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• Pode ser entendida como o conjunto de sinais e sintomas que surgem quando um indivíduo tem seus glomérulos envolvidos por um processo inflamatório agudo o Esta “inflamação” pode ocorrer de forma idiopática ousecundária a alguma doença sistêmica • Se caracteriza por perda abrupta da superfície de ultrafiltração → causa diminuição da excreção de pequenos solutos e da TFG e fluxo urinário • Quadro básico composto por hematúria, proteinúria subnefrótica, oligúria, edema e hipertensão arterial o Pode surgir azotemia, quando há queda significativa na TFG • Maioria é decorrente da deposição de imunocomplexos (70%) contendo IgG, IgM, IgA, C3 → percebidos na IF com um padrão granular o A minoria (30%) são casos pauci-imune → relacionados à positividade do anticorpo ANCA • É uma manifestação clínica importante, muitas vezes o primeiro sinal de doenças do trato urinário o 5-20% dos portadores de hematúria microscópica assintomática apresentam alguma afecção urológica relevante → 13% possuem alguma neoplasia urológica • Consideramos hematúria → 3 ou mais hemácias por campo de grande aumento em amostra de urina • Para ser patológica → o achado deverá ser persistente → ao menos 2 positivos em 3 coletas o Caso transitória, é considerada um achado benigno → causada por aumento da atividade física, febre ou coleta de urina mais concentrada o Caso em amostra isolada, seja visto quantidade exagerada (ex: 100 hemácias/campo) → já poderá ser considerada patológica → se a hematúria for macroscópica (visível a olho nu) também • Urina Vermelha → hematúria, hemoglobinúria ou mioglobinúria • Causas menos frequentes → consumo de antrocianina (beterraba e frutas vermelhas), envenenamento por mercúrio, rifampicina, cloroquina e fenoftaleína CLASSIFICAÇÃO ❖ Macroscópica X Microscópica • A microscópica será perceptível somente na urinálise (EQU) • A macroscópica pode ser vista pelo próprio pcte → alterações na coloração nem sempre são hematúria ❖ Glomerulares X Não-Glomerulares • Um método que auxilia na diferenciação é a proteinúria o Quando elevada (>100mg/dL ou ≥ 2+ no EQU) → representa sangramentos “altos”, associados a lesões glomerulares • Mas 20% dos casos de hematúria nefrológica não se associam a proteinúria importante • Análise morfológica das hemácias o Dismorfismo hemático indica origem glomerular ▪ Nos casos de hematúria de origem tubulointersticial e de trato urinário o dismorfismo não é observado → o contorno das células fica preservado o A presença ou não de cilindros hemáticos é característico da hematúria glomerular o Caso haja coágulos na urina → provavelmente origem no trato urinário (não glomerular) ❖ Na síndrome nefrítica, é o sinal mais característico → percebida no EQU, macro ou microscópico • Têm origem glomerular e sempre deformadas, fragmentadas e hipocrômicas → dismorfismo eritrocitário o Piúria, cilindros leucocitários (mostram natureza inflamatória da doença) e cilindros hemáticos → indicam que a lesão é do parênquima renal • As hemácias migram através das fendas que surgem nas alças capilares dos glomérulos deformados → ao passar dos glomérulos para o sistema tubular, se deformam pelos poros estreitos • Diariamente, células epiteliais da alça de Henle secretam a “glicoproteína de Tamm-Horsfall” → ela segue o fluxo urinário e se deposita nos TCD e túbulos coletores o Origina uma superfície “pegajosa” em seu interior → diversas substâncias, partículas e células podem se aderir a estas proteínas, moldando um corpo cilíndrico-tubular “descamável” • Qualquer condição que determine a presença de elementos celulares no interior dos túbulos pode ser acompanhada pelos cilindros celulares no EAS • São classificados em função de sua composição o Celulares (epiteliais, hemáticos e leucocitários) → sempre patológicos ▪ Cilindros hemáticos indicam quase sempre doença glomerular → leucocitários estão mais associados às nefrites intersticiais o Acelulares (como os hialinos) → encontrados em indivíduos normais ACELULARES CILINDROS HIALINOS → formados pela proteína de Tamm-Horsfall • Grande quantidade indica desidratação, uso de diuréticos, esforço físico ou febre; CILINDROS CÉREOS → cor amarelada e alto índice de refração • Indicam disfunção renal avançada → se formam quando o fluxo tubular é baixo; CILINDROS LARGOS → diâmetro bem maior, com aspecto granular • Formados pela dilatação dos TC, característica da IR avançada; CELULARES CILINDROS EPITELIAIS → células epiteliais descamadas dos túbulos, que aderem a matriz proteica • Presença indica lesão tubular renal, NTA e nefropatias tubulointersticiais; CILINDROS GRANULOSOS → formados por debris celulares • Quando acumulam o pigmento hemoglobínico modifcado, tornam-se pardo-escuros → NTA é uma causa clássica CILINDROS HEMÁTICOS → compostos por hemácias que aderem à matriz proteica • Indicam lesão glomerular e são clássicos de glomerulonefrites; CILINDROS LEUCO/PIOCITÁRIOS → leucócitos polimorfonucleares aderidos • Leucócitos degenerados são piócitos. • Clássicos de nefrites tubulointersticiais → podem estar nas glomerulonefrites • Aparece por alterações da permeabilidade e rupturas mecânicas na parede dos glomérulos comprometidos • Há proteinúria quando os níveis de proteína são > 150 mg/ dia • Na síndrome nefrítica pura → não costuma atingir níveis acima de 3,5 g/dia e é não seletiva • Pelo prejuízo da superfície de filtração glomerular → devido a invasão das células inflamatórias e contração do espaço mesangial • Como há menos filtração → há retenção hidrossalina e nos casos mais graves azotemia • Anasarca → principalmente região periorbital → e HAS o Ambas ocasionada pela diminuição do DU, que aumenta a volemia • Não tão grave como o edema da síndrome nefrótica • Em crianças, é a causa mais frequente de GNDA → mais comum no sexo masculino (2:1) • A maioria (97%) acontece em países pobres → incidência entre 9,5 e 28,5/100k habitantes/ano o Nos países ricos a incidência apresentou queda vertiginosa nas últimas 3 décadas → < 0,5/100k habitantes/ano → e mais incidente em idosos • Tipicamente doença de crianças e adolescentes (2-15 anos) • Acompanha a epidemiologia da estreptococcia o Faixa pré-escolar (2-6 anos) para a piodermite o Faixa escolar e adolescência (6-15 anos) para a infecção orofaríngea • Incidência em familiares ou co-habitantes pode chegar a 40% ❖ É uma sequela renal tardia de uma infecção anterior (piodermite 25%; faringoamigdalite 5%) por cepas “nefritogênicas” do Streptococcus pyogenes (HGA) • Infecções da pele e garganta por determinados tipos M de estreptococos precedem a doença o Tipos M 47, 49, 55, 2, 60 e 57 são observados após piodermite com impetigo crostoso ou erisipela ▪ Mais comum M tipo 49 o Tipos M 1, 2, 4, 3, 25, 49 e 12 → numa faringoamigdalite → M tipo 12 mais comum • O risco de GNDA após uma estreptococcia oscila de 5% (cepas orofaríngeas) a 25% (M49 cutâneo) • Período de incubação da infecção primária até a GN em si varia conforme o meio de entrada da bactéria o Via orofaríngea é entre a média é 10 dias → e via cutânea a média é de 21 dias • Proliferação difusa das células glomerulares, associadas ao influxo de leucócitos → lesões geralmente causadas por complexos imunológicos • Doença imunomediada que envolve supostos antígenos estreptocócicos, imunocomplexos circulantes e ativação do complemento em associação com uma lesão mediada por células • Deposição de imunocomplexos nos glomérulos → ativa cascata do complemento e gera inflamação local • Glomérulos são atacados por o Deposição de imunocomplexos circulantes, formados no plasma o Formação local de imunocomplexos (PRINCIPAL mecanismo) → antígenos estreptocócicos circulantes são aprisionados pela MBG → com ligação de anticorpos do pcte o Reação cruzada de anticorposanti-estreptococo produzidos pelo pcte, com constituintes do glomérulo o Alterações molelculares em antígenos do glomérulo, tornando-os imunogênicos ❖ O período de latência entre a infecção e o início da nefrite é compatível com o tempo requerido para a produção de anticorpos e formação de complexos imunológicos • Os “candidatos” de estreptococos nefritogênicos são o EXOTOXINA PIROGÊNICA ESTREPTOCÓCICA B → uma cisteína proteinase catiônica o NAPIr → um receptor de plasmina associado à nefrite • Há indicações que a exotoxina B estreptocócica piogênica seja o principal determinante antigênico na maioria dos casos de glomerulonefrite pós-estreptocócica o Tem afinidade bioquímica pela plasmina → se liga e ativa a via alternativa do complemento • Os antígenos incitantes são plantados a partir da circulação no subendotelial das paredes capilares glomerulares → provoca formação local de complexos imunes e induz resposta inflamatória o Os complexos antígeno-anticorpo se dissociam, migram pela membrana basal glomerular, e se formam novamente do lado subepitelial da MBG MORFOLOGIA • Glomérulo aumentado e hipercelular o A hipercelularidade é causada por infiltração de leucócitos → neutrófilos e monócitos ▪ Em casos graves, pela formação de crescentes • Proliferação de células endoteliais e mesangiais o Proliferação e infiltração são globais e difusas → envolvem todos os lóbulos de todos glomérulos • Edema e infiltração leucocítica obliteram as luzes capilares → pode haver edema intersticial e inflamação • Túbulos frequentemente contêm cilindros hemáticos. • Na microscopia de fluorescência → depósitos granulares de IgG, IgM e C3 no mesângio e MBG o Os achados da ME são depósitos elétrodensos indiviualizados e amorfos, com aparência de protuberâncias → no lado epitelial da membrana • A maioria é assintomática → ou tem alterações laboratoriais subclínicas (microhematúria dismórfica) • Os poucos sintomáticos apresentam a clínica típica → início abrupto de: o Hematúria → cor acastanhada, que pode ser confundida com colúria, sem apresentar coágulos ▪ Na maioria das vezes apenas microscópica → macroscópica em 30-50% o Oligúria → 50% pacientes, < 200 mL/dia em 15% deles o Edema → bem comum, tende a ocorrer precocemente ▪ No início é periorbitário e matutino, mas evolui para anasarca o HAS → encontrado em 50-90%, volume-dependente ▪ Grave em 50% e pode evoluir para encefalopatia hipertensiva em 5% ▪ Pode complicar com congestão volêmica → levando a edema agudo de pulmão ❖ Mal-estar e sintomas GI vagos (dor abdominal e náuseas) podem ocorrer → além de dor lombar • Hipercalemia pode ocorrer por hipoaldosteronismo hiporreninemico → a queda da TFG resulta em hipervolemia, que tende a reduzir a secreção de renina • Função renal comprometida em 50%, podendo haver certa retenção de escórias nitrogenadas → mas raro ter uremia • Proteinúria subnefrótica é comum → 5-10% pacientes evolui para nefrótica o A proteinúria na faixa NEFRÓTICA é encontrada em 5% das crianças e 20% dos adultos ❖ Achados laboratoriais incluem elevações de anticorpos antiestreptocócicos e declínio na concentração sérica de C3 e outros componentes do complemento • Na primeira semana dos sintomas → depressão de CH50 em 90%, bem como baixos níveis de C3 e níveis normais de C4 • São relatados → fator reumatoide positivo (30-40%), crioglobulinas e imunocomplexos circulantes (60- 70%) e ANCA contra a mieloperoxidase (10%). • Qualquer paciente com síndrome nefrítica deve-se suspeitar de GNPE → atenção à idade • Diante de paciente com síndrome nefrítica o Avaliar anamnese + EF → busca de manifestações extrarrenais → rash malar, artrite, LES ▪ Se não encontrar, avaliar o algoritmo da GNPE ❖ A confirmação requer evidencias de infecção estreptocócica → dosagem quantitativa de anticorpos anti- exoenzimas estreptocócicas, uma vez que a cultura pode dar falso-negativo o GNPE pós-faringoamigdalite → anticorpo mais encontrado é o ASLO, seguido pelo anti-DNAse B o ASLO se eleva 2-5 semanas após a infecção, decaindo ao longo dos meses ▪ Na GNPE-pós-impetigo → ASLO costuma ser negativo em > 50% • Existem oxidases no tecido subcutâneo que inativam esta exoenzima estreptocócica → não da tempo de o sistema imune se “sensibilizar” contra tal antígeno • Usar anti-DNAse B, detectado em 70% → seguido pelo anti-hialuronidase ❖ STREPTOZYME TEST →teste rápido que detecta anticorpos contra todas as exoenzimas estreptocócicas • Confirma ocorrência de infecção estreptocócica recente → sensibilidade 95% faringo e 80% piodermo ❖ Dosagem do Sistema Complemento (C3 e CH50) → está baixo no decorrer da GN → dentro de 8 semanas se normaliza uma vez que a GNPE é autolimitada • Se depois das 8 semanas persistir baixo pensar em diagnóstico diferencial de GN Crônica BIÓPSIA RENAL → apenas indicada nos casos atípicos que sugiram outra glomerulopatia → segundo a SBP ➔ • MO → padrão de glomerulonefrite proliferativa difusa o Mais de 50% dos glomérulos com infiltrado → neutrófilos e mononucleares invadindo o mesângio e alças capilares • IF → padrão granular dos depósitos de Ig e C3 • ME → encontra-se nódulos subepiteliais densos (corcovas), formados por depósitos de imunocomplexos • Medidas de suporte → controle da hipertensão, edema e diálise quando necessária → repouso durante fase inflamatória aguda • Controle da congestão volêmica → restrição de água e Na+ o DIU de ALÇA → trata o edema, congestão volêmica e HAS o Se PA não for controlada → uso de anti-hipertensivos como BCC (nifedipina), vasodilatadores (hidralazina) ou IECA (captopril) ▪ Encefalopatia Hipertensiva → nitroprussiato de sódio • HEMODIÁLISE → caso síndrome urêmica ou para tratar congestão volêmica grave refratária • ANTIBIÓTICO → não muda o prognóstico da GNPE, mas é indicada na GNPE com evidência de colonização persistente pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A o Eliminar as cepas nefritogênicas para evitar possível recidiva futura o Harrison → todos os pacientes, assim como seus co-habitantes, devem receber tratamento antibiótico para a infecção estreptocócica – Diferente das outras literaturas PROGNÓSTICO • 90% recuperam completamente o volume urinário em até 7 dias → oliguria deve acabar em < 72h • Sintomas congestivos costumam melhorar em 1-2 semanas • Hematúria microscópica pode persistir por 1-2 anos, e proteinúria por 2-5 anos o A resolução da hematúria e proteinúria nas crianças ocorre de 3 a 6s após o início da nefrite • HAS e hematúria macroscópica se resolvem em até 6 semanas • Hipocomplementemia costuma terminar em até 8 semanas • 1-5% pacientes podem evoluir para formas mais graves de lesão glomerular • Proteinúria na faixa nefrótica é sempre importante fator no paciente com história prévia de GNPE • Idosos prognóstico pior → alta incidência de azotemia, proteinúria nefrótica e DRT • Pode ser causada por endocardite bacteriana subaguda o Infecções supurativas crônicas (abscessos viscerais, empiemas cavitários, osteomielite) o Shunt ventriculoperitoneral infectado o Pneumonia por micoplasma, hepatite viral e mononucleose infeciosa • Imunocomplexos circulantes tem importante papel na patogenia o Com depressão persistente dos componentes do complemento o E níveis elevados de fator reumatoide e crioglobulinas circulantes • Controle adequado da infecção costuma resultar em melhora dos sinais de inflamação glomerular • A glomerulonefrite pós-infecciosa devido a infecções estafilocócicas difere, por vezes → produzindo depósitos imunes contendo IgA em vez de IgG • Doenças multissistêmicas podem gerar GN aguda → LES, Púrpura de Henoch-Schonlein, poliartrite Microscópica, Granulomatose de Wegener, doença de goodpasture, doença de Berger, etc • Caracterizada por vasculite de pequenos vasos → com artralgias, púrpura cutânea, sintomasabdominais • É uma doença da infância, embora alguns casos em adultos • Há imunocomplexos circulantes contendo IgA, mas nenhum agente infeccioso ou alérgeno definido como fator etiológico • Níveis séricos de complemento normais MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Comprometimento cutâneo → exantema macular que coalesce p/ lesões purpúricas em tornozelos, pernas, braços e nádegas o Pode ter vasculite dos pequenos vasos com vasculite leucocitoclástica com deposição de IgA • Sintomas GI → cólicas, diarreias, vômito, melena e diarreia sanguinolenta • Pode ter artralgia nos joelhos, punhos e tornozelos • Histopatologia RENAL → semelhante à da nefropatia por IgA TRATAMENTO • NÃO tem tratamento comprovado • Pacientes com manifestações abdominais graves são tratados com corticóides • Maioria tem recuperação completa → aqueles com manifestações nefríticas ou nefróticas mais graves e lesão glomerular mais grave na biópsia renal tem prognostico desfavorável à longo prazo • Doença de Berger • Glomerulopatia primária mais frequente → acomete mais homens (2:1), asiáticos, e entre 10-40 anos • Diferenças geográficas → prevalência de 30% na costa asiática e do Pacífico e 20% no Sul da Europa → mais baixa na Europa setentrional e América do Norte o A nefropatia por IgA é predominantemente uma doença esporádica → foi constatado que a suscetibilidade tem componente genético, dependendo de “efeitos fundadores” • Pode ser idiopática ou considerada uma forma monossintomatica da púrpura de henoch-schönlein o A púrpura é clinicamente diferenciada pelos sintomas sistêmicos, idade mais jovem, infecção precedente e queixas abdominais • A nefrite lúpica tipo II (nefrite mesangial) é a única que cursa com intensa deposição de IgA no mesângio → diferenciada pela presença de consumo de complemento o Harrison → Hematúria episódica associada ao depósito de IgA no mesângio ❖ A origem parece ser um descontrole dos mecanismos que regulam a produção de IgA → em resposta a algum estímulo ambiental (que inclusive pode ser crônico) • 50% apresenta elevação considerável dos níveis de IgA séricos • Maioria idiopática, mas pode decorrer de → cirrose hep, doença celíaca, dermatite herpetiforme, HIV PADRÃO HISTOLÓGICO • Deposição mesangial difusa de IgA → em menor escala IgG e C3 o Há uma celularidade mesangial e expansão da sua matriz • A síntese de IgA1 subglicosilada resulta na exposição de N-acetil-galactosamina nas dobradiças da IgA1 truncada → N-acetil-galactosamina é reconhecida por anticorpos IgG ou IgA1 o Isso leva à formação de imunocomplexos na circulação ou in situ após a deposição de IgA1 galactose-deficiente ▪ Na nefropatia secundaria, os depósitos podem ser encontrados sem proliferação celular • Alguns pctes desenvolvem crescentes → que pode evoluir pra GNRP MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ❖ HEMATÚRIA MACROSCÓPICA RECORRENTE • Episódios recorrentes de hematúria macroscópica, de 2-6 dias → 40-50% dos casos, crianças e jovens o Maioria assintomática → sintomáticos podem ter febre baixa, mialgia, astenia, dor lombar, disúria • O grupo com hematúria macroscópica é o que tem o melhor prognóstico • Os episódios de hematúria macroscópica podem se associar a LRA reversível → lesão tubular pela toxicidade da Hb e a formação de cilindros hemáticos que obstruem o túbulo ❖ HEMATÚRIA MICROSCÓPICA PERSISTENTE • Acontece em 30-40% pacientes, com ou sem proteinúria subnefrótica o Em 25% desses também há hematúria macroscópica • Esse grupo tem prognóstico pior → persistência da hematúria indica que a injúria glomerular é constante • Costuma ocorrer em pacientes mais velhos ❖ SÍNDROME NEFRÍTICA CLÁSSICA → HAS, edema, oligúria e até retenção azotêmica → 10% ❖ SÍNDROME NEFRÓTICA → 10% podem ter • A proteinúria também pode aparecer pela primeira vez em uma fase tardia da evolução da doença DIAGNÓSTICO • No EQU → hematúria de padrão glomerular (dismorfismo, cilindros hemáticos) o É comum associação com proteinúria, mas é leve • Complemento sérico → normal • Níveis de IgA sérica estão aumentados em 50% casos • Biopsia da pele do antebraço revela depósitos capilares de IgA em 50% o Se tiver aumento de IgA sérico e depósito nos vasos do antebraço de um pcte com hematúria recorrente → provavelmente tem depósito mesangial o Biópsia renal mais direcionada para um prognóstico do que um diagnóstico • Fora essa exceção, o diagnóstico só pode ser estabelecido pela biópsia • Indicação → hematúria com proteinúria > 1g/dia, sinais de síndrome nefrítica ou IR TRATAMENTO • É uma doença benigna para a maioria → 60% permanece assintomático, com estabilidade da função renal a longo prazo o 40% evolui para IR → raro, mas pode evoluir pata IR terminal o 4% tem remissão completa da doença, sem complicações futuras • Para maioria dos pacientes não é indicado tratamento específico • Corticoides para melhorar proteinúria e IECA, BRA, estatinas para prevenir progressão da lesão o Prednisona 2 mg/kg em dias alternados por 2-3 meses, reduzindo-se paulatinamente para 20- 30 mg/dia por 6 meses o Associa ciclofosfamida para aqueles com Cr > 1,5 e doença progressiva apesar da corticoterapia • Surge como consequência de doença sistêmica ou evolução de uma glomerulopatia idiopática o GNPE, LES, Doença de Goodpasture, Púrpura de Henoch-Schonlein, GN crescente idiopática... • Esse paciente desenvolve síndrome nefrítica que logo evolui para falência renal de curso acelerado e fulminante (necessidade de diálise) • Sem tratamento precoce, evolui para esclerose de quase todos os glomérulos, com fibrose tubulointersticial em semanas ou meses • Pode ser de início abrupto ou subagudo seguido de curso acelerado • Oligúria costuma ser marcante, podendo evoluir para anúria o Em muitos os únicos sintomas são os da síndrome urêmica → quando TFG < 20% e crs > 5mg/dl • Na biopsia → clássico é encontrar crescentes em > 50% dos glomérulos ❖ Crescentes → formações expansivas na Cápsula de Bowman, que rapidamente invadem o espaço das alças glomerulares, desestruturando a arquitetura do corpúsculo de Malpighi o Formados pela migração de monócitos das alças lesadas para o interior da cápsula de Bowman o A passagem do fibrinogênio e conversão em fibrina da sustentação e crescimento da estrutura o Depois, migram fibroblastos do interstício periglomerular para o espaço capsular → o crescente celular se converte num crescente fibroso, com perda glomerular irreversível • Padrão-ouro é a BIÓPSIA renal com IF • GNRP Tipo I → IF demonstra padrão LINEAR dos AC depositados na MBG o Tipo II → padrão GRANULAR o Tipo III → pouco ou nenhum depósito imune • Existem os exames sorológicos o Anticorpo anti-MBG → elevado no tipo I o C3 e CH50 (complemento sérico) → diminuído no tipo II o ANCA → positivo no tipo III (AC anticitoplasmático de neutrófilo) • O tipo mais raro de GNRP é o associado aos anticorpos anti-membrana basal glomerular • Ocorre por autoanticorpos específicos contra a cadeia -3 do colágeno tipo IV, encontrada apenas na MBG e nos alvéolos pulmonares • O ataque desses AC à MBG desencadeia um processo inflamatório grave → que se manifesta com (Síndrome de Goodpasture) ou sem (GN Anti-MBG Primária) um quadro de pneumonite hemorrágica • Acomete mais homens (6:1) jovens → relação com tabagismo e infecção respiratória recente o Também associada a fator genético HLA-DR2 • Hemorragia pulmonar precede a glomerulite por semanas-meses → hemoptise é sintoma predominante • RX TÓRAX → mostra infiltrado alveolar bilateral difuso (corresponde à hemorragia bilateral generalizada) • No teste de difusão do CO → há aumento da difusão → forma de diferenciar de outras patologias pulmonares o Há aumento da difusão desse gás pela presença de hemácias nos alvéolos → Hb capta o CO • Pode haver anemia microcítica hipocrômica por conta da perda deferro para os alvéolos ❖ Se manifesta como GNRP clássica → a de evolução mais fulminante e pior prognostico • Pesquisa do ANTI-MBG → positiva em > 90% o 40% pacientes podem ter ANCA + também → pode indicar coexistência de vasculite sistêmica • Biópsia → padrão linear na IF e > 50% dos glomérulos com crescentes • Acomete mais mulheres de 50 a 70 anos • Só apresenta quadro renal, que é idêntico ao de GOODPASTURE TRATAMENTO • Deve ser iniciado precocemente → se não, 80% evoluem para rins em estágio TERMINAL → necessitando de dialise ou transplante • É baseado na Plasmaférese diária até a negativação do Anti-MBG no soro o Associa Prednisona (1mg/Kg/dia) e a um imunossupressor (ciclofosfamida 2mg/kg/dia) • Se o tratamento for iniciado antes da creatinina ultrapassar 5 mg/dl, o prognóstico é bom → sobrevida renal de 90% • Pode ser idiopática (rara), infecciosa/pós-infecciosa ou secundaria a doença sistêmica • Quadro clínico típico de uma GNRP clássica → mas com diminuição do complemento sérico o E Anti-MBG e ANCA negativos • Biópsia Renal → IF mostra padrão GRANULAR, com depósito IgG e C3 • Tratamento é com corticoide em pulsoterapia e imunossupressor • Corresponde a metade dos casos de GNRP → mais frequente em homens idosos o Pode ser idiopática ou fazer parte de uma vasculite sistêmica do tipo poliarterite microscópica ou granulomatose de wegener • Clínica é similar as demais, a não ser a presença eventual de vasculites • Pesquisa do ANCA → presente na maioria, geralmente em altos títulos • O ANCA representa qualquer anticorpo que se ligue ao citoplasma de neutrófilos humanos o Caso se concentrar na região perinuclear do neutrólifo → p-anca → mieloperoxidase → idiopática o Caso se distribui de forma homogênea pelo citoplasma → c-ANCA → proteinase 3 • Biópsia → GN proliferativa focal e segmentar com áreas de necrose fibrinóide e crescentes em > 50% glomérulos → SEM imunodepósitos • Tratamento é com corticoide associado a imunussupressor • Em grupo de pacientes com vasculite de pequenos vasos (arteríolas, capilares e vênulas; raramente pequenas artérias) e glomerulonefrite → têm anticorpos séricos anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) o Os anticorpos são → antiproteinase 3 (PR3) ou antimieloperoxidase (MPO) ▪ São produzidos com ajuda das células T e ativam os leucócitos e os monócitos → lesionam as paredes dos pequenos vasos, atraindo mais leucócitos e exacerbando a inflamação • A granulomatose com poliangeíte, poliangeíte microscópica, síndrome de Churg-Strauss e a vasculite limitada ao rim pertencem a esse grupo → são ANCA-positivas • Se apresentam como glomerulonefrite pauci-imune, com depósito de imunocomplexos em pequenos vasos e capilares glomerulares. • Cada uma delas apresenta algumas características clínicas próprias, mas a maioria não permite prever a recidiva nem a progressão → e em geral são tratadas da mesma maneira o Inclui glicocorticoides e ciclofosfamida ou rituximabe • Doença autoimune caracterizada pela inflamação dos vasos sanguíneos devido a uma vasculite → causa mudanças nas paredes dos vasos sanguíneos e inflamação das paredes vasculares o Prevalência entre 1/42.000 e 1/6.400 hab → incidência anual entre 2 e 12 casos por milhão o Ambos os sexos são afetados → idade média dos sintomas é 40 anos • A causa da doença ainda não é conhecida • Pode ter relação com uma reação autoimune → o organismo ataca o anticorpo ANCA, responsável neutralizar toxinas do corpo SINAIS E SINTOMAS • Os sintomas podem surgir repentinamente ou de forma gradual • Na maioria → envolvem o TRS, nariz, seios paranasais, ouvidos e traqueia o Congestão nasal com crostas no interior e ao redor do nariz → pode ter secreção sanguinolenta o Sinusite e dor sinusal, rouquidão; o Inflamação no ouvido (otite média), geralmente com dor e, ocasionalmente, perda de audição; • Dificuldade em respirar, tosse (ocasionalmente hemorrágica); • Dor na caixa de voz (laringe) e respiração ofegante. TRATAMENTO • Tratada com corticosteroides (prednisona) para suprimir a inflamação • Combina ao uso de imunossupressores → ciclofosfamida, metotrexato, rituximabe ou azatioprina • Constituída de um anel de tiazolidina ligado a um anel β-lactâmico • Inibe as transpeptidases e interfere na biossíntese dos pepitideoglicanos → formam a parede celular das bactérias, dando estabilidade mecânica o Essa inibição causa formação de esferoblastos e rápida ocorrência de lise TIPOS DE PENICILINA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA • Benzilpenicilina (penicilina G) e congêneres, incluindo fenoximetilpenicilina (penicilina V) • A benzilpenicilina é ativa em grande variedade de microrganismos → fármaco de muitas infecções o Desvantagens → má absorção pelo sistema digestório e sucetibilidade as betalactamases • Penicilinas semissintéticas → com diferentes cadeias laterais ligadas ao núcleo • Penicilinas resistentes às betalactamases (meticilina, 4 flucloxacilina, temocilina) e penicilinas de amplo espectro (ampicilina, amoxicilina) o Amoxicilina/ticarcilina pode ser combinadas com ácido clavulânico → inibidor de betalactamases • Pivmecilinam é um profármaco do mecilinam, que também apresenta amplo espectro de ação RESISTÊNCIA • Bactéria pode ser intrinsecamente resistente, por diferenças na estrutura de ligação a penicilina • Ou adquirir resistência pelo desenvolvimento de ligantes de penicilina com menor afinidade para atb o Gram + → produzem grande quantidade de β-lactamases, que inativam alguns antibióticos o Gram – → tem estrutura com cápsula → quase impenetrável para alguns atb ▪ Não possuem tanta quantidade de β-lactamases → atb hidrofílicos conseguem entrar • Bombas ativas de efluxo ajudam a resistência → mandam o atb para fora antes que possa atuar • A absorção oral das penicilinas varia → depende de sua estabilidade em meio ácido e sua adsorção às partículas alimentares no intestino o As penicilinas também podem ser administradas por meio de injeção IV o Existem compostos p/ injeções IM → ação prolongada, como benzilpenicilina benzatínica • As penicilinas são amplamente distribuídas pelo corpo → penetram nas articulações, cavidades pleural e pericárdica, bile, saliva, leite e através da placenta o Lipoinsolúveis → não penetram nas células dos mamíferos ▪ Apenas atravessam a barreira hematoencefálica se as meninges estiverem inflamadas • Eliminação → 90% de eliminação renal, tendo ½ curta, geralmente 30-90min o A meia-vida plasmática curta é um problema no uso clínico da benzilpenicilina → mas por impedir a síntese da parede celular, a exposição intermitente e não contínua pode ser vantagem EFEITOS ADVERSOS • Estão relativamente isentas de efeitos tóxicos → exceto convulsões quando adm via intratecal • Hipersensibilidade causada pelos compostos degradáveis da penicilina → se combinam com as proteínas do hospedeiro e se tornam antigênicos o Erupções e febre são comuns, um tipo tardio de doença do soro ocorre raramente o Choque anafilático agudo raro • Quando VO, em especial as de amplo espectro, alteram a flora bacteriana do intestino → pode estar associado a distúrbios do TGI e suprainfecções por outros microrganismos resistentes
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