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T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 1 CAPÍTULO 03 – CINÉTICA E DINÂMICA DOS FÁRMACOS FARMACOCINÉTICA É o movimento dos fármacos pelo organismo após sua administração, abrangendo os processos de: 1- ABSORÇÃO (a via endovenosa não apresenta) 2- DISTRIBUIÇÃO 3- BIOTRANSFORMAÇÃO (METABOLISMO) 4- ELIMINAÇÃO (EXCREÇÃO) Apesar de abordados individualmente, acontecem quase que de forma simultânea. ABSORÇÃO Consiste na transferência do fármaco desde seu local de aplicação até alcançar a corrente circulatória. *por isso, a administração de fármacos pela via intravenosa NÃO depende da absorção, pois o medicamento é injetado diretamente na corrente sanguínea. (por isso agem mais rápido, pois são “poupados” de uma dessas etapas) A grandeza dos efeitos de um fármaco no organismo é quase sempre proporcional ao seu grau de absorção, o que determina a escolha da via de administração e a dosagem. Por exemplo, na prescrição de uma penicilina por VIA ORAL, deve-se optar pela fenoximetilpenicilina (penicilina V), pela ampicilina ou pela amoxicilina, que são bem absorvidas por essa via, AO CONTRÁRIO das benzilpenicilinas (penicilinas G), que mesmo em altas doses são inativadas pelos sucos digestórios, daí serem empregadas exclusivamente por via parenteral (intramuscular ou intravenosa). A quantidade e a velocidade na qual o princípio ativo de um fármaco é absorvido a partir da forma farmacêutica, tornando-se disponível no local de ação, expressam o que se chama de BIODISPONIBILIDADE. • Quanto maior for a biodisponibilidade de um fármaco, mais rápida será sua resposta terapêutica. • Ela pode ser afetada pelo grau de desintegração ou dissolução das formas farmacêuticas nos líquidos orgânicos, ou seja, um mesmo princípio ativo pode apresentar uma biodisponibilidade maior ou menor de acordo com a formulação farmacêutica. • A biodisponibilidade é decrescente conforme o fármaco se apresente nas seguintes formas farmacêuticas: solução > emulsão > suspensão > cápsula > comprimido > drágea *quanto mais sólido vai ficando, menos biodisponível vai se tornando. • As pequenas diferenças de biodisponibilidade justificam, em alguns casos, a escolha da forma farmacêutica de um determinado medicamento. T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 2 • Geralmente, a biodisponibilidade é maior e mais previsível quando o fármaco é administrado por via parenteral, que quase sempre é empregada em situações de emergência ou quando o paciente está inconsciente. O medicamento deve ser ingerido com 250 ml de água. Mais que isso pode diluir o medicamento, diminuindo sua eficácia. E a ingestão com leite, chá ou suco pode gerar reações com o medicamento. • Com relação aos MOMENTOS DAS TOMADAS DOS MEDICAMENTOS, a regra é buscar um equilíbrio entre o estômago completamente vazio e o estômago cheio. *No caso dos antibióticos, é preferível que sejam tomados 1 h antes ou 2 h após as grandes refeições, pois, se não há nada no estômago, a passagem do medicamento para o intestino é mais rápida e sua absorção, acelerada (o duodeno é o principal local de absorção de fármacos). • Apesar de haver maior proteção à mucosa gástrica quando o estômago está cheio, o bolo alimentar diminui o contato da parede estomacal com o fármaco, reduzindo sua passagem para o intestino e, consequentemente, seu grau de absorção. Para se avaliar a biodisponibilidade de um fármaco, são traçadas curvas de concentração sanguínea em função do tempo, de onde são extraídos os seguintes parâmetros farmacocinéticos: MEIA-VIDA (T ½) – Representa o tempo gasto para que a concentração plasmática original de um fármaco no organismo se reduza à metade, após sua administração. A cada intervalo de tempo correspondente a uma meia-vida, a concentração decresce em 50% do valor que tinha no início do período. Os fármacos não são eliminados na sua totalidade, mas para fins didáticos o processo se completa após quatro meias-vidas. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MÁXIMA (C MÁX) – É a maior concentração sanguínea alcançada pelo fármaco após a administração oral, sendo, por isso, diretamente proporcional à absorção. Depende diretamente da extensão e da velocidade de absorção, mas também da velocidade de eliminação, uma vez que esta se inicia assim que o fármaco é introduzido no organismo. TEMPO PARA ALCANÇAR A CONCENTRAÇÃO MÁXIMA NO PLASMA (T MÁX) – É alcançado quando a velocidade de entrada do fármaco na circulação é excedida pelas velocidades de eliminação e distribuição. Este parâmetro reflete diretamente a taxa de absorção do fármaco. ÁREA SOB A CURVA DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA X TEMPO (ASC OU AUC) –Este parâmetro pode ser considerado representativo da quantidade total de fármaco absorvido, após a administração de uma só dose. -- EQUIVALENTES FARMACÊUTICOS – Medicamentos que contêm a mesma substância ativa, na mesma quantidade e forma farmacêutica. MEDICAMENTOS BIOEQUIVALENTES – São equivalentes farmacêuticos que, ao serem administrados na mesma dosagem e condições experimentais, não apresentam diferenças estatisticamente significativas em relação à biodisponibilidade. T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 3 *logo, nem todo equivalente farmacêutico é bioequivalente! EQUIVALÊNCIA TERAPÊUTICA – Dois medicamentos são considerados terapeuticamente equivalentes se forem farmaceuticamente equivalentes e, após sua administração na mesma dose molar, seus efeitos em relação à eficácia e segurança forem essencialmente os mesmos. RESI !!!!! No Brasil, a intercambialidade do MEDICAMENTO GENÉRICO com o de referência é assegurada por testes de equivalência farmacêutica e de bioequivalência realizados por laboratórios credenciados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e sua qualidade, pelo monitoramento das unidades produtivas quanto ao atendimento das Boas Práticas de Fabricação (BPF), de acordo com a RDC no 210/2003. 2.DISTRIBUIÇÃO Os fármacos penetram na circulação sanguínea por ADMINISTRAÇÃO DIRETA (via intravenosa) ou INDIRETA, após absorção a partir do local de aplicação. Uma vez no sangue, distribuem-se aos diferentes tecidos do organismo, onde irão exercer suas ações farmacológicas. O teor e a rapidez de distribuição de um fármaco dependem, principalmente, de sua ligação às proteínas plasmáticas e teciduais. Após a absorção, eles apresentam-se no plasma na forma livre apenas parcialmente, pois uma proporção maior ou menor do fármaco irá se ligar às proteínas plasmáticas, geralmente à albumina e às alfa-globulinas. A fração do fármaco ligada às proteínas plasmáticas NÃO apresenta ação farmacológica, ou seja, somente a fração livre do fármaco é responsável pelo seu efeito. Toda vez que a fração livre do fármaco deixa o plasma e se distribui aos tecidos, uma proporção correspondente se desliga das proteínas plasmáticas e torna-se livre. A competição de dois fármacos pelos mesmos sítios de ligação às proteínas plasmáticas pode acarretar implicações clínicas na sua prescrição. Assim, o fármaco com maior afinidade de ligação tem “preferência” sobre outro com menor afinidade, que é deslocado, aumentando sua fração livre no plasma e, por consequência, seus efeitos farmacológicos. 3.BIOTRANSFORMAÇÃO Após serem absorvidos e distribuídos aos locais de ação para exercerem seus efeitos farmacológicos, os fármacos são biotransformados (metabolizados), na grande maioria das vezes. Por biotransformação entende-se um conjunto de reações enzimáticas que transformam o fármaco num composto diferente daquele originalmente administrado, para que possa ser eliminado. T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O do n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 4 • O fígado constitui-se no principal local de ocorrência • Também acontece em menores proporções na mucosa intestinal, nos pulmões (ex.: prilo), na pele, na placenta e no próprio plasma sanguíneo (ex.: articaína). (FIPPPP) Alguns fármacos são eliminados com tanta eficácia pelo fígado ou pela parede intestinal que a quantidade que chega à circulação sistêmica é consideravelmente menor do que a absorvida. Esse processo é denominado de METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM ou METABOLISMO PRÉ-SISTÊMICO, que resulta na diminuição da biodisponibilidade do fármaco. Alguns fármacos de uso odontológico têm um significativo metabolismo de primeira passagem, como a lidocaína e o ácido acetilsalicílico. 4.ELIMINAÇÃO Após serem absorvidos, distribuídos e biotransformados pelo organismo, os fármacos são eliminados para o meio externo. • Em geral através dos rins (por isso devemos ter mt cuidado com pct. NEFROPATAS) • Podendo também ser excretados pelos pulmões, pela bile, pelas fezes, pelo suor, pelas lágrimas, pela saliva e pelo leite materno. Entre os fatores que influenciam na velocidade de eliminação de fármacos pela via renal, destacam-se os de ordem fisiológica, como a idade do paciente. • Nos idosos, por exemplo, a eliminação de certos medicamentos pela urina pode ser prejudicada, por apresentarem a função renal diminuída.Isso justifica o emprego de doses menores de benzodiazepínicos em idosos (p. ex., lorazepam), para se evitar a maior duração de seus efeitos. A excreção pelo leite materno também limita o uso de alguns medicamentos em lactantes, que podem causar diretamente efeitos adversos na criança. A excreção pelo suor, pela saliva e pelas lágrimas é quantitativamente desprezível, da mesma forma que através dos cabelos e da pele. FARMACODINÂMICA A farmacodinâmica é o ramo da ciência que estuda os mecanismos de ação dos fármacos e seus efeitos no organismo. AÇÃO E EFEITO • A AÇÃO de um fármaco nada mais é do que o local onde ele age; • o EFEITO, o resultado dessa ação. Um determinado fármaco pode atuar em diferentes sítios do organismo e, em decorrência, provocar diversos efeitos, desejáveis ou indesejáveis. T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 5 INTERAÇÃO COM RECEPTORES E OUTROS SÍTIOS DO ORGANISMO A ação de um fármaco ocorre quando ele interage com os sítios orgânicos de resposta, que se constituem em estruturas celulares especializadas (receptores) e sítios reativos em enzimas, que dependem da ligação com o fármaco, ou ainda por tecidos ou fluidos orgânicos, que se modificam por ação inespecífica gerada pela simples presença do mesmo. RELAÇÃO DOSE-EFEITO Para qualquer substância com atividade farmacológica, a intensidade do efeito produzido será diretamente proporcional à sua concentração no local de ação, num tempo determinado. • A intensidade do efeito de um fármaco geralmente aumenta de acordo com o aumento da dose administrada. • Para alguns fármacos, o aumento das doses e, consequentemente, de seus efeitos não apresenta limites, exceto pelos riscos determinados. Para outros, o efeito atinge uma grandeza que não mais se modifica, chamado de efeito máximo ou efeito platô. *Como exemplo prático, pode-se citar a relação dose-efeito de alguns analgésicos. No caso do ácido acetilsalicílico (aspirina), o efeito analgésico máximo para a maioria dos indivíduos é obtido com uma dose de 650 mg. Para a dipirona, esta dose é de 800 mg a 1 g e para o paracetamol, de 750 mg a 1 g. Isso significa que, para a grande maioria dos pacientes, tais doses são as que promovem o efeito máximo esperado (no caso, a analgesia). O aumento aleatório da dose desses analgésicos acima dos limites citados não irá, portanto, trazer benefícios ao paciente. Pelo contrário, poderá apenas contribuir para o aumento dos efeitos adversos. DOSE EFICAZ MEDIANA E DOSE LETAL MEDIANA • A DOSE EFICAZ é aquela capaz de produzir os efeitos benéficos • A DOSE LETAL é aquela capaz de matar. • A dose de um fármaco, necessária para produzir um efeito desejado em 50% dos indivíduos, é chamada de DOSE EFICAZ MEDIANA (DE50). • A dose capaz de matar 50% dos animais em um determinado experimento é chamada de DOSE LETAL MEDIANA (DL50) • Quando o efeito não é a morte, pode-se falar então em DOSE TÓXICA MEDIANA (DT50). Todo e qualquer medicamento produz efeitos terapêuticos desejáveis e efeitos adversos, Uma das formas de se estabelecer a SEGURANÇA CLÍNICA de um medicamento é dividir o valor de sua dose letal mediana pelo valor de sua dose eficaz mediana (DL50/DE50), encontrando-se o ÍNDICE TERAPÊUTICO. • Esse índice confere uma segurança relativa quando apresenta valores superiores a 10. • Portanto, os pacientes em uso de medicamentos com baixo índice terapêutico devem ser periodicamente monitorados, pela possibilidade de apresentarem efeitos tóxicos ou interações medicamentosas clinicamente relevantes. *pq a dosagem do efeito tóxico deve ser bem maior que o terapêutico, pq assim vai ser bem mais menos provável de chegar lá. Já que existe uma grande diferença entre eles, logo, muito mais dificilmente irei chegar na dose toxica, pois com muito menos já alcanço a terapêutica. T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 6 • São exemplos de fármacos com baixo índice terapêutico: 1- Digoxina 2- Fenitoína (anticonvulsivante) – causa hiperplasia gengival 3- Carbamazepina 4- Teofilina 5- Carbonato de lítio 6- Ciclosporina (imunossupressor) – causa hiperplasia gengival 7- Varfarina sódica. REAÇÕES ANÔMALAS E EFEITOS ADVERSOS DOS FÁRMACOS Muitas vezes, a resposta do organismo a um fármaco não é aquela desejável. Isso decorre de fatores ligados ao próprio fármaco, ao organismo com o qual ele se põe em contato ou da interação de ambos esses fatores. FATORES DEPENDENTES DO PRÓPRIO FÁRMACO 1. EFEITOS COLATERAIS (REAÇÃO ADVERSA) - São os que ocorrem de forma simultânea com o efeito principal, que às vezes limita o uso do fármaco, não devendo ser confundidos com os EFEITOS SECUNDÁRIOS, pois estes podem ser benéficos, enquanto os primeiros não. - Embora a maioria dos profissionais da saúde use o termo efeito colateral, a expressão reação adversa parece mais apropriada para os efeitos potencialmente prejudiciais. - Segundo a OMS, o termo reação adversa a medicamentos “[...] é uma resposta nociva e indesejável, não intencional, que aparece após a administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para a profilaxia, o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade.”. *A morfina e seus derivados são fármacos que, além da analgesia (seu efeito principal), provocam sonolência, depressão respiratória e constipação intestinal como reações adversas ou efeitos colaterais. 2. EFEITOS TERATOGÊNICOS Podem ser considerados como reações adversas graves, caracterizadas pela ação do fármaco sobre o feto, o que provoca alterações morfológicas, funcionais e emocionais no mesmo, sobretudo quando administrado no PERÍODO DA ORGANOGÊNESE (entre a 2ª e a 10ª semana de gestação). Ex.: TALIDOMIDA (antiemético) – causou perda gestacional, malformações severas, especialmente de membros, anomalias cardíacas, renais e surdez. 3. EFEITOS SECUNDÁRIOS OU REAÇÕES COM ALVOS ALTERNATIVOS (OFF TARGET) São os que não ocorrem simultaneamente ao efeito principal • Decorrentes da ação do fármaco em outros sítios do organismo, mas sim em consequência do próprio efeito principal e dependentes da sua composição molecular específica ou da sua farmacocinética. *Ex.: HEPATOTOXICIDADE associada ao paracetamol, cuja sobredosagem é a causa mais comum de insuficiência hepática aguda em todo o mundo. Os danos ao fígadonão são devidos à substância em si, mas a um metabólito tóxico, chamado N- acetil- -p-benzoquinonaimina (NAPQI), produzido pelo citocromo P-450, sistema enzimático responsável pela biotransformação hepática do paracetamol. 4. SUPERDOSAGEM (OVERDOSE) É a administração de doses anormalmente elevadas de um fármaco, nesse caso denominada de superdosagem absoluta. T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 7 • A superdosagem pode ser também relativa, no caso em que a dose é adequada, em valores absolutos, porém administrada com grande velocidade no interior de um vaso sanguíneo. *É o que acontece com os anestésicos locais, que, se injetados acidentalmente pela via intravenosa, atingem altas concentrações plasmáticas que poderão acarretar efeitos tóxicos de menor ou maior gravidade. FATORES DEPENDENTES PRINCIPALMENTE DO ORGANISMO 1. HIPERSENSIBILIDADE Compreende as reações imunológicas • Podem se manifestar como uma simples urticária ou até mesmo como uma reação anafilática fatal. • Na patogenia das reações alérgicas, o primeiro contato com o fármaco pode provocar uma hipersensibilização do organismo; uma subsequente administração poderá desencadear reações alérgicas ou anafiláticas. *Os fármacos são moléculas pequenas, sem propriedade antigênica, mas que podem funcionar como haptenos, ligando-se a moléculas proteicas para constituir um complexo antigênico, que, por sua vez, induz à formação de anticorpos. Numa nova administração da substância, estabelece-se a reação antígeno-anticorpo, com liberação de histamina, serotonina, leucotrienos e SRS-A (substância de reação lenta da anafilaxia), responsáveis pelas reações ou manifestações alérgicas. • Tais reações podem surgir: 1. Imediatamente após: urticária, coriza, lacrimejamento, broncoespasmo, edema de laringe e anafilaxia 2. Ou tardiamente: eczema, dermatite de contato, doença do soro, etc • Praticamente todo fármaco tem a capacidade de causar reações de hipersensibilidade, dependendo das características individuais. Alguns, entretanto, causam-nas com maior frequência, como é o caso das penicilinas, das cefalosporinas e das sulfonamidas. • As reações de hipersensibilidade não dependem da dose, podendo ser desencadeados por quantidades mínimas do alérgeno, APÓS sensibilização prévia. • Com relação aos anestésicos locais, não é raro o paciente odontológico relatar que, certa vez que foi anestesiado, teve uma “reação alérgica”, começou a passar mal e quase desmaiou. Apesar de algumas soluções anestésicas possuírem certo potencial antigênico, pela presença de metabissulfito de sódio em sua composição, é necessário diferenciar as reações alérgicas verdadeiras das reações de fundo psicogênico (“medo da seringa e da agulha”), muito mais comuns. 2. IDIOSSINCRASIA Reação qualitativamente diferente da esperada na maioria dos indivíduos, com mecanismos ainda não bem compreendidos, admitindo-se que possam estar relacionados com características genéticas. • Pode evidenciar-se por sensibilidade extrema às doses baixas ou por insensibilidade extrema às doses altas dos compostos químicos. *EX.: toxicidade por anestésicos locais do grupo éster em pacientes com baixa atividade das colinesterases plasmáticas. FATORES DEPENDENTES DO MEDICAMENTO E DO ORGANISMO 1. TOLERÂNCIA OU RESISTÊNCIA T e r a p ê u t i c a M e d i c a m e n t o s a e m O d o n t o l o g i a – D a y a n n e A l v e s | 8 Reação que pode ocorrer após o uso prolongado de certos fármacos, especialmente os que atuam no sistema nervoso central. • Em indivíduos que desenvolvem tolerância é necessário aumentar progressivamente as doses do fármaco para manter a intensidade de seus efeitos iniciais. • É pouco provável que a tolerância ou resistência ocorra com os medicamentos de uso rotineiro em odontologia. 2. DEPENDÊNCIA Em alguns casos, em conjunto com a tolerância, ocorre uma dependência para com os efeitos do fármaco, ou seja, após seu uso continuado, o indivíduo passa a necessitar do fármaco para manter-se em equilíbrio, podendo desenvolver ABSTNÊNCIA na privação. 3. EFEITO PARADOXAL É o efeito contrário ao esperado após a administração de um fármaco. *Ex.: a manifestação de intensa agitação após o uso de diazepam, ao invés de sedação desejada, que ocorre eventualmente em crianças e idosos (incidência de 1-3% dos casos).
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