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07 Dimencionamento

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Dimensionamento
APRESENTAÇÃO
A ação de projetar é norteada por um conjunto de medidas e proporções que visam a permitir 
que a vida humana aconteça de acordo com parâmetros definidos de eficiência e conforto. 
Vários estudos foram feitos ao longo das últimas décadas com o objetivo de tornar esses limites 
sempre mais definidos, orientando arquitetos e criando um conjunto de legislações que garantam 
às pessoas um espaço de vida saudável e funcional. A definição destes limites métricos do 
projeto é chamada de dimensionamento.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o dimensionamento dos espaços em termos 
de conceitos e aplicações. Você verá que o espaço ou o objeto projetado tem a finalidade de 
abrigar a vida humana e permitir que pessoas se movam. Assim, você vai compreender que o 
espaço arquitetônico se relaciona com dimensões e os movimentos definidos do corpo humano.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir dimensionamento nos projetos de arquitetura.•
Reconhecer a importância do planejamento de dimensionamento.•
Avaliar a necessidade do dimensionamento nos projetos.•
DESAFIO
Imagine que você vai fazer um projeto de reforma de uma cozinha. É um cliente novo e você 
não tem muitas informações sobre o trabalho. Para conhecer o seu cliente foi marcada uma 
visita dentro de dois dias. Quem é esse cliente? Quais os seus costumes? Do que ele gosta? 
Prepare-se para esta entrevista, pois você deve apurar todos os dados importantes para realizar o 
projeto desta cozinha.
O desafio aqui é fazer uma lista bem completa de todos os elementos que poderão auxiliá-lo na 
compreensão do partido do seu projeto. Pense em tudo o que pode ajudar você a ter segurança 
de entregar um bom trabalho e satisfazer as necessidades do cliente, ao mesmo tempo 
obedecendo às normas legais.
Uma dica: Vá até a cozinha da sua casa e se inspire.
INFOGRÁFICO
Explorar alguns aspectos práticos da atuação do arquiteto, desde o primeiro contato com o 
cliente e o conhecimento detalhado do programa de necessidades, chegando até o estágio da 
construção e acabamentos, é uma tarefa muito útil para sua vida profissional.
Acompanhe alguns destes aspectos no Infográfico a seguir. Não deixe de atentar para a 
sequência das ações apresentadas e observe o nível de preparação e estudo que um bom projeto 
requer.
CONTEÚDO DO LIVRO
O conhecimento das primeiras etapas de planejamento de um projeto de arquitetura é muito 
importante, pois é a base para todo o desenvolvimento futuro.
No capítulo Dimensionamento, da obra Introdução ao projeto arquitetônico, base teórica desta 
Unidade de Aprendizagem, você conhecerá estas etapas com foco especial nos estágios de 
levantamento e dimensionamento. Além disso, verá, também, sua importância; a relação entre as 
medidas do corpo e o espaço projetado; as sensações e a percepção do espaço; acessibilidade e 
espaço mínimo. 
Boa leitura.
INTRODUÇÃO 
AO PROJETO 
ARQUITETÔNICO
Tiago Giora
 
Dimensionamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir dimensionamento nos projetos de arquitetura.
  Reconhecer a importância do planejamento de dimensionamento.
  Avaliar a necessidade do dimensionamento nos projetos.
Introdução
O dimensionamento dos espaços é o elemento que garante a conexão 
entre o ambiente construído e as atividades humanas que acontecem 
em seu interior. Todos os espaços têm a finalidade de abrigar a vida 
humana, de permitir que pessoas se movimentem e executem as ati-
vidades inerentes ao seu dia a dia. Assim, o espaço arquitetônico não 
deve ser compreendido como um elemento abstrato ou virtual, mas 
que se relaciona obrigatoriamente com as dimensões e os movimentos 
do corpo humano.
A ação de projetar é norteada por um conjunto de medidas e pro-
porções que visam permitir que a vida humana aconteça de acordo com 
parâmetros definidos de eficiência e conforto. Vários estudos foram feitos 
ao longo das últimas décadas com o objetivo de tornar esses limites mais 
definidos, orientando arquitetos e criando um conjunto de legislações 
que garantam às pessoas um espaço de vida saudável e funcional.
Neste capítulo, você vai estudar um dos elementos mais importantes 
em um projeto de arquitetura — o dimensionamento —, vai entender 
sua definição, reconhecer a importância de seu planejamento e avaliar 
sua necessidade em projetos arquitetônicos. 
Dimensionamento nos projetos de arquitetura
O trabalho de dimensionamento em um projeto arquitetônico deve preceder o 
estágio de criação. As dimensões do corpo humano, assim como o tamanho 
dos objetos, utensílios, mobiliário, espaços de permanência e espaços de 
passagem, devem ser conhecidas para que possam determinar o desenho fi nal 
das estruturas projetadas. A análise correta dessas medidas é o primeiro passo 
para garantir condições adequadas de conforto e funcionalidade do espaço 
arquitetônico. Confi ra um exemplo de dimensionamento de espaço interno 
na Figura 1.
O dimensionamento, ou pré-dimensionamento, configura-se como uma 
prática vinculada ao ato de projetar, não como uma área autônoma do conhe-
cimento. Esse caráter de preparação, de parte indissociável de um processo, 
é o que torna difícil sua conceituação específica, sem extrapolar para uma 
definição de projeto. Dimensionar o espaço é definir suas distâncias, suas 
medidas, resolver de que maneira ele abrigará fisicamente corpos e movimen-
tos, função a que o projeto se destina. A própria prática da arquitetura, muito 
mais ampla que a atividade de dimensionar, incorpora aspectos técnicos e 
humanos, obrigações legais e restrições orientadas pelo clima, pelo terreno ou 
pelo contexto exterior construído. No final do processo de projetar, e mesmo 
no final da ação de dimensionar, sempre resta ao arquiteto um momento de 
decisão mais livre, um momento no qual uma medida pode ser alterada ou 
deslocada em nome de uma solução formal desejada. Na declaração de Lúcio 
Costa, observamos essa mesma leitura, que insere os estágios mais técnicos 
do projeto no interior de um ato criativo. Ele afirma que a arquitetura pode 
ser definida como uma:
[...] construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plastica-
mente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado 
meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa (CANEZ; 
ALMEIDA, 2015, p. 66).
Dimensionar é um passo fundamental para essa organização do espaço de 
que nos fala o arquiteto. Um passo que, quando bem executado, garante que 
o corpo e a atenção perceptiva dos usuários possam vivenciar as formas da 
maneira para as quais elas foram projetadas.
Dimensionamento2
Figura 1. Exemplo de dimensionamento de espaço interno.
Fonte: Vlera/Shutterstock.com.
Espaços mínimos
A preocupação com a efi ciência dos espaços, o desejo de evitar espaços ociosos 
ou mal aproveitados e as implicações de custo e desconforto físico relacionadas 
a essas imperfeições levam arquitetos, engenheiros e designers a buscar no 
conceito de espaços mínimos uma garantia de bom aproveitamento espacial. 
Essa ideia tem raízes na teoria modernista desenvolvida a partir de 1910, que 
valorizava a função e a simplicidade como meios de transformar o mundo em 
um ambiente melhor adaptado às necessidades de uma sociedade industrial 
em crescimento.
Um espaço mínimo garante ao seu usuário o desenvolvimento de todas as 
atividades destinadas àquela estrutura, sem sobreposição de funções, permi-
tindo que o corpo se mova com conforto e agilidade. Nesse sentido, o dimen-
sionamento deve ser preciso e tentar prever detalhes da utilização do espaço, 
como número de usuários, posições e alturas dos equipamentos, relações de 
proximidade e pertinência entre as atividades, dimensões de alcance e passagem 
e medidas do corpo humano estatisticamente determinadas.
3Dimensionamento
Entretanto, deve ficar claro que um ambiente projetadode acordo com 
a óptica dos espaços mínimos pode apresentar dificuldades de uso depen-
dendo da vontade e dos hábitos do usuário. A alternativa de calcular áreas 
de uso buscando a eficiência e a economia dos movimentos mínimos reduz 
a versatilidade dos espaços, que devem ser sempre destinados à função para 
a qual foram projetados. Além disso, a vida que se configura nesses espaços 
será orientada pela funcionalidade, contrapondo-se a ideias como luxo ou 
amplidão, assim como o foco no prazer da experiência de fruição do espaço.
O estudo das medidas e dos movimentos do corpo humano é abordado nos campos 
da ergonomia e da antropometria que, por sua vez, estão intimamente relacionados 
com o dimensionamento dos espaços arquitetônicos. O corpo humano está no início e 
no final do projeto: ele é a unidade de partida do dimensionamento e o órgão sensível 
que percebe o espaço pronto, construído.
Importância do planejamento de 
dimensionamento 
Os projetos de arquitetura são destinados a produzir estruturas duráveis por 
meio de técnica construtiva especializada, envolvendo mão de obra e materiais 
que, na maioria das vezes, somam um considerável investimento monetário. 
Dessa forma, o nível de planejamento necessário deve ser alto o bastante para 
permitir que, após concluída a obra, o espaço criado seja utilizado com o 
menor número possível de alterações. Partindo dessa consideração, podemos 
concluir que o dimensionamento dos espaços deve também ser minuciosamente 
planejado.
Esse planejamento destina-se a satisfazer as necessidades do cliente, assim 
como exigências legais muito importantes como as leis acessibilidade universal 
e o código de proteção contra incêndios. Essas leis visam regulamentar a cons-
trução no sentido de salvaguardar a integridade física dos usuários, otimizar 
o trabalho realizado nos ambientes construídos e promover uma sensação 
de bem-estar que deve se estender desde a residência até a cidade, passando 
pelos locais de trabalho e lazer. As restrições legais norteiam o trabalho 
Dimensionamento4
do projetista e são condicionantes fundamentais nas definições de forma, 
volume e materialidade dos projetos. Falhas no planejamento das dimensões 
que pudessem descumprir determinações legais seriam empecilhos certos a 
aprovação de qualquer projeto.
Outro fator que exige alto nível de planejamento é a adaptação das di-
mensões do espaço, do mobiliário e dos objetos projetados aos hábitos e às 
medidas dos usuários. Essas determinações podem ser obtidas por meio de 
padrões estatísticos ou mesmo de um estudo específico acerca de um cliente 
privado. Problemas de dimensionamento que podem parecer pequenos, como 
diferenças na altura de tampos ou de assentos, podem acarretar problemas 
físicos causados pelo uso frequente. Dessa maneira, é seguro dizer que o 
dimensionamento do espaço arquitetônico parte sempre do dimensionamento 
do corpo humano, e um estudo acerca do público usuário deve preceder o 
desenho e a projetação do espaço.
Planejar as dimensões do projeto significa, muitas vezes, definir seu ca-
ráter. Vamos exemplificar essa questão com alguns aspectos de um projeto 
de arquitetura comercial. Começando pela fachada, podemos comparar as 
extensões lineares de vitrine e de acessos ao interior da loja. Uma longa ex-
tensão de vitrine e uma entrada comparativamente muito menor transmitem 
a sensação de que o acesso à loja é seletivo, o que pode significar produtos 
exclusivos, um ambiente mais refinado ou até mesmo preços mais altos. Por 
outro lado, uma loja com uma área de vitrines reduzida e um acesso mais 
amplo transmite a sensação de ser mais convidativa, permitindo a entrada de 
mais pessoas simultaneamente. Nesse cenário, a percepção instantânea é de 
que a loja é mais popular, e que nela encontraremos uma maior quantidade de 
produtos a preços menores. De modo semelhante, a largura dos corredores e 
a proporção de espaços livres para passagem em comparação com as áreas de 
exposição de mercadorias podem passar a impressão de agrupamento ou de 
isolamento, e afetar decisivamente o perfil de comprador do estabelecimento. 
Assim, podemos compreender que as dimensões determinadas em projeto 
definem aspectos qualitativos importantes do espaço construído. 
5Dimensionamento
Medidas padronizadas
Uma vez que percebemos o grande impacto que certas decisões de projeto – 
como a defi nição do dimensionamento – causam na utilização cotidiana do 
espaço, torna-se clara a necessidade de acordos e predefi nições que auxiliem 
os arquitetos na tarefa de adaptar as formas aos usos. Essas predefi nições são 
apresentadas na forma de legislação específi ca, como os Códigos de obras, 
mas também de tabelas, textos, além de uma vasta quantidade de material 
teórico compilado ao longo dos anos e constantemente adaptado para auxiliar 
os arquitetos no momento de projetar. 
O trabalho de planejar o dimensionamento de um espaço é uma atividade 
que se conecta ao momento da criação do projeto, e que depende fortemente 
das medições tomadas no local da obra e também de condicionantes especí-
ficas, como hábitos e medidas do usuário, dados que são apreendidos pelo 
arquiteto por meio de contato direto com o cliente. Além disso, há um grande 
número de decisões que são tomadas de forma mais indireta, por meio de 
consulta bibliográfica e da repetição de padrões de excelência já testados e 
normatizados. Dessa maneira, queremos enfatizar que o sucesso da ação de 
definir e projetar medidas depende não só da capacidade criativa do arquiteto, 
mas também de estudo e conhecimento de informações teóricas e padrões 
previamente definidos.
Algumas tipologias específicas, como hospitais, por exemplo, apresentam, 
pela própria natureza da atividade que ali se desenvolve, um nível de padroni-
zação de medidas muito mais alto do que outras, como hotéis ou residências. A 
arquitetura será mais funcional quando a vida que acontece dentro dela puder 
desenrolar-se de maneira mais fluida e objetiva. O espaço modifica a ação 
que nele acontece, definindo a velocidade dos movimentos e a sequência de 
caminhos tomados. A Figura 2 traz um exemplo de arquitetura hospitalar, em 
que a eficiência do uso, a velocidade dos movimentos e a clareza dos caminhos 
influenciarão diretamente a qualidade do tratamento recebido por um paciente. 
Dimensionamento6
Figura 2. Exemplo de arquitetura hospitalar.
Fonte: santypan/Shutterstock.com.
Assim, o conhecimento acumulado pela experiência e organizado em 
material de consulta resulta em fonte obrigatória de informação no momento 
de planejar o dimensionamento de um projeto. 
Quando falamos em dimensionamento do espaço arquitetônico, fica claro que a 
intenção é construir um espaço eficiente e confortável, onde as pessoas possam se 
deslocar e realizar as atividades que impulsionam suas vidas. Outro fato importante 
é que as pessoas não têm as mesmas medidas e capacidades de movimento. Então, 
para garantir que esse mundo que projetamos e construímos sirva adequadamente 
para todos, normas legais, como a NBR 9050, estabelecem parâmetros de projeto que 
assegurem a pessoas portadoras de deficiência ou com dificuldade de mobilidade o 
mesmo direito ao espaço. Confira a norma no link a seguir. 
https://goo.gl/g6YNe
7Dimensionamento
Necessidade do dimensionamento nos projetos
Nesse ponto, já deve estar claro que as medidas de um projeto são aspectos 
extremamente importantes, e que sua defi nição não é uma atividade livre e 
independente, estabelecida pelo arquiteto dentro de seu processo de criação, 
pelo contrário, determinações legais e padrões predeterminados devem ser 
seguidos. Contudo, objetivamente, podemos nos perguntar: por que é neces-
sário dimensionar um projeto? De que outras maneiras a escala de um projeto 
afeta seus usos? 
Inicialmente, devemos retornar ao ponto de partida de um projeto de arqui-
tetura, que se destina obrigatoriamente a ser construído, ou seja, é um desenho 
que se lança ao futuro, que deseja se tornar espaço. Umavez construído, esse 
espaço deve, também obrigatoriamente, abrigar o corpo humano. Assim, 
definimos com certeza que qualquer projeto já parte de um dimensionamento 
mínimo, o da dimensão do corpo humano. Essas afirmações, entretanto, 
podem dar a impressão de que o arquiteto considera o usuário do espaço (o 
cliente) como uma entidade física, com tamanho e movimentos bem definidos. 
Essa consideração seria um erro ou, pelo menos, falharia em entender que o 
homem e sua relação com o ambiente construído vai além da dimensão física 
de medidas e materiais.
O arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa faz uma análise da arquitetura 
pelos vieses do espaço sensorial, da materialidade e da memória afetiva dos 
lugares. Em Os olhos da pele, ele escreve: 
Toda a experiência relevante em arquitetura é multissensorial; qualidades do 
espaço, matéria e escala são medidas igualmente pelo olho, ouvido, nariz, pele, 
língua, esqueleto e músculos. A arquitetura reforça a experiência existencial, 
o sentido de estar no mundo [...] (PALLASMAA, 2011, p. 41).
O homem percebe o espaço com os sentidos do corpo. Visão, tato e olfato 
se somam na composição de uma sensação de presença física. Contudo, há 
características de lugares que impactam enormemente a percepção e que não 
podem ser apreendidas por nenhum dos sentidos do corpo. É uma dimensão 
psicológica que envolve elementos, como a memória de experiências vividas 
nesse lugar, e avalia constantemente o presente por meio dos filtros do passado, 
assim como a cultura e os hábitos de uma população, que influenciam muito a 
maneira como os indivíduos veem e se relacionam com o mundo ao seu redor.
Dimensionamento8
Dimensionar o espaço é uma atitude de projeto que almeja mais do que 
apenas permitir que corpos se desloquem por uma cidade e suas edificações. 
Definir larguras e distâncias de vias, por exemplo, é uma tarefa que não 
acaba em si, não fica fechada no espaço do projeto, mas se abre para a vida 
que acontecerá dentro e em torno desse espaço projetado. Um caminho de 
pedestres longo, estreito e reto determina que a percepção de quem anda por 
ali entenderá que o corpo deve se deslocar rapidamente, com o foco da visão 
direcionado para o final do trajeto. Esse caminho não comporta duas pessoas 
andando lado a lado, é uma conexão rápida entre os pontos a e b. Por outro 
lado, se esse mesmo caminho for dimensionado com uma medida mais larga, e 
seu traçado for mais sinuoso e entremeado com vegetação e mobiliário, então 
o corpo do mesmo passante entenderá, sem a necessidade de explicação, que 
deve se deslocar com mais calma pelas curvas, observando os outros passantes 
e a vista que se oferece à visão. 
Assim, o aluno deve entender que o dimensionamento, como etapa inicial 
de projeto, deve ser feito com muito rigor, tentando prever o resultado final 
implantado em um contexto maior, pois, além de aplicar coerentemente as 
leis e normas técnicas, ele irá, desde esse ponto inicial, afetar a maneira como 
as pessoas se comportam. Ele deve entender que, ao dimensionar um projeto 
arquitetônico, ele acaba dimensionando também as ações que acontecerão nele. 
Dessa maneira, podemos listar alguns dos aspectos que são determinados ou 
afetados pelo dimensionamento do espaço:
  sensações de amplitude (vazio) ou aconchego (cheio); 
  liberdade de movimentos; 
  orientação de movimentos; 
  visão focada (objetiva); 
  visão contemplativa (prazer e beleza).
Contudo, se um bom planejamento e dimensionamento do espaço pode, 
de modo tão potente, contribuir não apenas com a fisicalidade dos ambientes, 
mas também com o comportamento de seus usuários, o que pode acontecer 
quando esse dimensionamento não é bem executado? Vamos exemplificar com 
uma situação frequente em grandes centros urbanos no mundo inteiro: o baixo 
nível de coordenação entre as dimensões de largura das ruas para o trânsito 
de veículos e das calçadas para pedestres. Uma larga faixa de rodagem, com 
quatro pistas para carros, deveria ser ladeada por calçadas também largas, 
9Dimensionamento
preferivelmente com uma separação visual entre os lugares do pedestre e do 
automóvel. Muitas vezes, devido a obras de alargamento de vias, essa cor-
respondência se quebra, e o resultado são calçadas inóspitas, que transmitem 
uma sensação de insegurança aos pedestres, confrontados pela proximidade 
de uma grande avenida com tráfego pesado e veloz. Nesse caso, a falha, ou a 
impossibilidade de redimensionar as calçadas, acarretou uma modificação no 
uso desse espaço, excluindo-se a possibilidade de ocupação da calçada como 
espaço de estar (mesas de bares, grupos parados conversando ou olhando 
vitrines) (BUXTON, 2017).
Esse exemplo ilustra a necessidade de dimensionar os espaços e de con-
siderar elementos espaciais como peças de um contexto amplo em que cada 
alteração pontual afeta o entorno e impacta de forma global as atividades 
humanas. Assim, atestamos não apenas a necessidade de dimensionar o espaço, 
mas de fazê-lo de forma integrada, levando em consideração as tradições 
da cultura local e as experiências de vida desencadeadas pela configuração 
espacial de um lugar.
Quando falamos das sensações desencadeadas pelo espaço e dos exemplos da 
influência que o espaço pode ter no comportamento humano, várias possibilidades 
vêm à tona. Talvez, uma das mais interessantes seja a clássica dualidade entre os 
conceitos de jardim francês e jardim inglês. No primeiro, um desenho rigidamente 
geométrico, com eixos de deslocamento, simetria bilateral e fortes marcações de 
hierarquia, leva o visitante a caminhar em linha reta, com um ponto focal orientando 
seu trajeto – reto, rápido e avante. No segundo, linhas orgânicas, vegetação crescendo 
naturalmente e caminhos mais curvos – o visitante percebe um convite ao caminhar 
espontâneo, mais lento e sem direção definida.
Dimensionar passagens e ambientes de estar, juntamente com o desenho de projeto 
que segue esse dimensionamento, é uma atividade que, em maior ou menor grau, tem 
o poder de definir o comportamento, com variantes semelhantes às que diferenciam 
os jardins de Versailles e o Hyde Park, por exemplo (Figuras 3 e 4).
Dimensionamento10
Figura 3. Jardins do Palácio de Versailles.
Fonte: PhotoFires/Shutterstock.com.
Figura 4. Hyde Park, Londres.
Fonte: Kit Leong/Shutterstock.com.
11Dimensionamento
Assista a essa animação e reflita sobre o dimensionamento 
e os usos do espaço público nas grandes cidades. Como 
é possível que o trabalho do arquiteto crie um impacto 
positivo nesse contexto tantas vezes caótico? 
https://youtu.be/M1YMLKP1Lis
Orientações para um bom dimensionamento 
A seguir, confi ra a listagem de algumas características importantes para um 
bom dimensionamento do espaço:
  atender às normas de ergonomia;
  ter sensibilidade para entender como o espaço é utilizado e como ele 
pode ser melhorado;
  fazer um levantamento detalhado de dados com o cliente;
  elaborar um bom programa de necessidades.
Ao estudar as possibilidades de layout para um dormitório de casal, o arquiteto é 
confrontado por um problema de posicionamento da cama (um móvel muito grande 
que precisa ser acessado pelas duas laterais). Nesse embate, é fundamental preservar 
os espaços de passagem ao redor da cama, além de coordenar a altura do móvel 
com outras peças justapostas. Além disso, a cama não pode atrapalhar a abertura de 
portas de armários ou do banheiro (no caso de uma suíte). Finalmente, a posição da 
cama em relação à janela do quarto deve levar em consideração a necessidade de 
iluminação indireta (evitando ofuscamento), de privacidade em relação às vistas da 
rua e de aproximação para abrir e fechar a janela. Como se pode ver, os desenhos de 
layout e os dimensionamentos de interiores podem ser cheios de variáveis a considerar.
Dimensionamento12
1. O que é o dimensionamento 
do espaço arquitetônico?
a) A profissão daquele que 
cria em três dimensões.
b) A atividade do profissional 
que mede os espaços 
antes do projeto.c) O mesmo que levantamento.
d) O ato de estudar e definir 
medidas de espaços e objetos.
e) O estudo das escalas e 
unidades de medida que 
compõem o projeto. 
2. Quem são os principais beneficiados 
das leis de acessibilidade universal?
a) Pessoas portadoras 
de deficiência ou com 
dificuldade de locomoção.
b) Veículos. 
c) Pessoas que não têm 
acesso à educação.
d) Pessoas privadas de seu direito 
de acesso a lugares públicos.
e) Estrangeiros. 
3. Em que estágio do projeto se 
deve fazer o dimensionamento?
a) Depois de concluídas 
as fundações.
b) No princípio, tomando suas 
definições como referências 
para os próximos estágios.
c) Juntamente com as definições 
de estrutura e materialidade.
d) No momento da criação da 
forma e da volumetria.
e) No momento da confecção 
das pranchas.
4. Que parâmetros você usaria 
para dimensionar uma boa 
mesa de trabalho?
a) A beleza dos acabamentos, 
o gosto do cliente e a 
harmonização com o 
ambiente do escritório.
b) As medidas que o 
cliente solicitou.
c) As normas de ergonomia e a 
legislação vigentes, além de um 
estudo de usos específicos.
d) Medidas de mesas que 
pesquisei na internet.
e) Minha criatividade e 
estilo arquitetônico.
5. Que parâmetros você usaria para 
dimensionar uma rua agradável?
a) Proporia calçadas bastante 
largas e muitas árvores.
b) Separaria o trânsito de 
carros e veículos.
c) Desenharia traçados 
retos e objetivos.
d) Usaria referências de cidades 
contemporâneas da Europa 
e Estados Unidos.
e) Consultaria as normas e proporia 
dimensões encadeadas para 
a faixa de rodagem, calçada 
e mobiliário urbano.
13Dimensionamento
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed. 
Porto Alegre: Bookman, 2017.
CANEZ, A. P.; ALMEIDA, M. Lucio Costa, o Congresso Internacional Extraordinário de 
Críticos de Arte e a atualidade de seu pensamento e ação. In: CANEZ, A. P.; BRITO, 
S. (Orgs.). Sobre a obra de Lucio Costa: textos selecionados. Porto alegre: UniRitter, 
2015. p. 47-49. Disponível em: <https://issuu.com/editorauniritter/docs/luciocosta>. 
Acesso em: 19 abr. 2018.
PALLASMAA, J. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 
2011.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a edifica-
ções, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: 
<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_
generico_imagens-filefield-description%5D_24.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2018.
COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1977.
NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 18. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores. Barcelona: 
Gustavo Gilli, 2002.
UNWIN, S. A análise da arquitetura. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
Dimensionamento14
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
A acessibilidade universal é um assunto que se insere diretamente na prática profissional do 
arquiteto e visa a garantir que todos os cidadãos tenham igual direito de transitar e interagir com 
o ambiente da cidade. 
Nesta Dica do Professor você vai ver algumas informações a respeito da acessibilidade.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) O que é dimensionamento do espaço arquitetônico?
A) A profissão daquele que cria em três dimensões.
B) A atividade do profissional que mede os espaços antes do projeto.
C) O mesmo que levantamento.
D) O ato de estudar e definir medidas de espaços e objetos.
E) O estudo das escalas e unidades de medida que compõem o projeto.
2) Quem são os principais beneficiados das leis de acessibilidade universal? 
A) Pessoas portadoras de deficiência ou com dificuldade de locomoção.
B) Veículos.
C) Pessoas que não têm acesso à educação.
D) Pessoas privadas de seu direito de acesso a lugares públicos.
E) Estrangeiros.
3) Em que estágio do projeto se deve fazer o dimensionamento?
A) Depois de concluídas as fundações.
B) No princípio, tomando suas definições como referências para os próximos estágios.
C) Juntamente com as definições de estrutura e materialidade.
D) No momento da criação da forma e da volumetria.
E) No momento da confecção das pranchas.
4) Que parâmetros você usaria para dimensionar uma boa mesa de trabalho?
A) A beleza dos acabamentos, o gosto do cliente e a harmonização com o ambiente do 
escritório.
B) As medidas que o cliente solicitou.
C) As normas de ergonomia e a legislação vigente, além de um estudo de usos específico.
D) Medidas de mesas que pesquisei na internet.
E) A criatividade e estilo arquitetônico do arquiteto.
5) Que parâmetros você usaria para dimensionar uma rua agradável?
A) Proporia calçadas bastante largas e muitas árvores.
B) Separaria o trânsito de carros e veículos.
C) Desenharia traçados retos e objetivos.
D) Usaria referências de cidades contemporâneas da Europa e Estados Unidos.
E) Consultaria as normas e proporia dimensões encadeadas para a faixa de rodagem, calçada 
e mobiliário urbano
NA PRÁTICA
O dimensionamento de mobiliário é uma atividade para a qual o arquiteto pode contar com 
dados antropométricos já coletados e definidos estatisticamente. O uso destes dados garante que 
o mobiliário projetado não ofereça riscos à saúde dos usuários e pode ser adaptado a indivíduos 
de diferentes constituições físicas, executando atividades com agilidade e conforto.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
As dificuldades da pessoa com deficiência no Brasil
Confira uma matéria integrante do programa Antes & Depois da Lei, com o tema 
Acessibilidade, produzido pela Coordenadoria de Rádio e TV do STJ, exibido na TV Justiça e 
Record News.
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Ergonomia com dispositivos móveis
Confira um vídeo que mostra a adaptação do espaço ao corpo, fazendo um link com ergonomia.
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Fundamentos para projetar espaços públicos confortáveis
Ernst Neufert foi um arquiteto e professor de arquitetura alemão, membro da Bauhaus e 
companheiro de Walter Gropius. Sem dúvida, seu trabalho mais conhecido foi criar um guia 
com as medidas-padrão de arquitetura, em seu livro "Arte de projetar em arquitetura". Hoje em 
dia, vê-se cada vez mais necessário ampliar este guia, não somente as medidas mínimas 
considerando a ergonomia, mas agora também estamos conscientes de que existem fatores 
acústicos, de iluminação, temperatura, entre outros, que são imprescindíveis de considerar no 
momento de projetar.
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Oito princípios para projetar calçadas seguras e acessíveis: novo manual da WRI Brasil
Andar a pé é a forma mais democrática de se locomover. É o meio de transporte mais antigo e o 
mais recorrente em todo o mundo e não tem custo nenhum além de algumas calorias. Apesar 
disso, as pessoas caminham cada vez menos. Seja porque as cidades estão mais espalhadas, seja 
porque as calçadas, vias por onde as pessoas caminham, são verdadeiros obstáculos. Falta de 
pavimento, largura inadequada e veículos estacionados irregularmente são apenas alguns dos 
indícios de que as calçadas estão sendo sufocadas, há décadas, por outros meios de transporte 
menos saudáveis – tanto para os usuários quanto para as cidades.
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