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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Antecedentes: Início do século XX até 1930 ✓ Já tem uma ação do governo voltada para a preservação da saúde das pessoas, visando garantir comércio e proteger a mão de obra, que na época era uma mão de obra voltada à agricultura – importação e exportação. Havia intervenções do Estado principalmente para garantir a saúde dos trabalhadores. ✓ A situação sanitária e econômica do país, que dependia muito da importação e exportação de bens agrícolas, vinha sofrendo por conta das epidemias que aconteciam na época, já que a questão sanitária ainda era precária. O Brasil apenas saia da colônia e entrava na república, com doenças como febre amarela, malária, a peste, tuberculose... todas as quais afetavam a mão de obra. ✓ Ao afetar a mão de obra, afetava também na produção, além da importação/exportação, já que assim que os navios atracavam em solo brasileiro, muitos dos tripulantes vindos de outros países acabavam adoecendo. Essas pessoas suscetíveis doença ficavam doentes e era necessário colocá-los em quarentena, a qual era realizada no RJ em Ilha Grande – existiam hospitais chamados Lazaretos específicos para as quarentenas. Pela origem agrícola do produto, eles acabavam estragando/passando da validade, o que gerava déficit e prejuízos à economia. ✓ Diante desse panorama, as ações da época estavam voltadas para o saneamento e medidas preventivas, como a vacinação – mais comum a partir de 1900 e 1910, quando os programas foram intensificados, muito atrelado ao desenvolvimento da ciência e avanços da microbiologia, principalmente pelo instituto de Pasteur na França. ✓ No Brasil, à época, em 1897, foi criado uma Diretoria, o que seria hoje um tipo de ministério de saúde. Contudo, ele não estava formado especificamente para a saúde, era uma diretoria de portos, que dentro dela na parte de fiscalização dos portos existia a Diretoria Geral de Saúde Pública – analogia ao Ministério da Saúde atual. ✓ Esse período é chamado de Sanitarismo Campanhista – ações verticalizadas, ou seja, com um objetivo específico, na tentativa de proteger a mão de obra e a saúde dessas pessoas trabalhadoras – protegendo também as políticas de comércio. Sanitarismo campanhista ✓ O nome destaque desse tipo de ação é Oswaldo Cruz, médico sanitarista que atua nesse momento, trazendo uma atuação diferente da comum no país, por meio de ações coercitivas, militares... ✓ Oswaldo Cruz assume a Diretoria Geral de Saúde Pública se propondo a erradicar a peste, a malária, a febre amarela e a tuberculose. A tuberculose não foi possível erradicar até os dias de hoje – é passível de controle e tratamento atualmente, mas permanece endêmica, bem como a Lepra/Hanseníase. ✓ O. C. estudou no instituto Pasteur, aprende esses novos avanços da microbiologia e retorna ao Brasil em1902, quando o presidente era Rodrigues Alves. É convidado a assumir o cargo e se propõe a reorganizar o sistema de saúde. ✓ Junto ao Oswaldo, Rodrigues Alves traz o Pereira Passos – engenheiro e arquiteto, para reestruturar a capital (Rio de Janeiro), o qual faz o famoso movimento Bota Baixo, para alargar as ruas, reformar a estrutura arquitetônica urbana do centro da cidade. Ele acaba com os cortiços, expulsa os moradores... conhecida como a tentativa de trazer a Bela Époque ao Brasil – busca trazer ares europeus ao país, que era uma miscigenação; o objetivo é embranquecer a população. ✓ A reformulação na área da saúde e no setor de arquitetura e urbanismo, gerou uma revolta. Isso porque O.C. formou um exército, delegacias de saúde, policiais sanitários – uma estrutura militar, sem a conscientização da saúde, nem a educação em saúde. Não havia respeito pela população. Entravasse nas casas, vacinavam as mulheres e crianças, invadiam os lares para desinfetar... A cidade era dividida em distritos sanitários e cada um tinha sua delegacia. ✓ Em 1904 surge uma revolta – Revolta da Vacina. Não é uma revolta exclusivamente à vacina, era uma junção de problemas sociais e insatisfação pela conjuntura, que culminou com a vacinação obrigatória contra a varíola, por isso possui esse História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez nome em relação à vacina. Aconteceram levantes populares durante esse período. ✓ O.C. tenta erradicar a peste e paga às pessoas para matar os ratos da rua. ✓ A atuação do OC não foi fácil, já que teve muitas ações problemáticas e era aborrecido pela população, principalmente pelos mais humildes e que sofreram maiores impactos. O General Mata Mosquito, como era chamado, conseguiu alguns feitos na frente da DGSP – entre elas, a erradicação da Febre Amarela (1907) na capital federal (RJ). Ganha um prêmio internacional em Berlim por tal feitio (1909). A partir desse reconhecimento, é nomeado diretor do instituto soroterápico federal (como era chamado à época), que no final se torna instituto Oswaldo Cruz (FioCruz). ✓ Com essa evolução, havia concomitantemente o início do Sanitarismo Rural, onde se começou a olhar para os sertões. Sanitarismo Rural ✓ Há dois médicos que atuavam no instituto soroterápico: Arthur Neiva e Belisário Penna. Eles foram até os sertões para tentar entender o porquê do adoecimento das pessoas naquelas regiões. ✓ Lembrando que o país tinha um olhar para a saúde pública diferenciado nos grandes centros, e que o interior ficava abandonado. Não muito diferente do que ainda acontece na atualidade. Os centros de saúde com maior aporte de saúde e as cidades mais afastadas abandonadas. Atualmente há algumas intervenções realizadas (Programa Mais Médicos), mas continua sendo um desafio, pois muitos profissionais não gostam de ir para essas regiões longes. ✓ Nessa expedição eles fazem um relatório (1916), no mesmo período em que se publicam contos do Jeca Tatu, com uma visão de que a população era preguiçosa, quando na realidade sofriam por inúmeras doenças parasitárias, por exemplo, e as atividades laborais ficavam prejudicadas, por conta dessa incidência. ✓ Em 1918 ocorre uma grande epidemia o país – Epidemia de Gripe Espanhola, onde se percebeu que o modelo de atenção à saúde do Brasil não era adequado para atender uma grande parcela da população. Foi no final da segunda guerra mundial, não tinham leitos, faltavam profissionais de saúde, a capacitação era muito precária – nem se quer havia escolas de enfermagem, apenas algumas iniciativas de instrução de enfermeiros, como a escola do hospício dos alienados, mas que não funcionavam adequadamente. Viu-se a necessidade de reformular o modelo de saúde. ✓ Cria-se o Departamento Nacional de Saúde Pública, DNSP (1920). A antiga diretoria é extinta. Chefiado por Carlos Chagas, faz uma reformulação e elabora um código sanitário – chamada de Reforma Carlos Chagas – médico sanitarista que atuou junto à fundação Rockfeller na saúde pública. ✓ Trabalhando junto à fundação nos EUA, Chagas pôde ver como foi a reformulação no exterior, com a elaboração do relatório que estabelece como deveriam ser também as escolas de enfermagem – era um modelo de saúde pública, diferenciando o modelo de ensino de enf da Inglaterra. ✓ A DNSP verá a necessidade de criar uma forma de exercer saúde pública, com grande foco na educação em saúde. Nessa diretoria que se cria o curso de visitadoras em saúde – escola de enfermagem, onde formam as visitadoras que trazem outra abordagem para a saúde, mais educacional, de instruir à população a forma correta de lidar com essas situações. ✓ Antes da escola, Chagas cria um serviço de enfermeiras de saúde pública dentro do DNSP, a partir do qual se vê a necessidade de enfermeirasno país. Como não tinha escola, é trazida uma comitiva chefiada por Ethel Parsons, a qual cria uma escola dentro do DNSP, que futuramente será chamada Escola Anna Nery. ✓ Como era a assistência individual à saúde na época? Era através dos médicos e hospitais particulares – médicos de família, e pela filantropia – as santas Casas de misericórdia. ✓ A assistência coletiva era mias em caráter assistencial, focado nas questões endêmicas. Para tal estavam os hospitais públicos: hospícios, lazaretos (tuberculose, hanseníase), hospitais de isolamento... ✓ Há mais uma mudança nesse modelo de saúde, que traz o modelo Bismarckiano do final do século, em que se cria o seguro social de saúde, também voltado para proteger o trabalhador, mediante uma contribuição. É o início da previdência no país. Surgimento do Seguro Social no Brasil ✓ Com a Lei Eloy Chaves, em 1923, criam-se as Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPs). Eram Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez serviços organizados por empresa. Casa empresa tinha sua caixa. Isso era uma política para proteger a mão de obra e não perder funcionários por motivo de doença. ✓ Era uma contribuição compartilhada – tanto o trabalhador quanto o empregador contribuíam para esse fundo. A maioria das políticas eram do trabalhador? Não. Existiam as políticas mais verticalizadas, que era sempre uma tentativa de manter a economia sólida. Se havia uma população que adoecia demais com as doenças endêmicas, provocava uma interferência através do governo. Junto a isso, iniciou-se o seguro social, uma tentativa de proteger o trabalhador especificamente que contribuía para a caixa de aposentadoria e pensão. Não era todo trabalhador, apenas aquele com carteira assinada. Surge a carteira de vinculação à caixa. ✓ Os primeiros CAPs foram os dos Ferroviários, Marítimos e Estivadores. ➔ A expectativa de vida era baixíssima. ✓ As Caixas de Aposentadorias e Pensão garantiam assistência de saúde aos trabalhadores e às famílias. Assistência médica, previdenciária e farmacêutica. ✓ Alguns anos depois, em 1932, já existiam 140 CAPs, o que gerava muito retorno. Porém, o número de segurados não chegava a 1% da pop. Brasileira. Isso porque as caixas eram por empresas, não era nem por categoria profissional, nem tudo junto como atualmente. Exemplo: a CAPs da UFRJ teria uma, a UFF teria outra, mesmo ambas sendo do ramo da educação. ✓ Foi o primeiro passo para a construção dos direitos sociais, visto que as pessoas tinham direito a assistência farmacêutica, médica e previdenciária. Contudo, havia uma disparidade nos planos de benefícios, porque cada caixa tinha sua regra. Cada caixa tinha um percentual de contribuição diferente, cada uma determinava o número de consultas, tempo de internação. Não havia regras comuns de funcionamento técnico e administrativo, o que trazia diferença entre os planos e benefícios. ✓ Melhorou para 1% da população – a que trabalhava e contribuía. Contudo, ainda continuava sendo um modelo não universal e excludente. Essas características são comuns a todo modelo de saúde anterior ao SUS. Antecedentes: 1930-1960 ✓ Era Vargas. ✓ Ocorre a ampliação dos direitos sociais, das políticas socais tanto dos trabalhadores quanto para a saúde. ✓ Há a criação do Ministério da Educação e Saúde (1930). Um único ministério para as duas áreas. ✓ O ministério da saúde só se desvincula da educação em 1953. ✓ A atenção do Estado ainda estava voltada para as ações de caráter coletivo, principalmente das doenças endêmicas. A assistência médica individual continuava através das Casas de saúde/atividade filantrópica e da previdência. ✓ Em 1933 as Caixas de aposentadoria e pensões são transformadas nos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), que vai congregar um conjunto de trabalhadores de um mesmo ofício ou setor de atividade, e não mais por empresa. A partir daí todos congregam no instituto de sua categoria. ✓ IAPI: industriários; IAPB: bancários; IAPM: Marítimos e Portuários; IPASE: Servidores do Estado. ✓ Continuava uma discrepância nos valores arrecadados e serviços oferecidos, que era a partir da contribuição. Exemplo: o IAPB, por ter funcionários com salários maiores que os marítimos, conseguiam arrecadar mais verba, o que traz distorções, acentuando as diferenças nos benefícios, já que a contribuição era baseada na folha de salário. Quanto mais altos os salários da categoria, mais alto o valor dos recursos destinados à previdência. ✓ Esse modelo de assistência não era universal, pois ainda se baseava nos vínculos trabalhistas. ✓ Os IAPs eram feitos a través da contribuição dos trabalhadores e empregadores; ✓ Tinha uma administração tripartite: tinham representantes do governo, dos trabalhadores e dos empregadores. ✓ Trabalhadores rurais e do setor informal eram excluídos do instituto. ✓ A diferença de salário gerava variação entre os benefícios – número de internação, número de consultas, cobranças extras, serviços – já que não Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez havia uma regra única de funcionamento, cada instituto tinha sua regra. ✓ Era um sistema excludente e marcado pelas desigualdades. Outras iniciativas de saúde pública ✓ Quando se fala em iniciativas para proteger a mão de obra, visando a economia, são chamadas de iniciativas hegemônicas. Por outro lado, há outras iniciativas contra-hegemônicas, que não visam apenas a saúde do trabalhador e a economia, mas também o bem-estar social. No fundo há interesses econômicos, mas pelo menos são ações voltadas para a população. ✓ Em 1942 teve a criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Essa iniciativa trouxe ações preventivas – até então as ações dos IAPs eram estritamente curativas – educativas e assistencial. ✓ A finalidade principal do serviço era combater a malária na região amazônica, porque estavam interessados na extração da borracha, e para isso, era necessário adentrar a mata e criar formas de escoar o material. Muitas pessoas acabavam ficando doentes, o que atrapalhava o serviço. ✓ Uma equipe da fundação Rockfeller chega ao Brasil e viabiliza a extração da borracha – que em períodos de guerra é matéria prima. ✓ Boa parte do saneamento básico nessas regiões começou a partir dessa iniciativa. ✓ A partir dos interesses na borracha, foi o primeiro tipo de ação de saúde de caráter universal, onde todas as pessoas eram contempladas, sem ter nenhum vínculo com contribuição. Depois se estendeu para alguns estados do nordeste, sem ir até a capital. ✓ Outro serviço de saúde com iniciativa contra hegemônica criado na época foi o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU), em 1949. Prestava atendimento domiciliar, tinha financiamento consorciado com os IAPs e oferecia atendimento universal à população. Contudo, não havia sequência – um acompanhamento. Não era um cuidado longitudinal como atualmente. ✓ Ainda havia disparidades – cada IAP tinha sua regra e estrutura. ✓ Em 1960, perto da ditadura militar tem a Lei Orgânica da Previdência Social (1960). A LOPS uniformiza as regras dos IAPs, todos os beneficiários passam a ter os mesmos benefícios, o mesmo número de consultas, mesmo tempo de internação, e a contribuição tornou-se igual para todos. Ainda não são corrigidas as distorções devidas ao número de institutos, por exemplo, o beneficiário dos bancários não poder utilizar a dos marítimos e vice-versa, assim como a qualidade da rede e dos serviços ofertados. ✓ Ainda havia uma falta de uniformidade na distribuição com os gastos – não eram regras específicas sobre a distribuição do arrecadado, cada um investia da maneira que achava melhor;estavam excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos, os servidores públicos e de autarquias municipais. Uma boa parte da população ainda não tinha acesso aos serviços de saúde. ✓ A introdução dos trabalhadores rurais acontece em 1963, com a promulgação da lei que instituiu o FUNRURAL – fundo de benefício para os trabalhadores rurais. ✓ No final da década de 1963 houve um aquecimento do debate sobre o papel do Estado na implantação de um sistema de saúde. Esse debate enfraqueceu no ano seguinte, em 64. ✓ Ainda em 63, a III Conferência Nacional de Saúde propõe a municipalização da assistência à saúde no Brasil. Essa conferência não tinha participação popular, eram só prestadores de serviços e representantes de governo participando. Ditadura militar ✓ Com a ditadura, a questão de dar poder aos municípios e estados enfraquece, porque no militarismo o objetivo era a centralização das decisões e do poder. Fez o caminho inverso: tirou a pouca autonomia desses estados. O processo regride e traz um modelo centralizado, com todas as ações e decisões no governo federal. ✓ A LOPs não corrigiu todas as distorções dos institutos. Contudo, ao uniformizar a regra comum, há uma tentativa de unificação. Mesmo que inicial, favorece a fusão. ✓ Em 1966 há a fusão dos IAPs, transformasse e passa a ser chamado de Instituto Nacional da Previdência Social, onde abarca todos os institutos em uma única estrutura. A partir desse momento, qualquer pessoa, independente do seu instituto, pode usar a mesma rede de serviços de saúde. Esse Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez INPS ainda trazia as ações da assistência médica – mais à frente se tornará INSS, tendo apenas a previdência social, mas antes disso o INPS se desmembra em INAMPS (instituto nacional de assistência médica da previdência social), que depois vira o ministério da saúde. ✓ A fusão e criação do INPS é uma tentativa de diminuir as distorções e aumentar a eficiência do sistema de saúde, assim como facilitar o controle de toda a estrutura – lembrando que a administração era tripartite, com ação do governo no gerenciamento da verba, mesmo que houvesse participação dos empregadores e trabalhadores. ✓ Há um aumento da cobertura e atendimento igualitário aos segurados, já que todos podiam utilizar todas as estruturas dos diversos IAPs. ✓ Ainda, há uma duplicidade de responsabilidade – Em 53 é criado o ministério da saúde, o que ficava a cargo da execução dos serviços mais coletivos, dos programas de saúde; e os de assistência individual ficavam a cargo do ministério da previdência e assistência social, através do INPS. ✓ Era uma lógica ainda de cuidados médicos individuais como padrão de saúde, sem olhar para prevenção e promoção. ✓ Quando conjugou todos os IAPs e juntou todos os fundos, há construção de grandes hospitais, laboratórios e serviços privados financiados com verbas do INPS. ✓ Tinha a ótica dos 50 anos em 5, o milagre econômico, o crescim ✓ ento do país, obras grandes... E o pior: financiamento de serviços privados com verba pública. ✓ Ampliação e construção desses hospitais nos grandes centros urbanos, condensando a criação ainda nas capitais, como atualmente. ✓ A ditadura militar regride a iniciativa dos centros de saúde estaduais. ✓ O fundo rural também participa do INPS. ✓ É criada uma forma de financiar as verbas do setor privado. Nessa época surgem os embriões das grandes redes dos planos de saúde, muitos com financiamento público. ✓ Expansão da medicina hospitalar – modelo hospitalocêntrico e curativo, enquanto o mundo discutia as ações primárias em saúde, prevenção e descentralização. ✓ Tem a criação do PRORURAL, onde mais trabalhadores rurais conseguem participar, em 1971. ✓ Em 1972 são agregadas as empregadas domésticas; ✓ Em 1973 agregam os trabalhadores autônomos. ✓ Quando as categorias profissionais começam a ser agregadas, e a contribuição sendo baseada na folha de salário, aumenta o número de pessoas utilizando os serviços/ previdência/aposentadorias, o que aumenta os gastos da previdência (INPS). ✓ Em 1974 tem o Plano de Pronta Ação, uma forma de universalizar o serviço, onde são oferecidos serviços de emergência do INPS para todos. Contudo, quanto maior a demanda, maiores os custos. ✓ Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) era uma forma de financiamento ao setor privado com verba pública. Esse FAS emprestava dinheiro com juros baixos, para que a rede privada pudesse se estabelecer (clínicas e laboratórios privados). Era um mecanismo para enfrentar a demanda curativa, a qual favoreceu o setor privado. ✓ Junto a isso, foi promulgado o decreto n200/1967 que favorecia a contratação de serviços privados, ao invés de ampliação das redes públicas. ✓ O INPS em vez de ampliar sua estrutura, dava preferência à contratação dos serviços privados. ✓ Primeiro fez o decreto, depois criou o fundo de financiamento FAS. ✓ Importante lembrar que nessa época a saúde não era um direito segundo a legislação. Saúde como mercadoria. ✓ Nesse período aumenta em 50% o número de hospitais privados com fins lucrativos. ✓ Em 1977 tem a criação do SINPAS – sistema nacional da previdência e assistência social. Ocorre uma separação, o INPS é separado da assistência médica – separa a previdência da saúde: Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez A parte da previdência fica a cargo do INPS e a assistência médica fica a cargo do INAMPS. ✓ Todas essas estruturas foram criadas a partir do Sistema Nacional da Previdência Assistencial, que integra previdência, assistência social e médica. ✓ FUNABEM – fundação nacional do bem-estar do menor. Resumo: Fonte INSS. ✓ 11 anos depois da separação, em 1988, é criado o SUS. ✓ Na década de 80 há uma crise econômica: há o enfraquecimento da ditadura militar, querendo a volta da democracia, muito relacionado à crise financeira. Período de aumento de dívida externa muito grande; as empresas começaram a quebrar e o mercado começa a contrair; aumenta o número de desempregados, demissões, reduções de salários. ✓ Se as contribuições são de acordo com o salário, ao ganhar menos, contribui menos para a previdência. Logo, todas essas contribuições diminuem. Por outro lado, ampliaram-se os benefícios e acessos, aumentando as despesas. Tudo isso gera uma dificuldade financeira. Há uma diminuição dos recursos destinados à saúde. Não há mais dinheiro para manter todas as estruturas do INAMPS, nem arcar com os contratos do setor privado. Gera-se a necessidade de reorganizar o sistema. ✓ Junto com o enfraquecimento da ditadura, há o fortalecimento do movimento conhecido como movimento de reforma sanitária brasileira – criticava o modelo de saúde curativo hospitalocêntrico, com financiamento da iniciativa privada, que prevalecia até o momento. Ainda era muito silencioso, por conta do regime ditatorial. ✓ Na década de 80 tem a VII Conferência Nacional de Saúde, que traz como tema os serviços básicos de saúde, com propostas de descentralização, assim como a criação do serviço PREV-Saúde, que dava prioridade à atenção primária. ✓ Anterior à VII CNS já tinha acontecido a Conferência de Alma Ata. ✓ Há o aumento da produção científica, que traziam as propostas de universalização e unificação de um sistema, muito por conta dos pesquisadores do IMS e outras instituições. ✓ A partir dessa discussão ocorre o 1ro Simpósio sobre Política Nacional de Saúde da Câmara dos Deputados (1979), que traz como diretrizes: direito universal das condições que viabilizem a saúde, a criação de um sistema único de saúde e que fosse descentralizado – que desse autonomiaaos municípios, que são o poder mais próximo das pessoas. ✓ Trazendo como subsídio dessas discussões, teve a conferência de Alma Ata em 1978, que é uma das mais importantes realizadas pela OMS. Entende- se que o papel do Estado era intervir no cuidado dos cidadãos, em todas as esferas, seja a nível municipal, federal ou estadual. A responsabilidade com a saúde do povo é do Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Estado. Estabelece-se como proteção social. A conferência foi uma resposta a algumas concepções ideológicas em torno da saúde, rompe com conceitos de saúde como ausência de doença, trazendo a saúde como o estado completo de bem-estar, físico, mental e social, não somente a ausência de enfermidades. Propõe o conceito ampliado de saúde e a defende como direto. Para efetivar isso determina que são necessárias ações em vários setores, sociais e econômicos. ✓ Tem uma disputa entre a perspectiva mercantil de saúde e a saúde com perspectiva social e protetiva. ✓ Defende-se que o dever do Estado não exclui o dever das pessoas. Todos são corresponsáveis pela própria saúde e pela dos outros, trazendo uma noção de coletividade. ✓ Como alternativa para a crise financeira do INAMPS foi a criação do Plano CONASP – plano de reorganização, uma estratégia de racionalização, na tentativa de conter os gastos que eram cada vez maiores. Tinha 3 eixos: um eixo do SAMHPS (Sistema de assistência medica e hospitalar da previdência social), que vai disciplinar o financiamento da FAZ, controlando o tamanho da rede contratualizada privada; a racionalização da assistência ambulatorial – paga apenas pelos serviços utilizados e não pela capacidade total; contrato trilateral – ações integradas de saúde, uma forma de integrar os serviços do INANPS, das secretarias de saúde e das secretarias municipais, o início da integração dos serviços. ✓ Nessas Ações integradas de saúde (1984) tem início a participação dos estados e municípios. É um passo inicial de descentralização; abarca do INAMPS serviços municipais e estaduais; há adesão dos municípios. ✓ Em 1986 ocorre a VIII Conferência Nacional de Saúde (GRANDE MARCO). Materializa todos os ideais do movimento de reforma sanitária brasileira. Coloca-se no papel tudo o que vinha sendo discutido ao longo dos anos em relação à saúde. É a primeira conferência com a participação dos movimentos sociais. Tem como finalidade propor elementos para a constituinte. ✓ Essa conferência subsidiou a constituição de 88. Nela se aprova a unificação do SUS, do conceito ampliado de saúde proposto em Alma Ata, a saúde como direito de todos e dever do Estado e a criação dos conselhos de saúde – conselhos dos secretários municipais de saúde e dos secretários estaduais de saúde (CONASS e CONASEMS). Mais à frente também serão criados os conselhos municipais – estâncias em cada município, com a representatividade de profissionais de saúde, prestadores de serviço para discutir as políticas locais. ✓ No relatório dessa 8 Conferência de saúde traz a saúde como a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, assim como acessos aos serviços de saúde. Traz os condicionantes e determinantes da saúde. Linha do tempo das conferências, tendo como marco a 8, a partir da qual se propõe a criação do SUS. https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias- nacionais-de-saude ✓ Logo após a conferência teve a criação de um Sistema Único e Descentralizado de Saúde (SUDS). Era um protótipo do SUS. Ainda não funcionava como atualmente. Ele trazia maior carga de responsabilidade aos estados, tirando o protagonismo dos municípios. Contudo, contribuiu para a consolidação do desenvolvimento das ações integrais de saúde. ✓ O INAMPS deixa de atuar como órgão de execução direta de ações e serviços de saúde, passando a fazer parte das ações dos estados e municípios. ✓ Começam a ser colocados em prática, a partir de 87, os ideais da reforma sanitária. ✓ Em 88 tem a promulgação da lei máxima do país – a constituição federal de 1988. Traz a saúde como direito de todos e dever do Estado. A lei 8080 regulamenta o SUS, mas ele é criado a partir na constituição federal. A partir dela que se cria o Sistema Único de Saúde. https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude
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