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História das políticas públicas de saúde no Brasil

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
Antecedentes: Início do século XX até 1930 
✓ Já tem uma ação do governo voltada para a 
preservação da saúde das pessoas, visando garantir 
comércio e proteger a mão de obra, que na época era 
uma mão de obra voltada à agricultura – importação 
e exportação. Havia intervenções do Estado 
principalmente para garantir a saúde dos 
trabalhadores. 
✓ A situação sanitária e econômica do país, que 
dependia muito da importação e exportação de bens 
agrícolas, vinha sofrendo por conta das epidemias 
que aconteciam na época, já que a questão sanitária 
ainda era precária. O Brasil apenas saia da colônia e 
entrava na república, com doenças como febre 
amarela, malária, a peste, tuberculose... todas as 
quais afetavam a mão de obra. 
✓ Ao afetar a mão de obra, afetava também na 
produção, além da importação/exportação, já que 
assim que os navios atracavam em solo brasileiro, 
muitos dos tripulantes vindos de outros países 
acabavam adoecendo. Essas pessoas suscetíveis 
doença ficavam doentes e era necessário colocá-los 
em quarentena, a qual era realizada no RJ em Ilha 
Grande – existiam hospitais chamados Lazaretos 
específicos para as quarentenas. Pela origem agrícola 
do produto, eles acabavam estragando/passando da 
validade, o que gerava déficit e prejuízos à 
economia. 
✓ Diante desse panorama, as ações da época estavam 
voltadas para o saneamento e medidas preventivas, 
como a vacinação – mais comum a partir de 1900 e 
1910, quando os programas foram intensificados, 
muito atrelado ao desenvolvimento da ciência e 
avanços da microbiologia, principalmente pelo 
instituto de Pasteur na França. 
✓ No Brasil, à época, em 1897, foi criado uma 
Diretoria, o que seria hoje um tipo de ministério de 
saúde. Contudo, ele não estava formado 
especificamente para a saúde, era uma diretoria de 
portos, que dentro dela na parte de fiscalização dos 
portos existia a Diretoria Geral de Saúde Pública – 
analogia ao Ministério da Saúde atual. 
✓ Esse período é chamado de Sanitarismo 
Campanhista – ações verticalizadas, ou seja, com um 
objetivo específico, na tentativa de proteger a mão 
de obra e a saúde dessas pessoas trabalhadoras – 
protegendo também as políticas de comércio. 
Sanitarismo campanhista 
✓ O nome destaque desse tipo de ação é Oswaldo 
Cruz, médico sanitarista que atua nesse momento, 
trazendo uma atuação diferente da comum no país, 
por meio de ações coercitivas, militares... 
✓ Oswaldo Cruz assume a Diretoria Geral de Saúde 
Pública se propondo a erradicar a peste, a malária, a 
febre amarela e a tuberculose. A tuberculose não foi 
possível erradicar até os dias de hoje – é passível de 
controle e tratamento atualmente, mas permanece 
endêmica, bem como a Lepra/Hanseníase. 
✓ O. C. estudou no instituto Pasteur, aprende esses 
novos avanços da microbiologia e retorna ao Brasil 
em1902, quando o presidente era Rodrigues Alves. 
É convidado a assumir o cargo e se propõe a 
reorganizar o sistema de saúde. 
✓ Junto ao Oswaldo, Rodrigues Alves traz o Pereira 
Passos – engenheiro e arquiteto, para reestruturar a 
capital (Rio de Janeiro), o qual faz o famoso 
movimento Bota Baixo, para alargar as ruas, 
reformar a estrutura arquitetônica urbana do centro 
da cidade. Ele acaba com os cortiços, expulsa os 
moradores... conhecida como a tentativa de trazer a 
Bela Époque ao Brasil – busca trazer ares europeus 
ao país, que era uma miscigenação; o objetivo é 
embranquecer a população. 
✓ A reformulação na área da saúde e no setor de 
arquitetura e urbanismo, gerou uma revolta. Isso 
porque O.C. formou um exército, delegacias de 
saúde, policiais sanitários – uma estrutura militar, 
sem a conscientização da saúde, nem a educação em 
saúde. Não havia respeito pela população. 
Entravasse nas casas, vacinavam as mulheres e 
crianças, invadiam os lares para desinfetar... A 
cidade era dividida em distritos sanitários e cada um 
tinha sua delegacia. 
✓ Em 1904 surge uma revolta – Revolta da Vacina. 
Não é uma revolta exclusivamente à vacina, era uma 
junção de problemas sociais e insatisfação pela 
conjuntura, que culminou com a vacinação 
obrigatória contra a varíola, por isso possui esse 
História das Políticas Públicas de Saúde 
no Brasil 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
nome em relação à vacina. Aconteceram levantes 
populares durante esse período. 
✓ O.C. tenta erradicar a peste e paga às pessoas para 
matar os ratos da rua. 
✓ A atuação do OC não foi fácil, já que teve muitas 
ações problemáticas e era aborrecido pela população, 
principalmente pelos mais humildes e que sofreram 
maiores impactos. O General Mata Mosquito, como 
era chamado, conseguiu alguns feitos na frente da 
DGSP – entre elas, a erradicação da Febre Amarela 
(1907) na capital federal (RJ). Ganha um prêmio 
internacional em Berlim por tal feitio (1909). A 
partir desse reconhecimento, é nomeado diretor do 
instituto soroterápico federal (como era chamado à 
época), que no final se torna instituto Oswaldo Cruz 
(FioCruz). 
✓ Com essa evolução, havia concomitantemente o 
início do Sanitarismo Rural, onde se começou a 
olhar para os sertões. 
Sanitarismo Rural 
✓ Há dois médicos que atuavam no instituto 
soroterápico: Arthur Neiva e Belisário Penna. Eles 
foram até os sertões para tentar entender o porquê do 
adoecimento das pessoas naquelas regiões. 
✓ Lembrando que o país tinha um olhar para a saúde 
pública diferenciado nos grandes centros, e que o 
interior ficava abandonado. Não muito diferente do 
que ainda acontece na atualidade. Os centros de 
saúde com maior aporte de saúde e as cidades mais 
afastadas abandonadas. Atualmente há algumas 
intervenções realizadas (Programa Mais Médicos), 
mas continua sendo um desafio, pois muitos 
profissionais não gostam de ir para essas regiões 
longes. 
✓ Nessa expedição eles fazem um relatório (1916), no 
mesmo período em que se publicam contos do Jeca 
Tatu, com uma visão de que a população era 
preguiçosa, quando na realidade sofriam por 
inúmeras doenças parasitárias, por exemplo, e as 
atividades laborais ficavam prejudicadas, por conta 
dessa incidência. 
✓ Em 1918 ocorre uma grande epidemia o país – 
Epidemia de Gripe Espanhola, onde se percebeu que 
o modelo de atenção à saúde do Brasil não era 
adequado para atender uma grande parcela da 
população. Foi no final da segunda guerra mundial, 
não tinham leitos, faltavam profissionais de saúde, a 
capacitação era muito precária – nem se quer havia 
escolas de enfermagem, apenas algumas iniciativas 
de instrução de enfermeiros, como a escola do 
hospício dos alienados, mas que não funcionavam 
adequadamente. Viu-se a necessidade de reformular 
o modelo de saúde. 
✓ Cria-se o Departamento Nacional de Saúde Pública, 
DNSP (1920). A antiga diretoria é extinta. Chefiado 
por Carlos Chagas, faz uma reformulação e elabora 
um código sanitário – chamada de Reforma Carlos 
Chagas – médico sanitarista que atuou junto à 
fundação Rockfeller na saúde pública. 
✓ Trabalhando junto à fundação nos EUA, Chagas 
pôde ver como foi a reformulação no exterior, com a 
elaboração do relatório que estabelece como 
deveriam ser também as escolas de enfermagem – 
era um modelo de saúde pública, diferenciando o 
modelo de ensino de enf da Inglaterra. 
✓ A DNSP verá a necessidade de criar uma forma de 
exercer saúde pública, com grande foco na educação 
em saúde. Nessa diretoria que se cria o curso de 
visitadoras em saúde – escola de enfermagem, onde 
formam as visitadoras que trazem outra abordagem 
para a saúde, mais educacional, de instruir à 
população a forma correta de lidar com essas 
situações. 
✓ Antes da escola, Chagas cria um serviço de 
enfermeiras de saúde pública dentro do DNSP, a 
partir do qual se vê a necessidade de enfermeirasno 
país. Como não tinha escola, é trazida uma comitiva 
chefiada por Ethel Parsons, a qual cria uma escola 
dentro do DNSP, que futuramente será chamada 
Escola Anna Nery. 
✓ Como era a assistência individual à saúde na época? 
Era através dos médicos e hospitais particulares – 
médicos de família, e pela filantropia – as santas 
Casas de misericórdia. 
✓ A assistência coletiva era mias em caráter 
assistencial, focado nas questões endêmicas. Para tal 
estavam os hospitais públicos: hospícios, lazaretos 
(tuberculose, hanseníase), hospitais de isolamento... 
✓ Há mais uma mudança nesse modelo de saúde, que 
traz o modelo Bismarckiano do final do século, em 
que se cria o seguro social de saúde, também voltado 
para proteger o trabalhador, mediante uma 
contribuição. É o início da previdência no país. 
Surgimento do Seguro Social no Brasil 
✓ Com a Lei Eloy Chaves, em 1923, criam-se as 
Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPs). Eram 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
serviços organizados por empresa. Casa empresa 
tinha sua caixa. Isso era uma política para proteger 
a mão de obra e não perder funcionários por 
motivo de doença. 
✓ Era uma contribuição compartilhada – tanto o 
trabalhador quanto o empregador contribuíam para 
esse fundo. 
A maioria das políticas eram do trabalhador? Não. 
Existiam as políticas mais verticalizadas, que era sempre 
uma tentativa de manter a economia sólida. Se havia uma 
população que adoecia demais com as doenças 
endêmicas, provocava uma interferência através do 
governo. Junto a isso, iniciou-se o seguro social, uma 
tentativa de proteger o trabalhador especificamente que 
contribuía para a caixa de aposentadoria e pensão. Não 
era todo trabalhador, apenas aquele com carteira 
assinada. Surge a carteira de vinculação à caixa. 
✓ Os primeiros CAPs foram os dos Ferroviários, 
Marítimos e Estivadores. 
➔ A expectativa de vida era baixíssima. 
✓ As Caixas de Aposentadorias e Pensão garantiam 
assistência de saúde aos trabalhadores e às 
famílias. Assistência médica, previdenciária e 
farmacêutica. 
✓ Alguns anos depois, em 1932, já existiam 140 
CAPs, o que gerava muito retorno. Porém, o 
número de segurados não chegava a 1% da pop. 
Brasileira. Isso porque as caixas eram por 
empresas, não era nem por categoria profissional, 
nem tudo junto como atualmente. Exemplo: a 
CAPs da UFRJ teria uma, a UFF teria outra, 
mesmo ambas sendo do ramo da educação. 
✓ Foi o primeiro passo para a construção dos direitos 
sociais, visto que as pessoas tinham direito a 
assistência farmacêutica, médica e previdenciária. 
Contudo, havia uma disparidade nos planos de 
benefícios, porque cada caixa tinha sua regra. Cada 
caixa tinha um percentual de contribuição 
diferente, cada uma determinava o número de 
consultas, tempo de internação. Não havia regras 
comuns de funcionamento técnico e 
administrativo, o que trazia diferença entre os 
planos e benefícios. 
✓ Melhorou para 1% da população – a que trabalhava 
e contribuía. Contudo, ainda continuava sendo 
um modelo não universal e excludente. Essas 
características são comuns a todo modelo de saúde 
anterior ao SUS. 
Antecedentes: 1930-1960 
✓ Era Vargas. 
✓ Ocorre a ampliação dos direitos sociais, das 
políticas socais tanto dos trabalhadores quanto para 
a saúde. 
✓ Há a criação do Ministério da Educação e Saúde 
(1930). Um único ministério para as duas áreas. 
✓ O ministério da saúde só se desvincula da 
educação em 1953. 
✓ A atenção do Estado ainda estava voltada para as 
ações de caráter coletivo, principalmente das 
doenças endêmicas. A assistência médica 
individual continuava através das Casas de 
saúde/atividade filantrópica e da previdência. 
✓ Em 1933 as Caixas de aposentadoria e pensões são 
transformadas nos Institutos de Aposentadorias e 
Pensões (IAPs), que vai congregar um conjunto de 
trabalhadores de um mesmo ofício ou setor de 
atividade, e não mais por empresa. A partir daí 
todos congregam no instituto de sua categoria. 
✓ IAPI: industriários; IAPB: bancários; IAPM: 
Marítimos e Portuários; IPASE: Servidores do 
Estado. 
✓ Continuava uma discrepância nos valores 
arrecadados e serviços oferecidos, que era a partir 
da contribuição. Exemplo: o IAPB, por ter 
funcionários com salários maiores que os 
marítimos, conseguiam arrecadar mais verba, o que 
traz distorções, acentuando as diferenças nos 
benefícios, já que a contribuição era baseada na 
folha de salário. Quanto mais altos os salários da 
categoria, mais alto o valor dos recursos destinados 
à previdência. 
✓ Esse modelo de assistência não era universal, pois 
ainda se baseava nos vínculos trabalhistas. 
✓ Os IAPs eram feitos a través da contribuição dos 
trabalhadores e empregadores; 
✓ Tinha uma administração tripartite: tinham 
representantes do governo, dos trabalhadores e dos 
empregadores. 
✓ Trabalhadores rurais e do setor informal eram 
excluídos do instituto. 
✓ A diferença de salário gerava variação entre os 
benefícios – número de internação, número de 
consultas, cobranças extras, serviços – já que não 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
havia uma regra única de funcionamento, cada 
instituto tinha sua regra. 
✓ Era um sistema excludente e marcado pelas 
desigualdades. 
Outras iniciativas de saúde pública 
✓ Quando se fala em iniciativas para proteger a mão 
de obra, visando a economia, são chamadas de 
iniciativas hegemônicas. Por outro lado, há outras 
iniciativas contra-hegemônicas, que não visam 
apenas a saúde do trabalhador e a economia, mas 
também o bem-estar social. No fundo há interesses 
econômicos, mas pelo menos são ações voltadas 
para a população. 
✓ Em 1942 teve a criação do Serviço Especial de 
Saúde Pública (SESP). Essa iniciativa trouxe ações 
preventivas – até então as ações dos IAPs eram 
estritamente curativas – educativas e assistencial. 
✓ A finalidade principal do serviço era combater a 
malária na região amazônica, porque estavam 
interessados na extração da borracha, e para isso, 
era necessário adentrar a mata e criar formas de 
escoar o material. Muitas pessoas acabavam 
ficando doentes, o que atrapalhava o serviço. 
✓ Uma equipe da fundação Rockfeller chega ao 
Brasil e viabiliza a extração da borracha – que em 
períodos de guerra é matéria prima. 
✓ Boa parte do saneamento básico nessas regiões 
começou a partir dessa iniciativa. 
✓ A partir dos interesses na borracha, foi o primeiro 
tipo de ação de saúde de caráter universal, onde 
todas as pessoas eram contempladas, sem ter 
nenhum vínculo com contribuição. Depois se 
estendeu para alguns estados do nordeste, sem ir 
até a capital. 
✓ Outro serviço de saúde com iniciativa contra 
hegemônica criado na época foi o Serviço de 
Assistência Médica Domiciliar de Urgência 
(SAMDU), em 1949. Prestava atendimento 
domiciliar, tinha financiamento consorciado com 
os IAPs e oferecia atendimento universal à 
população. Contudo, não havia sequência – um 
acompanhamento. Não era um cuidado 
longitudinal como atualmente. 
✓ Ainda havia disparidades – cada IAP tinha sua 
regra e estrutura. 
✓ Em 1960, perto da ditadura militar tem a Lei 
Orgânica da Previdência Social (1960). A LOPS 
uniformiza as regras dos IAPs, todos os 
beneficiários passam a ter os mesmos benefícios, o 
mesmo número de consultas, mesmo tempo de 
internação, e a contribuição tornou-se igual para 
todos. Ainda não são corrigidas as distorções 
devidas ao número de institutos, por exemplo, o 
beneficiário dos bancários não poder utilizar a dos 
marítimos e vice-versa, assim como a qualidade da 
rede e dos serviços ofertados. 
✓ Ainda havia uma falta de uniformidade na 
distribuição com os gastos – não eram regras 
específicas sobre a distribuição do arrecadado, 
cada um investia da maneira que achava melhor;estavam excluídos os trabalhadores rurais, os 
empregados domésticos, os servidores públicos e 
de autarquias municipais. Uma boa parte da 
população ainda não tinha acesso aos serviços de 
saúde. 
✓ A introdução dos trabalhadores rurais acontece em 
1963, com a promulgação da lei que instituiu o 
FUNRURAL – fundo de benefício para os 
trabalhadores rurais. 
✓ No final da década de 1963 houve um aquecimento 
do debate sobre o papel do Estado na implantação 
de um sistema de saúde. Esse debate enfraqueceu 
no ano seguinte, em 64. 
✓ Ainda em 63, a III Conferência Nacional de Saúde 
propõe a municipalização da assistência à saúde no 
Brasil. Essa conferência não tinha participação 
popular, eram só prestadores de serviços e 
representantes de governo participando. 
Ditadura militar 
✓ Com a ditadura, a questão de dar poder aos 
municípios e estados enfraquece, porque no 
militarismo o objetivo era a centralização das 
decisões e do poder. Fez o caminho inverso: tirou a 
pouca autonomia desses estados. O processo 
regride e traz um modelo centralizado, com todas 
as ações e decisões no governo federal. 
✓ A LOPs não corrigiu todas as distorções dos 
institutos. Contudo, ao uniformizar a regra comum, 
há uma tentativa de unificação. Mesmo que inicial, 
favorece a fusão. 
✓ Em 1966 há a fusão dos IAPs, transformasse e 
passa a ser chamado de Instituto Nacional da 
Previdência Social, onde abarca todos os institutos 
em uma única estrutura. A partir desse momento, 
qualquer pessoa, independente do seu instituto, 
pode usar a mesma rede de serviços de saúde. Esse 
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Angie Martinez 
INPS ainda trazia as ações da assistência médica – 
mais à frente se tornará INSS, tendo apenas a 
previdência social, mas antes disso o INPS se 
desmembra em INAMPS (instituto nacional de 
assistência médica da previdência social), que 
depois vira o ministério da saúde. 
✓ A fusão e criação do INPS é uma tentativa de 
diminuir as distorções e aumentar a eficiência do 
sistema de saúde, assim como facilitar o controle 
de toda a estrutura – lembrando que a 
administração era tripartite, com ação do governo 
no gerenciamento da verba, mesmo que houvesse 
participação dos empregadores e trabalhadores. 
✓ Há um aumento da cobertura e atendimento 
igualitário aos segurados, já que todos podiam 
utilizar todas as estruturas dos diversos IAPs. 
✓ Ainda, há uma duplicidade de responsabilidade – 
Em 53 é criado o ministério da saúde, o que ficava 
a cargo da execução dos serviços mais coletivos, 
dos programas de saúde; e os de assistência 
individual ficavam a cargo do ministério da 
previdência e assistência social, através do INPS. 
 
✓ Era uma lógica ainda de cuidados médicos 
individuais como padrão de saúde, sem olhar 
para prevenção e promoção. 
✓ Quando conjugou todos os IAPs e juntou todos 
os fundos, há construção de grandes hospitais, 
laboratórios e serviços privados financiados com 
verbas do INPS. 
✓ Tinha a ótica dos 50 anos em 5, o milagre 
econômico, o crescim 
✓ ento do país, obras grandes... E o pior: 
financiamento de serviços privados com verba 
pública. 
✓ Ampliação e construção desses hospitais nos 
grandes centros urbanos, condensando a criação 
ainda nas capitais, como atualmente. 
✓ A ditadura militar regride a iniciativa dos 
centros de saúde estaduais. 
✓ O fundo rural também participa do INPS. 
✓ É criada uma forma de financiar as verbas do 
setor privado. Nessa época surgem os embriões 
das grandes redes dos planos de saúde, muitos 
com financiamento público. 
✓ Expansão da medicina hospitalar – modelo 
hospitalocêntrico e curativo, enquanto o mundo 
discutia as ações primárias em saúde, prevenção 
e descentralização. 
✓ Tem a criação do PRORURAL, onde mais 
trabalhadores rurais conseguem participar, em 
1971. 
✓ Em 1972 são agregadas as empregadas 
domésticas; 
✓ Em 1973 agregam os trabalhadores autônomos. 
✓ Quando as categorias profissionais começam a 
ser agregadas, e a contribuição sendo baseada na 
folha de salário, aumenta o número de pessoas 
utilizando os serviços/ 
previdência/aposentadorias, o que aumenta os 
gastos da previdência (INPS). 
✓ Em 1974 tem o Plano de Pronta Ação, uma 
forma de universalizar o serviço, onde são 
oferecidos serviços de emergência do INPS para 
todos. Contudo, quanto maior a demanda, 
maiores os custos. 
✓ Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social 
(FAS) era uma forma de financiamento ao setor 
privado com verba pública. Esse FAS 
emprestava dinheiro com juros baixos, para que 
a rede privada pudesse se estabelecer (clínicas e 
laboratórios privados). Era um mecanismo para 
enfrentar a demanda curativa, a qual favoreceu o 
setor privado. 
✓ Junto a isso, foi promulgado o decreto 
n200/1967 que favorecia a contratação de 
serviços privados, ao invés de ampliação das 
redes públicas. 
✓ O INPS em vez de ampliar sua estrutura, dava 
preferência à contratação dos serviços privados. 
✓ Primeiro fez o decreto, depois criou o fundo de 
financiamento FAS. 
✓ Importante lembrar que nessa época a saúde não 
era um direito segundo a legislação. Saúde como 
mercadoria. 
✓ Nesse período aumenta em 50% o número de 
hospitais privados com fins lucrativos. 
✓ Em 1977 tem a criação do SINPAS – sistema 
nacional da previdência e assistência social. 
Ocorre uma separação, o INPS é separado da 
assistência médica – separa a previdência da 
saúde: 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
 
A parte da previdência fica a cargo do INPS e a 
assistência médica fica a cargo do INAMPS. 
✓ Todas essas estruturas foram criadas a partir do 
Sistema Nacional da Previdência Assistencial, 
que integra previdência, assistência social e 
médica. 
✓ FUNABEM – fundação nacional do bem-estar do 
menor. 
Resumo: Fonte INSS. 
 
✓ 11 anos depois da separação, em 1988, é criado o 
SUS. 
✓ Na década de 80 há uma crise econômica: há o 
enfraquecimento da ditadura militar, querendo a 
volta da democracia, muito relacionado à crise 
financeira. Período de aumento de dívida externa 
muito grande; as empresas começaram a quebrar 
e o mercado começa a contrair; aumenta o 
número de desempregados, demissões, reduções 
de salários. 
✓ Se as contribuições são de acordo com o salário, 
ao ganhar menos, contribui menos para a 
previdência. Logo, todas essas contribuições 
diminuem. Por outro lado, ampliaram-se os 
benefícios e acessos, aumentando as despesas. 
Tudo isso gera uma dificuldade financeira. Há 
uma diminuição dos recursos destinados à saúde. 
Não há mais dinheiro para manter todas as 
estruturas do INAMPS, nem arcar com os 
contratos do setor privado. Gera-se a necessidade 
de reorganizar o sistema. 
✓ Junto com o enfraquecimento da ditadura, há o 
fortalecimento do movimento conhecido como 
movimento de reforma sanitária brasileira – 
criticava o modelo de saúde curativo 
hospitalocêntrico, com financiamento da 
iniciativa privada, que prevalecia até o momento. 
Ainda era muito silencioso, por conta do regime 
ditatorial. 
✓ Na década de 80 tem a VII Conferência Nacional 
de Saúde, que traz como tema os serviços básicos 
de saúde, com propostas de descentralização, 
assim como a criação do serviço PREV-Saúde, 
que dava prioridade à atenção primária. 
✓ Anterior à VII CNS já tinha acontecido a 
Conferência de Alma Ata. 
✓ Há o aumento da produção científica, que traziam 
as propostas de universalização e unificação de 
um sistema, muito por conta dos pesquisadores 
do IMS e outras instituições. 
✓ A partir dessa discussão ocorre o 1ro Simpósio 
sobre Política Nacional de Saúde da Câmara dos 
Deputados (1979), que traz como diretrizes: 
direito universal das condições que viabilizem a 
saúde, a criação de um sistema único de saúde e 
que fosse descentralizado – que desse autonomiaaos municípios, que são o poder mais próximo 
das pessoas. 
✓ Trazendo como subsídio dessas discussões, teve a 
conferência de Alma Ata em 1978, que é uma das 
mais importantes realizadas pela OMS. Entende-
se que o papel do Estado era intervir no cuidado 
dos cidadãos, em todas as esferas, seja a nível 
municipal, federal ou estadual. A 
responsabilidade com a saúde do povo é do 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
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Estado. Estabelece-se como proteção social. A 
conferência foi uma resposta a algumas 
concepções ideológicas em torno da saúde, 
rompe com conceitos de saúde como ausência de 
doença, trazendo a saúde como o estado completo 
de bem-estar, físico, mental e social, não somente 
a ausência de enfermidades. Propõe o conceito 
ampliado de saúde e a defende como direto. Para 
efetivar isso determina que são necessárias ações 
em vários setores, sociais e econômicos. 
✓ Tem uma disputa entre a perspectiva mercantil de 
saúde e a saúde com perspectiva social e 
protetiva. 
✓ Defende-se que o dever do Estado não exclui o 
dever das pessoas. Todos são corresponsáveis 
pela própria saúde e pela dos outros, trazendo 
uma noção de coletividade. 
✓ Como alternativa para a crise financeira do 
INAMPS foi a criação do Plano CONASP – 
plano de reorganização, uma estratégia de 
racionalização, na tentativa de conter os gastos 
que eram cada vez maiores. Tinha 3 eixos: um 
eixo do SAMHPS (Sistema de assistência 
medica e hospitalar da previdência social), que 
vai disciplinar o financiamento da FAZ, 
controlando o tamanho da rede contratualizada 
privada; a racionalização da assistência 
ambulatorial – paga apenas pelos serviços 
utilizados e não pela capacidade total; contrato 
trilateral – ações integradas de saúde, uma forma 
de integrar os serviços do INANPS, das 
secretarias de saúde e das secretarias municipais, 
o início da integração dos serviços. 
✓ Nessas Ações integradas de saúde (1984) tem 
início a participação dos estados e municípios. É 
um passo inicial de descentralização; abarca do 
INAMPS serviços municipais e estaduais; há 
adesão dos municípios. 
✓ Em 1986 ocorre a VIII Conferência Nacional de 
Saúde (GRANDE MARCO). Materializa todos 
os ideais do movimento de reforma sanitária 
brasileira. Coloca-se no papel tudo o que vinha 
sendo discutido ao longo dos anos em relação à 
saúde. É a primeira conferência com a 
participação dos movimentos sociais. Tem como 
finalidade propor elementos para a constituinte. 
✓ Essa conferência subsidiou a constituição de 88. 
Nela se aprova a unificação do SUS, do conceito 
ampliado de saúde proposto em Alma Ata, a 
saúde como direito de todos e dever do Estado e a 
criação dos conselhos de saúde – conselhos dos 
secretários municipais de saúde e dos secretários 
estaduais de saúde (CONASS e CONASEMS). 
Mais à frente também serão criados os conselhos 
municipais – estâncias em cada município, com a 
representatividade de profissionais de saúde, 
prestadores de serviço para discutir as políticas 
locais. 
✓ No relatório dessa 8 Conferência de saúde traz a 
saúde como a resultante das condições de 
alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, 
liberdade, acesso e posse da terra, assim como 
acessos aos serviços de saúde. Traz os 
condicionantes e determinantes da saúde. 
 
Linha do tempo das conferências, tendo como marco a 8, 
a partir da qual se propõe a criação do SUS. 
https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-
nacionais-de-saude 
✓ Logo após a conferência teve a criação de um 
Sistema Único e Descentralizado de Saúde 
(SUDS). Era um protótipo do SUS. Ainda não 
funcionava como atualmente. Ele trazia maior 
carga de responsabilidade aos estados, tirando o 
protagonismo dos municípios. Contudo, 
contribuiu para a consolidação do 
desenvolvimento das ações integrais de saúde. 
✓ O INAMPS deixa de atuar como órgão de 
execução direta de ações e serviços de saúde, 
passando a fazer parte das ações dos estados e 
municípios. 
✓ Começam a ser colocados em prática, a partir de 
87, os ideais da reforma sanitária. 
✓ Em 88 tem a promulgação da lei máxima do país 
– a constituição federal de 1988. Traz a saúde 
como direito de todos e dever do Estado. 
A lei 8080 regulamenta o SUS, mas ele é criado a partir 
na constituição federal. A partir dela que se cria o 
Sistema Único de Saúde. 
https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude
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