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Pancreatite

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Pancreatite 
 
O pâncreas é uma glândula alongada e achatada, 
localizada na parte superior do abdome, atrás do 
estômago. 
 
Funções: endócrina → produção de hormônios 
(insulina, glucagon, somatostatina) 
Exócrina → secreção de enzimas digestivas e outras 
substâncias. 
 
Muitos fatores regulam a secreção exócrina do 
pâncreas. As respostas neurais e hormonais 
desempenham um papel, sendo a presença e a 
composição dos alimentos ingeridos um importante 
fator contribuinte. Os dois estímulos hormonais 
principais para a secreção pancreática são a 
secretina e a CCK. Os fatores que influenciam a 
secreção pancreática durante uma refeição podem 
ser divididos em três fases: (1) a fase cefálica, 
mediada pelo nervo vago e iniciada pela visão, 
olfato, paladar e antecipação do alimento, levando à 
secreção de bicarbonato e enzimas pancreáticas; (2) 
a distensão gástrica pelo alimento inicia a fase 
gástrica da secreção pancreática, que estimula a 
secreção de enzimas; e (3) a fase intestinal, mediada 
pela liberação de CCK, possui o efeito mais potente. 
 
A pancreatite é a inflamação do pâncreas que se 
caracteriza por edema, exsudato celular e necrose 
gordurosa. A doença pode variar desde leve e 
autolimitada a grave, com autodigestão, necrose e 
hemorragia do tecido pancreático. Com base nessas 
observações, é possível determinar o provável 
resultado da hospitalização. Pode haver 
necessidade de intervenção cirúrgica. 
 
A pancreatite é classificada em aguda ou crônica; 
nesta última, a destruição pancreática é tão extensa 
que as funções exócrina e endócrina estão 
acentuadamente diminuídas, podendo resultar em 
má digestão e diabetes mellitus. A pancreatite 
aguda ocorre subitamente e dura por um curto 
período de tempo. 
 
PANCREATITE AGUDA 
Doença inflamatória aguda em que ocorre 
autodigestão em decorrência da obstrução do 
ducto pancreático. As enzimas ficam ativadas no 
pâncreas ao invés do duodeno. Condição reversível 
se a causa for removida. 
 
Causas 
 Alcoolismo 
 Secundária a colelitíase ou coledocolitíase 
 Doença renal terminal 
 Lúpus 
 
 Doença do trato biliar 
 Traumatismo abdominal 
 Hiperlipoproteinemia 
 Hipercalcemia 
 Drogas 
 AIDS 
 Câncer pancreático 
 Genética 
 
Morfologia 
Edema causado por vazamento microvascular; 
reação inflamatória; destruição proteolítica do 
parênquima pancreático; necrose de gordura 
regional; hemorragia intersticial decorrente de 
lesão dos vasos. A necrose aparece apenas na 
pancreatite necrosante, e hemorragia na 
pancreatite hemorrágica. 
 
Características clínicas 
Sintomas – dores abdominais súbitas e intensas, 
náuseas, vômitos, diarreia. Pode levar a óbito se 
tiver choque pela ativação repentina da resposta 
inflamatória sistêmica, síndrome de angústia 
respiratória aguda ou insuficiência renal. 
 
 Altos níveis séricos de amilase nas primeiras 
24h. 
 Altos níveis séricos de lipase em 72 a 96h. 
 
Em casos mais graves podem haver sequelas como 
abcesso pancreático ou pseudocisto pancreático. 
25% dos casos evoluem para pancreatite crônica. 
 
Cirurgias – necrosectomia, pancreato-
duodenectomia, esfincterotomia. 
 
Dietoterapia 
Objetivos 
 Inibir atividade e secreção das enzimas 
pancreáticas; 
 Evitar irritantes (álcool, cafeína); 
 Corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e 
desnutrição; 
 Evitar superalimentação; 
 Evitar/controlar complicações. 
 
PA leve/moderada 
 
Energia - normo/hipercalórica (25 – 
35Kcal) 
Hiperproteica – 1,2 a 2,5g/kg 
< 30% lipídeos (usar TCM) 
 
✓ TN só deve ser considerada com o 
desenvolvimento de complicações 
inesperadas, ou se existir dificuldade de 
 
progressão da dieta por via oral dentro de 7 
dias. 
✓ Via gástrica ou jejunal, dieta polimérica padrão 
(ASPEN) 
✓ Via gástrica; jejunal se houver intolerância. 
Dieta oligomérica; polimérica pode ser testada 
(ESPEN). 
✓ Posição da sonda após o ângulo de Treitz. 
✓ TN imunomoduladora, com ômega 3 ou 
glutamina não são indicadas. 
✓ Os pacientes devem ser monitorados para 
detectar intolerâncias. 
✓ A tolerância é melhor com infusão contínua. 
✓ TCM tem efeito menor de estímulo à secreção 
de enzimas pancreáticas do que os TCL. 
 
 
Ângulo de Treitz 
 
Contra-indicações de TNE – obstrução do TGI, 
isquemia intestinal, falta de acesso ao TGI ou 
intolerância gastrointestinal não amenizada. 
 
TNP – 10-20ml/h contínua ou 30ml a cada 3h com 
administração intermitente. 
 
PA grave 
 
Energia – 25 a 30Kcal/kg 
 11 a 14 kcal/kg PA (IMC 30-50) 
 22 – 25 kcal/kg PI (IMC >50) 
Hiperproteica – 1,2 a 2,0g/kg 
 1,5 a 2,0g/kg (obesos) 
 
✓ Na PA grave, a TNE é localizada no lúmen 
intestinal, para prevenir atrofia da mucosa e 
manter a integridade do intestino 
✓ 20% dos pacientes apresentarão exacerbação 
dos sintomas no início da NE porém de forma 
leve e não complicada 
✓ 4% mostram exacerbação da SIRS em resposta 
a NE 
✓ Pacientes com PA moderada a grave devem 
iniciar TNE naso/oroentérica dentro de 
24/48h após admissão hospitalar. 
 
PANCREATITE CRÔNICA 
Inflamação do pâncreas de longa duração onde há 
substituição do parênquima pancreático exócrino 
por tecido fibrosado, alterando suas funções. 
Ocorre redução dos processos enzimáticos e lesão 
permanente do pâncreas. Pode ser gravemente 
debilitante devido à perda de função pancreática. 
 
Etiologia 
Mesmas causas da pancreatite aguda. 
 
Morfologia 
Substituição de tecido acinar pancreático por tecido 
conjuntivo fibroso; pâncreas endurecido e 
calcificações locais; formação de pseudocistos. 
 
Características clínicas 
Pode ser silenciosa ou com ataques recorrentes de 
dor abdominal, que podem ser precipitadas por 
abuso de álcool, alimentação ou drogas. Pode ter 
deficiência de B12. 
 
Sintomas – iguais aos de pancreatite aguda. 
 
Complicações posteriores: diarreia, esteatorreia, 
diabetes mellitus 
 
Tratamento – inibição da secreção de HCl, 
bloqueios nervosos, redução oxidativa de estresse e 
tratamentos endoscópicos ou cirúrgicos. 
 
Dietoterapia 
Objetivos 
 Controlar má absorção e melhorar condição 
nutricional do paciente; 
 Reduzir sintomas; 
 Monitorar vitaminas lipossolúveis e B12; 
 Verificar reposição de enzimas pancreáticas e 
necessidade de controle alimentar para 
pacientes hiperglicêmicos; 
 Evitar irritantes (álcool, cafeína, pimentas, 
laticínios em excesso) e purinas. 
 
Energia – 30 a 35Kcal 
Proteína – 1,0 a 1,5g/kg 
Lipídeos - < 30% do VET 
Suplementar vit. lipossolúveis e B12 
Água – 1ml/kcal 
 
✓ Dieta por VO → consistência conforme 
alterações, em 6 a 8 refeições por dia (evitar 
distensão e estimular secreção gástrica), com 
reposição de enzimas. 
✓ Analgésicos antes das refeições melhora a dor 
e, consequentemente, o estado nutricional 
✓ Nos casos de desnutrição grave, iniciar com 
20Kcal/kg e progredir até a caloria adequada 
✓ 20% de lipídeos com uso de TCM em caso de 
esteatorreia, reposição enzimática insuficiente 
ou ganho de peso insuficiente. 
✓ Dieta reduzida em fibras (absorve as enzimas e 
retarda a absorção dos nutrientes).

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