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proteínas, íons) que o meio extracelular (Figura 10.2), o que o torna hipertônico, levando à absorção passiva de água do meio extracelular (osmose). Nos animais, o equilíbrio osmótico é mantido principalmente pela expulsão ativa de íons do meio intracelular através da bomba de sódio/potássio. A atividade da bomba CEDERJ 11 A U LA M Ó D U LO 3 1 0 de sódio/potássio torna a concentração de cátions no meio extracelular maior que no meio intracelular. Assim, o meio extracelular torna-se eletricamente positivo em relação ao meio intracelular e esse, por sua vez, é negativo em relação ao primeiro. Figura 10.2: As células primitivas (A) tendiam a absorver osmoticamente grande quantidade de água, podendo romper-se. A bomba de sódio/potássio (B) expulsa ativamente cátions do meio intracelular, impedindo que a célula arrebente pela absorção excessiva de água. Na membrana dos neurônios, não apenas a bomba de sódio/ potássio está constantemente expulsando 3 íons Na+ e internalizando 2 de K+, o que já dá um saldo de mais cátions para o meio extracelular; como também parte desse K+ que se acumula no citossol é perdida através de canais vazantes de K+, proteínas tipo canal específi cas para K+ que estão sempre num ESTADO ABERTO, aumentando a polaridade da membrana (Figura 10.3). Essa é, pois, a situação de repouso de um neurônio: bomba de Na+/K+ funcionando continuamente e mais íons K+ sendo eliminados através dos canais vazantes. Figura 10.3: A membrana do neurônio se mantém polarizada graças à atividade da bomba de Na+/K+ e à presença de canais vazantes de K+. H2O H2O 3 Na+ 2 K+ K+ Meio extracelular Meio intracelular Meio plasmática ATP ADP+Pi Este é um canal diferente dos que estudamos na Aula 11, pois fi ca sempre ABERTO, sem depender de ligante ou voltagem. a b CEDERJ12 Biologia Celular II | A célula nervosa NEURÔNIO EM REPOUSO GASTA ATP! Gasta, sim. Para se manter ou voltar a estar polarizado, é essencial a participação da bomba de Na+/K+, e é por isso que os neurônios são ávidos consumidores de glicose e O2, e também por isso são as primeiras células a sofrerem e a morrerem com a falta dessas moléculas. Mas, e no estado ativo, como será que essas células se comportam? NEURÔNIOS ATIVOS: A DESPOLARIZAÇÃO DA MEMBRANA Em princípio, é bastante simples provocar a atividade neuronal: basta induzir a abertura de canais iônicos em sua membrana. Como no estado de repouso a membrana é dita polarizada, ao ser ativada dizemos que ocorre a despolarização da membrana. Na verdade, a membrana não fi ca sem polaridade, esta é apenas momentaneamente invertida: o interior se torna positivo e o exterior negativo (Figura 10.4). Figura 10.4: Distribuição de cargas nos meios intra e extracelular nos estados de repouso (polarizada) e atividade (despolarizada) da membrana plasmática. Em repouso, a bomba de Na+/K+ mantém o meio intracelular negativo em relação ao meio extracelular. E para despolarização? A abertura de canais de Na+ leva a um infl uxo de cátions que torna o interior da célula positivo em relação ao meio extracelular. Logo a seguir, abrem-se canais de K+, o que acelera o retorno do potencial de membrana aos níveis de repouso, pois muitos dos íons K+ acumulados pela bomba de Na+/K+ passam para o meio extracelular (Figura 10.5). Após abrir-se, o canal de Na+ passa por uma fase em que ele fi ca inativo, chamada período refratário, e só então volta ao estado de repouso, quando então pode ser novamente aberto. Isso garante que a onda de despolarização percorrerá o neurônio do corpo celular para o axônio Meio extracelular Meio intracelular MEMBRANA POLARIZADA DESPOLARIZADA CEDERJ 13 A U LA M Ó D U LO 3 1 0 (Figura 10.6), até alcançar os terminais sinápticos. Por se abrirem um pouco depois dos canais de Na+, esses canais de K+ também são chamados canais de K+ lentos. E o que provoca a abertura desses canais? Sabemos que existem canais iônicos ativados por ligantes e outros ativados por voltagem, além dos ativados mecanicamente. As substâncias capazes de abrir canais iônicos na membrana dos neurônios são os neurotransmissores (veja o boxe após a fi gura 10.6). Na superfície dos neurônios existem tanto canais ativados por ligantes (chamados, nesse caso, neurotransmissores) como canais ativados por voltagem. Isso é muito econômico para a célula, pois uma quantidade mínima de neurotransmissor é reconhecida por um canal ativado por aquele ligante específi co e se abre, provocando a despolarização da membrana naquele ponto. Essa alteração na polaridade da membrana é sufi ciente para induzir a abertura de canais ativados por voltagem naquela vizinhança e, a seguir, num ponto mais adiante, fazendo com que a onda de despolarização avance, sem gasto de energia e sem necessidade de mais neurotransmissor, ao longo da membrana do neurônio (Figura 10.6.b). Figura 10.5: A despolarização da membrana ocorre quando abrem-se os canais de Na+ que entram, tornando o meio intracelular positivo em relação ao exterior. Em seguida, abrem-se canais que permitem a saída de K+ e iniciam a repolarização da membrana. Por fi m, a bomba de Na+/K+ restabelece o potencial de repouso. Para simplifi car o esquema, os canais vazantes de K+ não foram representados. 2 3 1 K++ Na+ 3 Na+ ATP ADP+Pi Meio extracelular Meio intracelular Membrana plasmática 1 2 3 2 K+ CEDERJ14 Biologia Celular II | A célula nervosa Figura 10.6: (a) O canal de Na+, inicialmente fechado, abre-se, disparando (t = 0) a despolarização da membrana (pico da curva). Rapidamente (t = 1) o canal de Na+ passa ao estado inativado, enquanto os canais de K+ – não mostrados na fi gura – abrem-se e iniciam a repolarização da membrana (curva descendente). Na última fase (t = 2), o canal já voltou ao estado de repouso e pode ser reestimulado. (b) O período refratário (em que o canal está inativo) garante que apenas os canais ainda não abertos entrem em atividade, propiciando a progressão do estímulo ao longo da membrana do axônio. A área sombreada corresponde à região em que a membrana está despolarizada, com canais inativados na retaguarda e canais se abrindo à frente. As setas apontam o sentido de deslocamento do estímulo. Certamente você conhece muitos neurotransmissores. Talvez você não saiba que alguns estimulam o neurônio que os recebe (são os estimulatórios), outros inibem (são os inibitórios). Para inibir um neurônio, o neurotransmissor, ao se ligar ao receptor, abre canais de K+ ou de Cl-, tornando a membrana ainda mais difícil de despolarizar. 50 - 50 0 0 1 2 0 21 a b CEDERJ 15 A U LA M Ó D U LO 3 1 0O neurotransmissor mais conhecido e estudado é a acetilcolina, que pode ser estimulatório ou inibitório dependendo da situação, e atua sobre as células musculares (mas não apenas sobre elas). Falaremos com mais detalhe sobre a acetilcolina mais adiante. Outros neurotransmissores são: O glutamato medeia a maior parte dos sinais excitatórios no cérebro dos vertebrados. A adrenalina é um dos neurotransmissores secretados pelos neurônios do sistema nervoso autônomo. Entre outros efeitos, provoca a aceleração do ritmo cardíaco e a vasoconstrição. O ácido gama aminobutírico (GABA) é o neurotransmissor inibitório mais importante do sistema nervoso central. A dopamina é um dos neurotransmissores produzidos por neurônios do sistema nervoso central. Doenças como o mal de Parkinson estão relacionadas à diminuição dos níveis de