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Gestão da Produção e Logística para o Agronegócio Formação Técnica Curso Técnico em Agronegócio Gestão da Produção e Logística Brasília, 2015 Formação Técnica S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Curso técnico em agronegócio: gestão da produção e logística / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : SENAR, 2015. 140 p. : il. (SENAR Formação Técnica) ISBN: 978-85-7664-101-8 Inclui bibliografia. 1. Administração da produção. 2. Logística. 3. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. Série. CDU: 658.5 Sumário Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 Tema 1: Administração da produção e operações –––––––––––––––––––––––––––––––––– 9 Tópico 1: Conceitos iniciais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 0 1. O que é administração da produção? –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 0 2. Evolução da administração da produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 2 3. Dimensões dos processos produtivos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 6 Tópico 2: Sistemas de produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 9 1. Modelo de transformação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 9 2. Projeto de processos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 2 3. Projeto de produtos e serviços ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 2 Tópico 3: Estratégias de produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 4 1. Função produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 5 2. Objetivos da produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 6 3. Aplicação das estratégias de produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 8 Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 0 Atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 2 Tema 2: Planejamento e controle da produção (PCP) –––––––––––––––––––––––––––––––3 4 Tópico 1: A função do planejamento e controle ––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 5 2. Suprimento e demanda ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 8 3. Atividades de planejamento ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 9 Tópico 2: Planejamento e controle da capacidade –––––––––––––––––––––––––––––– 4 1 1. Conceitos de capacidade de produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 2 2. Como planejar a capacidade de produção? –––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 5 Tópico 3: Planejamento e controle de estoque –––––––––––––––––––––––––––––––––4 8 1. Conceito de estoque –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 8 2. Tipos de estoque e materiais armazenados ––––––––––––––––––––––––––––––––––4 9 3. Gestão e controle de estoque ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 2 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 3 Atividades de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 5 Tema 3: Gestão da cadeia de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 7 Tópico 1: Cadeias de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 8 1. Cadeia de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 8 2. Gestão da cadeia de suprimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 0 3. Cadeias de suprimentos versus cadeias produtivas––––––––––––––––––––––––––––6 2 Tópico 2: Elementos nas cadeias de suprimentos e cadeias produtivas –––––––––––6 4 1. Produtor rural –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 4 2. Agroindústrias ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 4 3. Varejo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 5 4. Intermediários (transportadores, traders e fornecedores de insumos) ––––––––––6 6 Tópico 3: As principais cadeias produtivas do agronegócio ––––––––––––––––––––––6 8 1. Cadeia da carne –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 9 2. Cadeia do leite ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––7 9 3. Cadeia de grãos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 1 4. Cadeia sucroenergética ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 5 Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 8 Atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 9 Tema 4: Sistemas logísticos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9 1 Tópico 1: Conceitos fundamentais da logística ––––––––––––––––––––––––––––––––– 9 1 1. O que é logística? ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 2 2. Evolução da logística –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 3 3. Atividades da logística –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 5 Tópico 2: Sistemas estratégicos da logística no agronegócio –––––––––––––––––––––9 8 1. Transporte ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 8 2. Armazenagem e conservação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––104 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 109 Atividades de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––111 Tema 5: Tópicos especiais sobre produção e logística ––––––––––––––––––––––––––––– 113 Tópico 1: Os desafios da produção no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––– 114 1. Os gargalos nas operações agroindustriais –––––––––––––––––––––––––––––––––– 114 2. O papel da mão de obra ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 116 3. Desafios da produção no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 117 Tópico 2: Os desafios logísticos da produção do agronegócio ––––––––––––––––––– 119 1. Os gargalos logísticos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 119 2. A competição internacional –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 121 3. Desafios da logística no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––122 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––123 Atividades de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––124 Encerramento da unidade curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 125 Referências ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––126 Gabarito ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––129 Introdução à Unidade Curricular Gestão da Produção e Logística 7 Introdução à Unidade Curricular Bem-vindo à Unidade Curricular Gestão da Produção e Logística. Aqui, você entenderá a importância estratégica da gestão da produção rural nas cadeias produtivas. A compreensão das cadeias produtivas e da aplicação dos conhecimentos da gestão de operações ao agronegócio permitirá que você estabeleça as estratégias mais adequadas para cada segmento de produção rural com base no perfil da região produtiva em que você se encontra. ` Objetivos de aprendizagem Ao final desta Unidade Curricular, você deverá ser capaz de: • Entender o funcionamento dos sistemas de produção rural. • Conhecer os métodos de planejamento da produção rural. • Conhecer os tipos de produtos agropecuários. • Compreender o conceito e a caracterização dos principais componentes da cadeia logística do agronegócio. • Descrever e analisar as áreas de atuação da logística. • Conhecer os diferentes processos da logística e aplicá-los ao negócio rural. • Identificar as principais estratégias para armazenagem, manuseio, acondicionamento e transporte de produtos em agronegócios. • Empregar ações de controle de estoques, aquisição e programação de produção. Como futuro técnico em agronegócio, é importante saber que de nada adiantaria produzir as mais diversas culturas agrícolas sem eficiência e sem ter como entregar esses produtosnos diversos mercados consumidores. Portanto, após o estudo desta unidade, você terá desenvolvido os conhecimentos essenciais para a gestão de operações produtivas e de logística no que se refere ao agronegócio. Bom aprendizado! Administração da produção e operações 01 Gestão da Produção e Logística 9 Tema 1: Administração da produção e operações A administração é fundamental em todas as atividades da nossa vida. Uma pessoa que não administra o seu orçamento poderá ter problemas financeiros. Uma pessoa que não administra seu tempo poderá ter problemas para cumprir prazos e realizar todas as atividades programadas. Da mesma forma, uma empresa que não administra seus negócios tenderá ao fracasso. Administrar é a arte de gerenciar as diversas situações que acontecem na vida e tomar decisões que permitam alcançar os objetivos pretendidos. A administração não é apenas algo voltado à vida das pessoas, mas se refere também à vida das organizações. As organizações são organismos vivos, compostas de um conjunto de pessoas com diferentes culturas, hábitos, conhecimentos, habilidades que precisam ser organizadas, alinhadas ao interesse da organização e gerenciadas. Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 10 Portanto, é comum a criação de departamentos nas empresas de produção ou serviços de forma a organizar e distribuir atividades comuns e específicas aos seus setores internos, tomar decisões que compreendam o seu objetivo e resolver todas as situações e problemas a que estão sujeitas. ` Atenção Este conceito de administração se aplica às organizações em geral, tanto do meio urbano como rural, tanto de produção como de operações. Para as cadeias produtivas do agronegócio, isso não é diferente. Decisões sobre o quanto e como produzir e em que período são essenciais para que não se produza mais ou menos do que se necessite ou não se comprometa toda a cadeia. Assim, é preciso analisar o mercado e saber em que época plantar, o quanto plantar, de acordo com as exigências do consumidor, e quem efetivamente pagará a conta de todo o processo de produção. Neste primeiro tema você aprenderá os conceitos fundamentais de administração da produção e operações e como se relacionam ao agronegócio. No final, você será capaz de entender melhor o funcionamento dos sistemas de produção rural. Bom estudo! Tópico 1: Conceitos iniciais A seguir estudaremos os conceitos iniciais sobre a administração da produção e operações, entendendo sua definição, sua origem e sua relação com os sistemas de produção rural. O objetivo é que, ao final deste tópico, você seja capaz de compreender os fundamentos e as principais teorias da administração da produção, assim como promover ideias e ações inovadoras na propriedade. Siga em frente e bom estudo! 1. O que é administração da produção? Na introdução desta unidade, começamos a discutir algumas ideias sobre o conceito de administração. Agora, vamos entender um pouco mais e definir o que chamamos de administração da produção e operações, ou simplesmente administração da produção. A administração da produção, segundo os professores Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 1), “trata da maneira como as organizações projetam, entregam e melhoram seus produtos e serviços”. Assim, todos os produtos que compramos, como roupas, televisores, celulares, e serviços que utilizamos em hospitais, salões de beleza, escolas, etc. só chegam até nós devido aos gerentes de produção e operações. Para entender um pouco mais a respeito, vamos ver duas definições de administração da produção e operações. Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 3) explicam que “Administração Gestão da Produção e Logística 11 da Produção é atividade de gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos”. Já para os professores Gaither e Fraizer (2002, p. 5), a administração da produção e operações “é a administração do sistema de produção de uma organização, que transforma insumos nos produtos e serviços da organização”. Insumos Insumo é o elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços (máquinas, equipamentos, trabalho humano, etc.); fator de produção (FERREIRA, 2000). A partir dessas definições, podemos entender que a administração de todos os recursos, como matéria-prima, máquinas e equipamentos que visam produzir determinado tipo de produto ou serviço, vêm a ser a administração da produção e operações. Assim, quando se trata de um produto, dizemos que é administração de produção; quando se trata de um serviço, gestão de operações. Você poderá encontrar apenas o termo “administração da produção” para indicar os dois conceitos, uma vez que uma operação nada mais é do que a produção de um serviço. Para entender melhor esses conceitos aplicados ao agronegócio, acompanhe o exemplo a seguir. Exemplo Imagine que uma empresa ou pessoa adquiriu uma propriedade rural para produzir soja. Essa empresa precisará administrar a quantidade de sementes necessárias, a gestão dos trabalhadores, a gestão das semeadeiras e colheitadeiras, a gestão do processo de plantação e colheita e tudo que se refere à produção do grão em si. O que essa empresa está fazendo é o que chamamos de administração da produção. Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 12 Em uma nova situação, imagine que uma das colheitadeiras apresentou algum problema e será preciso chamar um técnico. O serviço que gerencia a assistência técnica dessas colheitadeiras, como atendimento telefônico, reposição de peças, entre outros, também precisa ser gerenciado pela administração de operações. Podemos concluir que o controle da produção de um produto é feito pela administração da produção; e o controle de uma operação de serviço, pela administração de operações. Portanto, no agronegócio, na maior parte das vezes, o que temos é a administração da produção, controlada pelo gerente de produção. Porém, em algumas atividades, como transporte e armazenagem, o que temos são serviços e, consequentemente, a administração de operações, controlada pelo gerente de operações. 2. Evolução da administração da produção Na história da humanidade, a primeira maneira de se alimentar consistia em caçar ou colher frutos. Posteriormente, a reunião do homem em determinados grupos possibilitou o surgimento da agricultura e da pecuária. Assim, começou o plantio e a criação de animais para subsistência, que, além de fornecer a carne em si, poderiam fornecer o leite, como foi o caso das ovelhas em um primeiro momento e, depois, das vacas. O resultado do plantio e da criação de animais, além servir de alimentação para a unidade familiar, também era utilizado como “moeda de troca” por produtos produzidos por outras unidades familiares. Esse tipo de produção pouco foi alterado durante os séculos, exceto com o surgimento das rotas comerciais e das grandes navegações. Entretanto, não era possível a produção de determinados produtos em algumas regiões, apenas naquelas favoráveis à agricultura e pecuária. Assim, muitas vezes, o que se fazia era levar sementes para semear em outras regiões ou a simples comercialização e troca de mercadorias em pequenas quantidades. Com o descobrimento da América e o surgimento das colônias, algumas culturas começaram a ser produzidas em grandes quantidades e depois comercializadas nos mercados europeus, como é o caso da produção do açúcar no Brasil. Durante a era das grandes navegações, o potencial econômico estava nos domínios dos mares e das regiões de produção na América. Franceses, espanhóis, holandeses, portugueses e ingleses disputam a soberania no mar e o domínio das terras na América e na Ásia. Gestão da Produção e Logística 13 Somente no ano de 1776 o escocês Adam Smith (1723-1790) lançou o livro “A riqueza das nações”, no qual mostrou que os países deveriam dominar os meios de produção e vender o excedente. Desse modo, em sua obra, tratava de questões como a divisão do trabalho, o valor,a divisão da renda, o acúmulo de capitais. Por fim, defendia a não influência do governo nos mercados, dizendo que os mercados se autorregulavam por meio de uma mão invisível que controlava a oferta e demanda. Ao mesmo tempo que Adam Smith revolucio- nava o pensamento econômico, outro escocês inventava uma máquina que revolucionaria o mundo e permitiria que as ideias de Adam Smi- th fossem levadas adiante. James Watt (1736-1819) inventou em 1776 a máquina a vapor, que deu origem a um dos marcos mais importantes da humanidade, conhecido como Revolução Industrial. Essa invenção permitiu o surgimento das primeiras unidades fabris com a indústria da tecelagem. Legenda: Motor a vapor Fonte: Shutterstock Legenda: Adam Smith Fonte: Shutterstock Legenda: James Watt Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 14 A máquina a vapor, depois de impulsionar o processo industrial, revolucionou o transporte com o surgimento do navio movido a vapor e dos sistemas de transporte ferroviário. Estavam formadas as bases para o desenvolvimento do capitalismo moderno. A criação de Watt permaneceu como a grande inovação da humanidade até o surgimento da energia elétrica e dos motores a combustão no fim do século XIX. Legenda: Navio a vapor Fonte: Shutterstock A Revolução Industrial e suas unidades fabris fizeram com que a produção manual fosse substituída pelo uso de máquinas e equipamentos, fomentando o surgimento do processo de industrialização de produtos que ficaria conhecido como manufatura. ` Atenção Durante a Revolução Industrial, pouca ou nenhuma mudança aconteceu na produção agrícola, que permanecia rudimentar. Mudanças nessa área só começaram a surgir no século XIX. O início do século XX trouxe mudanças significativas no processo de produção com a tecnificação e administração dos processos produtivos. Henry Ford (1863-1947) revolucionou a produção industrial com inovações como a intercambialidade de peças, que consistia em um sistema de medidas padrões que reduzia o retrabalho na fabricação de seus carros, e a linha de montagem, diminuindo o tempo de fabricação de um carro de 12 horas e 8 minutos para apenas 1 hora e 33 minutos. Gestão da Produção e Logística 15 Ao mesmo tempo, em 1911, Frederick Taylor (1856- 1915), lançou seu livro “Princípios de Administração Científica”, que visava dar base científica ao processo produtivo, tentando identificar a melhor produtividade de um trabalhador. Nasceu, assim, a administração da produção, para organizar a produção em massa a fim de atender a uma população mundial crescente. Entretanto, foram as duas grandes guerras mundiais que mudaram o cenário da produção mundial e da agropecuária. A guerra consumiu recursos de todos os meios, como pessoas, ve- ículos, aviões, armamentos, alimentos e desen- volvimento tecnológico, para produzir em gran- des quantidades, com rapidez e qualidade. Isso afetou toda a estrutura de produção mundial. Surgiram os grandes complexos industriais e, na agricultura, a produção em larga em escala. d Comentário do autor A produção agroindustrial se diversificou em uma quantidade de produtos jamais imaginada e se tornou extremamente tecnificada, desde a qualidade das sementes ou da genética dos animais até a produção agroindustrial em si. Atualmente, podemos rastrear a carne que chega ao mercado até o animal da qual ela foi originada. É possível determinar os pesos desejados pela nutrição animal e produzir agricolamente em escalas inimagináveis. Produtores brasileiros têm alcançado de 70 a 80 sacas de soja por hectare, por exemplo, o que só foi possível pelo intenso desenvolvimento tecnológico de sementes, agroquímicos, adubos, corretivos e da logística de transporte. A evolução da administração da produção foi fundamental não somente para os produtos fabricados industrialmente como também para agricultura e pecuária e no processamento desses por meio das agroindústrias. j Atividades práticas Agora que você aprendeu um pouco sobre a evolução da produção e o papel de alguns homens importantes nesse desenvolvimento, conseguiria imaginar como seria a nossa vida sem a produção agroindustrial? Será que teríamos alimentos para os mais de sete bilhões de pessoas no mundo? Qual a importância da tecnificação na agricultura e pecuária? Legenda: Henry Ford Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 16 3. Dimensões dos processos produtivos Os processos produtivos são administrados considerando quatro dimensões: volume, variedade, variação e visibilidade. O administrador da produção deve ter em mente quais são os objetivos do seu processo produtivo para atender adequadamente cada uma dessas dimensões. Vamos agora entendê-las um pouco e como se relacionam no agronegócio. Dimensões dos processos produtivos Variedade Variação VisibilidadeVolume A dimensão volume talvez seja a mais fácil de compreender das quatro dimensões. O volume nada mais é do que a capacidade de produção de uma instalação fabril ou produtiva. ' Dica Por exemplo, o volume de produção de uma agroindústria processadora de frangos é a capacidade que essa fábrica tem de processar frangos durante um determinado período de tempo (dia, mês e ano). No agronegócio, muitos dos processos de produção estão atrelados à dimensão volume. Com a soja, por exemplo, todos os anos os produtores tentam conseguir maior produtividade por área plantada, de modo a obter maiores volumes de produção e, consequentemente, aumentar os seus lucros. Fonte: Shutterstock Essa condição faz com que seja interessante para o produtor investir em máquinas, sementes e equipamentos que aumentem o volume produzido de soja, pois seus ganhos estão ligados ao volume produzido. Gestão da Produção e Logística 17 A dimensão variedade consiste na diversidade de serviços ou produtos oferecidos por determinado tipo de produção ou operação. Se formos utilizar os serviços de uma companhia aérea que voa para 100 destinos no Brasil, teremos uma variedade considerável dentro da operação. Da mesma forma, se pudermos produzir diferentes itens numa mesma instalação produtiva, teremos uma variedade muito grande de produtos. Fonte: Shutterstock Atualmente, as agroindústrias têm procurado aumentar a variedade de suas operações, seja convertendo a soja em óleo e depois em diversos produtos, como o óleo comestível e a margarina, seja vendendo etanol e açúcar e a energia que é conseguida pela queima do bagaço da cana-de-açúcar. Para entendermos a dimensão variação, um excelente exemplo é o transporte de grãos. Como a variação consiste na diferença entre demanda máxima e mínima, essa influencia diretamente a administração da operação. Durante os períodos de safra, faltam caminhões para transportar os grãos; na entressafra, no entanto, sobram caminhões. Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 18 Então, como os transportadores lidam com essa dimensão de variação da demanda? Geralmente eles utilizam veículos multifuncionais, ou seja, que transportam diferentes tipos de carga, como é o caso do caminhão graneleiro. Legenda: Caminhão graneleiro Fonte: Shutterstock Por fim, a dimensão visibilidade refere-se a quanto uma atividade de produção ou operação é percebida pelo cliente final. Geralmente, as atividades de produção rural são pouco visíveis. d Comentário do autor Quando vamos ao supermercado, dificilmente verificamos como são criados e transportados os suínos que servem de matéria-prima para os pernis e presuntos. O mesmo ocorre dentro da agroindústria em si, nos frigoríficos e processadores. A visibilidade é muito maior no varejo, quando efetivamente o cliente tem contato com o produto. Os professores Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 3) explicam que “as dimensões da produção têm custos e implicações para se criar produtos e serviços, onde podemos resumir que alto volume, baixa variedade, baixa variação e baixo contato ajudam a manter os custos de processamento baixos”.Assim, para sabermos o quanto a produção ou operação é eficiente, podemos avaliá-la considerando as essas quatro dimensões. Para exemplificarmos melhor, vamos ver como a produção de soja se enquadraria em termos das dimensões. Observe o quadro a seguir. Gestão da Produção e Logística 19 Quadro 1 – Comparação dimensões da produção versus produção de soja Dimensão Ideal Soja Volume Alto Alto Variedade Baixa Baixa Variação Baixa Alta Visibilidade Baixa Baixa Do ponto de vista de administração de produção, a soja é um sistema perfeito, uma vez que o volume de produção é alto, não tem quase nenhuma variedade, pois se planta soja normal ou transgênica, porém a variação de oferta é alta em razão da safra e a visibilidade perante o consumidor é baixa. Tópico 2: Sistemas de produção Agora que você aprendeu um pouco sobre a administração da produção e operações, vamos entender o que chamamos de sistemas de produção, que são essenciais para melhorar a gestão dos processos de produção no agronegócio. O objetivo é que, ao final deste tópico, você seja capaz de compreender os processos de produção, assistir o técnico em agronegócio ou o produtor nas suas atividades de gestão da propriedade rural, aplicar técnicas modernas de produção animal e vegetal e identificar custos de produção para viabilizar novos investimentos. Siga em frente e bom estudo! 1. Modelo de transformação Para entendermos um sistema de produção, precisamos compreender o conceito e o funcionamento de sistema. Gaither e Freizer (2002) indicam que o pioneiro na teoria de sistemas foi Russel Ackoff, o qual havia estabelecido que: “Um sistema é um todo que não pode ser separado sem que ocorra a perda de suas características essenciais, necessitando ser estudado como um todo.” Uma avaliação do nosso dia a dia permite afirmar que convivemos e interagimos com muitos tipos de sistemas. Por exemplo, o nosso próprio corpo é um sistema, a placa principal do computador, um refrigerador, ou seja, podemos considerar um sistema tudo aquilo que, para funcionar, precise que suas partes estejam integradas, desenvolvendo uma atividade específica. Curso Técnico em Agronegócio 20 De maneira geral podemos representar um sistema graficamente da seguinte forma: Processamento Retroalimentação SaídaEntrada Um sistema é composto de determinada entrada, um processamento e uma saída, que pode retroalimentar uma nova entrada. Exemplo Vamos exemplificar melhor. Imagine que você necessita pagar uma conta no banco, então você vai até a agência. Nesse momento, você está na entrada do sistema. Quando o caixa bancário chama para atendimento, você está na fase de processamento do sistema. Quando realiza o pagamento e finaliza a operação, você entra no estágio de saída do sistema. Agora, suponha que você esqueceu o cartão do banco e necessita voltar a sua casa. Nesse momento, você entra no processo de retroalimentação do sistema, pois precisará novamente retornar ao banco para pagar a conta, passando novamente por todo o sistema. Com base nessa ideia é que a administração da produção e operações criou o que denominamos de modelo de transformação. Esse modelo nada mais é que uma forma gráfica de representar o processo de produção por meio de um sistema, daí o nome sistema de produção. Um sistema de produção, segundo Gaither e Freizer (2002), recebe insumos na forma de materiais, pessoas, dinheiro e informação, e esses insumos são modificados formando os produtos ou serviços que desejamos. Para compreender melhor, vamos visualizar um modelo de transformação genérico. Modelo de transformação Processamento SaídaRecursos Processo de transformação Produtos e serviços Materiais Informações Clientes Instalações físicas Funcionários Gestão da Produção e Logística 21 Podemos observar pela figura anterior que tudo o que pode ser transformado ou é responsável por essa transformação é chamado de recursos. Assim, materiais, informações e clientes são recursos a serem transformados, pois se modificam no processo de transformação. Já as instalações físicas e os funcionários são os recursos transformadores, responsáveis pela transformação dos recursos no processamento. O processo de transformação, por sua vez, dá a saída de um produto ou serviço. Vamos ver alguns exemplos. Salão de beleza – recursos a serem transformados são os clientes que desejam um corte de cabelo. Recursos transformadores são o cabelereiro, o pente e a tesoura, utilizados para efetuar o corte. O processamento é o corte em si, e a saída é o cliente com o cabelo cortado, resultado do serviço executado. Montagem de um carro – recursos a serem transformados são o metal, as peças e os acessórios. Os recursos transformadores são os empregados, as máquinas e equipamentos. O processo de transformação é a montagem do carro em si. A saída é um produto denominado carro, que pode ser comercializado ao consumidor final. E, no agronegócio, como vemos o modelo de transformação? Vamos ver um exemplo de agroindústria: em uma usina de cana-de-açúcar, por exemplo, o recurso a ser transformado é a cana, os recursos transformadores são as máquinas e os empregados e as saídas são produtos como o etanol e o açúcar. ' Dica No campo podemos também verificar os sistemas, por exemplo, na produção de carne por meio da engorda: os recursos a serem transformados são os bezerros, os recursos transformadores são o vaqueiro, a ração, o pasto, as instalações da fazenda. O processo de transformação é o crescimento e a engorda do animal. A saída é o bovino pronto para ser abatido. Os sistemas de produção são, geralmente, ligados à entrada de outro sistema. No caso apresentado anteriormente, a saída do bovino pronto para o abate do sistema da fazenda fornecerá o recurso a ser transformado na entrada do sistema do frigorífico. Por essa razão, é importante criar esses modelos de transformação para entender cada sistema de produção. Com isso, você pode analisar cada operação na fazenda, na agroindústria, no mercado consumidor e tomar decisões mais adequadas quanto ao processo de produção ou operação existente. Curso Técnico em Agronegócio 22 2. Projeto de processos Os sistemas de produção são compostos essencialmente de processos e produtos. Os processos são a forma como pessoas, máquinas, equipamentos etc., combinados e utilizados para a produção de produtos e serviços. Os produtos e serviços são resultados dos processos. Processo X Produto e serviço Combinação de pessoas, máquinas e equipamentos que resulta na produção de produtos e serviços. Resultados do processo. Vamos inicialmente entender o que é projeto de processos. Imaginemos que você deseja iniciar uma criação de suínos para comercialização da carcaça com os frigoríficos da região em que mora. Certamente você precisará de galpões, divididos em baias, com corredores. Necessitará, ainda, de um sistema de alimentação dos animais, de um para lavar as pocilgas e de um de aspersão de água para os dias mais quentes, precisará de tratadores, de rampas para embarque dos suínos, entre tantos outros itens. Além disso, terá de projetar como esses suínos chegarão às baias e sairão destas. Quando estamos pensando em todas essas questões, estamos, na verdade, projetando um processo – que, no caso, é o de produção de suínos. 3. Projeto de produtos e serviços Os professores Slack, Chambers e Johnston (2009) explicam que todos os produtos e serviços possuem um conceito, que é o entendimento da natureza, do uso e do valor do serviço e produto. Esse conceito surge do atendimento de necessidades dos clientes, que podem ser implícitas e explícitas. A necessidade implícita ocorre quando o cliente não sabe que tem essa necessidade. O desenvolvimento da telefonia móvel é um exemplo disso. O telefone celular foi criado para facilitar a comunicação pessoal, mas, no momento do seu surgimento, não havia uma demanda explícita, pois a necessidade de comunicação era devidamente atendidapela telefonia fixa. Gestão da Produção e Logística 23 Fonte: Shutterstock Nos dias atuais, percebemos uma clara necessidade por alimentos prontos devido à falta de tempo que as famílias urbanas enfrentam no seu cotidiano, preferindo alimentos fáceis e rápidos de serem preparados. A demanda explícita é a demanda clara por determinado tipo de produto, por exemplo, alimentos. Ao contrário das cadeias produtivas industriais, as cadeias produtivas agroindustriais possuem, na maior parte das vezes, uma demanda explícita. As pessoas precisam de alimentos para si e para os animais que produzem proteína, carne, leite, mel etc. ' Dica Um exemplo recente de desenvolvimento de produto a partir da produção rural são os biocombustíveis, que surgem da necessidade de uma energia, limpa e renovável, em substituição ao petróleo. Dessa forma, podemos concluir que os produtos primários do agronegócio não precisam ser inventados, pois geralmente são produzidos há muito tempo para atender a demandas explícitas da sociedade. Todavia, na sociedade contemporânea, os produtos devem estar associados a um conjunto de serviços que garanta que o produto chegue ao mercado consumidor de maneira adequada ou possa ser retornado sem transtornos ao consumidor. Nesses serviços podemos listar o transporte, a armazenagem e assistência técnica. Curso Técnico em Agronegócio 24 Exemplo Você já percebeu como o desenvolvimento agrícola, com sementes melhoradas, adubos e agroquímicos, máquinas e equipamentos, tem permitido o surgimento de produtos semi- industrializados e industrializados com alto valor agregado? Um exemplo disso é o café! O café tem o seu valor aumentado à medida que se desenvol- ve uma estratificação de seus grãos, formando misturas altamente customizadas, ou seja, adequadas aos diferentes tipos de consumidores e suas preferências. Fonte: Shutterstock Além disso, sistemas como o encapsulamento do café permitem um aumento de valor de até 70 vezes em relação ao seu preço in natura. Esses são processos pelos quais a agricultu- ra tenta gerar novos produtos e soluções que lhe permita aumentar os seus ganhos. Tópico 3: Estratégias de produção Neste tópico você estudará como são estabelecidas as estratégias de produção e de que modo afetam as empresas rurais e a agroindústria. Ao final, você será capaz de buscar alternativas de produção, identificando oportunidades de negócio, enfrentar desafios e buscar solucionar situações-problema com criatividade e inovação, avaliar mercados e analisar produtos a fim de propor estratégias inovadoras de comercialização. Siga em frente e bom estudo! Gestão da Produção e Logística 25 1. Função produção A função produção corresponde à parte das organizações que é responsável pela administração da produção. Nenhuma organização que tenha um produto ou serviço pode funcionar sem a função produção. ' Dica A função produção de uma companhia aérea consiste na operação de transporte. Já a de uma usina de cana-de-açúcar, responde pelo processo de transformação da cana em etanol e açúcar. A função produção de uma empresa de sementes é o processo de plantio, manutenção e colheita das sementes, e assim por diante. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), a função produção é essencial para as organizações porque produz bens e serviços, porém não é a única; existem também a função marketing, a função desenvolvimento de produto/serviço e as funções de apoio. 100% LEITE NATURAL LEITE LEITE LEITE LEITE LEITE Fonte: Shutterstock A função marketing é responsável por apresentar os produtos aos mercados e comercializá- los. No caso da empresa de sementes, é responsável por produzir sementes modificadas geneticamente – por exemplo, apresenta aos produtores e às empresas de produção de grãos as vantagens da semente transgênica e as comercializam entre os interessados. A função desenvolvimento de produto e serviço cria novos produtos e serviços de modo a gerar solicitações futuras de consumidores. Tratando-se da empresa de sementes, por exemplo, quando esta lança um novo tipo de semente modificada, ela está criando um novo produto ou serviço. Curso Técnico em Agronegócio 26 As funções de apoio envolvem funções que dão suporte à produção, como recursos humanos, serviços financeiros e contábeis. 2. Objetivos da produção Para determinar qual o tipo de arranjo mais adequado ao seu processo produtivo, é preciso estabelecer qual o seu objetivo de produção. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), os objetivos de produção são cinco: Qualidade Velocidade Confiabilidade Flexibilidade Custo A qualidade refere-se à ausência de erros ou vício de fabricação. Na produção agropecuária podemos desejar determinadas condições como certo grau de umidade nos grãos ou eliminação de escoriações na carcaça dos animais. O projeto de processo deve ser capaz de oferecer recursos para atender a essas especificações de qualidade. Para o objetivo de velocidade do processo, devemos projetá-lo de modo a estabelecer um tempo mínimo de processamento e uma taxa de saída adequada à demanda envolvida. Para o objetivo da confiabilidade da produção, precisamos garantir que os produtos sejam produzidos e entregues dentro dos tempos esperados. Assim, é necessário projetar o processo com recursos confiáveis e que permitam um volume de saída confiável e dentro do esperado pela demanda. A flexibilidade consiste em ter capacidade de mudar o tipo de produto utilizando o mesmo processo com pouca perda de tempo ou alterar o processo para a produção do mesmo produto, sem perda de qualidade. Por fim, para o objetivo custo, devemos deixar o processo produtivo o mais enxuto possível, sem desperdícios de capacidade, atrasos no processamento, erros e entradas de matérias- primas inadequadas. Para melhor entendimento, vamos pensar na produção de soja e ver como se comportaria de acordo com os objetivos da produção. Veja o quadro seguinte.Fonte: Shutterstock Gestão da Produção e Logística 27 Quadro 2 – Objetivos de produção no contexto do agronegócio Objetivo de produção Produção de soja Qualidade O processo de produção e colheita deveria ser capaz de atender as características de qualidade da soja, como taxa de umidade, taxa de impureza, avarias, propriedades do grão. Velocidade O processo deveria ser capaz de processar a soja em ciclos cada vez mais curtos entre o plantio e o consumo Confiabilidade O processo deveria garantir que a produção de soja seja entregue nas quantidades contratadas e no tempo estabelecido, com a classificação e as propriedades contratadas. Flexibilidade O processo deveria garantir a produção de diversos tipos de grãos de soja de acordo com a demanda, bem como plantações complementares, como o milho. Custo O processo deveria garantir que a produção de soja custasse o menos possível, com eliminação de perdas e desperdícios, reduzindo os custos de produção. Exemplo Fonte: Shutterstock Para você compreender ainda melhor essa questão dos objetivos da produção, vamos analisar o caso do frango. A avicul- tura de corte sempre foi um dos principais produtos agropecuários produzidos na re- gião Sul do Brasil. Entretanto, nos últimos anos, temos observado uma migração para outras regiões, como a região Cen- tro-Oeste. Segundo o Embrapa (2013), as principais microrregiões produtoras de carne de frango estão no Centro-Sul (Chapecó, To- ledo, Concórdia, Passo Fundo, sudoeste de Goiás e Alto Teles Pires). O restante da Curso Técnico em Agronegócio 28 produção está dividido entre as cidades de Caixas do Sul, Lajeado-Estrela, Cascavel, Londri- na, Joaçaba, Dourados e Brasília. Assim, o sudoeste de Goiás, Dourados e Brasília estão entre as microrregiões maiores produ- toras e todas se localizam na região Centro-Oeste. A explicação para essa mudança geográfica da produção está no que você acabou de apreender, ou seja, nos objetivos de produção. A carne de frango tem um baixo valor de comercialização,por isso seu objetivo de produção é a redução máxima de custo – precisa ter custos baixos de produção para conseguir obter lucro. Como o preço do milho, principal insumo da produção de frangos, é menor na região Centro- Oeste, a produção vem se deslocando para a região, que é grande produtora de milho, buscando reduzir o principal custo de produção para manter a competitividade. 3. Aplicação das estratégias de produção A estratégia da função produção tem papel importante na implementação da estratégia empresarial, visto que é o grande impulsionador de todo o comércio envolvido com o produto ou serviço oferecido. Os produtores brasileiros podem querer vender sua produção de soja para os chineses, mas se, por alguma razão, natural ou não, não tiverem a soja produzida para entregar na data combinada, sofrem as sanções do contrato e podem ter de fazer pagamento de indenizações. ` Atenção Infelizmente, na agricultura brasileira é muito comum vender a produção antes mesmo do plantio (mercado futuro). Essa estratégia é arriscada, pois não leva em conta a função produção, e sim projeções mercadológicas. A estratégia da função produção pode apoiar a estratégia empresarial. Uma organização produtora de milho pode desejar fornecer um milho de alta qualidade a preços mais baixos. Para isso, necessita conseguir reduzir os riscos de pragas e os efeitos do clima e aumentar a produtividade da terra. Portanto, precisa de uma função produção que apoie a estratégia empresarial. Se a empresa não possui os equipamentos necessários, a equipe técnica adequada, sementes melhoradas, dados de estações meteorológicas da região e um estudo da região de produção, certamente a estratégia da função produção não conseguirá apoiar a estratégia empresarial e a empresa caíra em descrédito perante o mercado. As ações estratégicas da produção, segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), são adotadas a partir de quatro perspectivas. Gestão da Produção e Logística 29 Estratégias de produção Baseadas em recursos Baseadas no mercado De cima para baixo Estratégia de produção De baixo para cima As estratégias de produção podem ser estabelecidas de baixo para cima quando a função produção é tão importante para organização que define a estratégia de comercialização adotada. ' Dica A produção de pernil artesanal, por exemplo, é composta de uma técnica toda especial, desde a criação do suíno até o processo de abate, salgamento e armazenagem, que dura em média quatro anos. A estratégia de produção aqui é tão importante que define como será comercializado o pernil. Nesse caso, não é possível modificar o processo produtivo e nem o tempo de armazenagem, porque são diretamente responsáveis pelo resultado final do produto e seu resultado comercial. As estratégias de produção podem ser estabelecidas de cima para baixo quando a direção da empresa toma as decisões que devem ser acatadas pela função produção. ' Dica As usinas de etanol, por exemplo, têm adotado uma estratégia de diversificação da matéria-prima utilizada na produção de etanol. Curso Técnico em Agronegócio 30 Devido à entressafra da cana-de-açúcar, que pode deixar uma usina parada por até quatro meses, uma decisão da direção das usinas pode flexibilizar o processo produtivo para produzir o etanol também a partir do milho, usando a mesma estrutura produtiva. Essa é uma típica decisão de cima para baixo, na qual a produção tem de se adaptar às estratégias empresariais adotadas. As estratégias de produção podem ser estabelecidas baseadas em recursos. ' Dica Um exemplo são as fazendas de produção de soja na região de Mato Grosso: na entressafra plantam milho ou algodão. Isso acontece porque essas plantas são de ciclos curtos e não interferem no ciclo de produção da soja, que é o produto principal; ou seja, a decisão é baseada na capacidade dos recursos, que, no caso apresentado, é a disponibilidade de terra para cultivo por um curto período. As estratégias de produção podem, ainda, ser estabelecidas com base no mercado. Nesse tipo de estratégia de produção, são produzidos os itens que o mercado demanda. ' Dica Alguns povos do Oriente Médio, por exemplo, demandam produtos que devem seguir preceitos religiosos. As aves não devem sofrer no abate, e o sangue precisa ser drenado por meio de lavagem e salgamento. Assim, produtores de aves adaptam sua produção para atender uma necessidade de um mercado que pode ser bem rentável. Nesse caso, a estratégia de produção foi baseada no mercado. Encerramento do tema Neste tema estudamos os principais conceitos de produção, seus objetivos e suas estratégias. Agora, é possível compreender o quão importante a função produção é para as organizações e como influencia no desenvolvimento de suas estratégias, inclusive no agronegócio. Dessa forma, conseguimos alcançar os objetivos de expor e exemplificar o funcionamento dos sistemas de produção rural. c Leitura complementar No seu material complementar, você poderá ver como funciona uma usina de açúcar e etanol. Procure relacionar os conceitos e exemplos que apresentamos neste tema com as atividades na usina. Gestão da Produção e Logística 31 No próximo tópico, vamos entender como funciona o planejamento e controle da função produção e por que essa atividade é tão importante para as empresas, inclusive aquelas ligadas ao agronegócio. Siga em frente e bom estudo! Atividades de aprendizagem 1. Para que serve a administração da produção em uma fazenda produtora de trigo? a) Para determinar quais são os melhores mercados para comercializar o trigo. b) Para manter os registros da quantidade de horas que os empregados trabalharam, para pagamento de horas extras. c) Para negociar com as agroindústrias compradoras de trigo. d) Para gerenciar as atividades da fazenda que envolvem plantio, manutenção, colheita, uso de equipamentos e empregados. e) Para tornar a empresa mais competitiva. 2. Se você fosse contratado para gerenciar a produção de uma usina de açúcar e etanol, como você consideraria as dimensões da produção volume, variedade, variação e visibilidade da usina? a) Volume alto, variedade baixa, variação alta e visibilidade baixa. b) Volume baixo, variedade alta, variação baixa e visibilidade alta. c) Volume baixo, variedade baixa, variação baixa e visibilidade baixa. d) Volume alto, variedade alta, variação alta e visibilidade alta. e) Volume alto, variedade baixa, variação baixa e visibilidade baixa. Curso Técnico em Agronegócio 32 3. Uma empresa agroindustrial de presuntos decidiu que, a partir do próximo ano, irá comercializar um produto com baixo teor de gordura. Para tanto, exige-se uma melhoria no processo de fabricação do presunto e a criação de um suíno diferenciado, com uma ração especial. Da perspectiva de produção, você considera que a estratégia de produção que está sendo estabelecida é: a) de baixo para cima. b) baseada em recursos. c) de cima para baixo. d) baseada no mercado. e) um mix de todas as anteriores. 4. A agroindústria depende de duas variáveis importantes para funcionar, que envolvem a matéria-prima a ser processada e os insumos para processar a matéria-prima. O mesmo ocorre na produção agrícola. Veja se entendeu as diferenças abaixo indicando I para insumo e M para matéria-prima e escolha alternativa que classifica todas corretamente. ( (( Luz ( (( Fertilizante ( (( Semente ( (( Água a) I, I, I, M b) M, I, I, I c) M, M, M, I d) I, I, I, M e) I, I, M, I 5. Sobre processos, escolha a alternativa correta. a) Consistem em adaptar algo as preferências do usuário. b) Referem-se a quanto uma atividade de produção ou operação é percebida pelo cliente final. c) São a forma como pessoas, máquinas, equipamentos etc. são combinados e utilizados para a produção de produtos e/ou serviços d) São todos os produtos e serviços que possuem um conceito que é o entendimento da natureza, do uso e do valor do serviço e produto. e) São elementos que entramna produção de mercadorias ou serviços. Planejamento e controle da produção (PCP) 02 Curso Técnico em Agronegócio 34 Tema 2: Planejamento e controle da produção (PCP) No Tema 1 aprendemos os conceitos básicos sobre administração da produção. Neste novo tema que se inicia, vamos conhecer como se planeja a produção e de que modo devemos controlá-la. Você já parou para pensar onde quer estar daqui a cinco ou dez anos? Pretende ter uma renda melhor, estar aposentado, ter seu próprio negócio? O planejamento é fundamental para tudo o que fazemos, e nas organizações isso não é diferente. Planejar consiste em estabelecer objetivos que queremos alcançar e indicar de que modo faremos isso. Já controlar serve para verificar se as coisas estão acontecendo de acordo com o planejado. Ambos são fundamentais para toda e qualquer pessoa ou empresa, seja esta última de varejo, fabricação ou produção agrícola. Neste tema você aprenderá a elaborar planejamento considerando os processos de execução, controle e avaliação. Saberá como assistir o produtor nas suas atividades de gestão da propriedade rural. Fonte: Shutterstock Gestão da Produção e Logística 35 Aprenderá também como utilizar os conhecimentos da matemática básica, financeira e contábil nas atividades de comercialização, produção e gestão. Você irá identificar custos de produção para viabilizar novos investimentos. Por fim, saberá como aplicar o raciocínio lógico- matemático nas diferentes atividades de gestão: cálculo, análise, informática, dentre outros. Siga em frente e bom estudo! Tópico 1: A função do planejamento e controle Neste primeiro tópico você compreenderá a natureza da função do planejamento e controle e suas diferenças. Entenderá como o suprimento e a demanda afetam o processo de planejamento e controle. Além disso, verá mais detalhadamente as atividades de planejamento e como influem na gestão da produção agrícola e pecuária. Ao final deste tópico, você será capaz de elaborar um planejamento considerando os processos de execução, controle e avaliação e de assistir o técnico em agronegócio ou o produtor nas suas atividades de gestão da propriedade rural. Siga em frente e bom estudo! 1. O que é o planejamento e controle da produção? O planejamento e controle são atividades essenciais, seja na indústria, na agroindústria ou na fazenda. Toda e qualquer operação precisa ser planejada e controlada para ter sucesso e permitir que as organizações obtenham os resultados desejados. Para exemplificar, pense em uma fazenda que comercializa suínos e bovinos para frigoríficos na região Centro-Oeste e Sudeste. A produção de suínos é feita em alguns galpões, próximos uns aos outros, com ligações internas. Já os bovinos são criados na pastagem e, no processo final de engorda, ficam em um espaço de confinamento. Fonte: Shutterstock A gestão do processo de produção é feita pelos zootecnistas, que, além de cuidarem da produção, devem vender os animais para os frigoríficos. A saúde dos animais é controlada pelos médicos veterinários; e o trabalho operacional, por trabalhadores contratados. Além Curso Técnico em Agronegócio 36 disso, existe o pessoal que trabalha com as operações de gestão da fazenda, como compra de insumos, controle dos veículos de transporte, saída dos animais etc. Entre as atividades da fazenda, estão as transferências dos animais entre os diversos estágios de produção (maternidade, creche, terminação), embarques dos animais para o abate, limpeza das baias de suínos e da área de confinamento de bovinos, divisão do trabalho em turnos entre os trabalhadores e rotação dos empregados no caso de ausências, programação dos embarques e movimentações, conferência de entrada de insumos e saída de animais. ` Atenção Essas atividades são algumas entre tantas que servem para a administração da produção agropecuária. Da mesma forma que na fazenda do exemplo, milhares de outras têm de lidar todos os dias com um conjunto enorme de decisões, planejar as atividades futuras e controlar para que tudo ocorra de acordo com o planejado. Agora que você percebeu a importância do planejamento e controle por meio do exemplo, vamos entender melhor os seus conceitos. Os professores Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 214) explicam que “planejamento e controle dizem respeito à conciliação entre o que o mercado requer e o que os recursos de operação podem fornecer”. Concluem, ainda, que “as atividades de planejamento e controle fornecem os sistemas, os procedimentos e as decisões que mostram os diferentes aspectos do suprimento e demanda” (SLACK; BRANDON- JONES; JOHNSTON, 2013, p. 214). Mas como podemos definir o que é planejamento? Planejar é entender como a consideração conjunta da situação presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam determinados objetivos futuros. Planejar é projetar o futuro diferentemente do passado, por causas sob nosso controle (CORRÊA; CORRÊA, 2004). O planejamento, então, pode ser visto como uma visão de futuro que se pretende alcançar. Esse planejamento pode ser dividido no curto, médio e longo prazo. Planejamento de curto prazo É aquele cujas decisões têm efeito direto no processo produtivo e consistem em ações que serão executadas no curto prazo, como programar a produção da próxima semana, quinzena ou mês. Como exemplo, pense em um frigorífico que define que em determinada semana fará abate de suínos e que na semana seguinte somente de bovinos; o que está sendo feito é o plano de ação ou o planejamento de curto prazo. Gestão da Produção e Logística 37 Planejamento de médio prazo Abrange decisões mais intermediárias, com períodos maiores que o planejamento de curto prazo, geralmente ações que envolvem de um semestre até um ano. Nesse caso, um exemplo pode ser o de determinar os meses em que a produção irá parar para manutenção de equipamentos, processos que serão modificados ou melhorados. Planejamento de longo prazo Envolve ações que afetam as empresas num período acima de um ano, sendo geralmente dividido por etapas, como três, cinco ou dez anos. A decisão de uma agroindústria de ampliar sua capacidade de produção ou de uma fazenda que deseja inserir uma nova cultura produtiva são exemplos de planejamento de longo prazo. Qual a diferença entre planejar e controlar? Veja na próxima caixa de destaque. d Comentário do autor Então, podemos compreender que planejamento é a formalização do que se pretende que aconteça em determinado momento no futuro e controle é o processo de lidar com variações que podem levar os planos de curto prazo a serem refeitos. Para facilitar seu entendimento, pense que planejamento é uma programação que se pretende que aconteça. Por exemplo, ao fazer o plantio da soja em agosto/setembro, temos a expectativa de colhê-la entre janeiro e março do ano seguinte. Entretanto, se não ocorrerem chuvas para o plantio, temos de realizar ajustes no planejamento de curto prazo, pois provavelmente teremos contratos de entrega futura a serem prorrogados. Essa correção no planejamento só é possível se tivermos a atividade sob controle. Assim, podemos concluir que, no agronegócio, o planejamento é tudo que fazemos em relação a estabelecer um processo de plantio, colheita e entrega. Já o controle serve para verificar se conseguiremos atingir o planejado ou não. Atualmente, as grandes empresas que atuam no ramo de produção rural têm um planejamento e controle da produção rigorosos para evitar quebras ao longo da cadeia de suprimentos, conforme você estudará a seguir. c Leitura complementar Para saber mais sobre o planejamento e controle e sua importância para o agronegócio, estude o item 2 do material complementar. Curso Técnico em Agronegócio 38 2. Suprimento e demanda Todas as atividades de produção dependem do fluxo de suprimento e demanda para operarem. A finalidade de um produto qualquer é a de atender uma demanda do consumidor, que,como vimos anteriormente, pode ser implícita ou explícita. Se produzirmos acima da demanda, formaremos estoques. Se produzirmos abaixo da demanda, não atenderemos os clientes e perderemos faturamento. Esses dois fatores precisam ser balanceados para alcançarmos resultados positivos. Exemplo Imagine que você necessite organizar uma festa, em que muitas questões de planejamento e controle precisam ser determinadas, como número de convidados, bebidas necessárias, quantidade de salgados, de pessoas para servir durante a festa, quais entretenimentos serão disponibilizados aos convidados, como eles serão recebidos e acomodados, quais músicas tocar, entre outros. Fonte: Shutterstock Evidentemente, no dia do evento poderão ocorrer problemas, como excesso de convidados, falta de comida e bebidas, algum dos entretenimentos não aparecer como combinado e surgirem diversos outros transtornos que, muitas vezes, podem ser irreparáveis para o sucesso da festa. Realmente, um gerente de produção e operações deve ter em conta que o planejamento e controle é algo muito sério e que a sua função básica consiste em conseguir regular suprimento e demanda de maneira equilibrada. Gestão da Produção e Logística 39 Se um produtor rural plantar uma área extensa de milho e a safra mundial for muito grande, ele perderá dinheiro, porque a oferta será maior que a demanda e os preços da commodity cairão. Contrariamente, se a oferta internacional for baixa, certamente terá uma boa lucratividade, pela escassez do produto no mercado e pelo consequente aumento de preços. Por que essas coisas acontecem? Simplesmente porque coordenar oferta e demanda é uma atividade difícil que necessita de muito planejamento e controle. A demanda pode ser vista a partir de alguns aspectos: Demanda dependente Aquela gerada a partir do histórico de produção que temos. A demanda de caminhões necessárias na safra de grãos pode ser calculada mediante a previsão de colheita esperada. Demanda independente Aquela que não depende de nenhum fator histórico, e sim apenas da previsão do planejador da produção. Uma agroindústria que crie um novo tipo de suco sem igual no mercado não tem como prever quanto desse suco conseguiria vender no varejo. Nesse caso, a demanda é independente e o sucesso da estratégia depende da experiência do planejador que fará a previsão de consumo e fabricação. Demanda conhecida Aquela gerada a partir dos pedidos dos clientes. No ramo industrial, é muito comum empresas que produzem seus produtos sob encomenda. Já na agricultura e pecuária, isso não é tão comum, pois são produções de ciclo longo. 3. Atividades de planejamento Para fazer o planejamento da produção, a primeira condição é saber qual o tipo de produção que a organização executa ou irá executar. A produção é para estoque? É sob encomenda? Siga em frente para conhecer os tipos de produção. Produzir para estoque consiste na produção em grandes quantidades e no estoque em armazéns para entrega conforme o surgimento da demanda. Os produtos do agronegócio seguem muito essa tendência, daí a necessidade de áreas de armazenagem, que, às vezes, são escassas. Curso Técnico em Agronegócio 40 ' Dica Por exemplo, imagine que uma fabricante de sementes de soja compra os insumos, programa a produção, semeia, colhe, processa, ensaca e envia para o varejo. Todos esses processos ocorrem antes de o cliente fazer o pedido. Nesse caso, o tempo de fazer é máximo e o tempo de demanda é mínimo. Os custos do estoque são todos da empresa, e, se a semente estragar porque não vendeu, a sementeira assume o prejuízo. Produzir sob encomenda significa que a produção só será entregue após a encomenda do cliente. Um frigorífico pode abater os suínos apenas depois da entrada do pedido do cliente, indicando a quantidade de carcaças que deseja comprar. ' Dica Aqui o tempo de demanda ocorre no início da produção, quando as empresas já possuem os recursos, porém eles não foram processados. Obter recursos sob encomenda é o ciclo máximo entre tempo de demanda (pedido) e tempo de fazer (execução). Nessa situação, usando ainda o exemplo do frigorífico, este só vai obter os suínos para abate depois do pedido do cliente. No caso anterior, o frigorífico já tinha um pedido de suínos que seriam processados e direcionou para o cliente. ' Dica Neste caso, o frigorífico irá adquirir os suínos com o produtor rural após o pedido do cliente. Assim, dentro do planejamento de produção, uma das atividades é regular o tempo de demanda com o tempo de fazer. E essa atividade é chamada de determinação do tempo de atravessamento. As atividades de planejamento e controle da produção são: Carregamento da produção Consiste em alocar os recursos de acordo com a operação a ser realizada. Por exemplo, para semear um campo, precisamos alocar máquinas e homens, pois esses recursos estarão ocupados por um espaço de tempo. Para estabelecer o tempo de carregamento, devemos dividir o tempo de produção necessário pelo número de horas diárias que as máquinas e os homens estarão disponíveis. Gestão da Produção e Logística 41 Sequenciamento Toda atividade de produção tem uma sequência de operações que deve ser seguida para gerar o produto final. Assim, para um produto agrícola, geralmente a sequência é a preparação do solo, o plantio, a manutenção, a colheita, a distribuição. Programação Depois de sequenciada a produção é necessário efetuar a programação detalhada, indicando os movimentos e os tempos de início e final. Algumas características importantes da programação. Monitoramento e controle da operação Depois de estabelecido o carregamento, o sequenciamento e a programação, a operação precisa ser monitorada e controlada. Assim, deve ser comparado o programado com o que está sendo executado para garantir que os prazos serão atendidos. Monitoramento e controle da produção Replanejar Controle Entrada Processamento Saída Fonte: Slack, Brandon-Jones, Johnston (2013). c Leitura complementar Para saber mais sobre as atividades de planejamento para suprimento e demanda, estude o conceito de tambor e pulmão no material complementar, item 2. Tópico 2: Planejamento e controle da capacidade O planejamento e controle da capacidade de produção é fundamental para uma organização conseguir avaliar sua capacidade de atender a demanda e calcular a sustentabilidade do negócio. Na produção agrícola isso nem sempre é levado em conta no momento da produção e o resultado são diversos gargalos de armazenagem, transporte, portos etc. Outro problema oriundo da falta de planejamento da capacidade é a redução dos lucros por perdas e excesso de produção no mercado. Neste tópico vamos conhecer os conceitos fundamentais do planejamento e controle da capa- cidade e como fazer esse planejamento. Ao final, você será capar de utilizar os conhecimentos Curso Técnico em Agronegócio 42 da matemática básica, financeira e contábil nas atividades de comercialização, produção e gestão, assim como identificar custos de produção para viabilizar novos investimentos. Siga em frente e bom estudo! 1. Conceitos de capacidade de produção Slack, Chambers e Johnston (2009) estabelecem que o “planejamento e controle da capacidade é a tarefa de determinar à capacidade efetiva da operação produtiva, de forma que ela possa responder pela demanda”. Desse modo, podemos entender que toda organização deve identificar qual a sua capacidade produtiva mediante as estruturas disponíveis. Em uma indústria isso é mais fácil, pois depende da capacidade das máquinas e dos equipamentos instalados, bem como da área. Na produção agrícola, a restrição à capacidade atualmente está condicionada, em especial, ao tamanho da área. Além disso, como iremos discutir, a produção agrícola tem muitos gargalos logísticos. J Reflexão A capacidade de produção agrícola está atrelada a fatores como área, infraestrutura viária, transporte, áreas de armazenagem. Entretanto, essas diversasatividades estão vinculadas a setores diferentes, como produtores rurais, transportadores, governo, associações, cooperativas, empresas de comercialização. Como você acha que essas empresas deveriam lidar com o planejamento e controle da capacidade da produção agrícola brasileira? Os objetivos do planejamento e controle de capacidade podem afetar os custos e as receitas, o capital de giro, a qualidade e a confiabilidade. Veja a seguir como o planejamento e controle interferem nesses fatores. Custos e receitas – a capacidade produtiva deve estar alinhada à demanda existente do mercado consumidor. Portanto, produzir mais do que o que pode ser vendido resulta em estoques e queda de preços. Ao contrário, produzindo abaixo da capacidade, você tem custos de subutilização de mão de obra, equipamentos e uso da estrutura, o que aumenta o custo do produto e reduz a competitividade. É o chamado custo de oportunidade. Custo de oportunidade Consiste no custo econômico que temos quando optamos por determinada ação, e não por outras. O retorno que dariam as atividades não realizadas com os recursos é o custo de oportunidade, ou seja, são as oportunidades perdidas por aplicar os recursos no seu negócio. Gestão da Produção e Logística 43 Exemplo Imagine que você decida cursar uma faculdade. O seu custo de oportunidade consiste em tudo que você terá de abrir mão para fazer o curso de graduação, como: o dinheiro pago pelas mensalidades, o tempo não despendido com a família, o valor que poderia ganhar se estivesse trabalhando nas horas que está estudando, os juros que deixou de ganhar se tivesse aplicado o dinheiro. Tudo isso compõe o seu custo de oportunidade por estudar. Capital de giro – uma das soluções para coordenar a oferta e demanda é produzir para estoque. A lógica é que se mantém, ao longo do tempo, a mesma produção, produzindo para estoque no período de baixa demanda, que servirá para cobrir o período de alta demanda. Entretanto, produzir para estoque indica que a empresa deve financiar a produção e, portanto, precisa de capital de giro. Fonte: Shutterstock Qualidade – o planejamento da capacidade também pode afetar a qualidade de bens e serviços. Para produzir mais, precisa contratar funcionários temporários, que, pela falta de experiência, podem afetar a qualidade dos itens. ` Atenção Máquinas e equipamentos produzindo por muitas horas seguidas também podem interferir na qualidade do que está sendo produzido. Confiabilidade – é afetada pelo alto uso de capacidade. Quanto mais a produção estiver próximo da capacidade, menor a margem para eventuais paradas destinadas a manutenção, o que afeta a confiabilidade de que o produto será entregue no prazo. Curso Técnico em Agronegócio 44 Etapas para gestão da capacidade A seguir, confira as etapas para a gestão da capacidade. Etapa 1 - Medir a demanda e a capacidade agregada Etapa 2 - Identificar os planos de capacidade alternativos Etapa 3 - Escolher o plano de capacidade adequado Tempo Estimativa da capacidade atual Pr od uç ão a gr eg ad a Etapas para gestão da capacidade Previsão da demanda Fonte: Slack, Brandon-Jones, Johnston (2013). A gestão da capacidade depende de uma sequência de decisões. Quando precisamos lidar com o planejamento da capacidade, a primeira etapa é entender os números referentes à demanda, se teremos mercado para nossos produtos. ' Dica Numa produção agrícola, o primeiro passo seria verificar se vamos ter demanda para o milho que pretendemos plantar, por exemplo, e o quão confiáveis são esses números. A segunda etapa é verificarmos se conseguiremos ter planos alternativos que podem ser adotados em caso de flutuação da demanda. Se produzirmos demais, teremos onde estocar o milho caso a demanda flutue para baixo? Desse modo, estamos validando se temos condições de soluções alternativas se necessário. Na terceira etapa escolheremos o plano de capacidade que iremos adotar, o quanto produziremos. A seguir vamos aprender como fazer o planejamento da capacidade. Gestão da Produção e Logística 45 2. Como planejar a capacidade de produção? Como vimos anteriormente, para planejarmos a capacidade, devemos, em primeiro lugar, determinar a demanda e a capacidade produtiva. A demanda precisa ser calculada em valores que são mensuráveis para a produção; não adianta saber quantos milhões de reais venderei de soja, e sim quantas toneladas poderão ser vendidas. ` Atenção A demanda deve ser o mais precisa possível, para evitar excesso de carga de produção, ou seja, alocação de mais máquinas, empregados e área do que necessário. Outro fator que pode interferir no planejamento da capacidade é a flutuação da demanda. Para alguns produtos a demanda é constante, porém, para outros setores é flutuante, o que dificulta o processo de planejamento. A sazonalidade também é um fator importante para o planejamento da capacidade. Ela interfere tanto na demanda como no suprimento. Assim, alguns produtos têm períodos de produção altos e outros de escassez, bem como a demanda também. d Comentário do autor Para facilitar seu entendimento, vamos pensar sobre o caso dos famosos ovos de chocolate comercializados na Páscoa. Eles têm uma demanda sazonal, ou seja, só são vendidos durante um curto período de tempo. Essa sazonalidade interfere diretamente no planejamento da capacidade de uma indústria de chocolates, tendo de dimensionar a produção e os estoques que serão demandados no curto período sazonal. Na agricultura também encontramos sazona- lidade na produção. A soja é plantada em um período e colhida em outro; o milho, o café etc. seguem esse mesmo ciclo. Desse modo, uma usina de açúcar e etanol, como vimos anteriormente, tem um período de produção sazonal de cana-de-açúcar que influencia nos períodos de safra com preços menores para o combustível e os alimentos. A demanda, como podemos perceber, não é uma variável simples de calcular; depende de fatores externos inerentes ao perfil de con- Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 46 sumo. Entretanto, um gestor de produção precisa tomar decisões com base na demanda estimada e na sua capacidade produtiva. O estabelecimento da capacidade produtiva depende do mix de atividades, do tempo disponível de mão de obra e de máquinas e equipamentos. Num transporte de passageiros, calculamos a capacidade em passageiros/hora; num hospital, em pacientes/médicos/hora; num processo de fabricação, em produtos/hora, e assim por diante. j Atividade prática Calculando a capacidade I: Um frigorífico de frangos pode produzir frangos inteiros, cortes ou miúdos para comercialização. O processamento de um frango inteiro consiste no abate, na limpeza, no corte dos pés, na retirada de miúdos e na embalagem, o que pode ser feito em dez minutos. Já o frango em cortes exige 20 minutos, pois as partes precisam ser cortadas e embaladas separadamente de acordo com o tipo de produto (peito, coxa, asa etc.). O departamento de vendas informou que os cortes vendem duas vezes mais do que o frango inteiro. Portanto, temos a proporção de produção de 1:2 (um frango inteiro para dois frangos em cortes). O gerente de produção, com base nesses dados, pretende organizar sua produção de oito horas. Qual a capacidade produtiva de frangos inteiros e em cortes? O primeiro passo consiste em calcular o tempo de produção na proporção da demanda: tempo de produção = (1 × 10) + (2 × 20) = 50 minutos Desse modo, sabemos que, para produzir três unidades de acordo com a proporção da demanda apresentada, o tempo é de 50 minutos por ciclo (é importante observar que estamos considerando o corte como apenas uma unidade, ou seja, como se todos os cortes do frango fossem uma única peça, para efeito de capacidade de produção). Se sabemos que a jornada é de oito horas, logo temos: capacidade de produção = (8 x 60 minutos) 50 x 3 = 28,8 = unidades/dia[ ] Isso significa que o frigorífico tem capacidade de produzir 28,8unidades/dia, somando frangos inteiro e cortes. Caso queira saber a produção em uma semana, considerando uma jornada de trabalho de cinco dias, o cálculo seria: 28,5 × 5 = 142,5 unidades/semana Gestão da Produção e Logística 47 É importante diferenciarmos agora que, para o gestor de produção, existem três tipos de capacidade: a efetiva, a de projeto e a real de produção. A capacidade de projeto é aquela estabelecida no momento do planejamento da planta de produção. Definimos a quantidade de máquinas e equipamentos, bem como a mão de obra desejada para produzir determinada quantidade máxima que esses bens e essas pessoas podem produzir. Contudo, todo equipamento necessita de manutenção e paradas técnicas de ajustes e alteração do processo. Essas perdas por paradas técnicas independem do gerente de produção; portanto, quando deduzidos os tempos dessas paradas, temos a capacidade efetiva da instalação. Evidentemente, alguns outros problemas podem ocorrer, como falta de empregado, quebra da máquina, problemas de qualidade. Quando essas perdas são descontadas da capacidade efetiva, o que nos sobra é capacidade real de produção. Essas três variáveis podem ser descritas por meio do cálculo de utilização e eficiência do sistema. j Atividade prática Calculando a capacidade II: utilização e eficiência Suponha que uma usina de açúcar e etanol tem capacidade de projeto de 10 mil litros de etanol por hora e que a produção trabalhe 7 dias por semana e 16 horas por dia (7 x 16 = 112 horas/semana). Para calcular a capacidade de projeto, temos: capacidade de projeto = 10.000 × 16 × 7 = 1.120.000 de litros por semana Agora suponha que, durante a semana, a usina ficou parada 10 horas para manutenção, houve investigação por falhas de qualidade em mais 12 horas e interrupção de mais 10 horas na produção do etanol para produção de outros produtos. Isso alterou a capacidade efetiva: capacidade efetiva = 112 - 10 = 102 horas capacidade real de produção = 112 - 12 - 10 - 10 = 80 horas ... Fonte: Shutterstock Curso Técnico em Agronegócio 48 j Logo: 10.000 × 80 = 800.000 litros por semana Desse modo, podemos calcular a utilização: utilização = volume de produção real / capacidade de projeto utilização= 800.000 1.120.000 = 0,71 = 71% E a eficiência: eficiência = volume de produção real / capacidade efetiva utilização= 800.000 (102 x 10.000) = 0,784 = 78,4% Tópico 3: Planejamento e controle de estoque Agora que você entendeu o que é o planejamento e controle da produção e aprendeu como calcular a capacidade de uma planta de produção, vamos estudar um pouco os estoques, que, como vimos, têm o papel de regular oferta e demanda e manter o fluxo nas operações, mesmo com a existência de gargalos de produção. Ao final deste tópico, você será capaz de aplicar o raciocínio lógico-matemático nas diferentes atividades de gestão: cálculo, análise, informática, entre outros. Siga em frente e bom estudo! 1. Conceito de estoque Imagine que você tenha acordado cedo para capinar o jardim. Trabalha sob sol forte até o meio-dia, quando decide ir almoçar. Entra em casa todo feliz, abre a geladeira e descobre que não tem nada. Olha a despensa, e o cenário é o mesmo. Antes que entre em desespero, a primeira solução é ligar para um restaurante e pedir comida ou, se preferir, ir até um. Existe também a solução de ir até o supermercado e comprar novos alimentos. Agora, todo o problema poderia ser facilmente resolvido se tivesse guardado temporariamente alguns alimentos na sua despensa e na geladeira ou planejado a reposição da despensa antes de acabarem os mantimentos existentes. Assim, podemos concluir que é fundamental o estoque de materiais para manutenção do fluxo de produção e consumo. Precisamos de alimentos guardados para poder preparar o almoço, o supermercado precisa de alimentos estocados para repor nas prateleiras; nós, para repor nossas despensas. Os fornecedores dos supermercados devem ter produtos estocados para atender rapidamente a esses estabelecimentos. Gestão da Produção e Logística 49 Imagine o caos que seria se, toda vez que precisássemos de deter- minado alimento, tivéssemos de encomendá-lo ao supermercado e este, por sua vez, somente então encomendar ao seu fornecedor. Para evitar essas falhas é que os sistemas dependem de estoques. Estoques nada mais são do que a guarda temporária de produtos. Na produção eles estão espalhados por diversas operações. Se eles forem grandes demais, trarão risco para empresa por excesso de capital investido parado e risco de ficarem ultrapassados. Se faltarem, colocarão em risco toda a operação da empresa e levarão à perda de clientes. Uma boa definição de estoques é dada por Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 188): “Estoque é a cumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação.” Assim, todo sistema pode ser visto como um modelo de transformação, ou sistema de transformação, e, portanto, está sujeito aos estoques. A produção de grãos seria inviável se não houvesse estruturas de armazenagem ao longo da cadeia produtiva que permitissem que esses estoques se acumulassem, regulando a oferta e demanda e viabilizando o processo de comercialização e distribuição. 2. Tipos de estoque e materiais armazenados Os estoques, do ponto de vista de produção, são classificados em: de segurança, de ciclo, de antecipação, de distribuição. • Estoque de segurança – toda operação tem uma oferta e demanda que são muito difíceis de serem reguladas. O ideal seria que a quantidade produzida fosse a vendida. ` Atenção O estoque de segurança é a quantia mínima existente em um sistema para que este não pare de funcionar. As cadeias de armazenagem e distribuição de grãos são obrigadas a manter um estoque de segurança que minimize o risco da falta destes, que pode ocorrer pela diminuição da produção devido aos problemas climáticos, por exemplo. • Estoque de ciclo – suponha que esteja muito calor e que, perto da sua residência, exista uma fábrica de picolés. Quando você vai à fábrica, que sabiamente tem uma pequena sorveteria na entrada, você deseja um picolé de coco, um de chocolate e outro de morango. Curso Técnico em Agronegócio 50 ` Atenção Isso só será possível se a fábrica de sorvete trabalhar com estoques de ciclo, afinal os picolés são produzidos na mesma linha de produção. Assim, a fábrica de sorvetes produz uma quantidade de certo sabor e armazena, faz outro sabor e armazena, e assim por diante. Esses estoques que permitem atender uma demanda dos mais variados sabores são conhecidos como estoques de ciclo, ou seja, armazenam os lotes de produção. Na agricultura um exemplo é a produção de soja e depois milho na mesma terra: ciclo da soja e ciclo do milho. • Estoque de antecipação – muito comum em operações sazonais, como os ovos de chocolate na Páscoa, que são produzidos o ano inteiro e colocados no estoque de antecipação para serem comercializados nesse curto período. • Estoque de distribuição – esse tipo de estoque existe porque não é possível fabricar e entregar um produto imediatamente. Então são gerados estoques ao longo do canal de distribuição para facilitar a entrega dos produtos aos clientes finais nos prazos adequados. Os materiais armazenados podem ser: • Matéria-prima – são os insumos básicos para a maioria dos produtos industrializados e onde se encontram muitos produtos do agronegócio. A matéria-prima pode estar no seu estado original ou ter passado por um processo de transformação. Como exemplo podemos citar produtos agrícolas, minério de ferro, chapas de aço, polímeros etc. Legenda: Algodão utilizado como matéria-prima na fabricação de tecidos. Fonte: Shutterstock Gestão da Produção e Logística 51 • Materiais em processo – são aqueles que aguardam serem novamente processados: o processo de envelhecimento de um vinho, uma peça aguardando ser montada ou um produto agrícola esperando ser processado. A soja, por exemplo,
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