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Nutrição Materno-Infantil Nutriz e Aleitamento Materno Nutriz Conceitos ▪ Lactação – produção de leite humano (LH) que ocorre após a gestação ▪ Nutriz (Lactante) – Mulher que se encontra na fase de lactação ▪ Aleitamento materno – qualquer forma de o lactente receber LH ▪ Amamentação – ato de a criança mamar diretamente no peito ▪ Período pós-natal (PPN) ou puerpério – 0 a 42 dias pós-parto (WHO, 2010) ✔ PPN imediato: 24 h pós-parto ✔ PPN precoce: 2 a 7 d pós-parto ✔ PPN tardio: 8 a 42 d pós-parto Mudanças Fisiológicas no Pós-parto ▪ Peso: perda imediata de 6 kg. Após, redução de 0,8 kg/mês ▪ Sistema endócrino: ⇣ estrogênio e ⇣ progesterona. ⇡ prolactina e ocitocina. ▪ Prolactina - estimula produção LH e inibe hormônio folículo estimulante e hormônio luteinizante, hormônios que induzem a ovulação). ▪ Ocitocina – estimula ejeção LH e contração uterina ▪ Mama: 48h pós-parto: apojadura (intensa produção láctea) = “descida do leite” ▪ Útero: involução uterina (ocitocina) ▪ Trato urinário: Pós-parto imediato: ⇣ diurese (desidratação parto). 2o - 6o dia: ⇡ diurese (líquido acumulado gestação) ▪ Sede, aumento do apetite ▪ Baby Blues - Melancolia (resolve após 10 dias). Avaliação Nutricional e Recomendação de Perda de Peso Fatores que Interferem na Produção de LH ▪ Sucção do bebê e esvaziamento da mama - ⇡ ▪ Desnutrição materna e dietas restritivas (< 1800 kcal) - ⇣ ▪ Contraceptivos orais (estrogênio e progesterona) - ⇣ ▪ Fármacos – ver material MS ▪ Cigarro e bebida alcoólica em excesso - ⇣ produção Fatores que Afetam a Composição de LH ▪ Alimentação e reservas maternas afetam teor de ácidos graxos, vitamina A, tiamina, riboflavina, B6 e B12. Teor de macronutrientes e minerais pouco alterados. ▪ Prevenção de alergia ao leite de vaca na criança – sem evidências para suspender LV da dieta materna. ▪ Alimentos ingeridos pela mãe x cólica no bebê: café, chocolate, folhosos e LV – Avaliação individual (conversar com a mãe). ▪ Dietas vegetarianas ou veganas – risco de deficiência de vitamina B12 para o lactente e dano neurológico (suplementar nutriz). ▪ Bebidas alcoólicas – Após ingestão, 30 a 60 minutos ocorre o pico plasmático, que pode difundir-se ao leite materno. Requerimentos de Energia na Lactação Mais ou menos em uma gestação de uma mulher eutrófica e que ganha peso adequadamente (11 a 16 kg), ela ganha, em média, quase 4 kg de tecido adiposo. Uma das funções desse tecido adiposo é ser uma reserva de energia para o período de lactação. O adicional de energia depende de dois fatores. Primeiro, o quanto de energia será necessária para produzir o leite. A produção média no primeiro semestre pós-parto é de 805 mL/dia. Mas a mulher ganhou peso e tem um estoque de tecido adiposo, então a energia para lactação será a quantidade energia necessária para a produção de 805 ml de leite menos um pouco de energia que será retirada disso, já que, afinal, há tecido adiposo, então uma parte será usada para produção de energia. Tanto a FAO, quanto a IOM têm uma fórmula para isso, mas o cálculo será individualizado de acordo com a nutriz. Quanto de energia é necessária para produzir 805 ml por dia de leite? O leite humano apresenta 67 kcal por cada 100 ml, ou seja, são necessárias 539 kcal para produzir essa quantidade de leite materno. Porém a FAO também trabalha com outro fator, que é a Eficiência de Conversão Energética de 80%. Se há a ingestão de 539 kcal, não irá virar 539 kcal de leite. 539 é usado 80%. 100% seria 673,7. Ou seja, é necessário ingerir mais kcal para conseguir esses 539 que são necessários. O custo para produzir 805 ml de leite é de 675 kcal/dia. Mas a nutriz também quer perder peso, então retira-se um pouco para que o tecido adiposo também possa ser utilizado. O cálculo para mobilizar gordura corporal pela FAO é baseado em uma perda mensal de 800g por mês, que é a quantidade que foi vista para perda de peso em mulheres eutróficas. Quanto equivale em termos calóricos essa perda de peso para uma nutriz? Para cada kg, são 6500 kcal a menos para ingerir. Não confundir isso com aquele valor energético de mobilização de tecido adiposo, que é o cálculo para emagrecimento de 7700 kcal, nem o cálculo de 6414 kcal visto na parte de gestante. Para perder 1kg durante a lactação, é preciso reduzir 6500 kcal. Então, para reduzir 0,8 kg/mês, reduz-se 5200 kcal ao todo, que dividido por 30 dias dá -170 kcal/dia. Sendo assim, o cálculo do VET para uma nutriz será feito usando a taxa metabólica para mulher, somar 675 e diminuir 170, se for perder 0,8. Caso seja uma nutriz com sobrepeso/obesidade, é possível diminuir mais ainda. Em vez de 0,8, é possível diminuir 1kg, caso ela esteja com sobrepeso ou até 2 kg em caso de obesidade. Recomendações de Proteína Se for usar o peso atual de uma nutriz com obesidade, fica uma quantidade de proteína super alta. Então o ideal é usar um peso saudável, como se ela tivesse eutrofia. O adicional será de 19 g/dia para o primeiro semestre pós-parto. O IOM já faz uma conta um pouco diferente. Utiliza 0,8 g/kg e a recomendação é de 25 g/dia ou então ainda dá uma outra forma de calcular, que seria 1,3 g/kg/dia. Recomendações de Vitaminas e Minerais - Atenção ao cálcio = 1000 mg/dia (3 porções de leite = 750 mg Ca). Continuando o exemplo… Para fazer o planejamento dietético, é preciso saber quanto de proteína, lipídio e carboidrato serão ofertados para essa nutriz. Proteína quase sempre costuma dar a mais. Aleitamento Materno Situação do AM no Brasil Por que Muitas Mulheres não Amamentam ou Param de Amamentar Cedo? FALTA DE INFORMAÇÃO, INCLUSIVE POR PARTE DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE; ROTINAS DE MATERNIDADE; DESCUMPRIMENTO DE LEIS TRABALHISTAS; MARKETING DE SUBSTITUTOS LM. Composição do Leite Materno Colostro – 1a semana pós-parto. Contém quantidades expressivas de proteína (substâncias protetoras) e vitamina A. Leite de transição – 8 a 14 dias. Mais proteína que leite maduro. Proteína protetora que protege a criança contra infecções. Leite maduro – após 14 dias ▪ Composição variável ao longo da mamada: - Leite anterior (fase inicial) + aquoso. - Leite posterior (fase final) + gorduroso (saciedade e energia). ▪ Importante esvaziar bem a mama para pegar todos os componentes da mamada, Componentes com Ação Anti Infecciosa A igA secretória está presente no leite materno e reveste o trato intestinal e impede que bactérias, vírus e toxinas de bactérias penetrem na mucosa intestinal. Está presente 2x mais no colostro do que no leite maduro. Evidências de Proteção para a Criança Efeitos em curto prazo ▪ Redução de mortalidade ⎼ por doenças infecciosas (países ⇣ e ⇡ renda), por morte súbita infantil; enterocolite necrosante ⎼ AM exclusivo vs não amamentadas; AME vs AM predominante ▪ Redução de morbidade ⎼ Diarreia, internação, otite média aguda, rinite alérgica, asma, mal oclusão dentária Efeitos em longo prazo ▪ Redução de sobrepeso e obesidade, DM1 e 2, leucemia, maior desempenho testes de inteligência ▪ SEM evidências para redução de PAS/PAD, colesterol total Evidências de Proteção para a Mãe ▪ Maior duração da amenorreia lactacional ▪ ⇣ CA mama, ovário e endométrio ▪ ⇣ chance de DM2 (32%) ▪ Amamentação e menor ocorrência de depressão (mais provável que a depressão é que afete a amamentação) ▪ SEM evidências suficientes de amamentação e ⇣ osteoporose e ⇣peso pós-parto. Recomendações Sobre Amamentação ▪ Oferecer até 2 anos, sendo exclusivo 0-6 meses. ▪ Até 6 meses, atende às necessidades nutricionais (inclusive água). ▪ Oferta de outros alimentos reduz consumo de LM → redução produção LM e maior risco de doenças. ▪ Uso de mamadeiras pode causar confusão de bico, aerofagia, recusa da mama, mal oclusão dentária, problemas de fala. ▪ Uso de chupeta → menos tempo mamada, deformação da boca, mal alinhamento dos dentes. Manejo da Amamentação É muito importante orientar o manejo da amamentação. A imagem acima mostra um corte da mama, em que é possível ver uma estrutura semelhante a um cacho de uva, que contém os alvéolos mamários. É nosalvéolos que ocorre a produção de leite, que escorre pelos ductos. Os ductos menores darão em ductos maiores. Para o leite sair, a criança não deve somente abocanhar o bico do peito, mas, também, uma parte da aréola, já que uma parte dos ductos fica nessa região. Todo alvéolo apresenta em sua volta uma rede trançada, que são as células mioepiteliais. Essas células, pela ação da ocitocina, irão se contrair e é como se elas espremessem os alvéolos, ajudando a sair mais leite. Primeiro, a criança precisa sugar o peito. Assim, ela estimula terminações nervosas no mamilo, que irão estimular o hipotálamo que, por sua vez, estimula a hipófise. A porção anterior da hipófise irá secretar a prolactina e a porção posterior da hipófise produz a prolactina. A prolactina, então, levará a produção do leite e a ocitocina levará a ejeção do leite. A ação da prolactina será nos lactócitos, nas células que produzem leite, e não sofre ação do estado emocional. E a ação da ocitocina será nas células mioepiteliais. Estresse, ansiedade e preocupação diminuem a ação da ocitocina. Durante a gestação, a progesterona alta impede a ação da prolactina. Com o nascimento e a saída da placenta, os níveis de progesterona caem absurdamente e a prolactina, que estava sendo inibida pela progesterona, tem a sua ação muito elevada. Por isso que 30-40h após o parto a mulher tem apojadura (produção intensa de leite). A progesterona que estava alta cai e permite que a prolactina tenha a sua ação. Mamas constantemente cheias e ingurgitadas reduzem a produção de leite. Ou seja, o organismo entende que se a mama está cheia, não é preciso produzir mais leite. O organismo percebe isso por duas hipóteses. A hipótese do acúmulo de uma proteína que é inibidora da lactação (FIL) é a mais consistente. É uma proteína que, quando a mama está cheia, ela está em grande quantidade, então irá inibir a síntese de leite. Por isso, é importante orientar que a criança esteja sempre mamando, A outra possibilidade é uma alteração nos receptores de prolactina dos lactócitos. Essas células que produzem leite têm receptores de prolactina na parede celular, que reconhecem a prolactina, que entra na célula e o leite é produzido. Quando o alvéolo está cheio, parece que há uma expansão da parede celular e uma alteração desses receptores. Então a prolactina não é reconhecida e não há a síntese do leite. Técnicas de Amamentação Início: na primeira hora de vida. Posição mãe e bebê ▪ Ambos confortáveis. ▪ Corpo do bebê voltado para a mãe, apoiado por trás dos ombros. ▪ Barriga com barriga / cabeça-pescoço-corpo alinhados Pega ▪ Segurar seio entre polegar e indicador (forma de C). Encostar mamilo no lábio inferior do bebê (ele abre a boca) ▪ Boca bem aberta e criança abocanha aréola (principalmente parte inferior). ▪ Lábios virados para fora (boca de peixe) ▪ Sucção rápida no início e regular no final ▪ Após mamada, mamilo alongado ▪ Não há dor Problemas na Mama do Leite Materno Esses 3 problemas têm como evitar e como tratar. Sempre a mesma coisa: pega e posição adequada
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