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Autor: Prof. Alexandre Saramelli Colaboradores: Profa. Divane Alves da Silva Profa. Elisabeth Alexandre Garcia Prof. Maurício Felippe Manzalli Contabilidade Professor conteudista: Alexandre Saramelli Nascido na cidade de São Paulo, é contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e mestre profissional em Controladoria pela mesma universidade. Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de Custos e Orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP. Atualmente é professor adjunto na Universidade Paulista e consultor empresarial. Entusiasta de tecnologia da informação e de ambientes altamente informatizados, é um incentivador da pesquisa, da difusão e do uso eficiente e intensivo das modernas ferramentas de gestão, “transferência de conhecimento”, ensino a distância e audiovisual. É também autor de materiais para ensino a distância, redige livros didáticos e atividades de apoio educacional e instrucional, elabora avaliações e grava aulas em estúdio audiovisual, além de ser radialista e apresentador de televisão com DRT. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S243c Saramelli, Alexandre Contabilidade / Alexandre Saramelli. – São Paulo: Editora Sol, 2012. 152, p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-062/12, ISSN 1517-9230. 1. Contabilidade. 2. Balancete de verificação. 3. Partidas dobradas. I. Título. CDU 657 CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL – UNIPLAN Reitoria Reitor: Prof. Yugo Okida Vice-Reitor: Prof. Fábio Nogueira Carlucci Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Humberto Venderlino Richter Pró-Reitor Administrativo: Prof. Robson do Nascimento Sumário Contabilidade APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7 INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 CAMPO DE ATUAçãO DA CONTABIlIDADE ............................................................................................11 1.1 Esquentando os motores ....................................................................................................................11 1.2 Conceitos de contabilidade .............................................................................................................. 13 1.3 A contabilidade como sistema de informação e controle ................................................... 16 2 GRUPOS DE INTERESSE NA INFORMAçãO CONTÁBIl ..................................................................... 17 2.1 A contabilidade e as finanças empresariais ............................................................................... 17 2.2 A contabilidade, a economia e o direito .................................................................................... 20 Unidade II 3 O BAlANçO PATRIMONIAl .......................................................................................................................... 25 3.1 Ativo, Passivo e Patrimônio líquido .............................................................................................. 25 3.2 Princípios básicos de origens e aplicações de recursos ........................................................ 31 3.3 Conceitos de Conta ............................................................................................................................. 36 4 BAlANçOS SUCESSIVOS: CONCEITUAçãO E PRÁTICA ..................................................................... 37 4.1 Operações envolvendo contas de ativo, passivo e patrimônio líquido .......................... 39 Unidade III 5 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS ...................................................................................................... 58 5.1 Mecanismo de débito e crédito ..................................................................................................... 58 5.2 Registros Contábeis: livro diário e livro-razão ......................................................................... 64 5.2.1 O balancete de verificação .................................................................................................................. 68 6 VARIAçÕES DO PATRIMÔNIO lÍQUIDO ................................................................................................. 74 6.1 Despesas, receitas e resultado ......................................................................................................... 74 6.2 Apuração do resultado e transferência para o patrimônio líquido ................................ 82 6.3 Registros das operações contábeis – regime de caixa e regime de competência ..... 90 6.3.1 Ajustes contábeis conforme regime de competência .............................................................. 91 Unidade IV 7 INTRODUçãO À ESTRUTURA DO BAlANçO PATRIMONIAl ..........................................................106 7.1 Ativo Circulante .................................................................................................................................. 115 7.2 Ativo não circulante .......................................................................................................................... 117 7.3 Passivo Circulante .............................................................................................................................. 118 7.4 Passivo não circulante ...................................................................................................................... 119 7.5 Patrimônio líquido .............................................................................................................................120 8 INTRODUçãO À ESTRUTURA DA DEMONSTRAçãO DO RESUlTADO DO EXERCÍCIO .........125 8.1 Receitas brutas ....................................................................................................................................129 8.2 Receitas líquidas .................................................................................................................................129 8.3 lucro bruto ...........................................................................................................................................130 8.4 Receitas (despesas) operacionais ................................................................................................130 8.5 Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro líquido ........................................................................................131 8.6 Resultado líquido do exercício ......................................................................................................131 7 APreSentAção Este livro-texto propõe-se a atingir o objetivo da disciplina Contabilidade, tomando como base seu Plano de Ensino, que é “contribuir para o desenvolvimento das competências requeridas dos alunos, para que possam exercer o papel de contadores e de administradores, conforme definidas no Projeto Pedagógico do Curso/PPC, em consonância com as diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Ciências Contábeis – Resolução CNE/CES nº 10/2004 e de Administração – Resolução CNE/CES nº 4/2005. Mais especificamente, o objetivo traçado para esta disciplina é proporcionar meios ao aluno para que conheça como são elaboradas ou “produzidas” as demonstrações financeiras e as inter-relações e interdependências dos seus componentes, ou seja, “saber utilizar as Demonstrações Financeirasou Contábeis como fonte de informações de natureza econômica, financeira e patrimonial para tomada de decisões nos processos de controle e planejamento das operações”. É importante que antes de convidar o aluno para aprender como fazer uma leitura das demonstrações financeiras/contábeis1, pois este é um conhecimento indispensável para a tomada de decisões no campo das finanças empresariais, ele conheça o processo ou “a aventura” necessária para obter uma demonstração financeira/contábil, sendo esse esforço também um auxílio para que o aluno compreenda as informações que esses informes objetivo transmitir para a sociedade. Quanto melhor o conhecimento em Contabilidade, melhor a compreensão das demonstrações financeiras/contábeis. Não se trata de um livro “introdutório”, no sentido de trazer apenas uma leve e simplificada amostra do que seja contabilidade. Muito menos existe a preocupação de esgotar o assunto e discutir temas avançados ou casos extraordinários e complexos. Então, este livro-texto traz noções que serão imprescindíveis para as outras disciplinas, que acrescentarão conhecimentos mais avançados em um ambiente multidisciplinar. O Método das Partidas Dobradas, por exemplo, é imprescindível para todo o curso. Normalmente, os professores de disciplinas mais avançadas irão considerar que o aluno já tem conhecimento suficiente para aplicá-lo. É importante também comentar que muitos dos termos que serão introduzidos facilitarão a compreensão do aluno para seu desenvolvimento em disciplinas de outras áreas da Administração. Por exemplo, o aluno que conhecer o conceito (ou a “conta contábil”) de “capital social” irá facilmente compreender o que é uma “ação” na Bolsa de Valores. E, se esse mesmo aluno conhecer o conceito contábil de “resultado”, terá melhores condições para entender o que é uma debênture. Ambos os exemplos pensando-se na disciplina de Mercado de Capitais. Para tal, elaborou-se um texto com a intenção de ter fácil compreensão, com muita teoria e prática. 1 Na legislação brasileira, em muitos momentos, os termos “demonstrações financeiras” e “demonstrações contábeis” aparecem como sinônimos, embora tecnicamente existam demonstrações emanadas da contabilidade e de outros trabalhos administrativos. Para este livro-texto, demonstrações financeiras/contábeis significam o conjunto de demonstrações obrigatórias definidas nas leis nº 6.404/1976 e 11.638/07 (de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade). 8 O conteúdo a ser abordado aplica-se, sem distinção, a empresas de qualquer porte e/ou ramo, e atualmente com as normas internacionais de contabilidade em praticamente todos os países do planeta. Neste livro-texto, houve uma preocupação em mesclar exemplos de instituições de pequeno, médio e grande porte. Além disso, analisamos o empreendedorismo, tema fundamental para o contador. Há também o intuito de orientar o aluno em relação ao processo de convergência contábil internacional, um grande esforço dos contadores, que está em pleno andamento. Há também espaço para lidar com a cultura corporativa, com os jargões próprios da área Contábil/Financeira e Administrativa, ajudando o estudante a se inserir no mercado de trabalho. Na elaboração deste livro-texto, seguiram-se orientações do Conselho Federal de Contabilidade e da Fundação Brasileira de Contabilidade (Proposta Nacional de Conteúdo para os Cursos de Graduação em Ciências Contábeis), bem como do Ministério da Educação (Resolução CNE/CES nº 10/2004 e Parecer CNE/CES nº 269/2004). Além disso, as orientações da Organização das Nações Unidas (ONU), da United Nations Conference on Trade and Development (Unctad), da International Accounting Standards Board (lasb), com as Normas Internacionais de Contabilidade, e da International Federation of Accountants (Ifac), com as Normas Internacionais de Educação Contábil e os pronunciamentos do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Introdução Olá, aluno (a). Acredito que a primeira pergunta que você deve estar fazendo não seja: “Para que estudar contabilidade?”. Considero que, por ter escolhido um curso de Administração ou Ciências Contábeis, você já saiba que esta é uma disciplina muito importante para a sua vida acadêmica e profissional. Você demonstra vocação para esse tema. Imagino que a sua dúvida inicial então deva ser: “Como começar a estudar contabilidade?”. E, talvez, se vale a pena estudar contabilidade, principalmente se você ainda não tiver consolidado a sua vontade de ser um administrador ou contador. Como iremos estudar a seguir, há muitos interessados na contabilidade, dada a sua importância. Porém, nem todos veem importância na contabilidade. Imagino inclusive que muitos de seus amigos e/ou colegas tenham criticado a sua escolha de ser um administrador e/ou um contador. E é fácil de entender por que isso está acontecendo. No Brasil, a contabilidade estava sendo preparada, na maioria dos casos, apenas para fins tributários. Os contadores eram vistos como uma espécie de braço do governo, mais uma obrigação em meio a um mar de burocracia. Essa situação era um pouco melhor no exterior, onde a profissão contava com certo glamour. Nos Estados Unidos, por exemplo, a profissão contábil era fortemente associada ao mercado de capitais. Mas com o avanço das telecomunicações e da tecnologia da informação, muitos perguntavam se a contabilidade ainda teria relevância no mundo atual. Para complicar as coisas, surgiram grandes escândalos contábeis, e os usuários da contabilidade fizeram muitas críticas sobre os seus procedimentos. Uma mesma empresa poderia dar lucro em um país e prejuízo em outro, mudando-se apenas as regras contábeis. 9 Nos últimos anos, os contadores entenderam que normas fortes e com validade em todo o planeta deveriam ser implantadas. Surgiu então um esforço de harmonização contábil internacional exigindo que, mais do que “preparadores de números”, os contadores forneçam dados qualitativos e interpretem os negócios. Mais do que isso, além de relatar o que ocorreu no passado, os contadores precisam relatar o que poderá ocorrer no futuro, antecipando-se a mudanças. Esse movimento de harmonização contábil internacional é certamente um dos grandes projetos da humanidade. Poucas vezes uma profissão conduziu um projeto de magnitude como esse. Tudo isso significa que, ao escolher estudar Administração e/ou Ciências Contábeis, você certamente optou por uma das profissões mais relevantes da atualidade; desde já, entenda que você não é um(a) aluno(a) que está apenas recebendo conhecimento, você é um agente de mudança porque também fará parte desse grande esforço de harmonização contábil internacional. Nesta disciplina você estará sendo preparado para a ação, ou seja, terá contato com uma base de conhecimento imprescindível. Ao final deste estudo, espera-se que você tenha formado habilidades para conhecer a contabilidade e agir em ambiente profissional. Bom (e entusiasmado) estudo! Todo e qualquer lugar pode ser um ambiente perfeito para estudar. Mas, para estudar da melhor forma possível, cada um tem suas individualidades e manias. Há pessoas que conseguem absorver bem um assunto a partir de uma simples leitura. Outros não têm muita paciência para ler e preferem fazer exercícios. Há ainda os que têm predileção por livros coloridos, preenchidos com gráficos, elementos visuais e resumos, ou aqueles que não gostam de teorias acadêmicas e dão preferência a livros que ilustrem exemplos práticos e, assim, retratem o cotidiano empresarial. Desse modo, quando este trabalho foi elaborado, pensou-se em mesclar estratégias de ensino para que ele se tornasse interessante. No entanto, o que viria a ser um conteúdo interessante? O que seria um conteúdo chato? Essas respostas dependem de sua postura como aluno. Por isso, a recomendação é: aproveite este livro-texto com olhos interessados. É claro que você é livre para estudar da maneira que achar melhor e que acreditar ser maiseficiente. Porém, nesse sentido, sugere-se que, antes de qualquer atitude, seu estudo seja iniciado pela bibliografia. Verifique livros, artigos e referências que foram utilizados na elaboração deste livro-texto. Em seguida, percorra as unidades, sempre fazendo as atividades propostas. Como estudante de educação a distância, você é um autodidata, o que significa que precisa de disciplina e muita motivação. Contabilidade é uma disciplina que exige concentração e assiduidade, justamente o que no mundo atual é muito difícil! Para tornar seu estudo mais eficiente, recomendo reservar algumas horas do seu tempo exclusivamente para estudar contabilidade, não se dedicando ao mesmo tempo a mais nada (evite atender ao telefone, receber mensagens, conversar com os amigos nas redes sociais da internet, deixar a TV ligada em um noticiário, estar próximo a crianças ou animais e a outras distrações). 10 Para tornar seu estudo mais agradável e prazeroso, escute música clássica! Isso mesmo, estudos internacionais têm mostrado que ela é excelente para o estudo. Ou escolha músicas de que você goste, não necessariamente as clássicas, mas evite as que distraiam em demasia, como o heavy metal. observação Interaja sempre com os tutores, com seus colegas e com o professor nos fóruns. Além disso, contribua com pesquisas, curiosidades e observações. Na Unidade I deste livro-texto, abordaremos os aspectos básicos da contabilidade, incluindo seu histórico e grupos de interesse das informações contábeis. Na Unidade II, estudaremos transações que envolvem contas patrimoniais: ativo, passivo e patrimônio líquido e a constituição do Balanço Patrimonial. Já na Unidade III, estudaremos o Método das Partidas Dobradas, conhecido popularmente como débito e crédito, e também as variações do patrimônio líquido (despesas, receitas e resultado). Por fim, na Unidade IV, estudaremos a estrutura (grupos e subgrupos) do Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Para cada uma das quatro unidades há perguntas para aguçar sua curiosidade. Essas perguntas estão dispostas na seguinte figura: O que é contabilidade? Como os fatos são registrados na contabilidade? Como interpretar as demonstrações financeiras/contábeis? Qual é a dinâmica da contabilidade? Figura 1 – Perguntas norteadoras deste livro-texto Está preparado (a)? Vamos lá! 11 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Contabilidade Unidade I 1 CAmPo de AtuAção dA ContAbIlIdAde A pergunta norteadora desta unidade é: O que é contabilidade? Figura 2 Antes de responder a essa pergunta, é muito importante entender quais são as necessidades do atual ambiente de negócios. Para isso, trago um caso pioneiro de uma empresa que está oferecendo uma solução para a implantação dos veículos elétricos e que é um exemplo “à flor da pele” de empreendedorismo: 1.1 esquentando os motores O texto a seguir foi baseado no impressionante relato de Senor e Singer (2011), e a intenção em trazer esse relato é provocá-lo. Assim como fazemos um “aquecimento” antes de iniciar exercícios físicos, trata-se de uma preparação muito útil para absorver melhor os conteúdos teóricos que nos aguardam. Há muitos anos o mundo discute a possibilidade de utilizar novas e modernas tecnologias para substituir a dependência do petróleo que, em alguns países, é absoluta. Atualmente, há várias tecnologias com esse objetivo, desde os combustíveis verdes (sendo o Brasil uma referência nesse tipo de combustível, com o pioneiro programa Proálcool) até o carro elétrico, tido por muitos como uma ótima (ou, talvez, a melhor) solução. Porém, ocorre que a tecnologia do carro elétrico ainda é incipiente. Muitos carros elétricos atuais são híbridos, ou seja, mistos entre as tecnologias antigas e as novas, mas isso não resolve o problema. Os cientistas afirmam que baterias são a melhor forma de armazenar energia, mas elas precisam de tempo para reabastecimento. Nesse sentido, o carro a gasolina ainda é imbatível. Enquanto um carro elétrico precisa de muitas horas para ser 12 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 reabastecido, um carro a gasolina necessita de poucos minutos. E a gasolina tem outras vantagens: postos de reabastecimento encontram-se espalhados em praticamente todos os lugares, é possível reabastecer um carro com pouca gasolina quando se está sem dinheiro, dentre outras facilidades. Em Israel, Shai Agassi, um ex-executivo da empresa alemã de Tecnologia da Informação SAP, surpreendeu a todos quando repentinamente se afastou de uma carreira altamente promissora. Agassi havia imaginado um mundo com carros elétricos e chegou a uma conclusão ousada: baterias, tais quais os nossos botijões de gás no Brasil, seriam apenas recipientes onde se armazena energia, e não propriedade do usuário. Em vez de um carro passar horas para ser reabastecido em uma tomada normal, poderia ser levado a um posto de serviço, onde baterias previamente carregadas poderiam ser rapidamente trocadas. Ainda mais ousado do que isso, inspirado no procedimento já praticado pelas operadoras de telefonia celular, veículos poderiam ser disponibilizados de graça aos clientes, desde que eles assinassem um pacote de serviços. Ou seja, em vez de o cliente comprar um carro, compraria um plano de quilômetros e receberia um carro novo. Saiba mais Para conhecer mais sobre o projeto brasileiro Proálcool, acesse o site: <http://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool/ programa-etanol.htm>. Pesquise na internet também a respeito de Shimon Peres, Shai Agassi, Carlos Ghosn e o Fórum Econômico Mundial. A ambiciosa ideia de Shai Agassi, que foi apoiada por ninguém menos que o estadista Shimon Peres e, posteriormente, pelo executivo brasileiro Carlos Ghosn, é carregada de expectativas e riscos altíssimos. Observe que um alto executivo da indústria automobilística demoliu a ideia, recomendando veementemente que fosse abandonada. Certamente, não se trata de uma maldade ou mesmo de um jogo de interesses; esse executivo está apoiado em dados e pesquisas que indicam que não é um empreendimento que deve receber esforços. Porém, a ideia de tirar do papel o sonho dos carros elétricos foi adotada por esses homens, que não são apenas ambiciosos, mas acima de tudo teimosos. Em maior ou menor nível, trata-se de um exemplo extremo de empreendedorismo, pessoas que superam as dificuldades para tornar algo uma realidade. Esse mesmo exemplo pode ser transportado para muitas outras iniciativas, e nós, como administradores e contadores, iremos lidar com empreendedores. 13 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Contabilidade Nesse sentido, pergunta-se: • Como saber se essa aventura de negócios dará certo? • Qual deve ser a postura de um empreendedor como Shai Agassi ou Carlos Ghosn? Entusiasmada ou conservadora? • Qual deve ser a postura de um administrador ou contador ao aceitar trabalhar em um negócio como esse? Entusiasmada ou conservadora? • Que estrutura um administrador e um contador devem proporcionar para que possam atender às necessidades de informação dos sócios da empresa, dos outros gestores e dos usuários externos? Saiba mais No Brasil também há discussões sobre os carros elétricos que foram aceleradas por ocasião da conferência das Nações Unidas Rio+20. Para saber mais sobre esses temas, acesse: <http://www.abve.org.br/>. Agora que já estamos devidamente “aquecidos”, vamos iniciar o nosso estudo teórico sobre a contabilidade. 1.2 Conceitos de contabilidade “O trabalho da contabilidade é manter o capitalismo honesto.” Hans Hoogervorst (Presidente da IASB) IAAER Conference 2012. Amsterdã – Holanda A contabilidade é a ciência que desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume e analisa todos os fatoseconômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade. O livro mais utilizado para o ensino da Contabilidade no Brasil é o Contabilidade Introdutória, de autoria de uma equipe de professores da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Nesse livro, Iudícibus et al. (2010, p. 1) trazem a seguinte definição para contabilidade: A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. 14 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 A Universidade de São Paulo, com os professores da Faculdade de Economia e Administração, é a grande doutrinadora da contabilidade no Brasil. São dessa universidade os principais pesquisadores da atualidade, como os eminentes professores Sérgio de Iudícibus, José Carlos Marion e Eliseu Martins, dentre outros. O livro dos professores da USP Contabilidade Introdutória, da Editora Atlas, é um dos livros mais conhecidos, com milhares de cópias vendidas em todo o mundo. Os professores da Universidade de São Paulo fizeram, há alguns anos, uma clara opção por utilizar a contabilidade dos Estados Unidos, a chamada “escola contábil norte-americana”. Que tal observar a definição de contabilidade de outro professor, por exemplo, um professor de origem norte-americana? O professor Michael P. Griffin (2012, p. 3-4), que é vice-reitor da Charlton Business School da Massachusetts University, em Dartmouth, ensina que: Contabilidade é o registro sistemático, o relato e a análise das transações financeiras de uma empresa. No entanto, além do papel crítico que desempenha como um sistema de informação financeira, ela fornece muito do vocabulário usado nos mercados financeiros. A contabilidade também oferece os dados necessários para executar uma variedade de aplicações financeiras críticas, incluindo o planejamento financeiro, a análise de demonstrações financeiras e a análise de investimento em ativos financeiros. Portanto, há uma ligação muito forte entre a contabilidade e finanças. A contabilidade nos permite acompanhar o que acontece nas empresas (e em organizações sem fins lucrativos e no governo). Na introdução do seu livro, o professor Griffin (2012, p. 11) ensina ainda que a contabilidade “é a linguagem dos negócios”, sendo que exatamente a mesma frase é utilizada pelo professor Niyama (2005), da Universidade de Brasília, um dos maiores especialistas em contabilidade internacional no Brasil. Comparando-se as duas definições de contabilidade, observa-se nos professores da USP uma preocupação mais prática em identificar o papel e a rotina da contabilidade. Na definição do professor Griffin, vemos essa mesma resolução, mas também com uma preocupação em evidenciar que o jargão utilizado na área contábil é muito importante para o mundo dos negócios. observação Jargão é um vocabulário próprio, em que o uso de palavras e expressões entre os praticantes de uma profissão expressam significados próprios dessa profissão. Em ambos, podemos ver que a contabilidade tem um campo de atuação muito amplo, podendo ser utilizada em diversos tipos de entes, ou melhor, “entidades”. Por entidade compreendemos desde as pessoas físicas até as instituições de Direito Público, como Estados, Municípios e União, passando por instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, como é o caso das fundações. 15 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Contabilidade observação Com o significado de ente ou entidade, em alguns livros, utiliza-se a expressão derivada da escola italiana de contabilidade “Azienda”, ou ainda “Contabilidade aziendal”. As transações ou operações que ocorrem em uma entidade são, dentre outros exemplos, compras, vendas, pagamentos e recebimentos. Imagine uma loja de sapatos. Durante um dia rotineiro de trabalho, essa loja certamente venderá alguns pares de sapatos, gerando a necessidade de repor os estoques. Para isso, o gerente da loja irá emitir um pedido de compras. Quando as mercadorias chegarem e as prateleiras forem reabastecidas, o fornecedor dos sapatos e o transportador deverão ser pagos, e os clientes terão de pagar pelos sapatos que compraram. Para que essa loja possa funcionar adequadamente, precisará estar limpa, iluminada e bem-decorada – significando gastos que igualmente precisam ser pagos. Cada um dos gastos, compras e vendas recebe a denominação, no jargão contábil, de transação ou operação contábil. Esses eventos, em geral, estão associados a documentos comprobatórios, como a nota fiscal, a fatura, a duplicata, a nota promissória e o recibo. Captação, registro, acúmulo e resumo das transações da entidade geram as demonstrações contábeis, das quais o nosso curso se ocupará com o balanço patrimonial e com a demonstração de resultado do exercício. lembrete O trabalho básico do contador é o de procurar e captar as “transações”. Nessas duas definições de contabilidade é possível observar ainda que o processo contábil não existe apenas para acumular dados, mas também para formar e analisar informações. Basicamente, as funções da contabilidade são dispostas na seguinte figura: Contabilidade Função administrativa Função econômica efinanceira Controlar o patrimônio Apurar o resultado Prestar informações Figura 3 – Funções da contabilidade 16 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 1.3 A contabilidade como sistema de informação e controle Na figura a seguir, é possível observar o sistema (trâmites, procedimentos) da contabilidade: Fenômenos que afetam a situação patrimonial da entidade Captar, acumular e resumir transações Econômico Financeiro Físico Produtividade Informação na forma de demonstrações contábeis (resumos) Interpretação por usuários internos e externos Tomada de decisão Figura 4 – Visão sistêmica da contabilidade O trabalho na contabilidade se inicia, conforme estudamos nesta unidade, com a captação dos fenômenos que afetam a situação patrimonial da entidade. Para isso, costuma-se sintetizar todo esse trabalho em algumas atividades básicas, como captar, acumular e resumir transações. A tarefa de captação necessita da participação de todos os colaboradores da empresa. O resumo das transações pode ser feito em aspectos econômicos, financeiros, físicos e de produtividade. Os usuários da contabilidade irão receber esses resumos, que podem ser chamados de informações, na forma de demonstrativos contábeis, que sintetizam um universo de operações. Por sua vez, essas informações são interpretadas por usuários internos e externos que irão, com suas próprias conclusões, tomar decisões. Imagine a seguinte situação: em uma empresa que produz pranchas de surfe, o proprietário fixou uma meta de produção para o diretor industrial e metas de vendas para os vendedores. Durante o mês, o contador capta dados, acumula-os e os resume, apresentando demonstrativos. Ao receber esses demonstrativos, o proprietário (usuário interno) interpreta que o diretor industrial teria alcançado a meta, mas não os vendedores, o que teria gerado estoques acima do previsto. Assim, uma das decisões que podem ser tomadas é a de produzir menor quantidade de pranchas e, talvez, de valor mais elevado. Ainda nesse mesmo exemplo, imagine que um gerente de banco (usuário externo) observe nos demonstrativos que o proprietário da empresa teria vendido uma maior quantidade de pranchas 17 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07/2 01 4 Contabilidade a prazo. O gerente poderá, então, oferecer um serviço de cobrança mais adequado ou evitar conceder um empréstimo a essa empresa, de acordo com as políticas do banco. Somente nesse exemplo fictício, quantas possibilidades de decisões! O importante é entender essa dinâmica, um mecanismo que ocorre na contabilidade e costumamos chamar de visão sistêmica: de uma grande quantidade de dados, é possível apresentar um demonstrativo (digamos, em uma única folha de papel) que tenha relevância suficiente para permitir a tomada de decisões importantes. lembrete A contabilidade é a ciência que desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume e analisa todos os fatos econômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade. Esse aspecto de como os usuários interpretam as demonstrações contábeis é bem extenso e tem gerado pesquisas científicas na área de contabilidade. Há uma linha de pesquisa, a chamada behavioral accounting (em português, contabilidade comportamental), que estuda o comportamento dos usuários diante da contabilidade e que se vale de outras áreas do conhecimento, como a psicologia e até mesmo a neurociência. 2 GruPoS de IntereSSe nA InFormAção ContÁbIl 2.1 A contabilidade e as finanças empresariais Vimos que Griffin (2012) citou a importância da contabilidade para as finanças empresariais de uma forma geral. Mais especificamente, Griffin (2012, p. 137) comenta que “a contabilidade é a matéria-prima da análise financeira”. Não sem razão, uma vez que os dados contábeis são fundamentais para que os analistas financeiros possam analisar os dados das empresas e tomar decisões. Para Matarazzo (2003), as demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanço transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir. A maior parte dos autores ligados à área financeira costuma dizer que o processo de análise de balanços se inicia logo após o processo contábil. Esses processos são descritos nas figuras a seguir: 18 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Processo contábil Fatos Compras Vendas Pagamentos Recebimentos Escrituração Diário Razão livros fiscais Apuração do resultado lucro ou prejuízo Demonstrações contábeis Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Demonstração do fluxo de caixa Demonstração do valor adicionado Notas explicativas Figura 5 A seguir, o processo de análise de balanços: Análise de balanço Exame e padronização Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Análise vertical / horizontal Cálculo Análises Apuração dos indicadores liquidez, endividamento atividade e rentabilidade Índices-padrão Cálculos e comparação Relatório de análise Elaboração do relatório de forma clara para determinado usuário Figura 6 19 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Contabilidade Por conta das necessidades dos analistas, era comum até alguns anos atrás a solicitação de relatórios ad hoc para as empresas, o que de certa forma gerava problemas de confiabilidade nas próprias demonstrações financeiras e criava mais trabalho para os contadores. observação Relatórios com a expressão em latim ad hoc são relatórios solicitados aleatoriamente, a qualquer momento. Nesse sentido, a IASB e o CPC no Pronunciamento Conceitual Básico orientam os contadores a não mais preparar relatórios ad hoc, elaborando de forma mais atenta as próprias demonstrações financeiras como o balanço patrimonial. Esse aspecto é muito importante para conferir maior credibilidade para o trabalho contábil em geral. A IASB e o CPC deram para as demonstrações financeiras o título de Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Geral e orientam a considerar os três seguintes grupos de usuários com atenção, sem, no entanto, criar uma hierarquia entre eles. São os chamados “usuários primários”: • investidores; • credores por empréstimo; e • outros credores. A seguir, citações literais do CPC (retiradas do Pronunciamento Conceitual Básico) a respeito disso: OB2. O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito. OB5. Muitos investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, não podem requerer que as entidades que reportam a informação prestem a eles diretamente as informações de que necessitam, devendo desse modo confiar nos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, para grande parte da informação contábil-financeira que buscam. Consequentemente, eles são os usuários primários para quem relatórios contábil-financeiros de propósito geral são direcionados. 20 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 lembrete A Análise de Balanços será estudada nas próximas disciplinas do curso. Saiba mais Para saber mais sobre o Pronunciamento Conceitual Básico, acesse o site: <http://www.cpc.org.br>. 2.2 A contabilidade, a economia e o direito A contabilidade possui uma ampla gama de usuários, dentro e fora da empresa contabilizada. Alguns autores, como Santos (2005), para fins de estudo e organização, costumam separar os usuários da contabilidade em dois tipos: • os usuários internos; • os usuários externos. Os gestores da empresa precisam de ferramentas de avaliação e controle de suas atividades para que saibam quanto têm em dinheiro, quanto têm a receber, o que têm a pagar, a quem devem etc. Eles precisam saber se estão ganhando ou perdendo dinheiro e, sobretudo, qual é o resultado econômico e o financeiro de suas atividades empresariais. Externamente, organizações e indivíduos procuram ter uma avaliação acerca da empresa, ainda que não tenham acesso direto à sua rotina diária. Vejamos alguns usuários e sua relação com a contabilidade: • Usuários internos: — Gestores financeiros: analisam, por meio da contabilidade, a posição financeira expressa por dinheiro e direitos a receber, bem como as obrigações a serem saldadas com esses recursos. Analisam também a lucratividade da entidade e a relação entre o desempenho econômico, expresso em resultado positivo ou negativo, e o desempenho financeiro, ou seja, a geração de recursos financeiros para pagar as obrigações assumidas. — Gestores de produção: analisam a relação entre despesas e receitas, bem como os níveis de estoques. 21 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Contabilidade — Auditores internos: analisam a veracidade ou a precisão da contabilidade, buscam indicações de desvios de recursos ou práticas duvidosas e auxiliam os gestores financeiros, de produção e de outros setores a obter números confiáveis, a partir dos quais se podem tomar decisões. — Gestores em geral: qualquer um que precise entender e analisar a história da empresa expressa em unidades monetárias. — Administradores: aqueles que, ao administrar a empresa, precisam de um “mapa” e de uma “bússola”, da mesma maneira que um navegador necessita dessas ferramentas para orientar-se e decidir-se por um caminho a tomar. — Sócios: querem saber de seus haveres, do lucro a que fazem jus e do real desempenho da empresa. Usam a contabilidade para cobrar resultados dos administradores. • Usuários externos: — Fornecedores:utilizam, dentre outros recursos, a contabilidade, para avaliar se o cliente terá capacidade de pagar pelos produtos comprados a prazo. — Banqueiros comerciais: essencialmente, concedem crédito na forma de empréstimos, desconto de títulos e outras operações, em que emprestam o capital necessário à condução das atividades da entidade. A partir da contabilidade, procuram analisar a capacidade de devolução dos recursos emprestados. — Banqueiros de investimento: são agentes especializados em fornecer recursos de investimento a longo prazo, de maneira que as empresas possam investir a longo prazo em crescimento e desenvolvimento. Usam a contabilidade para avaliar as perspectivas de crescimento e retorno sobre o investimento, e demonstram aos investidores externos, com base em projeções feitas a partir dos números da contabilidade da empresa, o potencial de lucro e o risco do investimento. — Auditores externos: analisam as demonstrações contábeis de maneira que ateste sua correção. Se os números estiverem corretos, autoridades tributárias, banqueiros comerciais ou de investimentos e investidores poderão, mais seguramente, avaliar as empresas. Há ainda grupos de interesse diversos, como o governo, que usa largamente as informações contábeis para fins de arrecadação e fiscalização de impostos, e para a formação de políticas econômicas, a partir dos dados que as demonstrações financeiras oferecem. Os sindicatos de trabalhadores ou patronais podem vir a utilizar os relatórios para determinar a produtividade do setor, um fator preponderante para decidir se salários devem ser reajustados, por exemplo. Podemos citar muitos outros interessados, como funcionários, órgãos de classes, pessoas e diversas instituições, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o CRC (Conselho Regional de Contabilidade), empresas concorrentes, jornalistas em busca de informações para suas matérias e muito mais. 22 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 resumo Estudamos nesta unidade o campo de atuação da contabilidade. Iniciamos esse estudo trazendo um caso real e muito ousado de empreendedorismo, no qual surge espontaneamente a pergunta: “Esse negócio dará certo?”. A forma de responder a uma pergunta como essa é com a utilização da contabilidade, uma ciência que estuda o patrimônio e desenvolveu uma metodologia própria que capta, registra, acumula, resume e analisa todos os fatos econômicos e financeiros que ocorrem em uma entidade. Passamos, então, a estudar o uso da contabilidade não apenas para gerar informações, mas também para proporcionar controle. Com esses primeiros conhecimentos em mente, estudamos as aplicações da contabilidade, principalmente, na área de finanças empresariais, e as relações da contabilidade com a Economia, o Direito e alguns grupos de interesse na informação contábil, os chamados “usuários”. Com esse estudo, vimos quão amplo é o campo de atuação da contabilidade, que não é apenas uma forma matemática de “fazer contas”, mas também uma poderosa ferramenta de gestão, capaz de dar um subsídio sólido para administradores tomarem decisões, mesmo as mais difíceis e arriscadas. Após esta unidade, é bem capaz que você esteja com um monte de dúvidas. Como exatamente a contabilidade faz isso? Puxa, até parece algo mágico! Mas... não há nada de magia! A contabilidade é baseada em metodologias e que exigem certo esforço para serem compreendidas. É isso que nós iremos estudar nas próximas unidades. Por ora, a expectativa é a de que neste momento você tenha condições de responder à pergunta norteadora desta unidade, que é :“O que é contabilidade?”. Se você ainda não estiver confortável para responder, nem que seja minimamente, a essa pergunta, não hesite em voltar e ler esta unidade mais uma ou quantas vezes for necessário. E não tenha ansiedade, estudar contabilidade é um caminhar, em que cada vez mais conhecimentos serão agregados a essa base conceitual que acabamos de estudar. 23 AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 Contabilidade Agora, estamos prontos para partir para a Unidade II deste livro-texto, na qual estudaremos o Balanço Patrimonial. Vamos lá! exercícios Questão 1 (Enade 2009). Para o exercício da profissão contábil, é necessário observar o Código de Ética, cujo objetivo é fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas. Uma situação demonstrativa de um comportamento ético do contador é: A) Assinar os balanços de uma empresa, elaborados por profissional não habilitado, sem orientar, sem supervisionar e sem fiscalizar sua preparação. B) Emitir parecer favorável de auditoria a uma empresa, sem a realização de testes suficientes para fundamentar a sua opinião. C) Propor honorários aviltantes para clientes de outros escritórios, a fim de aumentar a receita que recebe. D) Publicar, no sítio do seu escritório de contabilidade, artigo técnico, sem citar a fonte consultada. E) Renunciar às suas funções ao perceber a ocorrência de desconfiança por parte de seu cliente, sem prejudicá-lo. Análise das alternativas Resposta correta: alternativa E. A) Alternativa incorreta. Justificativa: os atos indicados nessa alternativa revelam atitude bastante negativa e não profissional. Os demonstrativos podem apresentar uma série de impropriedades e, eventualmente, fraudes e dados irregulares. B) Alternativa incorreta. Justificativa: trata-se de atitude que não vai ao encontro da boa conduta e do profissionalismo exigidos em um processo de auditoria. 24 Unidade I AD M -C CT B — R ev isã o: A nd re ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 0/ 07 /2 01 4 C) Alternativa incorreta. Justificativa: trata-se de um procedimento condenável. O escritório deve procurar obter meios que permitam a realização de seus serviços de forma eficiente, com a redução de custos desnecessários, por exemplo. D) Alternativa incorreta. Justificativa: essa prática é condenável e sujeita o profissional e a empresa a multas e penas judiciais. E) Alternativa correta. Justificativa: é o que deverá ocorrer se não for possível o cumprimento da tarefa sob sua responsabilidade, de forma lícita e ética. Questão 2 (Enade 2006). A diretoria da Cia. Itacolomy, empresa do comércio varejista, com filiais em todo o Brasil, preocupada com a guarda e a segurança de seus arquivos de dados, das informações que envolvem o Processamento Eletrônico e da perfeita reconstituição de relatórios e demonstrações contábeis, reúne-se com a área responsável para estabelecer as normas e os procedimentos de segurança que deverão ser adotados em relação ao assunto. Qual é o procedimento que a empresa deve adotar para assegurar a recuperação de seus dados? A) Cuidar para que existam cópias de segurança e centros de contingências de processamento de dados. B) Determinar que os procedimentos sistêmicos e os controles do sistema sejam de conhecimento restrito do departamento de informática da empresa. C) Criar um setor de armazenamento, de modo que todos os arquivos de dados estejam na sede da empresa. D) Permitir que os funcionários tenham acesso ilimitado aos sistemas de dados da empresa. E) Exigir que todos os documentos sejam guardados durante a existência da empresa. Resolução desta questão na plataforma.
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