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A Importância da Literatura Infantil

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS 
ESTÂNCIA BALNEÁRIA 
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 
 DEPARTAMENTO PEDAGÓGICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe Interdisciplinar 
 
 Ensino Fundamental 
 
 Língua Portuguesa 
 
 
 
 
Santos 
2003 
 
 
 
 
 
 2 
 
Literatura infantil 
 
 
 
 A literatura tem funções diversas e se presta a diferentes usos. O motivo básico de as 
pessoas lerem obras literárias, no entanto, é a procura do prazer.Esse prazer manifesta-se 
primeiramente como entretenimento. Mas a Literatura é diferente de outras formas de diversão. 
Quando se trata de um grande texto o que o leitor nunca consegue é o mero “ escapismo” .O grande 
texto sempre deixa sua marca no leitor. Ninguém lê uma grande obra sem ser afetado por ele em 
algum nível ou algum aspecto. A primeira marca que a literatura deixa é a do crescimento interior. 
Isto ocorre porque a literatura nos propicia uma das formas mais espetaculares de conhecimento do 
homem. Por meio dela, percebemos a complexidade que nos caracteriza como seres humanos, 
nossas ambigüidades e nossos paradoxos. 
 A Literatura , em todas as suas formas, inclusive a infantil, não se presta apenas a fornecer 
conhecimento . Ela se presta , fundamentalmente , ao ensino da linguagem oral e escrita. Em 
primeiro lugar, nas fases iniciais do aprendizado,ela enriquece o vocabulário , põe o aluno em 
contato com as mais ricas possibilidades sintáticas, explora às últimas conseqüências o aspecto 
semântico e, em suma,amplia e aprofunda conhecimento da língua, inclusive sua face sonora. 
 A Literatura, assim, nas diversas fases do ensino, fornece ao aluno meios de apreender a 
linguagem e também de produzir textos. Ninguém aprenderá a escrever com um mínimo e 
competência se não for colocado em contato com a Literatura desde a infância. Quando se priva o 
aluno da Literatura não é só de compreender e escrever que ele se torna incapaz: ele não adquire 
condições de pensar no sentido pleno da palavra. 
 Tudo isto indica que o texto literário deve ser utilizado desde os primeiros anos de 
escola,primeiro na forma da Literatura infantil. É bom lembrar-se que, hoje em dia, a tarefa de 
colocar a Literatura nas mãos das crianças ou dos jovens não é executada normalmente pela família. 
A escola , é em geral,a única oportunidade que o aluno tem de experimentar a Literatura. Se o 
professor dominar determinadas técnicas e, principalmente, se ele tiver sensibilidade, ele acabará 
levando seus alunos a gostarem de ler. Caso contrário, será mais difícil que surja o gosto pela leitura 
em ambientes extra- escolares. 
 
Características do leitor infantil e juvenil 
 
 
 A criança apreende a vida por meio de sensações e impressões. Tudo que a rodeia, em 
virtude da animação que empresta às coisas e ao significado que atribui aos seres, adquire o sentido 
da variedade e da multiplicidade.A vida para ela é um pluriverso. Buscando a conquista e afirmação 
num mundo em que seus sentidos e seu entendimento não conseguem totalmente decifrar, funde e 
confunde o real e o mágico, movendo-se num cosmo onde a fantasia transpassa a vida e a vida toma 
aspectos de fantasia. 
 A Literatura Infantil com suas fadas e bruxas, animais que falam e heróis invencíveis vai ao 
encontro dos interesses e anseios da criança, mostrando-lhe um mundo de contornos imprecisos, 
mas perfeitamente compreensível e aceitável, um mundo povoado de seres imaginários, porém 
vivos e atuantes dentro da lógica infantil. 
 Os interesses e exigências do leitor em termos de personagens, temas, estruturas e gêneros 
narrativos, não permanecem sempre os mesmos. Atravessando estágios de desenvolvimento, em 
cada fase evolutiva demonstra preferência por uma modalidade de leitura. 
 Na fase animista, que se estende aproximadamente até os oito anos, tudo tem vida para a 
criança; é a fase do pensamento lúdico. 
 
 
 3
 Vivenciam uma etapa de pensamento, onde o jogo e o mistério são os estimulantes da sua 
imaginação. Como a criança, nesta fase, ainda não se encontra dotada de capacidade para interpretar 
racionalmente os fenômenos naturais, aprecia narrativas em que predomine o ilogismo, o assombro, 
o divertimento. Contos de fadas, fábulas, contos de mistério, história sobre animais e plantas que 
falam fazem parte de seu mundo de encantamento. 
 Por volta dos nove anos, a criança começa a se interessar pela realidade circundante, 
substituindo personagens sobrenaturais por tipos humanos heróicos e empreendedores; é a fase do 
pensamento mágico. A ação, a aventura, o risco e o esforço pessoal são os requisitos procurados 
numa narrativa funcional. Embora impulsionada pelo sentido de coragem, de perigo, de audácia, 
necessita de justiça, exigindo verossimilhança e possibilidade de veracidade nos relatos. 
 São indicados para esta fase os contos populares, lendas, histórias humorísticas e aventuras. 
 Dos doze aos quatorze anos, a criança se encontra na fase do pensamento lógico, a etapa 
fantástico-realista. A descoberta do mundo interior e as questões pessoais passam a assumir a 
preocupação do leitor adolescente. Começando a dominar as noções abstratas, razão e sentimento 
são a tônica do seu pensar. Interessando-se por temas relacionados ao sexo, amor, luta do homem 
no combate a obstáculos e adversidades, gozam da preferência do leitor nesta fase de pensamento 
lógico as novelas sentimentais e policiais, as biografias romanceadas e os romances históricos. 
 Na literatura, que caracterizava a fase do pensamento lúdico, o herói vencia por milagre. Na 
fase do pensamento mágico, vencia o esforço. Agora, nesta fase de pensamento abstrato, o herói 
adquire contornos definidos. Tem capacidade para amar, sofrer, vivenciar experiências pessoais que 
possibilitem a superação das adversidades. Com isso, um novo elemento instaura-se na estruturação 
das personagens: o sentimental. 
 
 
 
Os gêneros literários 
 
 
Conto de fadas 
 
 O conto de fadas caracteriza-se pela instauração de um universo próprio, regido por normas 
que apresentam um distanciamento e uma ruptura com a ordem natural.Dotado de um caráter 
mágico que o liberta das limitações e contingências do mundo concreto, seres e situações pertencem 
ao plano do maravilhoso, da verdade ilógica aceita sem surpresa ou hesitação. O “Era uma vez...” 
com que tem início à quase totalidade dos relatos coloca-o sob uma perspectiva de verdades 
simbólicas, perdendo os fatos e os seres sua logicidade e adquirindo o fantástico, o absurdo e o 
impossível, características de realidade, veracidade e a fórmula encantatória. “E foram felizes para 
sempre...” intensifica o caráter de sonhos do conto de fadas com a solução de todos os conflitos e a 
realização de todos os anseios. 
 Atualmente, ao lado das clássicas histórias de princesas, bruxas e varas-de-condão, surgem 
um novo conto de fadas, rompendo com o determinismo e a estatização de personagens das fadas 
tradicionais. Desmistificando o manual de mágicas, propõe uma nova forma de apreensão do 
mundo por meio da mescla de fantasia e questionamento da realidade. 
 
 
Fábula 
 
 
 A fábula é uma alegoria da condição humana. Relato curto, freqüentemente em versos, 
expressa uma sabedoria popular, um imediatismo moral e político, produto de um determinado 
contexto histórico. Apresentada sob uma aparente finalidade lúdica encerra uma filosofia moralista 
expressa na crítica de caracteres e costumes humanos. 
 4 
 Seres do mundo zoológico que falam, agem e pensam são seus personagens 
centrais.Participantes de um jogo onde sempre prevalece, a força, a violência, a astúcia, 
caracterizam-se os animais por traços distintivos constantes e por formas padronizadas de 
comportamento: laboriosidade da formiga, imprevidência da cigarra, sagacidade da raposa e outros. 
Um conflito entre personagens antagônicas determina a ação e conduz o desfecho. 
 Popularizada por meio de Esopo e Fedro, encontrou a fábula sua maior expressão em La 
Fontaine. Modernamente destacaram-se como fabulistas Walt Disney eMonteiro Lobato. Disney 
apresentando animais em seu habitat natural e Lobato instaurando a ética de situação deram nova 
perspectiva ao gênero, libertando-o do moralismo e pedagogismo das fábulas tradicionais. 
 
 
 
Contos 
 
 
 O conto de aventura fundamenta-se na fantasia. Esta, ao contrário do que ocorre no conto de 
fadas, aproxima-se da realidade imediata. É o mundo material ou um cosmo imaginário possível de 
concretização, o ponto de partida dos relatos em busca do aventuresco, do exótico e do inusitado. 
 O texto narrativo caracteriza-se na prevalência da ação, na ação, no desenvolvimento rápido 
e dinâmico dos fatos e acontecimentos. Motivo único e central, encadeamento de episódios, 
seqüência cronológica, suspense, humor e final determinado são elementos essenciais num texto 
infantil. Idéias abstratas, enredos complexos e intrincados, recuos ou desvios no tempo, inexatidão 
de espaços escapam à compreensão da criança, dificultando o entendimento e acompanhamento da 
intriga. 
 Reconhecendo a importância da leitura e a escolha dos gêneros literários, as sugestões a 
seguir, foram selecionadas com o objetivo de auxiliar o trabalho do professor em sua prática 
pedagógica, ampliando o acervo de textos narrativos, contos e fábulas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5
 
 
A LEBRE E A TARTARUGA 
Uma lebre vangloriava-se de sua rapidez, perante os outros animais: 
— Nunca perco de ninguém. Desafio a todos aqui a tomarem parte numa corrida comigo. 
 — Aceito o desafio! Disse a tartaruga calmamente. 
— Isto parece brincadeira. Poderia dançar à sua volta, por todo o caminho, respondeu a 
lebre. 
 A um sinal dado pelos outros animais, as duas partiram. A lebre saiu a toda velocidade. 
Mais adiante, para demonstrar seu desprezo pela rival, deitou-se cochilou. A tartaruga continuou 
avançando, com muita perseverança. Quando a lebre acordou, viu-a já pertinho do ponto final e não 
teve tempo de correr, para chegar primeiro. 
 
Moral da história: Com perseverança tudo se alcança. 
Esopo 
 A GANSA QUE PUNHA OVOS DE OURO 
 Uma cabra e um asno comiam ao mesmo tempo no estábulo. A cabra começou a invejar o 
asno porque acreditava que ele estava mais bem alimentado, e lhe disse: 
 — Tua vida é um tormento inacabável. Finge um ataque e deixa-te cair num fosso para que 
te dêem umas férias. 
 Aceitou o asno o conselho, e deixando-se cair, machucou todo o corpo. 
 Vendo-o amuado, chamou o veterinário e lhe pediu um remédio para o pobre. Prescreveu o 
curandeiro que necessitava uma infusão com o pulmão de uma cabra, pois era muito eficiente para 
devolver o vigor. Para isso então degolaram a cabra e assim curaram o asno. 
 
Moral da história: Em todo plano de maldade, a vítima principal sempre é seu próprio criador. 
 Esopo 
A Raposa e a Serpente 
 Havia uma figueira à margem de um caminho. Uma raposa viu junto a ela uma serpente 
adormecida. Vendo aquele corpo tão largo, e pensando em igualá-lo, se deitou à raposa no chão, ao 
lado da serpente, e tentou estirar-se o quanto pôde, até que por fim, de tanto esforço, rebentou-se. 
 
Moral da história: Não imites os maiores se não tens condições de fazê-lo. 
 
Esopo 
 
A Gata e Afrodite 
 Uma gata que se apaixonara por um fino rapaz pediu a Afrodite para transformá-la em 
mulher. Comovida por tal paixão, a deusa transformou o animal numa bela jovem. O rapaz a viu, 
apaixonou-se por ela e a desposou. 
 6 
 Para ver se a gata havia se transformado completamente em mulher, Afrodite colocou um 
camundongo no quarto nupcial. 
 Esquecendo onde estava, a bela criatura foi logo saltando do leito e pôs-se a correr atrás do 
ratinho para comê-lo. Indignada, a deusa fê-la voltar ao que era. 
 
Moral da história: O perverso pode mudar de aparência, mas não de hábitos. 
 
Esopo 
A Raposa e o Lenhador 
 Uma raposa era perseguida por uns caçadores, quando viu um lenhador e suplicou que ele a 
escondesse. O homem então lhe aconselhou que entrasse em sua cabana. 
 De imediato chegaram os caçadores, e perguntaram ao lenhador se havia visto a raposa. 
 Com a voz ele disse que não, mas com sua mão disfarçadamente mostrava onde havia se 
escondido. 
 Os caçadores não compreenderam os sinais da mão e se confiaram no que disse com as 
palavras. 
 A raposa, ao vê-los irem, saiu sem dizer nada. 
 O lenhador a reprovou porque, apesar de tê-la salvo, não agradecera, ao que a raposa 
respondeu: 
 — Agradeceria se tuas mãos e tua boca tivessem dito o mesmo. 
 
Moral da história: Não negues com teus atos, o que pregas com tuas palavras. 
Esopo 
O ADIVINHO 
Acomodado em uma praça pública, um adivinho se ocupava em seu ofício. De repente 
aproximou-se dele um homem, avisando que as portas de sua casa estavam abertas e que haviam 
roubado tudo o que havia em seu interior. Levantou-se em um salto e correu, desengonçado e 
suspirando, para ver o que havia acontecido. Um dos que ali se encontravam, vendo-o correr lhe 
disse: — Olhe, amigo! Tu que dizes prever o que ocorrerá aos outros, por que não previu o que se 
sucederia a ti? 
Moral da história: Sempre há pessoas que pretendem controlar o que não lhes corresponde, mas não 
conseguem administrar suas próprias coisas. 
Esopo 
O camelo, o elefante e o macaco 
 Votavam os animais para eleger um rei. O camelo e o elefante se puseram a disputar os 
votos, já que esperavam ser preferidos por causa de seu tamanho e sua força. Porém, chegou o 
macaco e os declararam incapazes de reinar. 
 — O camelo não serve - disse - porque não se encoleriza contra os bandidos e o elefante 
tampouco nos serve porque teremos de temer o ataque do marrano, animal a quem teme o elefante. 
 
Moral da história: A maior fortaleza sempre se mede no ponto mais fraco. 
 
 Esopo 
 7
 
O cão dorminhoco e o lobo 
 Como estava dormindo à porta de um estábulo, um cão foi surpreendido por um lobo que se 
lançou sobre ele, pronto para devorá-lo. Mas o cão lhe pediu para adiar o sacrifício: 
 — Agora - disse ele - estou raquítico e doente. Mas espera um pouco, meus donos estão para 
comemorar suas núpcias; comerei muito e, bem gordinho, serei para ti um prato delicioso. 
 O lobo acreditou nele e se foi. Alguns anos depois, ele voltou e viu que o cão estava 
dormindo no andar de cima da casa. De baixo, ele chamou: 
 — Lembras de mim - disse ele - daquilo que combinamos? 
O cão então falou: 
 — Ô seu lobo, quando me vires de agora em diante dormir diante do estábulo, não esperes 
mais as núpcias. 
 
Moral da história: Uma vez salvo do perigo, o homem sensato se previne para sempre. 
Esopo 
 
O camponês e os cães 
 Um camponês ficou preso em seu estábulo pela tempestade. Como não podia sair para 
procurar alimento, começou a comer seus carneiros. Como a tempestade continuasse, devorou as 
cabras. No terceiro dia, como não houvesse melhora, matou os bois de arado. Vendo-o agir assim, 
os cães falaram entre si: 
 — Vamos embora, pois se o nosso dono não hesitou em matar os bois, por que iria nos 
poupar? 
 
Moral da história: Resguardemo-nos de quem não hesita em fazer o mal a seus próximos. 
Esopo 
 
LOBO EM PELE DE CORDEIRO 
Um dia, o lobo teve a idéia de mudar sua aparência para conseguir comida de uma forma mais 
fácil. Então, vestiu uma pele de cordeiro e saiu para pastar com o resto do rebanho, despistando 
totalmente o pastor. Para sua sorte, ao entardecer, foi levado junto com todo o rebanho para um 
celeiro. Durante a noite, o pastor foi buscar um pouco de carne para o dia seguinte. Chegando no 
celeiro, puxou a primeira ovelha que encontrou. Era o lobo fingindo ser um cordeiro. 
Moral da história: Sempre que enganamos os outros, pagamos pelo nosso erro logo em seguida. 
 
Esopo 
 
 
 
 
 
 8 
 
A reunião geral dos Rato 
 
 Há muito tempo, em uma fazenda, um gato, ótimo caçador de ratos, andava fazendoum 
grande estrago entre a rataria. Caçava tantos ratos que os sobreviventes estavam quase morrendo de 
fome, pois tinham muito medo de sair de suas tocas. 
Como o problema havia atingido grandes proporções, os ratos resolveram marcar uma 
assembléia para tentar encontrar uma saída. 
Esperaram uma noite em que o gato dormiu profundamente no topo da chaminé e reuniram-se 
no celeiro. A apreensão era grande, todos estavam nervosos, mas um rato teve uma idéia e falou: 
 — A melhor maneira de nos defendermos é pendurarmos um sino no pescoço do gato. 
Assim, quando ele se aproximar, escutaremos o sino e teremos tempo para fugir. 
Foi uma grande festa. Todos adoraram a idéia e aprovaram com aplausos. Mas um rato mais velho, 
que estava em cima de um saco de milho, pediu a palavra e disse: 
 — A idéia é muito boa... é boa sim, mas... Quem é que vai pendurar o sino no pescoço do 
gato? 
 Silêncio geral. Um a um, os ratos foram se retirando, e acabou-se a assembléia geral dos 
ratos. 
 
Moral da história: Falar é fácil, fazer é difícil! 
 
Esopo, Adaptação de Monteiro Lobato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9
 
 
 
 
 
 
O patinho feio 
 
 Era uma vez uma mamãe pata que pôs cinco ovos. Quatro lindos patinhos saíram primeiro 
da casca e, por último, um patinho tão feio que dava dó. - Quando crescer ficará bonito - pensou 
esperançosa, a mamãe pata. 
 O patinho crescia e a mamãe pata ficava mais triste. Ele continuava feio e esquisito. 
 Os mais velhos o olhavam com pena. Os mais moços zombavam dele chamando-o de 
"Patinho Feio". 
 Pobre patinho! Vivia triste e não brincava com ninguém por causa da sua feiúra. O patinho 
preferia ficar sozinho a perto daqueles que riam dele. Um dia, resolveu ir embora para bem longe. 
 Andou muito pela floresta, até que anoiteceu. Ele estava cansado, com fome e com muito 
medo. Também estava triste com seus amigos e, por isso, venceu o medo e adormeceu ali mesmo. 
 De manhã, quando acordou, ainda tinha fome. Andou mais um pouco e ouviu um barulho de 
água. 
 Correu e encontrou um lago, onde alguns patos selvagens brincavam alegremente. 
 Quis falar com eles, mas um barulho de espingarda espantou a todos. E ele ficou sozinho 
novamente. 
 O patinho resolveu ficar ali mesmo, pois tinha muitos peixes para se alimentar. Com o 
tempo, foi ficando mais forte e robusto. 
 A primavera chegou e todos os cisnes resolveram aparecer no lago. Um deles veio conversar 
com o patinho. Ele não acreditava que um belo cisne quisesse ser seu amigo de verdade. - Ora, olhe 
seu reflexo na água - pediu o cisne. 
 O patinho viu o reflexo e descobriu que ele também era um cisne! Então, resolveu juntar-se 
àqueles lindos e majestosos cisnes e viveu feliz para sempre. 
Hans Christian Andersen 
 
 
O gato de botas 
 
 Um velho moleiro, sentindo a morte chegar, dividiu seus bens entre seus 
três filhos. 
 O mais velho herdou o moinho, o segundo um jumento capenga e o 
caçula um gato. 
 O gato, vendo o seu novo dono muito desiludido com a sua parte na 
herança, disse-lhe: 
 — Não te entristeças, meu amo, tenhas confiança em mim. Eu te farei um homem rico. 
Preciso somente que tu me dês algumas roupas. 
 Assim, o rapaz deu ao gato um velho chapéu e um par de botas que ele havia recuperado no 
celeiro. 
 Também lhe fez uma capa e deu-lhe um grande saco. 
 — Eu te prometo voltar com boas novas - disse o gato a seu amo quando partiu. 
 No caminho, encontrou uma bela ovelha e colocou imediatamente seus projetos em 
execução. Pulou sobre ela e enfiou-a no saco. 
 
 10
 —Majestade, é uma felicidade para mim, oferecer-lhe este humilde presente. Quem o envia 
é marquês de Carabás, meu amo - disse ao rei, fazendo uma profunda reverência. 
 Nos dias seguintes o monarca continuou recebendo presentes da parte do famoso marquês 
que ninguém conhecia... 
 Alguns dias depois, o gato disse a seu amo: 
 —Não me faças perguntas, mas faz o que eu digo. Amanhã de manhã, vai tomar banho no 
rio e espera que a carruagem do rei passe por ali. 
 Na manhã seguinte, enquanto o seu amo banhava-se no rio, o rei passou por ali com a sua 
filha. 
 —Socorro, socorro! Meu amo, o marquês de Carabás está se afogando! - gritou o gato. 
 O rei parou a carruagem e deu ordem a seus lacaios para socorrer o marquês e procurar-lhe 
roupas adequadas. O monarca não tinha esquecido os numerosos presentes recebidos... 
 Depois o convidou para subir na carruagem. A princesa logo ficou encantada com o charme 
do jovem marquês. 
 Os campos estendiam-se a perder de vista ao longo do caminho que a carruagem real 
percorreria. 
 — O rei logo vai passar por aqui - disse o gato aos lavradores. Se ele perguntar a quem 
pertencem estas terras, respondam-lhe que pertencem ao marquês de Carabás, caso contrário farei 
picadinho de vocês! 
 Os camponeses ficaram amedrontados e obedeceram ao gato de botas. O rei ficou 
impressionado com os muitos bens que o amável marquês possuía. 
 O soberano pensou que jamais encontraria melhor partido para sua filha. E vendo os olhares 
que ela dedicava ao jovem marquês, compreendeu que ela já o amava. 
 Alguns dias mais tarde a princesa e o filho do moleiro se casaram e foram muito felizes. 
 
 http://www.terravista.pt/FerNoronha/2352/ 
O Príncipe Sapo 
 Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas. 
A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu 
rosto. Perto do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um lagoa sob uma 
velha árvore. Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte. 
Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa bola era seu brinquedo 
favorito. Porém, aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua 
mão, mas sim no solo, rodando e caindo direto na água. A princesa viu como ia desaparecendo na 
lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo. Então, começou a chorar, mais e mais forte, e 
não se consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz: 
— Que te aflige, princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena. 
 Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora 
d’água. 
 — Ah, és tu, sapo - disse - Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa. 
— Calma, não chores -disse o sapo – Posso ajudar-te, porém, que me darás se te devolver a 
bola? 
 — O que quiseres, querido sapo - disse ela - Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, a 
coroa de ouro que levo. 
 O sapo disse: 
 — Não me interessam tuas roupas, tuas pérolas nem tuas jóias, nem a coroa. Porém, me 
prometes deixar-me ser teu companheiro e brincar contigo, sentar a teu lado na mesa, comer em teu 
 11
pratinho de ouro, beber de teu copinho e dormir em tua cama ? Se me prometes isto, eu descerei e 
trarei tua bola de ouro. 
 — Oh, sim- disse ela - Te prometo tudo o que quiseres, porém, devolve minha bola – mas 
pensou- Fala como um tolo. Tudo o que faz é sentar-se na água com outros sapos e coachar. Não 
pode ser companheiro de um ser humano. 
 O sapo, uma vez recebida a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois, 
voltou nadando com a bola na boca, e a lançou na grama. A princesinha estava encantada de ver seu 
precioso brinquedo outra vez, colheu-a e saiu correndo com ela. 
 — Espera, espera - disse o sapo – Leva-me. Não posso correr tanto como tu ! 
 Mas, de nada serviu coachar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu 
para casa, esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra vez. 
 No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda a corte, estava comendo em seu 
pratinho de ouro e algo veio arrastando-se, splash, splish splash pela escada de mármore. Quando 
chegou ao alto, chamou à porta e gritou: 
 — Princesa, jovem princesa, abre a porta. 
 Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante delae 
a princesa bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito assustada. O rei se deu 
conta de que seu coração batia violentamente e disse: - Minha filha, por que estás assustada? Há um 
gigante aí fora que te quer levar? 
 — Ah, não, respondeu ela - não é um gigante, senão um sapo. 
 — O que quer o sapo de ti? 
 — Ah, querido pai, estava jogando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro 
caiu na água. Como gritei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi-lhe que seria 
meu companheiro, porém, nunca pensei que seria capaz de sair da água. 
 Entretanto, o sapo chamou à porta outra vez e gritou: 
 — Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não lembras que me disseste na lagoa? 
 Princesa, jovem princesa, abre a porta. 
 Então o rei disse: 
 — Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar. 
 Ela abriu a porta, o sapo saltou e a seguiu até sua cadeira. Sentou-se e gritou: 
 — Sobe-me contigo. 
 Ela o ignorou até que o rei lhe ordenou. Uma vez que o sapo estava na cadeira, quis sentar-
se à mesa. Quando subiu, disse: 
 — Aproxima teu pratinho de ouro porque devemos comer juntos. 
 Ela o fez, porém se via que não de boa vontade. O sapo aproveitou para comer, porém, ela 
enjoava a cada bocado. Em seguida, disse o sapo: 
 — Como eu estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me ao quarto, prepara tua caminha de 
seda e nós dois vamos dormir. 
 A princesa começou a chorar porque não gostava da idéia de que o sapo ia dormir na sua 
preciosa e limpa caminha. Porém, o rei se aborreceu e disse: 
 — Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas problemas. 
 Assim, ela pegou o sapo com dois dedos e o levou para cima e a deixou num canto. Porém, 
quando estava na cama o sapo se arrastou até ela e disse: 
 — Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto a teu pai. 
 A princesa ficou então muito aborrecida. Pegou o sapo e o jogou contra a parede. 
 — Cale-se, bicho odioso – disse ela. Porém, quando caiu ao chão não era um sapo, e sim um 
príncipe com preciosos olhos. Por desejo de seu pai, ele era seu companheiro e marido. Ele contou 
como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto 
ela. Também disse que, no dia seguinte, iriam todos juntos ao seu reino. 
 Se foram dormir e na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem 
puxada por oito cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça. Estavam enfeitados com 
correntes de ouro. Atrás, estava o jovem escudeiro do rei, Henrique. Henrique havia sido tão 
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desgraçado quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de ferro rodeando seu 
coração, para se acaso estalasse de pesar e tristeza. 
 A carruagem ia levar o jovem rei a seu reino. Henrique os ajudou a entrar e subiu atrás de 
novo, cheio de alegria pela libertação, e quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho 
do rei escutou um ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim, deu a volta e gritou: 
 — Henrique, o carro está se rompendo. 
 — Não amo, não é o carro. É uma faixa de meu coração, a coloquei por causa da minha 
grande dor quando eras sapo e prisioneiro do feitiço. 
 Duas vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez o filho do rei 
pensou que o carro estava rompendo, porém , eram apenas as faixas que estavam se desprendendo 
do coração de Henrique porque seu senhor estava livre e era feliz. 
 
Irmãos Grim 
 
O Resgate dos Filhotes 
 
Sou Pongo e minha esposa Perdita. 
Temos quinze lindos filhotes. 
Uma noite saímos para dar um passeio, e dois homens maus chamados Alípio e 
Leitão roubaram nossos filhotes. 
 Usamos o Latido do Anoitecer para pedir ajuda a nossos amigos 
animais. 
 Logo as notícias se espalharam pelo campo. 
 Um cão de caça chamado Towser soube das notícias a respeito de nossos filhotes. 
 Ele contou a seus amigos: Capitão, Coronel e Sargento Neco. 
 Eles decidiram ajudar a procurar os filhotes. 
 O Sargento Neco ouviu latidos em uma casa grande e velha. 
 Ele foi investigar. Encontrou mais de quinze filhotes. Havia noventa e nove! 
 Quando soubemos das notícias, fomos em direção à casa. 
 Enquanto isso, nosso amigo, o Sargento Neco, com muita coragem começou a salvar os 
filhotes. Perdita e eu entramos em ação assim que chegamos. Os vilões não tinham nenhuma 
chance! 
 Graças a nosso novo amigo, nossos filhotes estavam a salvo. 
 E levamos também os outros filhotes para nossa casa. 
Walt Disney 
 
Tarzan 
 
Numa noite de tempestade, perto da costa da África, um homem usou um barco a remo para 
salvar sua esposa e seu bebê de um naufrágio. Logo alcançaram a praia de uma ilha próxima e 
construíram uma casa em uma árvore para abrigar-se. 
Nenhum outro ser humano vivia naquela ilha, cuja selva estava cheia de animais. 
 Um dia, uma gorila chamada Kala desgarrou-se do seu grupo. Ela estava muito triste, pois 
tinha perdido seu bebê para o maior inimigo dos gorilas, o leopardo fêmea Sabor. 
 Foi então que Kala ouviu o choro de outro bebê e, seguindo o barulho, encontrou à casa da 
árvore. Bastou apenas uma olhadela para ver que a maldita Sabor tinha passado também por ali. 
 Kala sabia que aquela criaturinha que deveria ter uma família, pois encontrou o retrato dos 
pais, precisava de cuidados. 
 Então, a aconchegou com bondade em seus braços fortes. 
 Quando Kala voltou para casa, os outros macacos olharam espantados para o pequeno 
humano. 
 — O que é essa coisa esquisita? - resmungou Terk, a filha de Kala. 
 
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 — É um bebê - disse Kala. - Agora vou ser mãe dele também. 
 E, com cuidado, colocou o bebezinho nos braços de Terk. 
 — Ele não é igual a nós! - exclamou Kerchak, o chefe dos gorilas. 
 — Ele é um perigo para nossa família. Você tem de devolvê-lo! 
Mas , Kala já estava muito apegada ao bebê e acabou convencendo 
Kerchak a deixá-la ficar com a criança. Deu-lhe o nome de Tarzan. 
 Um dia, quando tinha cinco anos, Tarzan provocou sem querer o 
estouro de uma manada de elefantes. 
Zangado, Kerchak reclamou de Tarzan, dizendo a Kala que ele jamais se 
adaptaria. 
 Tarzan ficou chateado e com raiva de Kerchak. Ficou também 
muito triste por perceber quanto era diferente dos outros gorilas. Kala 
logo compreendeu o sofrimento do filho. Com muito carinho, mostrou-
lhe que, por dentro, eram iguais. Era isso que importava. 
 Tarzan estava decidido a provar seu valor a Kerchak. Queria ser o melhor gorila do mundo. 
Com os hipopótamos, aprendeu a nadar. Com os macacos, a se balançar nos cipós. 
 Observando o chifre do rinoceronte, teve a idéia de criar uma ferramenta especial: uma 
lança. 
 Um dia, Kerchak travou uma grande batalha com Sabor. A fera assassina estava quase 
vencendo a luta quando Tarzan chegou para ajudar o gorila. 
 Derrotou Sabor e salvou Kerchak. 
 Os gorilas ficaram muito contentes! Kala estava orgulhosa. Finalmente, Kerchak aceitava 
Tarzan como membro da família! 
 De repente, ecoou pela selva um barulho terrível e nunca antes ouvido: tiros! 
 Kerchak imediatamente conduziu sua família para um lugar seguro. Mas, Tarzan ficou 
curioso. Correu para ver de onde tinha vindo aquele "trovão”. 
 Ficou chocado quando viu três criaturas muito parecidas com ele. As criaturas eram o 
professor Porter, sua filha Jane e o guia deles, Clayton. Os Porters tinham vindo para a África 
estudar gorilas. 
 Então, Jane foi atacada por um grupo de babuínos. Tarzan logo pulou num cipó para salvá-
la! 
 Tarzan queria falar com Jane também. Pegou suavemente no queixo da moça e finalmente 
os dois se apresentaram. 
 Kerchak ordenou a Tarzan que ficasse longe daquelas criaturas estranhas e barulhentas. Mas, 
Tarzan queria saber mais a respeito delas. 
 No acampamento dos humanos, Tarzan aprendeu muitas coisas.Tarzan ensinou-lhes a dizer 
"Jane fica com Tarzan" na língua dos gorilas. 
Kerchak estava furioso com a atitude de Tarzan, levando os humanos para ver os gorilas. 
 Os bebês macacos adoraram Jane! 
 Mas, Kerchakos atacou e Tarzan o segurou para que os humanos fugissem. 
 Kala ,então, resolveu contar a verdade levando Tarzan à casa da árvore para que ele 
soubesse da sua origem e pudesse escolher: viver com os macacos ou com os humanos. 
 Tarzan escolheu Jane! 
 E todos assistiram à partida do amigo. Estavam mais tristes do que zangados. 
 A bordo do navio, Tarzan teve uma surpresa desagradável. Clayton assumiu o comando e 
deixou-o todo prisioneiros. 
Quando soube do plano para capturar macacos, Tarzan deu um grito terrível. 
Os amigos da selva vieram todos ajudar Tarzan a salvar os gorilas das garras de Clayton. 
Jane e Porter também vieram ajudar os amigos. 
De repente, Clayton atira em Kerchak. Antes de morrer, desculpa-se e pede ao filho que 
cuide da família, porque de agora em diante, ele seria o grande líder. 
E, assim, todos ficaram juntos e viveram felizes para sempre. 
Wal Disney 
 
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O Lobo e os sete cabritinhos 
 
 “Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o amor que as 
mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então, 
chamou os cabritinhos e lhes disse”: 
 — Queridos filhinhos, preciso ir à floresta. Tenham muito cuidado por causa do lobo. Se ele 
entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pela sua 
voz rouca e por suas patas pretas. 
 Os cabritinhos responderam: 
 — Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado. 
 A cabra saiu e foi andando despreocupada. Não se passou muito tempo e alguém bateu à 
porta dizendo: 
 — Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um 
de vocês. 
 Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam: 
 — Não abriremos a porta, não! Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e 
agradável. A sua é rouca. Você é o lobo! 
 O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de giz e os comeu para amaciar a voz. 
Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta, e disse: 
 — Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de 
vocês. 
 Mas , o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam: 
 — Não abriremos a porta, não! Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o 
lobo. 
 O lobo foi à padaria e disse ao padeiro: 
 — Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las em um pouco de farinha. O padeiro pensou 
consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém". E recusou-se a fazer o que ele pedia. O 
lobo, porém, ameaçou devorá-lo e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha nas patas. 
 Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos: 
— Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma 
coisa para cada um de vocês. 
 Os cabritinhos disseram: 
 — Primeiro, mostre-nos suas patas, para vermos se você é mesmo nossa mãezinha. 
 O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram 
a porta. 
 Mas, que surpresa!!! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar. 
Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro se meteu na cama; o 
terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o 
sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, na caixa do relógio. O lobo os foi achando e comendo, um a 
um. Só escapou o mais moço, que estava na caixa do relógio. 
 Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco, 
pegou no sono. Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta 
estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os 
travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes, 
mas não responderam. Afinal, quando chamou o mais moço, uma vozinha muito sumida respondeu: 
 — Mãezinha querida, estou aqui, no relógio. 
 Ela o tirou de lá, e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. A pobre cabra chorou ao 
pensar no triste fim de seus filhinhos!!! Alguns minutos depois, ela saiu e foi andando tristemente 
pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. Quando chegaram ao gramado, viram o lobo 
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dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra 
reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo. 
 — Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos, dentro da barriga do lobo? 
pensou ela falando alto. 
 Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Mal a cabra fez 
um corte na barriga do lobo malvado, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um 
pouco e os seis saltaram, um a um. Como ficaram contentes!!! Cada qual queria abraçar mais a 
mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo 
acordasse. Mandou que os cabritos procurassem umas pedras bem grandes. Quando eles as 
trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-a rapidamente. Daí a momentos, o 
lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a 
andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se 
a pensar: 
 "Estavam bem gostosinhos 
 Os cabritos que comi. 
 Mas depois, que coisa estranha! 
 Que enorme peso senti!” 
 Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá 
dentro e morreu afogado. Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram e foram dançar, junto 
ao poço, cantando, todos ao mesmo tempo”: 
 "Podemos viver, 
Sem ter mais cuidado. 
O lobo malvado morreu, 
No poço afogado.” 
Irmãos Grimm 
Dumbo 
 E as cegonhas sobrevoavam o alojamento de um circo de inverno à procura das mães dos 
filhotes que carregavam em seus enormes bicos. 
Todas ganhavam, a mamãe girafa, a mamãe ursa, a mamãe hipopótamo, só Dona Jumbo, a mamãe 
elefante não ganhou seu filhote tão esperado. 
 Assim o circo embarca trazendo muita diversão. 
 De repente, uma cegonha um pouco atrasada, chega trazendo o tão esperado filhote de Dona 
Jumbo. 
 Puxa, que alegria! 
 Jumbo Júnior era o seu nome. 
 — Mas que orelhas! disse uma companheira da Sra Jumbo. O seu nome será Dumbo! 
 Não importava, Dumbo ou Jumbo Júnior, era o filhote mais querido e esperado. Dona 
Jumbo tratava-o com muito carinho! 
 E assim a Sra. Jumbo e Dumbo passaram a noite mais feliz de suas vidas. 
 Mãe e filho, juntos. 
 No dia seguinte, o público começou a chegar para o grande espetáculo. 
 Dumbo chamou muito a atenção de todos, pois sua orelha era enorme mesmo. As crianças 
começaram a zombar de Dumbo e como toda mãe, Dona Jumbo foi defender seu filhote daquela 
zombaria, mas se excedeu demais. Acabou indo para solitária 
 Pobre Dumbo, ficou só. As companheiras da Sra Jumbo, ignoravam o elefantinho que 
precisava apenas de um pouco de atenção. 
 Mas Timóteo, um simpático ratinho, estava sentado comendo as sobras de amendoim 
deixadas pelo público, observava tudo e ficou indignado com a atitude daqueles paquidermes e 
resolveu ajudar Dumbo. 
 Tornou-se o melhor amigo de Dumbo! 
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 No dia seguinte, o número que os elefantes iriam apresentar seria a formação de uma 
pirâmide e no topo Dumbo seria lançado. Timóteo como seu amigo, deu-lhe a maior força, mas foi 
um desastre! 
 Dumbo então foi transformado em um palhaço! 
 Mas Dumbo estava muito triste, pois ele era um elefante e não um palhaço! E timóteo para 
reanimá-lo conseguiu que Dumbo fosse ver sua mãe na solitária. 
 Sra. Jumbo naquela noite ninou o seu bebê! 
 Sem querer os dois amigos vão parar em cima de uma árvore, onde estavam sendo 
observados pelos corvos. 
 Timóteo então descobriu que eles poderiam ter voado! 
 — Você pode voar, suas orelhas são perfeitas asas - disse Timóteo! 
 Dumbo, então, é incentivado a voar pelos corvos que lhe dão uma pena e Timóteo dizia ser a 
pena mágica. 
 — Voe, voe,bata as asas, vamos! Você pode! Você pode! - gritava Timóteo! 
 Finalmente, Dumbo voou! 
 No dia seguinte, Dumbo transforma-se na principal atração do circo. 
 Usando suas orelhas, ele faz o que nenhum outro elefante conseguiu: voar! Agora, Dumbo é 
um verdadeiro herói e brilha como a estrela voadora do circo, trazendo alegria e diversão para 
todos. 
Walt Disney 
 
Robin Hood 
 
— “Escutem! Escutem a história de Robin Hood”. 
Ele defende as pessoas pobres e as infelizes, de um príncipe malvado 
que sempre tira seu dinheiro. 
— “Silêncio ! - diz Robin Hood a seu amigo João pequeno. O que você 
está escutando?”. 
— É o som de um tambor.” 
 Aproxima-se uma grande carruagem puxada por elefantes. 
 O que tem atrás de suas cortinas fechadas? 
 — Seguramente, um homem importante!- diz João Pequeno. 
 — Só pode ser o Príncipe! - responde Robin Hood. 
 No interior da carruagem, o Príncipe está brincando diante de seu amigo Sir Chio. 
 Ele brinca com suas moedas de ouro. 
 — Vamos nos disfarçar de ciganos?- diz Robin para João Pequeno. 
 O Príncipe viu os ciganos e fez sua carruagem parar. 
 — Você, pequena, encoberta com um lenço de bolinhas, venha prever o meu futuro". 
 Robin está dentro da carruagem. . . E João Pequeno está embaixo do cofre. Ele o abre 
e o esvazia. 
 João Pequeno escondeu o ouro dentro de seu colete. Ele corre. Hop! Hop! Hop! Tão 
rápido, que Robin Hood, encoberto com o lenço de bolinhas, salta da carruagem. 
 — Ladrões! Ladrões! Socorro! 
 — Eles me roubaram! - grita o Príncipe. 
 — Vamos pegá-los! 
 — Vamos recuperar o roubo! 
 — Meu ouro! Eles carregam meu tesouro! Roubaram todo meu tesouro! 
 — Meu ouro! Meu ouro! Onde está meu ouro? 
 Eis o príncipe deitado no barro, enlameado, sujo e triste! 
 — Trala-lá, você caiu por terra! Bem feito para você! Viva Robin e João Pequeno! 
-exclamam as pessoas. Eles vêm nos entregar o dinheiro. 
 — Cantemos! 
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 — Dancemos! 
 — Que todos estejam contentes! 
 — Agora é festa! 
Walt Disney 
 
 
A Bela e a Fera 
 
Era uma vez... um comerciante que morava com sua filha, uma moça 
chamada Bela, que gostava muito de ler. 
Em certa ocasião, quando o pai voltava de uma viagem muito distante, 
anoiteceu e ele perdeu o caminho. Como não sabia o que fazer, o 
homem deixou-se guiar pelo cavalo. Depois de um certo tempo, 
chegaram a um palácio que parecia abandonado. O comerciante 
refugiou-se ali para passar a noite. 
 No dia seguinte, cortou uma rosa do jardim para levar a sua filha. Apareceu, então, uma fera 
rugindo, um ser selvagem e monstruoso que disse: 
 — Morrerás por roubar as rosas do meu jardim! 
 Aterrorizado, o pobre homem suplicou: 
 — Deixa que me despeça da minha filha. 
 A Fera concedeu-lhe o pedido. De volta a sua casa, contou o ocorrido a sua filha. Sem medo, 
ela decidiu voltar ao palácio com o pai. 
 Uma vez no palácio da Fera, Bela tomou coragem e fez uma proposta: 
 — Deixa meu pai ir embora. Eu ficarei no lugar dele. 
 Bela tinha medo de morrer, mas podia perceber que a Fera a tratava bem, permitindo-lhe 
inclusive ler na biblioteca do castelo. 
 Com o passar dos dias, o monstro apaixonou-se por Bela, e numa noite pediu-a em 
casamento. Bela não aceitou, mas ofereceu sua amizade. 
 Um dia, Bela pediu permissão à Fera para visitar o seu pai. 
 — Voltarei logo - prometeu. 
 A Fera, que nada lhe podia negar, a deixou partir. Bela passou muitos dias cuidando de seu 
pai, que estava doente, tinha envelhecido de tristeza pensando que tinha perdido a filha para sempre. 
 Quando Bela retornou ao palácio, encontrou a Fera no chão meio morta de saudade por sua 
ausência. Então Bela ,soube o quanto era amada. 
 — Não morras, caso-me contigo - disse-lhe chorando. 
 Comovida, Bela o beija... ... E, nesse momento, o monstro transformou-se num belo 
príncipe. Uma bruxa o havia enfeitiçado até que alguém o amasse. A verdadeira beleza está no 
coração. 
 
Clássicos de Ouro 
 
 
Cachinhos de Ouro 
 
Era uma vez... uma menina chamada Cachinhos de Ouro. Ela gostava de 
passear pela floresta nas manhãs de primavera. Numa dessas manhãs, ela ia 
andando, andando, andando, quando avistou lá longe uma casinha. Curiosa, 
apressou o passo e logo, logo chegou bem perto. 
Cachinhos de Ouro ficou encantada com a formosura da casa. 
Mas nunca imaginaria que ali moravam o Senhor Urso, a Dona Ursa e o 
filhote do casal, o Ursinho. 
 
 
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 Cachinhos de Ouro, ao ver que a casa estava fechada, espiou pela janela e viu que não havia 
ninguém. Deu uma volta ao redor da casa e nada, ninguém... Então, ela teve a certeza de que os 
donos daquela casa tinham saído. 
 Mas, ela não queria voltar pra casa sem ver o que havia dentro daquela casinha. E com um 
forte empurrão, conseguiu abrir a porta e entrou. Na sala, havia uma mesa com três pratos cheios de 
sopa. A menina, que estava com muita fome, sentou-se e rapidinho tomou a sopa. 
 Em seguida, ela sentou na cadeira do senhor Urso; depois, na cadeira da Dona Ursa e, por 
fim, na cadeirinha do Ursinho, que era a mais bonitinha e muito gostosa de se sentar. Logo que ela 
sentou, ela começou a se espreguiçar. Ah! Ah! Foi quando a cadeirinha... ploft... quebrou, e a 
menina foi ao chão. 
 Daí, Cachinhos de Ouro foi até o quarto e lá viu três camas. Deitou na cama do senhor Urso, 
depois na cama de Dona Ursa. E a caminha do Ursinho, assim como a cadeirinha, parecia a mais 
gostosa de todas pra se dormir. Não parou para pensar. Deitou-se nela e acabou dormindo 
suavemente. 
 A família Urso, que despreocupada passeava pela floresta, resolveu voltar. Ao chegarem, 
logo perceberam que alguém tinha tomado a sopa toda. Aí o Ursinho exclamou: 
 — Alguém tomou a minha sopa! 
 Viram depois que alguém tinha sentado em todas as cadeiras da casa. E, imediatamente, o 
Ursinho berrou: 
 — Minha cadeirinha está quebrada! 
 Os três olharam muito espantados e foram juntos para o quarto pra ver se alguma coisa tinha 
acontecido ali também. E o Ursinho gritou logo: 
 — Tem alguém dormindo na minha caminha! 
 Com os gritos do Ursinho, Cachinhos de Ouro acordou muito assustada... Porque se viu 
frente a frente com toda a família Urso. Então, ela pulou da cama e, muito envergonhada, pediu 
desculpas e saiu correndo pra casa. 
 
Clássicos de Ouro 
 
Soldadinho de Chumbo 
 
 Era uma vez um menino que tinha muitíssimos brinquedos. Guardava todos no seu quarto e, 
durante o dia, passava horas e horas felizes brincando com eles. 
 Um dos seus brinquedos preferidos era o de fazer a guerra com seus soldadinhos de chumbo. 
Colocava-os uns de frente para os outros e começava a batalha. Quando os ganhou de presente, se 
deu conta de que a um deles lhe faltava uma perna por causa de um defeito de fabricação. 
 Não obstante, enquanto jogava, colocava sempre o soldado mutilado na primeira linha, 
diante de todos, incentivando-o a ser o mais valente. Mas, o menino não sabia que os seus 
brinquedos durante a noite adquiriam vida e falavam entre eles, e, às vezes, ao colocar 
ordenadamente os soldados, colocava por descuido o soldadinho mutilado entre os outros 
brinquedos. 
 E foi assim que um dia o soldadinho pôde conhecer uma gentil bailarina, também de 
chumbo. Entre os dois se estabeleceu uma corrente de simpatia e, pouco a pouco, quase sem se dar 
conta, o soldadinho se apaixonou por ela. As noites continuavam rapidamente, uma atrás da outra, e 
o soldadinho apaixonado não encontrava nunca o momento oportuno para declarar seu amor. 
Quando o menino o deixava no meio dos outros soldados em uma batalha, torcia para que a 
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bailarina se desse conta do sua coragem pela noite, quando ela lhe perguntava se tinha tido medo, 
ele lhe respondia com veemência que não. 
 Mas, os olhares insistentes e os suspiros do soldadinho não passaram despercebidos pelo 
diabinho que estava trancado em uma caixa de surpresas. Cada vez que, por um passe de mágica, a 
caixa se abria à meia-noite, um dedo ameaçador apontava para o pobre soldadinho. 
 Finalmente, uma noite,o diabo explodiu: 
 — Hei, você! Deixe de olhar para a bailarina! 
 O pobre soldadinho ruborizou-se , mas a bailarina, muito gentil, o consolou: 
 — Não lhe dê ouvidos, é um invejoso. Eu estou muito feliz por falar com você. 
 E disse isso se ruborizando. 
 Pobres estatuazinhas de chumbo, tão tímidas, que não se atrevem a confessar seu mútuo 
amor! 
 Mas um dia foi separado, quando o menino colocou o soldadinho no batente de uma janela. 
 — Fique aqui e vigie para que não entre nenhum inimigo, porque mesmo que você seja 
manco, bem que pode servir para sentinela. 
 O menino logo colocou os outros soldadinhos em cima de uma mesa para brincar. 
 Passavam os dias e o soldadinho de chumbo não era deslocado do seu posto de guarda. 
 Uma tarde, começou de repente uma tormenta, e um forte vento sacudiu a janela, batendo na 
figurinha de chumbo, que se precipitou no chão. Ao cair do batente, com a cabeça para baixo, a 
baioneta do fuzil se cravou no chão. O vento e a chuva continuavam. Uma tempestade de verdade! 
A água, que caía a cântaros, logo formou amplas poças e pequenos riachos que escapavam pelo 
esgoto. Um grupo de garotos esperava que a chuva diminuísse, cobertos na porta de uma escola 
próxima. Quando a chuva parou, começaram a correr em direção às suas casas, evitando pôr os pés 
nas poças de lama maiores. Dois garotos refugiaram-se das últimas gotas que escorriam dos 
telhados, caminhando muito próximos às paredes dos edifícios. 
 Foi assim que viram o soldadinho de chumbo enterrado no chão, encharcado de água. 
 — Que pena que só tenha uma perna! Se não, eu o levaria para casa - disse um deles. 
 — Vamos levá-lo assim mesmo, para algo servirá - disse o outro, e o colocou em um dos 
bolsos. 
 No outro lado da rua, descia um riachinho, que transportava um barquinho de papel que 
chegou até ali, não se sabe como. 
 — Colocamo-lo em cima e parecerá um marinheiro! - disse o pequeno que o havia 
recolhido. 
 E foi assim que o soldadinho de chumbo transformou-se em um navegante. A água 
vertiginosa do riachinho era engolida pelo esgoto, que acabou engolindo também o barquinho. No 
canal subterrâneo o nível das águas turvas era alto. 
 Enormes ratazanas, cujos dentes rangiam, viram como passava diante delas o insólito 
marinheiro em cima do barquinho afundando. Mas, não fazia falta umas míseras ratazanas para 
assustá-lo, a ele que havia enfrentado tantos e tantos perigos em suas batalhas! 
 O esgoto desembocava no rio, até que o barquinho chegou ao final e afundou, sem solução, 
empurrado por redemoinhos turbulentos. 
 Depois do naufrágio, o soldadinho de chumbo acreditou que seu fim estava próximo, ao se 
submergir nas profundezas das águas. Milhares de pensamentos passaram, então, pela sua mente, 
mas, sobretudo, havia um que lhe angustiava mais que nenhum outro: era o de não voltar a ver 
jamais a sua bailarina... 
 Logo, uma boca imensa o engoliu para mudar seu destino. O soldadinho encontrou-se no 
escuro estômago de um enorme peixe, que avançou vorazmente sobre ele, atraído pelas cores 
brilhantes do seu uniforme. 
 Sem dúvida, o peixe não teve tempo de ter problemas de digestão com uma comida tão 
pesada, já que em pouco tempo foi preso pela rede que um pescador havia jogado ao rio. 
 Pouco depois, acabou agonizando em uma cesta de compra, junto com outros peixes tão 
infelizes como ele. Acontece que a cozinheira da casa na qual havia estado o soldadinho chegou ao 
mercado para comprar peixe. 
 20
 — Esse exemplar parece apropriado para os convidados desta noite - disse a mulher, 
contemplando o peixe exposto em cima de um balcão. 
 O peixe acabou na cozinha, e, quando a cozinheira o abriu para limpá-lo, ficou surpresa com 
o soldadinho em suas mãos. 
 — Mas esse é um dos soldadinhos de...! - gritou, e foi em busca do menino para contar-lhe 
onde e como havia encontrado seu soldadinho de chumbo que estava sem uma perna. 
 — Sim, é o meu! - exclamou espantado o menino ao reconhecer o soldadinho mutilado que 
havia perdido. 
 — Quem sabe como chegou até a barriga deste peixe! Coitadinho, quanta aventura haverá 
passado desde que caiu da janela! - e o colocou na estante da chaminé onde sua irmãzinha havia 
colocado a bailarina. 
 Um milagre havia reunido de novo os dois apaixonados. Felizes de estar outra vez juntos, 
durante a noite contavam o que havia acontecido desde a sua separação. 
 Mas, o destino lhes reservava outra surpresa ruim: um vendaval levantou a cortina da janela, 
e, batendo na bailarina, derrubou-a na lareira. 
 O soldadinho de chumbo, assustado, viu como sua companheira caía. Sabia que o fogo 
estava aceso porque notava seu calor. Desesperado, sentia-se incapaz de salvá-la. 
 Que grande inimigo é o fogo, que pode fundir umas estatuazinhas de chumbo como nós! 
Balançando-se com sua única perna, tratou de mover o pedestal que o sustentava. Depois de muito 
esforço, acabou finalmente caindo também ao fogo. Juntos dessa vez pela desgraça, voltaram a estar 
perto um do outro, tão perto que o chumbo de suas pequenas pernas, envolto em chamas, começou a 
fundir-se. 
 O chumbo da perna de um se misturou com o do outro, e o metal adquiriu 
surpreendentemente a forma de um coração. 
 Seus corpinhos estavam a ponto de se fundir, quando coincidiu passar por ali o menino. Ao 
ver as duas estatuazinhas entre as chamas, empurrou-as com o pé longe do fogo. Desde então, o 
soldadinho e a bailarina estiveram sempre juntos, tal como o destino os havia unido: sobre apenas 
uma perna em forma de coração. 
 
Hans Christian Andersen 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A Mula-Sem-Cabeça 
 
 Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas rodeando uma igreja, em noites 
escuras, pode haver aparições da Mula-Sem-Cabeça. Também se alguém passar correndo diante de 
uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi 
amaldiçoada. Toda passagem de quinta para sexta feira ela vai numa encruzilhada e ali se 
transforma na besta. 
 Então, ela vai percorrer sete povoados, ao longo daquela noite, e se encontrar alguém chupa 
seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, Mula-Sem-Cabeça, na verdade, de acordo com quem já 
a viu, ela aparece como um animal inteiro, forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem 
freios de ferro. 
 Nas noites em que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado de longos relinchos. Às vezes, 
parece chorar como se fosse uma pessoa. Ao ver a Mula, deve-se deitar de bruços no chão e 
esconder Unhas e Dentes para não ser atacado. 
 Se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a Mula-
Sem-Cabeça, voltará a ser gente, ficando livre da maldição que a castiga, para sempre. 
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O Lobisomem 
 Diz a lenda que quando uma mulher tem sete filhas e o oitavo filho é homem, esse menino 
será um Lobisomem. Também o será, o filho de mulher amancebada com um Padre. 
 Sempre pálido, magro e orelhas compridas, o menino nasce normal. Porém, logo que ele 
completa 13 anos, a maldição começa. 
 Na primeira noite de terça ou sexta-feira, depois do aniversário, ele sai à noite e vai até uma 
encruzilhada. Ali, no silêncio da noite, se transforma em Lobisomem pela primeira vez, e uiva para 
a lua. 
 Daí em diante, toda terça ou sexta-feira, ele corre pelas ruas ou estradas desertas com uma 
matilha de cachorros latindo atrás. Nessa noite, ele visita, sete partes da região, sete pátios de igreja, 
sete vilas e 7 encruzilhadas. Por onde passa, açoita os cachorros e apaga as luzes das ruas e das 
casas, enquanto uiva de forma horripilante. 
 Antes de o Sol nascer, quando o galo canta, o Lobisomem volta ao mesmo lugar de onde 
partiu e se transforma outra vez em homem. Quem estiver no caminho do Lobisomem, nessas 
noites, deve rezar três Ave-Marias para se proteger. 
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 Para quebrar o encanto, é preciso chegar bem perto, sem que ele perceba, e bater forte em 
sua cabeça. Se uma gota de sangue do Lobisomem atingira pessoa, ela também vira Lobisomem. 
 
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O ATAQUE DO LOBISOMEM 
 É noite de quinta para sexta-feira. Uma chuva fina cai sobre a cidade deserta e um vento 
forte sopra sobre suas ruas. Um homem caminha depressa pelas ruas mal-iluminadas. Ao ouvir um 
estranho ruído, apressa ainda mais o passo. Porém, sente que está sendo observado. 
 Completamente apavorado, começa a correr. Na esquina , vê um vulto escuro. Sentindo que 
está prestes a se tornar sua vítima, grita por socorro. Mas de nada adianta. 
 Desesperado, cai de joelhos ao chão e com os olhos cheios de lágrima vê a criatura atacar. 
Com uma dentada no pescoço, o Lobisomem suga seu sangue. Seu corpo fica inerte no chão. 
 Meio bicho, meio gente, a besta sai em disparada para atacar outras possíveis vítimas. 
Quando o galo começa a cantar, o Lobisomem retoma a sua condição anterior: volta a ser homem, 
cansado e com os cotovelos cobertos de sangue. 
 Isolado, fica aguardando a próxima oportunidade em que voltará a atacar suas vítimas. 
Lendas e Mitos do Folclore Brasileiro 
O Papa Figo 
O Papa Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem aparência extraordinária. Parece mais 
com uma pessoa comum. Outras vezes, pode parecer como um velho esquisito que carrega um 
grande saco às costas. 
Na verdade, ele mesmo pouco aparece. Prefere mandar seus ajudantes em busca de suas 
vítimas. Os ajudantes, por sua vez, usam de todos os artifícios para atrair as vítimas- todas crianças 
claro-, tais como; distribuir presentes, doces, dinheiro, brinquedos ou comida. Eles agem em 
qualquer lugar público ou em portas de escolas, parques, ou mesmo locais desertos. 
Depois de atrair as vítimas, estas são levadas para o verdadeiro Papa-Figo, um sujeito 
estranho, que sofre de uma doença rara e sem cura. Um sintoma dessa doença seria o crescimento 
anormal de suas orelhas. 
Diz a lenda, que para aliviar os sintomas dessa terrível doença ou maldição, o Papa-Figo, 
precisa se alimentar do fígado de uma criança. Feita a extração do fígado, eles costumam deixar 
junto com a vítima, uma grande quantia em dinheiro, que é para o enterro e também para compensar 
a família. 
Origem: Mito muito comum em todo meio rural. Acredita-se que a intenção do conto era 
para alertar as crianças para o contato com estranhos, como no conto de Chapeuzinho Vermelho. 
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Mulher da Meia Noite 
 
A Mulher da Meia Noite, também Dama de Vermelho, Dama de Branco, é um mito 
universal. Ocorre nas Américas e em toda Europa. 
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É uma aparição na forma de uma bela mulher, normalmente vestida de vermelho, mas pode 
ser também de branco. Alguns dizem, que é uma alma penada que não sabe que já morreu , outros 
afirmam que é o fantasma de uma jovem assassinada que ,desde então, vaga sem rumo. 
Na verdade, ela não aparece à meia-noite, e sim, desaparece nessa hora. Linda como é, 
parece uma jovem normal. Gosta de se aproximar de homens solitários nas mesas de bar. Senta com 
ele, e logo o convida para que a leve para casa. Encantado com tamanha beleza, todos topam na 
hora. Eles caminham, e conversando logo chegam ao destino. Parando ao lado de um muro alto, ela 
então diz ao acompanhante: "É aqui que eu moro...". É nesse momento que a pessoa se dá conta que 
está ao lado de um cemitério, e antes que possa dizer alguma coisa, ela desaparece e, nessa hora, o 
sino da igreja anuncia que é meia noite. 
Outras vezes, ela surge nas estradas desertas, pedindo carona. Então pede ao motorista que a 
acompanhe até sua casa. E, mais uma vez, a pessoa só percebe que está diante do cemitério, quando 
ela com sua voz suave e encantadora diz: "É aqui que eu moro, não quer entrar comigo...?". 
Gelado da cabeça aos pés, a única coisa que a pessoa vê é que ela acabou de sumir diante 
dos seus olhos, à meia-noite em ponto. 
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Chupa Cabra 
 
Nos estados de São Paulo, Paraná e no Sul de Minas, pequenos animais 
têm sido atacados e aparecem estranhamente sem sangue e com órgãos extirpados. 
É um Alien, um vampiro, um lobisomem, um novo ser ou simplesmente mais uma lenda a 
assolar o planeta? A resposta ainda é tão confusa quanto a história, mas alguma coisa acontece no 
interior dos Estados de São Paulo e Paraná e no Sul de Minas Gerais. 
Uma coisa estranha, misteriosa e ainda sem uma explicação lógica está matando animais de 
pequeno porte de maneira nada convencional. Cabras, ovelhas, galinhas, bezerros têm amanhecido 
mortos, sem sangue, sem os órgãos principais, estranhamente retirados por pequenos orifícios e, 
muitas vezes, mutilados, sem orelhas, patas e focinhos. 
Ela ataca geralmente à noite, deixa poucos rastros, domina as vítimas sem 
vestígios de luta e não faz o menor barulho. No caso das ovelhas e cabritas, prefere 
as prenhas. Até agora, ninguém testemunhou um ataque, mas o número de casos tem 
aumentado e a coisa está ganhando notoriedade, em páginas de jornal, revistas, 
televisão e até em sites da Internet. 
A opinião da população está dividida, duplicando a confusão em torno da 
origem da criatura. Em primeiro lugar, na busca pela verdade, deve-se dizer 
que o fenômeno é mundial, com fortes características terceiro-mundistas, e 
chegou ao Brasil recentemente. 
Já há alguns casos de ataques a seres humanos registrados, no Estado de Minas Gerais, mas 
sempre sem vítimas fatais. Sua característica principal é drenar o sangue da vítima. A "criatura" 
recebe o nome de Chupa-cabras. Primeiro, porque a característica principal dela, segundo ufólogos 
interessados no assunto, é drenar totalmente o sangue dos animais abatidos. Segundo, por ter 
surgido pela primeira vez em Porto Rico, na América Central, lugar de grande concentração de 
criação de cabras. Os ataques dos Chupa-cabras também são relatados em outros países, como 
Estados Unidos, México e na região do Caribe, na Espanha, Portugal, Índia e, mais recentemente, 
na Turquia. 
Aos olhos da Ufologia, apenas cerca de 2,5% de todos os casos apresentados pode ser 
considerado verdadeiro ou no mínimo inexplicável (Contudo, podendo ser esclarecido com o 
tempo). 
Muitas vezes, trata-se de ataques feitos por cães, onças, suçuaranas, lobos ou raposas, mas 
devido ao medo, boatos e exageros, somados à falta de veterinários e biólogos nos locais dos 
supostos ataques, aumentam, cada vez mais, a crença no Chupa-cabras. 
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Vampiros 
 
 Lendas sobre a existência de terríveis criaturas chupadoras de sangue já são mencionadas 
nas antigas literaturas egípcia e grega. A crença nestes seres deve ter 
nascido devido à percepção de que os moribundos enfraquecem com 
a perda de sangue. 
Assim, pessoas de pouca cultura devem ter concluído que beber 
sangue restaurava as forças ou, até mesmo, que o sangue dos vivos 
podia ressuscitar os mortos. Mas, a principal fonte para compor o 
mito sobre vampiros foi a crendice profundamente enraizada da 
Romênia rural. 
 Segundo a religião ali dominante, a da Igreja Ortodoxa Oriental, as pessoas que morriam 
excomungadas ou sob maldição eram transformadas em mortos-vivos até serem absolvidas pela 
Igreja. Diziam ,ainda, as lendas romenas que certas pessoas, como as crianças ilegítimas ou as não-
batizadas, as bruxas e o sétimo filho de um sétimo filho, estavam condenadas a serem vampiros. 
Também acreditavam na existência de pássaros demoníacos, conhecidos como Strigoi, que 
só voavam de noite, ávidos por carne e sangue humanos. Além de trazer a morte para a vítima 
atacada, os vampiros também eram considerados os causadores da peste, sendo desta maneira 
extremamente odiados e temidos. Acreditava-se , também, que vampiros odiavam alho; assim os 
aldeões esfregavam o tempero em todas as portas e janelas para se proteger de possíveis ataques 
noturnos dos bebedores de sangue. Em algumas aldeias, quem se recusa a comer alho torna-se 
suspeito de vampirismo, especialmente estranhos recém-chegados.http://www.contaconto.hpg.com.br/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A Roupa Nova do Rei 
 
"Era uma vez um rei, tão exageradamente amigo de roupas novas, que 
nelas gastava todo o seu dinheiro. Ele não se preocupava com seus soldados, 
com o teatro ou com os passeios pela floresta, a não ser para exibir roupas 
novas. Para cada hora do dia, tinha uma roupa diferente. Em vez de o povo 
dizer, como de costume, com relação a outro rei:” Ele está em seu gabinete de 
trabalho “, dizia” Ele está no seu quarto de vestir”. 
A vida era muito divertida na cidade onde ele vivia. Um dia, chegaram hóspedes 
estrangeiros ao palácio. Entre eles, havia dois trapaceiros. Apresentaram-se como tecelões e 
gabavam-se de fabricar os mais lindos tecidos do mundo. Não só os padrões e as cores eram fora do 
comum, como, também as fazendas tinham a especialidade de parecer invisível às pessoas 
destituídas de inteligência, ou àquelas que não estavam aptas para os cargos que ocupavam. 
"Essas fazendas devem ser esplêndidas, pensou o rei. Usando-as, poderei descobrir quais os 
homens, no meu reino, que não estão em condições de ocupar seus postos, e poderei substituí-los 
pelos mais capazes... Ordenarei, então, que fabriquem certa quantidade deste tecido para mim”. 
Pagou aos dois tecelões uma grande quantia, adiantadamente, para que logo começassem a 
trabalhar. Eles trouxeram dois teares nos quais fingiu tecer, mas nada havia em suas lançadeiras. 
Exigiram que lhes fosse dada uma porção da mais cara linha de seda e ouro, que puseram 
imediatamente em suas bolsas, enquanto fingia trabalhar nos teares vazios. 
 — Eu gostaria de saber como vai indo o trabalho dos tecelões, pensou o rei. Entretanto, 
sentiu-se um pouco embaraçado ao pensar que quem fosse estúpido, ou não tivesse capacidade para 
ocupar seu posto, não seria capaz de ver o tecido. Ele não tinha propriamente dúvidas a seu respeito, 
mas achou melhor mandar alguém primeiro, para ver o andamento do trabalho. 
Todos na cidade conheciam o maravilhoso poder do tecido e cada qual estava mais ansioso 
para saber quão estúpido era o seu vizinho. 
— Mandarei meu velho ministro observar o trabalho dos tecelões. Ele, melhor do que 
ninguém, poderá ver o tecido, pois é um homem inteligente e que desempenha suas funções com o 
máximo da perfeição, resolveu o rei. 
Assim sendo, mandou o velho ministro ao quarto onde os dois embusteiros simulavam trabalhar nos 
teares vazios. 
— "Deus nos acuda!" Pensou o velho ministro, abrindo bem os olhos. "Não consigo ver 
nada!”. 
Não obstante, teve o cuidado de não declarar isso em voz alta. Os tecelões o convidaram para 
aproximar-se a fim de verificar se o tecido estava ficando bonito e apontavam para os teares. O 
pobre homem fixou a vista o mais que pôde, mas não conseguiu ver coisa alguma. 
 
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— "Céus , pensou ele. Será possível que eu seja um tolo? Se é assim, ninguém deverá sabê-
lo e não direi a quem quer que seja que não vi o tecido”. 
— O senhor nada disse sobre a fazenda, queixou-se um dos tecelões. 
— Oh, é muito bonita. É encantadora!!! Respondeu o ministro, olhando através de seus 
óculos. O padrão é lindo e as cores estão muito bem combinadas. Direi ao rei que me agradou 
muito. 
— Estamos encantados com a sua opinião, responderam os dois ao mesmo tempo e 
descreveram as cores e o padrão especial da fazenda. O velho ministro prestou muita atenção a tudo 
o que diziam, para poder reproduzi-lo diante do rei. 
 
 
 Os embusteiros pediram mais dinheiro, mais seda e ouro para prosseguir o trabalho. 
Puseram tudo em suas bolsas. Nem um fiapo foi posto nos teares, e continuaram fingindo que 
teciam. Algum tempo depois, o rei enviou outro fiel oficial para olhar o andamento do trabalho e 
saber se ficaria pronto em breve. A mesma coisa lhe aconteceu: olhou, tornou a olhar, mas só via os 
teares vazios. 
— Não é lindo o tecido? Indagaram os tecelões, e deram-lhe as mais variadas explicações 
sobre o padrão e as cores. 
"Eu penso que não sou um tolo, refletiu o homem. Se assim fosse, eu não estaria à altura do 
cargo que ocupo. Que coisa estranha!!!...” Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho do tecido e, 
depois, disse ao rei: "É uma verdadeira maravilha!!!”. 
Todos na cidade não falavam noutra coisa senão nessa esplendida fazenda, de modo que o 
rei, muito curioso, resolveu vê-la, enquanto ainda estava nos teares. Acompanhado por um grupo de 
cortesões, entre os quais se achavam os dois que já tinham ido ver o imaginário tecido, foi ele 
visitar os dois astuciosos impostores. Eles estavam trabalhando mais do que nunca, nos teares 
vazios. 
— É magnífico! Disseram os dois altos funcionários do rei. Veja Majestade, que delicadeza 
de desenho! Que combinação de cores! Apontavam para os teares vazios com receio de que os 
outros não estivessem vendo o tecido. 
O rei, que nada via, horrorizado pensou: "Serei eu um tolo e não estarei em condições de ser 
rei? Nada pior do que isso poderia acontecer-me!" Então, bem alto, declarou: 
— Que beleza! Realmente merece minha aprovação!!! Por nada neste mundo ele confessaria 
que não tinha visto coisa nenhuma. Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiram 
ver a fazenda, mas exclamaram a uma só voz: 
— Deslumbrante!!! Magnífico!!! 
Aconselharam eles ao rei que usasse a nova roupa, feita daquele tecido, por ocasião de um 
desfile, que se ia realizar daí a alguns dias. O rei concedeu a cada um dos tecelões uma 
condecoração de cavaleiro, para ser usada na lapela, com o título "cavaleiro tecelão". Na noite que 
precedeu o desfile, os embusteiros fizeram serão. Queimaram dezesseis velas para que todos vissem 
o quanto estava trabalhando, para aprontar a roupa. Fingiu tirar o tecido dos teares, cortaram a 
roupa no ar, com um par de tesouras enormes e coseram-na com agulhas sem linha. Afinal, 
disseram: 
— Agora, a roupa do rei está pronta. 
Sua Majestade, acompanhado dos cortesões, veio vestir a nova roupa. Os tecelões fingiam 
segurar alguma coisa e diziam: "aqui está a calça, aqui está o casaco, e aqui o manto. Estão leves 
como uma teia de aranha. Pode parecer a alguém que não há nada cobrindo a pessoa, mas aí é que 
está a beleza da fazenda". 
— Sim! Concordaram todos, embora nada estivessem vendo. 
- Poderia Vossa Majestade tirar a roupa? Propuseram os embusteiros. Assim poderíamos vestir-lhe 
a nova, aqui, em frente ao espelho. O rei fez-lhes a vontade e eles fingiram vestir-lhe peça por peça. 
Sua majestade virava-se para lá e para cá, olhando-se no espelho e vendo sempre a mesma imagem, 
de seu corpo nu. 
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— Como lhe assentou bem o novo traje! Que lindas cores! Que bonito desenho! Diziam 
todos com medo de perderem seus postos se admitissem que não viam nada. O mestre de 
cerimônias anunciou: 
— A carruagem está esperando à porta, para conduzir Sua Majestade, durante o desfile. 
— Estou quase pronto, respondeu ele. 
Mais uma vez, virou-se em frente ao espelho, numa atitude de quem está mesmo apreciando 
alguma coisa. 
Os camareiros que iam segurar a cauda inclinaram-se, como se fossem levantá-la do chão e 
foram caminhando, com as mãos no ar, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. O 
rei caminhou à frente da carruagem, durante o desfile. O povo, nas calçadas e nas janelas, não 
querendo passar por tolo, exclamava: 
— Que linda é a nova roupa do rei! Que belo manto! Que perfeição de tecido! 
Nenhuma roupa do rei obtivera antes tamanho sucesso! 
Porém, uma criança que estava entre a multidão, em sua imensa inocência, achou aquilo 
tudo muito estranho e gritou: 
— Coitado!!! Ele está completamente nu!! O rei está nu!! 
O povo, então, enchendo-se de coragem, começou a gritar: 
— Ele está nu! Ele está nu! 
O rei, ao ouvir esses comentários, ficou furioso por estar representando um papel tão 
ridículo! O desfile, entretanto, devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os 
camareiros continuaram a segurar-lhe a cauda invisível. Depois quetudo terminou, ele voltou ao 
palácio, de onde envergonhado, nunca mais pretendia sair. Somente depois de muito tempo, com o 
carinho e afeto demonstrado por seus cortesões e por todo o povo, também envergonhados por se 
deixarem enganar pelos falsos tecelões, e que clamavam pela volta do rei, é que ele resolveu se 
mostrar em breves aparições... Mas nunca mais se deixou levar pela vaidade e perdeu para sempre a 
mania de trocar de roupas a todo o momento. 
Quanto aos dois supostos tecelões, desapareceram misteriosamente, levando o dinheiro e os 
fios de seda e ouro. Mas, depois de algum tempo, chegou a notícia na corte, de que eles haviam 
tentado fazer o mesmo golpe em outro reino e haviam sido desmascarados, e agora cumpriam uma 
longa pena na prisão. 
 
Hans Christian Andersen 
 
Tiquinho de Carvão 
“Uma senhora fez, um dia, cinco tortas. Quando elas saíram do forno, estavam tão duras que 
não podiam ser comidas. Por isso, a senhora disse à filha”: 
— Querida, ponha as tortas na prateleira e deixe-as lá, descansando um pouco, para ver se 
amolecem. A mocinha, que era muito gulosa, disse consigo mesma: "Pois sim, eu vou comê-las de 
uma só vez". E comeu-as, da primeira à última. Mais tarde, quando acabaram de jantar, a senhora 
disse à filha: 
—Vá buscar uma daquelas tortas. Agora já poderemos comê-la. A moça levantou-se da 
mesa, foi até a prateleira, onde só havia pratos vazios, voltou e disse à mãe: 
 — As tortas ainda não amoleceram. 
 — Nenhuma delas? Perguntou a senhora. 
 — Nenhuma, respondeu a moça. 
 — Bem, volte lá e traga-me uma de qualquer maneira. Quero comê-la assim mesmo, 
resolveu a senhora. 
— Mas é impossível, ainda estão muito duras, continuou a filha. 
— Não faz mal, respondeu a mãe. Veja a que estiver melhor. 
— Melhor ou pior, você não poderá comer nenhuma, porque eu comi todas, explicou a 
moça. 
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A senhora ficou muito aborrecida. Apanhou a roca e foi fiar na varanda. Enquanto fiava, ia 
falando alto: 
— Que vergonha! Minha filha comeu cinco tortas de uma só vez... 
O Rei tinha saído para passear. Quando passou pela porta da casa da senhora, como não 
entendesse o que ela estava dizendo, parou e perguntou-lhe: 
— O que você está dizendo, boa mulher??? 
Ela, com vergonha do que a filha tinha feito, respondeu: 
— Eu estava dizendo que minha filha hoje fiou cinco meadas de linha, meu Rei! 
— Céus, exclamou o Rei. Nunca ouvi dizer que alguém conseguisse fazer tal coisa. Escute, 
eu preciso de uma esposa prendada e casar-me-ei com sua filha. Preste, porém, muita atenção: 
durante onze meses no ano, ela poderá comer o que desejar usará as roupas que quiser e terá as 
companhias que mais lhe agradarem. Entretanto, no último mês do ano, ela terá que fiar cinco 
meadas de linha por dia ou, então, mandarei matá-la. 
— Muito bem, disse a senhora, que estava pensando apenas nas vantagens de ter a filha 
casada com o rei. 
Quanto às cinco meadas que ela teria que fiar em cada dia do último mês, bem... Depois ela 
encontraria uma solução. Quem sabe, até lá, o Rei poderia esquecer-se disso... 
Casaram-se, então, o Rei e a mocinha. Durante onze meses, de fato, ela comeu coisas 
gostosas, usou roupas bonitas e teve companhias agradáveis. Quando já ia se aproximando o décimo 
segundo mês, ela começou a pensar de que modo se arranjaria para fiar cinco meadas por dia. 
Como, porém, o rei não se referisse ao assunto, ela pensou que ele o tivesse esquecido. Todavia, no 
último dia do décimo primeiro mês, ele a levou a um quarto que ela nunca tinha visto, onde havia 
uma roca e um banco. O Rei explicou-lhe: 
— Amanhã, minha querida, você virá para aqui, onde passará todo o mês, fiando cinco 
meadas por dia. Um empregado trará suas refeições e, à noite, eu virei recolher sua tarefa. Se não 
estiver pronta, já sabe o que lhe acontecerá, não é? Dito isso, retirou-se. A moça ficou muito 
nervosa. Ela nunca soubera fiar. Que seria dela, sem ter quem a ajudasse? Foi até a cozinha e 
sentou-se num banco, chorando. Daí a momentos ouviu uma pancada leve na porta. Levantou-se e 
abriu-a. O que viu foi simplesmente um animalzinho preto, muito pequeno e esquisito, com uma 
cauda longa que balançava sem parar. 
— Por que está chorando? Perguntou ele. 
— Quem é você? Retrucou ela. 
— Não se preocupe com isso, continuou o bichinho. 
— Porque terei que fazer uma coisa que não sei. Se não a fizer, estarei perdida. E contou-lhe 
a história toda, desde o começo. 
— Esteja tranqüila, pois vou ajudá-la. Todas as manhãs baterei à sua janela para apanhar a 
linha e, à noite, trarei as cinco meadas prontas. 
— Que lhe darei em troca deste favor? Perguntou ela. 
— Você terá que adivinhar meu nome, ou eu contarei tudo a seu marido. 
— Está bem, concordou ela. 
Balançando a cauda, retirou-se o animalzinho. No dia seguinte, o Rei levou-a ao quarto onde 
já estava a linha para fiar. Fechou a porta por fora e foi-se embora. Mal ele havia saído, bateram de 
leve à janela. A moça foi espiar e lá estava o animalzinho preto. Ela então lhe entregou a linha. À 
noitinha, a moça ouviu nova pancada na janela. Abriu-a e seu protetor colocou em suas mãos cinco 
meadas muito bem fiadas. 
— Agora, responda-me, qual é o meu nome? Perguntou ele. 
— Será Juquinha? 
O bichinho sacudiu a cabeça negativamente. 
— Será Tonico? 
Ele continuou a sacudir a cabeça e balançava a cauda cada vez mais depressa. 
— Será Maneco? 
— Não, disse ele e saiu correndo. 
Quando o Rei voltou, à noite, encontrou as meadas prontas e disse: 
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— Muito bem, minha querida. Amanhã você receberá mais linha para continuar sua tarefa. 
E assim sempre acontecia. Pela manhã lhe traziam a linha e, às horas certas, um empregado 
aparecia com as refeições. O animalzinho preto aparecia cedo para apanhar a linha e voltava ao 
anoitecer, trazendo as meadas prontas. A moça passava os dias pensando qual seria o nome do 
bichinho, mas nunca o descobria. Afinal, chegou a véspera do último dia. À noite, quando o 
animalzinho apareceu, perguntou-lhe: 
— Já descobriu meu nome? 
Ela fez novas tentativas: 
— Chiquinho? Janico? 
Cada vez o bichinho sacudia mais a cauda e seus olhinhos brilhavam, cheios de malícia. 
— Escute, você só tem o dia de amanhã para adivinhar, do contrário... Avisou ele, e saiu 
correndo. 
A moça ficou horrorizada. Logo a seguir, ouviu os passos de seu marido que vinha vindo. 
Quando ele entrou, ela lhe entregou as cinco meadas prontas e ele lhe disse: 
— Amanhã é o último dia. Tome cuidado, se não aprontar sua tarefa, perderá a vida. Hoje, 
vou jantar aqui com você. Entrou um empregado trazendo o jantar e outro banquinho para o Rei. Os 
dois sentaram-se e o Rei começou a rir. 
— Por que está rindo? perguntou a moça. 
— Porque hoje vi uma coisa muito interessante, respondeu ele. Pela manhã, saí para caçar. 
Fui andando pela mata e cheguei a um lugar que nunca havia visto antes. Sentei-me um instante 
para descansar e ouvi um barulhinho estranho. Levantei-me para verificar o que havia. Olhei para 
todos os lados e, afinal, atrás de uma árvore, descobri um animalzinho preto, muito pequeno e 
esquisito, com uma cauda comprida que agitava sem parar. À sua frente estava uma roca, onde ele 
fiava com rapidez espantosa. Enquanto fazia isso, ia cantando: 
"Eu sou todo pretinho, 
Pareço um tição, 
Meu nome é Tiquinho, 
Tiquinho de Carvão." 
O coração da moça deu um salto ao ouvir isso. Quase ela gritou de alegria, mas conservou-
se muito quietinha no banco, sem dizer palavra. Na manhã seguinte, o bichinho veio apanhar a 
linha. Quando a noite já vinha chegando, apareceu ele, trazendo de volta as meadas. Seus olhinhos 
brilhavam mais maliciosos do que nunca e a caudinha girava sem parar um instante. 
— Qual é o meu nome? Perguntou ele. 
— Será Salomão? Indagou ela. 
— Não, respondeu ele. 
— Zebedeu? Tornou a perguntar a moça. 
— Não, entretanto, vou dar-lhe mais uma oportunidade. Se ainda não acertar, já sabe o que 
vai acontecer... 
A moça deu uma grande gargalhada e

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