Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INVESTIGAÇÃO E MONITORAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS Márcio S. S. Almeida Prof. Titular, COPPE-UFRJ marciossal@globo.com Geotecnia Ambiental TÓPICOS • Introdução • O Processo de Investigação Geoambiental • Fases da Investigação Geoambiental – Investigação Preliminar – Investigação Principal – Investigação do Meio Hídrico • Procedimentos Analíticos • Métodos Indiretos de Investigação • Considerações Finais • Exemplos de Casos Introdução • Objetivo da investigação geoambiental: – determinar o grau de contaminação do solo e sua distribuição em subsuperfície visando a remediação da área afetada. • Novo enfoque: – considera a investigação em função do risco apresentado, tendo em vista tempo e recursos escassos para a remediação Valores Orientadores - Conceito • São concentrações limites de espécies químicas e bacteriológicas no meio (solo, água, ar) definidas pelos órgãos governamentais, que caracterizam a contaminação. • Os valores são definidos, em geral, com base no risco à saúde humana. Conceitos Relacionados • PERIGO – é uma ameaça às pessoas ou ao que elas valorizam (propriedades, meio ambiente, futuras gerações etc). – Quando existe o potencial de causar danos em virtude das propriedades da substância e das circunstâncias em que ela ocorre. • RISCO – é a quantificação do perigo; – é a probabilidade de dano (pessoal, ambiental ou material), doença ou morte sob circunstâncias específicas. • AVALIAÇÃO DE RISCO – processo para identificar e analisar o risco (qualitativo ou quantitativo). • SEGURANÇA – Quando há garantia de que não há risco inaceitável da ocorrência de danos. • MAL – dano à saúde, meio ambiente, estruturas físicas, patrimônio ou à economia. • A CADEIA FONTE-CAMINHO-ALVO – para algum mal acontecer (risco) a cadeia deve estar completa. A cadeia fonte-caminho-alvo MODELO FONTE-CAMINHO-ALVO E HOMEM ATMOSFERA ÁGUA SOLO ATERRO DE RESÍDUOS ABSORÇÃO INGESTÃO INALAÇÃO EXCREÇÃO INGESTÃO INGESTÃO CONTATO INGESTÃO EVAPORAÇÃO DEPOSIÇÃO LIXIVIAÇÃO VOLATILIZAÇÃO GASES E DEPOSIÇÃO ADSORÇÃO LIXIVIAÇÃOSEDIMEN- TAÇÃO POEIRA FLORA FAUNA CONTATO OU OU • Introdução • O Processo de Investigação Geoambiental • Fases da Investigação Geoambiental – Investigação Preliminar – Investigação Principal – Investigação do Meio Hídrico • Procedimentos Analíticos • Métodos Indiretos de Investigação • Considerações Finais • Exemplos de Casos TÓPICOS O processo de investigação geoambiental • Deve ser realizada no contexto da análise de risco. • Objetivo principal: prover informações sobre a fonte, os caminhos e os alvos para permitir uma avaliação de risco e delinear ações de remediação, ou dispensá- las. • Verificar se a cadeia fonte-caminho-alvo está completa. • Basta uma amostra para provar a contaminação, mas o objetivo deve ser determinar a natureza e a extensão da contaminação ASPECTOS PRINCIPAIS DA INVESTIGAÇÃO GEOAMBIENTAL • Contaminação: – natureza, extensão e distribuição dos contaminantes. • Geologia: – dados sobre o meio físico, que possam afetar o comportamento e a localização dos contaminantes ou o tipo de remediação. • Hidrologia: – dados sobre corpos hídricos e mecanismos de transporte dos contaminantes. • Caminhos e Alvos: – cenários de risco plausíveis em face da cadeia fonte- caminho-alvo. • Abordagem por fases. • Introdução • O Processo de Investigação Geoambiental • Fases da Investigação Geoambiental – Investigação Preliminar – Investigação Principal – Investigação do Meio Hídrico • Procedimentos Analíticos • Métodos Indiretos de Investigação • Considerações Finais • Exemplos de Casos TÓPICOS Fases da investigação geoambiental • Fase preliminar: – desenvolver o modelo fonte-caminho-alvo, identificação do perigo e planejamento das fases subseqüentes. • Fase exploratória: – limitadas intrusões destinadas a testar/confirmar a presença de substâncias e levantar dados para o planejamento da fase posterior. • Fase principal: – dominada por técnicas intrusivas para avaliar o perigo, estimar o risco e apontar modalidades preferenciais de remediação. • Fases suplementar (para dados específicos) e de pós-remediação (avaliação de desempenho). Investigação preliminar • Estudo de gabinete: – entendimento qualitativo do risco, identificar as fontes a serem detalhadas ou dispensadas. • Reconhecimento de campo: – identificar o local, obter evidências, planejar as atividades futuras (seleção do método de amostragem, geofísica, etc). • Diagnóstico preliminar: – geológico, hidrológico, perigos potenciais identificados e contaminantes potencialmente presentes na área. A investigação principal envolve: • Atividades no campo • Coleta de amostras • Uso de técnicas de perfuração e selagem • Acondicionamento das amostras • Investigação do meio hídrico A amostragem deve considerar • Tipo de amostras: – solo, – água, – resíduos, – gases • Quantidades, distribuição, freqüência, método de coleta • Acondicionamento, preservação e transporte • Tipos de análises e de técnicas empregadas, níveis de detecção requeridos. • Urgência do caso • O modo: – Direcionado (quando a fonte está localizada); – Não-direcionado (para localizar fontes) Atividades no campo • RECONHECIMENTO – etapa da fase preliminar • PESQUISA GEOFÍSICA – eletrorresistividade, – GPR • MEDIÇÕES – pluviosidade, – nível d’água, – pH, – temperatura, etc • ENSAIOS DE CAMPO – condutividade hidráulica • COLETA DE AMOSTRAS – de solo, – água, – gases ou – resíduos Métodos de investigação geoambiental • Geofísica de superfície: – Tradicionais (produzem resíduos) • perfuração (drilling/augering) • poços de monitoramento – Penetrômetros • Sondas e cones ambientais • amostras de líquido, gás ou solo Amostrador de cravação direta MONTAGEM DO AMOSTRADOR MONTAGEM DO LINER NO AMOSTRADOR RETIRADA DO LINER COM AMOSTRA DE SOLO RETIRADA DO LINER COM AMOSTRA DE SOLO Aspectos da coleta de amostras • Representatividade física e química • Escolha do equipamento adequado • Contaminação cruzada • Descontaminação das ferramentas • Selagem dos furos de amostragem • Disposição dos resíduos e amostras • Cuidados no acondicionamento, preservação e transporte • Registro e locação dos pontos de coleta Investigação do meio hídrico • Dinâmica das águas (direção do fluxo, sazonalidades) exige acompanhamento no tempo; • Amostra que represente as piores condição do meio e amostras fora da área investigada; • Depende do tipo de contaminante (miscível, não- miscível, leve, denso); Determinação da direção do fluxo h = 10 m 1 h = 12,5 m 2 h = 8,5 m 3 ÁREA 11,5 m 10,5 m 8,5 m9,5 m12,5 m DIREÇÃO DO FLUXO Piezômetros Equipotencial CONTAMINADA Direção do fluxo vertical SUPERFÍCIE FREÁTICA SUPERFÍCIE PIEZOMÉTRICA FONTE Camada impermeável DIREÇÃO DO FLUXO DIREÇÃO DO FLUXO DO AQÜÍFERO CONFINADO DO AQÜÍFERO LIVRE Métodos de investigação geoambiental • Geofísica de superfície: – Tradicionais (produzem resíduos) • perfuração (drilling/augering) • poços de monitoramento – Penetrômetros • Sondas e cones ambientais • amostras de líquido, gás ou solo Piezômetro (usado para determinar a carga hidráulica) Poço de monitoramento permanente (usado para coleta de amostras) Cuidados em poços de monitoramento • Usar revestimento apropriado • Selar o topo e os níveis intermediários • Proteger contra o ingresso de corpos estranhos • Coletar amostras em condições estáveis (pH, OD, temperatura) do aqüífero, descartando o material estagnado presente no poço. • coleta, tratamento e descarte do material excedente • Posição adequada do filtro no poço• Poço A – concentração menor; amostra líquidos contaminado e não contaminado • Poço B – OK • Poços C e D – não amostram líquido contaminado; indicam que a pluma está mais profunda Locação de poços de monitoramento DISTRIBUIÇÃO DE UM VAZAMENTO DE LNAPL Franja capilar óleo diesel FLUXO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA FASE RESIDUAL Vazamento FASE DISSOLVIDA FASE LIVRE DISTRIBUIÇÃO DE UM VAZAMENTO DE DNAPL TCE FLUXO DO AQÜÍFERO FASE RESIDUAL FASE LIVRE FASE DISSOLVIDA FASE GASOSA FLUXO DO DNAPL AQUITARDO • Introdução • O Processo de Investigação Geoambiental • Fases da Investigação Geoambiental – Investigação Preliminar – Investigação Principal – Investigação do Meio Hídrico • Procedimentos Analíticos • Métodos Indiretos de Investigação • Considerações Finais • Exemplos de Casos TÓPICOS Procedimentos analíticos envolvem • Limites de detecção do método empregado. • Valores de referência ou valores-limites. • Valores de background. • Qualidade da amostra (evitar perdas por oxidação, volatilização ou biodegradação). • Quantidades, preservação e prazo para análise. • Métodos de preparação da amostra e extração. • O pessoal técnico e os custos envolvidos. • As lacunas normativas e peculiaridades locais. Análises usuais • Dependem do tipo de contaminante. Na dúvida usar métodos totais para orgânicos (PAH, alifáticos, fenóis) e um conjunto de metais pesados e inorgânicos. • Sólidos em suspensão, cor, turbidez, temperatura. • Oxigênio dissolvido, DBO, DQO. • Teor de carbono orgânico, nitrogênio. • Condutividade elétrica, pH, Eh, CTC. • Cepas e população de microorganismos. • Introdução • O Processo de Investigação Geoambiental • Fases da Investigação Geoambiental – Investigação Preliminar – Investigação Principal – Investigação do Meio Hídrico • Procedimentos Analíticos • Métodos Indiretos de Investigação • Considerações Finais • Exemplos de Casos TÓPICOS • Técnicas Não-Invasivas X Invasivas – Não Invasivas: Com penetração no solo; – Invasivas: Sem penetração no solo; • Métodos Diretos X Indiretos – Diretos: quando medem diretamente a propriedade ou parâmetro desejado – Indiretos: quando medem um parâmetro correlacionado à propriedade ou parâmetro desejado. Técnicas de investigação Métodos indiretos de investigação • Técnicas mais usuais: – GPR (Ground Penetration Radar); – EM (Método Eletromagnético); – ER (Eletroresistividade); – SEV (Sondagem Elétrica Vertical). • Baseados na variação de uma ou mais propriedades do solo (contraste); • Podem ser intrusivos ou não-intrusivos; • Os métodos eletro-resistivo e GPR utilizam propriedades elétricas do solo; Eletrorresistividade • Imposição de um campo elétrico pelos eletrodos de corrente e a medição da queda de potencial pelos eletrodos receptores • Aplicação da Lei de Ohm ao circuito elétrico que se completa no solo: R = V / I • A resistência não é uma propriedade do solo, depende da quantidade de solo medida (dimensões): R = ρ L / S • A resistividade (ρ) é uma propriedade do solo, depende da porosidade, grau de saturação, concentração eletrolítica, temperatura, mineralogia, capacidade de troca catiônica, pH, etc. I V Arranjo Wenner M N BA 2 a V eletrodo de corrente eletrodo de potencial Profundidade de investigação eletrodo de corrente a a a I = Equipotencial Linha de fluxo Método eletrorresistivo. Configiração dos eletrodos no arranjo Wenner. Eletrorresistividade Planta de isorresistividade para as profundidades de 1 e 2 metros (valores em ohm.m). 1 metro 2 metros N 2 3 4 3 5 3 5 5 5 5 5 5 5 8 3 3 4 4 3 3 2 3 54 6 4 5 6 1 2 8 5 6 4 6 Escala (m) 0 50 3 4 5 4 2 4 8 6 6 4 1 5 2 4 6 8 1 6 4 5 5 6 2 3 3 2 4 5 7 5 5 8 2 3 3 Eletrorresistividade Zoneamento do aterro com base na planta de isorresistividade para as profundidades de 1 e 2 m. N 5 5 5 8 8 5 Escala (m) 0 50 2 8 2 5 2 7 8 2 Q-1 Q-2 Noroeste Setor Norte Setor 5 Setor Centro-Leste Sudeste Setor Zonas provavelmente dominadas por Zonas provavelmente dominadas por materiais condutores (metais, sais) resíduos da produção de borracha Eletrorresistividade Geofísica de Superfície: Conclusões • Ensaios não-pontuais, visão contínua e amplificada do subsolo • Ensaios não invasivos, importantes no caso de rejeitos perigosos ou quando a um furo afeta indesejavelmente a situação • Ensaios rápidos e econômicos • fornecem dados qualitativos, a serem confirmados com amostragem de solo e de líquido Cone resistivo • Método invasivo • Proprociona medições contínuas • As medições efetuadas envolvem uma pequena porção do solo • Minimiza o problema da falta de homogeneidade do solo • Limitada a solos friáveis • Emprego no monitoramento e na avaliação de desempenho de ações de remediação Esquema do cone resistivo de um eletrodo Detalhe Região amolgada Região da medição eletrodo Detalhe Equipotencial Corrente Cone resistivo Cone resistivo Exemplo de resultado medida de resistividade • Condutividade (mS/cm) = 10.000 ÷ Resistividade (W-m) • Hidrocarbonetos são não condutivos => alta resistividade • Figura ao lado: • linha tracejada => medida do background; • linha contínua => medida em área contaminada por creosoto. • Medidas de resistividade orientam programa de amostragem ou de poço de monitoramento • Introdução • O Processo de Investigação Geoambiental • Fases da Investigação Geoambiental – Investigação Preliminar – Investigação Principal – Investigação do Meio Hídrico • Procedimentos Analíticos • Métodos Indiretos de Investigação • Considerações Finais • Exemplos de Casos TÓPICOS Considerações finais • A Investigação Geoambiental deve se situar no contexto da análise de risco e considerar o modelo fonte- caminho-alvo nos objetivos. • A abordagem deve ser por fases: – fase preliminar: determina a qualidade e o custo das investigações . – fase principal: visa subsidiar o projeto de remediação. • Métodos diretos visam a representatividade da amostra e acurácia da investigação. • Devem ser conhecidos ou estabelecidos valores de fundo (background) e de concentrações-limite para os contaminantes presentes. • Os métodos indiretos de investigação podem ser instrumentos confiáveis, de baixo custo e seguros em relação ao perigo de exposição. • Na investigação do meio hídrico a natureza dinâmica do regime requer amostragem no tempo. Considerações finais
Compartilhar