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Caderno Direito dos Contratos @catharinaorganiza

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Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
1
Direito dos Contratos
PROF. VICENTE PASSOS
PROVAS: 14/4 e 19/5
BIBLIOGRAFIA:
- Direito dos contratos: Cristiano Chaves
- Teoria Geral dos Contratos empresariais: Paula Forgioni
- Contratos: Orlando Gomes
CONTRATO: NOÇÕES GERAIS
NOÇÕES GERAIS: Por conta do objeto a ser trabalhado, se tem duas vertentes: (I) a
jurídica e (II) como o contrato se relaciona com a economia: é uma questão ideológica
e pragmática.
A patrimonialidade é uma marca essencial de uma relação obrigacional, mas, há RJ
onde existe direitos e deveres mas que não é regulada pelo direito obrigacional, como
ocorre na relação PARENTAL, onde os pais tem deveres e direitos sobre seus filhos mas,
não há a ideia de patrimonialidade. Outrossim, aqui nos contratos há o grande
elemento de representação da interface entre direito e economia.
O QUE É UM CONTRATO? Um negocio jurídico, mas nem todo negocio jurídico é um
contrato.
DEFINICÃO DE CAIO MAIO DA SILVA PEREIRA: “O negocio jurídico é um acordo de
vontades na conformidade da lei e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir,
conservar, modificar ou extinguir direitos”. Ou seja, em situações de um testamento
não é um contrato, pois quem vai receber a herança não vai opinar. Mas, outras
situações como a promessa de recompensa, o sujeito é o credor, e ainda não se sabe
quem é o devedor, mas, já gerou efeitos obrigacionais. Outrossim, perceba que se eu
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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pedisse a alguém para procurar algo, prometendo pagar X valor, e a pessoa dissesse
que não atenderia meu pedido, não haveria contrato, pois, teoricamente já sabia quem
seria o credor, mas, esse recusou.
CONTRATO COMO INSTRUMENTO DE CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS: É através do
contrato que eu faço com que o bem da vida por mim pretendido seja prestado.
Costuma-se dizer que o contrato nos retira da barbárie, é um elmento de harmonia e
segurança nas relações, por exemplo, se eu quero um computador, eu não vou arrancar
das mãos de alguém, eu vou procurar onde firmar um contrato de compra e venda.
Permite-se através do contrato, o sujeito alcance os bens da vida que ele quer.
Lembre que o contrato NÃO DEPENDE de uma forma especial.
FUNÇÕES E EFEITOS ECONOMICOS DOS CONTRATOS:
1. PROMOVER CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS. Como por exemplo, quando eu firmo
um contrato de prestação de serviços, eu estou recebendo o capital.
2. PREVENÇÃO DE RISCOS. Como foi, por exemplo, estudado em obrigações a
figura do fiador, onde ele é em tese o devedor subsidiário, e o credor
percebendo que o devedor principal não tem como pagar, ele pode
diretamente acionar o fiador. Observe que o contrato de fiança é uma garantia.
Além do fiador, há a figura dos contratos de seguros, onde uma vez que eu
causo um prejuízo, eu previamente já paguei o seguro, e vai ser a seguradora
quem vai cobrir o prejuízo que causei.
3. COLABORAÇÃO ENTRE AS PARTES. Há uma discussão doutrinaria se DEVE
ocorrer essa colaboração ou se PODE, Vicente e Paulo Nalim acham que DEVE.
Por exemplo o dever de reduzir o próprio prejuízo, onde, eu vendo um produto
agrícola para Marianna, que aplica na fazenda dela e acabando matando as
plantas, causando um prejuízo de 10.000, se amanha, Marianna usa de novo e
causa mais 10.000 de prejuízo, pois, quanto mais ele aumenta o prejuízo dele,
ele vai estar aumentando meu prejuízo porque eu terei que restitui-lo (art 186 +
389). Assim, Marianna só tem o direito de receber pelo primeiro dia, pois,
quanto mais ela aumenta o valor do prejuízo dele, também esta aumentando o
meu. Perceba que Marianna estará perdendo o direito potestativo de aplica no
produto, pois, ele já sabe que estará causando prejuízo a si mesmo e
consequentemente a mim, que o indenizaria apenas pelo primeiro dia.
4. PREVENÇÃO DE CONTROVERSIA COM UMA CLAUSULA ARBITRAL. A clausula
arbitral, os sujeitos estão renunciando que irão recorrer ao judiciário.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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5. CONCESSAO DE CREDITO.
6. CRIAÇÃO DE DIREITOS REAIS, pois, esses tem impactos econômicos.
CONTRATO COMO NEGOCIO JURÍDICO
Elementos de existência: Previsão doutrinaria.
1. Manifestação de vontade
2. Sujeito/Agente
3. Objeto
Requisitos de validade: Art 104 do CC.
1. Livre
2. De Boa fé
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
PRINCÍPIOS LIBERAIS CLÁSSICOS
AUTONOMIA: É interpretado com uma ideia de liberdade do particular de criar normas
jurídicas, e a partir de momento que se estabelece um contrato, ele acha um lugar no
ordenamento se respeitado os planos da existência, validade e eficácia. Assim, se um
dos sujeitos descumpre o contrato, pode se pedir do Estado um ajuda para que se
realize a demanda, dentro dos prazos prescricionais. Essa autonomia permite que o
sujeito possa estabelecer acordos que serão exigíveis juridicamente (pretensão).
Histórico e modificação estrutural: Da autonomia e da vontade a autonomia privada
Quando o contrato foi colocado como uma categoria vinculada ao NJ, por uma
evolução doutrinaria, em que o contrato se afasta da ideia ROMANA, e se atrela a
vontade, e quando ela se estabelece como essencial para o contrato, o foco agora na
analise do contrato é se essa vontade foi respeitada ou não. Isso faz com que a analise
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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dos vícios é determinante para validade do contrato. Essa mudança decorre de um
momento histórico do plano econômico em que a burguesia começa a ser a detentora
da riqueza, onde os burgueses eram artesoes e comerciantes, que grande parte de
seus serviços eram contratos de compra e venda e de prestação de serviços. Assim, a
riqueza deixa de ser o patrimônio de terras e sim, o comercio.
Logo, quando a burguesia quer se firmar, ela precisa fazer do contrato um instrumento
da garantia da sua riqueza e de sua circulação, dai, surge a ideia da evolução francesa
de IGUALDADE, LIBERDADE E FRATERNIDADE. Perceba que essa classe queria afastar a
presença do Estado, que só analisaria se o objeto é licito e se o contrato foi firmado
sem vícios de vontade. O contrato se torna obrigatório porque as pessoas livremente
estabeleceram o contrato (“QUEM DIZ CONTRATO, DIZ JUSTO”), mas, perceba que ao
longo dos anos se ONDE A VONTADE ESCRVIZA, A LEI VEM E LIBERTA, pois vai não mais
só analisar a vontade dos sujeitos e sim, a proteção deles analisando por exemplo o
poder econômico que difere os sujeitos.
Essa autonomia da revolução francesa é a AUTONOMIA DA VONTADE.
Outrossim, como já foi supracitado, foi percebido que essa autonomia estava sendo
usada como abuso de direitos, pois, claramente quem tem um maior poder
econômico, é quem ira ditar as regras do contrato. Assim, se inicia uma discussão se o
Estado poderia interferir num contrato que eu livremente firmei com o outro. Assim,
entra em ação os movimentos de esquerda que socializam o direito, e gradualmente a
autonomia da vontade vira a AUTONOMIA PRIVADA: Liberdade modula e limitada por
valos constitucionais e éticos.
Desdobramentos
1. LIBERDADE DE CONTRATAR: Dentro da ideia tradicional de autonomia, eu
contrato se quiser, não sou obrigada. Porem, essa regra é atenuada no
momento em que certas situações não podem ser desprezadas, eu não posso
optar por não contratar, como por exemplo serviços básicos como energia e
agua.
2. LIBERDADE CONTRATUAL PROPRIAMENTE DITA: A liberdade de estabelecer o
conteúdo do contrato também foi atenuado.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Não deixa de existir liberdade contratual, mas ela foi restringido.
Efeitos
1. É possível deixar de aplicar certas normas legais para aplicação de normas
decorrentes da vontade. Exemplo: lei de locação = onde o proprietário do bem
firma um contrato de locaçãomas, coloca uma clausula de renuncia a
indenização pelas benfeitorias, e o proprietário pode fazer isso, o STJ já
sumulou que por força da autonomia PRIVADA, uma vez que o locatório esta
ciente dessa clausula, ela pode ser acordada. Exemplo 2: Teoricamente, IPTU e
condomínio é uma obrigação do proprietário do imóvel, mas, a mesma lei que
declara isso diz que pode ser modificado.
OBS: NORMAS DE ORDEM PUBLICA não podem ser modificadas pela autonomia.
2. Possibilidade da criação de contratos atípicos (art 425): Aquele contrato que
não ta no CC nem em leis esparsas. Exemplo: contrato de hospedagem.
FORÇA OBRIGATORIA “PACTA SEUNT SERVANDA”
Atrelada à ideia da autonomia da vontade, se eu pactuo uma obrigação, ela tem que
ser cumprida ideia de obrigatoriedade do contrato e a sanção em decorrência do
descumprimento deste.
A partir do momento que firmo o contrato, gera pra mim uma expectativa de
cumprimento dele e uma sensação de tranquilidade. Sendo assim, as partes não
podem, de forma unilateral, alterar o conteúdo do contrato sem a concordância do
outro Não é dada a qualquer uma das partes alterar o contrato sem que haja a
concordância do outro.
Resilição não seria uma oposição a isso? Vicente diz que não, pois ainda assim teria
um reforço à ideia de que eu só posso alterar o conteúdo do contrato ou extingui-lo ou
porque as partes querem; nesse caso, na própria produção do contrato isso foi
acordado. Elas mesmas já estabeleceram, previamente, que poderiam exercer esse
direito ao firmarem o contrato.
PACTA SUNT SERVANDA = “o acordo faz escravos entre as partes” na teoria
tradicional, uma vez estabelecido o contrato, o sujeito estaria atrelado a ele.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Atualmente, há a ideia de função social do contrato, em que há uma flexibilização
disso. Quando falamos, por exemplo, em revisão do contrato, há situações em que se
legitima a possibilidade de alterar o contrato.
RELATIVIDADE DOS EFEITOS
Significa que o contrato apenas e tão somente cria uma exigibilidade do seu conteúdo
para aqueles que o celebraram (que participam da relação) – é a ideia de eficácia
relativa do contrato.
Há que se chamar atenção para duas situações:
✔ O contrato celebrado por duas partes pode afetar terceiros, mesmo que
esse terceiro não faça parte do contrato (Ex.: NJs com encargo) – isso
impacta, na pratica, na exigibilidade desses direitos.
✔ Tutela Externa do Crédito – ideia de que embora o conteúdo do contrato só
seja possível de ser exigido daqueles que participam do mesmo, contudo o
que se estabelece é que a proteção do contrato é obrigação de todos
(obrigação de não interferir no cumprimento do contrato).
TEORIA RELACIONADA AO TERCEIRO OFENSOR (OU TERCEIRO CÚMPLICE) A teoria
do terceiro ofensor decorre da interferência ilícita do terceiro em negócios jurídicos
alheios, por meio da indução ao inadimplemento.
Exemplo do posto de gasolina e da distribuidora Shell. // A Shell pode processar a
Distribuidora B, mas também não impede de regressar contra o posto.
Art. 608 CC - Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a
outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste
desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
Tem-se essa ideia de relatividade dos efeitos também no Direito do Consumidor – no
tocante ao consumidor por equiparação.
DIRIGISMO CONTRATUAL E A ORDEM SOCIAL DO ESTADO
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Isso tem a ver com a mudança que o contrato sofre por conta da mudança do Estado
em relação uma atividade privada.
O Estado, ao se preocupar com algumas questões sensíveis à matéria privada, começa
a exercer o que chamamos de dirigismo contratual – de certa forma, está regulando
uma atividade privada // contexto da RF e garantias básicas até mesmo na relação
privada – estabelecer a ideia de isonomia material.
Revisão Judicial do Contrato (grande tópico dentro de dirigismo contratual)
NOÇÕES GERAIS: ideia excepcional, pois não é possível a revisão contratual a não ser
que se tenha uma justificativa plausível para isso.
A CLÁUSULA “REBUS SIC STANDIBUS”: essa clausula representa algo como “enquanto
as coisas assim permanecerem” ou “assim estava dito”. Faz-se presente desde os
primórdios, não a sua previsão especifica, mas a sua previsão ideia de que as
pessoas, quando pactuam algo, analisam aquele momento específico. Ou seja, as
pessoas só vão querer continuar/acordar esse contrato se as condições que estavam
presentes ali se mantiverem. Quando muda a realidade do contrato a ponto de mudar
as condições, passa a existir a possibilidade de modulação desse contrato. // ideia de
que é necessária a revisão para contemplar aquela situação pretérita que justificou a
contratação.
Essa clausula ficou mais forte na época do direito canônico. Ficou um pouco estagnada
porque basicamente pouco tempo depois houve a RI e RF, e a ideia era de liberalismo
econômico. Assim, a clausula ficou sem sentido, pois a logica da época era a não
interferência do contrato. Com a I Guerra Mundial, pessoas que tinham contratos, por
exemplo, de fornecimento de mercadorias, foram afetadas com os resultados. Nesse
quadro, na França foi criada a Lei Faillot.
✔ Lei Faillot (1918): dizia que, se em virtude da guerra, os contratos de
fornecimento d mercadorias gerassem prejuízos significativos para os
contratantes (ou para um deles), isso seria motivo suficiente para pedir a
resolução (extinção) do contrato.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Essa lei serviu para resolver esse problema, mas era apenas e tão somente para venda
de mercadorias. Com o tempo, passou a se estender para outras áreas.
Depois passou a ser critério de suspensão ou extinção do contrato, mas não de revisão
do conteúdo. Só com o passar do tempo que isso passou a ocorrer.
TEORIA DA IMPREVISÃO: a teoria da imprevisão é fundamento teórico da clausula
acima, pois segundo essa teoria, quando acontecessem fatos imprevisíveis e
extraordinários eles permitiriam a revisão do contrato. Dentro da ideia de que eu
contratei em uma determinada realidade, mas ao longo das mudanças da vida, a
realidade muda. // a teoria da imprevisão acaba sendo uma roupagem da clausula
rebuc sic standibus.
Alguns autores entendem que não basta tão somente que uma situação fuja da
imprevisibilidade e seja fora do normal, é preciso uma onerosidade excessiva para um
dos contratantes a ponto de influenciar na sua contratação.
CRITÉRIOS PARA A REVISÃO CONTRATUAL:
✔ Contratos Bilaterais* pois estabelecem a ideia de deveres entre as partes.
Isso faz com que, a partir da onerosidade excessiva, esta seja motivo para a
diferença // OBS: os contratos unilaterais também podem ser revisados – art.
480: Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes
(unilateral), poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o
modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
✔ Contratos Comutativo aquele em que as partes sabem de antemão os riscos
e os ganhos daquela relação contratual. Ideia de equilíbrio entre prestação e
contraprestação.
Todo contrato comutativo é bilateral, mas nem todo contrato bilateral é
comutativo.
Por que não se fala de revisão no contrato aleatório? Pois o risco é integrante
da figura do contrato; pode-se ter situações em que sequer terá
contraprestação cumprida pela outra parte (Ex.: seguro de vida – se a pessoa
não morrer, não vai poder pedir devolução).
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Mas há contratos que são parte aleatório, parte comutativo, e nesse caso só
pode pedir revisão em relação à parte comutativa.
OBS.:
Enunciado 440 5º Jornada É possível a revisão ou resolução por excessiva
onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário
e imprevisível não se relacione com a álea assumidano contrato.
✔ Contratos de execução pois nesses contratos existe uma diferença no lapso
temporal entre o momento em que o contrato foi firmado e o momento de
cumprimento.
Quando o contrato é instantâneo, isso não importa, pois se exauriu na hora.
(Ex.: comprei um carro que hoje vale 50 mil e amanha 70 – não posso querer
refazer isso)
OBS – Súmula 286, STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida
não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos
anteriores.
ANÁLISE DO ART. 478 e 479 CC: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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● Podemos dizer que esse artigo se relaciona com a revisão contratual? A
princípio não;
● A segunda critica é que esse artigo reúne tantas hipóteses de
concretização que a concreção dele seria quase impossível.
● O que seria hoje um fato imprevisível extraordinário?!
● O que seria a extrema vantagem?
● Enunciado 176 da 3ª jornada - Em atenção ao princípio da conservação
dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir,
sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução
contratual.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
equitativamente as condições do contrato. O código em vez de prever a
possibilidade de me ajudar, fica a mercê da boa vontade da outra parte.
OBS.: enunciado 176 da 3ª jornada - Em atenção ao princípio da conservação dos
negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que
possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual. // nessa
situação, apesar de falar de resolução do contrato, a jurisprudência tem entendido que
a pessoa pode pedir revisão contratual se a tentativa de adequação do contrato for
possível.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o
juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor
real da prestação. // se adequa mais à questão da adequação contratual em si.
O devedor estando em mora, pode pedir a revisão judicial do contrato? O STJ
entende que não é possível; no entanto, o próprio STJ abrange essa interpretação
entendendo que se por ventura essa mora foi criada por conta de uma situação de
abusividade eu poderia pleitear a revisão do contrato. // depósito judicial para provar a
boa-fé?! (não se confunde com consignação em pagamento).
Art. 330, § 2º CPC: A petição inicial será indeferida quando: § 2º Nas ações que
tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia,
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no
tempo e modo contratados.
APLICAÇÃO NO CDC ART. 6º, V:
Art. 6º: São direitos básicos do consumidor: V - a modificação das cláusulas contratuais
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
O CDC é de 1990 e o CC de 2002 – boa parte da doutrina criticou que os requisitos do
CC para a revisão contratual eram muito mais graves do que os que existiam no CDC a
justificativa do legislador foi que na relação de consumo há uma disparidade nos polos,
certa vulnerabilidade; exige-se mais no CC porque as relações cíveis são mais paritárias,
e por isso não se justificaria ter um tratamento igual ao do CDC.
OBS.: quando eu aplico o CC e quando aplico o CDC? Tem que olhar a presença de um
fornecedor e do destinatário final.
Princípio do Equilíbrio Econômico e da Justiça Contratual
Contexto de mudança da participação do Estado em relação à economia. A partir do
momento em que o Estado começa a ter uma postura intervencionista na regulação da
atividade privada, passa-se a ter a ideia de que o Estado vai estabelecer certas normas,
princípios e valores que vão estar modulando a questão da autonomia da vontade e da
força obrigatória desse contrato firmado pelas partes.
Ideia da funcionalização desses institutos (contrato) e que tenhamos a possibilidade de
o Estado interferir nessa matéria.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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[???] Quando se fala em principio do equilíbrio econômico e da justiça social, temos
que pensar em dois planos distintos: quando eu falo de relação de consumo, sei que o
peso da regulamentação estatal será bem maior por conta da disparidade de forças e
vulnerabilidade do consumidor na relação de consumo.
Função Social – Art. 421 Lei 13.874/19
Quando eu tenho, em contrapartida, relações cíveis e relações empresariais, tem sido
reclamada a excessiva intervenção estatal nessas áreas. Um dos grandes princípios
relacionados a essa ideia de equilíbrio econômico e justiça contratual foi recentemente
alvo de alteração legislativa através do art. 421 da Lei de Liberdade Econômica.
A função social tem sido entendida como uma forma de regulamentação contratual
pelo Estado a partir do momento em que eu analiso o contrato como inserido no
contexto da sociedade. Por conta disso, é estabelecido em relação à função social que:
o contrato, como circulação de riquezas, não se esgota apenas nesse viés, como a
questão da justiça, da dignidade, da promoção de redução de desigualdade, etc.
A função social sempre se desenvolveu a partir da ideia de solidariedade, limitação da
autonomia e da força obrigatória do contrato. Judith Martins Costa dizia que a função
social usa uma forma de interpretação do contrato que busca uma socialização da
análise disso tudo, o contratualismo com um viés coletivo.
A alteração estabelecida por conta dessa lei muda não só o art. 421 como fez inserir o
PU desse artigo e o art. 421-A. A redação anterior dessa lei dizia basicamente que a
liberdade de contratar seria exercida em razão e nos limites da função social do
contrato. Já a redação atual diz que a liberdade contratual será exercida nos limites e
não mais “em razão”.
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Ou seja, só vai haver
revisão em situações mais excepcionais ainda e a intervenção será a menor possível.
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a
presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção,
ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de
resolução;
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.
Alguns autores tem entendido que não vai mudar muita coisa porque as modificações
foram pontuais; de qualquer sorte, não foi de todo errado porque se olharmos para o
art. 421-A quando fala das relações empresariais, vamos ter a ideia de que de fato vai
haver a principio um equilíbrio entre as empresas que estão ali negociando; claro que
temos que analisar o porte das empresasenvolvidas, o que essa lei quer é afastar a
possibilidade de revisão do contrato, e por isso enfatiza a paridade entre as empresas.
// a jurisprudência ainda dará caminhos para resolver essas questões, porque esse
assunto sempre foi pensado diante da ideia de solidariedade e não de exclusão.
OBS: ENUNCIADOS LIGADOS À FUNÇÃO SOCIAL:
21 a 23 – 1ª jornada:
21 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui
cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito (situação do terceiro
ofensor).
22 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui
cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas
úteis e justas.
23 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina
o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio
quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à
dignidade da pessoa humana.
166 e 167 – 3ª jornada:
166 A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a
impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito
brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil.
167 Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte aproximação principiológica
entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação
contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos
contratos.
360 e 361 – 4ª jornada:
360 O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre
as partes contratantes.
361 O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a
fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva,
balizando a aplicação do art. 475.
431 e 432 – 5ª jornada:
431 A violação do art. 421 conduz à invalidade ou à ineficácia do contrato ou de
cláusulas contratuais.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
15
432 Em contratos de financiamento bancário, são abusivas cláusulas contratuais de
repasse de custos administrativos (como análise do crédito, abertura de cadastro,
emissão de fichas de compensação bancária, etc.), seja por estarem intrinsecamente
vinculadas ao exercício da atividade econômica, seja por violarem o princípio da boa-fé
objetiva.
621 – 8ª jornada:
Os contratos coligados devem ser interpretados a partir do exame do conjunto das
cláusulas contratuais, de forma a privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum.
Boa-fé
Trataremos aqui da boa-fé objetiva prevista no art. 422 do CC - Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé.
Anteriormente à ideia da boa-fé objetiva, vigorava a chamada boa-fé subjetiva.
A ideia da boa-fé aqui é a análise da boa-fé subjetiva - eu falo que é a análise do sujeito
sobre determinada situação. Para a boa-fé subjetiva se entendia basicamente que se a
pessoa age de forma que ela não pratica um ato ilícito e que ela desconhece a
verdadeira situação/direito que ela possui, fala-se da consciência dessa pessoa. Então
se ela imagina que está de fato adotando a postura correta, no plano da subjetividade,
seria boa-fé subjetiva.
Com a ideia de funcionalização do sistema econômico, teremos a migração da boa-fé
subjetiva para a boa-fé objetiva. A boa-fé objetiva seria um padrão de conduta a ser
observado pelas partes buscando alcançar as justas e razoáveis expectativas dos
contratantes.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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É importante observar que o art. 422 não é um dispositivo facultativo, é uma norma
impositiva. Tanto que quando vimos a ideia de interpretação dos negócios jurídicos, a
boa-fé é um padrão de conduta a ser seguido.
A doutrina aponta basicamente três funções para esse principio da boa-fé.
Funções
a) Limitação da Autonomia (função de controle) a partir do momento em que
eu posso modificar o contrato porque ele é violador da boa-fé e eu altero o
conteúdo do contrato eu estou regulando não só a economia, mas também a
força obrigatória do contrato.
b) Criação de Deveres Gerais de Conduta (função integrativa) Deveres
anexos!!! Ideia de que além dos deveres principais que nós temos em cada
contrato, teríamos deveres implícitos a serem seguidos independentemente da
vontade das partes, como o dever de informação, dever de cuidado, etc. //
antes mesmo de firmado o contrato, esses deveres já devem ser seguidos.
c) Norma Hermenêutica (função interpretativa) elencada no art. 113 do
CC/2002 – é um método hermenêutico que serve de diretriz para o aplicador
do direito; o juiz deve se basear em regras atinentes à eticidade e à moral,
levando em conta o contexto e os fins sociais a que a norma se destina.
Proveniente dessa função, surge o que o professor Flávio Tartuce chama de
“efeito escudo”, onde há uma proteção à parte que esteja de boa-fé contra
eventual ato anulável ou nulo
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO À GERAÇÃO DE DEVERES
a) Unilaterais: todo contrato precisa de duas partes!!! O unilateral significa que só
existem deveres/obrigações para apenas uma das partes (Ex.: mútuo, comodato,
etc.).
b) Bilaterais: estabelecem deveres para ambas as partes contratantes // contratos
“sinalagmáticos”, por ter uma conduta e uma contrapartida.
c) Plurilaterais: é aquele o que envolve várias partes (mais de duas), todas possuindo
direitos e obrigações, na mesma proporção. (ex.: seguro de vida em grupo e o
consórcio).
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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OBS.: Observações:
● Karl Larenz defende que nos contratos bilaterais, é necessário ao menos a
existência de uma prestação associada a uma contraprestação. Não quer dizer que
a existência de outros deveres que não estejam atrelados a uma prestação
especifica fazem com que o contrato deixe de ser bilateral.
● Contrato Bilateral Imperfeito = não possui vínculo sinalagmático. // Contratos
originalmente unilaterais, nos quais, posteriormente à celebração, durante sua
vigência, surgem obrigações para a parte não onerada, em razão de
acontecimentos acidentais. É o caso do depósito em que o depositante é obrigado
a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa e os prejuízos que do
depósito advierem. // Tem aparência de bilateral, mas são equiparados ao
unilateral para efeitos jurídicos. // Possui obrigações diferentes, mas elas não estão
intrinsecamente ligadas, não são correlatas.
● Só nos contratos bilaterais é possível suscitar a exceção do contrato não cumprido.
● Só nos contratos bilaterais é possível aplicar a regra da condição resolutiva tácita. A
expressa é uma clausula que prevê que se um evento futuro incerto acontecer o
contrato será resolvido. Na tácita, há uma situação em que não foi prevista no
contrato de forma expressa, mas por conta dessa conduta não [....]
● Só nos contratos bilaterais é possível a aplicação dos vícios redibitórios // Art. 441
CC - A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por
vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor.
QUANTO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS
a) Gratuitos/Benéficos: aquele que uma parte adquire algum direito, uma vantagem,
sem qualquer contraprestação da outra parte (Ex.: doação pura). // OBS.: o fato de
se estabelecer alguns deveres para o beneficiado não gera necessariamente a
modificação da natureza do contrato (Ex.: empresto um imóvel a Daniel para que
ele use, sem cobrar nada dele, seria unilateral e gratuito. Se eu falar pra ele que
não vou cobrar aluguel, mas ele terá que pagar a taxa condominial e o IPTU; isso
não mudaria a natureza gratuita do contrato).
b)Onerosos: aquele que a vantagem patrimonial é obtida através de uma
contraprestação
c) Bifrontes: aquele que pode ser tanto oneroso ou gratuito a depender da vontade
das partes (Ex.: contrato de fiança, contrato de depósito, etc.).
OBS.: Considerações:
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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● Os contratos gratuitos são interpretados restritamente/restritivamente; (Ex.: doei
uma CPU para alguém, essa pessoa não pode esperar que eu dê também o monitor, o
teclado, etc.).
● Já os contratos onerosos, admitem uma interpretação mais ampla
● Nos contratos gratuitos, o contratante que efetuou a liberalidade só responde por
dolo; enquanto que o beneficiado responde por simples culpa. Já nos contratos
onerosos, ambos respondem por culpa e por dolo. (Ex.: se eu emprestei um imóvel
para Daniel, qualquer dano em relação ao imóvel ele tem que me ressarcir; mas se o
dano for por culpa minha, eu respondo perante Daniel).
QUANTO AOS RISCOS
Essa classificação é uma subdivisão dos contratos onerosos.
a) Comutativos: é aquele em que há uma equivalência exata ou aproximada entre a
prestação e a contraprestação. Ou seja, para aquilo que eu faço, eu tenho uma
correspondência, ou exata ou equivalente. As partes sabem, de antemão, os riscos
envolvidos naquela relação (ganhos e perdas envolvidos).
Isso se relaciona com a figura da Lesão (privado II) na lesão, a ideia é de que há
elementos subjetivos da pessoa e a premente necessidade de contratar. Há uma
desproporção entre o que ele faz e o que ele recebe. // invalidade relativa do contrato.
Então, a comutatividade está ligada à ideia de equilíbrio!!!
Claro que existirão coisas que são desproporcionais, mas aí entra a questão do glamour
das marcas, e não só do custo de fabricação.
O equilíbrio aqui envolve a lógica do mercado, e não do valor da produção.
b) Aleatórios: alheio a sorte; envolve a questão da sorte ou azar naquela situação. O
contrato aleatório é aquele em que as partes admitem a possibilidade de existir
prestação inferior à esperada ou até mesmo não haver prestação sem poder, com
isso, requerer a invalidade do contrato pois o risco faz parte essencial deste tipo de
contrato.
Ex.: mega sena – a pessoa paga, não recebe nada, e se realmente não ganhar o premio
não vai poder pedir nada de volta. É uma situação tudo ou nada.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Ex.: contrato de seguro – paga-se um valor, e se nada acontecer com o carro não vai
receber nada e troca.
Não há necessário equilíbrio entre as parcelas envolvidas.
Alguns contratos já nascem aleatórios (como os exemplos acima), já outros podem se
tornar aleatórios por vontade das partes (o que a doutrina chama de
acidentalmente aleatórios) são comutativos na sua essência mas podem se tornar
aleatórios (exemplo disso é a compra e venda – tem-se a possibilidade de negociar
sobre coisa futura, como sacas de café daqui a dois anos; nessa situação, dentro da
minha liberdade, pode-se ter duas situações:
a. Emptio Spei Eu não ter nada a receber caso tenha uma praga, por exemplo,
pois estava ligado à alea do negocio nessa situação a pessoa paga menos por
conta do risco; não pode nem pedir mais nem pedir menos a depender das
consequências de demanda e oferta do mercado. Teria que haver a colaboração
dos dois, se o produtor soubesse de algum evento futuro que pode minorar e
não o faz, age contra a boa-fé.
Art. 458 CC – Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos
futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o
outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua
parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a
existir.
OBS.: Se houver dúvida a respeito da natureza do contrato, vai ser comutativo!!!
b. Emptio Rei Speratae nessa situação eu não admito perder tudo, alguma coisa
tem que ser produzida aqui, ainda que menos do que o esperado.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o
alienante restituirá o preço recebido.
Existem duas situações dentro dessa situação do art. 459: (i) receber menos do
que o esperado, mas ainda assim receber alguma coisa, mantendo o contrato; (ii)
estabelecer um mínimo entre o esperado. // quanto maior o risco, menor ele
pagará por conta disso; a diferença nessas duas situações é exatamente a
questão do risco.
c. Coisa Futura / Coisas Sujeitas a Risco 460/461:
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas
expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a
todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do
contrato.
● Ex.: Vinicius faz comercio com a China de varias coisas, aí está vindo uma
carga, 40 contêineres de roupa, por exemplo. Aí eu acordo com ele que
quero 2 deles. Está previsto para chegar dia 18 e aí dia 16 eu faço esse
contrato não tem coo saber se no dia 16 eles estarão, de fato, no navio.
Temos a presunção de que foi embarcada, mas não a certeza. // nessa
situação, se chegar aqui no Brasil e o capitão do navio falar que houve uma
tempestade e o contêiner se perdeu, ainda assim tenho que pagar por isso.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser
anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não
ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a
coisa.
● No caso do exemplo do artigo acima, se Vinicius já foi avisado de que a carga
não vai ser recebida e ainda assim faz o contrato, se caracteriza como má-fé da
parte dele.
OBS.: Nesses contratos aleatórios, o alienante é responsável pela manutenção do bem
até a entrega. // tem que ficar claro no contrato de que o adquirente está ciente de
que é um contrato aleatório, de que está assumindo o risco.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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QUANTO À PREVISÃO LEGAL
a) Típicos: aquele que está regulado em lei. Pode ter uma regulamentação do
Código, numa LC, numa resolução, etc.
b) Atípicos: é aquele que não tem regulamentação legal.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código. tem a ver com a LIBERDADE DAS PARTES.
Nessa situação, esse contrato não pode violar função social, violar norma de ordem
pública, tem que ser lícito, etc.
OBS.: Nominados e Inominados contrato nominado é aquele que tem um nome. O
inominado é aquele que não tem nome. // nem todo contrato nominado é
necessariamente um contrato típico (como o contrato que é citado na lei de locação
sobre vaga de garagem no art. 1º da lei 8.245/91, é nominado, mas não é
regulamentado).
QUANTO AO MOMENTO DE CONCLUSÃO OU DE APERFEIÇÕAMENTO DO CONTRATO
a) Consensuais: são aqueles que basta o acordo de vontades, basta o consenso entre
as partes, para que eles possam ter validade.
Ex.: a compra e venda – requer a coisa, o preço, e o consenso.
b) Reais: precisa que haja a entrega do bem, objeto do contrato, para a sua existência
e seu aperfeiçoamento. Situações decorrentes de contratos de depósito, de
comodato, por exemplo. // em regra, esses contratos reais são unilaterais!!!
QUANTO À PRESENÇA DE FORMALIDADE
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir. A regra geral é que o contrato seja não formal.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição,transferência, modificação ou renúncia de
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no País. traz uma regra excepcional – nesse caso se não tiver a escritura vai
ser nulo!!! // c/c art. 166, V.
a) Não Formais:
b) Formais e Solenes: formal é aquele que precisa de uma forma escrita (ex.:
fiança). Solene é aquele que além da forma escrita, precisa ser efetuado por
escritura pública.
QUANTO À INTERDEPENDÊNCIA
a) Principais: quando tem existência por si só (ex.: prestação de serviços, compra e
venda, etc.).
b) Acessórios: aquele que só existe em razão de outro contrato (ex.: fiança,
sublocação, etc.). // princípio da gravitação jurídica (invalidada a obrigação
principal, invalida a obrigação acessória. OBS.: o contrário não acontece, claro.
OBS.: Coligados – Enunciado 621 da 8ª Jornada // os contratos coligado é aquele
que se relacionam buscando o alcance de um objetivo que só poderá ser
alcançado ou que será melhor alcançado através dessa união entre os contratos.
(Ex.: uso de cartão de crédito no Tivoli – eu pago à administradora e esta paga ao
lojista, relação triangular).
● Enunciado 621 da 8ª Jornada: Os contratos coligados devem ser
interpretados a partir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de
forma a privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum.
● Enunciado 420 da 5ª Jornada: Não se aplica o art. 206, § 3º, V, do Código
Civil às pretensões indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho, após a
vigência da Emenda Constitucional n. 45, incidindo a regra do art. 7º, XXIX,
da Constituição da República.
QUANTO AO MOMENTO DO CUMPRIMENTO:
INSTANTANEO: Se exaurem em só um só ato. Só que, esse ato isolado pode acontecer
no momento presente ou no momento futuro. Exemplo: comprei um caderno de
Marianna aqui na sala, paguei, pronto, acabou.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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DE EXECUÇÃO IMEDIATA: Um só ato no presente.
DE EXECUÇÃO DIFERIDA: É um só ato mas no futuro. Exemplo: comprei o notebook,
paguei, mas a pessoa só me entrega semana que vem para fazer backup.
DE EXECUÇÃO CONTINUADA (Trato sucessivo): O cumprimento é realizado em vários
momentos. Exemplo: Aqui na faculdade, todo mês o aluno paga e a faculdade tem o
calendário para realizar as aulas. Há um lapso temporal entre a contratação e o
cumprimento.
A consequência disso, a teoria da imprevisão, ou de revisão judicial por onerosidade
excessiva de fato superveniente, só pode ocorrer nos contratos de execução diferida e
continuada.
NÃO PODE APLICAR REVISAO NO IMEDIATO? Sim, mas perceba que se ira buscar a
lesão. Os efeitos são ex tunc, as partes voltam ao status quo de antes, eu devolvo a
coisa ao vendedor, e ele devolve o dinheiro. Mas, na situação de uma execução
continuada enquanto o juiz não declarar a lesão, o devedor não vai poder pedir a
devolução dos valores, pois, é preciso respeitar os atos e as obrigações contraídas ate
então.
PRAZO PRESCRICIONAL: Começa a contar pelo pagamento efetivo. Na situação de trato
sucessivo, a prescrição começa a contar de cada ato, por exemplo: cada mensalidade
tem seu prazo prescricional.
Lembrando que prescrição é matéria de ordem publica, logo, não pode ser modificado
pela vontade das partes.
● ATENÇÃO: A consequência disso é que eu só posso falar em teoria da imprevisão,
revisão judicial excessiva por fato superveniente nos contratos de execução diferida e de
execução continuada, por conta do lapso temporal entre os momentos.
● Quando eu tenho a invalidade de um contrato de execução imediata, eu consigo fazer
com que retorne totalmente ao status quo ante efeito ex tunc.
● Se o contrato for de trato sucessivo, não pode ter efeito retroativo; respeitam-se as
obrigações contraídas ate então efeito ex nunc.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Em relação à prescrição, no contrato instantâneo começa a contar do dia da
execução do ato. Na execução continuada, se o defeito estiver nos segundo mês,
por exemplo, começa a contar dali, e não esperar até o final do contrato para
reclamar.
QUANTO A DURAÇÃO
POR PRAZO DETERMINADO: Há uma data de termino da relação contratual, vai definir
a vigência dele. Mas, a depender do contrato pode se exaurir no momento da entrega
do bem, logo, não há necessidade de se falar em prazo.
PRAZO INDETERMINADO: Pode já nascer sem prazo de termina ou, porque ele foi
renovado automaticamente. Exemplo: Quando um advogado é contratado para
advogar numa causa, ele contrato não tem prazo.
Na regra geral, se o contrato tem um prazo determinado e ele passa, o prazo se torna
indeterminado, e a renovação foi tácita, mas perceba que a qualquer momento vai
poder haver a rescisão do contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente
o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver
feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só
produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o
vulto dos investimentos.
QUANTO A PESSOALIDADE
PESSOAIS (PERSONALISSIMOS OU INTUITO PERSONAE): É firmado com pessoa
especifica para por essa ser cumprida em virtude de uma qualidade associada ao
contratante. Que pode essa qualidade ser técnica, artística, cultural... Exemplo: É uma
obrigação de não fazer, eu não quero que aquela pessoa faça alguma coisa. Em regra
não admitem a transferência para terceiros, seja mortis causa ou intervivos. Mas,no
caso da mortis causa, se isso gera uma divida, os bens deixados responderão pela
divida feita em vida.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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IMPESSOAIS: Pode ser cumprido por qualquer pessoa, a especificidade é muito mais
quanto ao objeto do que quanto ao sujeito. Como por exemplo quando eu contrato
uma empresa para destruir uma parede, qualquer funcionário vai poder ir la e destruir.
QUANTO AO OBJETO
CIVIS: tem como ideia de que eu não tenho a natureza empresarial, não tenho intenção
de lucro. O outro contratante não possui isso em sua habitualidade, como em um
contrato de compra e venda de um carro.
DE CONSUMO: boa parte dos contratos de consumos é de adesão, que em sua maioria
não há de fato a liberdade contratual. Impossibilidade de negociações previas,
normalmente.
EMPRESARIAIS: se caracterizam pela ideia do lucro – atividade desenvolvida para obter
o lucro de ambas as partes. Aqui se permite um campo de autonomia muito maior,
pois há profissionais, habilitadas tecnicamente nas relações comerciais, de empresário
para empresário. Há, aqui, um certo cunho de egoísmo.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
NOÇÕES GERAIS
A formação ate a conclusão do contrato, momento que se antecede a formação dele e
o momento em que ele é ate concluída e ate mesmo exigível. Será analisado a
manifestação da vontade, a capacidade dos agentes, a licitude e possibilidade fática e
jurídica e ate mesmo sua determinabilidade.
FASES
✔ PUNTUAÇÃO (NEGOCIAÇOES PRELIMINARES)
O contrato não se forma instantaneamente, não é um ato isolado que o formara. Ainda
que o NJ seja puro, há uma fase anterior a deliberação do sujeito, que é a analise da
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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conveniência do comprador, que ira analisar preço, qualidade... Ela pode a depender
da situação ser um procedimento mais demorado ou mais rápido.
Analise do objeto e da conveniência da firmação do contrato.
Essa fase pre contratual se caracteriza pela COLETA DE INFORAÇOES: Viabilidade do
negocio, segurança, preço, qualidade... A informação é essencial para que o sujeito
decida se quer ou não firmar o contrato. Ate mesmo em contratos instantâneos há
uma breve analise psicológica
✔ PROPOSTA
Casa muito bem com a ideia dos contratos paritários: onde as partestem igualdade nas
posições contratuais, muito comum em contratos civis... onde os sujeitos podem
diretamente discutir as clausulas dos contratos.
✔ CONTRATO PRELIMINAR
A negociação se iniciou mas o contrato ainda não foi firmado, pois por alguma razao
ainda não é o momento de firmar o contrato, mas, eu já estou me vinculando a uma
obrigação que será cobrada no futuro.
✔ CONTRATO DEFINITIVO (CONCLUSAO)
O contrato já é definitivo.
Perceba que pode haver também a não celebração do contrato.
FASE PRE CONTRATUAL
AS TRATATIVAS: AS TRATATIVAS (negociações) NÃO VINCULAM AS PARTES : Art 427
Seção II
Da Formação dos Contratos
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar
dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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ACORDOS PROVISORIOS: Ambos servem como balizadores de uma eventual
contratação futura. Ainda há coisas para discutir mas as partes vao estabelecendo
partes que já foram acordadas entre as partes.
✔ Carta de intenções
Podem apresentar um norte para a interpretação dos contratos, explicando porque
o sujeito esta firmando aquele contrato.
✔ Memorando de entendimentos
É uma fase mais madura da negociação, onde as partes já estabeleceram algun
critérios que deverão ser respeitados caso haja a formação dos contratos. Exemplo:
Quando a Perdigão comprou a Sadia, foi estabelecido uma clausula de que o
contrato seria firmado em segredo para não prejudicar o valor das ações das
empresas.
Embora não haja contrato, devido a responsabilidade civil pre contratual, o sujeito
pode ser imputado de pagar ate multas por descumprir esses acordos.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
O código quer evitar que as partes simplesmente cessem a negociação sem nenhuma
explicação, causando um dano ao outro. Isso não significa que só porque o sujeito esta
negociando ele estará obrigado a contratar comigo.
Due Diligence – ideia de aferir a viabilidade de alguma aquisição.
Essa fase de tratativas, a principio, não gera responsabilidades por conta da não
contratação (ainda).
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Essa fase tem uma autonomia própria, porque não obstante não ter havido ainda a
celebração do contrato, isso não significa que existe uma ideia de irresponsabilidade
civil dessas negociações que estão sendo efetuadas.
O art. 422 do CC, ao estabelecer o principio da boa-fé objetiva, se limita a falar da
conclusão e da execução Os contratantes são obrigados a guardar, assim na
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. //
majoritária doutrina diz que não há limitação apenas quanto à conclusão e a execução
do contrato quanto à boa-fé, na verdade ela precede e ultrapassa. // o fato de não
haver contrato não impede de haver deveres que devem ser cumpridos. É preciso que
não haja prejuízo com a forma com que essa contratação será conduzida.
Independente do ajuste entre as partes, esses deveres de conduta são obrigatórias;
porque se a clausula geral estabelece o dever da boa-fé objetiva, os deveres corolários
desse também se tornam obrigatórios.
Os acordos preliminares (documentos) podem estabelecer esses deveres que são
previstos de forma geral através da imposição da boa-fé objetiva; eu posso inclusive
estabelecer sanções por conta da violação desses ajustes. Não tenho ainda a obrigação
de contratar, mas já coloco pontos básicos que se o contrato vier a ser celebrado,
certas condutas já foram pactuadas “temos muito a discutir, mas pelo menos já
chegamos a um denominador comum nesses tópicos”, é como se fosse um histórico da
negociação para que as partes não precisem ficar voltando. // mesmo sem existência
de memorando de entendimentos, sem carta de intenções, sem existência de contrato,
pode gerar responsabilidade? SIM.
A princípio, se eu não contratar, não vai ter problema; mas eu preciso ser serio e agir
de forma honesta nessa fase de tratativas para que eu não cause um prejuízo na outra
parte.
Também haveria irresponsabilidade se houvessem tratativas como dolo ex.: começo
a fazer tratativas com X para desestimular um possível contrato que X teria com Y. //
gera responsabilidade civil!!!!
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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A doutrina chama essa responsabilidade de “Responsabilidade Pré Contratual”, quando
há certa expectativa vai ser de fato pela regra da responsabilidade contratual ou
extracontratual? // temos dois tipos de responsabilidade civil: contratual (art. 389) e
extracontratual (arts. 186 e 187). Na responsabilidade contratual, o ônus da prova é de
quem está sendo acusado de não ter cumprido o contrato, ou seja, de quem causou o
dano. Já na extracontratual, o ônus é de quem é a vítima. // se eu tenho uma violação
numa fase anterior ao contrato, como vai se apurar a responsabilidade? Pela regra da
responsabilidade contratual ou pela regra da extra contratual? A principio, a doutrina
falou que não da pra ser responsabilidade contratual, pois não houve contrato, seria a
extracontratual. No entanto, o STJ tem entendido que haveria um terceiro caminho, um
meio termo entre as duas, pois houve um dano à confiança.
A RESPONSABILIDADE CIVIL
O memorando e a carta deixam mais firmes o sentido de responsabilidade civil, mas
isso não quer dizer que só através dela que o sujeito poderá ser responsabilizado.
PRE CONTRATUAL: O art 422 fala de boa fe na conclusão e na realização do contrato,
mas, o código veio a dizer menos do que deveria. A doutrina vai colocar essa
responsabilidade também na fase pre contratual, se o sujeito viola qualquer dever
geral de conduta como sigilo, segurança, informação... configurando abuso de direito,
afinal, a não aceitação do contrato é um ato licito, mas, se eu exerço isso de uma forma
que viola a boa fé, eu serei responsabilizado. Exemplo: Dano morais e materiais
exigíveis de um noivo que NO DIA DO CASAMENTO, depois de tudo, diz que não. Ele
tem o direito de dizer não mas ele causou um dano a noiva pois foi criada nela uma
expectativa legitima.
ENUNCIADOS:
✔ 25 → 1ª Jornada
“O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio
da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual.”
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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✔ 170→ 3ª Jornada
“A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações
preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da
natureza do contrato.”
A NATUREZA DA RESPONSABILIDADE CIVIL
A NATUREZA DESSA RESPONSABILIDADE É CONTRATUAL OU
EXTRACONTRATUAL/AQUILIANA? Na resp contratual há ideia de se apurar se o
contrato foi cumprido ou não, e em regra eu vou precisar apenas saber se o sujeito não
cumpriu, e quem não cumpriu teria que provar que cumpriu. Já na extracontratual a
vitima é quem tem o ônus da prova, quem foi o prejudicado que terá que provar que
houve o dano e que há um nexo causal entre a conduta do sujeito – o meu prejuízo e
ainda, provar o dolo/culpa de quem prejudicou.
Ou seja, essa discussão é importante porque a depender do que se entenda, a vitima
terá o ônus da prova. Alguns doutrinadores afirmam que seja CONTRATUAL, mas,
VICENTE discorda, ele acha que é extracontratual, pois, não pode haver
responsabilidade baseada em um contrato que nem existe ainda. Ele acha que esses
acordos geram uma obrigação própria, e não pode estar atrelada o contrato, pois, o
contrato não existe, logo, VICENTE ACHA QUE ESSA RESPONSABILIDADE CIVIL É
EXTRACONTRATUAL.
Due Diligence – ideia de aferir a viabilidade de alguma aquisição.
Essa fase de tratativas, a principio, não gera responsabilidades por conta da não
contratação (ainda).
Essa fase tem uma autonomia própria, porque não obstante não ter havido ainda a
celebraçãodo contrato, isso não significa que existe uma ideia de irresponsabilidade
civil dessas negociações que estão sendo efetuadas.
OUTROS ENUNCIADOS
✔ 24 → 1ª Jornada
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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“Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil,
a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento,
independentemente de culpa.”
✔ 37 → 1ª Jornada
“A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e
fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.”
✔ 363 → 4ª Jornada
“Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, sendo
obrigação da parte lesada apenas demonstrar a existência da violação.”
Essa responsabilidade apesar de extra contratual é objetiva, só precisa provar a autoria
da conduta e o dano com nexo de causalidade.
O DANO A CONFIANÇA
A partir do momento que há uma expectativa legitima do outro que sinaliza a firmação
do contrato, e depois o sujeito desiste eu posso depois cobrar a responsabilidade dele,
podendo pedir tanto os danos emergentes – decorrentes da negociação frustrada – e
os lucros (lucros cessantes) que o sujeito poderia ter obtido.
CAPÍTULO III
Das Perdas e Danos
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.
FASE DA PROPOSTA: OFERTA
POLICITAÇÃO/OBLAÇÃO
A ideia de oferta em relação ao que já está negociado. Estão esgotadas as tratativas e
já se tem algo mais concreto, eu aqui efetuo a proposta (proponente) e quem recebe a
proposta (oblato), e ele ira analisar se cabe aceitar a proposta que foi feita.
A proposta e a aceitação são NJ UNILATERAIS. A proposta já obriga o proponente aos
termos da proposta que efetuou. Assim como, a aceitação é unilateral pois a aceitação
vai obrigar o oblato a cumprir da maneira como aceitou. No momento que há a união
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Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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da proposta + aceitação, realiza-se o contrato com o encontro de vontades, logo, há um
NJ BILATERAL. Uma vez que uma das partes não concorda, não há contrato.
Se não há a aceitação da oferta, não há contrato. Mas, pode ser que o oblato traga
uma contra proposta e assim, se invertem os polos, pois, vai ser quem fez a contra
proposta que esta vinculado a sua oferta, logo, o oblato vira policitante.
MITIGAÇÃO DA FORÇA OBRIGATORIA DO CONTRATO (ART 427 + 428)
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. // O comprador
não pode exigir perdas e danos pois o vendedor sinaliza que pode ou não vender. //
Contrato de seguro = a pessoa preenche um formulários de riscos prévios e a
seguradora opta por firmar ou não o seguro daquela pessoa, ela não se vincula apesar
do formulário ser próprio dela // CIRCUNSTANCIAS DO MERCADO = Situação em que o
sujeito tem um estoque // A proposta não levada a efeito gera perdas e danos
somente, se eu proponho e não cumpro o que propus estarei devendo perdas e danos.
// Uma vez que o contrato foi celebrado, o sujeito poderia pedir perdas e danos //
Quando a relação é de consumo, o consumidor pode exigir o cumprimento da oferta.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de
comunicação semelhante; // Fiz a proposta pro sujeito e não dou prazo, ele diz não,
acabou ali a obrigação de eu manter aquela oferta, ou então, se não responde. Mas, se
eu dou um prazo pro sujeito, obviamente, ela se mantem naquele prazo. // Já no
contrato entre ausente, eu não estou em contato direto com a pessoa, como por
exemplo uma carta ou um email, // Observe que o sujeito pode fazer ressalvar na
oferta, como por exemplo, eu digo que estou mantendo aquela oferta somente se não
aparecer um outro comprador oferecendo mais. O ofertante pode ate mesmo fazer
uma possibilidade de retratação = quando eu faço uma oferta e digo que estarei
mantendo a oferta se não chegar outra pessoa e comprar primeiro.
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente; // Mando o email propondo, passa
um tempo razovel – vai depender de cada contrato – e a pessoa não responde.
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado; // Mesma situação do email mas eu dei o prazo, obviamente quando ele passa
deixa de ser obrigatorio.
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IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a
retratação do proponente.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob
pena de responder por perdas e danos. // O sujeito responde no prazo, mas por
exemplo o correio extraviou a carta, e a resposta só chega pro ofertante depois, quem
ofertou precisa avisar ao oblante imediatamente.
OBS: ART 111
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
O silencio como forma de manifestação de vontade se representa muito mais por sua
conduta. Exemplo: alguém me liga, eu não atendo, e deixa uma mensagem com a
secretaria, eu não respondo diretamente, mas eu posso ter atitudes que deem a
entender que eu quero contratar ou não, a conduta tácita também poderá estar sendo
analisada.
O silencio numa doação modal configura recusa. Mas, se a doação não gera encargos
ao sujeito, o silencio configura anuência. Observe que o silencio significa recusa se isso
me gera algum encargo, mas, se eu tenho condutas que concordem com aquela ação,
ela poderá significar anuência.
Quando a proposta não é cumprida, há a formação de duas correntes:
✔ HÁ PERDAS E DANOS
Possibilidade mais comum em contratos só civis, na ideia do artigo 389 do CC.
✔ HÁ A POSSIBILIDADE DE EXIGIR O CUMPRIMENTO ESPECIFICO DA OBRIGAÇÃO
CDC:
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha:
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I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
ACEITAÇÃO DO CONTRATO (ART 434)
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao
proponente a retratação do aceitante.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é
expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
TEORIAS:
✔ Expedição: No momento que o sujeito aceita, o contrato esta perfeito.
✔ Recepção: No momento que o policitante recebe a aceitação do oblato o
contrato esta perfeito.
OPINIÃO DE VICENTE (maioria da doutrina): No momento que o oblato concorda, ele
tornaria o contrato perfeito, mas, existem tantas exceções a essa regra que seria
inviável dizer que isso é realmente uma regra. O oblato pode por exemplo, responder
por carta concordando, nesse momento teoricamente estaria firmado o contrato, mas,
no caso, a carta só vai chegar dias depois, e o oblato pode por exemplo ligar, dizer que
mandou a carta mas que esta voltando atrás e não quer mais contratar (ANTES DA
ACEITAÇÃO CHEGAR AO POLICITANTE), nessa situação, não faz sentido o oblato ter que
precisar da anuência do policitante para recusara oferta, se o policitante nem sabia
que o oblato tinha concordado.
CONTRATO PRELIMINAR
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Não confundir com memoriais e cartas de intenções, ela só delineam certas estruturas
que deverão ser aceitas, como confidencialidade. Aqui o contrato já esta formado
CONCEITO: É um tipo de contrato cujo objeto será sempre a obrigação de firmar um
contrato definitivo.
Normalmente é firmado quando não é possível naquele momento a celebração do
contrato. Exemplo: Promessa de compra e venda de imóvel.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado. // PORQUE ISSO? Pois o sujeito pode pedir o
cumprimento especifico da obrigação ou, posso pedir perdas e danos. Hoje, se sabe
que o melhor é pedir o cumprimento especifico da obrigação, e isso vai ser positivado
pelo próprio CPC. Mas, como forçar o cumprimento de uma obrigação se todos os
elementos não estiverem nos contratos? Por exemplo, quando o sujeito promete que
vai me vender o imóvel mas não estabeleceu o valor, como fazer cumprir essa
obrigação? Com uma pericia para pode estabelecer o valor do mercado. Observe que
nessa situação da compra e venda de um imóvel, a promessa (contrato preliminar)
poderá ser feito por um instrumento privado, mas, a venda em si, somente por
instrumento publico. // Não existe a ideia de paralelismo de formas, se o contrato
definitivo por exemplo só pode ser efetuado por instrumento publico, isso NÃO quer
dizer que o contrato premliminar tem que ser na mesma forma.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das
partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para
que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
// MOVEL = TABELIONATO, IMOVEL = CARTORIO DO IMOVEIS // Não é obrigatorio, mas,
corre o risco de não haver publicidade a terceiros, logo, não há eficácia.
EFICACIA REAL: Se o contrato preliminar não é registrado, e o sujeito descumpre com o
acordo, o sujeito só pode pedir perdas e danos, pois, é uma relação OBRIGACIONAL, o
contrato só vincula as partes. Uma vez que esta registrado, ai sim, haverão efeitos para
todos. Exemplo: Marcos promete que vai me vender uma casa com clausula de
irrevogabilidade, mas, não registra esse contrato em cartório, se Marcos vende a casa a
um terceiro, eu não posso anular a compra e venda da casa, apenas pedir as perdas e
danos. Mas, uma vez que a promessa é registrada em cartório, ai sim, a promessa tem
eficácia real, e se torna um direito real de aquisição sobre coisa alheia.
Perceba que mesmo sem estar levado a cartório, a obrigação entre os sujeitos é
plenamente exigível, a discussão é só sobre o efeito daquilo com terceiros.
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Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da
parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto
se opuser a natureza da obrigação.
ADJUDICAÇÃO COMPULSORIA: Decorrido o prazo da sentença transitada em julgado, o
sujeito vai ter o imóvel transferido para sua propriedade compulsoriamente, sem
anuência do devedor. Obviamente isso se da de maneira judicial.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra
parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. // Eu prometo comprar só que não
pago, o contrato é rescindido e o policitante vai ser liberado.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este,
no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. // Só um deles promete fazer
alguma coisa, como uma doação, o credor tem que se manifestar no que for acordado
ou num prazo razoável, ou o juiz vai fixar um prazo.
CONTRATO DEFINITIVO
Celebrado o contrato definitivo, este é perfeito. O que vou analisar em seguida é a
questão da exigibilidade, pois pode estar submetido a um termo, a uma condição, etc.
Já existe, já vale, mas pode ser que tenham situações que condicionem a eficácia.
Se a pessoa decidir não cumprir o contrato, posso pedir perdas e danos exemplo do
apartamento que só posso usar na semana santa: ainda que não seja abril ainda, se
hoje a pessoa desistir desse contrato, posso pedir perdas e danos.
Eu posso ter um negocio já acabado, concluído, mas não ser eficaz ainda.
CONTRATOS DE ADESÃO
Falar sobre esse contrato é falar não de um contrato em si, mas uma forma de
contratação – porque o contrato de adesão surge como uma forma de atender a uma
demanda de uma modificação da sociedade; necessidade de otimização de custos.
Imaginemos o número de contratos que uma empresa de planos de saúde teria que
examinar um a um para cada cliente – não tem como, é uma questão de necessidade
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econômica, de otimização de tempo e de recursos assim, algumas clausulas são
predispostas preliminarmente para que se otimize as despesas.
Alguns autores não falam em contrato de adesão, e sim contrato por adesão.
Não há como dizer que não há liberdade contratual, pois a pessoa tem a opção de
contratar ou não. Em relação a isso, em algumas situações somos “obrigados” a aceitar
como serviço de energia e agua, podemos ate não aceitar, mas seria muito difícil viver
sem.
A ideia do contrato por adesão traz uma ideia de facilitação na contratação pode ser
em relação a uma com pra e venda, a prestação de serviços, etc.
O CDC busca conceituar o contrato de adesão no Art 54
Art. 54 - Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do
contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa,
cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze,
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
§ 5° (Vetado)
O contrato de adesão é um fruto da modernidade, da necessidade de se ganhar tempo
no processo de celebração dos contratos. Consequentemente, como o contrato de
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adesão tem o seu conteúdo estabelecido unilateralmente, a interpretação será
efetuada em favor daquele que não estabelece o conteúdo. // se o contrato for
empresarial, a margem de autonomia das duas partes é maior do que no contrato cível
(a interpretação vai ser em favor dos dois), e obviamente do que no contrato de
consumo, pois as forças são maiores e mais paritárias.
● OBS.: nesse caso, a diferença entre o contrato empresarial e o contrato cível é que
a tônica do contrato empresarial é o egoísmo, ambos os lados nesse contrato
visam o lucro e sabem o que estão enfrentando, e a gama informacional também é
maior. O que não é o caso dos contratos cíveis nessa questão de paridade, porque
há a ideia de solidariedade, e na maioria das vezes são situações pontuais (ex.: um
sujeito compra um apartamento com outro particular), e que um ou ambos os
sujeitos podem não ter tanta gama informacional (certa malicia
jurídica/comercial).
Os artigos 423 e 424 são sintéticos me relação à interpretação:
Art. 423. Quando houver no contratode adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Características do contrato de adesão adotadas pela doutrina:
● Rigidez de suas clausulas;
● A predisposição delas;
● Unilateralidade do conteúdo.
CONTRATOS ELETRÔNICOS
Casa com a ideia da aplicação do artigo 425, que fala dos contratos atípicos.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código. desde que eu não viole as normas cogentes (ex.: boa-fé
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Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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objetiva), eu posso criar qualquer tipo de contrato, e dentro dessa ideia de criação dos
contratos, eu posso criar os contratos eletrônicos.
Situam-se muito mais como uma forma de contratação do que como um tipo de
contrato. Ideia de que a contratação será feita no meio eletrônico – exemplo disso é
uma compra pela internet não há nada escrito, não há testemunha, etc. basta um
clique e o contrato está firmado.
EFEITOS DOS CONTRATOS
VÍCIOS REDIBITÓRIOS
CONCEITO E NOÇÕES GERAIS
Defeito oculto que impede a fluição da coisa ou diminui substancialmente o seu
valor.
Previsto no art 441 do CC:
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Esse vício compromete a comutatividade do contrato, o artigo fala de coisa, no caso, de
obrigação de dar coisa certa ou incerta. Há um problema quanto a qualidade esperada
através de um contrato comutativo (logo oneroso), se esse bem tem um defeito óculos
que impede sua utilização ou diminui a sua utilização esperada, gera um DIREITO
POTESTATIVO a essa pessoa prejudicada a ponto dela poder redibir (rescindir o
contrato) ou, permanecer com a coisa e pedir um abatimento.
VÍCIO e ERRO (vício de consentimento) não são a mesma coisa!!!! No erro eu adquiro
alguma coisa porque estou equivocado (falsa percepção da realidade); no vício eu
compro algo que eu realmente queria, o que há de errado não é a coisa e sim o
funcionamento dela.
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Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Vício Redibitório não se confunde com Responsabilidade Civil quando há vicio
redibitório eu sequer preciso provar se houve culpa ou dolo, o simples fato de ter
havido o defeito que inviabilizou o uso da coisa ou diminuiu significativamente o seu
valor substancial. Se eventualmente desse vicio deflagrar algum tipo de dano, e com
dolo comprovado aí sim surge a responsabilidade civil.
● Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato.
FUNDAMENTO
A doutrina explica que é a ideia do principio da confiança porque quebra a ideia de
comutatividade. Ideia de que eu estou pagando por alguma coisa e quero receber algo
proporcional ao que eu pago, porque se tem algum defeito no uso habitual ou em seu
valor substancial, eu não pagaria esse valor se soubesse que tinha aquele defeito. //
não é só inutilização do bem, mas também do valor a ele agregado (exemplo da mulher
que comprou um carro sem saber que era de sinistro, pois esse último obviamente vale
menos).
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios
ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o
valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
INCIDENCIA
A aplicação mais usual desses vícios se dá nos contratos onerosos comutativos (compra
e venda é o mais usual).
✔ Enunciado 583 da 7ª Jornada → O art. 441 do Código Civil deve ser
interpretado no sentido de abranger também os contratos aleatórios, desde
que não inclua os elementos aleatórios do contrato.
Falamos que em alguns contratos há uma parte aleatória e outra não, é a questão do
reajuste do valor do plano, que obedece a ideia de comutatividade. Essa parcela não é
aleatória, e sim comutativa. Nessa situação, não posso falar de vicio redibitório em
relação à parte aleatória!!!!
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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O PU do art. 441 fala da possibilidade de incidência de vicio redibitório nas doações
onerosas (não é qualquer doação, tem que ser a onerosa!!!!!).
REQUISITOS
✔ COISA RECEBIDA ATRAVES DE CONTRATO COMUTATIVO OU DOAÇÃO
MODAL/REMUNERATORIA/ONEROSA
Contratos e doações onerosas são os NJs que cabem vícios redibitórios.
DOAÇÕES ONEROSAS:
● DOAÇÃO COM ENCARGO: Uma vez que o sujeito não executa o encargo, ele
não pode desfrutar a liberalidade, no caso a doação, sendo que, o encargo
pode ainda ser uma condição suspensiva. Ou seja, o sujeito se compromete a
fazer algo, tendo um dispêndio econômico. Ainda que exista um equilíbrio
entre o que faz – o que recebe em troca, existe uma conduta dela. Se esse
sujeito recebe algo mediante o cumprimento de um encargo, ela pode
redimir.
● DOAÇÃO REMUNERATORIA: Aquela que se faz em contemplação de um
serviço feito, que não pode ser mais cobrado, mas, você quer pagar aquela
pessoa doando algo, como numa divida de gratidão. O que exceder ao
pagamento é considerado a doação, o valor correspondente é remuneração.
E sobre isso também poderia incidir o vicio redibitórios.
●
✔ DEFEITO OCULTO
Se o vicio é visualizado de forma fácil, não se poderia dizer que era um vicio oculto.
Nas relações cíveis e empresariais, uma vez que podem ser aparentes nas relações de
consumo (mas essas não são abrangidas).
VICIOS QUE PARECEM APARENTES MAS NÃO SÃO:
● O sujeito compra 500 caixas de azulejo, abre a primeira e ve que esta tudo ok,
mas não sabe que as outras 499 estao quebradas. Esse vicio não é aparente.
✔ DEFEITO GRAVE
Preserva a ideia da proteção do contrato.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Doutrina mais moderna acredita que o sujeito só tem o direito de rescindir o contrato
se não puder de fato ficar com o bem. Mas, Vicente se coloca contra isso, ele acha que
o prejudicado tenha o direito de escolher se quer desistir do contrato ou permanecer
com o bem com o valor abatido (OLHAR AÇÕES EDILICIAS).
✔ DESCONHECIMENTO DO ADQUIRENTE
✔ PRE EXISTENCIA DE DEFEITO
O PROBLEMA É PROVAR.
Quando eu adquiro um produto defeituoso, e ele da problema já comigo, eu preciso
provar que aquele defeito já existia antes, não porque eu usei inadequadamente.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder
do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
AÇÕES EDILÍCIAS
Relativa ao direito de redibir a coisa ou de ficar e pedir abatimento. O bem não esta
inutilizado.
Elas são de escolha do adquirente prejudicado, ele vai poder escolher, é um direito
potestativo.
CRISTIANO CHAVES: Só há possibilidade pedir a redibição se não há como resolver o
defeito e pedir o abatimento. Essa é uma ideia minoritária. Não haveria uma
correlação entre o dano e a necessidade de troca.
Direito dos contratos
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
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Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios
ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o
valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato ( art. 441 ), pode o adquirente
reclamar abatimento no preço.
✔ REDIBITÓRIA
O prejudicado devolve o bem e recebe seu dinheiro de volta.
✔ ESTIMATÓRIA
O prejudicado fica com o bem e é estimado o valor do prejuízo dele para que seja
deduzido do valor pago.
PRAZOS DECADENCIAIS

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