METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 228 Lembrando que TV = T(1 + r / 0,622) /(1 + r), sendo r a razão de mistura, resulta: γu = –dT/dz = (g/cpa) (1 + r) / (1 + r/0,622). (VI.5.22) O fator (1 + r) / (1 + r/0,622) não ultrapassa 0,98 (mesmo no caso de ar extremamente úmido), revelando que a razão adiabática úmida é ligeiramente inferior à seca (γa). A diferença é tão pequena que faculta adotar esta em lugar daquela. Assim, para fins práticos, γu ≈ γa = 9,8 oC/km. (VI.5.23) 6. Processos pseudo-adiabáticos. Quando o ar saturado se expande, devido a um deslocamento ascensional, o resfria- mento resultante provoca a condensação ou a sublimação de vapor d'água, geralmente origi- nando uma nuvem. Quando a temperatura é inferior a 0 oC, tanto podem surgir gotas d'água (sobrefundidas), como cristais de gelo. Entretanto, nessa faixa de temperaturas o calor latente de sublimação supera o de condensação em cerca de 10% apenas (Tabela VI.1), não sendo costume analisar separadamente o caso da sublimação. Durante o movimento ascendente, a parcela de ar saturado se resfria (devido à expan- são) à razão de 9,8 oC/km, porém, a liberação de calor latente (devida à condensação ou à sublimação de vapor d'água) tende a aquecê-la, neutralizando em parte esse efeito. A razão de resfriamento do ar saturado em movimento ascendente é, dessa maneira, inferior à razão adia- bática seca. Para que se possa compreender melhor essa questão, dois casos extremos serão apre- ciados: a - nenhuma partícula hídrica (no estado sólido ou líquido) abandona a parcela (não há precipitação); e b - todas as partículas abandonam o sistema, imediatamente depois de formadas (preci- pitação imediata). Na primeira situação haveria possibilidade de inverter o processo, já que os produtos de condensação e de sublimação retornariam à fase gasosa caso a parcela passasse a ter movi- mento descendente. O calor latente liberado na etapa ascendente (expansão) seria consumido durante a descendente (compressão), na evaporação das próprias partículas formadas. Assim, a parcela poderia retornar ao nível inicial de pressão passando por todos os estados termodi- nâmicos intermediários, na ordem inversa àquela observada durante a ascensão, atingindo-o com a mesma temperatura original. Trata-se, por conseguinte, de uma transformação tipica- mente reversível e, ainda, adiabática (considera-se que não houve trocas de calor entre a par- cela e a atmosfera circunjacente). Na segunda situação o processo não seria adiabático, pois uma pequena quantidade de calor é conduzida pelas partículas que abandonam a parcela (precipitação). Tampouco seria reversível, haja vista que sua inversão jamais poderia conduzi-la às condições originais de temperatura e umidade, quando trazida ao nível original de pressão.