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Atualização Rápida
Mitos e verdades em ciência e religião: uma perspectiva histórica1
Myths and truths in science and religion: a historical perspective
ronald l. nuMBErs, Ph.d.
Hilldale Professor of the History of Science and Medicine, University of Wisconsin-Madison, Estados Unidos. Presidente da International Union of the History and Philosophy of Science, 
Division of History of Science and Technology.
Tradução2 
alExandrE sECh Junior, CristianE sChuMann silva
Revisão da tradução
alExandEr MorEira-alMEida
Recebido: 23/9/2009 – Aceito: 24/9/2009
Numbers RL / Rev Psiq Clín. 2009;36(6):246-51
1 Este artigo é baseado numa conferência proferida em 11 de maio de 2006 no Howard Building do Downing College na Universidade de 
Cambridge, Reino Unido. Faz parte das atividades do Faraday Institute for Science and Religion da mesma universidade. O texto original 
encontra-se na página www.st-edmunds.cam.ac.uk/faraday/Lectures.php. Os tópicos abordados no presente artigo são desenvolvidos de modo 
mais completo em um livro recente editado pelo prof. Ronald L. Numbers, que é tema de uma resenha nesta edição da Revista de Psiquiatria 
Clínica: Galileo Goes to Jail and Other Myths about Science and Religion. Ronald L. Numbers (Org.). Harvard University Press, 2009.
2 Tradução autorizada pelo autor.
Quando o tema é “Mitos e Verdades na Ciência e 
na Religião”, é lamentável o fato de que após anos, 
décadas de pesquisas realizadas por historiadores na 
História da Ciência e da Religião, os mesmos mitos 
antigos que temos corrigido repetidamente continuam 
a ter vida própria e a ser amplamente conhecidos pelo 
público em geral. Um dos maiores desafios, eu creio, 
para retificar a compreensão do público acerca da 
ciência e da religião atualmente é esclarecer os mitos 
que ainda persistem desde o passado.
O público leigo, na medida em que pensa de alguma 
maneira a respeito dos problemas relacionados à ciência 
e à religião, tem a certeza de que a religião institucio-
nalizada sempre se opôs ao progresso científico; teste-
munhas disso são Copérnico, Galileu, Darwin, Freud, 
John Thomas Scopes. Eles sabem que a ascensão do 
Cristianismo exterminou a antiga ciência, que a Igreja 
Cristã Medieval suprimiu o crescimento da Filosofia Na-
tural, que os cristãos medievais ensinavam que a Terra 
era plana, que a Igreja proibiu autópsias e dissecações 
durante a Idade Média e o Renascimento.
Por outro lado, os religiosos sabem que a ciência teve 
papel preponderante na corrosão da fé por intermédio 
do Naturalismo e do antibiblicismo. Se quisermos que o 
público passe a ter uma visão renovada no que concerne 
ao relacionamento entre ciência e religião, acredito que 
devamos dissipar os antigos mitos que continuam a se 
passar por verdades históricas. E aqui devo deixar claro 
que me refiro a “mitos” no seu bom e antigo sentido ori-
ginal, como ficção ou meia-verdade, não no sentido dos 
complexos estudos antropológicos e religiosos; assim, 
deixemos isso já definido.
A comunidade acadêmica vem debatendo amplamen-
te a melhor forma de caracterizar a relação histórica en-
tre ciência e religião, e nenhuma generalização tem sido 
mais sedutora do que a do conflito. De fato, os dois livros 
mais lidos sobre a história da ciência e o Cristianismo 
têm em seus títulos as palavras “conflito” ou “guerra”. 
O primeiro dos livros a ser lançado foi o de John William 
Draper: A História do Conflito entre a Religião e a Ciên-
cia (The History of the Conflict between Religion and 
Science). Lançado em meados da década de 1870, longe 
de ser uma história desapaixonada, constituiu-se num 
longo discurso contra os católicos romanos e o que estes 
fizeram para inibir o progresso científico.
Draper argumentou que a antipatia do Vaticano 
pela ciência deixou suas mãos impregnadas de sangue. 
Pode parecer estranho o porquê de alguém – sendo um 
proeminente químico, fundador e primeiro Presidente 
da Sociedade Americana de Química, muito ativo no 
desenvolvimento da fotografia nos Estados Unidos – ter 
passado tanto tempo escrevendo um livro inteiro acu-
sando os católicos. Draper tinha um filho pequeno que 
adoeceu gravemente e que possuía um livro favorito. 
A irmã de Draper, que era freira católica, vivia com eles 
e, antes que o menino viesse a falecer, tirou o livro dele 
Endereço para correspondência: Ronald L. Numbers. Department of Medical History and Bioethics University of Wisconsin 1300 University Avenue Madison, Wisconsin 53706. E-mail: rnumbers@wisc.edu
251Numbers RL / Rev Psiq Clín. 2009;36(6):246-51
porque ela não o achava suficientemente edificante. 
Pouco depois da morte, ela colocou o livro no lugar onde 
o menino sentava-se à mesa de jantar e Draper nunca 
a perdoou por isso. Essa parece ter sido, em grande 
parte, a fonte de sua animosidade contra o Catolicismo. 
Draper ignorou ou depreciou as contribuições cientí-
ficas de muitos devotos católicos, de Copérnico e Galileu 
a Galvani e Pasteur. Apenas recentemente tivemos uma 
pesquisa de muito boa qualidade acerca do Catolicismo 
e a ciência moderna em seus primórdios realizada por 
John Heilbron, cujo trabalho premiado The Sun in The 
Church: Cathedrals as Solar Observatories (O Sol na Igre-
ja: as Catedrais como Observatórios Solares) argumenta 
que a Igreja Católica Romana deu mais financiamento 
e apoio social ao estudo da astronomia por mais de 
seis séculos, desde a recuperação do conhecimento 
tradicional no final da Idade Média até o Iluminismo, 
do que qualquer instituição – e, provavelmente, mais 
do que todas as outras juntas. O que teríamos feito sem 
a Igreja Católica?
A razão pela qual a Igreja inicialmente se interessou 
tanto pelos observatórios foi para estabelecer a data para 
a Páscoa, mas no final das contas esses observatórios 
foram utilizados para estudar a geometria do sistema 
solar bem como outros assuntos de interesse geral da 
Astronomia. Além disso, hoje sabemos que a escola 
médica Papal, San Viansa, atualmente a Universidade de 
Roma, foi durante anos, décadas e até mesmo séculos, 
no início do período moderno, a pioneira em estudos de 
anatomia e fisiologia. 
Andrew Dickson White, um historiador e o primeiro 
reitor da Universidade de Cornell em Nova Iorque, 
escreveu o segundo livro, um tratado monumental 
sobre História da Guerra da Ciência com a Teologia 
na Cristandade (History of the Warfare of Science with 
Theology in Christendom). Ele começou a proferir confe-
rências sobre esse assunto no final da década de 1860, 
publicou um pequeno folheto antes de Draper, seguiu 
escrevendo capítulos durante anos e finalmente, em 
1896, publicou essa obra-prima em dois volumes. Ele 
descreveu o conflito entre o Cristianismo e a ciência 
como uma série de batalhas travadas entre teólogos 
dogmáticos e de visão limitada e homens de ciência em 
busca da verdade. Tudo começou quando ele tentou 
obter financiamento público que o Congresso havia 
conferido a vários estados a fim de financiar o ensino 
de técnicas agrícolas e mecânicas. White estava deter-
minado em Cornell a montar um refúgio para a ciência 
e não se curvar de forma alguma a quaisquer interesses 
religiosos. Ele foi bem-sucedido na competição contra 
muitos líderes de instituições religiosas que os tornou 
de algum modo críticos de Andrew Dickson White, por 
isso seu interesse na luta permanente entre a ciência e a 
religião. Segundo sua descrição: “Era um conflito antigo, 
uma guerra que perdurou mais do que as batalhas mais 
violentas, com ações mais persistentes, com estratégias 
mais vigorosas do que quaisquer dos relativamente 
insignificantes conflitos armados de Alexandre, César 
ou Napoleão”. 
White acreditava que algumas das batalhas mais 
sangrentas foram travadas entre os séculos XVI e XVII 
durante o período da assim chamada revolução cientí-
fica, quando poderosos líderes da Igreja repetidamente 
tentaram silenciar os pioneiros da ciência moderna. 
Copérnico, ele disse, que havia ousado localizar o sol 
no centro do sistema solar, arriscousua própria vida 
para publicar suas concepções heréticas e escapou às 
perseguições apenas por causa de sua morte. Muitos 
de seus discípulos tiveram um destino menos feliz. 
Giordano Bruno foi queimado vivo como um monstro 
da impiedade; Galileu foi torturado e humilhado como 
o pior dos incrédulos; Kepler foi caçado igualmente por 
Protestantes e Católicos. Andreas Vesalius, o médico 
do século XVI que estabeleceu os fundamentos da ana-
tomia moderna ao insistir em cuidadosas dissecações 
diretas no corpo humano, pagou por sua temeridade, 
tendo sido caçado até a morte. A última vítima nessa 
duradoura guerra contra a ciência, disse White, foi essa 
instituição, a Universidade de Cornell, e seu arrogante 
reitor, Andrew Dickson White. 
A despeito dos numerosos livros e artigos questio-
nando a interpretação de White, sobretudo a elegante 
refutação de Jim Moore publicada no fim dos anos 1970, 
o conflito metafórico mantém-se popular, não apenas en-
tre o público em geral, mas igualmente nas comunidades 
científica e religiosa. Segundo o meu conhecimento ou 
de meus colegas que trabalham com a história da revo-
lução científica, nenhum cientista perdeu sua vida por 
causa de suas concepções científicas. Muito embora a 
Inquisição italiana, de fato, tenha incinerado o coperni-
cano do século XVI Giordano Bruno, porém, em razão 
de suas concepções heréticas em relação à divindade ou 
não divindade de Cristo e não porque ele acreditasse na 
infinitude do universo ou por ele ser copernicano. Ele 
defendia a ideia de que Cristo não possuía um corpo 
humano e que sua morte na cruz foi mera ilusão, o que 
fez com que algumas autoridades eclesiásticas ficassem 
um pouco desgostosas com ele. Ele também tinha outras 
ideias heréticas. 
Contrariamente às histórias frequentemente conta-
das sobre a tortura e a prisão de Galileu, sabemos hoje 
que aparentemente ele nunca foi fisicamente torturado 
– ele pode ter vivido um sofrimento mental considerável, 
mas nunca fisicamente torturado. Ele deixou a cidade de 
Florença e foi para Roma em 1633. Quando lá chegou – 
para seu julgamento – ele permaneceu inicialmente na 
Embaixada da Toscana e não em uma prisão ou gabine-
tes da Inquisição. Os poucos dias que passou dentro do 
Vaticano durante seu julgamento não foram dentro de 
uma cela, mas em um apartamento especial com três 
cômodos disponibilizado para ele como convidado de 
honra de um dos padres que faziam parte da Inquisição. 
Para tornar sua estadia a mais agradável possível, eles 
permitiram que suas refeições fossem preparadas pelo 
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cozinheiro-chefe na Embaixada Italiana e trazidas a essa 
“não cela”.
Após sua condenação, ele não foi encarcerado, mas 
ficou detido em regime de prisão domiciliar, primei-
ramente na Villa Medici em Roma, depois no Palácio 
do Arcebispo em Sienna onde ele permaneceu por um 
longo período e, então, finalmente em sua própria casa 
de campo nos arredores de Florença. Não acredito que 
nenhum de nós gostaria de ficar detido em prisão domi-
ciliar durante qualquer período de tempo, embora esse 
tenha sido um destino bastante diferente daquele atribu-
ído a ele de acordo com tantos estudos populares sobre 
a vida de Galileu. Também sabemos, por intermédio de 
Andrew Dickson White e muitos outros, que ao longo 
da Idade Média a igreja ensinava que a Terra era plana 
e que devemos ao bravo e heroico Cristóvão Colombo a 
prova empírica de que o mundo era na realidade esférico, 
ao navegar até a América do Norte. Infelizmente, uma 
das pessoas responsáveis por essa concepção foi um 
ilustre intelectual do século XIX, daqui da Universidade 
de Cambridge, William Whewell, que popularizou essa 
visão em sua história das ciências indutivas.
Mas, mesmo alguns anos antes de Whewell, como 
demonstrado pelo historiador Geoffrey Russell, um 
escritor estadunidense chamado Washington Irving 
em um tipo de biografia ficcional de Colombo falava da 
Terra como sendo plana. Portanto, foi somente a partir 
do século XIX que as pessoas passaram a acreditar que 
na Idade Média todos pensavam que a Terra fosse plana. 
Na verdade, se retrocedermos até Aristóteles e de lá 
avançarmos até o século XVI, quase ninguém pensava 
que a Terra fosse plana; ela era quase que universalmen-
te descrita por pessoas instruídas como uma esfera, mas 
houve duas pessoas na Idade Média que defendiam a 
não esfericidade da Terra. Eles, é claro, foram aqueles 
citados por Whewell na primeira metade do século XIX 
e que continuam a ser os representantes da concepção 
errônea que se estende ao futuro. 
No início do século XIX, o psicólogo Sigmund Freud 
observou que a ciência já tinha infligido três grandes 
ataques contra o ingênuo amor próprio da humanidade. 
O primeiro foi associado ao astrônomo do século XVI 
Nicolau Copérnico, quando foi constatado que a Terra 
não era o centro do universo, mas apenas uma pequena 
partícula em um sistema de mundo de uma magnitude 
dificilmente concebível.
O segundo, de acordo com Freud, foi associado 
a Charles Darwin, assim que sua pesquisa biológica 
roubou do homem seu peculiar privilégio de ter sido 
especialmente criado e o relegou a um descendente do 
mundo animal. 
De maneira vaidosa, Freud observou que o desejo 
do homem pela grandiosidade está sofrendo agora o 
terceiro e mais amargo golpe, dessa vez pelas mãos 
dos psicanalistas, como ele mesmo, que estavam de-
monstrando que os seres humanos se comportam sob 
a influência de necessidades inconscientes. No entanto, 
Freud não precisava ter se preocupado tanto com o 
sofrimento psíquico causado pela ciência moderna. 
O copernicanismo tinha efetivamente desalojado os 
seres humanos do centro do cosmos, mas esse foi um 
deslocamento positivo. De acordo com a cosmologia 
aceita naquela época, o centro do universo era o pior 
lugar para se estar e, se procurarmos na literatura, 
raramente encontramos pessoas reclamando por terem 
sido desalojadas desse terrível centro do universo. Elas 
tinham muitas outras objeções, talvez bíblicas, vivenciais 
também, mas a preocupação de ter sido desalojado é 
apenas uma outra ficção que começou a ser propagada.
A psicanálise nunca alcançou a proeminência que seu 
fundador sonhou, dessa forma nunca causou o trauma 
que ele antecipara dentre a maioria das pessoas. Mas, e o 
Darwinismo? E seus efeitos? Quanto desgaste emocional 
causou a revelação de que macacos ancestrais geraram 
os humanos? Ora, temos aqui algumas declarações mui-
to interessantes a respeito do impacto, das quais duas 
quero ler para vocês. 
O historiador Peter J. Bowler disse que “o maior 
triunfo do Darwinismo era que ele em pouco tempo 
estabeleceu uma ruptura total entre ciência e religião”. 
Interessante, mas bastante modesto quando comparado 
com o que o falecido Ernst Meyer disse em um de seus 
últimos livros antes de sua morte, “O que é a Evolução” 
(What Evolution is), onde ele diz: “Não é de se estranhar 
que a ‘Origem’ (das Espécies) tenha causado tamanho 
tumulto. Ele quase que sozinho efetivou a secularização 
da ciência”. 
Mas isso levanta uma questão interessante: a que 
ponto a ciência tem estado envolvida em algo chamado 
secularização? De volta às décadas de 1960 e 1970, 
um grande número de sociólogos particularmente, e 
também alguns historiadores, discutiram acerca da 
história da secularização e previram que muito em breve 
o mundo se tornaria completamente secular. Um dos 
mais distintos antropólogos nos Estados Unidos, An-
thony Wallis, escreveu em um livro no ano de 1966 que 
“O futuro evolucionário da religião é a extinção, isso com 
bases em pesquisas empíricas, tenho certeza. A crença 
em seres e forças sobrenaturais que afetam a natureza 
sem obedecer às leis da natureza será desgastada e se 
tornará apenas uma memória histórica interessante”. 
E na maioria das teorias da secularização que se popu-
larizaram após a Segunda Guerra Mundial, a ciência 
desempenhou o papel-chave em minar as convicções 
religiosas. É interessante hoje,quando lemos os so-
ciólogos, que agora estão tentando explicar por que a 
crença religiosa é tão vigorosa em todo o mundo e não 
apenas a crença religiosa, mas mesmo a crença religiosa 
fundamentalista. Seja na Índia, no Oriente Médio ou 
na América do Norte, a religião tem demonstrado ser 
bastante resiliente e parece estar crescendo, mesmo 
em suas mais conservadoras e inaceitáveis versões. 
Portanto, temos um problema muito diferente a explicar 
daquele que explicamos há apenas algumas décadas. 
253Numbers RL / Rev Psiq Clín. 2009;36(6):246-51
Há alguns estudos tentando avaliar o impacto da 
ciência e particularmente do Darwinismo sobre a perda 
da fé no século XIX, e claramente algumas pessoas aban-
donaram suas crenças por conta do Darwinismo, porém, 
Charles Darwin não o fez. Novamente, como Jim Moore 
mostrou há anos, em um dos mais comoventes ensaios 
que li na história da ciência e que honestamente me 
levou às lágrimas, ele conta a história de como Darwin 
perdeu sua fé. Primeiro ele perde seu pai, que era um 
médico maravilhoso, e de acordo com a teologia cristã, 
por seu pai não ser um crente, ele queimaria para sempre 
no inferno. Como um Deus justo poderia fazer uma coisa 
dessas? Em seguida, seu irmão morre. O golpe final em 
suas crenças religiosas foi quando, aos 10 anos de idade, 
sua filha Annie adoeceu. A Sra. Darwin estava grávida, 
assim Charles Darwin levou a filha para a hidroterapia, 
da qual ele já havia se beneficiado, e permaneceu junto 
à filha até que ela sucumbiu e faleceu. Ele ficou tão 
desconsolado que não pôde sequer estar presente no 
funeral. Darwin acreditava que se houvesse um Deus 
onisciente, um Deus onipotente que pudesse ter salvado 
a vida de Annie, por que não o faria? Portanto, foram es-
sas experiências muito pessoais pelas quais ele passou, 
e não a doutrina da seleção natural, que o impeliram a 
abandonar o Cristianismo.
Há alguns anos, uma socióloga britânica chamada 
Susan Budd estudou as biografias de cento e cinquenta 
secularistas e livre-pensadores britânicos que viveram 
entre 1850 e 1950. Um dos problemas no estudo da secu-
larização é o de aprender o bastante sobre os indivíduos 
para contar o que aconteceu. Porém, na literatura dos 
livre-pensadores, muitas vezes seus obituários contêm 
as histórias de como eles perderam a fé, o que era uma 
coisa interessante de se registrar. Dessa forma, ela 
tinha uma base de dados raramente disponível para as 
pessoas que tentam encontrar respostas para tais ques-
tões. Ela descobriu que apenas dois dos seus sujeitos 
mencionaram ter lido Darwin ou Huxley antes de perder 
a fé. A maioria dessas pessoas perdeu a fé por razões 
muito semelhantes àquelas que tinham destruído a fé 
de Darwin no Cristianismo, por razões muito pessoais, 
questionando sobre a origem e a natureza do pecado, 
do castigo eterno e questões desse tipo. 
Não é de se surpreender que muitos cristãos e outros 
religiosos tenham ficado ofendidos pelas caracterizações 
negativas e, em grande parte injustificadas, que retrata-
vam o Cristianismo como o grande inimigo do progresso 
científico. Eles chamaram a atenção para o fato que a 
Europa cristã deu origem à ciência moderna e que uma 
grande maioria daqueles que contribuíram para a ciência 
era cristã declarada. Alguns apologistas cristãos (não 
vou nomeá-los agora) foram longe na tentativa de refor-
mular a relação histórica entre a ciência e o Cristianismo 
como um compromisso essencialmente harmonioso, 
argumentando que a ciência poderia somente ter se 
desenvolvido em uma cultura como a cristã, em que a 
crença em um cosmos ordenado, criado e regulamenta-
do por um ser divino era amplamente difundida. 
Pouquíssimos historiadores da ciência apoiariam 
essa explicação e uma das razões é bastante óbvia – 
para sustentá-la, é preciso excluir todas as realizações 
dos gregos, muçulmanos e judeus, no período anterior 
à revolução científica ou mesmo durante, e afirmar que 
o que eles estavam fazendo não era ciência. Andrew 
Cunningham tem exercido influência marcante na histo-
riografia da ciência nas últimas décadas, demonstrando 
que a ciência na verdade era inexistente até os séculos 
XVIII ou XIX. Antes disso, tivemos a filosofia natural, a 
história natural e a medicina: essas foram as formas de 
investigação da natureza. A ciência como nós a conhece-
mos, significando o estudo da natureza, exclusivamente 
o estudo do mundo natural, não surgiu até bem mais 
tarde. Talvez essa seja uma questão discutível, quanto 
aos gregos e aos muçulmanos terem feito uma ciência 
genuína, porque é anacrônico falar dessa maneira, mas 
eles estavam fazendo muito daquilo que mais tarde os 
filósofos cristãos e os historiadores naturais fizeram. 
Ainda que os cristãos, como já assinalei, muitas vezes 
contribuíram fundamentalmente para o crescimento da 
ciência nos séculos XVI, XVII e assim por diante, creio 
que seja presunçoso da parte dos cristãos alegarem que 
somente o Cristianismo poderia ter produzido a ciência 
como a conhecemos hoje. 
Como muitos sabem, provavelmente eu tenha tra-
balhado muito mais do que uma pessoa de bom senso 
deveria, na história dos antievolucionistas que dos cria-
cionistas, e gostaria de compartilhar alguns dos mitos 
que decorrem dessa área da minha pesquisa. 
O filme “O vento será sua herança” (Inherit the Wind) 
é um admirável filme premiado com o Oscar que retrata, 
usando nomes fictícios, o importante e infame julgamen-
to de Scopes, em Dayton no Tennessee, em 1925. Este é 
um dos eventos históricos mais conhecidos nos Estados 
Unidos, em parte porque todos os livros didáticos do 
ensino médio e superior, que não contêm mais que uns 
poucos parágrafos sobre ciência nas suas 500 páginas, 
dedicam um parágrafo ou dois para o julgamento de 
Scopes; isso é padrão. 
Ao longo dos anos, centenas de milhares, se não 
foram milhões de pessoas, assistiram à peça ou ao filme 
“O vento será sua herança”. Ele passou a ter a reputação 
de um retrato fiel do que historicamente aconteceu há 
alguns anos. Um grupo de historiadores financiado pelo 
governo federal propôs normas nacionais para o ensino 
de história dos Estados Unidos e, na década de 1920, 
esse grupo de eminentes historiadores sugeriu que os 
professores do ensino médio mostrassem esse filme 
para que os estudantes pudessem entender a mentali-
dade dos fundamentalistas que se opuseram à evolução 
no início do século XX. 
Isso seria adequado se o filme “O vento será sua 
herança” exibisse alguma semelhança ao evento histó-
rico em Dayton, em 1925. Como vocês provavelmente 
254 Numbers RL / Rev Psiq Clín. 2009;36(6):246-51
sabem, o anti-herói foi William Jennings Bryan, um 
político norte-americano muito popular que tinha sido 
o candidato democrata à presidência em três ocasiões 
distintas e foi um dos mais conhecidos e queridos polí-
ticos dos Estados Unidos (não querido o suficiente para 
ganhar as eleições, mas querido em alguns círculos). 
Ao contrário do que mostra o filme, e que a maioria 
dos americanos acredita hoje, Bryan, que participou do 
julgamento, não era um criacionista no sentido em que 
agora conhecemos.
Desde meados do século, conseguimos mais ou 
menos identificar os criacionistas como pessoas, que 
acreditam em uma história da Terra jovem, sem que 
nada tenha acontecido há mais de 6 ou 7 mil, talvez 10 mil 
anos atrás. E essa é a forma como Bryan é descrito; ele 
insiste na criação do mundo no ano de 4004 a.C., no dia 
22 de outubro, creio eu. Um dos diálogos importantes 
do filme acontece quando Clarence Darrow, o famoso 
advogado agnóstico que estava questionando Bryan no 
banco das testemunhas, perguntou-lhe se ele poderia ser 
preciso e parece-me que Bryan disse (a Terra foi criada) 
às 9h; Darrow retruca “no horário padrão do leste ou 
no das Montanhas Rochosas?”; é claro que isso sempre 
causa gargalhadas.
A transcrição do julgamento de Scopes está disponí-
vel desde o final de 1925 em uma versão barata, portanto 
prontamente disponível para qualquer historiador. Sevocê levar em conta o interrogatório de Bryan feito por 
Darrow, quem se surpreendeu foi Darrow. Ele achava 
que Bryan acreditava em uma criação especial recente 
e Bryan continua repetindo: Não, não acreditamos, e em 
dado momento, exaltado ele diz: “Não nos importamos 
se a semana da criação durou 6 mil anos, 600 mil anos 
ou 600 milhões de anos, isso não tem importância”. 
E ele estava certo. Os fundamentalistas que se opuseram 
à evolução nos anos 1920 – pelo menos aqueles que 
escreveram e expressaram suas opiniões acerca do 
tema – quase todos aceitavam a evidência da geologia 
histórica em relação à antiguidade da vida na Terra.
Apenas após os anos 1960 é que esse movimento 
criacionista da Terra jovem parece ter sido aceito pela 
maioria dos criacionistas. Bryan foi convidado a Dayton 
pelo líder da Associação Mundial dos Fundamentalistas 
Cristãos, um pastor Batista chamado William B. Riley. 
Riley viajou pelo país pregando a mesma mensagem que 
Bryan estava transmitindo no banco das testemunhas, 
de que os dias do Genesis obviamente simbolizam lon-
gos períodos geológicos e de que não havia problema 
algum para os fundamentalistas cristãos aceitarem isso. 
Onde eles estabeleceram o limite – Riley, Bryan e outros 
líderes fundamentalistas – foi no ponto concernente à 
evolução humana e sobretudo por causa das suas im-
plicações morais. Apesar de tudo, dizer aos jovens que 
eles descendem dos animais e que não deveriam ficar 
tão surpresos quando se comportassem como eles; e 
Deus sabe que da década de 1920 os jovens americanos 
estavam se comportando de forma muito semelhante 
aos animais (mas apenas nos anos 1920!).
Não consigo resistir a fazer outro aparte neste mo-
mento sobre os criacionistas e suas concepções, porque 
continuo ouvindo isso pelo menos uma vez por semana e 
lendo a respeito disso pelo menos a cada duas semanas. 
Há uma percepção estranha em outros países de que os 
criacionistas defendem a ideia de que Deus criou todas 
as espécies. Bem, eles podem tê-la defendido em dado 
momento, mas dificilmente encontraremos algum cria-
cionista que defenda isso nos últimos cinquenta anos. 
Percebo aqui alguns colegas das ciências biológicas 
dizendo: cara, se eu pudesse conversar com algumas 
dessas pessoas e mostrar a elas o que temos descoberto 
em campo, ou no laboratório, que demonstram o desen-
volvimento até de uma nova espécie, isso certamente os 
convenceria a abandonar suas crenças. O problema é 
que eles não acreditam nisso. Eles abandonaram essa 
concepção há pelo menos meio século e por uma razão 
muito boa. À medida que mais e mais fundamentalistas 
e criacionistas aceitavam a perspectiva da criação da 
Terra jovem, eles tinham de encontrar uma maneira de 
explicar uma enorme quantidade de dados geológicos, 
então os criacionistas da Terra jovem recorreram ao 
Dilúvio de Noé, que durou cerca de um ano, de forma 
que eles comprimem toda a coluna geológica a aproxi-
madamente um ano de história da Terra.
O Dilúvio ocorreu há cerca de 4.350 anos. Infeliz-
mente, a Bíblia informa as dimensões da Arca de Noé, 
portanto podemos determinar sua capacidade máxima 
e, mesmo que façamos todos os animais hibernarem, 
para que não seja necessário estocar comida na Arca, não 
conseguiríamos colocar representantes dos milhões de 
espécies que esses zoólogos hiperativos criaram. Assim, 
desde aproximadamente o final dos anos 1940 e início 
dos 1950, os criacionistas tendem a dar ênfase cada vez 
mais na Bíblia que afirma que Deus criou tipos e não 
espécies. E o que é um tipo? Um tipo é o que Deus criou 
no Éden e o que salvou na Arca de Noé. Dessa maneira, 
você não é obrigado a ter tantos representantes, mas o 
que você deve ter é uma grande quantidade de espe-
ciações desde o Dilúvio, porque provavelmente havia 
apenas um casal de canídeos na Arca e em 4.300 anos, 
apenas 4.300 anos, eles geraram todas as espécies de 
raposas, coiotes, lobos e cães domésticos com os quais 
convivemos. Os criacionistas da Terra jovem consideram 
o processo evolutivo em velocidade acelerada.
Não há zoólogo no mundo que não seja criacionista, 
que conceba a evolução agindo tão rápido. Ele chama 
essa microevolução – qualquer coisa que ocorra em um 
perío do de tempo originariamente criado ou preservado 
pelo tempo na Arca é a microevolução em oposição à 
macroevolução. Assim, não há nenhuma evidência de 
que os zoólogos encontrarão mudanças relativamente 
pequenas no mundo orgânico que convencerão um 
criacionista da Terra jovem a abandonar suas concep-
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ções. Eu sei que é uma notícia triste, mas tenho de 
compartilhá-la!
Finalmente, quero dizer algumas palavras sobre a 
globalização do movimento da criação. Enquanto estava 
vivo, o paleontólogo americano Stephen Jay Gould viajou 
ao redor do mundo em diversas ocasiões e frequente-
mente era indagado sobre esse fenômeno americano 
conhecido por criacionismo. Quando Gould, até mesmo 
na hora de sua morte, assegurava a essas plateias estran-
geiras que não tinham com o que se preocupar, porque 
essa era uma bizarrice americana única (termo dele 
para isso) e que não haveria nenhuma possibilidade no 
mundo de ela se espalhar para fora dos Estados Unidos. 
Infelizmente isso aconteceu; sou um historiador e não 
deveria ser arbitrário naquilo que digo; ela se espalhou 
para fora dos Estados Unidos.
Deixem-me mostrar alguns dos exemplos mais 
interessantes; alguns de vocês devem saber que a Aus-
trália, principalmente na costa do Pacífico, tornou-se 
uma autoridade no movimento antievolucionista desde 
1980 e um dos fundadores do movimento australiano 
estabeleceu residência há alguns anos nos Estados 
Unidos, próximo a Cincinnat, Ohio, e criou um gigan-
tesco império lá e está prestes a inaugurar um museu 
criacionista que custou 25 milhões de dólares. Seu nome 
é Ken Ham – alguns de vocês podem tê-lo escutado falar 
quando viajou pela Grã-Bretanha em 2004 e, pelo que 
sei, atraiu um número significativo de expectadores 
aqui. A Coreia do Sul possui um movimento criacionista 
surpreendentemente amplo e ativo e, nos últimos anos, 
começou a enviar missionários criacionistas a outros 
países, incluindo a costa oeste da América do Norte e 
também a Indonésia.
Uma das mais surpreendentes áreas a acolher ca-
lorosamente o criacionismo foi a Rússia. Com a queda 
da União Soviética, representantes do Ministério da 
Educação russo iniciaram o contato com os criacionistas 
americanos convidando-os a escrever livros didáticos 
e a visitá-los, a fim de aconselhá-los a como ensinar o 
criacionismo nas escolas russas, pois eles tinham uma 
justificativa histórica bastante interessante. Eles viveram 
nos dias em que o lysenkoismo foi imposto à biologia 
russa e agora queriam liberdade acadêmica e que não 
apenas o neodarwinismo fosse ensinado aos jovens 
russos; assim, convidaram a raposa para que entrasse 
no galinheiro. Somente nos últimos três ou quatro 
anos, os ministros da educação da Holanda, da Itália e 
de dois países da Europa Oriental, excluindo a Rússia, 
vêm defendendo o ensino do criacionismo ou Desenho 
Inteligente (Intelligent Design). A Ministra da Educação 
da Holanda, há um ano ou dois, mostrou-se favorável ao 
ensino do Desenho Inteligente porque, como ela própria 
disse, esta é uma concepção que poderia unir Cristãos, 
Muçulmanos e Judeus.
Certamente, ninguém esperava que essa bizarrice 
americana se difundisse em culturas não cristãs. Mais 
uma vez, um dos movimentos antievolucionistas mais 
ativos e bem-sucedidos hoje no mundo está localizado 
em Estambul, na Turquia. Ele se chama Instituto de 
Pesquisas Científicas, ou BAV, que é presidido pelo 
carismático membro da comunidade científica religiosa, 
chamado Harun Yahya; seu nome verdadeiro é Adnan 
Oktar, mas ele adotou o pseudônimo Harun Yahya. Ele 
está ativo desde 1990. Sua formação inicial foi em design 
de interiores e, posteriormente, filosofia, mas nunca 
permitiram que ele se graduasse na universidade que 
frequentava, masé certamente bastante brilhante e 
carismático. Ele decidiu, segundo ele, diferentemente 
da maioria das pessoas no mundo muçulmano, tentar 
harmonizar os ensinamentos islâmicos, os ensinamentos 
do Corão, com a ciência moderna.
A maioria dos seus colegas, diz ele, não dispensa 
nenhuma atenção para a ciência moderna, mas ele pelo 
menos quer integrá-la e no mínimo mostrar como eles 
deveriam interagir. Ele já escreveu mais de uma centena 
de livros e nos primeiros ele frequentemente negava o 
Holocausto. Mais recentemente, sobretudo desde os 
ataques aéreos de 11 de setembro, ele tem feito uma 
distinção entre a oposição ao Sionismo (Zionism) e a 
oposição a Israel, de modo que agora ele é um antissio-
nista e não um antissemita. Ele escreveu uma série de 
livros contra a evolução que, segundo ele, é um ponto 
de vista materialista e ateu. Seus livros, sendo o mais 
popular “A fraude da Evolução” (The Evolution Deceit), 
foi traduzido para várias línguas e distribuído ao redor do 
mundo aos milhões, milhões de exemplares que agora 
circulam. Durante algum tempo, o Discovery Institute, 
o lar do movimento do Desenho Inteligente, tem dispo-
nibilizado em seu website o site de Harun Yahya como o 
site islâmico do Desenho Inteligente, mesmo após Harun 
Yahya ter denunciado o Desenho Inteligente em seu site, 
por este não reconhecer o trabalho de Alá. 
Ora, certamente, o Reino Unido será poupado dessa 
bizarrice americana porque não existem cristãos sufi-
cientes lá para sucumbir aos truques do criacionismo e 
certamente essa parece ter sido a percepção até recen-
temente, mas tem havido certa atividade nos últimos 
anos, no campo criacionista. John Polkinghorne, Colin 
Russell e outros têm feito oposição a essa ameaça, mas 
fiquei bastante surpreso ao ver os resultados publicados 
no The Guardian, não faz muito tempo, de uma enquete 
com o povo britânico. As enquetes nos Estados Unidos, 
dependendo de quais enquetes, apontam que pouco mais 
de 50% dos americanos acreditam que os primeiros seres 
humanos foram criados há não mais de 10 mil anos (esse 
número vem crescendo nos últimos anos), dois terços 
dos americanos acreditam que o criacionismo deveria 
ser ensinado nas escolas públicas e apenas cerca de 10% 
dos americanos não se identificam de alguma maneira 
como teístas. Mas, e no Reino Unido? Esse levantamento, 
publicado no The Guardian, mostrou que uma minoria de 
cidadãos britânicos acreditava na evolução formal, 21%, 
se bem me lembro, acreditavam na evolução teísta e 20% 
dos britânicos disseram ser criacionistas. Para alguém 
como eu, parece que a cada dia o Reino Unido está se 
tornando cada vez mais parecido com os Estados Unidos.

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