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Princípios de concepção formal arquitetônica APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! A edificação deve responder ao programa de necessidades, ao contexto onde está inserida e, mais importante, apresentar uma forma que seja inteligível aos sentidos da percepção das pessoas. É essencial que você compreenda quais as maneiras de se conceber uma forma na arquitetura e que existem princípios ordenadores da concepção formal arquitetônica, que podem ser aprendidos e praticados, os quais organizam os elementos que compõem o projeto e constituem as ferramentas da criação em arquitetura. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai acompanhar como se comportam as formas e o significado dos principais conceitos norteadores do ordenamento na arquitetura. Por fim, você verá uma série de análises de exemplares arquitetônicos em que tais conceitos são aplicados. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os princípios da concepção formal na arquitetura.• Verificar o comportamento das formas na arquitetura.• Analisar exemplos de concepção formal na arquitetura.• DESAFIO Os princípios da concepção formal arquitetônica correspondem à maneira de organização e ordenamento dos elementos que compõem um projeto: eixo, simetria, hierarquia, ritmo, referência e transformação. É muito importante que você saiba identificar estes princípios nas edificações, de forma que possa criar um repertório de referências para utilizar em projetos futuros. Confira as informações a seguir e veja se você consegue identificá-los. Portanto, busque imagens de três projetos arquitetônicos que apresentem, no mínimo, dois princípios compositivos em sua volumetria. Elabore um parágrafo justificando os motivos pelos quais você escolheu estes projetos e relacione suas características físico-espaciais com os conceitos expostos no enunciado. INFOGRÁFICO Existem alguns princípios básicos para composição arquitetônica que são considerados recursos visuais de projeto: eixo, simetria, hierarquia, ritmo, referência e transformação. Tais princípios organizam e ordenam os elementos compositivos de um espaço ou projeto de arquitetura, permitindo que as formas coexistam dentro de um todo ordenado, unificado e harmônico. Neste Infográfico, você verá os princípios da concepção formal em arquitetura aplicados por meio de um mesmo espaço: Plano Piloto de Brasília e seus exemplares arquitetônicos. Observe como no mesmo lugar é possível encontrar exemplos que representam com clareza uma boa arquitetura criada a partir da ordenação e organização formal. CONTEÚDO DO LIVRO Os princípios de concepção formal na arquitetura são aqueles que ordenam os elementos que compõem determinado projeto, de forma que ele possa ser percebido e compreendido pelas pessoas. Nunca esqueça que a composição arquitetônica deve resultar em uma edificação que responda às condicionantes do lugar e ao programa de necessidades. Além disso, deve apresentar uma estrutura formal que seja inteligível aos sentidos da percepção humana. Para entender melhor este assunto, leia o capítulo Princípios de concepção formal na arquitetura, da obra Introdução ao Projeto arquitetônico, que, além de abordar os principais conceitos norteadores do ordenamento na arquitetura, traz uma série de exemplos práticos para explicar como se comportam as composições formais. Boa leitura. INTRODUÇÃO AO PROJETO ARQUITETÔNICO Cássia Morais Mano Princípios de concepção formal arquitetônica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os princípios da concepção formal na arquitetura. � Verificar o comportamento das formas na arquitetura. � Analisar exemplos de concepção formal na arquitetura. Introdução Compreender a concepção de uma forma na arquitetura é um tema essencial para os arquitetos, pois organiza o pensamento criativo e auxilia o lançamento de partidos arquitetônicos. Existem princípios ordenadores da concepção formal arquitetônica que podem ser aprendidos e praticados pelo aluno. Esses princípios organizam os elementos que compõem o projeto e constituem as ferramentas da criação em arquitetura. A edifi- cação deve responder ao programa de necessidades, ao contexto em que está inserida e, o mais importante, deve apresentar uma forma que seja inteligível aos sentidos das pessoas. Neste capítulo, você vai acompanhar como se comportam as formas na arquitetura e o significado dos principais conceitos norteadores do ordenamento nessa área. Além disso, será apresentada uma série de aná- lises de exemplares arquitetônicos em que esses conceitos são aplicados. Concepção formal arquitetônica Para Vitrúvio, arquiteto romano que viveu no século I a.C., a boa arquitetura deve considerar três princípios básicos: utilidade, solidez e beleza, os quais seriam suficientes para que o projetista pudesse desenvolver um projeto de arquitetura. A Figura 1 apresenta esses princípios de utilidade (utilitas), que diz respeito ao atendimento das funções da edificação, de solidez (firmitas), que trata dos aspectos construtivos, e de beleza (venustas), referente às carac- terísticas estéticas. Esses princípios consideravam a concepção formal como resultado da aplicação das ordens clássicas da arquitetura ao exterior dos edifícios (Figura 2) e das relações de proporcionalidade (QUARONI, 1987). A partir do século XIX, soma-se a essa ideia o fato de que a composição arquitetônica adequada pressupõe a organização espacial em duas e três dimensões, considerando o problema de projeto (programa de necessidades, lugar onde será construído e aspectos construtivos) e a questão formal (resposta volumétrica ao problema de projeto) (MAHFUZ, 2004). A Figura 3 apresenta como a organização dos elementos compositivos deve promover um resul- tado condizente com o programa, o lugar, a estrutura formal e a construção, resultando em uma forma pertinente e inteligível aos sentidos da percepção humana (REIS, 2002; MAHFUZ, 2004). A concepção formal na arquitetura está fundamentada nos princípios que ordenam e estruturam o sistema formal que caracteriza uma edificação (CHING, 2013). Segundo Arnheim (1977), a ausência de ordem em uma composição arquitetônica compromete a percepção e a compreensão do que a obra está tentando dizer. Os princípios ordenadores correspondem aos recursos visuais que são utilizados para organizar uma edificação, tanto seus espaços internos quanto a volumetria. Quais são os princípios que conferem ordem à concepção formal na arquitetura? Eixo, simetria, hierarquia, ritmo, referência e transformação (Figura 4). A seguir, são apresentados os conceitos de cada princípio segundo Ching (2013). Princípios de concepção formal arquitetônica2 Figura 1. Tríade vitruviana. Fonte: CMartin (2016). Figura 2. Ordens clássicas arquitetônicas. Fonte: shooarts/Shutterstock.com. TUSCAN DORIC IONIC CORINTHIAN COMPOSITE 3Princípios de concepção formal arquitetônica Figura 3. Quaterno contemporâneo. Fonte: Mahfuz (2004). Condições internas ao problema projetual Condição externa ao problema projetual Lugar Programa (utilitas) Construção (�rmitas) Estruturas formais (venustas) FORMA PERTINENTE Figura 4. Princípios ordenadores da concepção formal arquitetônica. Fonte: Ching (2013). Eixo Hierarquia Simetria Referência Ritmo Transformação Princípios de concepção formal arquitetônica4 � Eixo: constitui, possivelmente, o elemento primordial para a organi- zação das formas e dos espaços em arquitetura. Corresponde a uma linha reta que conecta dois pontos no espaço, ao longo da qual formas e espaços podem se organizar de uma maneira simétrica. O uso do eixo na concepção formal também designa movimento em direção a algum espaço. É composto por duas linhas de ação ao longo do seu compri- mento, podendo ser preenchidas com edificações – o que determinará os limites em sua extensão. Asextremidades do eixo comportam for- mas ou espaços específicos, por exemplo, um centro de compras cujas lojas estão organizadas ao longo de um eixo de circulação em que, nas extremidades, temos lojas âncora ou de departamento, em posições estratégicas na planta baixa do espaço. � Simetria: na concepção formal arquitetônica, é possível termos um eixo que não apresente elementos simétricos, porém toda a simetria pressupõe a existência de um eixo no qual ela se estrutura. Há dois tipos de simetria: radial, que diz respeito ao arranjo de elementos em relação a um centro, e bilateral, que refere-se ao arranjo de elementos organizado ao longo de um eixo. � Hierarquia: corresponde à acentuação de determinado elemento em relação aos demais, cujo destaque pode ser feito por alterações no tama- nho, no formato ou na localização. É caracterizada pela predominância de algum elemento em relação a outros. � Ritmo: organização das formas ou dos espaços arquitetônicos de ma- neira que o observador consiga definir agrupamentos caracterizados por repetição ou alternância. � Referência: a referência pode ser uma linha, um plano ou um volume que organiza um padrão aleatório de elementos por meio de sua continuidade. � Transformação: manipulação da estrutura formal de um elemento para responder às condições específicas do projeto. Você sabia que a composição arquitetônica pode ser definida pelo uso de materiais construtivos? Alguns costumam ser utilizados amplamente em projetos arquitetônicos nacionais, como concreto, madeira, aço, pedra, vidro e tijolo. 5Princípios de concepção formal arquitetônica Comportamento das formas na arquitetura Partindo dos princípios de ordenamento (eixo, simetria, hierarquia, ritmo, refe- rência e transformação), é possível verificar como se comportam as formas na arquitetura. Para facilitar a compreensão, vamos explorar detalhadamente cada conceito relativo à composição da forma, sua definição e como desempenham seu papel na composição arquitetônica. Reis (2002) organizou os conceitos a partir de estudos sobre a importância de a forma ser inteligível aos sentidos e possuir uma ordenação que possa ser compreendida pelo observador por meio da percepção (Figura 5). Figura 5. Conceitos relativos à composição da forma arquitetônica. Fonte: adaptada de Reis (2002). Uni�cação dos elementos Regularidade na relação entre elementos Compatibilidade formal Equilíbrio e relação entre elementos Proximidade Similaridade Fundo comum Orientação dos elementos Textura Ritmo Hierarquia Contraste Simplicidade Complexidade Contradição ou ambiguidade Simetria Balanço assimétrico Peso na composição Relações proporcionais Unificação dos elementos Alguns fatores unificam as formas em grupos de acordo com a sua perceção visual (Figura 6a). O grupamento por proximidade é a tendência em aproxi- mar elementos semelhantes e afastar os que são distintos, com o objetivo de organizá-los em grupos com características comuns, de acordo com o efeito visual que se quer conferir à fachada. O grupamento por similaridade trata do reconhecimento visual de igualdade entre elementos, estabelecendo gru- Princípios de concepção formal arquitetônica6 pos entre semelhantes. O grupamento de fundo comum é quando um plano homogêneo (mesmo material, textura ou cor) agrupa elementos arquitetônicos organizados sobre ele e, consequentemente, exclui aqueles que não fazem parte do fundo. O grupamento por orientação dos elementos diz respeito à leitura da posição dos elementos na fachada, horizontais ou verticais, havendo uma tendência à formação de linhas na fachada. Regularidade entre elementos Alguns fatores determinam o tipo de relação de regularidade entre os elementos (Figura 6b). A textura corresponde aos elementos ordenados por meio de uma repetição, em que o todo predomina sobre a parte, caraterizando uma unidade homogênea sem um foco de atenção no plano. O ritmo é caracterizado por um movimento unificador, por meio de repetição ou alternação das formas. A hierarquia é quando temos uma forma que se destaca em relação às demais, conferindo um caráter de importância ou foco visual para aquele elemento em particular. Figura 6. a) Fatores de unificação dos elementos. b) Fatores de regularidade entre os elementos. Fonte: adaptada de Reis (2002). 7Princípios de concepção formal arquitetônica Compatibilidade formal entre elementos São fatores que tratam da conformidade formal entre os elementos, ou seja, quando há uma coerência entre os elementos que fazem parte da composição arquitetônica (Figura 7a). O contraste ocorre quando as características dos elementos se opõem de alguma maneira, por exemplo, uma parede de concreto ao lado de uma pele de vidro. A simplicidade é quando são utili- zados poucos elementos formais na composição arquitetônica, reforçando a clareza da fachada e a volumetria, enquanto a complexidade é justamente a situação oposta: maior variação dos elementos que compõem a fachada, com um grande número de princípios ordenadores envolvidos. Já a contradição, ou ambiguidade, diz respeito ao uso de formas conflitantes entre si, no sentido de provocar o observador, estimulando os significados e reforçando a imagem arquitetônica. Equilíbrio entre elementos Alguns fatores tratam justamente do equilíbrio da composição arquitetônica (Figura 7b). A simetria é quando temos elementos refletidos sobre um eixo, conferindo um caráter estático à composição. O balanço assimétrico corres- ponde a uma composição equilibrada que não apresenta elementos em comum dos dois lados. Em outras palavras, é o contraste entre elementos verticais e horizontais, que tem como resultado uma dinâmica percebida visualmente. O peso na composição trata das forças dos elementos na composição, que podem ser maiores ou menores. Por exemplo, em uma fachada, as janelas apresentam menor peso na composição em relação à parede sobre a qual elas estão colocadas. A relação de proporção entre os elementos arquitetônicos é quando se percebe um equilíbrio entre as dimensões dos elementos, há uma ordenação matemática das medidas. Princípios de concepção formal arquitetônica8 Figura 7. a) Fatores de compatibilidade formal entre os elementos. b) Fatores de equilíbrio entre os elementos. Fonte: adaptada de Reis (2002). É importante destacar que a aplicação dos conceitos apresentados em uma edificação não garante a qualidade arquitetônica (REIS, 2002), que depende de outros fatores como o atendimento do programa, as características e ne- cessidades dos usuários, os aspectos relacionados ao terreno (localização, topografia, orientação solar) e os aspectos construtivos. Todos esses fatores, somados à sensibilidade do arquiteto na composição formal, tendem a resultar em uma arquitetura de qualidade. Vale a pena fazer a leitura do livro Repertório, análise e síntese: uma introdução ao projeto arquitetônico, de Antônio Tarcísio da Luz Reis. São trabalhados diversos conceitos pertinentes à forma e à composição arquitetônica, por meio de exemplos que facilitam a compreensão. 9Princípios de concepção formal arquitetônica Análise de exemplos: concepção formal Por meio da análise de exemplos, será muito mais fácil assimilar como os arquitetos aplicaram cada um dos conceitos supracitados em seus projetos, proporcionando exemplares de qualidade que podem ser utilizados como referências pelo aluno. Sobre os fatores de unificação dos elementos, vamos analisar exemplares que demonstrem: proximidade, similaridade, fundo comum e orientação dos elementos (Quadro 1). Conceito Exemplar arquitetônico Proximidade Nesse projeto do escritório MVRDV, podemos observar como a proximidade entre as esquadrias faz com que as agrupemos em conjuntos. Essa percepção visual é estimulada pelo uso de planos de fundo coloridos. Orientação dos elementos O observador agrupa visualmente as esquadrias que apresentam a mesma orientação. Edifício residencialSilodam. Fonte: Ina Raschke/Shutterstock.com. Quadro 1. Análise dos fatores de unificação dos elementos. (Continua) Princípios de concepção formal arquitetônica10 Quadro 1. Análise dos fatores de unificação dos elementos. Conceito Exemplar arquitetônico Similaridade A similaridade entre os elementos, tanto as esquadrias superiores como as do acesso principal, faz com que a percepção visual do observador realize o agrupamento naturalmente. Fundo comum O mesmo exemplo de projeto também explora o conceito de fundo comum: o plano em concreto unifica os elementos presentes nele. David Zwirner Gallery. Fonte: Schmidt (c2015). (Continuação) 11Princípios de concepção formal arquitetônica Conceito Exemplar arquitetônico Textura Os elementos geométricos que compõem a cúpula formam um tecido estrutural contínuo que funciona como cobertura do museu. Cúpula do Museu do Louvre Abu Dhabi. Fonte: Halbe (2017). Ritmo A ordem dos elementos por meio da repetição (fachada do volume superior) e da alternância (fachada localizada à direita do observador). Centro Cultural e de Artes Waigaoqiao. Fonte: Arch-Exist (2016). Quadro 2. Análise dos fatores de regularidade entre os elementos. (Continua) Sobre os fatores de regularidade entre os elementos, vamos analisar exem- plares que demonstrem textura, ritmo e hierarquia (Quadro 2). Princípios de concepção formal arquitetônica12 Quadro 2. Análise dos fatores de regularidade entre os elementos. Conceito Exemplar arquitetônico Hierarquia O negativo na base do volume, maior em tamanho e relevância na composição da fachada, revela a importância do acesso principal desse edifício em relação aos demais elementos. Galeria Gladstone 21st Street. Fonte: Koenig (c2015). (Continuação) Sobre os fatores de compatibilidade formal entre os elementos, vamos analisar exemplares que demonstrem contraste, simplicidade, complexidade e contradição ou ambiguidade (Quadro 3). 13Princípios de concepção formal arquitetônica Conceito Exemplar arquitetônico Contraste O contraste entre os pilares que sustentam a edificação, destacados na cor vermelha, e o volume prismático do prédio distinguem perfeitamente os elementos entre si. MASP. Fonte: Diego Grandi/Shutterstock.com. Simplicidade É interessante perceber como uma edificação com forma complexa pode apresentar características de simplicidade: apenas dois elementos formais constituem a fachada, os planos de vidro e a cobertura curva, que também serve como fechamento laterail. Heydar Aliyev Center. Fonte: Elnur/Shutterstock.com. Complexidade Variedade significativa de elementos arquitetônicos na fachada, grande número de princípios ordenadores envolvidos. O observador pode ter um pouco de dificuldade em apreender a forma da edificação à primeira vista. Centre Pompidou. Fonte: Nadiia_foto/Shutterstock.com. Quadro 3. Análise dos fatores de compatibilidade entre os elementos. (Continua) Princípios de concepção formal arquitetônica14 Quadro 3. Análise dos fatores de compatibilidade entre os elementos. Conceito Exemplar arquitetônico Contradição ou ambiguidade As relações formais entre o volume superior e o inferior não correspondem ao que estamos habituados a perceber, a relação entre as formas é contraditória e inusitada. Caixa Forum Zaragosa. Fonte: Idom (2014). (Continua) (Continuação) Sobre os fatores de equilíbrio entre os elementos, vamos analisar exemplares que demonstrem simetria, balanço assimétrico, peso na composição e relações proporcionais (Quadro 4). Conceito Exemplar arquitetônico Simetria Esse prédio demonstra como os elementos arquitetônicos estão dispostos simetricamente ao longo da fachada. Relações proporcionais Observa-se uma proporção nos elementos da fachada, que confere um equilíbrio à composição. Pavilhão Dufour no Castelo de Versailles. Fonte: Morin (c2016). Quadro 4. Análise dos fatores de equilíbrio entre os elementos. 15Princípios de concepção formal arquitetônica Quadro 4. Análise dos fatores de equilíbrio entre os elementos. Conceito Exemplar arquitetônico Balanço assimétrico Observa-se o equilíbrio na composição da casa, embora a composição formal, ao traçarmos um eixo na fachada, seja feita por elementos distintos nos dois lados. Peso na composição Os volumes sobressalentes da parte superior da casa conferem um peso diferenciado em relação ao pavimento térreo, o que é acentuado pela diferença entre os materiais da fachada. Residência Aranzazu. Fonte: Kulekdjian (c2017). (Continuação) No livro Ensaio sobre a razão compositiva, Edson Mahfuz aborda uma visão geral do processo de projeto em arquitetura e as relações entre as partes e o todo na composição arquitetônica. Você pode nunca ter visitado Paris, mas provavelmente a primeira construção que vem à sua cabeça quando lembra da cidade é a Torre Eiffel. Além de ser a construção mais alta da cidade, é o monumento pago mais visitado do mundo. A torre foi nomeada em homenagem ao seu projetista, o engenheiro Gustave Eiffel, construída como o arco de entrada da Exposição Universal de 1889. Vamos observar alguns conceitos compositivos presentes nesse exemplar arquitetônico para que você compreenda a relevância desse símbolo para a história da arquitetura. Princípios de concepção formal arquitetônica16 1. A concepção formal na arquitetura é dada por meio de princípios que ordenam e organizam os elementos arquitetônicos que compõem determinado projeto, a fim de garantir um resultado adequado ao programa de necessidades, ao contexto e aos aspectos construtivos e estéticos. Em relação aos princípios de concepção formal arquitetônica, podemos afirmar que: a) a definição de eixo consiste somente na linha reta que conecta dois pontos sobre a qual estão organizados os espaços e/ou as formas arquitetônicas. b) a simetria está presente em uma composição formal quando estabelecemos um eixo sobre o desenho e os elementos presentes em ambos os lados aparecem refletidos, como um espelho. c) a hierarquia pressupõe a uniformidade entre os elementos que compõem determinada composição. d) um exemplo prático de como podemos observar o ritmo na composição arquitetônica é a organização aleatória das esquadrias de uma edificação. e) o princípio de ordenação referência diz respeito ao uso de projetos referenciais na composição arquitetônica. 2. Um dos princípios de ordenamento na concepção formal em arquitetura é o uso da simetria na composição. Corresponde à organização das formas ao longo de uma linha reta, o eixo, caracterizando uma espécie de espelho dos elementos que estão em ambos os lados. A simetria também pode ser observada na composição de plantas baixas. Em qual dessas imagens a simetria está melhor representada? 17Princípios de concepção formal arquitetônica a) Basílica de São Pedro. Fonte: adaptada de Wikimedia (c2015). b) Sidney Opera House. Arquiteto: Jorn Utzon. Fonte: adaptada de Cad Design (c2018). c) Walt Disney Concert. Arquiteto: Frank Gehry. Fonte: adaptada de Gehry Partners (2013). Princípios de concepção formal arquitetônica18 d) Casa da Música. Arquiteto: Rem Koolhaas. Fonte: adaptada de Ruault (2014). e) Residência Fernando Millán. Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha. Fonte: adaptada de Guerra e Castroviejo Ribeiro (2006). 19Princípios de concepção formal arquitetônica 3. Considerando os conceitos relativos à composição da forma arquitetônica (unificação dos elementos, regularidade entre elementos, compatibilidade formal e equilíbrio), foram escolhidos cinco projetos e identificados alguns deles. Escolha a alternativa que corresponde à interpretação correta. a) Pabellon Mies van der Rohe. Compatibilidade formal por complexidade. A variação dos elementos arquitetônicos que compõem a fachada com um grande número de princípios ordenadores envolvidos. Fonte: Miguel(ito)/Shutterstock.com. b) Casa da Música. Equilíbrio entre os elementos por simetria. Os elementosestão refletidos sobre um eixo, conferindo um caráter estático à composição. Fonte: Filipe Frazao/Shutterstock.com. Princípios de concepção formal arquitetônica20 c) Fachada de edifício em Nova York. Regularidade entre os elementos por hierarquia. Predo- mínio de um elemento arquitetônico sobre os demais. d) MIT Center (Massachusetts). Unificação entre os elementos por orientação. A organização das esquadrias confere a homogeneidade da composição. Fonte: EQRoy/Shutterstock.com. 21Princípios de concepção formal arquitetônica e) Galeria SOHO. Arquiteto: Zaha Hadid. Unificação dos elementos por textura. Os triângulos que compõem a cúpula de fechamento da edificação formam um conjunto homogêneo, configurando uma trama única. Fonte: Pealiku/Shutterstock.com. 4. Observe esta afirmação: “A simples aplicação dos conceitos relativos à composição da forma não garante a qualidade arquitetônica, outros aspectos associados à edificação devem ser considerados” (REIS, 2002). Dela, é possível concluir que: a) mesmo considerando os conceitos relativos à composição formal e os demais aspectos associados à edificação, o resultado pode não garantir a qualidade arquitetônica. b) os aspectos associados referidos pelo autor dizem respeito às preferências estéticas do cliente. c) os conceitos relativos à forma não são importantes para a qualidade arquitetônica, pois a função da edificação deve ser considerada. d) o autor refere-se à importância de considerar outros aspectos associados à edificação para garantir sua qualidade, como: programa de necessidades, contexto do lugar e aspectos construtivos. e) a aplicação correta dos conceitos relativos à forma deve garantir uma edificação de qualidade. Princípios de concepção formal arquitetônica22 5. Considerando os conceitos sobre concepção formal na arquitetura, observe o projeto da Nova Galeria Nacional, na cidade de Berlim feito pelo Arquiteto Mies van der Rohe. Fonte: mikolajn/Shutterstock.com. A partir da imagem, escolha a alternativa que cita corretamente os conceitos de composição arquitetônica presentes na fachada. a) Complexidade, textura e ritmo. b) Simplicidade, balanço assimétrico e ritmo. c) Simplicidade, ritmo e relações proporcionais. d) Simplicidade, ritmo e textura. e) Textura, balanço assimétrico e ritmo. 23Princípios de concepção formal arquitetônica ARCH-EXIST. Centro Cultural e de Artes Waigaoqiao. 2016. Disponível em: <https:// www.archdaily.com.br/br/801496/centro-cultural-e-de-artes-waigaoqiao-tianhua- -architecture-planning-and-engineering-ltd>. Acesso em: 27 abr. 2018. ARNHEIM, R. The dynamics of architectural form. Berkeley, CA: University of California Press, 1977. CAD DESIGN. Sydney Opera House. c2018. Disponível em: <https://www.cadblocks- download.com/products/sydney-opera-house>. Acesso em: 30 abr. 2018. CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CMARTIN. Firmitas, utilitas, venustas: novos olhares sobre uma velha definição de arquitetura. 2016. Disponível em: <https://forumdacasa.com/discussion/42586/35/ reflexao-e-discussao-de-gostos-o-je-ne-sais-quoi-que-se-explica/>. Acesso em: 27 abr. 2018. GEHRY PARTNERS, LLP. Walt Disney Concert Hall. 2013. Disponível em: <https://www. archdaily.com/441358/ad-classics-walt-disney-concert-hall-frank-gehry>. Acesso em: 30 abr. 2018. GUERRA, A.; CASTROVIEJO RIBEIRO, A. J. Casa brasileiras do século XX. Arquitextos, n. 074.01, ano 7, jul. 2006. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/07.074/335>. Acesso em: 30 abr. 2018. HALBE, R. Louvre Abu Dhabi projetado por Jean Nouvel é inaugurado após uma década de desenvolvimento. 2017. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/883170/ louvre-abu-dhabi-projetado-por-jean-nouvel-e-inaugurado-apos-uma-decada-de- -desenvolvimento>. Acesso em: 27 abr. 2018. IDOM. Caixa Forum Zaragoza. 2014. 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Repertório, análise e síntese: uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002. RUAULT, P. Casa da Música / OMA. 2014. Disponível em: <https://www.archdaily. com/619294/casa-da-musica-oma>. Acesso em: 30 abr. 2018. SCHMIDT, J. David Zwirner 20th Street. c2015. Disponível em: <http://www.selldorf. com/projects/david-zwirner-20th-street>. Acesso em: 27 abr. 2018. WIKIMEDIA COMMONS. [Planta da Basílica de São Pedro]. c2015. Disponível em: <ht- tps://commons.wikimedia.org/wiki/File:StPetersplan_OttoLeuger1904.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2018. Leituras recomendadas FAZIO, M.; MOFFETT, M.; WODEHOUSE, L. A história da arquitetura mundial. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. MANENTI, L. Os elementos e os princípios da composição arquitetônica: paralelos entre Vitrúvio e Le Corbusier. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 11., 2016, Recife. Anais... Recife: DOCOMONO Brasil, 2016. Disponível em: <http://www.seminario2016. docomomo.org.br/artigos_publicacao/DOCO_PE_MANENTI.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2018. 25Princípios de concepção formal arquitetônica Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Criatividade é a capacidade de criar ideias, invenções ou soluções que sejam considerados originais e úteis a uma determinada situação. A seguir você verá algumas dicas sobre como desenvolver a sua criatividade e a importância de entender a composição arquitetônica para a criação de projetos que respondam adequadamente ao programa, contexto, aspectos construtivos e esteticamente às necessidades das pessoas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A concepção formal na arquitetura é dada por meio de princípios que ordenam e organizam os elementos arquitetônicos que compõem determinado projeto, a fim de garantir um resultado adequado ao programa de necessidades, contexto, aos aspectos construtivos e estéticos. Em relação aos princípios de concepção formal arquitetônica, podemos afirmar que: A) a definição de eixo consiste somente na linha reta que conecta dois pontos sobre a qual estão organizados os espaços e/ou formas arquitetônicas. B) a simetria está presente em uma composição formal quando estabelecemos um eixo sobre o desenho e os elementos presentes em ambos os lados aparecem refletidos, como um espelho. C) a hierarquia pressupõe a uniformidade entre os elementos que compõem determinada composição. um exemplo prático de como podemos observar o ritmo na composição arquitetônica é a D) organização aleatória das esquadrias de uma edificação. E) o princípio de ordenação “referência” diz respeito ao uso de projetos referenciais na composição arquitetônica. 2) Um dos princípios de ordenamento na concepção formal em arquitetura é o uso do eixo na composição. Corresponde a uma linha reta que conecta dois pontos no espaço, ao longo do qual podem se organizar formas e espaços de uma maneira simétrica (CHING, 2013). Qualdas indicações de eixo nas imagens abaixo melhor representa essa definição? A) Basílica de São Pedro. Sidney Opera House.B) C) Walt Disney Concert. Casa da Música.D) E) Casa Milan. Considerando os conceitos relativos à composição da forma arquitetônica (unificação dos elementos, regularidade entre elementos, compatibilidade formal e equilíbrio), 3) foram escolhidos cinco projetos e identificados alguns deles. Escolha a alternativa que corresponde à interpretação correta: A) Pabellon Mies van der Rohe. Compatibilidade formal por complexidade. A variação dos elementos arquitetônicos que compõem a fachada com um grande número de princípios ordenadores envolvidos. Casa da Música. Equilíbrio entre os elementos por simetria. Os elementos estão refletidos sobre um eixo, conferindo um caráter estático à composição. B) Fachada de edifício em NY. Regularidade entre os elementos por hierarquia. Predomínio de um elemento arquitetônico sobre os demais. C) D) MIT Center - Massachusetts. Unificação entre os elementos por orientação. A organização das esquadrias confere a homogeneidade da composição. Galeria SOHO. Unificação dos elementos por textura. Os triângulos que compõem a cúpula de fechamento da edificação formam um conjunto homogêneo, configurando uma trama única. E) 4) Sobre a afirmação “A simples aplicação dos conceitos relativos à composição da forma não garante a qualidade arquitetônica, outros aspectos associados à edificação devem ser considerados” (REIS, 2002), é possível concluir que: A) mesmo considerando os conceitos relativos à composição formal e demais aspectos associados à edificação, o resultado pode não garantir a qualidade arquitetônica. B) os aspectos associados a que o autor se refere dizem respeito às preferências estéticas do cliente. C) os conceitos relativos à forma não são importantes para a qualidade arquitetônica, pois a função da edificação deve ser considerada. D) o autor refere-se à importância de considerar outros aspectos associados à edificação para garantir sua qualidade, tais como: programa de necessidades, contexto do lugar e aspectos construtivos. E) a aplicação correta dos conceitos relativos à forma deve garantir uma edificação de qualidade. 5) Considerando os conceitos sobre concepção formal na arquitetura, observe o projeto da Nova Galeria Nacional, na cidade de Berlim, feito pelo arquiteto Mies van der Rohe. A partir das imagens, escolha a alternativa que cita corretamente os conceitos de composição arquitetônica presentes na fachada. A) Complexidade, textura e simetria. B) Simplicidade, balanço assimétrico e simetria. C) Simplicidade, simetria e relações proporcionais. D) Simplicidade, simetria e textura. E) Textura, balanço assimétrico e simetria. NA PRÁTICA Você sabe como funciona a concepção formal de um projeto no escritório de arquitetura? A concepção formal não deve partir do arranjo da planta baixa da edificação. Por este motivo a etapa de conceituação do projeto e lançamento de ideias iniciais é fundamental para garantir uma forma pertinente e de qualidade. A seguir você vai acompanhar a primeira etapa projetual em arquitetura, o estudo preliminar, e como ocorre o processo de criação. Como exemplo, acompanhe a simulação do lançamento do partido arquitetônico de um quiosque para sorveteria. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Composição arquitetônica e qualidade estética Leia o artigo científico “Composição arquitetônica e qualidade estética”, que serve como complemento aos estudos de princípios de concepção formal na arquitetura. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conheça o trabalho do arquiteto Ole Scheeren A arquitetura pode contar uma história e sua estética estar inserida no contexto? Neste vídeo do arquiteto Ole Scheeren são apresentados cinco edifícios e as histórias por trás deles. Ah, é possível selecionar o idioma da legenda no próprio vídeo. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Metáfora, analogia e exploração formal no projeto arquitetônico O projeto não é algo completamente idealizado em nossas mentes, e depois “validado” através das representações, ao contrário, é exatamente o ato de representar que se torna a versão “palpável” de uma ideia em concepção que, por ser fragilmente determinada por sua existência ainda ideal, é amplamente influenciada pela materialidade de suas representações. Leia mais no link a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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