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Distúrbios da Vesícula Biliar

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Distúrbios da Vesícula 
Biliar 
 
A principal função 
da vesícula biliar 
consiste em 
concentrar (5-20x 
mais), armazenar e 
excretar a bile, que 
é produzida pelo 
fígado. 
 
Durante o 
processo de 
concentração, a água e os eletrólitos são absorvidos 
pela mucosa da vesícula biliar. A bile é composta de 
sais biliares e compostos endógenos e exógenos 
excretores. Outros componentes incluem ácidos 
graxos, colesterol, fosfolipídeos, bilirrubina, 
proteína e outros compostos. Os sais biliares são 
produzidos pelas células hepáticas a partir do 
colesterol e são essenciais para digestão e absorção 
de lipídeos, vitaminas lipossolúveis e alguns 
minerais. A bilirrubina, o principal pigmento da bile, 
provém da liberação da hemoglobina em 
consequência da destruição dos eritrócitos. A 
bilirrubina é transportada até o fígado, onde é 
conjugada e excretada pela bile. 
 
Os sais biliares, que são excretados no intestino 
delgado pela bile, são posteriormente reabsorvidos 
no sistema porta (circulação êntero-hepática). Esta 
é a principal via excretora para os minerais cobre e 
manganês. 
 
A bile contém imunoglobulinas que mantêm a 
integridade da mucosa intestinal. É removida pelo 
fígado através dos canalículos biliares que drenam 
nos ductos biliares intra-hepáticos. Os ductos levam 
aos ductos hepáticos esquerdo e direito, que 
deixam o fígado e unem-se para formar o ducto 
hepático comum. A bile é dirigida até a vesícula biliar 
por meio do ducto cístico para a sua concentração e 
armazenamento. O ducto cístico une-se ao ducto 
hepático comum para formar o ducto colédoco. Em 
seguida, o ducto colédoco une-se ao ducto 
pancreático, que transporta as enzimas digestivas. 
 
Durante a digestão, o alimento alcança o duodeno, 
desencadeando a liberação de hormônios 
intestinais, como a colecistocinina (CCK) e a 
secretina. Isso estimula a vesícula biliar e o pâncreas 
e produz relaxamento do esfíncter de Oddi, 
possibilitando o fluxo de suco pancreático e bile 
para dentro do duodeno na ampola de Vater, a fim 
de auxiliar na digestão dos lipídeos. Por esse motivo, 
 
 
as doenças da vesícula biliar, do fígado e do 
pâncreas frequentemente estão inter-relacionadas. 
 
COLESTASE 
Pouca ou nenhuma secreção de bile, ou há 
obstrução do fluxo de bile para o sistema digestório. 
Pode ser observada em pacientes sem nutrição oral 
ou enteral por um período prolongado, como os que 
necessitam de NP, o que pode predispor à 
colecistite calculosa. 
 
A deficiência da bomba de exportação de sais 
biliares (BSEP – principal transportador 
responsável pela secreção de sais biliares) resulta 
em diferentes formas genéticas de colestase e 
formas adquiridas de colestase, como a colestase 
induzida por fármacos e a colestase intra-hepática 
da gestação. A prevenção da colestase requer a 
estimulação da motilidade e secreção biliares por 
pelo menos uma nutrição enteral mínima. Se isso 
não for possível, recorre-se à terapia farmacológica. 
 
COLELITÍASE 
Formação de cálculos biliares. Podem ser 
pigmentados (alta concentração de bilirrubina) ou 
cálculos de colesterol (mais comum, compostos por 
colesterol, bilirrubina e sais de cálcio). 
 
Ocorre coledocolitíase quando os cálculos deslizam 
para dentro dos ductos biliares, produzindo 
obstrução, dor e cólicas. s. Se a passagem da bile 
para o duodeno for interrompida, pode haver 
desenvolvimento de colecistite. Na ausência de bile 
no intestino, ocorre comprometimento na absorção 
dos lipídeos, e, sem pigmentos biliares, as fezes 
adquirem uma coloração clara (acólicas). Se o 
problema não for corrigido, o retorno da bile pode 
resultar em icterícia e dano hepático (cirrose biliar 
secundária). A obstrução da parte distal do ducto 
colédoco pode levar à pancreatite se houver 
obstrução do ducto pancreático. 
 
Uma alta ingestão de gordura dietética por um 
período prolongado pode predispor o indivíduo à 
formação de cálculos biliares devido ao constante 
estímulo na produção de mais colesterol para a 
síntese da bile necessária na digestão dos lipídeos. 
As bactérias também desempenham um papel na 
formação dos cálculos biliares. As infecções 
crônicas de baixo grau produzem alterações na 
mucosa da vesícula biliar, que afetam a sua 
capacidade de absorção. Em consequência, pode 
ocorrer absorção do excesso de água ou ácidos 
biliares. Em seguida, o colesterol pode precipitar e 
causar a formação de cálculos biliares. 
 
 
Cálculos pigmentados negros – hemólise crônica, 
cirrose ou NPT. 
Cálculos pigmentados castanhos – infecção biliar. 
 
Fatores de risco 
 Idade avançada 
 Sexo (mais comum em mulheres) 
 Diabetes 
 Obesidade 
 Uso de estrógenos ou pílula 
anticoncepcional 
 Hipercolesterolemia 
 Baixa ingestão de vitamina C (menor 
catabolismo do colesterol a ácidos biliares) 
 Genética e histórico familiar 
 Gravidez 
 Anemia hemolítica 
 Doença de Crohn 
 Alta ingestão de gorduras 
 Baixa ingestão de fibras 
 Perda de peso rápida 
 Nutrição parenteral (diminui secreção de 
CCK e perde estimulação biliar pela falta 
de gordura no duodeno – estase biliar). 
 
Manifestações clínicas 
A maioria dos pacientes são assintomáticos (1-3% 
apresentam sintomas). Geralmente os 
assintomáticos apresentam mais sintomas após a 
colecistectomia. 
 
Sintomas – náuseas, dispepsia (após consumo de 
gordura/frituras), cólicas, dor epigástrica grave ou 
no quadrante superior direito, icterícia, vômitos, 
esteatorreia. 
 
Colelitíase crônica 
Presença prolongada de cálculos com menor 
inflamação. 
 
Colelitíase aguda 
Episódios periódicos com obstrução brusca do 
canal cístico, presente inflamação e infecção. 
 
Estase biliar – maior reabsorção de sais e colesterol 
com irritação da mucosa. Há distensão da vesícula e 
compressão dos vasos, produzindo dor. 
 
Complicações 
Colecistite, perfuração, fístulas, colangite 
(inflamação da árvore biliar), colestase obstrutiva, 
pancreatite, erosão de um cálculo no intestino. 
 
Tratamento 
A colecistectomia refere-se à retirada cirúrgica da 
vesícula biliar, sobretudo se os cálculos forem 
numerosos, grandes ou calcificados. Pode ser 
realizada por meio de laparotomia aberta 
tradicional ou por um procedimento laparoscópico 
menos invasivo. A dissolução química com a 
administração dos sais biliares, ácido 
quenodesoxicólico e ácido ursodesoxicólico 
(terapia litolítica), ou a dissolução por meio de 
litotripsia extracorporal por ondas de choque 
também podem ser empregadas com menos 
frequência do que as técnicas cirúrgicas. Os 
pacientes com cálculos biliares que migraram para 
os ductos biliares podem ser candidatos a técnicas 
de colangiopancreatografia retrógrada 
endoscópica. 
 
Dietoterapia 
Objetivos: perder o excesso de peso, se houver 
necessidade, evitando perda de peso rápida e 
flutuações do peso; limitar alimentos que causem 
dor ou flatulência; fornecer vitaminas lipossolúveis, 
se houver necessidade; aumentar a ingestão da 
vitamina C (que parece ajudar na degradação do 
colesterol até ácidos biliares) e fibras solúveis 
(diminui absorção do colesterol). 
 
Controlar dieta e rápida perda de peso 
como prevenção 
Dieta restrita em kcal se necessário 
Rica em fibras e vitamina C 
 
Orientações 
✓ Lipídios distribuídos proporcionalmente entre 
as refeições 
✓ Restrição ao máximo de gorduras de adição 
✓ Preparação de alimentos grelhados ou cozidos 
✓ Evitar carnes gordurosas em geral 
✓ Evitar molhos e preparações à base de gordura 
(maionese, chantilly, etc) 
✓ Evitar doces gordurosos (chocolates, 
bombons) 
✓ Evitar frutas e sementes oleaginosas (abacate, 
nozes, castanhas, amendoim, amêndoas). 
 
COLECISTITE 
Inflamação da vesícula biliar, 80% causada por 
colelitíase (forma aguda). Também pode ser 
causada por Escherichia coli. 20% dos casos são 
causados por outras obstruções como tumores, 
obstrução da artéria cística ou infecção (colecistite 
alitisiática ou acalculosa). 
 
Quando a obstrução do trato biliar impede que a 
bile alcance o intestino, ela reflui e retorna à 
circulação.A bilirrubina apresenta afinidade pelos 
tecidos elásticos (como o olho e a pele); por 
conseguinte, quando transborda para a circulação 
geral, provoca a pigmentação amarelada da pele e a 
coloração dos olhos típica da icterícia. 
 
 
A colecistite acalculosa pode ocorrer em pacientes 
em estado crítico, ou quando a vesícula biliar e a bile 
estão estagnadas. O comprometimento do 
esvaziamento da vesícula biliar na colecistite 
acalculosa crônica parece ser devido à diminuição 
da atividade contrátil espontânea e à 
responsividade contrátil diminuída à CCK. As 
paredes da vesícula biliar tornam-se inflamadas e 
distendidas, e pode ocorrer infecção. 
 
Sintomas - dor abdominal no quadrante superior, 
náusea, vômitos, febre branda, diaforese, 
flatulência. 
 
A colecistite crônica é uma inflamação duradoura da 
vesícula biliar, causada por episódios leves e 
repetidos de colecistite aguda, levando ao 
espessamento das paredes da vesícula biliar. A 
vesícula biliar começa a se contrair e, por fim, perde 
a capacidade de desempenhar as suas funções: a 
concentração e o armazenamento da bile. O 
consumo de alimentos ricos em lipídeos pode 
agravar os sintomas da colecistite devido à 
necessidade de bile para digerir esses alimentos. Os 
fatores de risco incluem a presença de cálculos 
biliares e uma história de colecistite aguda. 
 
Complicações – superinfecção bacteriana, ruptura 
da vesícula, fístula entérica. 
 
Tratamento 
 Colecistectomia nas primeiras 48h após o 
aparecimento dos sintomas (colecistectomia 
precoce) ou após remissão do quadro agudo 
em 2 a 3 meses (colecistectomia tardia); 
 CPRE (colangiopancreatografia retrógrada 
endoscópica) – quando os cálculos estão no 
colédoco 
 Medicamentos 
 Litotripsia (fracionamento dos cálculos com 
ondas de choque). 
 
Dietoterapia 
Objetivos: iguais aos de colelitíase + prevenir a 
contração exacerbada da vesícula biliar. 
 
Crônica – normolipídica (25 a 30% VET) 
 Com fibra solúvel 
Aguda – hipolipídica (20% do VET) 
 (30 a 45g/dia) 
 
✓ Na colecistite crônica, uma dieta normolipídica 
a longo prazo promove drenagem da vesícula 
biliar sem dor excessiva 
✓ Preferir 25% do VET para lipídeos, orientando 
ingestão quanto ao tipo de gordura mais 
saudável 
✓ Controlar ingestão de alimentos flatulentos e 
não tolerados, tanto na forma aguda como 
crônica 
✓ Na forma aguda, descontinuar alimentação nas 
crises. A NP pode estar indicada se o paciente 
estiver desnutrido e se houver previsão de que 
não irá se alimentar por via oral por um período 
de tempo prolongado 
✓ Quando reassumir, dieta hipolipídica para 
diminuir a estimulação/contrações da vesícula 
biliar 
✓ Ver orientações de dietoterapia para colelitíase 
 
Com uma alimentação rica em fibras, a bile se liga à fibra 
no intestino, e as fibras são excretadas nas fezes junto 
com a bile. Os sais biliares são produzidos a partir do 
colesterol; logo, mais colesterol será necessário para 
produzir novos sais biliares pois eles não foram 
reabsorvidos. Dessa forma, os níveis de colesterol 
diminuem. 
 
Após colecistectomia 
Sem a vesícula para armazenar e concentrar a bile, 
alguns pacientes podem apresentar diarreia. Sem a 
bile concentrada, alguns podem ter maior 
dificuldade na digestão dos lipídios, apresentando 
sintomas como náuseas, eructação, flatulência e 
indigestão. 
 
A ingestão de gordura deve ficar limitada durante 
um ou mais meses, para possibilitar que o fígado 
compense a falta da vesícula biliar. Gorduras devem 
ser introduzidas gradualmente; devem ser evitadas 
quantidades excessivas de gorduras ou refeições 
volumosas em uma refeição. 
 
COLANGITE 
Inflamação dos ductos 
biliares. Os pacientes com 
colangite aguda necessitam 
de fluidoterapia e 
antibióticos de amplo 
espectro. Se o paciente não 
melhorar com o tratamento 
conservador, pode haver 
necessidade de colocação 
de stent biliar percutâneo 
ou de colecistectomia. 
 
 
A colangite esclerosante pode resultar em sepse e 
em insuficiência hepática. A maioria dos pacientes 
apresenta múltiplas estenoses intrahepáticas, o que 
torna a intervenção cirúrgica difícil, senão 
impossível. A dilatação ductal percutânea pode 
proporcionar uma permeabilidade do ducto biliar 
em curto prazo em alguns pacientes. Quando a 
sepse é recorrente, os pacientes podem necessitar 
de antibioticoterapia crônica. 
Stent biliar

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