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Princípios do processo penal

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PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO 
PROCESSO PENAL (INÍCIO)
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL 
(INÍCIO)
1 – Considerações Iniciais
Os princípios para Messa (2017, p. 121) são “os alicerces de uma ciência,
funcionando como diretriz, linhas mestras ou grandes nortes do sistema
jurídico, auxiliando na compreensão e na orientação das regras”. Para
Nucci (2008, p. 80), o princípio é, portanto, “um postulado que se irradia
por todo o sistema de normas”.
Insta esclarecer que o regime jurídico processual penal é formado por
normas jurídicas de direito público, gênero do qual princípios e regras são
espécies, os quais, por sua vez, não se confundem:
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
ITENS PRINCÍPIOS REGRAS
Colidência e solução Colisão. A solução é a ponderação
de valores.
Conflito. A solução é o critério
hierárquico, cronológico ou especial.
Objeto Multiplicação de situações. Caso concreto.
Grau de abstração e determinação Elevado grau de abstração. São
vagos e indeterminados.
Reduzido grau de abstração. São
específicas.
Natureza e Característica Fundamento das regras e exigências
de justiça.
Têm aplicação direta no caso
concreto e possuem como conteúdo
uma conduta ou uma estrutura.
Convivência Coexistência: permitem ponderar os
bens e valores – mandados de
otimização.
Umas excluem as outras; exigem o
tudo ou o nada – mandados de
determinação
Concretização Possuem vários graus de
concretização.
São cumpridas ou não.
Conteúdo Questões de valor e validade. Somente validade.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
NORMAS-PRINCÍPIOS E NORMAS-REGRAS
Norma: gênero. Para Humberto Ávila (2012) é o produto da
interpretação. Não é texto de lei. É o que se extrai do dispositivo legal.
Sistema jurídico equilibrado se dá com a conjugação das normas princípios
e das normas regras.
Normas-princípios: características: 1) genéricas. 2) abstratas. 3) podem ser
implícitas. 4) estabelecem programas. 5) são combináveis pelo princípio
da proporcionalidade em caso de colisão. 6) as normas princípios uma vez
sendo aplicadas de forma discricionária gera insegurança jurídica.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
Normas-regras:
Características:
1) Específicas (regulamentam uma situação específica).
2) Impõem, proíbem ou permitem algo.
3) Cuidam de uma situação específica. O legislador
previamente imagina uma situação e o intérprete vai
utilizar a regra para regular um caso específico.
4) São escritas (porque a regra adotava no brasil é o civil
law- o direito positivado). Não serão implícitas. Advém de
um texto normativo.
5) Na colisão de normas regras não existe ponderação e
nem proporcionalidade. Depende do caso e dos tipos de
lei.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DIMENSÕES DOS PRINCÍPIOS
OBJETIVA = o princípio funciona como um vetor legislativo e
como um vetor interpretativo. É a dimensão a estabelecer
limitações. Como vetor legislativo, o princípio indica para o
legislador elaborar a norma regra em consonância com a
norma princípio. Dessa forma, tem uma importante função
orientadora. Como vetor interpretativo, deve o intérprete
interpretar a regra com base nas normas-princípios.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DIMENSÕES DOS PRINCÍPIOS
SUBJETIVA = a norma princípio estabelece uma posição
jurídica de vantagem em favor daquele para qual ela é
dirigida. Esse é o aspecto subjetivo. É direcionado ao sujeito
de direitos, portanto, não guarda relação com orientações
para o legislador e nem para o intérprete. É uniforme na
doutrina que diante da dimensão subjetiva dos princípios,
pode-se falar na existência de uma função normativa dos
princípios jurídicos.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
CARACTERÍSTICAS DOS PRINCÍPIOS
o Complementariedade: os princípios devem ser interpretados de forma 
conjunta;
o Poliformia: os princípios são mutáveis para se adaptarem às novas 
realidades sociais;
o Vinculabilidade: os princípios vinculam o poder público e o particular;
o Normatividade jurídica: os princípios têm qualidade de norma jurídica;
o Transcendência: os princípios fixam diretrizes;
o Objetividade: os princípios não geram direitos subjetivos (apenas são 
direcionados, na sua versão subjetiva, aos sujeitos de direitos);
o Dimensão Axiológica: os princípios protegem um valor, têm conteúdo 
ético e expressam ideal de justiça;
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
CARACTERÍSTICAS DOS PRINCÍPIOS
o Primariedade jurídica: os princípios funcionam como ponto 
de partida para a elaboração das normas;
o Primariedade lógica: os princípios são ideias básicas da 
ordem jurídica;
o Caráter deontológico: os princípios estabelecem o que é 
devido (ético).
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS DO PROCESSO
PENAL:
1 - PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA OU DO ESTADO DE INOCÊNCIA
OU DA SITUAÇÃO JURÍDICA DA INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE –
ARTIGO 5º, LVII, CF.
Art 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;
Trânsito em julgado: esgotamento das vias recursais (não cabe mais recursos).
Consiste no direito de não ser declarado culpado, senão após o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória (ou, na visão do STF – HC
126.292 e ADC’S 43 e 44 e ARE 964.246 RG/SP -, após a prolação de
acórdão condenatório por Tribunal de 2ª Instância), ao término do devido
processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de
prova pertinentes para a sua defesa (ampla defesa) e para a destruição
da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório).
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1 - Princípio da Presunção da Inocência ou do Estado de Inocência ou
da Situação jurídica da inocência ou da não culpabilidade – artigo 5º,
LVII, CF.
Está previsto no artigo 5º, inciso LVII, CF e na CADH (Convenção
Americana dos Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica –
artigo 8º, §2º).
A CADH também assegura o direito ao duplo grau de jurisdição. A culpa
seria legalmente comprovada quando fosse exercitado o direito ao duplo
grau de jurisdição. Argumento também empregado pelo STF.
➢Se a condenação fosse confirmada na segunda estância, através do
exercício do duplo grau de jurisdição, o sujeito perderia a presunção de
inocência.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1.1– Dimensão de atuação do princípio da presunção de inocência
A doutrina costuma afirmar que o referido princípio atua em duas dimensões: dimensão
interna ao processo e dimensão externa ao processo (jornalismo).
A dimensão interna abarca: 1) Regra probatória (regras fundamentais) e 2) Regra de
tratamento.
O que esse princípio veda é considerar o sujeito CULPADO sem antes ter o trânsito em
julgado.
1 – REGRA PROBATÓRIA:
A – ÔNUS PROBATÓRIO = O ônus da prova, via de regra, cabe à acusação (MP). Tendo em
vista que o réu, o indiciado, o suspeito, o investigado é presumidamente inocente, este estado
de inocência será alterado no caso em que o titular da ação penal consegue provar o
contrário. Importante exceção ao ônus ocorrerá nos casos em que o réu alegar excludente de
ilicitude ou de culpabilidade, pois a ele caberá a incumbência de demonstrar o ocorrido.
Ademais, não se pode olvidar que a defesa também possuirá o ônus de provar as causas de
extinção da punibilidade previstas no artigo 107 do CP ou a presença de circunstâncias que
mitiguem a pena a ser imposta pelo Estado-Juiz.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
2 – REGRA DE TRATAMENTO: esse princípio não impede que o magistrado decrete uma
prisão preventiva ou temporária ou medidas cautelares diversas da prisão.
Excepcionalidade das prisões cautelares: Por ser presumidamente inocente, o indivíduo só
deve ser levado ao cárcere se existirem motivos cautelares para tanto, os quais deverão ser
apontados pelo magistrado ao decretar a medida extrema de restrição à liberdade que é a
prisão. Por exemplo, ao decretar uma prisão preventiva o juiz deverá verificar se os
requisitos para a decretação da mesma estão preenchidos,pois não estando presentes a
regra a ser aplicada é aquela em que o indivíduo responde o processo em liberdade. A
prisão deve ser vista como uma medida extrema. Outrossim, deve ficar claro que o postulado
aqui examinado não impede a decretação da prisão cautelar.
TODA MEDIDA CAUTELAR OU MEDIDA CONSTRITIVA DE DIREITOS INDIVIDUAIS SÓ PODEM
SER DECRETADAS DE MODO EXCEPCIONAL.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1.1– Dimensão de atuação do princípio da presunção de
inocência
DIMENSÃO EXTERNA = Para Renato Brasileiro (2020, p. 49) “o princípio da presunção de
inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade demandam uma
proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando como
limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio
processo judicial”
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1.2 – Limite temporal do Princípio da Presunção de Inocência
No HC 84.078 – 05.02.2009 – O STF, por 7 votos a 4, entendeu que a execução
provisória da pena somente com o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, vedando a execução provisória da pena. Neste caso, a presunção
de inocência vai até o trânsito em julgado, sendo possível apenas a prisão
cautelar.
Entretanto, em 17/02/2016 por meio do HC 126.292, o Plenário do STF, em
decisão histórica e pelo placar de 7 votos a 4, entendeu que a possibilidade de
início da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença em
segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. Isso
porque a manutenção da sentença condenatória pela segunda instância encerra a
análise de fatos e provas que assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o
início da execução da pena, até mesmo porque os REs ao STF e ao STJ comportam
exclusivamente discussão acerca de matéria de direito.
A CF não dá margem, segundo Brasileiro (2020) a essa interpretação. Nesse
histórico julgado, o STF defendia a desnecessidade do trânsito em julgado para o
início da execução provisória da pena.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1.2 – Limite temporal do Princípio da Presunção de Inocência
Ao analisar o julgamento do HC 126.292 Renato Brasileiro (2020, p. 51) afirma
que “o Plenário do STF concluiu que seria possível a execução provisória de
acórdão penal condenatório proferido por Tribunal de segunda instância quando
ali esgotada a jurisdição, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário
(...). Cuida-se, na verdade, de verdadeira execução provisória da pena”.
Principais argumentos utilizados pelo STF no HC 126.292: 1) O trânsito em julgado
da sentença penal condenatória como limite temporal do princípio da presunção
de inocência estava dando margem às manobras procrastinatórias por parte da
defesa do réu dando ensejo em algumas situações à prescrição. 2) Os recursos
extraordinários (a exemplo do RE e do REsp) não examinam fatos, matérias
probatórias, logo não há motivos para se aguardar o julgamento do mesmo para
o início imediato do cumprimento da pena. 3) em nenhum país do mundo, depois
de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma pena ou de uma
condenação fica suspensa, aguardando referendo da Corte Suprema.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1.2 – Limite temporal do Princípio da Presunção de Inocência
NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO – julgamento das Ações Diretas de
Constitucionalidade 43/DF, 44/DF e 54 tendo como relator o Ministro
Marco Aurélio julgadas em 07 de novembro de 2019
A CF exige o trânsito em julgado para o início da execução penal e
enquanto estiver pendente qualquer tipo de recurso, não é possível o início
do cumprimento da pena. Entende-se por trânsito em julgado o
esgotamento de todas as vias recursais.
Mesmo que a condenação tenha sido confirmada em segunda instância,
mas se houver um Recurso Extraordinário perante o STF questionando o
acórdão condenatório tal fato por si só impedirá a formação da coisa
julgada. Então, nesta situação também ocorre o impedimento para o início
do cumprimento da pena. Mas, nada impede que seja determinada a
prisão preventiva, o que não pode ocorrer é a execução provisória de
uma pena sem o trânsito em julgado da condenação.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
1.2 – Limite temporal do Princípio da Presunção de Inocência
NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO – A prisão penal decorrente da
sentença penal condenatória só pode ser objeto de execução quando aquela
transitar em julgado. Renato Brasileiro (2020, p. 53) defende que “há, portanto,
um requisito de natureza objetiva para o início do cumprimento da reprimenda
penal, qual seja, a formação da coisa julgada, que é obstada pela interposição
de todo e qualquer recurso, seja ele ordinário ou extraordinário, seja ele dotado
de efeito suspensivo ou não”.
Para Renato Brasileiro (2020, p. 55) defende de forma bem clara e elucidativa
que: “a solução para o caos do sistema punitivo brasileiro deve passar por uma
mudança constitucional ou legislativa – e não jurisprudencial, como feita pelo STF -,
para que seja antecipado o momento do trânsito em julgado de acórdãos
condenatórios proferidos pelos Tribunais de 2ª instância (...)”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
2 - PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL OU DA
PARIDADE DAS ARMAS – PAR CONDITIO – ARTIGO 5º,
CAPUT, CF.
Para Américo Bedê Júnior e Gustavo Senna (2009, p. 279): “Pelo princípio da igualdade –
paridade das armas -, no processo penal se pode entender que as partes devem ser
tratadas de forma isonômica, devendo ser assegurada igual oportunidade para elas. Logo,
para a acusação e a defesa devem ser asseguradas os mesmos direitos, possibilitando-lhes
idênticas possibilidades de alegação, de prova e de impugnação, enfim, em condições de
igualdade processual”.
Esse princípio é requisito indispensável para a efetivação do sistema acusatório. Ademais,
pode ser apontada como consequência direta deste princípio o fato de que, no processo
penal, o réu não pode se defender sozinho (a não ser que ele próprio seja advogado),
conforme o que preconiza o artigo 263 do CPP, in verbis: “se o acusado não o tiver, ser-lhe-
á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo o tempo, nomear outro
de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação”.
Por fim, este princípio sofre mitigação pelo princípio do favor rei, segundo o qual o
interesse do acusado possui certa prevalência sobre a pretensão punitiva do Estado,
conforme será visto em outra oportunidade.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
3 – PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA 
Art. 5º, LV da CF- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes;
Assegura-se a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.
É um desdobramento do princípio do devido processo leal.
Subdivide-se em: 3.1) Defesa Técnica; e, 3.2) Autodefesa.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
3.1 – Defesa Técnica
Exercida por um profissional da advocacia regularmente inscrito na OAB. Tem 
que estar registrado.
Não se pode cogitar de um processo penal sem defesa técnica. Súmula 523 
do STF = “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas 
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
Observações:
1 - O caráter irrenunciável da defesa técnica: o réu não pode dispor da 
defesa técnica. A presença do defensor é obrigatória, mesmo contra a 
vontade do réu.
Súmula 709 do STF : “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação
nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado
para constituir outro”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
3.1 – Defesa Técnica
Observações:
2 – Direito de escolha do defensor pelo próprio acusado
A escolha de defensor, de fato, é um direito inafastável do réu.
3 - (Im) possibilidade de o acusado exercer a sua própria defesa técnica
É possível desdeque o acusado seja profissional da advocacia. Não sendo
recomendável para que a atuação seja mais neutra.
DEFESA TÉCNICA = ATIVIDADE ESPECÍFICA PARA O ADVOGADO.
4 - Patrocínio da defesa técnica de dois ou mais acusados pelo mesmo defensor.
Pode, desde que não haja divergências nas defesas, ou seja, nas teses defensivas.
Colidência de defesas = cabe ao Juiz intervir e ao MP verificar essa situação.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
3.2 - AUTODEFESA (MATERIAL OU GENÉRICA)
Exercida pelo próprio acusado e se este for advogado poderá exercer tanto a
defesa técnica como a autodefesa. O acusado pode optar pelo seu não exercício.
Direito universal para todo o tipo de réu – preso ou solto.
Desdobra-se em:
a) no direito de audiência: direito que o acusado tem de ser ouvido pelo juiz. Ao
exercitá-lo, poderá convencer o magistrado acerca da sua inocência. Ex:
interrogatório. HC 94.016/SP – 26/09/2009 – STF.
b) no direito de presença: consiste no direito que o acusado possui de
acompanhar os atos da instrução probatória.
c) capacidade postulatória: consiste no direito de praticar certos atos processuais.
Exemplos: impetrar habeas corpus, provocar incidente na execução penal e interpor
recurso. (As razões recursais que são feitas pela defesa técnica)
Inclui-se também na autodefesa, o direito ao silêncio que o acusado possui.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
3.2 – Autodefesa
(Des) necessidade de deslocamento de acusado preso para oitiva de
testemunhas perante o juízo deprecado
A inobservância desse direito é causa de nulidade relativa.
Para os Tribunais: 1) tem que ser alegada na audiência.
2) tem que demonstrar o prejuízo para a defesa.
“(...) A alegação de necessidade da presença do réu em audiências
deprecadas (por carta precatória), estando ele preso, configura
nulidade relativa, devendo-se, comprovar a oportuna requisição e
também a presença de efetivo prejuízo à defesa”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
- Ampla Defesa no Processo Administrativo Disciplinar
Pela Súmula 343 do STJ = há necessidade de advogado.
STF = entende que não há necessidade de advogado no processo administrativo
disciplinar.
Súmula Vinculante nº 05 – “A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
Esse preceito não é aplicável à execução penal. Só valendo para o procedimento
administrativo disciplinar.
Súmula nº 533 do STJ que possui o seguinte teor: “Para o reconhecimento da
prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado” (10/06/2015).
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
CONSEQUÊNCIAS DIRETAS DO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA NO PROCESSO PENAL
1 – Apenas o réu tem direito à revisão criminal (não se pode desconstituir
a coisa julgada em uma sentença penal absolutória para beneficiar a
sociedade).
2 – O juiz deve sempre fiscalizar a eficiência da defesa do réu = “Por
conta desse dever, o juiz poderá declarar o réu indefeso, fazendo-o
constituir outro defensor ou, se o acusado assim não proceder, nomear-lhe-
á um defensor dativo” (ALVES, 2017, p. 42). Mais uma vez repete-se o
teor da Súmula nº 523 do STF, dada a sua importância = “ No processo
penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência
só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
4 - – PRINCÍPIO DA PLENITUDE DA DEFESA 
Art 5º, XXXVIII da CF- é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
Consequências diretas deste princípio:
A atenção do juiz com a efetividade da defesa do réu é ainda maior:
prova disso é que, se o juiz declarar o réu indefeso, nomeará ou permitirá
a constituição de novo defensor, podendo dissolver o Conselho de
Sentença e remarcar a sessão de julgamento (Art. 497, inciso V, do CPP).
Torna-se possível a defesa apresentar nova tese na tréplica.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
5 - PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA DO INTERESSE DO RÉU OU FAVOR
REI, FAVOR LIBERTATIS, IN DUBIO PRO REO, FAVOR INOCENTE – ARTIGO
5º, LVII, CF.
Consequências desse princípio:
A dúvida favorece o réu.
Existem recursos exclusivos da defesa, como é o caso dos embargos
infringentes e de nulidade.
Somente a defesa poderá ingressar em juízo com a revisão criminal, não
sendo possível tal ação em favor da sociedade.
Havendo dúvida na interpretação de um determinado artigo de lei
processual penal, deve-se privilegiar a interpretação que beneficie a
situação do réu.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
6 - PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO OU DA BILATERALIDADE DA
AUDIÊNCIA – ARTIGO 5º, INCISO LV, CF.
Artigo 5º, inciso LV, “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes”. AMPLA DEFESA = só para o réu. CONTRADITÓRIO =
para ambas as partes.
6.1 – Conceito
Consiste na ciência bilateral dos atos ou termos do processo e a
possibilidade de contrariá-los. Eis o motivo pelo qual se vale a doutrina da
expressão “audiência bilateral”, consubstanciada pela expressão em latim
audiatur et altera pars (seja ouvida também a parte adversa). No
processo penal, só pode se falar e prova, se a mesma for produzida em
contraditório.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
6.2 – Elementos
Direito à informação: grande importância dos atos de comunicação. Deve
haver a informação dos atos processuais que serão ou que já foram
praticados.
Direito à participação: é a reação (a contraprova).
O contraditório seria, assim, a necessária informação às partes e a
possível reação a ato desfavoráveis.
Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia,
não a suprindo a nomeação de defensor dativo”.
Nesse caso houve o oferecimento da denuncia, o juiz a rejeitou e o MP ofereceu
um recurso contra esse ato do juiz, mas o réu não fui intimado para contrariar o
recurso. A ausência dessa intimação (para que o réu apresente contrarrazões)
gera nulidade do julgamento desse recurso.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
6.3 – Contraditório Efetivo e Equilibrado
Alteração Subjetiva = O juiz deve zelar pelo respeito à
igualdade/paridade das armas. Se o magistrado verificar que a defesa
do acusado é ausente, encontrando-se este desprovido de defesa, deverá
intimá-lo para constituir um outro defensor e se intimado ficar inerte,
nomeará um defensor dativo para fazer sua defesa. Dessa forma, deve
ser exigido pelo magistrado o devido cumprimento ao princípio do
contraditório pelas partes.
Alteração objetiva = o contraditório hoje deixa de ser trabalhado
apenas com a ideia de reação, devendo essa ser efetiva. Por essa razão
é que o artigo 261 do CPP diz que ninguém será processado sem
defensor, mesmo que o acusado não queira se defender, a defesa será
apresentada.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
6.4 – Contraditório para a prova/Contraditório real e Contraditório sobre
a prova/Contraditório postergado ou diferido.
Contraditório para a prova: é o contraditório observado por ocasião da
produção da prova, funcionando como regra. Exemplo: prova testemunhal
(coletado pelas duas partes do processo).
Contraditório sobre a prova ou postergado ou diferido = a prova é feita
de forma sigilosa. No caso da interceptação telefônica em curso, quando
a mesma for concluída, a mídia e o relatório serão anexados aos autos,
eventual laudo de degravação será juntado e é neste momento que
poderá ser exercitado o contraditório. Ex: busca e apreensão domiciliar
A defesa não será intimada antes de colher a prova, pois esta pode
interferir na efetividade.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO 
PROCESSO PENAL ( II)
PRINCÍPIOS INFORMATIVOSDO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.1 – Da previsão
Artigo 5º, incisos XXXVII e LIII, CF, que assim estabelecem:
“XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção.
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.2 – Considerações Iniciais
No âmbito do processo penal, o julgador ao atuar em determinado feito deve ser aquele
previamente escolhido por lei ou pela Constituição. Dessa forma, veda-se o Tribunal ou
Juízo de Exceção, que seria criado ou escolhido após a ocorrência de um crime ou para o
julgamento de determinado caso concreto ou de uma determinada pessoa.
O princípio do juiz natural consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer
antecipadamente a autoridade jurisdicional que irá processar e julgá-lo caso venha a praticar
um fato delitivo (LIMA, 2020).
Aury Lopes Jr (2020) afirma com seus ensinamentos que a garantia do juiz natural é
portadora de um tríplice significado: “a) somente os órgãos instituídos pela Constituição
podem exercer jurisdição; b) ninguém poderá ser processado e julgado por órgão instituído
após o fato; e, c) há uma ordem taxativa de competência entre os juízes pré-constituídos,
excluindo-se qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja”
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.3 – Conclusões acerca do princípio do Juiz Natural
A) o princípio do juiz natural pressupõe a existência de um órgão julgador técnico e isento
(imparcial), com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização
judiciaria de modo a impedir que ocorra julgamento arbitrário ou de exceção;
B) A finalidade precípua do princípio em tela é garantir a imparcialidade do magistrado que
irá julgar o fato delitivo. Insta mencionar também que o aludido princípio não impede a
criação de Varas Novas e a consequente remessa dos autos a este novo juízo, pois, nessa
hipótese, a medida é válida para toda a coletividade, não atingindo um réu específico; e,
C) as justiças especiais não são Tribunais de Exceção, pois a competência das mesmas já se
encontra limitada pela CF e antes mesmo da prática do ato delituoso, com isso, não viola o
princípio do juiz natural. Como também a competência por prerrogativa de função é
delimitada pela norma constitucional e por tal razão não viola o princípio em comento.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.4 – Questões Pontuais:
1 - Criação ex post factum, fora das estruturas do Poder Judiciário, como poderes
específicos para julgar um caso já ocorrido.
Atribuição de sua competência com base em fatores específicos e, normalmente,
segundo critérios discriminatórios (raça, religião, ideologia, etc). Duração limitada no
tempo. Procedimento célere e, normalmente, não sujeita a recurso. Escolha dos integrantes
sem observância dos critérios gerais para a investidura dos magistrados e sem assegurar-lhes
a necessária independência. Também é Tribunal de Exceção aquele criado ad personam, isto
é, com vistas ao julgamento específico de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas,
mesmo que para fatos futuros. (Vedados)
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.4 – Questões Pontuais
2 – Regras de Proteção que derivam do princípio do Juiz Natural
- A – Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição;
- B – Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato (juiz de exceção); e,
-C – Entre os juízos pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que
exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja. A
distribuição da competência tem que adotar critérios objetivos.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.4 – Questões Pontuais
3 – Lei modificadora da competência e sua possível aplicação imediata
aos processos em andamento
Lei que altera regras de competência tem aplicação imediata alcançando,
salvo se não tiver sentença de mérito, os processos em curso na primeira instância.
Pois, não incidirá, segundo os Tribunais Superiores nos processos em andamento
na segunda instância. Observar o HC 76.510/SP = STF = 2ª Turma.
Ex: Criação de uma vara especializada em tribunal do júri.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
7 – DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
7.4 – Questões Pontuais
4 – Convocação de juízes de primeiro grau para substituir desembargadores
Previsão Legal: artigo 118 da LOMAN – LC 35/79 e artigo 4º da lei 9.788/99.
Critério para a convocação dos juízes = decisão da maioria absoluta dos
desembargadores dos Tribunais.
Sobre essa questão, assim se posicionou o STJ: “(...) não ofende o princípio do juiz
natural a convocação de juízes de primeiro grau para, nos casos de afastamento eventual do
desembargador titular, compor o órgão julgador do respectivo Tribunal, desde que
observadas as diretrizes legais federais ou estaduais, conforme o caso. Precedentes do STF e
do STJ.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
A garantia da jurisdicionalidade deve ser encarada como um mecanismo que visa
orientar a inserção do juiz no marco institucional da independência, pressuposto
da imparcialidade, o qual deverá nortear sua relação com as partes processuais e
com o próprio processo (LOPES JR, 2020). Dessa forma, tem-se que o acesso à
função jurisdicional do Estado é de suma importância para garantir a efetividade
dos direitos fundamentais.
No processo penal têm-se a analise dos Direitos Fundamentais (como direito à liberdade, a
inviolabilidade domiciliar) que poderão ser quebrados em uma investigação policial.
Cabe ao Poder Judiciário “a proteção dos direitos fundamentais de todos e de cada
um, ainda que para isso tenha que adotar uma posição contrária à opinião da
maioria” (LOPES JR, 2020). É crível que neste contexto o magistrado possui a
nobre função de proteger o indivíduo e reparar injustiças cometidas e absolver o
acusado quando não existirem no processo provas plenas e legais de sua culpa.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
Defende-se que cabe ao magistrado buscar a máxima eficácia da norma para a
parte mais débil da relação processual. Neste ínterim, observa-se que no momento
da prática delituosa a vítima é a parte débil, portanto, recebe por parte do Estado a
tutela penal. Já no processo penal instaurado, percebe-se que o mais débil passa a
ser o réu, pois frente ao poder acusatório estatal acaba sofrendo com “a violência
institucionalizada do processo e, posteriormente da pena” imposta (LOPES JR,
2020).
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
Este importantíssimo princípio está consagrado expressamente no artigo 8º, 1, do
Pacto de São José da Costa Rica, válido no Brasil como norma supralegal (abaixo
da CF e acima da legislação ordinária) após o julgamento pelo STF do RE
466.343/SP e do HC 87.585/TO – Informativo nº 531.
No âmbito interno vislumbra-se que o mesmo está implícito no texto
constitucional, decorrendo do princípio constitucional expresso do juiz natural,
com a finalidade de complementá-lo, afinal de contas o magistrado pode até estar
investido na jurisdição, mas mesmo assim não ser imparcial na sua atuação,
motivo pelo qual o Código de Processo Penal prevê hipóteses de impedimento
(arts. 252 e 253) e suspeição (artigo254) do julgador.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
A doutrina pátria e estrangeira defendem que a imparcialidade do órgão julgador é
o postulado mais importante do processo penal, visto que é por meio dela que se
garante a observância aos demais princípios como o contraditório, a paridade das
armas, o devido processo legal, dentre outros. Deve ser garantido ao réu que ele
será julgado por um órgão jurisdicional cuja competência já se encontra
previamente delimitada pela norma constitucional (juiz natural) e que haverá
tratamento isonômico entre as partes (paridade das armas). Pela imparcialidade
tem-se que o magistrado irá julgar o processo como um terceiro imparcial, não
devendo tomar partido por qualquer uma das partes. É a garantia suprema do
processo penal e que deve ser efetivada no curso do processo.
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
Pela imparcialidade, o magistrado deve ficar equidistante das partes processuais,
não pode fazer as vezes de parte, não pode coletar, buscar provas como parte
fosse. Muito grave e danosa para a função jurisdicional a atuação de um
magistrado que desce da sua posição e começa a ir atrás da prova seja para
condenar ou absolver o réu, porque tal prática faz com que não tenhamos um
processo justo. Isso deve ser vedado em todo o processo penal. Diante disso, deve
ser vedado ao juiz a iniciativa probatória, bem como ser atribuído ao mesmo
poderes instrutórios ou investigatórios. A iniciativa ou gestão das provas nas mãos
do magistrado, faz com que se tenha a instauração da figura juiz-ator, juiz-parte (e
não mero expectador), núcleo essencial do sistema inquisitivo (LOPES JR, 2020).
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
Dessa forma, para que um juiz efetivamente atue no processo penal, além de estar
investido na função jurisdicional do Estado, não deve ter “vínculos subjetivos com
o processo de molde a lhe tirar a neutralidade necessária para conduzi-lo com
isenção” (TÁVORA; ALENCAR, 2019). No entanto, ressalte-se que a atuação
neutra de um juiz não passa de um mito, pois ele, durante o julgamento, sempre é
influenciado por seus valores pessoais. É por isso que a doutrina prefere utilizar a
expressão “juiz imparcial”, no sentido de exigência de um dever de honestidade do
magistrado, que deverá sempre cumprir “a Constituição, de maneira honesta,
prolatando decisões suficientemente motivadas” (TÁVORA; ALENCAR, 2019).
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
Constata-se que a imparcialidade pela sistemática do CPP vigente sempre se viu
ameaçada vez que o sistema pátrio ainda tem vários aspectos inquisitivos, os quais
somente caíram por terra apenas no final de 2019 com a entrada em vigor da lei
13.964/19 (Pacote Anticrime), que ao inserir o artigo 3º A consagrou
expressamente a adoção do sistema acusatório e, dessa forma, o legislador afastou
por completo a atuação de ofício do juiz para a produção probatória, para a
decretação da prisão preventiva, etc. Assim estabelece o mencionado dispositivo
legal: “o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz
na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação”.
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
Aury Lopes Jr (2020) leciona que: “A imparcialidade é garantida pelo
modelo acusatório e sacrificada no sistema inquisitório, de modo que somente
haverá condições de possibilidade da imparcialidade quando existir, além da
separação inicial das funções de acusar e julgar, um afastamento do juiz da
atividade investigatória/instrutória. É isso que precisa ser compreendido por
aqueles que pensam ser suficiente a separação entre acusação-julgador para
constituição do sistema acusatório no modelo constitucional contemporâneo. É um
erro separar em conceito estanques a imensa complexidade do processo penal,
fechando os olhos para o fato de que a posição do juiz define o nível de eficácia do
contraditório e, principalmente, da imparcialidade”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
O sistema acusatório exige que o juiz não seja ativo na produção probatória,
vez que as provas deverão ser produzidas apenas pelas partes. Tem-se que quando
o juiz vai atrás da prova, a sua imparcialidade já foi violada e isso irá gerar sérios
danos ao processo, uma vez que teremos uma outra parte no processo. O juiz
como foi visto anteriormente não é parte e deverá se manter equidistante das
partes, bem como não tem competência para produzir provas. Caso a parte
acusatória não comprove que o réu praticou o ilícito penal não resta outro caminho
ao magistrado senão absolvê-lo da imputação que lhe fora feita.
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.1 – Garantia da Imparcialidade do órgão julgador OU do
juiz
Por fim, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos consagrou o entendimento de
que o juiz com poderes instrutórios é incompatível com a função de julgador. Ou
seja, se o magistrado exerceu uma função de investigação na fase pré-processual,
não poderá, na fase processual julgar e sentenciar o caso (LOPES JR, 2020), sob
pena de assim o fizer violar o princípio da imparcialidade, garantia essa que deve
ser observada e que está atrelada ao sistema acusatório instituído pela CF/88.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
Ao se analisar a imparcialidade do órgão julgador, mormente quando este tem
acesso aos autos do inquérito policial ou quando vai receber a denúncia ou queixa-
crime, e, posteriormente irá decidir o caso, torna-se necessário analisar a teoria da
dissonância cognitiva. A mencionada teoria pertencente à área de Psicologia Social
tornou-se conhecida no ano de 1957, por intermédio da obra “A theory of
cognitive dissonance” de autoria de Leon Festinger e se trata, essencialmente de
um estudo acerca da cognição e do comportamento humano (LOPES JR e
RITTER, 2016).
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
Verifica-se que a teoria em comento tem por objetivo analisar as reações que um
indivíduo pode desenvolver frente as suas ideias, crenças ou opiniões antagônicas,
incompatíveis, geradoras de uma situação desconfortável, bem como a forma de
inserção de elementos de “consonância” (mudar uma das crenças ou as duas para
torná-las compatíveis, desenvolver novas crenças ou pensamentos etc), os quais
possam reduzir a dissonância e, por conseguinte, a ansiedade e o estresse gerado.
Dessa forma, constata-se que o indivíduo busca – como mecanismo de defender o
seu próprio ego – buscar um equilíbrio em seu sistema cognitivo, reduzindo o
nível de contradição entre o seu conhecimento e a sua opinião (LOPES JR, 2020).
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8 – DO PRINCÍPIODA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
a essência dessa teoria pode ser sintetizada em duas hipóteses, quais sejam: a –
existindo a dissonância cognitiva surgirá no interior do sujeito uma pressão
involuntária e automática para reduzi-la e, b – diante da dissonância além de se
buscar a sua redução, haverá também um processo de se evitar qualquer contato
com situações que possam aumentá-la. Com isso, o indivíduo tenta estabelecer
uma harmonia interna entre suas opiniões, ações, crenças e etc, e, havendo
dissonância entre essas cognições, dois efeitos surgirão dessa situação quase que
imediatamente conforme elucidam LOPES JR e RITTER (2016): uma pressão
para a redução/eliminação dessa “incoerência” entre os “conhecimentos” ou “entre
a ação empreendida e a razão”; e, um afastamento ativo de possíveis novas fontes
de aumento dessa incongruência; ambos responsáveis pelo desencadeamento, no
indivíduo, de comportamentos involuntários direcionados na recuperação desse
“status” de congruência plena que tanto é favorável.
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
Em suma, a teoria da dissonância cognitiva tenta eliminar as contradições
cognitivas conforme elucida SCHÜNEMANN (apud LOPES JR, 2020). O
mencionado autor trabalha com a aplicabilidade dessa teoria no âmbito do
processo penal, mormente de forma direta sobre a atuação do magistrado, na
medida em que este se depara com duas situações totalmente antagônicas (teses de
acusação e defesa).
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8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
Consoante os estudos de SCHÜNEMANN (apud LOPES JR, 2020) tem-se que os
juízes que tomam conhecimento dos autos da investigação não fixaram
corretamente o conteúdo defensivo presente na instrução processual, porque eles
“só apreendiam e armazenaram as informações incriminadoras” que confirmavam
o que estava tanto na investigação como na acusação. Com isso, defende o
mencionado autor que o juiz tem uma tendência de apego à imagem dos fatos que
lhe foram transmitidos pelos autos da investigação, e neste ínterim informações
dissonantes dessa imagem inicial tende a serem “não apenas menosprezadas, como
diria a teoria da dissonância, mas frequentemente sequer percebidas”.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
Para garantir a imparcialidade do órgão julgador torna-se imprescindível a
implantação do juiz das garantias com a separação entre o juiz que atua na fase
processual e aquele que vai julgar. Com isso, torna-se necessária a exclusão física
dos autos do inquérito conforme previsto no artigo 3º - C, § 3º do CPP, in verbis:
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
“Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da
defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviado ao juiz da instrução
e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis (prova
pericial etc), medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que
deverão ser remetidos para apensamento em apartado”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
8 – DO PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
8.2 – Análise da Teoria da Dissonância Cognitiva e os seus reflexos na
questão da imparcialidade do órgão julgador
Tal dispositivo encontra-se suspenso pela liminar concedida pelo Ministro Fux.
Além da exclusão dos autos do inquérito do processo, tem que ser efetivada a
vedação dos poderes instrutórios do juiz, etc, sendo necessária a implementação de
diversas medidas que buscam dar eficácia ao devido processo legal, pois só assim
estar-se-ia diante de um juiz imparcial. Conclui essa parte com a transcrição das
falas de LOPES JR e RITTER (2016) “não dá mais para fechar os olhos para essa
realidade, exceto se for uma cegueira convenientemente inquisitória e justiceira”.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, caput, CPP
ARTIGO 5º , INCISO XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
INCISO LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
ARTIGO 93, IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Público serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
ARTIGO 792 do CPP – As audiências, sessões e os atos processuais serão, em
regra, públicos (...). § 1º Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato
processual, puder resultar em escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma poderá, de ofício ou
a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja
realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar
presentes.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
O princípio da publicidade visa ampla divulgação dos atos no processo
penal, permitindo sua transparência e controle social. Cabe ressaltar que o
princípio da publicidade não é absoluto.
Em regra, os atos processuais, audiências e sessões são públicos, de forma
que qualquer pessoa do povo pode consultar os autos, e as salas onde são
realizadas as audiências e as sessões ficam de portas abertas.
Entretanto, quando houver escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz pode, de ofício ou a requerimento da parte ou MP,
determinar o segredo de justiça, de forma que a consulta ficará restrita às partes e
seus procuradores, e as salas onde são realizadas as audiências e sessões ficam de
portas fechadas, com número limitado de pessoas.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
A Constituição Federal, no artigo 5º, LX, permite a publicidade dos atos
processuais para defesa da intimidade (quando não prejudicar o interesse público à
informação) ou o interesse social. Dessa forma, a lei poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem.
No entanto, jamais o ato processual será praticado sem a presença do Ministério
Público, assistentede acusação, se houver, e do defensor (embora seja possível
excluir a pessoa do réu, como na hipótese prevista no artigo 217 do CPP, em que o
juiz poderá até determinar a retirada do réu da sala de audiência se perceber que a
sua presença causa humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou
ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento).
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
a doutrina defende a existência da publicidade geral (destinada ao público em
geral – é aquele que não comporta exceções, podendo o auto processual e os autos
do feito acessíveis a todos) e da publicidade específica (aquela que incidindo as
exceções constitucionais alhures mencionadas, só permite o acesso ao ato
processual e aos autos do feito por parte do MP, assistente de acusação, se houver,
e defensor).
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
ALGUMAS OBSERVAÇÕES QUANTO À SALA SECRETA DO JÚRI
O procedimento do júri é divido em duas fases: 1) judicium accusationis –
sumário da culpa; 2) judicium causae – julgamento em plenário. Essa forma
escalonada não foi alterada pela lei 11.689/2008. Conforme se depreende da
redação do artigo 484 do CPP – depois de lidos e explicados os quesitos, o juiz
presidente indagará das partes a respeito de eventual requerimento ou reclamação
a fazer, sendo que, em caso de inexistência de dúvida a ser esclarecida, o juiz
presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor
do acusado, o escrivão e o oficial de justiça se dirigirão para a sala especial, a fim
de ser procedida a votação.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
ALGUMAS OBSERVAÇÕES QUANTO À SALA SECRETA DO JÚRI
Na ausência de sala especial – também denominada de “sala secreta” -, de acordo
com a redação do §1º do artigo 485 do CPP, “o juiz presidente determinará que o
público se retire, permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput deste
artigo”. Portanto, é fácil concluir que por ocasião da votação dos quesitos vigora
ainda a publicidade restrita, vez que não é permitida a presença do público
externo, vedando-se, inclusive, a presença do próprio acusado, que é representado
no ato por seu advogado.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
ALGUMAS OBSERVAÇÕES QUANTO À SALA SECRETA DO JÚRI
Neste ponto, cabe destacar que, logo depois do advento da Constituição Federal,
parte da doutrina (René Ariel Dotti) passou a entender que a denominada sala
secreta não mais poderia existir, estando assim revogados os dispositivos do CPP
que cuidam da sala secreta (anteriores artigos 480 e 481), pois não teriam sido
recepcionados pela Carta Magna, mormente pelos artigos 5º, LX, e 93, IX, que
consagram o princípio da publicidade.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
ALGUMAS OBSERVAÇÕES QUANTO À SALA SECRETA DO JÚRI
Não obstante, sempre predominou na doutrina e na jurisprudência o entendimento
de que a sala secreta (especialmente diante da nova redação do artigo 485 do CPP)
não foi abolida pela Constituição Federal de 1988, posto que “ a própria natureza
do júri impõe proteção aos jurados e tal proteção se materializa por meio do sigilo
indispensável em suas votações e pela tranquilidade do julgador popular, que seria
afetada ao proceder à votação sob as vistas do público. Aliás, o artigo 93, IX, não
pode se referir ao julgamento do júri, mesmo porque neste as decisões não podem
ser fundamentadas” (MIRABETE, 2004, p. 608).
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
9 – DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE – artigos 5º, incisos LX
e XXXIII, e 93, inciso IX, da CF e artigo 792, CPP
ALGUMAS OBSERVAÇÕES QUANTO À SALA SECRETA DO JÚRI
Por fim, a publicidade nas votações por meio da sala secreta é essencialmente uma
garantia para o próprio acusado, bem como para a coletividade, que espera e
confia que o julgamento seja imparcial, não havendo falar, assim, em ofensa ao
princípio da publicidade, pois aqui claramente se percebe a presença de um
interesse social a justificar sua restrição. Ademais, no caso das votações pelos
jurados, feita na mencionada sala, há mais publicidade do que nos casos em que a
sentença é monocrática, pois, como se percebe, naquela, a contrário do que ocorre
nesta, acompanhando a decisão estão presentes na sala, além das outras pessoas
mencionadas, as duas partes do processo – o MP e o defensor do acusado (SILVA
Jr., 2008).
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
10 – DO PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS
ILÍCITAS OU DA VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS
Artigo 5º, inciso LVI, da CF – “são inadmissíveis, no
processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
A priori, antes de tratar da temática propriamente dita, devemos tecer breves
comentários acerca do direito constitucional que possui as partes para produzir
provas, o qual encontra-se limitado pela Carta Magna. O direito à produção de
provas decorre implicitamente das garantias constitucionais do devido processo
legal, da ação, da ampla defesa e do contraditório ou ser explicitamente
reconhecido a partir da regra do artigo 5º, §2º, CF, que incorpora, no ordenamento
jurídico brasileiro, o artigo 8.2 da Convenção Americana dos Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica), bem como o artigo 14.1 do Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
10 – DO PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS ILÍCITAS OU
DA VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS
Tais garantias asseguram meios e resultados, porque têm a dúplice função de
proporcionar instrumentos processuais adequados a solução dos conflitos de
interesses e viabilizar resultados úteis e eficazes àqueles que recorrem ao
Judiciário na esperança de verem seus problemas resolvidos da maneira mais justa
possível.
Ora, se existe esse direito constitucional à produção de prova, nada mais
natural que a regra seja a licitude da prova, somente podendo se falar em prova
ilícita por exceção (no caso, só se for favorável ao RÉU. Preponderância com o
princípio da liberdade)
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
11 – DO PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO
PROCESSO
Artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF/88.
Segundo o texto constitucional, em seu artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF/88 tem-
se que: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Tal
dispositivo foi acrescentado por meio da Reforma do Poder Judiciário (EC 45/04)
e verifica-se que não foi nenhuma inovação, vez que essa garantia está prevista
nos artigos 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 10/12/1948,
6.1 da Convenção Europeia para Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades
Fundamentais (CEDH), 7.5 e 8.1 da Convenção Americana dos Direitos Humanos
(Pacto São José da Costa Rica).
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS
11 – DO PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO
PROCESSO
Artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF/88.
Todos esses artigos foram recepcionados pelo artigo 5º, §2º, da Constituição.
Então, essa inserção em 2004, não foi nenhuma novidade implementada pelo
constituintereformador, pois essa questão da duração razoável do processo,
mormente do processo penal, já era discutida por muitos estudiosos da matéria e
tal garantia já tinha sido elevada a direito humano pela previsão expressa da
mesma nos tratados mencionados anteriormente.
A grande problemática que se vislumbra com a previsão de tal garantia no
texto constitucional e na Convenção Americana de Direitos Humanos é a não
fixação de prazos para a duração dos processos, bem como não houve delegação
de tal questão para a legislação ordinária. Tem-se com isso que o sistema pátrio
adotou a doutrina ultrapassada do “não prazo”.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PENAL
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS NO
PROCESSO PENAL
1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO
AUTO-INCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
O referido postulado veda a autoincriminação, partindo da premissa básica
de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Para a
doutrina pátria, trata-se de um princípio constitucional implícito que
decorre dos seguintes princípios constitucionais expressos: presunção de
inocência (artigo 5º, LVII, CF); ampla defesa (artigo 5º, LV, CF); direito
ao silêncio (artigo 5º, LXIII, CF). Encontra-se previsto expressamente no
artigo 8º, 2, alínea g da CADH (Pacto de São José da Costa Rica.
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DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS NO PROCESSO PENAL
1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO AUTO-
INCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A
PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
Artigo 8º, 2, alínea g da CADH (Pacto de São José da Costa Rica), que
assim prevê:
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua
inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes
garantias mínimas:
(...)
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a
confessar-se culpada. (grifo da autora)
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU
DA NÃO AUTO-INCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE
NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA
SI MESMO
O princípio do Nemo Tenetur se Detegere proíbe que o suspeito, indiciado,
acusado ou réu no âmbito do processo penal seja compelido a produzir provas que
possa lhe comprometer. Extrai desse postulado que o acusado ou aprisionado não
está obrigado a produzir ou a contribuir para a obtenção da prova que seja
totalmente contrária ao interesse da sua defesa.
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO
AUTO-INCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
Neste contexto, proíbe-se a realização das provas
denominadas invasivas, ou seja, o réu ou o suspeito não pode
ser obrigado, por exemplo, a fornecer sangue para a obtenção
de provas pelo Estado. Agora se o material já estiver
descartado do corpo humano, o mesmo poderá ser utilizado
pela perícia para a obtenção de provas, o que não pode é o réu
ser obrigado a fornecer ou permitir que este material seja
retirado de modo coativo do seu corpo, pois tal conduta
violaria o princípio em comento.
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO
AUTO-INCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
Ademais, alguns lembretes devem ser fixados pelo leitor: 1)
O direito ao silêncio é apenas um dos desdobramentos do
Nemo Tenetur se Detegere; e, 2) Não é apenas o preso que é
titular do direito de não se autoincriminar, mas sim todos
aqueles a quem se imputa um ilícito, isto porque o status
prisional do indivíduo não é um critério razoável para se
estabelecer uma discriminação voltada a limitar este rol
(LIMA, 2020).
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO
AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.1 – Titular do Direito a Não autoincriminação
São titulares do direito a não autoincriminação o suspeito, o investigado, o
indiciado e o acusado, vez que tal garantia alcança a todos (LIMA, 2020).
Daí surge um questionamento interessante, seria a testemunha titular deste
direito?
Tem-se que a testemunha seria a pessoa que tem, no processo penal, a
obrigação de dizer a verdade, portanto, o seu silêncio pode ser punido
como falso testemunho, conforme se extrai do artigo 342 do CP, in verbis:
“Fazer afirmação falsa, ou negar, ou calar a verdade como testemunha,
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena – reclusão,
de um a três anos, e multa”.
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AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.1 – Titular do Direito a Não autoincriminação
Dessa forma, a testemunha não é titular do princípio da não-
autoincrimação, salvo se das perguntas formuladas pelas
autoridades públicas resultar na autoincriminação da mesma,
caso em que ela estará protegida pelo nemo tenetur se
detegere. Ou seja, seria o caso em que a testemunha passa a
possuir uma condição de ré ou suspeita.
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1.1 – Titular do Direito a Não autoincriminação
Sobre esse assunto assim se posicionou o STF: (...) Paciente que,
embora rotulado de testemunha, em verdade encontrava-se na condição de
investigado. Direito constitucional ao silêncio. Atipicidade da conduta.
Ordem concedida para trancar a ação penal ante patente falta de justa
causa para o prosseguimento. (STF, 2ª Turma, HC 106.876/RN, Rel. Min.
Gilmar Mendes, j. 14/06/2011, DJe 125 30/06/2011). No mesmo sentido:
STF, Pleno HC 73.035/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 13/11/1996, DJ
19/12/96; STF, 2ª Turma, RHC 122.279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.
12/08/2014, DJe 213 29/10/2014.
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1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se produzir prova
contra si mesmo
Tem-se que a consequência lógica da aplicação do direito ao silêncio é a
exigência que se impõe às autoridades, policiais e judiciais, da advertência
ao réu de seu direito de permanecer calado (artigo 186, caput, CPP) ou de
não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo, sob pena de nulidade.
Não fosse assim, na prática, o princípio jamais seria observado, como não
o foi no caso que foi levado a Suprema Corte dos Estados Unidos da
América, caso Miranda vs. Arizona, no ano de 1966 onde se anulou uma
confissão que foi prestada pelo réu, por este não ter sido advertido acerca
dos seus direitos constitucionais, entre os quais o de permanecer calado.
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PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se
produzir prova contra si mesmo
Neste emblemático julgamento, o órgão supremo da Justiça Norte-Americana por cinco votos contra quatro, firmou o entendimento de que
nenhuma validade pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à
polícia, a não ser que antes ela tenha sido claramente informada de: 1 –
que tem o direito de não responder; 2 – que tudo o que disser pode vir a
ser utilizado contra ele; 3 – que tem o direito à assistência de defensor
escolhido ou nomeado. Tem-se aqui o que a doutrina denomina de Aviso
de Miranda, que é nada menos que o dever que as autoridades públicas –
policiais ou judiciais- possuem em alertar o suspeito, indiciado ou réu do
direito que este possui ao silêncio, e, que não sofrerá nenhum tipo de
represálias por exercer tal prerrogativa (grifos da autora).
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1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se produzir prova
contra si mesmo
Insta trazer à baila o entendimento de Eugênio Pacelli de
Oliveira (2015, p. 388) ao defender que: “Mais que uma
exigência ética de observância do Direito, a informação da
existência do direito ao silêncio presta-se também a evitar a
prática de métodos extorsivos da confissão, que vem a ser a
ratio essendi da norma”.
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1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se produzir prova
contra si mesmo
Ao tratar sobre este assunto, Eugênio Pacelli de Oliveira
(2015, p. 388) fala acerca de um interessante debate que
surgiu na Alemanha após decisão prolatada pelo 4º Senado do
Bundesgerichtshof (BGHSt, 53, p. 112 e ss), onde concluiu
que o interrogatório do acusado prestado em juízo não
poderia ser valorado, não pela ausência da informação de que
o depoimento prestado anteriormente em sede policial, sem
que prestasse igual informação (do direito ao silêncio), não
poderia ser considerado para fins de prova.
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1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se produzir prova
contra si mesmo
Sobre essa decisão da Justiça Alemã, Claus Roxin (2000,
apud Eugênio Pacelli de Oliveira, 2015) designou o dever de
informação qualificada o dever do juízo de informar ao
interrogando que o depoimento em sede policial, prestado
sem a observância do direito ao silêncio, não pode acarretar
qualquer consequência desfavorável na hipótese de exercício,
agora em sede de procedimento judicial, do seu direito ao
silêncio. A omissão do dever de informação qualificada
implica na impossibilidade de valoração da prova.
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1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se produzir prova
contra si mesmo
Na Alemanha e nos Estados Unidos (e, neste país desde o
caso Miranda X Arizona de 1966), contrariamente do que
ocorre no Brasil, o depoimento prestado na fase da
investigação pode ser valorado, desde que observado o dever
de informação acerca do direito ao silêncio. No contexto
jurídico nacional, ainda que tal direito seja efetivamente
esclarecido no inquérito policial, o depoimento não terá
validade se não confirmado em juízo. Essa seria a regra geral
(OLIVEIRA, 2015).
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PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.2 – Dever de advertência quanto ao direito de não se produzir prova contra si
mesmo
Ademais, o STF ao tratar desta matéria assim se pronunciou:
(...) Gravação clandestina de “conversa informal” do indiciado com policiais.
Ilicitude decorrente – quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião,
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação
ambiental – de constituir, dita “conversa informal”, modalidade de
“interrogatório” sub-reptício, o qual – além de realizar-se sem as formalidades
legais do interrogatório no inquérito policial (CPP, art. 6º, V) -, se faz sem que o
indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio. O privilégio contra a auto-
incriminação – nemo tenetur se detegere -, erigido em garantia fundamental pela
Constituição – além da inconstitucionalidade superveniente da parte final do art.
186 do CPP – importou compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de
advertir o interrogado do seu direito ao silêncio: a falta de advertência – e da sua
documentação formal – faz ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o
indiciado ou acusado no interrogatório formal e, com mais razão, em “conversa
informal” gravada, clandestinamente ou não. (...) (STF, 1ª Turma, HC 80.949/RJ,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14/12/2001).
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU
DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE
NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA
SI MESMO
Obrigatoriedade de advertência quanto ao direito ao silêncio por parte
da imprensa
Já foi visto que as autoridades públicas possuem o dever de advertir o réu, o
suspeito e o indiciado de que este possui o direito ao silêncio e de não ser obrigado
a produzir prova contra si mesmo. Com isso, surgiu uma dúvida interessante - A
imprensa é obrigada a advertir? Para responder tal questionamento, vislumbra-se a
existência de duas correntes doutrinárias. A primeira defendida por Ana Lúcia
Menezes Vieira entende que a imprensa possui tal obrigatoriedade, tendo em vista
que os direitos e garantias fundamentais gozam de eficácia horizontal. Essa
corrente é minoritária. Já a segunda corrente entende que o dever de advertência
compete única e exclusivamente ao Poder Público.
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO
AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.3 – Desdobramentos
a) Direito ao silêncio ou o de permanecer calado = O silêncio do réu não
pode ser interpretado em desfavor do acusado, pois isso implicaria a
própria negação do nemo tenetur.
Artigo 198 do CPP: “O silêncio do acusado não importará confissão, mas
poderá constituir elemento para a formação do convencimento do
juiz” (parte não recepcionada pela CF).
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DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE
NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA
SI MESMO
1.3 – Desdobramentos
a) Direito ao silêncio ou o de permanecer calado
ATENÇÃO: O CPP precisa ser examinado à luz da CF, portanto, a parte
final do dispositivo transcrito anteriormente não foi recepcionada pela atual norma
constitucional.
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PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.3 – Desdobramentos
b) Direito ao silêncio no Tribunal do Júri e sua utilização como argumento de
autoridade = No Tribunal do Júri, o réu também tem esse direito, o qual pode ser
utilizadoem quaisquer órgãos do Poder Judiciário. A lei 11.689/2008 passou a
prever expressamente que o silêncio do acusado não pode ser utilizado como
argumento de autoridade sob pena de nulidade do julgamento conforme
determinação do artigo 478, II, CPP. Sendo essa causa nulidade absoluta do
Júri.Antes da mencionada lei, se o crime fosse inafiançável, a presença do acusado
era obrigatória na sessão do JÚRI. Depois, a presença do acusado não é mais
obrigatória, independentemente da natureza do delito.
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AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A
PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO
1.3 – Desdobramentos
b) Direito ao silêncio no Tribunal do Júri e sua utilização como argumento de
autoridade = No Tribunal do Júri, o réu também tem esse direito, o qual pode ser
utilizado em quaisquer órgãos do Poder Judiciário. A lei 11.689/2008 passou a
prever expressamente que o silêncio do acusado não pode ser utilizado como
argumento de autoridade sob pena de nulidade do julgamento conforme
determinação do artigo 478, II, CPP. Sendo essa causa nulidade absoluta do
Júri.Antes da mencionada lei, se o crime fosse inafiançável, a presença do acusado
era obrigatória na sessão do JÚRI. Depois, a presença do acusado não é mais
obrigatória, independentemente da natureza do delito.
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO 
PROCESSO PENAL ( III)
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1 – DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE OU
DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE
NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA
SI MESMO
1.3 – Desdobramentos
c) Direito à mentira ou inexigibilidade de dizer a verdade
Acerca dessa matéria, verifica-se a existência de duas correntes doutrinárias. A
primeira defendida por Luiz Flávio Gomes (apud Lima, 2020) entende que o
indivíduo (suspeito ou réu) tem direito à mentira, sendo este um dos
desdobramentos do princípio do nemo tenetur se detegere. A segunda corrente
doutrinária apontada por Lima (2020) entende que a mentira é um comportamento
imoral e anti-ético, o qual não pode ser incentivado pelo Direito, mesmo o delito de
perjúrio (quando o indiciado/réu mente) não sendo punido pelo Brasil, o réu não
possui o direito à mentira.
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DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DE QUE
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SI MESMO
1.3 – Desdobramentos
c) Direito à mentira ou inexigibilidade de dizer a verdade
Como não existe o crime de perjúrio no Brasil, o indivíduo/sujeito ativo do delito
não será punido por ter mentido, então sobre essa ótica pode-se afirmar que por
conta do princípio da não auto-incriminação existiria por parte do acusado a
inexigibilidade de dizer a verdade, e, que em muitas situações essa seria uma forma
encontrada pelo indivíduo para se defender, ou seja, para exercer a sua autodefesa.
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1.3 – Desdobramentos
d) Nemo tenetur se detegere e a prática de novos delitos
Nenhum direito poderá ser utilizado como escudo protetor para atividades
ilícitas (MORAES, 2012). Essa premissa leva-nos a defender que o
princípio em tela não poderá ser utilizado como forma do acusado praticar
novos delitos no intuito de se defender encobrindo práticas delitivas
anteriores, como é o caso da fraude processual (artigo 347, CP) onde o
sujeito visa alterar o cenário do crime no intuito de dificultar o trabalho da
perícia oficial. Isso ficou bem latente no caso do Casal Nardoni onde este
adulterou o local do cometimento do delito como forma de induzir os
peritos a erro.
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1.3 – Desdobramentos
d) Nemo tenetur se detegere e a prática de novos delitos
A defesa do casal alegou que os réus não poderiam ser processados
ou condenados pela fraude processual, pois ninguém é obrigado a produzir
prova contra si mesmo. Essa situação não faz nenhum sentido, e, assim
julgou a 5ª Turma do STJ: “(...) o direito à não auto-incriminação não
abrange a possibilidade de os acusados alterarem a cena do crime,
inovando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, para, criando
artificiosamente outra realidade, levar peritos ou o próprio juiz a erro de
avaliação relevante (...) (STJ, 5ª Turma, HC 137.206/SP, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 01/12/2009, DJe 01/02/2010).
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1.3 – Desdobramentos
d) Nemo tenetur se detegere e a prática de novos delitos
Além da fraude processual, tem-se também a conduta da falsa
identidade prevista no artigo 307 do Código Penal, conduta
extremamente comum. Na parte do interrogatório do acusado
será visto que o mesmo é composto de duas partes, a primeira
acerca sobre a qualificação do réu, e, nesta parte todas as
perguntas deverão ser respondidas obrigatoriamente pelo
indivíduo, onde este não poderá exercitar o seu direito ao
silêncio. E, na segunda parte de tal ato serão feitas perguntas
acerca do fato delitivo, onde aqui o réu poderá se manter
calado exercitando o seu direito ao silêncio.
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1.3 – Desdobramentos
d) Nemo tenetur se detegere e a prática de novos delitos
Pois bem. Na primeira parte do seu interrogatório e para evitar que seja
reconhecido por conta de outros processos, o interrogado fornece uma
outra qualificação para dificultar a atividade dos órgãos estatais
encarregados da persecutio criminis. NESTE CASO, O RÉU
RESPONDERÁ PELA CONDUTA PREVISTA NO ARTIGO 307 DO
CÓDIGO PENAL. Com isso, o réu não tem o direito de falsear a sua
identidade. Não pode mentir na sua qualificação sendo esta uma
orientação dos Tribunais Superiores. A Súmula 522 do STJ assim prevê:
“A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é
típica, ainda que em situação de alegada autodefesa” (Terceira Seção,
aprovada em 25/03/2015, DJe 06/04/2015).
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1.3 – Desdobramentos
e) Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-
lo
Por força do direito de não produzir prova contra si mesmo, doutrina e
jurisprudência têm adotado o entendimento de que não se pode exigir um
comportamento ativo do acusado, caso dessa conduta puder resultar a não
auto-incriminação.
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1.3 – Desdobramentos
f) Direito de não produzir nenhuma prova invasiva
É aquela que retira vestígios do corpo humano. No processo penal,
firmada a relevância do princípio da presunção de inocência,

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