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Ciclo estral Informação geral A duração do ciclo estral é o período de tempo compreendido entre o início do estro e nova ocorrência. Existem diferenças substanciais entre as espécies domésticas quanto à ocorrência, controle e eventos relacionados ao ciclo estral. As ovelhas, cabras e é éguas têm ciclos estrais durante um período limitado do ano e são conhecidas como procriadores sazonais. Durante a estação de acasalamento, o animal não-gestante de tais espécies exibe uma série de ciclos estrais. Esses animais também são conhecidos como poliéstricos sazonais. As vacas e porcas têm ciclo estrais durante todo o ano e, consequentemente, são denominadas espécies procriadoras não-sazonais ou poliéstricas não-sazonais. A cadela, ao contrário, possui um único período de estro separados por anestro. Normalmente, ocorre anestro pós-parto por um intervalo variável conforme a espécie. As espécies procriadoras sazonais são, algumas vezes, anéstricas exceto na estação de acasalamento. A gata, coelha e fêmeas do furão bem como do camelo representam espécies cuja ovulação é induzida, o que significa a necessidade de cópula, para que ocorra ovulação. Ao contrário, a maioria das espécies ovula espontaneamente após sequencia apropriada de eventos endocrinológicos e fisiológicos. Nos grandes animais, o útero secreta PGF2α, que age como mediador do final da fase lútea ou luteólise (regressão do CL). Por isso, a PGF2α é luteolítica. Em espécies como a canina, uma sinalização luteolítica do útero não ocorre. Entretanto, em todas as espécies o estradiol dos folículos ovarianos induz a estro. A relação temporal entre a fase folicular e a lútea do ciclo estral em uma espécie de animal de grande porte é representada na Fig. 39.5. A fase lútea, ou o período de formação e função do CL, domina temporariamente o ciclo, sendo a fase folicular de duração muito mais curta. Por isso, tendo em vista esta relação temporal e o fato de que a PGF2α é disponível pela indústria farmacêutica para media a luteólise, o CL constitui um alvo passível de manejo, de modo que o ciclo possa ser manipulado. Fases do Ciclo Estral As fases do ciclo estral consistem no estro, metaestro, diestro e proestro. Uma fêmea não-gestante irá exibir tais fases de modo sequencial, começando com o estro. Conforme mencionado anteriormente, o intervalo entre o inicio do estro e a ocorrência de outro constitui a duração do ciclo estral, e o intervalo de tempo é especifico da espécie. Estro é o período de receptividade sexual. Conforme a espécie, ocorre a ovulação durante o estre ou imediatamente após. Metaestro, é o período necessário para o estabelecimento da atividade do CL. Essa fase pode também ser considerada o intervalo entre a predominância do estrogênio e progesterona do ciclo. Na novilha, o dia 0 representa o estro, e os dias 1 a 3 do ciclo estral, o metaestro. Ocorre diestro quando o corpo luteo se tornou funcional, com concentrações séricas circulantes de progesterona. Diestro, o período do CL, é a fase mais prolongada do ciclo, ocorrendo do dia 4 ao 18 na vaca. Durante o diestro, o corpo lúteo pode ser palpado por via retal na vaca. Entretanto, um estudo indicou que, quando foi detectada a presença de um CL, isto foi confirmado por analise da progesterona sérica em somente 82% dos casos. Com a regressão do CL, denominada luteólise, e um declínio consequente na progesterona sérica, o animal entra em um período de crescimento folicular rápido denominado proestro. Finalmente, o estradiol secretado pelo folículo em desenvolvimento induz ao cio novamente. A duração do estro é especifica de cada espécie, variando de menos de um dia na vaca ou novilha a vários dias na égua e porca até mais de uma semana na cadela. O período de ovulação com respeito ao estro é especifico da espécie. Na vaca, a ovulação ocorre aproximadamente doze horas após o estro. O inicio do estro está quase sempre associado ao inicio de uma onda pulsátil de gonadotropina. Geralmente, o período da onda até a ovulação é de aproximadamente 30 horas na vaca. Sinais de estro O comportamento da fêmea de mamíferos no estro é característico da espécie; entretanto, todas aceitam a monta pelo macho nesse período. Vacas assumirão uma postura quadrupedal, para serem montadas por outras vacas, bem como montam outras companheiras de rebanho. Outros sinais de estro em bovinos são a atividade aumentada, mugidos e expulsão de muco vaginal de cor clara. As ovelhas no estro exibem menos manifestação, mas procurarão o macho. A égua no estro, na presença do garanhão, assumirá uma posição de acasalamento (lordose): membros posteriores afastados, a pelve inclinada e a cauda desviada. Além disso, a égua no estro, “importunada” pelo garanhão, everte o clitóris e elimina pequenas quantidades de urina. A leitoa ou porca no estro assumem uma posição em estação, rígida, com as orelhas eretas na presença do varrão. A gata no estro também vocaliza muito, exibe lordose em resposta a toques no flanco exibe pedaladas (extensões curtas e rápidas do membro posterior). A cadela no estro atrairá os cães que estiverem disponíveis, eliminara uma descarga sanguinolenta da vulva edemaciada e exibirá lordose em resposta ao macho. Comparação entre ciclo menstrual e o ciclo estral Os primatas, ao contrário das outras espécies de mamíferos, têm ciclos menstruais. A receptividade sexual é limitada ao estro em espécies que tem ciclos estrais, porém a receptividade sexual não se limita a determinado período do ciclo menstrual. Há diferença no fundamento dos dois ciclos. O dia 0 do ciclo menstrual é o primeiro dia de menstruação, e o dia 0 do ciclo estral é o primeiro dia do estro. A menstruação é o resultado da descamação do endométrio no final da fase lútea. A perda do endométrio é consequência da perda do suporte esteróide gonodal. Em espécies domésticas, há somente perda do epitélio endometrial sem sinal externo aparente. Outras diferenças envolvem a duração do crescimento folicular ovariano, ou a fase folicular, que dura aproximadamente duas semanas na mulher (cerca de 50% de duração do seu ciclo). O estradiol proveniente dos folículos ovarianos nos primatas induz a proliferação endometrial significativa. Consequentemente, a fase folicular do ciclo menstrual é, algumas vezes, referida como a fase proliferativa. A fase folicular culmina na ovulação em torno da metade do ciclo (dia 14) na mulher. Mas, a fase folicular do ciclo estral prolonga-se somente por cerca de três a cinco dias nas espécies domesticas de grande porte (15% da duração do ciclo em vacas). À medida que a cadela se aproxima do período de “estação” (proestro), elimina uma descarga sanguínea (sangramento) sobre a genitália externa que não deve ser confundida com menstruação. Na cadela, isto é o resultado da fragilidade capilar no endométrio mediada por estrogênios. Com exceção da cadela, os esteroides ovarianos não promovem a proliferação substancial do endométrio observada em primatas. A fase lútea ocupa maior período do ciclo estral em bovinos (70%) do que na mulher (50%). Durante a fase lútea em primatas, o CL possui o complemento enzimático (aromatase) para síntese do estrogênio. Consequentemente, ocorre secreção notável de estrogênio no CL dos primatas, mas não nas espécies com ciclos estrais. As glândulas endometriais em todas as espécies secretam líquido para o lúmen uterino sob a influência da progesterona durante a fase lútea. Nos primatas, a fase lútea é referida como a fase secretora. Outra diferença fundamental entre os ciclos menstrual e estral envolve as relações entre útero e ovário. Um agente luteolítico, a PGF2α, do útero controla a duração do ciclo em espécies domesticas de grande porte, mas tal mecanismo inexiste nos primatas. Nesse aspecto, o agente luteolítico, embora não definitivamente conhecido, tem uma fonte ovariana em primatas.Foliculogênese e Oogênese O gameta feminino, oócito, é encontrado dentro dos folículos. No animal jovem, os oócitos são circundados por uma camada única de células foliculares achatadas, denominadas folículos primordiais. O desenvolvimento do oócito, chamado Oogênese, ocorre simultaneamente com o crescimento folicular (foliculogênese). Durante o crescimento pré-natal, os precursores dos oócitos, conhecidos como oogônias (células germinativas) entram em mitose. Ao nascimento, as oogônias entram na prófase da primeira divisão meiótica, sendo, então, denominadas oócitos. Estes permanecem em tal fase de repouso até pelo menos a puberdade, após o que a meiose é retomada de maneira sequencial em poucas células em cada ciclo estral. O crescimento folicular ocorre sequencialmente durante toda a fase reprodutiva e envolve primeiramente o aumento do volume citoplasmático e da atividade dentro do oócito. Na vaca, cerca de 300 folículos primordiais começam a crescer periodicamente, e durante esse crescimento inicial são referidos como folículos primários. Um folículo primário é composto do oócito circundado por dois tipos de células, as células da granulosa no interior envolvidas pelas células da teca no perímetro, com uma membrana basal intermediária. O crescimento inicial dos folículos independe das influências hormonais. Juntamente com o crescimento inicial, as células da granulosa elaboram uma membrana mucopolissacarídica, a zona pelúcida, ao redor do oócito. Além disso, tal crescimento inicial repercute em aumento na proliferação de células da granulosa. Com o aparecimento de uma zona pelúcida e diversas camadas de células da granulosa, um folículo primário se torna um folículo secundário ou em crescimento. Os processos citoplasmáticos das células da granulosa estendem-se através da zona pelúcida, para facilitar a nutrição do oócito. Em associação ao crescimento folicular inicial, as células da teca tornam-se aparentes do lado externo das células da granulosa. A rede vascular do folículo estende-se apenas às células da teca, indicando que os nutrientes são conduzidos para o interior após liberação para as células da teca. Iniciando o folículo seu crescimento, o resultado final é ou ovulação ou atresia. Quase todos os folículos se tornam atrésicos. A atresia folicular envolve a perda do antro (cavidade contendo liquido folicular) e pode, também ser identificada pela picnose ou aparência enrugada dos núcleos nas células da granulosa ou nos oócitos. Uma vaca que permanece apenas em ciclos estrais (sem gestações) ovulará somente 206 folículos durante um período de vida de 15 anos. São necessários cerca de 60 dias, para que um folículo primordial cresça até o tamanho ovulatório na vaca. O diâmetro folicular final é especifica da espécie. O crescimento folicular é notável antes da puberdade; entretanto, tal crescimento não culmina em ovulação até a puberdade. O crescimento dependente de hormônio envolve primeiramente a síntese do FSH e receptores de estradiol sobre as células da granulosa. A produção de estradiol pelas células da granulosa está associada a conversão dos androgênios sintetizados pelas células da teca. LH direciona a síntese de androgênio pelas células da teca. Os androgênios são aromatizados em estrogênio pelas enzimas da classe aromatase sob regulação do FH nas células da granulosa. Este processo é referido como o modelo duas células-duas gonadotropinas para a biossíntese do estradiol folicular. O FSH exerce um efeito cujo objetivo é também induzir à síntese adicional de seus próprios receptores. O estradiol é mitogênico para as células da granulosa e estimula as células a secretar líquido folicular. Os folículos viáveis são caracterizados por alta concentração de estradiol dentro do líquido folicular, e os destinados à atrésia têm concentrações elevadas de androgênios. A produção de liquido folicular resulta finalmente em uma cavidade dentro do folículo, referido como folículo antral. Além disso, o estradiol inibe a biossíntese da progesterona no folículo, atuando em favor da biossíntese do androgênio. Entretanto, quando um folículo atinge seu tamanho máximo, o FSH induz à formação de receptores de LH dentro das células da granulosa. Após a onda de LH, a ocupação desses receptores pelo LH dirige uma parte da síntese dos esteroides para síntese da progesterona. A síntese da progesterona pelas células foliculares restantes após a ovulação é importante para o estabelecimento da função do CL. Ondas Foliculares Durante o ciclo estral em bovinos, duas ou três ondas de crescimento folicular pode ser detectado por ultrassonografia. Uma onda folicular é composta de um grupo de três a seis folículos que iniciam seu crescimento ou são recrutados, quando seu diâmetro atinge 1 a 2 mm. Cada onda folicular é precedida por um aumento nos níveis circulantes de FSH. A primeira onda folicular durante o ciclo estral sucede o aumento no FSH que ocorre logo após o pulso de gonadotropina anterior à ovulação. As células na onda continuam a crescer até 5mm ou mais. Após vários dias, um folículo ligeiramente maior continua a crescer e se torna um folículo dominante, enquanto os outros regridem. A inibina e o estradiol do folículo dominante suprimem ainda mais a secreção de FSH, de modo que não ocorre crescimento adicional de grupos de folículos. O folículo dominante presente por ocasião da regressão lútea torna-se o próximo folículo ovulatório. AS ondas foliculares também ocorrem durante a gestação e o período pré-púbere. Embora os ovinos, bovinos e equinos exibam esse fenômeno de ondas foliculares durante a fase lútea, a porca, a rata e a mulher somente desenvolvem folículos ovarianos durante a fase folicular do ciclo. A progesterona secretada pelo CL durante o diestro impede a ocorrência de um pulso ovulatório de gonadotropinas em resposta à secreção de estradiol pelo folículo dominante. Após a luteólise, entretanto, com o súbito declínio na concentração sérica de progesterona, um folículo dominante é ovulado como resultado do efeito de retroalimentação positiva do estradiol sobre a secreção de LH.
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