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Nutrição Materno-Infantil Crescimento e Alimentação Complementar Crescimento e Desenvolvimento ● Crescimento - É um processo biológico - ↑ tamanho corporal - hiperplasia e hipertrofia celular. ● Desenvolvimento - É uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva, que inclui crescimento + maturação + aprendizagem + aspectos psíquicos e sociais. ● Fatores que influenciam o crescimento - Intrínsecos (genéticos, metabólicos, congênitos) - Extrínsecos: alimentação, morbidades, ambiente (higiene, ar, água), cuidado com a criança. ● Velocidade de crescimento pós-natal - Muito elevada no primeiro ano - Declínio gradativo até os cinco anos de idade - Constante até a adolescência Medidas Antropométricas ● Peso - Expressa massa ou volume corporal (massa magra + tecido adiposo) - Modificação rápida - Equipamentos: ● Altura - Expressa crescimento linear - Modificação lenta - Equipamentos: Estatura – medida na posição em pé. Comprimento - medida na posição deitada (vou usar termo altura se referindo a ambos). Índices Antropométricos ● Construídos a partir de 2 medidas ● Dão significado às medidas ● Índices antropométricos mais utilizados: - E / I - P / E ou IMC / i - P / I * ● Peso / Idade (P / I) - Reflete o peso em relação a idade. - Influenciado por peso e altura - Fácil obtenção - Diagnóstico: baixo peso ou peso elevado - Baixo peso → criança emagrecida? criança baixa? - Peso elevado → obesidade? criança alta? ● Estatura / Idade (E / I) - Reflete crescimento linear em relação a idade - Procedimento mais complexo - Diagnóstico: baixa estatura ou alta - Constitucional? Nutricional? Patológica? ● Peso / Estatura (P / E) e IMC / idade (IMC / I) - Reflete harmonia do crescimento - Diagnóstico: ➔ Magreza, magreza acentuada ➔ Risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade ● Índices antropométricos podem ser expressos por: Escore-z - medida de variação ou dispersão da população Percentil - medida de posição de uma unidade observacional em relação às outras. Criança cujo peso está no P3, significa que 3% das crianças têm peso abaixo dela, Classificação Antropométrica (SISVAN 2008) Acompanhamento do Crescimento ● Objetivos - Acompanhar progresso individual da criança; identificar precocemente crianças de risco; acompanhar condutas curativas e preventivas adequadas à idade; melhor forma é através de gráficos de crescimento ● Gráficos de Crescimento - os padrões de referência atuais são: OMS 2006 (crianças de 0 a 5 anos) e OMS 2007 (5 a 19 anos) ● Como interpretar? - Deve considerar a localização na curva (SISVAN 2008) e a inclinação da curva (o traçado da curva deverá permanecer no mesmo canal e ser ascendente). - Situações não desejadas: curva não deve desviar de canal (exceto em crianças desnutridas e com obesidade); curva não deve permanecer horizontal (exceto em crianças com obesidade); curva não deve ter forte declínio ou ascensão (exceto em crianças desnutridas e com obesidade). Alimentação Complementar ▪ Período crítico para crescimento e desenvolvimento da criança. ▪ Fase importante para prevenção de má nutrição (desnutrição, deficiências nutricionais, obesidade). ▪ Fase em que se estabelecem os hábitos alimentares. 1 em cada 3 crianças não está crescendo bem. Desnutrição é causa de 45% das mortes < 5 anos. O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos ▪ Recomendações e informações sobre alimentação crianças < 2 anos, a fim de promover saúde. ▪ Visa apoiar famílias no cuidado cotidiano com a criança. ▪ Subsidiar profissionais de saúde em suas ações de EAN. ▪ Instrumento orientador de políticas, programas e ações de apoio , proteção e promoção de saúde e SAN. 12 Passos para uma Alimentação Saudável 1. Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o LM até 6 meses 2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados ▪ Devem ser a base da alimentação da família. ▪ Promovem saúde. ▪ Quando uma pessoa cozinha ela sabe o que está comendo: ingredientes e forma de preparo. ▪ Torna viva a memória dos antepassados; favorece encontros e transmissão de receitas e das habilidades culinárias por gerações. (continua…) Almoço e Jantar Café da Manhã e Lanches Aos 6 Meses Forma de oferta: ▪ Atenção aos sinais de fome e saciedade ▪ Quantidade inicial pequena (cerca de 1 colher de sobremesa/grupo = 3 col. sopa total) ▪ Alimentos separados, textura mais úmida ▪ Ajudar a criança a comer; deixar que use as mãos; manter contato visual A base da alimentação dessa criança ainda é de leite materno e receberá, ao longo do dia, 2 refeições com fruta e 1 refeição, que a mãe irá escolher o horário mais conveniente (almoço ou jantar). Além disso, água nos intervalos. Entre 7 e 8 Meses Aqui, o que muda é que agora são 2 refeições de comida. Forma de oferta: ▪ Atenção aos sinais de fome e saciedade ▪ Quantidade aumenta pouco (3 a 4 col. sopa) ▪ Evoluir consistência dos alimentos ▪ Dar colher para criança tentar comer sozinha; deixar pegar alimentos com as mãos Entre 9 e 11 Meses Forma de oferta: ▪ Atenção aos sinais de fome e saciedade ▪ Quantidade aumenta pouco (4 -5 col sopa) ▪ Alimentos picados e carnes desfiadas ▪ Encorajar a criança a pegar alimentos com as mãos Entre 1 e 2 Anos Forma de oferta: ▪ Atenção aos sinais de fome e saciedade ▪ Quantidade aumenta pouco (5-6 col sopa) ▪ Alimentos picados e carnes desfiadas ▪ Encorajar criança a comer sozinha ▪ Não permitir distratores 3. Oferecer água própria para consumo à criança, em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas ▪ Água de boa qualidade ▪ Locais sem tratamento de água: - Filtrar e tratar com hipoclorito de sódio 2,5% (2 gt/litro e esperar 30’). - Filtrar e ferver água por 5’ após a ebulição. ▪ Evitar sucos para matar a sede. Por que não oferecer suco? ▪ Suco (coados) têm menos fibra (traços x 1,5 g). ▪ Tem maior densidade energética (159 kcal% x 47 kcal%) ▪ Menor promoção de saciedade ▪ Ingestão ad libitum prejudica a aceitação da água. ▪ Associado com maior chance de cárie e excesso de peso ▪ Menor estímulo à mastigação ▪ Recomendação de consumo: • < 1 a - ✖ • 1 a 3 a: 120 mL/dia (natural, s/açúcar e fazendo parte da refeição). Obs: dados referentes à laranja. 4. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno ▪ Amassados → desfiados/picado pequeno → picado grande. ▪ A criança pode mastigar mesmo sem dentes. ▪ Oferecer pedaços grandes para a criança pegar com as mãos. ▪ Alimentação líquida prejudica aceitação de alimentação mais sólida. 5. Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2 anos de idade ▪ Consumo de açúcar em idade precoce aumenta chance de ganho de peso excessivo, obesidade, cárie. ▪ Preferência inata ao sabor doce. Exposição frequente reforça essa preferência e pode reduzir aceitação de verduras e legumes. ▪ Mel – pode conter esporos de C. botulinum (contraindica em < 1 ano) e contém açúcar (contraindica < 2 anos). 6. Não oferecer alimentos ultraprocessados à criança ▪ Consumo excessivo relacionado com DCV, obesidade, cárie e CA. ▪ Induzem consumo frequente e dependência e pode reduzir consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. ▪ Desfavorecem a atenção à alimentação. 7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família ▪ Nascimento da criança é oportunidade para modificar a alimentação da família. ▪ Para a criança gostar dos alimentos, é importante a diversidade de alimentos saudáveis. ▪ A alimentação da família pode ser oferecida, se preparada com temperos naturais, quantidade moderada de gordura e quantidade mínima de sal. ▪ Brasil (POF 2017-2018) - 53,5% de adolescentes, adultos e idosos consumiram Na acima da UL (valor máximo de ingestão). ▪ Consumo de sal ⇡ risco de HA na infância; PA elevada infância é preditor da PA elevada vida adulta; ⇣ consumo de Na reduz PA. ▪ Exclusão do sal 6-12 meses e permissão em idades posteriores protege a criança contra riscos futuros? O baixo consumo de sal,de forma permanente, compartilhado pela família beneficia a todos. ▪ Análise dieta criança < 2a (LM + alimentos in natura) → teor de Na <recomendação (7-12m=370 mg/d; 1-3a=800 mg/d). Se AUP não são recomendados, pequena adição de Na é possível. ▪ Considerando a necessidade de sódio de uma família de 4 pessoas, recomenda-se que 1 kg de sal dure, pelo menos, 2 1⁄2 meses. 8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família ▪ A casa é o principal ambiente alimentar da criança (alimentos e relação da pessoa com alimento). ▪ Ambiente acolhedor e tranquilo e boa relação entre criança e seus cuidadores influenciam a aceitação dos alimentos. ▪ Quem alimenta a criança deve ter relação de afeto, confiança e paciência. ▪ Evitar artifícios para a criança comer – premiação, sobremesas preferidas, esconder alimento na comida. ▪ Não alimentar a criança enquanto ela brinca. ▪ Não usar distratores – TV, tablets, celular 9. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição ▪ Criança é capaz de regular consumo segundo necessidades. ▪ Se satisfeita, mostra sinais de saciedade, que devem ser atendidos (forma ativa, carinhosa e respeitosa). ▪ Forma de oferta da refeição interfere na aprendizagem de comer: apressar a criança, pressionar para comer ou “raspar o prato” prejudicam a aprendizagem. ▪ Recomenda-se comer junto, elogiar a comida, conversar, incentivar e olhar para a criança. 10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família ▪ Qualidade da água ▪ Limpeza de mãos (e antebraços), utensílios e superfícies ▪ Higienização de frutas, legumes e verduras (crus → solução clorada – 15 min). ▪ Refrigeração adequada. 11. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa 12. Proteger a criança da publicidade de alimentos ▪ Exposição às propagandas de alimentos infantis (embalagens atraentes, personagens infantis e músicas) incentivam o desejo pelos produtos; criança não diferencia propaganda de diversão. ▪ Controle do tempo de tela é fundamental: - 0 a 2 anos: tela zero - 2 anos: até 1 hora ("menos é melhor") ▪ Atenção ao uso de telas por quem oferece a comida (⇣ interação). ▪ Realizar atividades lúdicas com a criança < 2 anos. ▪ Levar a criança à feira e mercados, mostrar os alimentos in natura. Outros Conteúdos do Guia ▪ Alimentação de crianças não amamentadas ▪ Desafios do cotidiano - mudança de rotina, entrada da criança na creche, ruptura e mudança dos arranjos familiares, Criança que não quer comer, alimentação da criança doente ▪ Direitos relacionados à alimentação infantil Prevenção da Anemia Retorno ao Trabalho Materno ▪ Avaliar período no qual a mãe ficará afastada ▪ Planejar horários e refeições ▪ Se a mãe não trabalha ou trabalha ½ período, é desnecessário incluir leite de vaca - lanches com LM. ▪ Orientar o responsável. Quantidade a ser Oferecida ▪ A quantidade a ser oferecida dependerá do apetite. ▪ A criança regula consumo segundo necessidades. ▪ Não insistir se não há fome. Não premiar ou punir. ▪ A quantidade poderá ser determinada pela diferença entre a necessidade nutricional da criança e a energia proveniente do leite materno. 8 meses, 8 kg, menina, estimar quantidade de alimentos complementares NE = 78 kcal/kg VET = 78 x8 = 624 kcal/d Energia do leite materno = 413 kcal Energia Alim compl = 624-413 = 211 kcal, distribuídos em almoço, jantar e 2 frutas
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