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RESUMO OAB DIREITO TRIBUTÁRIO

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Direito Tributário - OAB/RJ | Yasmim Martins de Magalhães | 2021.1
DIREITO TRIBUTÁRIO – OAB/RJ	
	CONTEÚDO
	QUESTÕES
	1. Fontes do Direito Tributário
- CF/88;
- Emenda constitucional;
- Lei complementar;
- Lei ordinária;
- Diferenças entre lei complementar e ordinária;
- Medida provisória;
	-
	2. Princípios do Direito Tributário 
	-
	3. Imunidades
	-
	4. Sujeição passiva e responsabilidade tributária
	-
	5. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário
	-
	6. Extinção e exclusão do crédito tributário
	-
	7. Garantias e privilégios do crédito tributário
	-
	8. Impostos e principais contribuições federais
	-
	9. Definição legal de tributo
	-
	10. Espécies tributárias
- Impostos (ordinários, extraordinários ou extraordinário de guerra e residuais)
- Taxas (taxa de polícia ou pelo exercício de poder da polícia, taxa de serviço ou pela prestação de serviço público, preço público ou tarifa)
- Contribuição de melhoria
- Empréstimo compulsório
- Contribuições em geral
	-
	11. Atividade financeira do Estado
	-
1. FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
Fontes são os modos de expressão do direito. Nos sistemas de direito escrito, como o nosso, a fonte básica do direito é a lei, que abrange a lei constitucional, as leis complementares, as leis ordinárias etc.
As fontes principais são: A Constituição Federal; as emendas à Constituição; os tratados e as convenções internacionais; as leis complementares; as leis ordinárias; medidas provisórias; as resoluções do Senado e os decretos legislativos e decretos regulamentares. São, ainda, normas complementares à legislação tributária.
1.1 NORMAS CONSTITUCIONAIS
O direito tributário encontra-se na Constituição Federal, em primeiro lugar, sua estruturação sistemática: é ali que se desenham, na definição da competência tributária dos entes da Federação, os contornos que irá ter cada peça integrante do sistema tributário nacional.
Segundo José Afonso da Silva: Uma constituição contém cinco tipos de elementos: Elementos orgânicos: que definem a estrutura do Estado (art. 2º); Elementos limitativos: limitam a atuação do Estado (art. 5º); Elementos socioideológicos: opções de ordem social, econômica, etc.(art. 7º); Elementos de estabilização constitucional: garantem a estabilidade da constituição (cláusulas pétreas); Elementos formais de aplicabilidade: são verdadeiros “manuais de instrução” para a aplicação da constituição (art. 5º, § 1º).
A Constituição é a lei maior. É a reunião de todos os valores supremos de um Estado, instituída para regular a atuação governamental, as relações jurídicas existentes na sociedade, bem como proteger os indivíduos de abusos do poder público.
A Constituição é norma escrita que dá validade a todas as demais, pois, toda norma que contraria uma hierarquia superior é sempre inválida. A Constituição é a mais importante dentre as normas que compõem as fontes principais. Sendo assim, é importante conhecer o conteúdo e as regras existentes na Constituição, visto que nenhuma norma pode contrariá-la, sob pena de ser declarada inconstitucional.
É importante frisar que a Constituição não cria tributo, apenas autoriza a sua criação.
1.2 EMENDAS CONSTITUCIONAIS
A Constituição pode ser modificada por emenda (art. 60 da CF). As emendas constitucionais uma vez observado o processo previsto para sua elaboração e promulgação, incorporam-se à Constituição, com igual hierarquia.
Emendar, na linguagem popular significa colocar, num tecido, por exemplo, um pedaço que lá não existia. Da mesma maneira ocorre com as emendas à Constituição, visto que inserem no texto constitucional, novas determinações, estando o legislador atuando como poder constituinte derivado.
Como norma em si, a emenda à Constituição é uma norma constitucional. Entretanto, dentro de ordem hierárquica, a emenda à Constituição só é inferior a ela no que se refere ao processo de criação e aprovação> Para tanto, deverá seguir, rigorosamente, as regras constitucionais, visto que pode alterar a própria Constituição.
Podem dar início a uma emenda um terço, no mínimo, dos membros de qualquer das Casas legislativas (Câmara ou Senado), o Presidente da República ou mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
A proposta de emenda constitucional será discutida e votada em cada uma das Casas legislativas e será considerada aprovada se obtiver voto favorável de pelo menos três quintos dos votos de seus parlamentares em dois turnos em cada Casa. Trata-se de limitação procedimental do processo de emenda.
O art. 60, § 4°, prevê matérias sobre as quais não admite modificação, trata-se das “cláusulas pétreas”, que não será objeto de votação a emenda que queira extinguir: a forma federativa do Estado; o voto (direto, secreto, universal e periódico); a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais. Dizer que algum dispositivo constitucional é uma cláusula pétrea não significa que ele não poderá ser objeto de emenda constitucional. O que a Constituição proíbe é que seja objeto de deliberação uma proposta de ementa tendente a abolir essas cláusulas, o que não significa que possa existir uma emenda que implique em modificações que não levarão à extinção da cláusula.
Portanto, qualquer alteração legislativa que importe em mudança no sistema de normas constitucionais tributárias (por exemplo, a modificação da competência para instituir determinado tributo, ou a redefinição do perfil de certo tributo) depende de emenda constitucional.
1.3 LEIS COMPLEMENTARES
As leis complementares são leis para as quais o constituinte reservou certas matérias, consideradas de maior importância. Essas leis exigirão, para que sejam aprovadas, os votos da maioria absoluta das respectivas Casas, entendida esta como mais da metade de todos os seus membros (maioria simples é mais da metade dos presentes). Caso uma lei complementar venha a regular uma matéria que não seja reservada a esta espécie de norma, o ato normativo será formalmente complementar, mas materialmente ordinário. A consequência prática desse fenômeno é a de que a lei complementar terá, mesmo que em parte, status de lei ordinária, podendo ser derrogada ou ab-rogada por outra lei ordinária.
Uma lei complementar distingue-se de uma lei ordinária por duas razões, uma de natureza material, outra de natureza forma. Materialmente, uma lei complementar somente tem esse status se a lei que lhe é hierarquicamente superior a Constituição reserva-lhe, com exclusividade, determinada matéria. Em suma, atuação da lei complementar, materialmente, restringe-se às matérias expressamente a ela reservada.
Formalmente, uma lei é considerada complementar em razão do quórum qualificado exigido para o processo de sua formação.
A lei complementar tem a missão de definir tributo e suas espécies, respectivos fatos geradores, bases de cálculo, contribuintes e responsáveis. Também compete a ela dirimir conflitos entre os Estados e Municípios em matéria tributária. Determinados impostos, como aquele sobre grandes fortunas, os empréstimos compulsórios e os residuais, requerem para a sua instituição, igualmente, uma lei complementar.
As leis complementares prestam-se a dois tipos de atuações em matéria tributária, primeiro de complementar as disposições constitucionais, é o que ocorre quando lhes dá atribuição de dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a união, os Estados, o Distrito federal e os Municípios (art. 146, I da CF), explicitando, por exemplo, a demarcação da linha divisória da incidência do ISS (tributo municipal) e do ICMS (tributo estadual), ou a de regular as limitações do poder de tributar (art. 146, II da CF), desdobrando as exigências do princípio da legalidade, regulando as imunidades tributárias.
É também, função típica da lei complementar estabelecer normas gerais de direito tributário (art. 146, III da CF). Em rigor, a disciplina geral do sistema tributário já está na Constituição, o que faz a lei complementar éobedecido o quadro constitucional, aumentar o grau de detalhamento dos modelos de tributação criados pela constituição Federal. Ou seja, desenha o perfil dos tributos, prepara o esboço que será utilizado pela lei ordinária.
1.4 LEIS ORDINÁRIAS
Formalmente, a palavra lei, na linguagem jurídica, é ato normativo do parlamento, sancionado pelo Executivo ou promulgado pelo próprio Legislativo, na falta de sanção oportuna ou no caso de rejeição de veto.
A lei ordinária é, em regra, o veículo legislativo que cria o tributo, é o instrumento formal mediante o qual se exercita a competência tributária, obedecendo a Constituição e as normas infraconstitucionais, que disciplinam, limitam ou condicionam o exercício do poder de tributar.
Portanto, as leis ordinárias, são aquelas que tratam de todas as matérias possíveis, sem qualquer rito especial para sua aprovação, requer somente maioria simples, que significa mais da metade dos presentes.
São classificadas como leis nacionais ou leis federais. As leis nacionais são aquelas que, elaboradas pelo Congresso Nacional, disciplinam matérias que se aplicam a todo o território brasileiro, ou seja, têm forças gerais, alcançando todos os níveis da Federação.
São exemplos de leis nacionais as que tratam do sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (art. 48, I, da CF), as que dispõem sobre telecomunicações e radiodifusão (art. 48, XII, da CF), dentre outras.
As leis federais são as que regulam matérias que só aproveitam à União, ou seja, não se aplicam aos Estados, aos Municípios e à população de uma forma ampla. Como leis federais, podemos citar as leis orçamentárias (art. 48, II, da CF), a que fixa ou modifica o efetivo das Forças Armadas (art. 48, III, da CF) e a lei que fixa o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (art. 48, XV, da CF).
É a lei ordinária que implementa, em regra, o princípio da legalidade tributária.
1.5 TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, (art. 98 do CTN). Entretanto, o legislador se equivocara ao fazer uso da expressão “revoga”. Na verdade, não se trata de revogação e sim de ineficácia.
Essa disposição legal coloca a citada fonte em condições de hierárquicas acima de lei complementar, como exemplo, havendo uma convenção entre Brasil e Marrocos estabelecendo a não incidência do Imposto de Importação sobre determinadas operações, havendo lei dispondo em contrário, será essa tornada ineficaz, vindo a ser promulgada lei que estabeleça o contrário, será invalida, em face dos termos do Tratado Internacional.
Sendo assim, didaticamente, o tratado está colocado em primeiro lugar na hierarquia, pela regra relativa ao concurso de normas (especial e geral).
O problema da eficácia dos tratados em face da lei tributária interna não é em princípio, diferente daquele que se discute noutros setores do direito. A questão é a mesma, qual seja, a de saber se ele pode ou não ser revogado por lei interna superveniente.
Os tratados internacionais têm uma grande atuação no campo dos tributos, ao estabelecerem mecanismos que evitam a dupla tributação internacional de rendimentos e reduzem ou excluem ônus tributários no comércio internacional.
O problema haverá se a norma legal interna conflitar com o preceito anteriormente estabelecido no tratado, de tal forma que seja impossível o convívio de ambos.
1.6 MEDIDAS PROVISÓRIAS
A Constituição de 1988 em seu art. 62 introduziu a medida provisória que veio substituir o decreto-lei. O decreto-lei apresentava o inconveniente de o Presidente da República deter o poder de legislar sozinho, para o período durante o qual o texto pendia de apreciação pelo Congresso, pois a eventual desaprovação do Congresso não eliminava os efeitos produzidos pelo decreto-lei durante o referido período, pois simplesmente não se sabe, durante o período em que o Congresso discute a medida, qual a lei está em vigor.
As medidas provisórias permanecerão em vigor até que sobrevenha lei que as revogue. Ao contrário dos decretos-leis da Constituição anterior, não têm um rol definido e restrito de matérias, podendo atuar em campos variados.
Têm a mesma hierarquia de uma lei ordinária, ou seja, têm força de lei ordinária, não lhes competindo matérias que reclamem outros tipos normativos.
A doutrina discutiu se as medidas provisórias teriam cabimento em matéria tributária, especialmente, no que diz respeito à criação ou aumento de tributo.
Para alguns autores, como Paulo de Barros Carvalho, Ives Gandra da Silva Martins, José Eduardo Soares de Melo, a Constituição deveria afastá-las do campo do direito tributário.
Já Hugo de Brito Machado, Celso Ribeiro Bastos, Sacha Calmon Navarro Coelho, só admitiram as medidas provisórias em matéria tributária para a criação de impostos extraordinários (de guerra) e empréstimos compulsórios de calamidade pública.
Portanto, as medidas provisórias têm sido utilizadas em matérias tributárias reservadas às leis ordinárias, com a aprovação do Congresso e dos Tribunais.
1.7 RESOLUÇÕES, DECRETOS LEGISLATIVOS E REGULAMENTARES
Em matéria tributária, as resoluções do Senado têm importante significado. Há determinadas matérias que a Constituição reserva à competência exclusiva do Congresso Nacional ou de suas casas. Trata-se de matérias cuja disciplina é firmada pelo Legislativo, sem a sanção do Executivo. São as resoluções e os decretos legislativos.
Via de regra, as leis que se destinam à aplicação pelos agentes da administração pública costumam ser explicitadas por regulamentos, baixados pelo Chefe do Poder Executivo, os quais se prestam a orientar os funcionários administrativos na aplicação da lei. Age o Presidente da República no uso da competência prevista no art. 84, IV da CF, que lhe atribui o poder de editar decretos para a fiel execução das leis.
O art. 99 do CTN, ao dizer que seu conteúdo e alcance restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos.
Enfim, OS DECRETOS LEGISLATIVOS, na verdade, são “leis” que não precisam de sanção do Presidente. Serão sempre utilizados quando se tratar de questões referentes às competências exclusivas das Casas legislativas, tendo sempre uma força normativa para toda a sociedade (externa). Elaborados pelo Congresso Nacional, com tramitação por ambas as Casas (de forma bicameral) e aprovados por maioria relativa.
As RESOLUÇÕES, por sua vez, são atos, via de regra, de caráter interno, que visam regular o bom funcionamento das atividades legislativas, regulando, portanto, as competências privativas das Casas. São elaboradas pelo Congresso Nacional ou por cada Casa legislativa de forma isolada, sempre por maioria relativa.
1.8 DIFERENÇAS ENTRE LEI COMPLEMENTAR E ORDINÁRIA
A diferença entre a lei complementar e a lei ordinária se dá em dois quesitos:
· No campo da matéria, ou seja, o que será abordado pela lei;
· No quórum de aprovação, que diz respeito a quantos votos são necessários para que uma lei seja aprovada.
A lei complementar irá regulamentar as matérias já reservadas a ela pela Constituição Federal, ou seja, que já são pré-determinadas.
	
	Lei complementar
	Lei ordinária
	Matéria
	A lei complementar aborda as matérias que estão previstas pela Constituição Federal.
	As leis ordinárias poderão abordar quaisquer matérias, desde que estas não estejam reservadas à lei complementar, aos decretos legislativos a às resoluções.
	Quórum de aprovação
	Maioria absoluta: mais da metade de todos os membros precisa aprovar.
	Maioria simples ou relativa: mais da metade de todos os presentes precisa aprovar.
 Já a lei ordinária irá abordar quaisquer outras matérias que não sejam regulamentadas por lei complementar, por decreto legislativo ou por resoluções.
I – DIFERENÇA NO QUÓRUM DE APROVAÇÃO
A lei complementar necessita um quórum de maioria absoluta, previsto pelo artigo 69 da Constituição Federal. Enquanto isso, a lei ordinária requer um quórum de maioria simples ou relativa, que é previsto pelo artigo 47 da CF.
Inicialmente,devemos considerar o quórum de instalação da sessão de votação, ou seja, quantos membros são necessários para que possa haver votação. Esse quórum é o mesmo para a lei complementar e para a ordinária, devendo contar com a maioria absoluta dos membros.
Por exemplo, se existe um total de 100 membros, a maioria absoluta nos diz que, pelo menos, 51 deles devem estar presentes na votação. Suponha-se que estejam presentes 70 membros. Como o quórum é maior que a metade, a votação poderia ocorrer tanto para uma lei complementar quanto para a ordinária. A diferença está na quantidade de votos que cada uma precisa para ser aprovada.
Enquanto na lei complementar, destes membros, pelo menos 51 precisariam votar sim (mais da metade dos 100 membros, ou seja, da maioria absoluta).
Já no caso da lei ordinária, metade dos presentes precisariam votar sim. No caso, precisariam de 36 votos para ser aprovada (mais da metade dos 70 membros, que são a maioria simples).
II – HIERARQUIA ENTRE AS LEIS COMPLEMENTARES E ORDINÁRIAS
Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), não existe hierarquia entre esses dois tipos de lei, pois atuam em campos distintos.
Porém, caso uma lei complementar veicule matéria no campo da lei ordinária, essa lei será considerada apenas formalmente complementar, mas seu status continuará ordinário. Neste caso, essa lei poderá ser posteriormente revogada ou modificada por uma lei ordinária.
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
I – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A Constituição Federal assegura que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II).
O princípio da legalidade tributária, estabelecido pelo artigo 150, I, da CF, nada mais é que o princípio do artigo 5º, inciso II, todavia, expressamente voltado ao direito tributário, e garante que nenhum tributo será criado ou majorado, senão em virtude de lei.
A lei que o texto faz menção trata-se de lei em sentido estrito, ou seja, aquela aprovada pelo legislativo e sancionada pelo executivo, e não de lei em sentido amplo, que engloba todo tipo de norma jurídica imposta pelo Estado. Por isto, para criar ou majorar um tributo faz-se necessária edição de lei.
Contudo, no que tange à majoração, há exceções ao princípio da legalidade, pois, o Poder Executivo tem liberdade para alterar a alíquota do IE (Imposto de Exportação), II, IPI e IOF (Imposto sobre Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários) por meio de decreto.
Vale lembrar que medida provisória tem força de lei e por isso pode ser utilizada para realizar quaisquer dos atos previstos nos incisos do artigo 97 do CTN, desde que aprovada até o final do exercício que foi criada.
II - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DE EXERCÍCIO
É proibida a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”, conforme estabelece o artigo 150, III, “b”, da CF.
Neste dispositivo encontra-se consubstanciado o princípio da anterioridade, segundo o qual a lei que criou ou aumentou o tributo deve existir antes do início do exercício financeiro que o tributo passará a ser recolhido. Em outras palavras, se determinada lei, publicada em 10 de maio de 2010, institui novo tributo, tal tributo não poderá passar a ser recolhido no ano de 2010, mas somente no primeiro dia de janeiro de 2011, ou seja, no exercício posterior àquele que foi publicada a lei que instituiu o tributo.
Entretanto, este princípio também comporta algumas exceções. São elas: II, IE, IOF, IPI, imposto extraordinário de guerra e empréstimo compulsório destinado a atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.
III - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
O princípio da anterioridade nonagesimal, também conhecido como princípio da anterioridade mitigada, ou mínima, surgiu com o acréscimo da alínea “c” ao inciso III do artigo 150 da CF, cujo texto estabelece que não será cobrado tributo antes de decorridos noventa dias da data em que fora publicada a lei que o instituiu ou aumentou, sem prejuízo do disposto na alínea “b”, ou seja, se determinada lei, publicada em 27 de dezembro de 2011, institui ou majora um tributo, o novo tributo ou a majoração passarão a valer somente em 27 de março de 2012, isto é, noventa dias após a publicação da lei.
O princípio da anterioridade nonagesimal não se aplica ao II, IE, IR (Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza), IOF, imposto extraordinário na iminência ou no caso de guerra externa, ao empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias que decorram de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, nem à fixação da base de cálculo do IPTU (Impostos sobre Propriedade predial e Territorial Urbana) e do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor).
IV - PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
Este princípio está consignado no artigo 150, II, da CF, e assegura tratamento uniforme do Estado para com os contribuintes que se encontrem em situação equivalente.
Todavia, existem situações em que faz-se necessário que o Estado trate desigualmente alguns contribuintes a fim de atender com rigor ao princípio da igualdade. É o caso, por exemplo, do imposto progressivo, pois, conforme explica Hugo de Brito Machado:
Realmente, aquele que tem maior capacidade contributiva deve pagar imposto maior, pois só assim estará sendo igualmente tributado. A igualdade consiste, no caso, na proporcionalidade da incidência à capacidade contributiva, em função da utilidade marginal da riqueza (2012, p. 37).
Destarte, por mais que pareça contraditório à primeira vista, tratar todos os contribuintes com igualdade não significa, em regra, tratá-los de forma exatamente igual.
V - PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA
Em nosso país, o poder de tributar é dividido entre seus entes, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, que, atendendo aos limites constitucionais e mediante edição de leis, cobram seus respectivos tributos. Essa divisão de poder, devidamente delimitada e normatizada, atribuída aos entes dotados de poder legislativo, que restringem sua atividade de tributar à matéria que lhes foi destinada, é chamada de competência tributária.
Explicando de outra forma, competência tributária é o poder impositivo que cada ente possui de cobrar tributos dos contribuintes, obedecendo aos limites e parâmetros estabelecidos pela Constituição Federal.
É importante lembrar que competência tributária é diferente de capacidade tributária. Esta última trata-se da capacidade para figurar como sujeito ativo na relação de tributação, podendo esta capacidade ser atribuída pela Constituição ou por lei infraconstitucional a ente estatal dotado ou não de poder legislativo. É exercida através de atos administrativos.
VI - PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA
De acordo com o princípio da uniformidade geográfica, previsto no artigo 151, I, da CF, é proibido à União:
I - Instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país.
Este princípio funciona em perfeita harmonia com o princípio da igualdade na medida em que o legislador constituinte, apesar de proibir a instituição de tributo não uniforme no território nacional ou que resulte em preferência ou distinção, admite a concessão de incentivos fiscais a fim de alcançar o equilíbrio socioeconômico do país.
VII - PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO CONFISCO
Em um país onde o contribuinte paga até 27,5% de imposto sobre sua renda e a carga tributária chega a atingir o equivalente a 36% do PIB (Produto Interno Bruto), fica difícil explicar o que é um tributo com efeito de confisco, porém, tentar-se-á fazê-lo.
Estabelece o artigo 150, IV, da CF que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicípios “utilizar tributo com efeito de confisco”.
Entende-se que o tributo com efeito confiscatório é aquele com caráter explorador, ou seja, cujo percentual em relação ao que está sendo tributado é visivelmente absurdo.
Segundo Hugo de Brito Machado, “o caráter confiscatório do tributo há de ser avaliado em função do sistema, vale dizer, em face da carga tributária resultante dos tributos em conjunto”. Continua afirmando que “o tributo deve ser um ônus suportável, um encargo que o contribuinte pode pagar sem sacrifício do desfrute normal dos bens da vida” (2012, p. 41).
Por assim ser, entende-se que qualquer tributo, para que não seja considerado confiscatório, deve ser estipulado com o mínimo de bom senso e conforme a necessidade socioeconômica do país, o que leva a concluir que, infelizmente, no Brasil, existem poucos tributos que não possuem efeito de confisco, os quais, quando recolhidos em conjunto com outros tributos incidentes sobre o mesmo fato gerador, acabam atingindo uma totalidade visível e extremamente confiscatória.
VIII - PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO
Segundo o artigo 150, V, da CF, é proibido que quaisquer das entidades tributantes estabeleçam “limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais”. Vale lembrar que o próprio dispositivo faz ressalva a cobrança de pedágio.
Todavia, não é plausível o argumento de que, com base nesta regra, o ICMS (Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação) em operações entre estados ou entre municípios é ilegal, haja vista que o objetivo da norma é vedar que seja instituído tributo cuja hipótese de incidência seja a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal, e não a circulação de bens ou mercadorias que transpõe fronteiras estaduais ou municipais.
Desta forma, seria inconstitucional, por exemplo, uma pessoa ter de pagar tributo para viajar do estado de São Paulo até o estado do Paraná pelo simples fato de atravessar a fronteira entre os estados. Neste caso, ocorreria a limitação ao tráfego de pessoas por meio de tributo.
IX - PRINCÍPIO DO NON OLET
O princípio do non olet ou, em português, princípio do “não tem cheiro”, defende a ideia de que, para o Fisco, não importa se os rendimentos tributáveis tiveram ou não fonte lícita ou moral, ou seja, não importa qual foi o fato gerador do tributo, o que importa é que o elemento previsto na hipótese de incidência ocorreu.
Para o Fisco o dinheiro não tem cheiro lícito ou ilícito. Assim, ainda que a atividade seja ilícita, se gerar renda, será tributada. Cabe aqui o exemplo das casas de prostituição citado no início deste artigo.
3. IMUNIDADES
Sabe-se que o tributo é uma importante forma de custeio do Estado, o qual, organizado, precisa de recursos para oferecer aos cidadãos serviços mínimos, como atendimento, produtos e manter a máquina administrativa em funcionamento.
Nada é de graça para o Estado, pois esta precisa de dinheiro para a realização de suas atividades e para isto o Estado precisa da tributação, utilizando-se da lei, nos termos das regras legais.
Neste sentido, o Estado, apesar de exercer sobre todos os cidadãos determinadas condutas, obedecerá a algumas regras e limites para estabelecer a tributação; assim como os limites de tributação por parte do Estado também estão no texto constitucional regulados.
É a CF, como qualquer outro ordenamento jurídico além do Brasil, que tem entre tantas funções a de estabelecer a organização do Estado e as garantias e os direitos individuais.
Nesta perspectiva de organização do Estado está exatamente a previsão das formas de custeio de suas atividades (a tributação), pensando que esta tributação será limitada pelos direitos e garantias fundamentais.
Isto significa que todo cidadão tem o dever de pagar tributos, isto é, tem a responsabilidade pela contribuição do custeio do Estado, a fim de exigir o cumprimento de nossos direitos e garantias, dentre eles o direito à propriedade.
A tributação, para Castellani (2015), é uma afronta à propriedade regulada pela CF no sentido de que os entes tributantes, ou seja, o Estado organizado, poderá instituir por intermédio de lei, uma série de tributos.
É o que chamam de competência tributária, isto é, a aptidão dos entes federativos na instituição de tributos: impostos, taxas, empréstimos compulsórios, contribuições de melhoria e contribuições especiais.
Ocorre que esta competência tributária não é absoluta, ela é disciplinada por duas regras da Constituição Federal:
A – Princípios Constitucionais Tributários;
B – Imunidades Tributárias.
Tratam-se de limitações constitucionais ao poder de tributar, ou seja, são normas constitucionais que estabelecem a impossibilidade de tributação de determinadas pessoas, bens ou atividades. As imunidades nada mais são do que um enunciado constitucional que veda a tributação.
Importa destacar que a doutrina moderna tende a definir as imunidades como regra de incompetência tributária ou uma regra de não competência tributária. A lógica desta afirmação está no fato de que, se a própria CF estabelece casos de proibição de tributação, estabelece ao mesmo tempo situações nas quais não poderá se manifestar. Ora, se são situações de impossibilidade de manifestação de incompetência, são de fato, incompetência tributária.
3.1 Espécies de imunidades tributárias: CF, artigo 150, VI
I - Imunidade recíproca ou Imunidade dos entes federativos: artigo 150, VI, alínea A
É vedado aos entes tributantes (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) instituir e cobrar impostos.
II - Imunidade dos templos
Esta imunidade afasta, como na imunidade recíproca ou dos entes tributantes, apenas e tão somente os impostos. Não vale para as taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.
III - Imunidade dos partidos políticos – entidades sindicais de trabalhadores – instituições de assistência social e educação
Enfatiza que as instituições acima descritas gozarão de imunidade dos impostos. Importa destacar que as entidades de assistência social e as instituições de educação somente gozarão da imunidade se explorarem suas atividades sem finalidade lucrativa.
IV - Imunidade dos livros
A CF estabelece que livros, jornais e periódicos, assim como o papel destinado a sua impressão gozarão de imunidade tributária. Entende-se que o objetivo desta imunidade é incentivar o acesso à cultura, tornando –a menos expansiva.
4. SUJEIÇÃO PASSIVA E RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
O Código Tributário Nacional, ao discorrer sobre a sujeição passiva tributária (art. 121), isto é, sobre aqueles que devem recolher tributos ou penalidades pecuniárias, menciona duas figuras distintas: contribuinte e responsável. 
Contribuinte, nos termos do art. 121, I, do CTN, é aquele que possui relação pessoal e direta com o fato gerador. Deste modo, o contribuinte do Imposto sobre a Renda (IR) é aquele que aufere renda ou proventos de qualquer natureza. No caso do IPTU, o contribuinte é o proprietário do imóvel predial ou territorial urbano.
O responsável, por sua vez, não possui essa relação direta e pessoal com o fato gerador (isto é, relaciona-se indiretamente o fato gerador), mas, por força de lei, é obrigado ao recolhimento do tributo devido pelo contribuinte. 
Vale frisar que somente pode ser responsável tributário aquele que possui meios de extrair esses recursos do próprio contribuinte, ou pode exigir que este cumpra a obrigação. O instituto opera somente em favor da fiscalização, com a finalidade de facilitar e/ou tornar viável a tributação.
Conforme veremos a seguir, essa responsabilidade, sempre advinda de lei, pode ser por substituição, transferência ou sucessão.
A responsabilidade tributária possui a finalidade de facilitar a fiscalização, de forma que não há qualquer vantagem ao responsável, que simplesmente se vê obrigado, por força de lei, a cooperar com o Fisco. 
Por exemplo: na substituiçãopor retenção, o substituto não possui qualquer benefício em reter o valor do tributo e depois repassá-lo ao Fisco, somente o dever de fazê-lo, sob pena de responder com seu próprio patrimônio, além de possíveis penalidades, até mesmo de caráter penal.
I - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUBSTITUIÇÃO
Na responsabilidade tributária por substituição, o responsável deve, com recursos extraídos do do próprio contribuinte, recolher o tributo devido por este. 
O responsável por substituição recolhe o tributo no lugar do contribuinte, no entanto, não se torna sujeito passivo da obrigação tributária advinda do fato gerador, mas de sua própria relação de substituição advinda de comando legal expresso.
EXEMPLOS DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUBSTITUIÇÃO:
Um exemplo bastante comum de responsabilidade tributária por substituição é aquela por retenção. Nele, a fonte pagadora, ao pagar os vencimentos ao seu empregado, retém o valor referente ao imposto de renda da pessoa física (IRPF).
Assim, os recursos para o pagamento do tributo são extraídos do próprio contribuinte (desconto do IRPF direto nos vencimentos) e utilizados pelo substituto (fonte pagadora) para o pagamento do tributo. 
A medida facilita a tributação e fiscalização, uma vez que concentra em apenas um sujeito (fonte pagadora) a responsabilidade pelo recolhimento dos tributos devidos pelos seus funcionários (contribuintes que auferem renda).
Outro exemplo de responsabilidade tributária por substituição ocorre com o deslocamento, em uma cadeia produtiva, da obrigação de recolher tributos para um único sujeito. Tratam-se das substituições tributárias progressiva (“para frente”) e regressiva (“para trás”), bastante aplicadas no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
SUBSTITUIÇÃO PROGRESSIVA
Na substituição progressiva, há a antecipação do tributo que seria recolhido nas etapas posteriores. Ou seja, presume-se a base de cálculo e, a partir disso, calcula-se o tributo e o pagamento é antecipado pelo substituto. 
Como o ICMS é um imposto não-cumulativo (em que o tributo pago nas operações anteriores gera crédito para as posteriores), basta estimar o valor final que o produto irá atingir ao final da cadeia e, a partir disso, calcular o tributo sobre essa base de cálculo presumida. 
Geralmente é o que ocorre com o papel para impressão, em que a indústria recolhe o ICMS por toda a cadeia (venda do atacadista ao varejista e do varejista ao consumidor final), justamente a partir dessa base de cálculo presumida. Vale frisar que o STF, por meio do RE n. 593.849, fixou a tese de que, caso a base de cálculo real seja inferior à presumida, é possível a restituição do imposto pago a maior.
SUBSTITUIÇÃO REGRESSIVA
Na substituição tributária regressiva, o tributo será integralmente recolhido pelo sujeito ao final da cadeia. Neste caso, não é necessária uma base de cálculo presumida, visto que todas as operações de saída de mercadorias foram realizadas, de modo que o cálculo do tributo é efetuado a partir de valores já conhecidos.
Importante observar que, tanto na progressiva como na regressiva, o responsável possui meios de retirar os recursos do próprio contribuinte. Na progressiva, há o acréscimo do tributo antecipado ao preço do produto. Já na regressiva, o responsável geralmente possui alguma espécie de ingerência econômica sobre os substituídos, de modo que, por recolher todo o tributo ao final da cadeia, exige destes um preço mais atrativo em decorrência da desoneração naquele momento.
II - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR TRANSFERÊNCIA
Na responsabilidade por transferência, há a ocorrência de algum evento prescrito em lei que desencadeia a responsabilidade tributária. 
É o caso, por exemplo, da responsabilidade dos pais pelos tributos devidos por seus filhos menores, ou do inventariante pelos tributos devidos pelo espólio. Assim sendo, os contribuintes são, respectivamente, filho menor e espólio. Porém, em razão do inadimplemento por parte destes, os responsáveis são chamados a recolher o tributo com patrimônio próprio.
Em todos os casos do art. 134 do CTN, que estabelece hipóteses de responsabilidade por transferência, o responsável possui algum meio de exigir do próprio contribuinte que recolha o tributo. Os pais, como administram o patrimônio dos filhos menores, podem utilizar destes recursos para arcar com o tributo. O mesmo ocorre com o inventariante, que deve garantir que o espólio arque com os tributos oriundos do inventário.
III - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO
Na responsabilidade tributária por sucessão, há o deslocamento da obrigação de recolher o tributo devido pelo sucedido. 
É o caso da responsabilidade, por exemplo, de pessoas jurídicas que resultaram de fusão, transformação ou incorporação pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas fundidas, transformadas ou incorporadas (art. 132 do CTN). Também é responsável por sucessão do espólio, no caso de tributos devidos pelo de cujus até a data de abertura da sucessão.
5. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
5.1 CONCEITO
Suspender significa paralisar momentaneamente e depois retomar de onde parou. A causa suspensiva é passageira e não induz a recontagem. É diferente da interrupção, pois nessa hipótese, quando encerrada a causa interruptiva, a contagem reiniciará do zero.
Vale comentar que a suspensão é da exigibilidade do crédito tributário e não do crédito em si. Logo, pode haver o lançamento, mas enquanto houver a causa suspensiva, não poderá haver a exigência de pagamento, a inscrição na dívida ativa e muito menos a execução da quantia. Pois, a suspensão alcança qualquer ato de cobrança administrativo ou judicial.
A proibição de inscrição do crédito na dívida ativa é fundamental e deve ser observada quando este estiver com a exigibilidade suspensa, para garantir a extração de certidões negativas, caso o contribuinte queira participar de licitações e outros negócios jurídicos. Em caso de desrespeito é possível a impetração de mandado de segurança.
5.2 HIPÓTESES TAXATIVAS DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos no artigo 141 do Código Tributário Nacional (CTN). São elas:
I. MORATÓRIA
É o aumento do prazo para o pagamento do tributo. Logo, uma vez concedida, tem-se a extensão do prazo para adimplemento da obrigação tributária.
A moratória é dada em circunstâncias excepcionais, como calamidade pública e desastres naturais. É excepcional, pois – em regra – o ente público deve respeitar o princípio da indisponibilidade dos bens públicos, ainda que não esteja renunciando ao pagamento, a retardamento deste impacta no orçamento.
Ela pode ser classificada em autônoma ou heterônoma. A primeira é a regra, cujo próprio ente competente para instituir e cobrar o tributo concede a moratória. Por sua vez, a segunda é aquela que – por força do art. 152, I, b – permite que a União conceda moratória de tributos fora de sua competência. Mas, para tanto, deverá simultaneamente conceder dos tributos de sua competência, bem como das obrigações de direito privado, postergando, desse modo, a maioria dos pagamentos. Ex: em caso de guerra.
Importante destacar que a moratória pode se limitar a determinado município, bairro ou até mesmo rua, bem como pode levar em conta características pessoais do contribuinte, dividindo-se nas espécies:
- Moratória geral: abrange todos os contribuintes dentro de um dado território.
- Moratória especial: abrange somente um grupo de pessoas dentro de um dado território. 
Aqui, a instrumento que concedeu a moratória estabelece requisitos/condições, cabendo ao contribuinte solicitar à administração pública que a ele seja concedida, por meio da comprovação do preenchimento dos requisitos estipulados. Ex: ser proprietário de imóvel na rua X e ter sido afetado pela enchente.
Requisitos específicos à concessão da moratória (art. 153): Prazo deduração do favor; As condições da concessão do favor, em caráter individual; Os tributos a que se aplica; Se o caso, o número de prestações e seus vencimentos; Se o caso, as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual.
Incidência da moratória (art. 154): em regra, a moratória só se aplica aos créditos já constituídos quando da data da moratória. Pois, se ainda não houve o lançamento do crédito, não há que se falar em prazo para pagamento. Mas, excepcionalmente, a lei pode dispor de forma contrária, concedendo moratória a créditos futuros, cujo fato gerador nem ocorreu.
A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. Em caso de moratória individual, a concessão não constitui direito adquirido. Logo, pode ser revogada quando descumpridos os requisitos.
Uma vez revogada de ofício, será cobrado o crédito tributário acrescido de juros de mora com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiros em benefício daquele; sem imposição de penalidade, nos demais casos.
Importante: a) a nomenclatura moratória não significa que o contribuinte está em mora, logo: não pode haver, nesse período, a aplicação de juros e multa. Há somente correção monetária; e b) a moratória não é novação, pois não extingue o crédito, substituindo-o por outro. O crédito é o mesmo, o fato gerador é mesmo, há somente a alteração do prazo de pagamento.
II. PARCELAMENTO
É uma hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário – incluída ao Código Tributário Nacional (CTN) em 2001. É instituto que visa à recuperação do crédito vencido.
Deve ser instituído, exclusivamente, por meio de lei, a fim de tentar recuperar os tributos que foram deixados de pagar. A lei dá esse benefício para incentivar o pagamento, como, por exemplo, desconto na multa, nos juros e nos pagamentos a longo prazo. É diferente da moratória, pois no parcelamento o crédito já está vencido e, por isso, além da correção monetária, há a incidência de juros e multa.
Regras do parcelamento (art. 155-A): Em regra, o parcelamento não exclui os juros e multa; naquilo que couber, serão aplicadas as disposições da moratória; lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial; caso não haja a lei específica ou se a lei específica for menos benéfica, poderá usar a lei geral.
Importante: a) a adesão ao parcelamento é facultativa, a iniciativa parte do contribuinte. Geralmente há uma cláusula de desistência das discussões administrativas e judiciais relativas ao crédito, sendo a adesão uma confissão irrevogável e irretratável.
III. DEPÓSITO DE SEU MONTANTE INTEGRAL (ART. 151, II)
É uma das modalidades suspensiva do crédito tributário em que já há em andamento uma discussão administrativa ou judicial acerca do crédito. É um meio de suspender a exigibilidade do crédito enquanto se discute a obrigação.
Importante: 
a) É a única modalidade do rol que suspende a incidência de juros e multa: a correção do valor se dará na conta judicial; 
b) O depósito é facultativo. O fisco não pode exigi-lo. Não é requisito para ação. 
c) Segundo a Súmula nº 112 do STJ, deve haver o depósito em dinheiro do montante total que está sendo cobrado. 
d) Pode o contribuinte entrar com ação anulatória da constituição do crédito, depositando, se quiser, o valor exigido, ocasião na qual o juiz é obrigado a suspender a exigibilidade. 
e) Súmula Vinculante nº 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. 
f) Caso contribuinte ganhe, levanta o valor corrigido monetariamente. 
g) Não é muito comum o depósito no processo administrativo, uma vez que a simples discussão administrativa já é causa de suspensão da exigibilidade. Mas, é interessante para cessar juros e multa. 
h) O depósito suspensivo da exigibilidade do crédito tributário vai para a conta única do Tesouro Nacional. Logo, o valor vai diretamente para o caixa do ente público que poderá fazer giro rápido do valor.
IV - RECLAMAÇÕES E RECURSOS NOS TERMOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO (ART. 151, III):
É a modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em razão do processo administrativo iniciado.
Ressalta-se que a impugnação do lançamento feito de ofício ou por declaração suspende a exigibilidade do crédito tributário. Lançamento por homologação não permite discussão por processo administrativo (pois, não há erro do Fisco, uma vez que quem faz é o próprio contribuinte).
Não é possível discutir em processo administrativo a inconstitucionalidade de lei, pois é prerrogativa do Poder Judiciário. Nessa hipótese de suspensão do crédito há a suspensão da exigibilidade, mas não da correção monetária.
Tipos de vício discutidos: 
a) Vício Formal: é aquele que afeta a formação ou composição do documento de constituição do crédito. Ex: erro na data, autoridade, etc. Caso reconhecido o vício formal, o Fisco tem 5 anos, a contar do reconhecimento do vício, para refazer o lançamento; 
b) Vício Material: é aquele que afeta a composição do crédito tributário. Ex: alíquota, base de cálculo, contribuinte, etc. Ocorre um vício na regra matriz de incidência tributária.
V. CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR OU TUTELA ANTECIPADA EM MANDADO DE SEGURANÇA E OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO JUDICIAL
Suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas não cessa a correção monetária. No Direito Tributário, é utilizado o termo “liminar” para qualquer decisão de cognição sumária.
6. EXCLUSÃO E EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
6.1 CONCEITO DE EXCLUSÃO
A exclusão do crédito tributário poderá ocorrer mediante isenção ou anistia. Tratam-se de hipóteses de renúncia fiscal. Deve levar em conta o princípio da indisponibilidade dos bens públicos, bem como da apresentação da estimativa de impacto. Embora excluído o crédito, não isenta o contribuinte das obrigações acessórias.
I) ISENÇÃO
Ocorre antes da prática do fato gerador. Isto é: antes da ocorrência do fato deve haver disposição legal excluindo o crédito tributário que decorreria daquele fato. Por isso, diz-se que a lei exclui da tributação hipótese que constitucionalmente poderia ser tributada.
Isenção é diferente de imunidade: não há que se confundirem os dois institutos, uma vez que:
A isenção é a retirada, mediante lei, da possibilidade de tributar. Isto é: pode tributar, mas o ente, por política de gestão pública, opta pela renúncia da receita. Pode ser revogada posteriormente.
Imunidade é a impossibilidade originária, pois estabelecida pela CF/88. O ente jamais teve possibilidade/competência de tributar sobre aquele fato, uma vez que vedado pela Carta Maior. Não há renúncia de receitas.
CONCEITO DE ISENÇÃO
Crítica: se já havia obrigação de pagar, seria extinção do crédito tributário, pois se confundiria com remissão.
A isenção é hipótese de não incidência legalmente qualificada: Defende-se que a isenção é um fenômeno infraconstitucional em que a legislação que qualificará as hipóteses de não incidência como hipóteses isentivas.
Crítica: se fosse hipóteses de não incidência, não seria necessária lei para isentar. São hipóteses de incidência que são desqualificadas pela lei, pois ente pode tributar, mas opta por não fazê-lo.
A isenção é mutilação parcial de um dos critérios da regra matriz de incidência tributária: Defende-se que a isenção retira do campo da norma de incidência um dos critérios de forma parcial.
A isenção é uma norma infraconstitucional que exclui o crédito tributário, impedindo a incidência da norma de tributação.
TIPOS DE ISENÇÃO
Geral: é aquela que decorre diretamente da lei, não dependendo de qualquer requerimento da parte interessada, nem de posterior ato administrativo. Ex: isenção de IR sobre rendimentos de caderneta de poupança.
Específica: é aquela que se efetiva mediante despacho da autoridadeadministrativa. Ou seja: uma vez editada a lei, a parte interessada de requerer junto à Administração Pública a concessão do benefício mediante a comprovação do preenchimento dos requisitos necessários. Ex: isenção de IPVA para deficientes físicos que adquirirem veículos adaptados.
Total: é aquela concedida sem qualquer restrição para aquele tributo que pretende ser excluído. Ex: aposentado com casa de até X metros quadrados não paga IPTU.
Parcial: é aquele que vigora pela redução da base de cálculo, pelo entendimento do STF (RE 174.478.SP.05)
Autônoma: é aquela concedida pela mesma pessoa jurídica titular da competência de instituir e cobrar o tributo.
Heterônoma: é aquela concedida por lei de pessoa jurídica diversa daquela que é titular da competência para instituir e cobrar o tributo a que se refere.
Importante: A CF/88 proibiu a isenção heterônoma! Excetuadas as seguintes hipóteses:
a. Tratado internacionais;
b. ICMS exportação (art. 155, §2º, XII, “e”), pois somente a União, por lei complementar, pode fazer;
c. ISS exportação (art. 156, §3º, II), pois somente a União, por lei complementar, pode fazer;
II) ANISTIA
Hipótese na qual o crédito já foi constituído e houve a inadimplência, cuja consequência é a imputação de multa. A anistia consiste na feitura de lei posterior com a finalidade de perdoar a multa.
Crítica: a doutrina entende por errado a colocação da anistia como hipótese de exclusão do crédito tributário, tendo-se em vista que o crédito permanece, a exclusão é tão-somente da multa.
Art. 180: a anistia exclui, exclusivamente, as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei. Sendo competente para instituí-la o ente competente para a instituição e cobrança do tributo.
A) Impossibilidade de anistia
1. Quando o ato praticado for qualificado como crime contra a ordem tributária. Pois, daria anistia ao crime também.
2. Quando as infrações forem resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, salvo disposição legal contrária.
6.2 CONCEITO DE EXTINÇÃO
A relação jurídica tributária não exsurge para perdurar eternamente: sua vocação, como qualquer relação jurídica, é desaparecer. Seja pelo seu percurso natural e axiologicamente pretendido pelo direito, que é o pagamento, seja pelo acontecimento de outra circunstância, o fato que é a relação tributária há de ser extinta.
Muito bem. Os casos previstos para extinção do crédito tributário estão previstos no art. 156 do Código Tributário Nacional que preveem o que segue:
“Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I – o pagamento;
II – a compensação;
III – a transação;
IV – remissão;
V – a prescrição e a decadência;
VI – a conversão de depósito em renda;
VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do art. 164;
IX – a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X – a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.               
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos arts. 144 e 149.”
Nota-se, portanto, da veiculação do art. acima citado a presença de onze hipóteses distintas para extinção do liame tributário.
Passa-se a uma breve análise sobre cada um deles.
1. PAGAMENTO, CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO E PAGAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO
O pagamento é a conduta de se levar dinheiro aos cofres públicos, adimplindo-se a obrigação tributária. Trata-se do curso natural da obrigação tributária, de sua vocação.
O Código Tributário Nacional, na sua função de norma geral de direito tributário, consagra diversos artigos que regulam o pagamento, alguns com imposições significativas, outros mais desatualizados ou redundantes. Passa-se a focar naqueles que contam com comandos de maior significação ao sistema jurídico brasileiro. 
O primeiro deles é o art. 161 do Código Tributário Nacional que prescreve o seguinte:
“Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.”
O artigo acima citado dispõe que o crédito não integralmente pago é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas.
É significativo que o artigo trata do “crédito” sendo acrescido a título de juros, ao mesmo tempo que agrega a expressão “sem prejuízo das penalidades cabíveis”, dissociando, portanto, para fins de seus efeitos, a obrigação tributária, em seu caráter mais restrito, nos moldes do art. 3º do mesmo Código, que coloca o tributo como entidade exigida em razão de um fato que não é ilícito, de eventuais penalidades aplicáveis ao contribuinte.
Daí se infere que os juros autorizados pelo art. 161 do Código Tributário Nacional são os juros sobre o tributo e não os juros sobre multas e penalidades. Não fosse assim, bastaria afirmar que sobre o crédito tributário são aplicados juros, sem o complemento “sem prejuízo das penalidades cabíveis”.
Agora, sendo o Código Tributário Nacional norma geral de direito tributário, nos termos do art. 146, III, “b”, da Constituição, suas disposições não podem ser desrespeitadas pela lei ordinária, sob pena inconstitucionalidade – violação do art. 146 da Lei Maior – e ilegalidade – violação do Código Tributário Nacional.
A conclusão é inafastável: em nosso sistema jurídico tributário os juros não devem incidir sobre as penalidades.
Avançando, o § 1º do art. 161 prevê que salvo legislação em contrário, as taxas de juros são de 1% (um por cento) ao mês. Contudo, na prática, é comum que a legislação imponha patamares superiores ao acima indicado. Atualmente, na legislação federal, é aplicável a Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) em percentuais variáveis, mas frequentemente acima do patamar acima indicado. 
Ademais, o § 2º do mesmo dispositivo prescreve que em casos de processo de consulta, há suspensão na fluência de juros de mora, enquanto pendente de resposta. Trata-se de previsão significativa em um sistema tributário tão complexo.
Prosseguindo, o art. 163 do Código Tributário Nacional consagra a chamada imputação do pagamento, quando há diversos débitos do mesmo contribuinte pendentes de pagamento. Sua redação é a seguinte:
“Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
I – em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;
II – primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;
III – na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV – na ordem decrescente dos montantes.”
Portanto, o Código Tributário Nacional estabelece uma “ordem de extinção do crédito tributário” que deve ser seguida pela autoridade administrativa quando examina o pagamento efetivado pelo sujeito passivo. 
Outro dispositivo relevante do Código Tributário Nacional é o que trata da possibilidade de consignação em pagamento, talcomo previsto em seu art. 164.
Segundo o dispositivo, a importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I – 	de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II – 	de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;
III – 	de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
Convém apontar que o § 1º do mesmo dispositivo prescreve que a consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar, ao passo que o § 2º dispõe que, julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda e, a contrário sensu, sendo julgada improcedente, a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
A consignação de pagamento consagra a máxima de que o submetido a uma obrigação também é titular do direito de cumpri-la. Desse modo, em havendo embaraço por parte da autoridade administrativa para que o pagamento seja efetivado, surge o direito de ação de se consignar a importância por meio de depósito, para que o Estado-Juiz solucione a lide.
Muito bem. Outra garantia que o contribuinte é assegurado, nos moldes do Código Tributário Nacional, é da repetição de indébito prevista pelo art. 165 do Código Tributário Nacional, que conta com a seguinte redação:
“Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do art. 162, nos seguintes casos:
I – cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
II – erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento”.
III – reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
O artigo acima transcrito outorga eficácia máxima ao princípio da estrita legalidade, impedindo que o sujeito passivo da obrigação tributária seja privado de seu patrimônio sem amparo na lei. 
Agora, um artigo que merece o exame com cautela, sob pena de se retirar qualquer eficácia técnica do art. 165 é o dispositivo que lhe sucede, isto é, o art. 166 do Código Tributário Nacional, que prescreve o seguinte:
“Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.”
O dispositivo é normalmente compreendido como aplicável aos tributos designados de “indiretos”, ou seja, que oneram o consumo, os serviços e a produção, de tal modo que, por serem esses tributos “repassados” adiante no eixo cadeia econômica seria um enriquecimento sem causa se o contribuinte obtivesse restituição desses valores.
Esse tipo de interpretação é resultado de uma grande confusão entre “tributo” e “preço” e carece de uma interpretação sistemática do direito, como se passa a demonstrar.
Tributo, nos moldes do art. 3º do Código Tributário Nacional, é espécie de prestação pecuniária. Note-se que “prestação” é a conduta de levar dinheiros aos cofres públicos. Por ser tributo uma prestação é ontologicamente impossível “repassar tributo”, como impropriamente se diz.
O que ocorre é que quando o sujeito passivo eventualmente forma seu preço, considera em tal preço a carga tributária por ele suportada. Agora, aquilo que está sendo adimplido pelo comprador é “preço” e jamais tributo.
Nesse sentido, o titular do direito de pagar o tributo adequadamente é, e só pode ser, o sujeito passivo da obrigação tributária. Portanto, caso esse direito seja frustrado, há de ser dele e somente dele o direito à restituição. Se se admite que o art. 166 do Código Tributário Nacional restringe esse direito, há de se negar por completo sua recepção pela Constituição da República, seja por impor uma restrição ao acesso do poder judiciário, contrariando o art. 5º, XXXV, da Lei Maior, seja por violar o próprio direito à propriedade.
Uma interpretação mais compatível com a Constituição é aquela que reconhece que, por vezes, o sujeito passivo da obrigação tributária não é o contribuinte, ou seja, aquele que apresenta capacidade contributiva para arcar com a obrigação. Nessas hipóteses, o próprio ordenamento confere mecanismos para o sujeito passivo se ressarcir do contribuinte, evitando-se uma violação ao primado da capacidade contributiva, como, por exemplo, opera-se com a sistemática de retenção na fonte.
É claro que, nessas hipóteses, o sujeito passivo tributário se torna muito mais um agente arrecadador do que uma figura que teve seu patrimônio invadido pela tributação. Daí por que em tais hipóteses é totalmente justificável a aplicação do art. 166 do Código Tributário Nacional.
Avançando-se, ainda, sobre o tema da repetição, o art. 167 do Código Tributário Nacional prescreve que a restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição na mesma proporção dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes às infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição. Trata-se de disposição redundante, que segue um percurso lógico do fenômeno normativo.
O Código Tributário Nacional também trata da decadência do direito de se repetir o indébito. Contudo, para se evitar repetições, faz-se remissão ao vocábulo “Decadência”, da presente Enciclopédia. 
Por fim, é preciso considerar que quando o pagamento é realizado nos chamados tributos sujeitos a lançamento por homologação (art. 150, caput, do Código Tributário Nacional), em que ao sujeito passivo é atribuído o dever de pagar o tributo antes de qualquer intervenção da Fazenda Pública, o Código Tributário Nacional prevê que a extinção do crédito tributário se dá com a chamada homologação do pagamento.
Em realidade, homologação do pagamento é a atividade em que a autoridade fazendária fiscaliza a atividade do contribuinte e ratifica o que foi efetivado, ou lavra o lançamento de ofício. Na prática são raras as chamadas homologações expressas do lançamento. O que se opera é a chamada homologação tácita, em que o Fisco, deixando de lavrar lançamento de ofício cinco anos contados do fato imponível do tributo, perde o direito de constituir qualquer diferença.
De qualquer forma, o art. 156, VII, do Código Tributário Nacional prevê que com a homologação do pagamento, ocorre a extinção do crédito tributário. Faz-se remissão ao vocábulo “Decadência” em que há maiores explicações sobre essa modalidade de extinção do crédito tributário.
2. DA COMPENSAÇÃO
Compensação é a causa extintiva da obrigação tributária, em que o sujeito passivo de tal obrigação possui um crédito em face do Fisco, de tal sorte que crédito do contribuinte e crédito do Fisco se extinguem mutuamente, a partir do procedimento previsto pela legislação.
O art. 170 do Código Tributário Nacional prevê que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.           
O § único do mesmo dispositivo prevê que sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos do artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.
O art. 170-A do mesmo Código prevê que é vedada a compensaçãomediante o aproveitamento do tributo, objeto de contestação judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
Assim, se o contribuinte possui um crédito que, potencialmente, não será acatado pelo Fisco sem uma decisão judicial que lhe assegure o direito de compensá-lo, não poderá, nos termos do art. 170-A, se aproveitar da força da decisão antes de seu trânsito em julgado. O art. 170-A, na prática, retira a eficácia da decisão judicial que autoriza a compensação, antes do trânsito em julgado.
3. DA TRANSAÇÃO
 A transação é a novação da obrigação tributária, mediante concessões mútuas, importando determinação de litígio e consequente extinção do crédito tributário.
Para ser autorizada, a transação depende de lei que a preveja, desde que a lei indique a autoridade competente de transigir em cada caso.
 Nesse sentido, uma vez autorizada, transação por lei, a autoridade administrativa pode aplicá-la, determinado a extinção do crédito tributário.
4. DA REMISSÃO
 Prescreve o art. 172 do Código Tributário Nacional que a lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão, total ou parcial do crédito tributário, atendendo o seguinte: 
(a)	à situação econômica do sujeito passivo; 
(b)	ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; 
(c)	à diminuta importância do crédito tributário; 
(d)	a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; e 
(e)	a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Nesse sentido, a remissão é o perdão do crédito tributário, estatuído por lei. Em sendo concedida, nos termos do art. 172 do Código Tributário Nacional, estará extinta a obrigação tributária.
5. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Com relação à decadência, faz-se remissão ao vocábulo “Decadência” em que o tema é descrito de maneira abrangente. Passa-se a abordar a prescrição do crédito tributário.
A prescrição é a perda do direito de ação de se exigir o crédito tributário em razão da fluência do lapso temporal previsto no direito positivo sem o exercício de tal direito.
O art. 174 do Código Tributário Nacional prevê que a prescrição ocorre em 5 anos contados da data da constituição definitiva do crédito tributário. Em outras palavras, uma vez sendo editada a norma individual que constitui o crédito tributário e não exercido, pelo sujeito passivo, o litígio administrativo, passa-se a contar o prazo prescricional.
Por outro lado, caso o sujeito passivo apresente impugnação administrativa ou o respectivo recurso, o prazo prescricional passa a fluir após o trânsito em julgado do processo administrativo.
No REsp 132085/RJ, a 1ª Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça decidiu que a prescrição se inicia no dia seguinte do prazo de pagamento do tributo. Trata-se de entendimento que, conquanto razoável, haja vista que antes do vencimento da exação não há que se falar em inércia do Fisco, não é o que está positivado no Código Tributário Nacional. Eis um exemplo vivo do Judiciário atuando como legislador, em arrepio ao princípio da estrita legalidade.  
O parágrafo único do art. 174 da Código Tributário Nacional prevê os casos de interrupção da prescrição, indicando as seguintes hipóteses: 
I – 	pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;               
II – 	pelo protesto judicial;
III – 	por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV – 	por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
Deve-se apontar, ainda, que a Lei 11.051/2004 prevê um caso de prescrição intercorrente no direito tributário, com a redação dada ao § 4º do art. 40 da Lei 6.830/1980.
Segundo o caput do art. 40, o juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora e, nesses casos, não ocorrerá a prescrição.
Nos termos do § 1º do mesmo artigo, suspensa a execução será aberta vistas ao representante da Fazenda Pública.
Por sua vez, o § 2º do mesmo dispositivo prevê que decorrido o prazo máximo de um ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrado bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
O § 4º do mesmo dispositivo prevê que se da decisão que tiver determinado o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o Juiz, depois de ouvida a Fazenda, decretará a prescrição intercorrente. 
6. A CONVERSÃO DE DEPÓSITO EM RENDA
Uma das possibilidades de suspensão de exigibilidade do crédito tributário é a realização, pelo sujeito passivo, de depósito do montante do tributo eventualmente discutido.
Nessa ocasião, em havendo término da demanda, a eventual conversão do depósito em renda implica a extinção do crédito tributário, nos termos do art. 156, VI, do Código Tributário Nacional.
Uma discussão sobre esse ponto é se a inércia do Fisco de lavrar o lançamento de ofício, uma vez procedido pelo contribuinte o depósito judicial, poderia acarretar eventual decadência. O Superior Tribunal de Justiça entende que o depósito judicial equivale a um pagamento antecipado do tributo, nos moldes do lançamento por homologação, de tal modo que implicaria a constituição do crédito tributário, tal como se depreende de julgados como o REsp 1637092/RS, AgInt no AREsp 939440/SP proferidos pela Segunda Turma da referida Corte Superior.
7. A DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL
Em sendo constituído o lançamento de ofício, ao contribuinte deve ser outorgada a possibilidade de se defender em esfera administrativa. Trata-se de oportunidade da Fazenda verificar a legalidade do crédito tributário, evitando-se eventuais litígios judiciais que poderiam acarretar sucumbência à Fazenda.
Nesse sentido, caso o sujeito passivo obtenha êxito em tal demanda, havendo decisão administrativa irreformável que determine a extinção do crédito tributário, o débito estará extinto por conta do art. 156, IX, do Código Tributário Nacional.
O texto do art. 156, IX, se remete à decisão definitiva da órbita administrativa, que não possa ser objeto de ação anulatória, o que remete a discussão se a decisão proferida em matéria administrativa, contrária aos interesses da Fazenda Pública, poderia ser alvo de desconstituição por decisão judicial.
Sobre o tema, convém lembrar que o art. 5º, LV, da Constituição da República coloca o processo administrativo como um direito do administrado que não pode ser mitigado em hipótese alguma.
Por esse diapasão, se a decisão administrativa favorável ao administrado puder ser revista pelo Poder Judiciário, basicamente, tem-se que o direito a um processo administrativo eficaz se torna esvaziado, de modo que o Poder Judiciário passaria a ser a única esfera capaz de desconstituir, com foros definitivos, um crédito tributário ilegal.
Desse modo, gozar o direito a um processo administrativo eficaz, apto a desconstituir, em foros definitivos, a obrigação tributária, há de ser tido como um direito do contribuinte que inviabiliza a possibilidade de discussão judicial de processo administrativo que extingue o crédito tributário.
A eventual exceção – excepcionalíssima com o perdão da redundância – é o conluio doloso entre contribuintes e julgadores administrativos. Provando-se, de forma irrefutável e definitiva, que o julgador administrativo foi peitado ou obteve vantagem pecuniária ilícita, há de se anular o processo administrativo que deve conviver com a moralidade e legalidade.
8. A DECISÃO JUDICIAL PASSADA EM JULGADO
A décima hipótese prevista pelo Código Tributário Nacional de extinção do crédito tributário é a decisão judicial passada em julgado.
Como se sabe, o sujeito passivo do crédito tributário tem o direito subjetivo de discutir a legalidade da cobrança, socorrendo-se, para tanto, ao Poder Judiciário. Nesse sentido, o Estado-Juiz pode emitir uma decisão que desconstitua o lançamento de ofício.
Muito bem, nos termos do art. 156, X, do Código Tributário Nacional, a decisão judicial com trânsito emjulgado, isto é, que não caiba mais recurso, que desconstitui o lançamento de ofício, tem o condão de extinguir o crédito tributário 
9. A DAÇÃO EM PAGAMENTO EM BENS IMÓVEIS, NA FORMA E CONDIÇÕES ESTABELECIDAS EM LEI
Dação em pagamento é o ato pelo qual o devedor adimple sua dívida mediante a entrega de bens ao credor.
Nesse contexto, o art. 156, XI, do Código Tributário Nacional, prevê a possibilidade da lei prever a possibilidade de extinção do crédito tributário mediante a dação em pagamento em bens imóveis.
Caberá a lei de cada Ente Tributante instituir tal modalidade de extinção do crédito tributário.
7. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Em primeiro lugar, segundo o CTN, a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.
Como principal garantia ao crédito tributário e sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, desde que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
Ou seja, não tem escapatória. Deveu ao fisco, tem que pagar, nem que esteja em processo de falência. E não poderia estar mais correto, isto é, se alguém irá receber algum valor, que este alguém seja o governo, para que tenha condições de aplicar estes valores em programas sociais ou em serviços de saúde, por exemplo. Trata-se do princípio de que os interesses coletivos superam os individuais.
Portanto, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.
Análise: Perceba que o momento-chave se dá a partir da inscrição em dívida ativa do crédito. Outrossim, atenção à palavra presunção.
Todavia, esta presunção de fraude é afastada na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. 
Indisponibilidade dos Bens
Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
Além disso, os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação mencionada acima enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido.
Entretanto, caso seja aplicada a indisponibilidade bens, esta limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite.
Análise: Conforme entendimento do STJ, a indisponibilidade dos bens depende do preenchimento dos seguintes requisitos:
· citação do executado;
· inexistência de pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo legal;
· não localização de bens penhoráveis após esgotamento das diligências.
Preferências do Crédito Tributário
As preferências do crédito tributário, como já mencionado, dizem respeito aos privilégios deste com relação a outros créditos de outras naturezas.
Sendo assim, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (regra geral)
Entretanto, NA FALÊNCIA:
· O crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado;
· A lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados.
· A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. 
Análise: Nesse contexto, segundo o Ministro Luis Felipe Salomão (STJ), “os créditos tributários não se submetem ao concurso formal (ou processual) instaurado com a decretação da falência ou com o deferimento da recuperação judicial, vale dizer, não se subordinam à vis attractiva (força atrativa) do Juízo falimentar ou recuperacional, motivo pelo qual as execuções fiscais devem ter curso normal nos juízos competentes”.
Em outras palavras, o fisco possui a prerrogativa de cobrar o crédito seja do contribuinte ou do responsável.
Cumpre ressaltar que o concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
· União;
· Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
· Municípios, conjuntamente e pró rata.
· Créditos Tributários Extraconcursais
Como definição, são extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. Entretanto, em processos de concordata, não há que se falar em créditos tributários extraconcursais, apenas em processos de falência.
Análise: Lembra-se que o crédito tributário, na falência, não prefere aos créditos extraconcursais. Portanto, as obrigações tributárias surgidas durante o processo de falência deverão ser pagas prioritariamente em relação aos créditos surgidos antes da falência.
Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada.
Outros Privilégios do Crédito Tributário
Inventário e Arrolamento
São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos (a vencer), a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento.
De forma idêntica ao caso dos créditos extraconcursais, caso seja contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada.
Liquidação Judicial de Pessoa Jurídica
São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.
Extinção das obrigações do falido (CND)
A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos.
Recuperação Judicial
A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos.
Ademais, nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas.
Contrato Administrativo
Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os

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