METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 226 5.1.2 - Razão adiabática seca. Há uma outra conclusão importante, oriunda da equação VI.5.3. De fato, estando a at- mosfera em equilíbrio hidrostático e sendo o comportamento do ar seco praticamente idêntico ao do gás ideal (ρa = pMa/RT), então: cpa dT = –g dz (VI.5.15) ou, γa = –dT/dz = g/cpa = 9,8 oC/km. (VI.5.16) Ao parâmetro γa chama-se razão adiabática para o ar seco ou, abreviadamente, razão adiabática seca. Fisicamente γa exprime a variação de temperatura a que está sujeita uma par- cela de ar seco, como conseqüência de seu movimento vertical, quando o faz obedecendo a um processo adiabático reversível. Observa-se que a temperatura da parcela diminui quando sua altitude aumenta e vice-versa. Como esperado, uma parcela que se eleve na atmosfera deverá resfriar-se; caso seu movimento seja subsidente, ocorrerá um aquecimento. A mudan- ça de temperatura se efetua na proporção de quase 1oC para cada 100 m de variação de alti- tude. É necessário enfatizar a distinção entre gradiente vertical de temperatura (definido no Capítulo II) e razão adiabática. O gradiente vertical de temperatura (∂ T/∂ z) indica como a temperatura varia com a altitude em uma dada camada da atmosfera (mas também com as coordenadas horizontais, daí usar-se derivada parcial), sendo calculado a partir de observações feitas simultaneamente em diferentes níveis (é uma grandeza instantânea). Em geral se utiliza o parâmetro Γ definido como Γ = [–∂ T/∂ z ] t justificando-se o sinal negativo porque a temperatura diminui quando z aumenta; A razão adiabática refere-se à variação de temperatura com a altitude, experimentada por uma mesma parcela de ar que se desloca verticalmente na atmosfera (e que, ao fazê-lo, consome um certo tempo). Trata-se de uma grandeza não instantânea, pois a variação de temperatura é determinada em relação ao mesmo volume substantivo de ar, que demora um certo tempo para se mover: γa = [–d T/dz ] m Nessas relações os índices t e m denotam, respectivamente, o tempo e a individualidade da massa (substantividade) da amostra de ar. Na última equação não utilizou-se a derivada parcial porque, estando a atmosfera em equilíbrio hidrostático, não há variação da temperatura com as coordenadas horizontais nas vizinhanças do nível (z) considerado.