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2. Apostila UC16.

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Gestão da Produção e 
Logística para o Agronegócio
Formação Técnica
Curso Técnico em Agronegócio
Gestão da Produção e 
Logística
Brasília, 2015
Formação Técnica
S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
 Curso técnico em agronegócio: gestão da produção e logística / Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino 
Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : 
SENAR, 2015.
 140 p. : il. (SENAR Formação Técnica)
 
 ISBN: 978-85-7664-101-8 
 
 Inclui bibliografia.
 1. Administração da produção. 2. Logística. 3. Agroindústria - ensino. I. 
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec 
Brasil. III. Título. IV. Série. 
CDU: 658.5
Sumário
Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6
Tema 1: Administração da produção e operações –––––––––––––––––––––––––––––––––– 9
Tópico 1: Conceitos iniciais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 0
1. O que é administração da produção? –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 0
2. Evolução da administração da produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 2
3. Dimensões dos processos produtivos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 6
Tópico 2: Sistemas de produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 9
1. Modelo de transformação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 9
2. Projeto de processos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 2
3. Projeto de produtos e serviços ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 2
Tópico 3: Estratégias de produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 4
1. Função produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 5
2. Objetivos da produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 6
3. Aplicação das estratégias de produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 8
Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 0
Atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 2
Tema 2: Planejamento e controle da produção (PCP) –––––––––––––––––––––––––––––––3 4
Tópico 1: A função do planejamento e controle ––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 5
2. Suprimento e demanda ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 8
3. Atividades de planejamento ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 9
Tópico 2: Planejamento e controle da capacidade –––––––––––––––––––––––––––––– 4 1
1. Conceitos de capacidade de produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 2
2. Como planejar a capacidade de produção? –––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 5
Tópico 3: Planejamento e controle de estoque –––––––––––––––––––––––––––––––––4 8
1. Conceito de estoque –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 8
2. Tipos de estoque e materiais armazenados ––––––––––––––––––––––––––––––––––4 9
3. Gestão e controle de estoque ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 2
Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 3
Atividades de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 5
Tema 3: Gestão da cadeia de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 7
Tópico 1: Cadeias de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 8
1. Cadeia de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 8
2. Gestão da cadeia de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 0
3. Cadeias de suprimentos versus cadeias produtivas––––––––––––––––––––––––––––6 2
Tópico 2: Elementos nas cadeias de suprimentos e cadeias produtivas –––––––––––6 4
1. Produtor rural –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 4
2. Agroindústrias ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 4
3. Varejo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 5
4. Intermediários (transportadores, traders e fornecedores de insumos) ––––––––––6 6
Tópico 3: As principais cadeias produtivas do agronegócio ––––––––––––––––––––––6 8
1. Cadeia da carne –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 9
2. Cadeia do leite ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––7 9
3. Cadeia de grãos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 1
4. Cadeia sucroenergética ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 5
Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 8
Atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 9
Tema 4: Sistemas logísticos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9 1
Tópico 1: Conceitos fundamentais da logística ––––––––––––––––––––––––––––––––– 9 1
1. O que é logística? ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 2
2. Evolução da logística –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 3
3. Atividades da logística –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 5
Tópico 2: Sistemas estratégicos da logística no agronegócio –––––––––––––––––––––9 8
1. Transporte ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 8
2. Armazenagem e conservação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––104
Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 109
Atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––111
Tema 5: Tópicos especiais sobre produção e logística ––––––––––––––––––––––––––––– 113
Tópico 1: Os desafios da produção no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––– 114
1. Os gargalos nas operações agroindustriais –––––––––––––––––––––––––––––––––– 114
2. O papel da mão de obra ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 116
3. Desafios da produção no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 117
Tópico 2: Os desafios logísticos da produção do agronegócio ––––––––––––––––––– 119
1. Os gargalos logísticos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 119
2. A competição internacional –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 121
3. Desafios da logística no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––122
Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––123
Atividades de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––124
Encerramento da unidade curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 125
Referências ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––126
Gabarito ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––129
Introdução à Unidade 
Curricular
Gestão da Produção e Logística
7
Introdução à Unidade Curricular
Bem-vindo à Unidade Curricular Gestão da Produção e Logística. Aqui, você entenderá a 
importância estratégica da gestão da produção rural nas cadeias produtivas. A compreensão 
das cadeias produtivas e da aplicação dos conhecimentos da gestão de operações ao 
agronegócio permitirá que você estabeleça as estratégias mais adequadas para cada segmento 
de produção rural com base no perfil da região produtiva em que você se encontra.
`
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta Unidade Curricular, você deverá ser capaz de:
• Entender o funcionamento dos sistemas de produção rural.
• Conhecer os métodos de planejamento da produção rural.
• Conhecer os tipos de produtos agropecuários.
• Compreender o conceito e a caracterização dos principais componentes da 
cadeia logística do agronegócio.
• Descrever e analisar as áreas de atuação da logística.
• Conhecer os diferentes processos da logística e aplicá-los ao negócio rural.
• Identificar as principais estratégias para armazenagem, manuseio, 
acondicionamento e transporte de produtos em agronegócios.
• Empregar ações de controle de estoques, aquisição e programação de 
produção.
Como futuro técnico em agronegócio, é importante saber que de nada adiantaria produzir 
as mais diversas culturas agrícolas sem eficiência e sem ter como entregar esses produtosnos diversos mercados consumidores. Portanto, após o estudo desta unidade, você terá 
desenvolvido os conhecimentos essenciais para a gestão de operações produtivas e de 
logística no que se refere ao agronegócio.
Bom aprendizado!
Administração da produção 
e operações 
01
Gestão da Produção e Logística
9
Tema 1: Administração da produção e 
operações 
A administração é fundamental em todas as atividades da nossa vida. Uma pessoa que 
não administra o seu orçamento poderá ter problemas financeiros. Uma pessoa que não 
administra seu tempo poderá ter problemas para cumprir prazos e realizar todas as atividades 
programadas. Da mesma forma, uma empresa que não administra seus negócios tenderá ao 
fracasso.
Administrar é a arte de gerenciar as diversas situações que 
acontecem na vida e tomar decisões que permitam alcançar os 
objetivos pretendidos. 
A administração não é apenas algo voltado à vida das pessoas, mas se refere também à 
vida das organizações. As organizações são organismos vivos, compostas de um conjunto 
de pessoas com diferentes culturas, hábitos, conhecimentos, habilidades que precisam ser 
organizadas, alinhadas ao interesse da organização e gerenciadas.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
10
Portanto, é comum a criação de departamentos nas empresas de produção ou serviços de 
forma a organizar e distribuir atividades comuns e específicas aos seus setores internos, 
tomar decisões que compreendam o seu objetivo e resolver todas as situações e problemas 
a que estão sujeitas.
`
Atenção
Este conceito de administração se aplica às organizações em geral, tanto do meio 
urbano como rural, tanto de produção como de operações.
Para as cadeias produtivas do agronegócio, isso não é diferente. Decisões sobre o quanto e 
como produzir e em que período são essenciais para que não se produza mais ou menos do 
que se necessite ou não se comprometa toda a cadeia. Assim, é preciso analisar o mercado e 
saber em que época plantar, o quanto plantar, de acordo com as exigências do consumidor, e 
quem efetivamente pagará a conta de todo o processo de produção.
Neste primeiro tema você aprenderá os conceitos fundamentais de administração da 
produção e operações e como se relacionam ao agronegócio. No final, você será capaz de 
entender melhor o funcionamento dos sistemas de produção rural.
Bom estudo!
Tópico 1: Conceitos iniciais 
A seguir estudaremos os conceitos iniciais sobre a administração da produção e operações, 
entendendo sua definição, sua origem e sua relação com os sistemas de produção rural. 
O objetivo é que, ao final deste tópico, você seja capaz de compreender os fundamentos e 
as principais teorias da administração da produção, assim como promover ideias e ações 
inovadoras na propriedade.
Siga em frente e bom estudo!
1. O que é administração da produção?
Na introdução desta unidade, começamos a discutir algumas ideias sobre o conceito 
de administração. Agora, vamos entender um pouco mais e definir o que chamamos de 
administração da produção e operações, ou simplesmente administração da produção.
A administração da produção, segundo os professores Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, 
p. 1), “trata da maneira como as organizações projetam, entregam e melhoram seus produtos 
e serviços”. Assim, todos os produtos que compramos, como roupas, televisores, celulares, e 
serviços que utilizamos em hospitais, salões de beleza, escolas, etc. só chegam até nós devido 
aos gerentes de produção e operações.
Para entender um pouco mais a respeito, vamos ver duas definições de administração da 
produção e operações. Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 3) explicam que “Administração 
Gestão da Produção e Logística
11
da Produção é atividade de gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos”. Já 
para os professores Gaither e Fraizer (2002, p. 5), a administração da produção e operações “é 
a administração do sistema de produção de uma organização, que transforma insumos nos 
produtos e serviços da organização”.
Insumos
Insumo é o elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços (máquinas, 
equipamentos, trabalho humano, etc.); fator de produção (FERREIRA, 2000).
A partir dessas definições, podemos entender que a administração de todos os recursos, como 
matéria-prima, máquinas e equipamentos que visam produzir determinado tipo de produto 
ou serviço, vêm a ser a administração da produção e operações. Assim, quando se trata de um 
produto, dizemos que é administração de produção; quando se trata de um serviço, gestão 
de operações.
Você poderá encontrar apenas o termo “administração da produção” para indicar os dois 
conceitos, uma vez que uma operação nada mais é do que a produção de um serviço. Para 
entender melhor esses conceitos aplicados ao agronegócio, acompanhe o exemplo a seguir.
Exemplo
Imagine que uma empresa ou pessoa adquiriu uma propriedade rural para produzir soja. 
Essa empresa precisará administrar a quantidade de sementes necessárias, a gestão dos 
trabalhadores, a gestão das semeadeiras e colheitadeiras, a gestão do processo de plantação 
e colheita e tudo que se refere à produção do grão em si. O que essa empresa está fazendo é 
o que chamamos de administração da produção.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
12
Em uma nova situação, imagine que uma das colheitadeiras apresentou algum problema 
e será preciso chamar um técnico. O serviço que gerencia a assistência técnica dessas 
colheitadeiras, como atendimento telefônico, reposição de peças, entre outros, também 
precisa ser gerenciado pela administração de operações.
Podemos concluir que o controle da produção de um produto é feito pela administração da 
produção; e o controle de uma operação de serviço, pela administração de operações.
Portanto, no agronegócio, na maior parte das vezes, o que temos é a administração da 
produção, controlada pelo gerente de produção. Porém, em algumas atividades, como 
transporte e armazenagem, o que temos são serviços e, consequentemente, a administração 
de operações, controlada pelo gerente de operações.
2. Evolução da administração da produção
Na história da humanidade, a primeira maneira de se alimentar consistia em caçar ou 
colher frutos. Posteriormente, a reunião do homem em determinados grupos possibilitou o 
surgimento da agricultura e da pecuária. Assim, começou o plantio e a criação de animais para 
subsistência, que, além de fornecer a carne em si, poderiam fornecer o leite, como foi o caso 
das ovelhas em um primeiro momento e, depois, das vacas.
O resultado do plantio e da criação de animais, além servir de 
alimentação para a unidade familiar, também era utilizado como 
“moeda de troca” por produtos produzidos por outras unidades 
familiares. 
Esse tipo de produção pouco foi alterado durante os séculos, exceto com o surgimento 
das rotas comerciais e das grandes navegações. Entretanto, não era possível a produção 
de determinados produtos em algumas regiões, apenas naquelas favoráveis à agricultura 
e pecuária. Assim, muitas vezes, o que se fazia era levar sementes para semear em outras 
regiões ou a simples comercialização e troca de mercadorias em pequenas quantidades.
Com o descobrimento da América e o surgimento das colônias, algumas culturas começaram 
a ser produzidas em grandes quantidades e depois comercializadas nos mercados europeus, 
como é o caso da produção do açúcar no Brasil.
Durante a era das grandes navegações, o potencial econômico estava nos domínios dos 
mares e das regiões de produção na América. Franceses, espanhóis, holandeses, portugueses 
e ingleses disputam a soberania no mar e o domínio das terras na América e na Ásia.
Gestão da Produção e Logística
13
Somente no ano de 1776 o escocês Adam 
Smith (1723-1790) lançou o livro “A riqueza 
das nações”, no qual mostrou que os países 
deveriam dominar os meios de produção e 
vender o excedente.
Desse modo, em sua obra, tratava de questões 
como a divisão do trabalho, o valor,a divisão da 
renda, o acúmulo de capitais. Por fim, defendia 
a não influência do governo nos mercados, 
dizendo que os mercados se autorregulavam 
por meio de uma mão invisível que controlava a 
oferta e demanda.
Ao mesmo tempo que Adam Smith revolucio-
nava o pensamento econômico, outro escocês 
inventava uma máquina que revolucionaria o 
mundo e permitiria que as ideias de Adam Smi-
th fossem levadas adiante.
James Watt (1736-1819) inventou em 1776 a 
máquina a vapor, que deu origem a um dos 
marcos mais importantes da humanidade, 
conhecido como Revolução Industrial. Essa 
invenção permitiu o surgimento das primeiras 
unidades fabris com a indústria da tecelagem. 
Legenda: Motor a vapor
Fonte: Shutterstock
Legenda: Adam Smith
Fonte: Shutterstock
Legenda: James Watt
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
14
A máquina a vapor, depois de impulsionar o processo industrial, revolucionou o transporte 
com o surgimento do navio movido a vapor e dos sistemas de transporte ferroviário. Estavam 
formadas as bases para o desenvolvimento do capitalismo moderno. A criação de Watt 
permaneceu como a grande inovação da humanidade até o surgimento da energia elétrica e 
dos motores a combustão no fim do século XIX.
Legenda: Navio a vapor
Fonte: Shutterstock
A Revolução Industrial e suas unidades fabris fizeram com que a produção manual fosse 
substituída pelo uso de máquinas e equipamentos, fomentando o surgimento do processo de 
industrialização de produtos que ficaria conhecido como manufatura. 
`
Atenção
Durante a Revolução Industrial, pouca ou nenhuma mudança aconteceu na 
produção agrícola, que permanecia rudimentar. Mudanças nessa área só 
começaram a surgir no século XIX. 
O início do século XX trouxe mudanças significativas no processo de produção com a 
tecnificação e administração dos processos produtivos. Henry Ford (1863-1947) revolucionou 
a produção industrial com inovações como a intercambialidade de peças, que consistia em 
um sistema de medidas padrões que reduzia o retrabalho na fabricação de seus carros, e a 
linha de montagem, diminuindo o tempo de fabricação de um carro de 12 horas e 8 minutos 
para apenas 1 hora e 33 minutos. 
Gestão da Produção e Logística
15
Ao mesmo tempo, em 1911, Frederick Taylor (1856-
1915), lançou seu livro “Princípios de Administração 
Científica”, que visava dar base científica ao 
processo produtivo, tentando identificar a melhor 
produtividade de um trabalhador. Nasceu, assim, 
a administração da produção, para organizar 
a produção em massa a fim de atender a uma 
população mundial crescente.
Entretanto, foram as duas grandes guerras 
mundiais que mudaram o cenário da produção 
mundial e da agropecuária. A guerra consumiu 
recursos de todos os meios, como pessoas, ve-
ículos, aviões, armamentos, alimentos e desen-
volvimento tecnológico, para produzir em gran-
des quantidades, com rapidez e qualidade. Isso 
afetou toda a estrutura de produção mundial. 
Surgiram os grandes complexos industriais e, na 
agricultura, a produção em larga em escala. 
d
Comentário do autor
A produção agroindustrial se diversificou em uma quantidade de produtos 
jamais imaginada e se tornou extremamente tecnificada, desde a qualidade das 
sementes ou da genética dos animais até a produção agroindustrial em si.
Atualmente, podemos rastrear a carne que chega ao mercado até o animal da 
qual ela foi originada. É possível determinar os pesos desejados pela nutrição 
animal e produzir agricolamente em escalas inimagináveis.
Produtores brasileiros têm alcançado de 70 a 80 sacas de soja por hectare, por 
exemplo, o que só foi possível pelo intenso desenvolvimento tecnológico de 
sementes, agroquímicos, adubos, corretivos e da logística de transporte. 
A evolução da administração da produção foi fundamental não somente para os produtos 
fabricados industrialmente como também para agricultura e pecuária e no processamento 
desses por meio das agroindústrias.
j
Atividades práticas
Agora que você aprendeu um pouco sobre a evolução da produção e o papel de 
alguns homens importantes nesse desenvolvimento, conseguiria imaginar como 
seria a nossa vida sem a produção agroindustrial? Será que teríamos alimentos 
para os mais de sete bilhões de pessoas no mundo? Qual a importância da 
tecnificação na agricultura e pecuária?
Legenda: Henry Ford
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
16
3. Dimensões dos processos produtivos
Os processos produtivos são administrados considerando quatro dimensões: volume, 
variedade, variação e visibilidade. O administrador da produção deve ter em mente quais 
são os objetivos do seu processo produtivo para atender adequadamente cada uma dessas 
dimensões. Vamos agora entendê-las um pouco e como se relacionam no agronegócio.
Dimensões dos processos
produtivos
Variedade Variação VisibilidadeVolume
A dimensão volume talvez seja a mais fácil de compreender das quatro dimensões. O volume 
nada mais é do que a capacidade de produção de uma instalação fabril ou produtiva.
'
Dica
Por exemplo, o volume de produção de uma agroindústria processadora de 
frangos é a capacidade que essa fábrica tem de processar frangos durante um 
determinado período de tempo (dia, mês e ano).
No agronegócio, muitos dos processos de produção estão atrelados à dimensão volume. 
Com a soja, por exemplo, todos os anos os produtores tentam conseguir maior produtividade 
por área plantada, de modo a obter maiores volumes de produção e, consequentemente, 
aumentar os seus lucros. 
Fonte: Shutterstock
Essa condição faz com que seja interessante para o produtor investir em máquinas, sementes 
e equipamentos que aumentem o volume produzido de soja, pois seus ganhos estão ligados 
ao volume produzido.
Gestão da Produção e Logística
17
A dimensão variedade consiste na diversidade de serviços ou produtos oferecidos por 
determinado tipo de produção ou operação. Se formos utilizar os serviços de uma companhia 
aérea que voa para 100 destinos no Brasil, teremos uma variedade considerável dentro da 
operação. Da mesma forma, se pudermos produzir diferentes itens numa mesma instalação 
produtiva, teremos uma variedade muito grande de produtos. 
Fonte: Shutterstock
Atualmente, as agroindústrias têm procurado aumentar a variedade de suas operações, 
seja convertendo a soja em óleo e depois em diversos produtos, como o óleo comestível e 
a margarina, seja vendendo etanol e açúcar e a energia que é conseguida pela queima do 
bagaço da cana-de-açúcar. 
Para entendermos a dimensão variação, um excelente exemplo é o transporte de grãos. 
Como a variação consiste na diferença entre demanda máxima e mínima, essa influencia 
diretamente a administração da operação. Durante os períodos de safra, faltam caminhões 
para transportar os grãos; na entressafra, no entanto, sobram caminhões.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
18
Então, como os transportadores lidam com essa dimensão de variação da demanda? 
Geralmente eles utilizam veículos multifuncionais, ou seja, que transportam diferentes tipos 
de carga, como é o caso do caminhão graneleiro. 
Legenda: Caminhão graneleiro
Fonte: Shutterstock
Por fim, a dimensão visibilidade refere-se a quanto uma atividade de produção ou operação 
é percebida pelo cliente final. Geralmente, as atividades de produção rural são pouco visíveis.
d
Comentário do autor
Quando vamos ao supermercado, dificilmente verificamos como são criados 
e transportados os suínos que servem de matéria-prima para os pernis e 
presuntos.
O mesmo ocorre dentro da agroindústria em si, nos frigoríficos e processadores. 
A visibilidade é muito maior no varejo, quando efetivamente o cliente tem 
contato com o produto.
Os professores Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 3) explicam que “as dimensões da 
produção têm custos e implicações para se criar produtos e serviços, onde podemos resumir 
que alto volume, baixa variedade, baixa variação e baixo contato ajudam a manter os custos de 
processamento baixos”.Assim, para sabermos o quanto a produção ou operação é eficiente, 
podemos avaliá-la considerando as essas quatro dimensões. Para exemplificarmos melhor, 
vamos ver como a produção de soja se enquadraria em termos das dimensões. Observe o 
quadro a seguir.
Gestão da Produção e Logística
19
Quadro 1 – Comparação dimensões da produção versus produção de soja
Dimensão Ideal Soja
Volume Alto Alto
Variedade Baixa Baixa
Variação Baixa Alta
Visibilidade Baixa Baixa
Do ponto de vista de administração de produção, a soja é um sistema perfeito, uma vez que o 
volume de produção é alto, não tem quase nenhuma variedade, pois se planta soja normal 
ou transgênica, porém a variação de oferta é alta em razão da safra e a visibilidade perante 
o consumidor é baixa. 
Tópico 2: Sistemas de produção
Agora que você aprendeu um pouco sobre a administração da produção e operações, vamos 
entender o que chamamos de sistemas de produção, que são essenciais para melhorar a 
gestão dos processos de produção no agronegócio.
O objetivo é que, ao final deste tópico, você seja capaz de compreender os processos de 
produção, assistir o técnico em agronegócio ou o produtor nas suas atividades de gestão 
da propriedade rural, aplicar técnicas modernas de produção animal e vegetal e identificar 
custos de produção para viabilizar novos investimentos.
Siga em frente e bom estudo!
1. Modelo de transformação
Para entendermos um sistema de produção, precisamos compreender o conceito e o 
funcionamento de sistema. Gaither e Freizer (2002) indicam que o pioneiro na teoria de 
sistemas foi Russel Ackoff, o qual havia estabelecido que:
“Um sistema é um todo que não pode ser separado sem que 
ocorra a perda de suas características essenciais, necessitando 
ser estudado como um todo.”
Uma avaliação do nosso dia a dia permite afirmar que convivemos e interagimos com muitos 
tipos de sistemas. Por exemplo, o nosso próprio corpo é um sistema, a placa principal do 
computador, um refrigerador, ou seja, podemos considerar um sistema tudo aquilo que, 
para funcionar, precise que suas partes estejam integradas, desenvolvendo uma atividade 
específica.
Curso Técnico em Agronegócio
20
De maneira geral podemos representar um sistema graficamente da seguinte forma:
Processamento
Retroalimentação
SaídaEntrada
Um sistema é composto de determinada entrada, um processamento e uma saída, que pode 
retroalimentar uma nova entrada. 
Exemplo
Vamos exemplificar melhor. Imagine que você necessita pagar uma conta no banco, então 
você vai até a agência. Nesse momento, você está na entrada do sistema. Quando o caixa 
bancário chama para atendimento, você está na fase de processamento do sistema. Quando 
realiza o pagamento e finaliza a operação, você entra no estágio de saída do sistema. 
Agora, suponha que você esqueceu o cartão do banco e necessita voltar a sua casa. Nesse 
momento, você entra no processo de retroalimentação do sistema, pois precisará novamente 
retornar ao banco para pagar a conta, passando novamente por todo o sistema.
Com base nessa ideia é que a administração da produção e operações criou o que denominamos 
de modelo de transformação. Esse modelo nada mais é que uma forma gráfica de representar 
o processo de produção por meio de um sistema, daí o nome sistema de produção.
Um sistema de produção, segundo Gaither e Freizer (2002), recebe insumos na forma de 
materiais, pessoas, dinheiro e informação, e esses insumos são modificados formando os 
produtos ou serviços que desejamos. Para compreender melhor, vamos visualizar um modelo 
de transformação genérico.
Modelo de transformação
Processamento SaídaRecursos
Processo de
transformação
Produtos
e serviços
Materiais
Informações
Clientes
Instalações físicas
Funcionários
Gestão da Produção e Logística
21
Podemos observar pela figura anterior que tudo o que pode ser transformado ou é responsável 
por essa transformação é chamado de recursos. Assim, materiais, informações e clientes são 
recursos a serem transformados, pois se modificam no processo de transformação. Já as 
instalações físicas e os funcionários são os recursos transformadores, responsáveis pela 
transformação dos recursos no processamento. O processo de transformação, por sua vez, 
dá a saída de um produto ou serviço.
Vamos ver alguns exemplos.
Salão de beleza – recursos a serem transformados são os clientes 
que desejam um corte de cabelo. Recursos transformadores são o 
cabelereiro, o pente e a tesoura, utilizados para efetuar o corte. O 
processamento é o corte em si, e a saída é o cliente com o cabelo 
cortado, resultado do serviço executado.
Montagem de um carro – recursos a serem transformados são 
o metal, as peças e os acessórios. Os recursos transformadores 
são os empregados, as máquinas e equipamentos. O processo de 
transformação é a montagem do carro em si. A saída é um produto 
denominado carro, que pode ser comercializado ao consumidor final.
E, no agronegócio, como vemos o modelo de transformação? Vamos ver um exemplo de 
agroindústria: em uma usina de cana-de-açúcar, por exemplo, o recurso a ser transformado 
é a cana, os recursos transformadores são as máquinas e os empregados e as saídas são 
produtos como o etanol e o açúcar.
'
Dica
No campo podemos também verificar os sistemas, por exemplo, na produção de 
carne por meio da engorda: os recursos a serem transformados são os bezerros, 
os recursos transformadores são o vaqueiro, a ração, o pasto, as instalações da 
fazenda. O processo de transformação é o crescimento e a engorda do animal. A 
saída é o bovino pronto para ser abatido.
Os sistemas de produção são, geralmente, ligados à entrada de outro sistema. No caso 
apresentado anteriormente, a saída do bovino pronto para o abate do sistema da fazenda 
fornecerá o recurso a ser transformado na entrada do sistema do frigorífico. Por essa razão, é 
importante criar esses modelos de transformação para entender cada sistema de produção. 
Com isso, você pode analisar cada operação na fazenda, na agroindústria, no mercado 
consumidor e tomar decisões mais adequadas quanto ao processo de produção ou operação 
existente.
Curso Técnico em Agronegócio
22
2. Projeto de processos
Os sistemas de produção são compostos essencialmente de processos e produtos. Os 
processos são a forma como pessoas, máquinas, equipamentos etc., combinados e utilizados 
para a produção de produtos e serviços. Os produtos e serviços são resultados dos processos.
Processo
X
Produto e serviço
Combinação de pessoas, máquinas e 
equipamentos que resulta na produção de 
produtos e serviços.
Resultados do processo.
Vamos inicialmente entender o que é projeto de processos. Imaginemos que você deseja 
iniciar uma criação de suínos para comercialização da carcaça com os frigoríficos da região em 
que mora. Certamente você precisará de galpões, divididos em baias, com corredores.
Necessitará, ainda, de um sistema de alimentação dos animais, de um para lavar as pocilgas 
e de um de aspersão de água para os dias mais quentes, precisará de tratadores, de rampas 
para embarque dos suínos, entre tantos outros itens. Além disso, terá de projetar como esses 
suínos chegarão às baias e sairão destas.
Quando estamos pensando em todas essas questões, estamos, na 
verdade, projetando um processo – que, no caso, é o de produção 
de suínos.
3. Projeto de produtos e serviços
Os professores Slack, Chambers e Johnston (2009) explicam que todos os produtos e serviços 
possuem um conceito, que é o entendimento da natureza, do uso e do valor do serviço e 
produto. Esse conceito surge do atendimento de necessidades dos clientes, que podem ser 
implícitas e explícitas.
A necessidade implícita ocorre quando o cliente não sabe que tem 
essa necessidade.
O desenvolvimento da telefonia móvel é um exemplo disso. O telefone celular foi criado para 
facilitar a comunicação pessoal, mas, no momento do seu surgimento, não havia uma demanda 
explícita, pois a necessidade de comunicação era devidamente atendidapela telefonia fixa.
Gestão da Produção e Logística
23
Fonte: Shutterstock
Nos dias atuais, percebemos uma clara necessidade por alimentos prontos devido à falta de 
tempo que as famílias urbanas enfrentam no seu cotidiano, preferindo alimentos fáceis e 
rápidos de serem preparados. 
A demanda explícita é a demanda clara por determinado tipo de 
produto, por exemplo, alimentos.
Ao contrário das cadeias produtivas industriais, as cadeias produtivas agroindustriais possuem, 
na maior parte das vezes, uma demanda explícita. As pessoas precisam de alimentos para si 
e para os animais que produzem proteína, carne, leite, mel etc. 
'
Dica
Um exemplo recente de desenvolvimento de produto a partir da produção rural 
são os biocombustíveis, que surgem da necessidade de uma energia, limpa e 
renovável, em substituição ao petróleo.
Dessa forma, podemos concluir que os produtos primários do agronegócio não precisam 
ser inventados, pois geralmente são produzidos há muito tempo para atender a demandas 
explícitas da sociedade. Todavia, na sociedade contemporânea, os produtos devem estar 
associados a um conjunto de serviços que garanta que o produto chegue ao mercado 
consumidor de maneira adequada ou possa ser retornado sem transtornos ao consumidor. 
Nesses serviços podemos listar o transporte, a armazenagem e assistência técnica.
Curso Técnico em Agronegócio
24
Exemplo
Você já percebeu como o desenvolvimento agrícola, com sementes melhoradas, adubos e 
agroquímicos, máquinas e equipamentos, tem permitido o surgimento de produtos semi-
industrializados e industrializados com alto valor agregado?
Um exemplo disso é o café! O café tem o seu valor aumentado à medida que se desenvol-
ve uma estratificação de seus grãos, formando misturas altamente customizadas, ou seja, 
adequadas aos diferentes tipos de consumidores e suas preferências.
Fonte: Shutterstock
Além disso, sistemas como o encapsulamento do café permitem um aumento de valor de 
até 70 vezes em relação ao seu preço in natura. Esses são processos pelos quais a agricultu-
ra tenta gerar novos produtos e soluções que lhe permita aumentar os seus ganhos.
Tópico 3: Estratégias de produção
Neste tópico você estudará como são estabelecidas as estratégias de produção e de que modo 
afetam as empresas rurais e a agroindústria. 
Ao final, você será capaz de buscar alternativas de produção, identificando oportunidades 
de negócio, enfrentar desafios e buscar solucionar situações-problema com criatividade e 
inovação, avaliar mercados e analisar produtos a fim de propor estratégias inovadoras de 
comercialização.
Siga em frente e bom estudo!
Gestão da Produção e Logística
25
1. Função produção
A função produção corresponde à parte das organizações que é responsável pela 
administração da produção. Nenhuma organização que tenha um produto ou serviço pode 
funcionar sem a função produção.
'
Dica
A função produção de uma companhia aérea consiste na operação de 
transporte. Já a de uma usina de cana-de-açúcar, responde pelo processo de 
transformação da cana em etanol e açúcar. A função produção de uma empresa 
de sementes é o processo de plantio, manutenção e colheita das sementes, e 
assim por diante.
De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), a função produção é essencial para as 
organizações porque produz bens e serviços, porém não é a única; existem também a função 
marketing, a função desenvolvimento de produto/serviço e as funções de apoio.
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LEITE LEITE LEITE LEITE LEITE
Fonte: Shutterstock
A função marketing é responsável por apresentar os produtos aos mercados e comercializá-
los. No caso da empresa de sementes, é responsável por produzir sementes modificadas 
geneticamente – por exemplo, apresenta aos produtores e às empresas de produção de grãos 
as vantagens da semente transgênica e as comercializam entre os interessados. 
A função desenvolvimento de produto e serviço cria novos produtos e serviços de modo 
a gerar solicitações futuras de consumidores. Tratando-se da empresa de sementes, por 
exemplo, quando esta lança um novo tipo de semente modificada, ela está criando um novo 
produto ou serviço.
Curso Técnico em Agronegócio
26
As funções de apoio envolvem funções que dão suporte à produção, como recursos humanos, 
serviços financeiros e contábeis.
2. Objetivos da produção
Para determinar qual o tipo de arranjo mais adequado ao seu processo produtivo, é preciso 
estabelecer qual o seu objetivo de produção. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), os 
objetivos de produção são cinco: 
Qualidade Velocidade Confiabilidade Flexibilidade Custo
A qualidade refere-se à ausência de erros ou vício de fabricação. Na produção agropecuária 
podemos desejar determinadas condições como certo grau de umidade nos grãos ou 
eliminação de escoriações na carcaça dos animais.
O projeto de processo deve ser capaz de oferecer recursos para 
atender a essas especificações de qualidade.
Para o objetivo de velocidade do processo, devemos projetá-lo de modo a estabelecer um 
tempo mínimo de processamento e uma taxa de saída adequada à demanda envolvida.
Para o objetivo da confiabilidade da produção, precisamos garantir que os produtos sejam 
produzidos e entregues dentro dos tempos esperados. Assim, é necessário projetar o processo 
com recursos confiáveis e que permitam um volume de saída confiável e dentro do esperado 
pela demanda.
A flexibilidade consiste em ter capacidade de 
mudar o tipo de produto utilizando o mesmo 
processo com pouca perda de tempo ou alterar 
o processo para a produção do mesmo produto, 
sem perda de qualidade. 
Por fim, para o objetivo custo, devemos deixar 
o processo produtivo o mais enxuto possível, 
sem desperdícios de capacidade, atrasos no 
processamento, erros e entradas de matérias-
primas inadequadas.
Para melhor entendimento, vamos pensar na 
produção de soja e ver como se comportaria 
de acordo com os objetivos da produção. Veja o 
quadro seguinte.Fonte: Shutterstock
Gestão da Produção e Logística
27
Quadro 2 – Objetivos de produção no contexto do agronegócio
Objetivo de 
produção
Produção de soja
Qualidade
O processo de produção e colheita deveria ser capaz de atender as 
características de qualidade da soja, como taxa de umidade, taxa de 
impureza, avarias, propriedades do grão.
Velocidade
O processo deveria ser capaz de processar a soja em ciclos cada vez 
mais curtos entre o plantio e o consumo
Confiabilidade
O processo deveria garantir que a produção de soja seja entregue nas 
quantidades contratadas e no tempo estabelecido, com a classificação 
e as propriedades contratadas.
Flexibilidade 
O processo deveria garantir a produção de diversos tipos de 
grãos de soja de acordo com a demanda, bem como plantações 
complementares, como o milho.
Custo
O processo deveria garantir que a produção de soja custasse o menos 
possível, com eliminação de perdas e desperdícios, reduzindo os 
custos de produção.
Exemplo
Fonte: Shutterstock
Para você compreender ainda melhor 
essa questão dos objetivos da produção, 
vamos analisar o caso do frango. A avicul-
tura de corte sempre foi um dos principais 
produtos agropecuários produzidos na re-
gião Sul do Brasil. Entretanto, nos últimos 
anos, temos observado uma migração 
para outras regiões, como a região Cen-
tro-Oeste.
Segundo o Embrapa (2013), as principais 
microrregiões produtoras de carne de 
frango estão no Centro-Sul (Chapecó, To-
ledo, Concórdia, Passo Fundo, sudoeste 
de Goiás e Alto Teles Pires). O restante da
Curso Técnico em Agronegócio
28
produção está dividido entre as cidades de Caixas do Sul, Lajeado-Estrela, Cascavel, Londri-
na, Joaçaba, Dourados e Brasília.
Assim, o sudoeste de Goiás, Dourados e Brasília estão entre as microrregiões maiores produ-
toras e todas se localizam na região Centro-Oeste.
A explicação para essa mudança geográfica da produção está no que você acabou de 
apreender, ou seja, nos objetivos de produção. A carne de frango tem um baixo valor de 
comercialização,por isso seu objetivo de produção é a redução máxima de custo – precisa 
ter custos baixos de produção para conseguir obter lucro.
Como o preço do milho, principal insumo da produção de frangos, é menor na região Centro-
Oeste, a produção vem se deslocando para a região, que é grande produtora de milho, 
buscando reduzir o principal custo de produção para manter a competitividade.
3. Aplicação das estratégias de produção
A estratégia da função produção tem papel importante na implementação da estratégia 
empresarial, visto que é o grande impulsionador de todo o comércio envolvido com o produto 
ou serviço oferecido. Os produtores brasileiros podem querer vender sua produção de soja 
para os chineses, mas se, por alguma razão, natural ou não, não tiverem a soja produzida para 
entregar na data combinada, sofrem as sanções do contrato e podem ter de fazer pagamento 
de indenizações.
`
Atenção
Infelizmente, na agricultura brasileira é muito comum vender a produção antes 
mesmo do plantio (mercado futuro). Essa estratégia é arriscada, pois não leva em 
conta a função produção, e sim projeções mercadológicas.
A estratégia da função produção pode apoiar a estratégia empresarial. Uma organização 
produtora de milho pode desejar fornecer um milho de alta qualidade a preços mais baixos. 
Para isso, necessita conseguir reduzir os riscos de pragas e os efeitos do clima e aumentar 
a produtividade da terra. Portanto, precisa de uma função produção que apoie a estratégia 
empresarial.
Se a empresa não possui os equipamentos necessários, a equipe técnica adequada, sementes 
melhoradas, dados de estações meteorológicas da região e um estudo da região de produção, 
certamente a estratégia da função produção não conseguirá apoiar a estratégia empresarial 
e a empresa caíra em descrédito perante o mercado. 
As ações estratégicas da produção, segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), são adotadas 
a partir de quatro perspectivas.
Gestão da Produção e Logística
29
Estratégias de produção
Baseadas em
recursos
Baseadas no
mercado
De cima 
para baixo
Estratégia
de produção
De baixo
para cima
As estratégias de produção podem ser estabelecidas de baixo para cima quando a função 
produção é tão importante para organização que define a estratégia de comercialização 
adotada.
'
Dica
A produção de pernil artesanal, por exemplo, é composta de uma técnica 
toda especial, desde a criação do suíno até o processo de abate, salgamento e 
armazenagem, que dura em média quatro anos. 
A estratégia de produção aqui é tão importante que define como será comercializado o pernil. 
Nesse caso, não é possível modificar o processo produtivo e nem o tempo de armazenagem, 
porque são diretamente responsáveis pelo resultado final do produto e seu resultado 
comercial.
As estratégias de produção podem ser estabelecidas de cima para baixo quando a direção 
da empresa toma as decisões que devem ser acatadas pela função produção.
'
Dica
As usinas de etanol, por exemplo, têm adotado uma estratégia de diversificação 
da matéria-prima utilizada na produção de etanol. 
Curso Técnico em Agronegócio
30
Devido à entressafra da cana-de-açúcar, que pode deixar uma usina parada por até quatro 
meses, uma decisão da direção das usinas pode flexibilizar o processo produtivo para produzir 
o etanol também a partir do milho, usando a mesma estrutura produtiva. Essa é uma típica 
decisão de cima para baixo, na qual a produção tem de se adaptar às estratégias empresariais 
adotadas.
As estratégias de produção podem ser estabelecidas baseadas em recursos. 
'
Dica
Um exemplo são as fazendas de produção de soja na região de Mato Grosso: na 
entressafra plantam milho ou algodão.
Isso acontece porque essas plantas são de ciclos curtos e não interferem no ciclo de produção 
da soja, que é o produto principal; ou seja, a decisão é baseada na capacidade dos recursos, 
que, no caso apresentado, é a disponibilidade de terra para cultivo por um curto período.
As estratégias de produção podem, ainda, ser estabelecidas com base no mercado. Nesse 
tipo de estratégia de produção, são produzidos os itens que o mercado demanda. 
'
Dica
Alguns povos do Oriente Médio, por exemplo, demandam produtos que devem 
seguir preceitos religiosos. As aves não devem sofrer no abate, e o sangue 
precisa ser drenado por meio de lavagem e salgamento.
Assim, produtores de aves adaptam sua produção para atender uma necessidade de um 
mercado que pode ser bem rentável. Nesse caso, a estratégia de produção foi baseada no 
mercado.
Encerramento do tema
Neste tema estudamos os principais conceitos de produção, seus objetivos e suas estratégias. 
Agora, é possível compreender o quão importante a função produção é para as organizações 
e como influencia no desenvolvimento de suas estratégias, inclusive no agronegócio. Dessa 
forma, conseguimos alcançar os objetivos de expor e exemplificar o funcionamento dos 
sistemas de produção rural.
c
Leitura complementar
No seu material complementar, você poderá ver como funciona uma usina de 
açúcar e etanol. Procure relacionar os conceitos e exemplos que apresentamos 
neste tema com as atividades na usina. 
Gestão da Produção e Logística
31
No próximo tópico, vamos entender como funciona o planejamento e controle da função 
produção e por que essa atividade é tão importante para as empresas, inclusive aquelas 
ligadas ao agronegócio.
Siga em frente e bom estudo!
Atividades de aprendizagem
1. Para que serve a administração da produção em uma fazenda produtora de trigo?
a) Para determinar quais são os melhores mercados para comercializar o trigo.
b) Para manter os registros da quantidade de horas que os empregados trabalharam, para 
pagamento de horas extras.
c) Para negociar com as agroindústrias compradoras de trigo.
d) Para gerenciar as atividades da fazenda que envolvem plantio, manutenção, colheita, 
uso de equipamentos e empregados.
e) Para tornar a empresa mais competitiva.
2. Se você fosse contratado para gerenciar a produção de uma usina de açúcar e etanol, como 
você consideraria as dimensões da produção volume, variedade, variação e visibilidade da 
usina?
a) Volume alto, variedade baixa, variação alta e visibilidade baixa.
b) Volume baixo, variedade alta, variação baixa e visibilidade alta.
c) Volume baixo, variedade baixa, variação baixa e visibilidade baixa.
d) Volume alto, variedade alta, variação alta e visibilidade alta.
e) Volume alto, variedade baixa, variação baixa e visibilidade baixa.
Curso Técnico em Agronegócio
32
3. Uma empresa agroindustrial de presuntos decidiu que, a partir do próximo ano, irá 
comercializar um produto com baixo teor de gordura. Para tanto, exige-se uma melhoria 
no processo de fabricação do presunto e a criação de um suíno diferenciado, com uma 
ração especial. Da perspectiva de produção, você considera que a estratégia de produção 
que está sendo estabelecida é:
a) de baixo para cima.
b) baseada em recursos.
c) de cima para baixo.
d) baseada no mercado.
e) um mix de todas as anteriores.
4. A agroindústria depende de duas variáveis importantes para funcionar, que envolvem a 
matéria-prima a ser processada e os insumos para processar a matéria-prima. O mesmo 
ocorre na produção agrícola. Veja se entendeu as diferenças abaixo indicando I para 
insumo e M para matéria-prima e escolha alternativa que classifica todas corretamente.
( (( Luz
( (( Fertilizante
( (( Semente
( (( Água
a) I, I, I, M
b) M, I, I, I
c) M, M, M, I
d) I, I, I, M
e) I, I, M, I
5. Sobre processos, escolha a alternativa correta.
a) Consistem em adaptar algo as preferências do usuário.
b) Referem-se a quanto uma atividade de produção ou operação é percebida pelo cliente 
final.
c) São a forma como pessoas, máquinas, equipamentos etc. são combinados e utilizados 
para a produção de produtos e/ou serviços
d) São todos os produtos e serviços que possuem um conceito que é o entendimento da 
natureza, do uso e do valor do serviço e produto.
e) São elementos que entramna produção de mercadorias ou serviços.
Planejamento e 
controle da produção 
(PCP)
02
Curso Técnico em Agronegócio
34
Tema 2: Planejamento e controle da 
produção (PCP)
No Tema 1 aprendemos os conceitos básicos sobre administração da produção. Neste novo 
tema que se inicia, vamos conhecer como se planeja a produção e de que modo devemos 
controlá-la.
Você já parou para pensar onde quer estar daqui a cinco ou dez anos? Pretende ter uma renda 
melhor, estar aposentado, ter seu próprio negócio? O planejamento é fundamental para tudo 
o que fazemos, e nas organizações isso não é diferente. 
Planejar consiste em estabelecer objetivos que queremos alcançar e 
indicar de que modo faremos isso. Já controlar serve para verificar 
se as coisas estão acontecendo de acordo com o planejado.
Ambos são fundamentais para toda e qualquer pessoa ou empresa, seja esta última de 
varejo, fabricação ou produção agrícola. Neste tema você aprenderá a elaborar planejamento 
considerando os processos de execução, controle e avaliação. Saberá como assistir o produtor 
nas suas atividades de gestão da propriedade rural.
Fonte: Shutterstock
Gestão da Produção e Logística
35
Aprenderá também como utilizar os conhecimentos da matemática básica, financeira e 
contábil nas atividades de comercialização, produção e gestão. Você irá identificar custos de 
produção para viabilizar novos investimentos. Por fim, saberá como aplicar o raciocínio lógico-
matemático nas diferentes atividades de gestão: cálculo, análise, informática, dentre outros.
Siga em frente e bom estudo!
Tópico 1: A função do planejamento e controle
Neste primeiro tópico você compreenderá a natureza da função do planejamento e controle 
e suas diferenças. Entenderá como o suprimento e a demanda afetam o processo de 
planejamento e controle. Além disso, verá mais detalhadamente as atividades de planejamento 
e como influem na gestão da produção agrícola e pecuária.
Ao final deste tópico, você será capaz de elaborar um planejamento considerando os processos 
de execução, controle e avaliação e de assistir o técnico em agronegócio ou o produtor nas 
suas atividades de gestão da propriedade rural.
Siga em frente e bom estudo!
1. O que é o planejamento e controle da produção? 
O planejamento e controle são atividades essenciais, seja na indústria, na agroindústria ou 
na fazenda. Toda e qualquer operação precisa ser planejada e controlada para ter sucesso e 
permitir que as organizações obtenham os resultados desejados.
Para exemplificar, pense em uma fazenda que comercializa suínos e bovinos para frigoríficos 
na região Centro-Oeste e Sudeste. A produção de suínos é feita em alguns galpões, próximos 
uns aos outros, com ligações internas. Já os bovinos são criados na pastagem e, no processo 
final de engorda, ficam em um espaço de confinamento.
Fonte: Shutterstock
A gestão do processo de produção é feita pelos zootecnistas, que, além de cuidarem da 
produção, devem vender os animais para os frigoríficos. A saúde dos animais é controlada 
pelos médicos veterinários; e o trabalho operacional, por trabalhadores contratados. Além 
Curso Técnico em Agronegócio
36
disso, existe o pessoal que trabalha com as operações de gestão da fazenda, como compra de 
insumos, controle dos veículos de transporte, saída dos animais etc.
Entre as atividades da fazenda, estão as transferências dos animais entre os diversos estágios 
de produção (maternidade, creche, terminação), embarques dos animais para o abate, limpeza 
das baias de suínos e da área de confinamento de bovinos, divisão do trabalho em turnos 
entre os trabalhadores e rotação dos empregados no caso de ausências, programação dos 
embarques e movimentações, conferência de entrada de insumos e saída de animais.
`
Atenção
Essas atividades são algumas entre tantas que servem para a administração da 
produção agropecuária. Da mesma forma que na fazenda do exemplo, milhares 
de outras têm de lidar todos os dias com um conjunto enorme de decisões, 
planejar as atividades futuras e controlar para que tudo ocorra de acordo com o 
planejado.
Agora que você percebeu a importância do planejamento e controle por meio do exemplo, 
vamos entender melhor os seus conceitos. Os professores Slack, Brandon-Jones e Johnston 
(2013, p. 214) explicam que “planejamento e controle dizem respeito à conciliação entre o 
que o mercado requer e o que os recursos de operação podem fornecer”. Concluem, ainda, 
que “as atividades de planejamento e controle fornecem os sistemas, os procedimentos e as 
decisões que mostram os diferentes aspectos do suprimento e demanda” (SLACK; BRANDON-
JONES; JOHNSTON, 2013, p. 214).
Mas como podemos definir o que é planejamento? 
Planejar é entender como a consideração conjunta da situação 
presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no 
presente para que se atinjam determinados objetivos futuros. 
Planejar é projetar o futuro diferentemente do passado, por causas 
sob nosso controle (CORRÊA; CORRÊA, 2004).
O planejamento, então, pode ser visto como uma visão de futuro que se pretende alcançar. 
Esse planejamento pode ser dividido no curto, médio e longo prazo. 
Planejamento de curto prazo 
É aquele cujas decisões têm efeito direto no processo produtivo e consistem em ações que serão 
executadas no curto prazo, como programar a produção da próxima semana, quinzena ou mês. 
Como exemplo, pense em um frigorífico que define que em determinada semana fará abate de 
suínos e que na semana seguinte somente de bovinos; o que está sendo feito é o plano de ação 
ou o planejamento de curto prazo. 
Gestão da Produção e Logística
37
Planejamento de médio prazo 
Abrange decisões mais intermediárias, com períodos maiores que o planejamento de curto 
prazo, geralmente ações que envolvem de um semestre até um ano. Nesse caso, um exemplo 
pode ser o de determinar os meses em que a produção irá parar para manutenção de 
equipamentos, processos que serão modificados ou melhorados.
Planejamento de longo prazo 
Envolve ações que afetam as empresas num período acima de um ano, sendo geralmente 
dividido por etapas, como três, cinco ou dez anos. A decisão de uma agroindústria de ampliar sua 
capacidade de produção ou de uma fazenda que deseja inserir uma nova cultura produtiva são 
exemplos de planejamento de longo prazo.
Qual a diferença entre planejar e controlar? Veja na próxima caixa de destaque.
d
Comentário do autor
Então, podemos compreender que planejamento é a formalização do que se 
pretende que aconteça em determinado momento no futuro e controle é o 
processo de lidar com variações que podem levar os planos de curto prazo a 
serem refeitos.
Para facilitar seu entendimento, pense que planejamento é uma programação 
que se pretende que aconteça. Por exemplo, ao fazer o plantio da soja em 
agosto/setembro, temos a expectativa de colhê-la entre janeiro e março do ano 
seguinte.
Entretanto, se não ocorrerem chuvas para o plantio, temos de realizar ajustes no 
planejamento de curto prazo, pois provavelmente teremos contratos de entrega 
futura a serem prorrogados. 
Essa correção no planejamento só é possível se tivermos a atividade sob 
controle.
Assim, podemos concluir que, no agronegócio, o planejamento é tudo que fazemos em relação 
a estabelecer um processo de plantio, colheita e entrega. Já o controle serve para verificar se 
conseguiremos atingir o planejado ou não. Atualmente, as grandes empresas que atuam no 
ramo de produção rural têm um planejamento e controle da produção rigorosos para evitar 
quebras ao longo da cadeia de suprimentos, conforme você estudará a seguir.
c
Leitura complementar
Para saber mais sobre o planejamento e controle e sua importância para o 
agronegócio, estude o item 2 do material complementar.
Curso Técnico em Agronegócio
38
2. Suprimento e demanda
Todas as atividades de produção dependem do fluxo de suprimento e demanda para 
operarem. A finalidade de um produto qualquer é a de atender uma demanda do consumidor, 
que,como vimos anteriormente, pode ser implícita ou explícita. 
Se produzirmos acima da demanda, formaremos estoques. Se produzirmos abaixo da 
demanda, não atenderemos os clientes e perderemos faturamento. Esses dois fatores 
precisam ser balanceados para alcançarmos resultados positivos.
Exemplo
Imagine que você necessite organizar uma festa, em que muitas questões de planejamento 
e controle precisam ser determinadas, como número de convidados, bebidas necessárias, 
quantidade de salgados, de pessoas para servir durante a festa, quais entretenimentos serão 
disponibilizados aos convidados, como eles serão recebidos e acomodados, quais músicas 
tocar, entre outros.
Fonte: Shutterstock
Evidentemente, no dia do evento poderão ocorrer problemas, como excesso de convidados, 
falta de comida e bebidas, algum dos entretenimentos não aparecer como combinado 
e surgirem diversos outros transtornos que, muitas vezes, podem ser irreparáveis para o 
sucesso da festa. 
Realmente, um gerente de produção e operações deve ter em conta que o planejamento e 
controle é algo muito sério e que a sua função básica consiste em conseguir regular suprimento 
e demanda de maneira equilibrada.
Gestão da Produção e Logística
39
Se um produtor rural plantar uma área extensa de milho e a safra mundial for muito grande, ele 
perderá dinheiro, porque a oferta será maior que a demanda e os preços da commodity cairão. 
Contrariamente, se a oferta internacional for baixa, certamente terá uma boa lucratividade, 
pela escassez do produto no mercado e pelo consequente aumento de preços.
Por que essas coisas acontecem? Simplesmente porque coordenar 
oferta e demanda é uma atividade difícil que necessita de muito 
planejamento e controle.
A demanda pode ser vista a partir de alguns aspectos:
Demanda dependente
Aquela gerada a partir do histórico de produção que temos. A demanda de caminhões 
necessárias na safra de grãos pode ser calculada mediante a previsão de colheita esperada.
Demanda independente
Aquela que não depende de nenhum fator histórico, e sim apenas da previsão do planejador 
da produção. Uma agroindústria que crie um novo tipo de suco sem igual no mercado não 
tem como prever quanto desse suco conseguiria vender no varejo. Nesse caso, a demanda 
é independente e o sucesso da estratégia depende da experiência do planejador que fará a 
previsão de consumo e fabricação. 
Demanda conhecida
Aquela gerada a partir dos pedidos dos clientes. No ramo industrial, é muito comum empresas 
que produzem seus produtos sob encomenda. Já na agricultura e pecuária, isso não é tão 
comum, pois são produções de ciclo longo. 
3. Atividades de planejamento
Para fazer o planejamento da produção, a primeira condição é saber qual o tipo de produção 
que a organização executa ou irá executar. A produção é para estoque? É sob encomenda? 
Siga em frente para conhecer os tipos de produção.
Produzir para estoque consiste na produção em grandes quantidades e no estoque em 
armazéns para entrega conforme o surgimento da demanda. Os produtos do agronegócio 
seguem muito essa tendência, daí a necessidade de áreas de armazenagem, que, às vezes, 
são escassas.
Curso Técnico em Agronegócio
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'
Dica
Por exemplo, imagine que uma fabricante de sementes de soja compra os 
insumos, programa a produção, semeia, colhe, processa, ensaca e envia para o 
varejo. Todos esses processos ocorrem antes de o cliente fazer o pedido. Nesse 
caso, o tempo de fazer é máximo e o tempo de demanda é mínimo. Os custos do 
estoque são todos da empresa, e, se a semente estragar porque não vendeu, a 
sementeira assume o prejuízo.
Produzir sob encomenda significa que a produção só será entregue após a encomenda do 
cliente. Um frigorífico pode abater os suínos apenas depois da entrada do pedido do cliente, 
indicando a quantidade de carcaças que deseja comprar.
'
Dica
Aqui o tempo de demanda ocorre no início da produção, quando as empresas já 
possuem os recursos, porém eles não foram processados.
Obter recursos sob encomenda é o ciclo máximo entre tempo de demanda (pedido) e tempo 
de fazer (execução). Nessa situação, usando ainda o exemplo do frigorífico, este só vai obter 
os suínos para abate depois do pedido do cliente. No caso anterior, o frigorífico já tinha um 
pedido de suínos que seriam processados e direcionou para o cliente.
'
Dica
Neste caso, o frigorífico irá adquirir os suínos com o produtor rural após o 
pedido do cliente.
Assim, dentro do planejamento de produção, uma das atividades é regular o tempo de 
demanda com o tempo de fazer. E essa atividade é chamada de determinação do tempo de 
atravessamento.
As atividades de planejamento e controle da produção são:
Carregamento da 
produção
Consiste em alocar os recursos de acordo com a operação a ser 
realizada. Por exemplo, para semear um campo, precisamos alocar 
máquinas e homens, pois esses recursos estarão ocupados por 
um espaço de tempo. Para estabelecer o tempo de carregamento, 
devemos dividir o tempo de produção necessário pelo número de 
horas diárias que as máquinas e os homens estarão disponíveis.
Gestão da Produção e Logística
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Sequenciamento
Toda atividade de produção tem uma sequência de operações que 
deve ser seguida para gerar o produto final. Assim, para um produto 
agrícola, geralmente a sequência é a preparação do solo, o plantio, a 
manutenção, a colheita, a distribuição.
Programação
Depois de sequenciada a produção é necessário efetuar a 
programação detalhada, indicando os movimentos e os tempos de 
início e final. Algumas características importantes da programação.
Monitoramento e 
controle da operação
Depois de estabelecido o carregamento, o sequenciamento e a 
programação, a operação precisa ser monitorada e controlada. 
Assim, deve ser comparado o programado com o que está sendo 
executado para garantir que os prazos serão atendidos.
Monitoramento e controle da produção
Replanejar
Controle
Entrada Processamento Saída
Fonte: Slack, Brandon-Jones, Johnston (2013).
c
Leitura complementar
Para saber mais sobre as atividades de planejamento para suprimento e 
demanda, estude o conceito de tambor e pulmão no material complementar, 
item 2.
Tópico 2: Planejamento e controle da capacidade
O planejamento e controle da capacidade de produção é fundamental para uma organização 
conseguir avaliar sua capacidade de atender a demanda e calcular a sustentabilidade do negócio.
Na produção agrícola isso nem sempre é levado em conta no momento da produção e o 
resultado são diversos gargalos de armazenagem, transporte, portos etc. Outro problema 
oriundo da falta de planejamento da capacidade é a redução dos lucros por perdas e excesso 
de produção no mercado.
Neste tópico vamos conhecer os conceitos fundamentais do planejamento e controle da capa-
cidade e como fazer esse planejamento. Ao final, você será capar de utilizar os conhecimentos 
Curso Técnico em Agronegócio
42
da matemática básica, financeira e contábil nas atividades de comercialização, produção e 
gestão, assim como identificar custos de produção para viabilizar novos investimentos.
Siga em frente e bom estudo!
1. Conceitos de capacidade de produção
Slack, Chambers e Johnston (2009) estabelecem que o “planejamento e controle da capacidade 
é a tarefa de determinar à capacidade efetiva da operação produtiva, de forma que ela possa 
responder pela demanda”.
Desse modo, podemos entender que toda organização deve 
identificar qual a sua capacidade produtiva mediante as estruturas 
disponíveis.
Em uma indústria isso é mais fácil, pois depende da capacidade das máquinas e dos 
equipamentos instalados, bem como da área. Na produção agrícola, a restrição à capacidade 
atualmente está condicionada, em especial, ao tamanho da área. Além disso, como iremos 
discutir, a produção agrícola tem muitos gargalos logísticos.
J
Reflexão
A capacidade de produção agrícola está atrelada a fatores como área, 
infraestrutura viária, transporte, áreas de armazenagem. Entretanto, essas 
diversasatividades estão vinculadas a setores diferentes, como produtores 
rurais, transportadores, governo, associações, cooperativas, empresas de 
comercialização.
Como você acha que essas empresas deveriam lidar com o planejamento e 
controle da capacidade da produção agrícola brasileira?
Os objetivos do planejamento e controle de capacidade podem afetar os custos e as receitas, 
o capital de giro, a qualidade e a confiabilidade. Veja a seguir como o planejamento e controle 
interferem nesses fatores.
Custos e receitas – a capacidade produtiva deve estar alinhada à demanda existente do 
mercado consumidor. Portanto, produzir mais do que o que pode ser vendido resulta em 
estoques e queda de preços. Ao contrário, produzindo abaixo da capacidade, você tem custos 
de subutilização de mão de obra, equipamentos e uso da estrutura, o que aumenta o custo do 
produto e reduz a competitividade. É o chamado custo de oportunidade.
Custo de oportunidade
Consiste no custo econômico que temos quando optamos por determinada ação, e não por 
outras. O retorno que dariam as atividades não realizadas com os recursos é o custo de 
oportunidade, ou seja, são as oportunidades perdidas por aplicar os recursos no seu negócio.
Gestão da Produção e Logística
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Exemplo
Imagine que você decida cursar uma faculdade. O seu custo de oportunidade consiste em 
tudo que você terá de abrir mão para fazer o curso de graduação, como: o dinheiro pago 
pelas mensalidades, o tempo não despendido com a família, o valor que poderia ganhar se 
estivesse trabalhando nas horas que está estudando, os juros que deixou de ganhar se tivesse 
aplicado o dinheiro. Tudo isso compõe o seu custo de oportunidade por estudar.
Capital de giro – uma das soluções para coordenar a oferta e demanda é produzir para 
estoque. A lógica é que se mantém, ao longo do tempo, a mesma produção, produzindo para 
estoque no período de baixa demanda, que servirá para cobrir o período de alta demanda. 
Entretanto, produzir para estoque indica que a empresa deve financiar a produção e, portanto, 
precisa de capital de giro.
Fonte: Shutterstock
Qualidade – o planejamento da capacidade também pode afetar a qualidade de bens e 
serviços. Para produzir mais, precisa contratar funcionários temporários, que, pela falta de 
experiência, podem afetar a qualidade dos itens.
`
Atenção
Máquinas e equipamentos produzindo por muitas horas seguidas também 
podem interferir na qualidade do que está sendo produzido.
Confiabilidade – é afetada pelo alto uso de capacidade. Quanto mais a produção estiver 
próximo da capacidade, menor a margem para eventuais paradas destinadas a manutenção, 
o que afeta a confiabilidade de que o produto será entregue no prazo.
Curso Técnico em Agronegócio
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Etapas para gestão da capacidade
A seguir, confira as etapas para a gestão da capacidade.
Etapa 1 - Medir a demanda e 
a capacidade agregada
Etapa 2 - Identificar os planos
de capacidade alternativos
Etapa 3 - Escolher o plano de 
capacidade adequado
Tempo
Estimativa da
capacidade atual
Pr
od
uç
ão
 a
gr
eg
ad
a
Etapas para gestão da capacidade
Previsão da 
demanda
Fonte: Slack, Brandon-Jones, Johnston (2013).
A gestão da capacidade depende de uma sequência de decisões. Quando precisamos lidar 
com o planejamento da capacidade, a primeira etapa é entender os números referentes à 
demanda, se teremos mercado para nossos produtos. 
'
Dica
Numa produção agrícola, o primeiro passo seria verificar se vamos ter demanda 
para o milho que pretendemos plantar, por exemplo, e o quão confiáveis são 
esses números.
A segunda etapa é verificarmos se conseguiremos ter planos alternativos que podem ser 
adotados em caso de flutuação da demanda. Se produzirmos demais, teremos onde estocar o 
milho caso a demanda flutue para baixo? Desse modo, estamos validando se temos condições 
de soluções alternativas se necessário.
Na terceira etapa escolheremos o plano de capacidade que iremos adotar, o quanto 
produziremos. A seguir vamos aprender como fazer o planejamento da capacidade.
Gestão da Produção e Logística
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2. Como planejar a capacidade de produção?
Como vimos anteriormente, para planejarmos a capacidade, devemos, em primeiro lugar, 
determinar a demanda e a capacidade produtiva.
A demanda precisa ser calculada em valores que são mensuráveis para a produção; não 
adianta saber quantos milhões de reais venderei de soja, e sim quantas toneladas poderão 
ser vendidas.
`
Atenção
A demanda deve ser o mais precisa possível, para evitar excesso de carga de 
produção, ou seja, alocação de mais máquinas, empregados e área do que 
necessário.
Outro fator que pode interferir no planejamento da capacidade é a flutuação da demanda. 
Para alguns produtos a demanda é constante, porém, para outros setores é flutuante, o que 
dificulta o processo de planejamento.
A sazonalidade também é um fator importante para o planejamento da capacidade. Ela 
interfere tanto na demanda como no suprimento. Assim, alguns produtos têm períodos de 
produção altos e outros de escassez, bem como a demanda também. 
d
Comentário do autor
Para facilitar seu entendimento, vamos pensar sobre o caso dos famosos ovos de 
chocolate comercializados na Páscoa. Eles têm uma demanda sazonal, ou seja, 
só são vendidos durante um curto período de tempo. Essa sazonalidade interfere 
diretamente no planejamento da capacidade de uma indústria de chocolates, 
tendo de dimensionar a produção e os estoques que serão demandados no 
curto período sazonal.
Na agricultura também encontramos sazona-
lidade na produção. A soja é plantada em um 
período e colhida em outro; o milho, o café 
etc. seguem esse mesmo ciclo. Desse modo, 
uma usina de açúcar e etanol, como vimos 
anteriormente, tem um período de produção 
sazonal de cana-de-açúcar que influencia nos 
períodos de safra com preços menores para 
o combustível e os alimentos.
A demanda, como podemos perceber, não é 
uma variável simples de calcular; depende de 
fatores externos inerentes ao perfil de con-
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
46
sumo. Entretanto, um gestor de produção precisa tomar decisões com base na demanda 
estimada e na sua capacidade produtiva. 
O estabelecimento da capacidade produtiva depende do mix de atividades, do tempo 
disponível de mão de obra e de máquinas e equipamentos. Num transporte de passageiros, 
calculamos a capacidade em passageiros/hora; num hospital, em pacientes/médicos/hora; 
num processo de fabricação, em produtos/hora, e assim por diante.
j
Atividade prática
Calculando a capacidade I:
Um frigorífico de frangos pode produzir frangos inteiros, cortes ou miúdos para 
comercialização. O processamento de um frango inteiro consiste no abate, na 
limpeza, no corte dos pés, na retirada de miúdos e na embalagem, o que pode 
ser feito em dez minutos. Já o frango em cortes exige 20 minutos, pois as partes 
precisam ser cortadas e embaladas separadamente de acordo com o tipo de 
produto (peito, coxa, asa etc.).
O departamento de vendas informou que os cortes vendem duas vezes mais do 
que o frango inteiro. Portanto, temos a proporção de produção de 1:2 (um frango 
inteiro para dois frangos em cortes).
O gerente de produção, com base nesses dados, pretende organizar sua 
produção de oito horas.
Qual a capacidade produtiva de frangos inteiros e em cortes?
O primeiro passo consiste em calcular o tempo de produção na proporção da 
demanda:
tempo de produção = (1 × 10) + (2 × 20) = 50 minutos
Desse modo, sabemos que, para produzir três unidades de acordo com a 
proporção da demanda apresentada, o tempo é de 50 minutos por ciclo (é 
importante observar que estamos considerando o corte como apenas uma 
unidade, ou seja, como se todos os cortes do frango fossem uma única peça, 
para efeito de capacidade de produção).
Se sabemos que a jornada é de oito horas, logo temos:
capacidade de produção = 
(8 x 60 minutos)
50
 x 3 = 28,8 = unidades/dia[ ]
Isso significa que o frigorífico tem capacidade de produzir 28,8unidades/dia, 
somando frangos inteiro e cortes.
Caso queira saber a produção em uma semana, considerando uma jornada de 
trabalho de cinco dias, o cálculo seria:
28,5 × 5 = 142,5 unidades/semana
Gestão da Produção e Logística
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É importante diferenciarmos agora que, para o gestor de produção, existem três tipos de 
capacidade: a efetiva, a de projeto e a real de produção.
A capacidade de projeto é aquela estabelecida no momento do planejamento da planta de 
produção. Definimos a quantidade de máquinas e equipamentos, bem como a mão de obra 
desejada para produzir determinada quantidade máxima que esses bens e essas pessoas 
podem produzir.
Contudo, todo equipamento necessita de 
manutenção e paradas técnicas de ajustes 
e alteração do processo. Essas perdas por 
paradas técnicas independem do gerente de 
produção; portanto, quando deduzidos os 
tempos dessas paradas, temos a capacidade 
efetiva da instalação.
Evidentemente, alguns outros problemas 
podem ocorrer, como falta de empregado, 
quebra da máquina, problemas de qualidade. 
Quando essas perdas são descontadas 
da capacidade efetiva, o que nos sobra é 
capacidade real de produção. Essas três 
variáveis podem ser descritas por meio do 
cálculo de utilização e eficiência do sistema.
j
Atividade prática
Calculando a capacidade II: utilização e eficiência
Suponha que uma usina de açúcar e etanol tem capacidade de projeto de 10 mil 
litros de etanol por hora e que a produção trabalhe 7 dias por semana e 16 horas 
por dia (7 x 16 = 112 horas/semana).
Para calcular a capacidade de projeto, temos: 
capacidade de projeto = 10.000 × 16 × 7 = 1.120.000 de litros por semana
Agora suponha que, durante a semana, a usina ficou parada 10 horas para 
manutenção, houve investigação por falhas de qualidade em mais 12 horas e 
interrupção de mais 10 horas na produção do etanol para produção de outros 
produtos. Isso alterou a capacidade efetiva:
capacidade efetiva = 112 - 10 = 102 horas
capacidade real de produção = 112 - 12 - 10 - 10 = 80 horas
...
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
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j
Logo:
10.000 × 80 = 800.000 litros por semana
Desse modo, podemos calcular a utilização:
utilização = volume de produção real / capacidade de projeto
utilização= 
800.000
1.120.000
= 0,71 = 71%
E a eficiência:
eficiência = volume de produção real / capacidade efetiva
utilização= 
800.000
(102 x 10.000)
= 0,784 = 78,4%
Tópico 3: Planejamento e controle de estoque
Agora que você entendeu o que é o planejamento e controle da produção e aprendeu como 
calcular a capacidade de uma planta de produção, vamos estudar um pouco os estoques, 
que, como vimos, têm o papel de regular oferta e demanda e manter o fluxo nas operações, 
mesmo com a existência de gargalos de produção.
Ao final deste tópico, você será capaz de aplicar o raciocínio lógico-matemático nas diferentes 
atividades de gestão: cálculo, análise, informática, entre outros.
Siga em frente e bom estudo!
1. Conceito de estoque
Imagine que você tenha acordado cedo para capinar o jardim. Trabalha sob sol forte até o 
meio-dia, quando decide ir almoçar. Entra em casa todo feliz, abre a geladeira e descobre 
que não tem nada. Olha a despensa, e o cenário é o mesmo. Antes que entre em desespero, 
a primeira solução é ligar para um restaurante e pedir comida ou, se preferir, ir até um. 
Existe também a solução de ir até o supermercado e comprar novos alimentos. Agora, todo 
o problema poderia ser facilmente resolvido se tivesse guardado temporariamente alguns 
alimentos na sua despensa e na geladeira ou planejado a reposição da despensa antes de 
acabarem os mantimentos existentes.
Assim, podemos concluir que é fundamental o estoque de materiais para manutenção do 
fluxo de produção e consumo. Precisamos de alimentos guardados para poder preparar o 
almoço, o supermercado precisa de alimentos estocados para repor nas prateleiras; nós, para 
repor nossas despensas. Os fornecedores dos supermercados devem ter produtos estocados 
para atender rapidamente a esses estabelecimentos.
Gestão da Produção e Logística
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Imagine o caos que seria se, toda vez que precisássemos de deter-
minado alimento, tivéssemos de encomendá-lo ao supermercado 
e este, por sua vez, somente então encomendar ao seu fornecedor. 
Para evitar essas falhas é que os sistemas dependem de estoques. Estoques nada mais são 
do que a guarda temporária de produtos. Na produção eles estão espalhados por diversas 
operações. Se eles forem grandes demais, trarão risco para empresa por excesso de capital 
investido parado e risco de ficarem ultrapassados. Se faltarem, colocarão em risco toda a 
operação da empresa e levarão à perda de clientes.
Uma boa definição de estoques é dada por Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 188):
“Estoque é a cumulação armazenada de recursos materiais em 
um sistema de transformação.”
Assim, todo sistema pode ser visto como um modelo de transformação, ou sistema de 
transformação, e, portanto, está sujeito aos estoques. A produção de grãos seria inviável se 
não houvesse estruturas de armazenagem ao longo da cadeia produtiva que permitissem que 
esses estoques se acumulassem, regulando a oferta e demanda e viabilizando o processo de 
comercialização e distribuição. 
2. Tipos de estoque e materiais armazenados
Os estoques, do ponto de vista de produção, são classificados em: de segurança, de ciclo, de 
antecipação, de distribuição.
• Estoque de segurança – toda operação tem uma oferta e demanda que são muito difíceis 
de serem reguladas. O ideal seria que a quantidade produzida fosse a vendida. 
`
Atenção
O estoque de segurança é a quantia mínima existente em um sistema para que 
este não pare de funcionar.
As cadeias de armazenagem e distribuição de grãos são obrigadas a manter um estoque de 
segurança que minimize o risco da falta destes, que pode ocorrer pela diminuição da produção 
devido aos problemas climáticos, por exemplo.
• Estoque de ciclo – suponha que esteja muito calor e que, perto da sua residência, exista 
uma fábrica de picolés. Quando você vai à fábrica, que sabiamente tem uma pequena 
sorveteria na entrada, você deseja um picolé de coco, um de chocolate e outro de morango.
Curso Técnico em Agronegócio
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`
Atenção
Isso só será possível se a fábrica de sorvete trabalhar com estoques de ciclo, 
afinal os picolés são produzidos na mesma linha de produção. Assim, a fábrica de 
sorvetes produz uma quantidade de certo sabor e armazena, faz outro sabor e 
armazena, e assim por diante.
Esses estoques que permitem atender uma demanda dos mais variados sabores são 
conhecidos como estoques de ciclo, ou seja, armazenam os lotes de produção. Na agricultura 
um exemplo é a produção de soja e depois milho na mesma terra: ciclo da soja e ciclo do 
milho.
• Estoque de antecipação – muito comum em operações sazonais, como os ovos de chocolate 
na Páscoa, que são produzidos o ano inteiro e colocados no estoque de antecipação para 
serem comercializados nesse curto período.
• Estoque de distribuição – esse tipo de estoque existe porque não é possível fabricar e 
entregar um produto imediatamente. Então são gerados estoques ao longo do canal de 
distribuição para facilitar a entrega dos produtos aos clientes finais nos prazos adequados.
Os materiais armazenados podem ser:
• Matéria-prima – são os insumos básicos para a maioria dos produtos industrializados e 
onde se encontram muitos produtos do agronegócio. A matéria-prima pode estar no 
seu estado original ou ter passado por um processo de transformação. Como exemplo 
podemos citar produtos agrícolas, minério de ferro, chapas de aço, polímeros etc.
Legenda: Algodão utilizado como matéria-prima na fabricação de tecidos.
Fonte: Shutterstock
Gestão da Produção e Logística
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• Materiais em processo – são aqueles que aguardam serem novamente processados: o 
processo de envelhecimento de um vinho, uma peça aguardando ser montada ou um 
produto agrícola esperando ser processado. A soja, por exemplo,

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