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RESUMO OAB DIREITO CONSTITUCIONAL

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Direito Constitucional - OAB/RJ | Yasmim Martins de Magalhães | 2021.1
DIREITO CONSTITUCIONAL – OAB/RJ	
	CONTEÚDO
	QUESTÕES
	1. HIERARQUIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
	
	2. PODER CONSTITUINTE
	
	3. APLICAÇÃO DAS NORMAS NO TEMPO
	
	4. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
(Art. 5º, caput, incisos I, II, IV ao VIII, X ao XIII, XVII ao XIX, XXII ao XXVI, XXXIII e LXVIII a LXXIII da CRFB/88)
	
	5. DIREITOS POLÍTICOS
(Art. 14, §4º a 7º + Art. 15 da CRFB/88)
	
	6. DIREITO DE NACIONALIDADE
	
	7. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
(Art. 21, 22, 24 da CRFB/88)
	
	8. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
	
	9. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS
(Art. 58, §3º + Arts. 49, 51 e 52, 53, 55 e 56 da CRFB/88)
	
	10. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: TEORIA GERAL
(Art. 97, 102, I, alínea “a”, art. 103-A + art. 3º Lei 11.417; Art. 102, III, alíneas “a” até “d” da CRFB/88; Art. 948 e 949 do NCPC; e SVº 10 STF)
	
	11. INTERVENÇÃO
(Art. 34 a 36 da CRFB/88)
	
1. HIERARQUIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
A Teoria Geral do Direito apresenta como uma das principais características da norma jurídica seu fundamento de vigência. Um dos elementos que compõe esse fundamento é a hierarquia normativa entre os diversos dispositivos jurídicos. Esta hierarquia foi celebrada por Hans Kelsen, para quem norma hierarquicamente superior é aquela que fundamenta a norma inferior. 
O fundamento de vigência, dentro dessa Teoria, é um pressuposto de validade do Estado de Direito, no que se refere à sua organização e regulação das suas atividades, no qual o Estado se submete as leis por ele criadas.
Buscou-se, partindo do pressuposto de que a Constituição Federal é a norma suprema do ordenamento, se existe hierarquia entre normas infraconstitucionais. Concluiu-se, existe hierarquia entre órgãos e servidores da Administração, conquanto as espécies normativas estejam no mesmo nível hierárquico, já que recebem fundamento de validade, tanto no aspecto formal quanto material, da Carta Política.
O princípio da hierarquia normativa é aquilo determinado pelo ordenamento jurídico. Conforme Alfonso Ruiz Miguel, um determinado tipo de norma é superior, igual ou inferior a outro tipo de norma quando assim o é considerado pelo ordenamento jurídico em questão, explícita ou implicitamente, cuja consequência é o dever dos órgãos criadores das normas inferiores acatarem o estabelecido nas normas superiores. 
Destarte, o princípio da hierarquia normativa, não necessariamente, virá explícito em uma norma do ordenamento jurídico. Quando se manifesta de forma implícita, cabe aos órgãos e operadores do direito a sua determinação por meio da interpretação. 
Da mesma forma em que não há hierarquia entre duas normas que pertencem ao mesmo nível, entre dois órgãos que integram a mesma pessoa jurídica encontrando-se no mesmo nível, não há hierarquia entre eles. Há relações fundamentais na posição que ocupam esses órgãos no escalonamento das atribuições e responsabilidades. As relações são paritárias, as quais sobressaem no sentido de coordenação, ao se pensar na atuação conjunta dos dois órgãos. 
A hierarquia ocorre quando há diferença na posição dos órgãos no escalonamento estrutural, conforme Odete Medauar, de tal modo que aquele superior, nas relações com os subordinados, exercem poderes, configurando-se uma relação de supremacia-subordinação. A hierarquia existe entre órgãos inseridos na mesma estrutura interna da mesma pessoa jurídica. Para a autora, no ordenamento jurídico brasileiro, “pode-se dizer que a hierarquia é vínculo que ocorre entre órgãos da Administração direta ou no interior de cada entidade da Administração indireta”. 
Desta forma, a hierarquia entre órgãos é inerente à estrutura administrativa desconcentrada que, pode ser visualizada como tipo de vínculo entre órgãos e como tipo de vínculo entre servidores. As normas elaboradas por esses órgãos, que tenham força jurídica, possuem uma relação de hierarquia conforme a posição que ocupa o órgão emissor da norma. 
Todavia, o princípio da hierarquia normativa não está expresso em nenhuma norma constitucional brasileira, sendo, portanto, uma criação doutrinária. Pois, ao analisar, sem muita detença, verifica-se que todas as normas infraconstitucionais são do mesmo nível hierárquico, estando abaixo, apenas, da Constituição Federal de 1988. Porém, ressalta-se, o Supremo Tribunal Federal conferiu aos tratados internacionais sobre direitos humanos, ratificados entre 1988 e 2004, caráter supralegal.
2. PODER CONSTITUINTE
O Poder constituinte é aquele capaz de criar, modificar, revisar e revogar algo na Constituição Federal. O povo é titular do poder constituinte, sendo exercido por seus representantes do povo. O Poder constituinte é dividido em poder constituinte originário - 1° grau, e poder constituinte derivado - 2° grau.
I. Poder constituinte originário (1° Grau)
É aquele que cria uma nova Constituição Federal. pode ser dividido em dois tipos: 
- Histórico - Sendo este, o primeiro de todos, a CF de 1824.
- Revolucionário - São todas as Constituições Federais, posteriores ao histórico. 
I.I. Características do Poder constituinte Originário:
a) Inicial - Instaura uma nova ordem, não existe antes dele, qualquer outro poder. 
b) Ilimitado - Não é limitado pelo direito anterior.
c) Autônomo - Tem autonomia para instaurar uma nova Constituição Federal.
d) Incondicionado - Não esta limitado a qualquer regra de forma ou de matéria. 
e) Permanente - Não se esgota com a Constituição Federal, podendo elaborar uma nova CF.
I.II. O Poder Constituinte Originário, pode ser:
Outorgado - São as constituições impostas pelo governante, sem a participação do povo. Ex: CF de 1824.
Promulgadas - São as constituições que possuem participação do povo, porque são elaboradas pelos representantes do povo. Ex: CF 1988.
II. Poder Constituinte Derivado (2° Grau)
É o poder que deriva do poder constituinte originário. Existem 3 tipos de poder constituinte derivado, pode ser reformador, decorrente e revisor:
II.I. Poder Constituinte Derivado Reformador 
Tem por competência modificar a Constituição Federal, sendo realizadas por emendas constitucionais. O poder competente para reformar a Constituição Federal, é o congresso nacional. As regras estão impostas no art. 59 a 60 da CF.
II.II. Poder Constituinte Derivado Recorrente
 
E aquele que elabora e reforma a Constituição do Estados. Cada estado possui a sua própria CF, e o poder competente para elaborar e reformar a CF Estadual, é das Assembleias Legislativas de cada estado. Pode ser dividido em: 
- Inicial - é aquele que elabora uma nova CF Estadual, é chamado de poder constituinte derivado recorrente inicial.
- Revisão - é aquele que reforma a CF estadual, é chamado de poder constituinte derivado recorrente de revisão estadual. 
OBSERVAÇÕES:
O Distrito Federal não tem Constituição Estadual, e sim Lei Orgânica do Município, que é aprovada pela Câmara do Distrito Federal. Esta lei, será elaborada e reformada pelo poder constituinte derivado recorrente.
Os Municípios também são regidos por Lei Orgânica do Município, nos termos do ART. 29 da CF. O poder competente é da Câmara Municipal, será elaborada e reformada pelo poder constituinte derivado recorrente.
A lei orgânica do município fica limitada a Constituição Federal e a Constituição Estadual, nos termos do ART. 11 do ADCT CF.
II.III. Poder Constituinte Derivado Revisor
É aquele que revisa a Constituição Federal, mediante regras mais simplificadas. É a necessidade de realizar uma revisão da Constituição Federal, 5 anos após a sua promulgação, nos termos do art. 3° ADCT, e pode ser realizada apenas uma vez.
OBSERVAÇÃO: 
Mutação Constitucional - É a mudança da interpretação de um dispositivo constitucional.
Temos como exemplo o art. 5º, XI CF, in verbis:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Quando a Constituição surgiu, o conceito decasa limitava-se a residência ou domicilio. Atualmente, a interpretação que se dá é bem mais ampla, segundo o entendimento do próprio STF, passou-se a abranger local de trabalho, quarto de hotel, quarto de motel, trailer etc.
3. APLICAÇÃO DAS NORMAS NO TEMPO
O art. 1º, caput, da LINDB consagra o princípio da vigência sincrônica:
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
Princípio da vigência sincrônica: a obrigatoriedade da lei no país é simultânea, pois ela entra em vigor a um só tempo em todo o país, ou seja, quarenta e cinco dias após sua publicação, não havendo data estipulada para sua entrada em vigor.
A vigência é um critério puramente temporal da norma, que vai desde o início da sua obrigatoriedade até a perda de sua validade. Nesse aspecto, não há que fazer qualquer relação com outra norma. A eficácia refere-se à possibilidade de produção concreta de efeitos pela norma. Quando classificada (segundo José Afonso da Silva) de acordo com a dependência de outras normas, podem ser: 
• Normas de eficácia plena – quando a eficácia é imediatamente concretizada;
• Normas de eficácia limitada – quando a eficácia depende de uma outra norma; 
• Normas de eficácia contida – quando a eficácia pode ser restringida por outra norma.
É possível que a lei seja inválida (não esteja em vigência), mas tenha eficácia (produza efeitos). 
Para exemplificar tal situação, vamos viajar para o direito penal e analisar o art. 3º do Código Penal que trata da aplicação da lei penal quando esta for excepcional ou temporária:
Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Leis temporárias: são aquelas que contêm prazo (dia de início e dia do fim) de vigência previsto expressamente em seu corpo. 
Leis excepcionais: são as que vinculam o prazo de vigência a determinadas circunstâncias, como guerra, epidemia etc.
Esses dois tipos de leis possuem a ultratividade como grande característica. Por ultratividade, devemos entender a capacidade de uma lei, após ser revogada (perder a vigência), continuar regulando fatos ocorridos durante o prazo em que esteve em vigor. Ou seja, ocorrendo um crime durante a vigência de uma lei excepcional ou temporária, mesmo após a lei não mais estar em vigor (falta de vigência), ela deverá ser utilizada no julgamento (ter eficácia).
Continuando o estudo do art. 1º da LINDB, temos que:
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º Revogado
O processo de nascimento de uma lei pode ser apresentado da seguinte forma:
• Edição;
• Processo legislativo;
• Sanção do presidente da República;
• Publicação; 
• Vigência.
As fases de edição e do processo legislativo são estudadas pelo direito constitucional.
Aqui, começaremos o estudo na fase da sanção. Após a lei ser sancionada, deve haver a sua publicação para que as pessoas tomem conhecimento do seu conteúdo; e, consequentemente, o diploma legal irá adquirir vigência (validade), estando apto a produzir efeitos. Entretanto, o nascimento da lei se dá com a promulgação.
I. PROMULGAÇÃO ≠ PUBLICAÇÃO.
Não podemos confundir a promulgação com a publicação, apesar de ambas constituírem fases essenciais da eficácia da lei. 
A promulgação atesta a existência da lei, produzindo dois efeitos básicos:
• Reconhece os fatos e atos geradores da lei;
• Indica que a lei é válida, ou seja, que obedece aos requisitos formais. A promulgação das leis compete ao presidente da República, conforme prevê o art. 66, § 7º, da Constituição Federal. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas decorrido da sanção ou da superação do veto. Neste último caso, se o presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao presidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o vice-presidente do Senado, em prazo idêntico.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. 
A publicação constitui a forma pela qual se dá ciência da promulgação da lei aos seus destinatários. É condição de vigência e eficácia da lei. 
Denomina-se vacatio legis o período temporal que se estabelece entre a publicação e a entrada em vigor da lei. Nesse intervalo de tempo, a lei não produzirá efeitos, devendo incidir a lei anterior no sistema. Existem três espécies de leis de acordo com o prazo de vacatio legis: 
1. Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, que, de acordo com o artigo 8º da Lei Complementar n. 95/1998, tem expressa disposição do período de vacatio legis. Como exemplo, temos a expressão contida em lei determinando que a lei “entra em vigor um ano depois de publicada”. 
Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequena repercussão. 
1. Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, no silêncio da lei. Entra em vigor no país 45 dias depois de oficialmente publicada ou, no estrangeiro, quando admitida, três meses após a publicação oficial.
1. Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra em vigor na data de publicação, devendo estar expressa ao final do texto legal. Segue esquema gráfico:
Durante o prazo de vacância, a lei nova ainda não produz efeitos, ou seja, ainda não tem vigência. Dessa forma, enquanto a lei nova não entrar em vigor ela, não será obrigatória e os atos praticados de acordo com a lei antiga serão plenamente válidos.
A forma de contagem do prazo de vacatio legis é regulada pelo artigo 8º, § 1º, da Lei Complementar n. 95/1998, incluindo o dia da publicação e o último dia na contagem do prazo. 
Art. 8º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. 
Para exemplificar, se uma lei for publicada no dia 2 de janeiro, estabelecendo prazo de 15 dias de vacância, ela entrará em vigor em qual dia? 
No exemplo apresentado, a contagem do prazo de vacância (vacatio legis) inclui o dia 2 de janeiro e vai até o dia 16 de janeiro (15 dias), entrando a lei e vigor no dia subsequente (17 de janeiro). Seque quadro:
	Contagem do dia do mês | 2 3 4 5... 16 -> DIA 17
	Contagem do vacatio | 1 2 3 4... 15 -> vigência no dia seguinte
O dia da publicação de uma lei está inserido na contagem do prazo de vacatio legis.
Finalizando o estudo do art. 1º da LINDB, temos:
Art. 1º, § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
Se uma lei for publicada com erro substancial acarretando divergência de interpretação, então, poderemos observar situações distintas por ocasião da correção de tal erro, dependendo de qual fase se encontra o processo de criação da norma: 
1) Correção antes da publicação: a norma poderá ser corrigida sem maiores
problemas;
2) Correção no período de “vacatio legis”: a norma poderá ser corrigida; no entanto, deverá contarnovo período de vacatio legis para o texto corrigido; 
3) Correção após a entrada em vigor: a norma poderá ser corrigida mediante uma nova norma de igual conteúdo. 
Segue esquema gráfico:
Na hipótese 2, conforme explica a boa doutrina, haverá um novo prazo de vacatio legis apenas para a parte da lei que foi corrigida.
II. REVOGAÇÃO DA NORMA
É a hipótese em que a norma jurídica perde a vigência, porque outra norma veio modificá-la ou revogá-la. A norma jurídica é permanente e só poderá deixar de surtir efeitos se a ela sobrevier outra norma que a revogue. O desuso não implica a perda da vigência da norma, e, sim, a perda de sua efetividade. Quando classificada de acordo com a sua extensão, a revogação pode ser: 
• Total (ab-rogação): quando toda a lei é revogada; ou
• Parcial (derrogação): quando apenas parte da lei anterior é revogada.
Através do art. 2º, caput, da LINDB, o legislador expressou o princípio da continuidade.
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
Dessa forma, em regra, as leis possuem efeito permanente, isto é, vigência por prazo indeterminado, excetuando-se as leis com vigência temporária, que possuem data certa para “morrer” (perder a vigência). 
A lei orçamentária é um clássico exemplo de lei temporária. dessa forma, para que ocorra o fim de sua vigência, não é necessária outra lei. Basta que transcorra o lapso temporal de um ano. 
Tendo como base legal o art. 2º, § 1º da LINDB, existem duas formas de revogação de uma lei antiga por uma lei nova. 
Art. 2º § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
São elas:
• Revogação expressa ou direta: quando a lei indica os dispositivos que estão sendo por ela revogados;
• Revogação tácita ou indireta: subdivide-se em dois tipos:
–– Revogação tácita por incompatibilidade; e
–– Revogação tácita global (quando uma lei nova regula inteiramente uma matéria tratada por uma lei anterior).
Sobre a revogação expressa ou direta, a Lei Complementar n. 107/2001 deu nova redação à Lei Complementar n. 95/1998, que ficou da seguinte forma:
Art. 9º A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.
Ou seja, por meio do dispositivo legal acima, o legislador não deve mais se valer daquela vaga expressão “revogam-se as disposições em contrário”. 
Quando uma norma entra em conflito com outra surge a antinomia. A antinomia pode ser de dois tipos: real ou aparente. Quando se tratar de uma antinomia real, a solução é a revogação da norma conflitante. Entretanto, quando se tratar de uma antinomia aparente, para a verificação de revogação das normas e solução de tais conflitos, três critérios, listados no quadro a seguir, devem ser utilizados: 
	CRITÉRIOS PARA A SOLUÇÃO DE UMA ANTINOMIA APARENTE
	1. HIERÁRQUICO (lex superior derrogat legi inferiori): consiste em verificar qual das normas é superior, independentemente da data de vigência das duas normas (exemplo: um regulamento não poderá revogar uma lei ainda que entre em vigor após esta);
	1. ESPECIALIDADE (lex specialis derrogat legi generali): as normas gerais não podem revogar ou derrogar preceito ou regra disposta e instituída em norma especial;
	1. CRONOLÓGICO (lex posterior derrogat legi priori): a norma que entrar em vigor posteriormente irá revogar a norma anterior que estava em vigor.
Dos três critérios acima, o cronológico é o mais fraco de todos, sucumbindo diante dos demais. O critério da especialidade é o intermediário e o hierárquico é o mais forte de todos.
O art. 2º, § 2º, da LINDB, consagra o princípio da conciliação. 
Art. 2º, § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
De acordo com tal princípio, se uma lei não contraria outra já existente, então eles podem coexistir, não havendo a necessidade de revogação.
Princípio da conciliação: se uma lei não contraria outra já existente, então eles podem coexistir, não havendo a necessidade de revogação. 
Já o art. 2º, § 3º, da LINDB dispõe sobre a repristinação.
Art. 2º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Por meio da sua leitura, concluímos que a regra é a não restauração da norma, ou seja, há a impossibilidade de uma norma jurídica, uma vez revogada, voltar a vigorar no sistema jurídico pela simples revogação de sua norma revogadora. O motivo dessa não restauração de normas é o controle do sistema legal, para que se saiba exatamente qual norma está em vigor. 
Admite-se, no entanto, a restauração expressa da norma, ou seja, uma norma nova que faça, tão somente, remissão à norma revogada poderá restituir-lhe a vigência, desde que em sua totalidade. 
A seguir temos um esquema gráfico sobre a repristinação:
Sendo a Lei A revogada pela Lei B e, posteriormente, a Lei B revogada pela Lei C, a Lei A irá “ressuscitar”? Ou seja, irá ocorrer a repristinação? 
Resposta: caso a Lei C disponha expressamente sobre o “renascimento” da Lei A, então é possível a repristinação, caso contrário, a Lei A continua “morta”. Na hipótese 2, conforme explica a boa doutrina, haverá um novo prazo de vacatio legis, apenas para a parte da lei que foi corrigida; 
III. CONFLITO DE NORMAS NO TEMPO
O direito intertemporal visa a solucionar os conflitos entre as novas e as velhas normas, entre aquela que acaba de entrar em vigor e a que acaba de ser revogada. Isso, porque alguns fatos iniciam-se sob a égide de uma lei e só se extinguem quando outra nova está em vigor. Para solucionar tais conflitos, existem dois critérios:
• Disposições transitórias: o próprio legislador no texto normativo novo concilia a nova norma com as relações já definidas pela norma anterior;
• Princípio da irretroatividade: a lei não deve retroagir para atingir fatos e efeitos já consumados sob a lei antiga.
Observando os fatos jurídicos e relacionando-os cronologicamente de acordo com a produção de efeitos, temos que eles podem ser:
a) Pretéritos: são os que se constituíram na vigência de uma lei e tem seus efeitos produzidos na vigência daquela lei;
b) Futuros: são os que ainda não foram gerados;
c) Pendentes: são os que foram constituídos na vigência de uma lei anterior e não produziram todos os seus efeitos nela.
Exemplo: Celebrei um contrato de empréstimo no ano passado. No início deste ano, entrou em vigência uma nova lei e até hoje a coisa emprestada está na minha posse. Esse contrato, embora constituído na vigência de uma lei, continua produzindo seus efeitos na vigência da lei revogadora. Segundo o princípio da irretroatividade, aos fatos pendentes, é aplicada a lei anterior, porque a lei posterior só se aplica para o futuro.
Analisando o art. 6º da LINDB, percebemos que a lei, em regra, é irretroativa, devendo ser expedida para disciplinar fatos futuros. Entretanto, a retroatividade da lei pode ocorrer excepcionalmente para fatos pendentes, desde que respeite o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
A diferença entre o ato jurídico perfeito e o direito adquirido é muito difícil de ser estabelecida, mas parte do seguinte conceito básico:
• Ato jurídico perfeito: é o ato que já se consuma segundo a lei de seu tempo;
• Direito adquirido: é direito incorporado ao patrimônio do particular.
Comoexemplo de ato jurídico perfeito, temos o contrato de locação celebrado durante a vigência de uma lei que não pode ser alterado somente porque a lei mudou; ou seja, é necessário que o prazo do contrato termine. 
Como exemplo de direito adquirido, temos a pessoa que se aposenta e, posteriormente, a lei modifica o prazo de aposentadoria. Tal modificação não irá atingir aquele que já está aposentado.
Quanto à coisa julgada, trata-se da qualidade conferida à sentença judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível. 
Apesar de não ser cabível recurso, a coisa julgada pode ser questionada por meio de ação rescisória (que não é um recurso), conforme prevê o art. 966 do Novo Código de Processo Civil:
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I – se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II – for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III – resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV – ofender a coisa julgada;
V – violar manifestamente norma jurídica;
VI – for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII – obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII – for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
Também é possível vislumbrar o princípio da irretroatividade no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.
Art. 5º, XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
4. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Nesse ponto é importante frisar que apesar da literalidade citar apenas os “estrangeiros residentes”, o STF tem posicionamento claro que mesmo que o estrangeiro não tenha domicilio no Brasil (ex: estrangeiro em viagem) será “protegido” pelos direitos fundamentais, na medida do possível.
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
1. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos I a VII
Igualdade (Isonomia)
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Princípio da legalidade (na visão do cidadão)
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Perceba a diferença entre a aplicação do princípio da legalidade para o cidadão e para o administrador público, enquanto este poderá fazer apenas o que a lei autorize, aquele poderá fazer tudo aquilo que a lei não proíba;
Desdobramento da dignidade da pessoa humana
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Liberdade de expressão (Manifestação de pensamento)
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Atenção nesse ponto, as bancas adoram incluir o anonimato como possibilidade de manifestação, pegadinha recorrente!
Direito de resposta
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Dois aspectos importantes nesse inciso.
· 1º O direito de resposta, proporcional ao agravo, se aplica tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas ofendidas, assim como as indenizações por danos, inclusive há entendimento consolidado que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral (STJ, súmula 227).
· 2º As indenizações por dano material, moral e à imagem são cumuláveis, a depender do caso concreto.
Liberdade religiosa e filosófica
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
1. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos VIII A XI
Escusa de consciência (Imperativo de Consciência)
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
O exemplo clássico desse inciso é o serviço militar obrigatório em tempo de paz (CF, Art. 143, §1º). O cidadão até pode alegar o imperativo de consciência para ser dispensado da obrigação legal, mas não da prestação alternativa. A recusa da obrigação legal e da alternativa ensejará a suspensão dos direitos políticos do cidadão (CF, Art. 15, IV).
Liberdade de expressão e a censura
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Aqui temos que compreende que é vedada toda e qualquer censura (política, ideológica, artística e etc.), porém que como qualquer outro princípio a liberdade de expressão é um princípio não absoluto (relativo), guarde isso!
Inviolabilidade de honra, imagem e vida privada
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Inviolabilidade domiciliar
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Poderá ingressar na domicilio do indivíduo:
• Com consentimento do morador
• Sem consentimento no caso de: flagrante delito, desastre, prestar socorro ou por ordem judicial durante o dia.
Obs.: O termo “casa”, segundo o STF, deve ser entendido de forma mais ampla, sendo qualquer local privado não aberto ao público (ex: escritório)
1. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos XII a XVI
Inviolabilidade das correspondências e das comunicações.
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Ao ler a literalidade do inciso dá a entender que apenas o sigilo das comunicações telefônicas poderia ser excepcionado, todavia, decisões judiciais também podem quebrar o sigilo nas demais hipóteses, afinal nenhum direito é absoluto.
Liberdade profissional
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Atenção, pois trata-se de norma de eficácia contida, ou seja, caso exista lei que exija qualificações para exercer determina profissão, essas deverão ser obedecidas (ex: médico); caso inexistam exigências, a profissão será de livre exercício (ex: músico).
Direito de acesso à informação e o resguarda os jornalistas
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Direito de ir e vir
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Direito de reunião
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Atente-se aos requisitos da reunião em locais públicos: reunião pacifica; sem armas; que não frustre outra reunião anterior e mero aviso à autoridade (autorização é dispensa,atenção!).
1. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos XVII a XXXI
Direito de associação
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Não confunda:
Representação processual -> Necessária autorização expressa
Substituição processual -> não há necessidade de autorização expressa
Direito de Propriedade
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Desapropriação Ordinária
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
As três hipóteses de desapropriação ordinária:
· necessidade pública
· utilidade pública
· interesse social
Além disso veja que a indenização é prévia e em dinheiro.
Requisição administrativa da propriedade
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Pequena propriedade rural trabalhada pela família
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Herança
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
V. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos XXXIII a XXXVI
Direito de informação
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Direito de petição (a) e direito de obter certidões (b)
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Inafastabilidade do Judiciário
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Irretroatividade das leis
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Definições importantes:
· Ato jurídico perfeito: o ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (LINDB, Art. 6, §1º).
· Direito adquirido: direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (LINDB, Art. 6, §3º). Dizemos que se trata de um direito que já se incorporou ao patrimônio do particular, pois já foi cumprido todos os requisitos necessários.
· Coisa julgada: Decisão que já não cabe mais recurso (LINDB, Art. 6, §3º).
VI. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos XXXVII a XL
Juiz Natural
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Princípio do juiz natural prega a obediência as regras de competência para julgamento, inclusive fora do âmbito do judiciário. Logo fica vedado a criação de juízos de exceção (aquele criado convenientemente para julgar um crime em específico).
Assim, caso uma autoridade cometa um crime de responsabilidade, por exemplo, ela saberá que será julgada pelo Senado Federal, afinal trata-se de uma regra expressa na Constituição (CF, Art. 52, I e II)
Legalidade Penal
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Irretroatividade da lei penal in pejus e retroatividade da lei penal mais benéfica
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Vimos no inciso XXXVI que a regra é a não retroatividade da lei, porém existem exceções, como é caso da retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu.
VII. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos XLII a XLVII
Crimes inafiançáveis
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
A maioria das questões tentam confundir o candidato alterando as possíveis punições, assim sendo, vejamos um esquema para não errar esse tipo de questão.
Esquematizando os crimes inafiançáveis:
Imprescritível:
· Ação de grupos contra o Estado
· Racismo + Reclusão
Insuscetível de graça e anistia
· Tortura, tráfico, terrorismo e hediondo (3TH)
Bizu: 3TH não tem graça
Intransmissibilidade das penas (personalização da pena)
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Das penas
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Desse inciso temos que ter cuidado com a possibilidade de pena de morte no caso de guerra declarada.
VIII. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos LI a LIX
Extradição
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
A extradição do brasileiro deve seguir as regras:
· 1º – Brasileiro Nato: Nunca será extraditado
· 2º – Brasileiro Naturalizado: Possível, nos casos de:
a) Crime comum antes da naturalização
b) Tráfico de drogas antes ou depois da naturalização
· 3º – Casos da impossibilidade de extração: Crime político ou de opinião.
Promotor natural
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Devido processo legal e contraditório e ampla defesa
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Provas ilícitas
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Presunção de inocência (não culpabilidade)
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Ação penal privada subsidiária da pública
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
A regra é que o Ministério Público promova a ação penal pública (CF, Art. 129, I), porém caso o MP esteja inerte, abre a possibilidade do particular (vítima) agir pela ação privadasubsidiária da pública.
IX. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos LXI a LXX
Prisão e direitos relacionados
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Atenção, pois atualmente não é mais possível a prisão do depositário infiel (STF, SV 25)
Habeas corpus
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
O HC é um remédio constitucional para proteger o direito de locomoção. Ele poderá ser impetrado por qualquer pessoa (física ou jurídica), além do MP, porém atenção, pois o HC não poderá ser impetrado em favor de pessoa jurídica, afinal o HC protege o direito de locomoção.
Mandado de segurança
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
O mandado de segurança (MS) tem por objetivo proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, perceba a característica residual/subsidiária do MS.
X. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Incisos LXXI a LXXIII
Mandado de injunção
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
O mandado de injunção tem por objetivo tornar viável os direitos constitucionais (não engloba direitos infraconstitucional) por falta de norma regulamentadora. Apesar de alguma divergência, o STF tem posicionamento que a omissão pode ser total ou parcial.
Habeas data
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Veja que é cabível o habeas data em duas hipóteses:
· garantir acesso à informação pessoal constantes em bancos de dados públicos
· retificação de dados
Trata-se de uma ação personalíssima, ou seja, é possível apenas para garantir o acesso do impetrante em relação as suas informações e não as de terceiro.
Não confunda – Ao ser negado o:
· Acesso à informação pessoal -> habeas data
· Direito de certidão -> Mandado de segurança
Ação popular
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
XI. Incisos LXXVII, LXXVIII e Parágrafos
Gratuidade do HC e HD
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
Atenção, pois apenas o HC e o HD têm sua gratuidade garantida, o mandado de segurança e o mandado de injunção não.
Celeridade processual
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Parágrafos
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
O parágrafo deve ser interpretado no sentido de dar maior celeridade a aplicação dos direitos e garantias, o que não significa que todos são de eficácia plena.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
A regra é que os tratados internacionais tenham status de lei ordinária, porém serão equiparados as emendas constitucionais quando:
· Objeto: Direitos Humanos
· Rito das emendas constitucionais: 3/5 dos votos em 2 turnos de cada Casa
Os tratados sobre direitos humanos que não forem aprovados pelo rito especial terão status supralegal (podendo revogar leis anteriores e serem observadas por leis posteriores), porém inferiores à EC.
5. DIREITOS POLÍTICOS
A Constituição Federal prevê, no art. 14, que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular.
Além disso, o art. 61, § 2º, estabelece a possibilidade de iniciativa popular das leis complementares e ordinárias, que poderá ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído, pelo menos, por cinco Estados (incluído o Distrito Federal), com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Por tudo isso, podemos afirmar que são direitos políticos previstos na Constituição Federal:
a) direito ao sufrágio: direito de votar nas eleições, nos plebiscitos e nos referendos, bem como o direito de ser votado;
b) direito à iniciativa popular de lei: para a propositura de projetos de leis complementares e projetos de leis ordinárias.
Como dito, o direito ao sufrágio é a capacidade de votar e de ser votado, também conhecido como direitos políticos positivos, uma vez que atribuem direitos. A depender de suas características, o sufrágio poderá ser universal, censitário ou capacitário. 
Haverá sufrágio universal (como no Brasil) quando não houver requisitos discriminatórios ao direito de votar e ser votado, assegurando a todos os brasileiros a participação no processo político, respeitados os critérios constitucionais. 
Por sua vez, o sufrágio censitário é aquele em que há requisitos discriminatórios de ordem econômica (exemplo: só pode ser votado quem possuir o patrimônio acima de um milhão de reais). 
Já o sufrágio capacitário, possui requisitos discriminatórios de natureza intelectual (exemplo: só pode ser votado quem possuir diploma de ensino superior).
Como afirmado, o Brasil adota o sufrágio universal.
Da leitura da Constituição Federal, extraímos que o voto no Brasil possui as seguintes características:
a) direto, como regra: o povo escolhe diretamente seus representantes, porém há um único caso de eleição indireta previsto na Constituição Federal – é o que prevê o art. 81, § 1º, no caso de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente nos dois últimos anos do período presidencial, situação em que a eleição será indireta;
b) secreto (sigilosidade): a Constituição Federal consagra o escrutínio secreto, assegurando a liberdade na hora de votar e o sigilo irrestrito dos locais de votação;
c) universal: o sufrágio universal garantido pelo caput do art. 14 significa que o exercício do voto não se condiciona a nenhum requisito discriminatório de caráter econômico ou intelectual;
d) com valor igual paratodos (igualdade): como decorrência do brocardo one man one vote - um homem um voto – o peso do voto de todos eleitores são equivalentes, ou seja, todos os cidadãos têm o mesmo valor no processo eleitoral;
e) periódico (periodicidade): apesar de não estar prevista textualmente a periodicidade do voto na Constituição Federal vigente, tal característica decorre da adoção da forma republicana de governo, que exige a alternância no poder. Dessa forma, a previsão de mandatos para os titulares de cargo eletivo exige a periodicidade do voto;
f) personalíssimo (personalidade): é exigido o comparecimento pessoal do próprio eleitor, não se admitindo o voto por procuração;
g) obrigatório, como regra (obrigatoriedade): é obrigatório o alistamento e o voto para os alfabetizados maiores de dezoito e menores de setenta anos;
h) livre (liberdade): o eleitor tem plena liberdade para escolher o seu candidato, bem assim de não votar em nenhum dos concorrentes.
DICA:
A Constituição Federal também fala de iniciativa popular estadual (art. 27, § 4º) e municipal (art. 29, XIII). No caso da iniciativa popular no processo legislativo estadual, a Constituição Federal apenas remete à lei, ao passo que, no caso da iniciativa popular no processo legislativo municipal, a Constituição Federal traz o requisito de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado municipal.
DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
O STF julgou constitucional a previsão em Constituição Estadual de iniciativa popular de proposta de emenda à Constituição Estadual. Isso é interessante porque não há previsão expressa na Constituição Federal de iniciativa popular de proposta de emenda à Constituição Federal. Mesmo assim, pode a Constituição Estadual trazer essa possibilidade de iniciativa popular para as propostas de emenda à Constituição Estadual.
Conforme dissemos algumas vezes, o direito ao sufrágio garante aos brasileiros o direito de votar e de ser votado. Votamos nas eleições, nos plebiscitos e nos referendos. Todos sabem o que são as eleições, mas talvez não conheçam a diferença entre plebiscito e referendo.
Plebiscitos e referendos são consultas populares diretas, convocadas pelo poder público para que o povo, legítimo titular do poder, possa diretamente tomar uma decisão política. A diferença entre esses institutos está no momento da manifestação popular:
a) se a consulta popular se der antes do ato legislativo ou do ato administrativo, será um plebiscito; 
b) se a consulta ao povo for após a realização do ato legislativo ou do ato administrativo, será um referendo, cabendo ao povo a ratificação ou a rejeição do referido ato.
I. Capacidade Eleitoral Ativa
A capacidade eleitoral ativa é o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja aquisição se dá com o alistamento eleitoral.
De acordo com o art. 14, § 1º, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito anos e facultativos para os analfabetos, maiores de setenta anos e maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Isso cai com frequência, portanto cuidado!
Já o § 2º do mesmo art. 14 estabelece que não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Esses são os chamados inalistáveis. Os conscritos englobam os soldados, os médicos, os dentistas, os farmacêuticos e os veterinários das Forças Armadas, durante o período em que prestam o serviço militar obrigatório.
DICA:
Em regra, é vedado aos estrangeiros o alistamento eleitoral. No entanto, os portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros em Portugal, poderão alistar-se como eleitores (art. 12, § 1º).
DE OLHO NOS DETALHES
1) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os brasileiros alfabetizados maiores de 18 anos e menores de 70 anos.
2) O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os maiores de 16 e menores de 18 anos.
3) O alistamento eleitoral e o voto são proibidos para os estrangeiros e para os conscritos.
4) Os portugueses com residência permanente no Brasil, respeitada a reciprocidade em favor dos brasileiros em Portugal, poderão exercer direitos políticos no Brasil.
5) Os conscritos são os militares das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) durante o serviço militar obrigatório.
II. Capacidade Eleitoral Passiva
A capacidade eleitoral passiva, também chamada de elegibilidade, diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para mandatos eletivos.
A Constituição Federal prevê, no art. 14, § 3º, as condições para elegibilidade. São elas:
a) nacionalidade brasileira: como regra, só os brasileiros exercem direitos políticos no Brasil. Entretanto, os portugueses equiparados, atendidas as condições previstas no art. 12, § 1º, podem concorrer a cargos eletivos, à exceção de Presidente e Vice-Presidente da República, que são acessíveis apenas aos brasileiros natos (art. 12, § 3º, I).
b) pleno exercício dos direitos políticos: os que tenham suspensos ou perdidos os direitos políticos não possuem capacidade eleitoral passiva, nos termos do art. 15, que será estudado mais à frente;
c) alistamento eleitoral: para concorrer a pleitos eleitorais, tem que possuir o prévio alistamento eleitoral. Daí concluímos que todo elegível é obrigatoriamente eleitor, mas nem todo eleitor é elegível. Podemos citar como exemplo o analfabeto que é um eleitor facultativo, mas nunca poderá ser eleito, porque sobre ele recai uma inelegibilidade absoluta, como veremos mais à frente;
d) domicílio eleitoral na circunscrição: a definição do que seja domicílio eleitoral é papel do Direito Eleitoral. Segundo o art. 42, do Código Eleitoral, domicílio eleitoral é o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas. 
A Constituição Federal exige que o candidato possua domicílio eleitoral na circunscrição em que se dará as eleições. Ou seja, se o candidato X quiser concorrer ao cargo de vereador no Município Y, deverá ter domicílio eleitoral no Município Y. Importante fixar que o domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil. Assim, se o examinador disser que é uma condição para elegibilidade o domicílio civil na circunscrição em que se dará a eleição, estará errado; 
e) filiação partidária: o Brasil não admite a candidatura avulsa. Isto é, o candidato deve concorrer aos pleitos eleitorais por intermédio de um partido político; 
f) idade mínima de:
• 35 anos: Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
• 30 anos: Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
• 21 anos: Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
• 18 anos: Vereador.
Essa idade mínima deve ser comprovada na data da posse. Porém, no caso de vereador, a idade mínima deverá ser demonstrada na data limite para o pedido de registro da candidatura. 
Por esclarecedor, veja o que determina o art. 11, § 2º, da Lei n. 9.504/1997, com a redação dada pela Lei n. 13.165/2015:
A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data limite para o pedido de registro.
DICA:
Está com dúvida acerca da idade mínima? Liga para telefone 3530-2118
35: Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
30: Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
21: Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
18: Vereador.
III. Inelegibilidade
As inelegibilidades afastam o direito de concorrer a mandatos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo. Justamente por retirarem direitos, as inelegibilidades são doutrinariamente chamadas de direitos políticos negativos.
Essas inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas. 
A inelegibilidade absoluta impede que o cidadão concorra a todosos pleitos eleitorais. É o que está previsto no art. 14, § 4º, a saber: “são (absolutamente) inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos”. Lembrando que os inalistáveis são os estrangeiros e os conscritos. Os analfabetos, muito embora sejam eleitores facultativos, jamais poderão concorrer a pleitos eleitorais.
Por outro lado, a inelegibilidade relativa retira a possibilidade de concorrer a determinado(s) pleito(s) eleitoral(is). Veja os casos constitucionais de inelegibilidade relativa.
1) Art. 14, § 5º: “o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente”. 
Ou seja, é vedada a reeleição para o terceiro mandato sucessivo para o Poder Executivo.
Que fique claro que no Legislativo não há vedação para sucessivas reeleições.
DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
Sobre a proibição de um terceiro mandato sucessivo, entendeu o STF que tal vedação alcança, inclusive, os chamados Prefeitos itinerantes ou Prefeitos Profissionais, assim considerados aqueles que, tendo cumprido dois mandatos em um Município, candidatam-se em um Município diverso. O Supremo decidiu que o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos de Prefeito fica inelegível para um terceiro mandato, ainda que seja em Município diferente.
2) Art. 14, § 6º: “Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito” (conhecido como desincompatibilização).
Também é uma exigência própria do Poder Executivo. Caso o Chefe do Poder Executivo queira concorrer a outro cargo que não o seu, deverá renunciar ao mandato em até 6 meses antes do pleito. Agora, se o Chefe do Poder Executivo quiser concorrer à reeleição, não precisará se afastar.
3) Art. 14, § 7º: “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.
Esta hipótese é conhecida como inelegibilidade reflexa, uma vez que não incide sobre o Chefe do Poder Executivo, mas sim sobre terceiros a ele ligados. Portanto, o cônjuge (ou companheiro) e os parentes até o 2º grau do Chefe do Poder Executivo estão inelegíveis no seu território de jurisdição, salvo se já ocupante de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Como fica a questão dos limites territoriais considerados como “jurisdição” do titular? Veja o quadro a seguir:
Mas se o cônjuge ou os parentes até o 2º grau já forem titular de mandato eletivo, poderão buscar a reeleição. Exemplo: o filho do Presidente da República é Deputado Federal. Nas próximas eleições, este filho poderá se candidatar a Deputado Federal, apenas. Não poderá concorrer a nenhum outro mandato eletivo.
Cuidado com a Súmula Vinculante n. 18:
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.
Ou seja, caso o Chefe do Poder Executivo separe de seu cônjuge, este continuará inelegível no pleito eleitoral seguinte para os mandatos eletivos dentro do seu território de jurisdição.
Perceba que o art. 14, § 7º, fala de parentes até o 2º grau por consanguinidade ou por afinidade. O tema “graus de parentesco” é tratado pelo Direito Civil. De todo modo, vamos avançar sobre esse ponto. 
Segundo o art. 1.594, do Código Civil, contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. Ou seja, em linha reta (netos, filhos, pais, avós), os graus de parentesco são contados pelo número de gerações. Exemplos: o pai do Prefeito é parente de 1º grau; o filho do Governador é parente de 1º grau; a avó do Presidente é parente de 2º grau. 
Agora, em linha colateral, deve-se subir até ao ascendente comum e descer até encontrar o parente em questão, contando o número de gerações. Exemplos: o irmão do Presidente é parente de que grau? Sobe até o ascendente comum (o pai) e desce até o irmão, contando o número de gerações. Portanto, o irmão é parente de 2º grau. O tio do Prefeito é parente de que grau? Sobe até o pai, sobe até a avó (ascendente comum) e desce até o tio, contando o número de gerações. Portanto, o tio é parente de 3º grau.
Já o art. 1.595, do Código Civil, trata do parentesco por afinidade. Segundo a lei civilista cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. O parentesco por afinidade é como se você se coloca-se no lugar do seu cônjuge. Exemplo: a sogra do Prefeito é parente dele de primeiro grau. É isso mesmo meu caro aluno (minha cara aluna): sua sogra é seu parente de 1º grau.
DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
Segundo o entendimento firmado pelo TSE e referendado pelo STF, se o Chefe do Executivo renunciar seis meses antes da eleição, seu cônjuge e parentes até segundo grau poderão candidatar-se a todos os cargos eletivos da circunscrição. Anote-se que, nesse caso, se o titular estiver no primeiro mandato, o cônjuge e parentes até o segundo grau poderão candidatar-se até mesmo para o próprio cargo do Chefe do Poder Executivo.
DE OLHO NOS DETALHES
1) A inelegibilidade reflexa só é provocada pelo Presidente da República, Governadores e Prefeitos.
2) Mandatos no Poder Legislativo (Senadores, Deputados e Vereadores) não provocam a inelegibilidade reflexa.
3) São atingidos pela inelegibilidade reflexa o cônjuge (ou o companheiro) e os parentes até o 2º grau do Chefe do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos).
4) Caso o cônjuge (ou o companheiro) e os parentes até o 2º grau já forem titulares de mandato eletivo, poderão se candidatar à reeleição (apenas).
5) Segundo entendimento jurisprudencial, se o Chefe do Poder Executivo renunciar em até 6 meses antes da eleição, seu cônjuge (ou companheiro) e parentes até o 2º grau poderão candidatar-se a todos os cargos eletivos na jurisdição. Ademais, se, nesse caso de renúncia, o titular estiver no primeiro mandato, poderão se candidatar inclusive para o próprio cargo de Chefe do Poder Executivo.
Por fim, importante ressaltar que esta inelegibilidade reflexa permanece no caso de desmembramento de um ente federativo. Em caso de desmembramento de um Município, por exemplo, permanece a inelegibilidade reflexa quanto ao cônjuge (ou companheiro) e os parentes até o 2º grau do Prefeito do Município-mãe que objetivem a candidatura a um cargo no Município recém-criado. Exemplo: imagine que parte do Município A é desmembrada para criar o Município B. A esposa do Prefeito do Município A está inelegível para mandatos eletivos no Município B. Compreendeu?
4) Art. 14, § 8º: “O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade”.
Segundo este art. 14, § 8º, todos os militares federais (Marinha, Exército e Aeronáutica) e estaduais (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares) podem ser eleitos, salvo os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, que são inalistável. Se esse militar federal ou estadual tiver menos de 10 anos de serviço, no registro da candidatura, deixará de ser militar de modo definitivo, tendo sido eleito ou não. 
Agora, se o militar federal ouestadual possuir mais de 10 anos de serviço, no registro da candidatura, será agregado (afastado temporariamente) para concorrer ao pleito eleitoral e se for eleito passará automaticamente para a inatividade no ato da diplomação. Mas, se esse militar com mais de 10 anos de serviço não for eleito, retornará às suas atividades militares. Compreendeu?
MUITO CUIDADO COM UM DETALHE: 
O art. 142, § 3º, inc. V, determina que o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos. Mas o art. 14, § 3º, inc. V, estabelece que é condição para elegibilidade a prévia filiação partidária. Então, como fica a situação do militar da ativa elegível? O TSE entende que o registro da candidatura apresentada pelo partido político supre a exigência da prévia filiação partidária, muito embora não tenha havido uma filiação partidária formal prévia, porque isso é vedado pela Constituição Federal.
Na verdade, a filiação partidária se dará logo após o afastamento exigido pelo art. 14, § 8º, e não no prazo estabelecido pela legislação eleitoral. Nesse caso, o militar participa das convenções partidárias de maneira informal e seu nome é escolhido para concorrer a um mandato eletivo. 
Após o registro da candidatura, entende-se que houve o cumprimento da prévia filiação partidária (mesmo não tendo ocorrido na prática). É só uma forma de compor as regras constitucionais que regulam a participação dos militares da ativa nos pleitos eleitorais. OK?
5) Art. 14, § 9º: “lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”.
Ou seja, as hipóteses de inelegibilidade relativa não são taxativas na Constituição Federal, podendo lei complementar federal criar outras situações. A título de curiosidade, trata-se da LC n. 64, de 1990, que foi alterada pela LC n. 135, de 2010 (conhecida como Lei da Ficha Limpa).
IV. Privação de Direitos Políticos
Segundo o art. 15, é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de [...].
Antes de tratar quais são os casos de perda e suspensão dos direitos políticos, importante trazer um conceito de cassação dos direitos políticos. Entende-se por cassação dos direitos políticos a supressão arbitrária desses direitos políticos praticada em outros momentos antidemocráticos da vida política brasileira, ou seja, a retirada dos direitos políticos sem o devido processo legal, especialmente sem o contraditório e sem a ampla defesa. 
Apesar da vedação absoluta à cassação dos direitos políticos, o citado artigo permite a privação dos direitos políticos, seja no caso de perda, seja no caso de suspensão. Perceba a nomenclatura: a cassação dos direitos políticos é absolutamente vedada, mas é possível a privação dos direitos políticos, nos casos de perda ou suspensão.
E qual a diferença entre perda e suspensão? A distinção está na maneira pela qual os direitos políticos serão restabelecidos após a cessação da causa que deu ensejo à privação. No caso de perda, o restabelecimento dos direitos políticos dependerá do requerimento do indivíduo, isto é, de um novo alistamento eleitoral. Já no caso de suspensão, o restabelecimento se dará automaticamente, independentemente de manifestação da pessoa. 
Veja agora as hipóteses de perda e de suspensão dos direitos políticos presentes no art. 15:
I – cancelamento da naturalização por sentença [JUDICIAL] transitada em julgado: o cancelamento da naturalização provoca a perda da condição de nacional, conforme os termos do art. 12, § 4º, I. Tal fato provoca a perda dos direitos políticos, haja vista que o estrangeiro não detém direitos políticos no Brasil.
II – incapacidade civil absoluta: este inciso exige um aprofundamento. A Lei n. 13.146, de 2015, que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, alterou o art. 3º do Código Civil, passando a prever apenas uma hipótese de incapacidade civil absoluta — o menor de 16 anos —, que, segundo a interpretação do § 1º do art. 14 da Constituição, não exerce direitos políticos, por ser inalistável. 
Portanto, pode-se afirmar que a previsão constitucional de suspensão de direitos políticos por incapacidade civil absoluta está, por ora, esvaziada, por falta de hipótese fática que se enquadre no art. 15, inciso II. De toda forma, é uma hipótese de suspensão de direitos políticos.
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos: os que sofrerem condenação criminal com trânsito em julgado terão os direitos políticos suspensos até a extinção da punibilidade.
DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
1) Súmula 9, do TSE: a suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos.
2) Segundo o entendimento do STF, a suspensão dos direitos políticos no caso de condenação criminal transitada em julgado aplica-se às hipóteses de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII: cuida-se da escusa de consciência prevista no art. 5º, VIII, segundo o qual “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”. Mesmo não se tratando de um posicionamento pacífico, a doutrina majoritária entende que é uma situação de perda dos direitos políticos.
V – Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º: o próprio art. 37, § 4º, nos dá a dica de que é uma hipótese de suspensão, perceba: “os atos de improbidade administrativa importarão a SUSPENSÃO dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
6. DIREITO DE NACIONALIDADE
I. Conceito
Nacionalidade é um vínculo que une uma pessoa a um determinado Estado. Somos brasileiros porque temos um vínculo de nacionalidade com a República Federativa do Brasil.
II. Espécies
1) primária (também chamada de originária, de 1º grau, involuntária ou nata): resultante de um fato natural (o nascimento). Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado ao cumprimento de um critério trazido pela Constituição Federal; 
2) secundária (também chamada de adquirida, por aquisição, de 2º grau, voluntária, ou por naturalização): é a que se adquire por ato de vontade, depois do nascimento, a partir de um requerimento somado ao cumprimento dos requisitos constitucionais. 
III. Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
1) “ius sanguinis”: critério sanguíneo pautado na hereditariedade; 
2) “ius solis”: critério territorial, sendo irrelevante a nacionalidade dos pais.
IV. Nacionalidade Primária
Segundo o art. 12, I, são brasileiros natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país [de origem]; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
V. Nacionalidade Secundária
Segundo o art. 12, II, são brasileiros naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de paísesde língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
VI. Quase Nacionalidade
Segundo o art. 12, § 1º, aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro naturalizado.
VII. Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
O art. 12, § 2º, prevê que a lei infraconstitucional não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. 
Só a Constituição Federal poderá estabelecer esta diferenciação, e o faz em quatro hipóteses: 
1) cargos: são privativos de brasileiros natos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; oficial das Forças Armadas; e Ministro de Estado da Defesa (art. 12, § 3º); 
2) função no Conselho da República: a Constituição Federal reservou seis vagas para brasileiros natos; 
3) extradição: da leitura do art. 5º, inciso LI, extraímos que o brasileiro nato nunca será extraditado. Já o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei, praticado a qualquer tempo; 
4) direito de propriedade: conforme estabelece o art. 222, “caput”, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.
VIII. Perda da Nacionalidade
 De acordo com o art. 12, § 4º, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos a seguir.
IX. Dupla Nacionalidade
Não será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade, nos seguintes casos: 
a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
7. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Partindo da ideia de que a nossa Federação é composta por entes autônomos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), conforme o art. 18 da CF, é de rigor que a Constituição Federal estabeleça o âmbito de atuação de cada um, possibilitando a convivência harmônica entre eles e o justo exercício do poder. 
Desse modo, com regras previamente estabelecidas, usurpações de competências podem ser sanadas a partir da evidência de sua inconstitucionalidade, ou seja, quando presente a contradição com o estabelecido na Constituição.
Dica: 
Não há hierarquia entre os entes federativos! A União, por exemplo, caso atue em tema reservado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, incorrerá em afronta à Constituição, devendo cessar a indevida intromissão.
Entenda que Estados, Distrito Federal e Municípios possuem as suas particularidades, dificuldades e facilidades. Assim, é preciso que se atribua a cada ente autonomia e capacidade para eles resolverem os problemas que lhes são próprios, respeitando, pois, peculiaridades locais.
Dica:
Um dos princípios que norteia o estudo do tema em análise é o princípio da Predominância dos Interesses. Assim, caberiam à União os assuntos de interesse geral/nacional, que exigiriam tratamento uniforme em todo país (p. ex., emissão de moeda); aos Estados, os temas de interesse regional (p. ex., instituir regiões metropolitanas); e aos Municípios, as matérias de interesse local (p. ex., organizar e prestar o transporte coletivo).
Compreendido isso, podemos trazer algumas classificações importantes.
 
Primeiro, a classificação das competências quanto ao objeto (competências materiais e legislativas):
a) Competências materiais: são aquelas relativas ao exercício e à implementação de políticas públicas ou de atividades administrativas. Exemplo: art. 23, VII, da CF: “23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (…) VII – preservar as florestas, a fauna e a flora”.
 
b) Competências legislativas: são aquelas relativas às atividades normativas. Exemplo: art. 22, I, da CF: “22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”.
 
Dica:
O Prof. Juraci Mourão Lopes Filho (Competências federativas na Constituição e nos precedentes do STF. 2ª ed. rev. ampl. e autal. – Salvador: Editora JusPodivm, 2019, p. 116) nos ensina que os entes que possuem determinada competência material possuem também a competência legislativa correlata ou correspondente. Isso fica claro ao se correlacionar o art. 21 da CF, que cuida da competência material da União, com o art. 22, também da CF, que traz a competência legislativa da União. Essa correspondência é decorrência da Teoria dos Poderes Implícitos, ou seja, “ao ser prescrito pela Constituição um fim, tem-se, implicitamente, conferidos ao mesmo ente federado os meios necessários para sua consecução” (LOPES FILHO, Juraci Mourão. 2019, p. 24).
Em seguida, a classificação quanto ao modo de exercer (competência exclusiva, privativa, concorrente, comum, residual e suplementar):
 
a) Competência exclusiva: quando atribuída apenas a determinado ente e sem a possibilidade de delegação (p. ex., as competências materiais da União do art. 21 da CF. Imagine se fosse possível delegar a função de “declarar guerra e celebrar a paz”).
 
b) Competência privativa: quando atribuída apenas a determinado ente, mas cabe delegação (p. ex., competências legislativas da União do art. 22 da CF).
 
Dica: 
O parágrafo único do art. 22 da CF permite expressamente que a União autorize os Estados a legislar sobre questões específicas atribuídas privativamente ao ente central.
Alguns cuidados que você deve ter: 
I) essa autorização deve ser feita por meio de lei complementar (quórum de aprovação maior: maioria absoluta – art. 69 da CF); 
II) não se pode delegar a totalidade da matéria (p. ex., não se pode autorizar os Estados a legislar sobre “direito do trabalho”), mas apenas tópicos específicos (p. ex. piso salarial de acordo com as peculiaridades regionais); 
III) quando se fala em Estados, inclui-se o Distrito Federal também; 
IV) tendo em vista a irrenunciabilidade de competência constitucional, a União não perde a capacidade de legislar sobre o tema delegado; 
V) não cabe a delegação a Municípios.
Detalhe: a Constituição Federal traz algumas competências denominadas privativas, mas que, na verdade, não são passíveis de delegação (como as competências da Câmara dos Deputados – art. 51 – e do Senado Federal – art. 52).
c) Competência concorrente: quando atribuída a mais de um ente e com predeterminação sobre a esfera de atuação de cada um.
Dica: o art. 24 da CF traz hipóteses de competências concorrentes. Veja algumas orientações:
I) cabe à União, relativamente aos tópicos de competência concorrente, legislar apenas sobre normas gerais;
II) sem contrariar as regras gerais, cabe aos Estados e ao DF preencher as lacunas para atender peculiaridades regionais;
III) ausente lei federal sobre as normas gerais, os Estados e o DF podem legislar plenamente sobre o assunto (perceba que a omissão federal, no que se refere às competências privativas, não autoriza os Estados e o DF a suprirem a falta de regulamentação);
IV) surgindo lei federal geral, suspende-se a norma estadual apenas no que for contrário (repare que não há revogação, porquanto o ente federativo que produziu as normas não é o mesmo – União versus Estados/DF –, o que evidencia a ausência de hierarquia

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