ou atividade, hipóteses do artigo 150, §4, CP. Para entendermos o abuso 
faz-se necessário entender as hipóteses de violação. Para o cumprimento de ordem 
judicial o domicilio pode ser violado apenas durante o dia, nas hipóteses de flagrante 
delito pode haver a violação em qualquer hora do dia ou da noite, não faz menor 
sentido a autoridade flagrar um homem batendo em uma mulher durante a noite e ter 
que esperar o amanhecer para adentra na residência, hipótese esta que a vítima já 
poderá se encontrar morta, sendo ineficaz a intervenção e por fim, mediante o 
consentimento do morador em qualquer hora do dia ou da noite. As outras hipóteses 
embora relevantes, não nos interessam neste momento. Então pode-se dizer que o 
agente que viola domicílio alheio fora das hipóteses elencadas está praticando o 
33 
 
abuso de autoridade, bem como cumprir mandado de busca após às 21h e antes das 
05h. Se o agente adentrar fora das hipóteses previstas e encontrar qualquer prova 
que seja, serão estas desconsideradas, pois, estão contaminadas de ilicitude por parte 
do agente, que agiu com abuso de autoridade. Outro ponto importante é a Denuncia 
Anônima, esta, por si só, não admite a busca domiciliar, pois pode ser apenas um trote 
cujo irá trazer uma situação vexatória àqueles ali domiciliados, para tal é necessária 
uma prévia investigação da procedência da denuncia para assim sustentar a 
expedição de ordem judicial. 
 
3.11 VIOALAÇÃO DE DIREITOS E PRERROGATIVAS DO ADVOGADO 
Assim como o domicílio do réu, o escritório do advogado é inviolável, admitindo 
buscas apenas com ordem judicial e desde que acompanhado por um representante 
da OAB, cujo deve ocorrer somente se houver indícios de prática de crimes pelo 
advogado. Assim não se pode aprender documentos de seus clientes, a exceção é 
caso seus clientes também estejam envolvidos e sendo investigados pelo mesmo 
crime que o advogado que fora motivo de mandado. Fora tal hipótese não de se falar 
em violação do escritório do advogado. Hipótese de abuso de autoridade seria violar 
o escritório do advogado para colher provas sobre seu cliente que está em 
investigação, sendo tal ato demasiado ilícito e contaminado, pois viola a prerrogativa 
de sigilo entre advogado e cliente. Ademais, o advogado não tem dever algum de 
mencionar às autoridades policias ou judiciais provas sobre seu cliente, sendo esse 
ato antiético e violando sigilo entre advogado e cliente. Age em abuso de autoridade 
quem ameaça o advogado para esse contar sobre as conversas com seu cliente de 
modo a buscar provas para acusar o cliente. Por fim os objetos obtidos de forma lícita 
pela autoridade são vedados sua utilização, desde que contenham informações sobre 
clientes, tal prática não se estende aos clientes que estejam sendo investigados em 
conjunto com o advogado como coautores ou partícipes pela prática do mesmo crime 
que motivou o mandado e quebra de inviolabilidade. 
 
3.12 CONCLUSÃO 
Por fim, pode-se concluir que o uso de autoridades e força coercitiva em nossa 
sociedade é infelizmente necessário, porém tal uso não da à autoridade a prerrogativa 
34 
 
de usá-lo como bem entender, é necessário observar a Dignidade da Pessoa Humana 
e outros dispositivos, e aquele agente que exceder do uso da força coercitiva será 
responsabilizado penal, civil e administrativamente com hipóteses de perder o seu 
cargo. Não obstante e demasiado importante, aquele agente que excede sua função 
para conseguir uma prova ou confissão, usa de técnicas psicológicas e/ou físicas para 
obter o que se pretende, está agindo em abuso, e todas as provas decorrentes desse 
fato serão consideradas nulas e sem aplicabilidade no crime investigado. 
O legislador, ao constituir a nova lei de 2019 agiu acertadamente, com 
previsões importantes e penas compatíveis com os ilícitos praticados. Não fosse 
assim as autoridades policiais e judiciais poderiam agir como quisessem para se obter 
provas e autoria, o que remeteria a tempos primitivos, o que não é o caso da atual 
sociedade. 
 
4. DA LEI 11.343/2006 
A lei 11.343/2006 foi a responsável por instituir o SISNAD, Sistema Nacional 
de Políticas Públicas sobre Drogas, a referida lei dispõe sobre medidas importantes 
para prevenir o uso de ilícitos, além disso dispõe sobre a reinserção social de 
dependentes químicos e usuários de drogas, também é definidora de crimes. 
 
4.1 PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES DECORRENTES DA LEI 11.343/2006 
Quanto às suas modificações, pode-se dizer que talvez uma das mais 
importantes fora o fato de que aquela pessoa que portar ou tiver em casa drogas 
ilícitas consideradas para uso próprio não pode mais ser preso, sendo o portador 
sujeitado a meras medidas educativas. 
A problemática das drogas não é de hoje, há décadas legislações em todo o 
mundo tentar legislar sobre o assunto, em alguns países mais liberais e outro 
conservadores em relação à liberação de uso e produção. Talvez no século passado 
fosse comum outros tipos de drogas cujo a legislação se moldou a ela, em razão dos 
meios de fabricação, matéria prima e logística. Na atualidade é sabido que a cada dia 
novas espécies de drogas estão sendo fabricadas, algumas ainda desconhecida pelo 
cidadão de bem e pelas forças policiais, então considerando essas e outras mudanças 
surgem a lei 11.343/06 com suas mudanças importantes, e diferenciação entre o 
35 
 
usuário comum e o traficante, cada um em um crime e com penas diferentes, ademais, 
novos meios de produção, matéria prima e logísticas estão surgindo, não obstante é 
possível ver notícias a respeito de tentativa de entorpecentes por transportadoras e 
correios, que ainda bem, muitas das vezes são frustradas pela autoridades policiais. 
Mas ainda, por mais evoluído que seja o Estado a problemática envolvendo 
drogas ilícitas está longe de acabar, por se tratar de um tema complexo, e a cada dia 
está sendo feito novas substancias e meios transporta-las mais absurdos ainda. 
4.2 DA RETROATIVIDADE DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO §4 DO ART. 
33 DA LEI 11.343/2006 AOS DELITOS PRATICADOS NA VIGÊNCIA DA LEI 
6.368/76: PRECEDENTES DO STF, STJ E TJPR 
Pode-se dizer que a problemática deste tópico está no fato a lei 11343 retroagir 
para beneficiar os condenados antes de sua vigência ou não. Fato importante e 
determinante. 
 
4.2.1 STF - HABEAS CORPUS 97.094, RIO GRANDE DO SUL, 13/12/2011 
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” – CRIME DE TRÁFICO DE 
ENTORPECENTES PRATICADO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 6.368/76 – 
ADVENTO DA NOVA LEI DE DROGAS (LEI Nº 11.343/2006), CUJO ART. 
33, § 4º, PERMITE, EXPRESSAMENTE, QUANTO AOS DELITOS NELE 
REFERIDOS, A MINORAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – 
NORMA PENAL MAIS BENÉFICA, QUE PREVÊ CAUSA ESPECIAL DE 
DIMINUIÇÃO DA PENA – APLICABILIDADE DESSE NOVO DIPLOMA 
LEGISLATIVO (“LEX MITIOR”) SOBRE A “SANCTIO JURIS” DEFINIDA NO 
PRECEITO SECUNDÁRIO (ART. 12 DA LEI Nº 6.368/76) – EFICÁCIA 
RETROATIVA DA “LEX MITIOR”, POR EFEITO DO QUE IMPÕE O ART. 5º, 
INCISO XL, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – COMBINAÇÃO DE LEIS – 
SITUAÇÃO QUE NÃO CONFIGURA CRIAÇÃO DE UMA TERCEIRA 
ESPÉCIE NORMATIVA – PEDIDO DEFERIDO. 
 
4.2.2 STF – HABEAS CORPUS 107.583, MINAS GERAIS, 17/04/2012 
 EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES 
(ART. 12 DA LEI N. 6.368/76). PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA RETROATIVA 
DA MINORANTE PREVISTA NO § 4º DO ART. 33 DA LEI N. 11.343/06 
SOBRE A PENA COMINADA NO ART. 12 DA LEI 6.368/76 (ART. 5º, INC. 
XL, DA CONSTITITUIÇÃO FEDERAL). IMPOSSIBILIDADE DE MESCLAR 
PARTES FAVORÁVEIS DE LEIS CONTRAPOSTAS NO TEMPO, SOB 
PENA DE SE CRIAR, PELA VIA DA INTERPRETAÇÃO, UM TERCEIRO

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