Direito dos contratos Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza 1 Direito dos Contratos PROF. VICENTE PASSOS PROVAS: 14/4 e 19/5 BIBLIOGRAFIA: - Direito dos contratos: Cristiano Chaves - Teoria Geral dos Contratos empresariais: Paula Forgioni - Contratos: Orlando Gomes CONTRATO: NOÇÕES GERAIS NOÇÕES GERAIS: Por conta do objeto a ser trabalhado, se tem duas vertentes: (I) a jurídica e (II) como o contrato se relaciona com a economia: é uma questão ideológica e pragmática. A patrimonialidade é uma marca essencial de uma relação obrigacional, mas, há RJ onde existe direitos e deveres mas que não é regulada pelo direito obrigacional, como ocorre na relação PARENTAL, onde os pais tem deveres e direitos sobre seus filhos mas, não há a ideia de patrimonialidade. Outrossim, aqui nos contratos há o grande elemento de representação da interface entre direito e economia. O QUE É UM CONTRATO? Um negocio jurídico, mas nem todo negocio jurídico é um contrato. DEFINICÃO DE CAIO MAIO DA SILVA PEREIRA: “O negocio jurídico é um acordo de vontades na conformidade da lei e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos”. Ou seja, em situações de um testamento não é um contrato, pois quem vai receber a herança não vai opinar. Mas, outras situações como a promessa de recompensa, o sujeito é o credor, e ainda não se sabe quem é o devedor, mas, já gerou efeitos obrigacionais. Outrossim, perceba que se eu Direito dos contratos Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza 2 pedisse a alguém para procurar algo, prometendo pagar X valor, e a pessoa dissesse que não atenderia meu pedido, não haveria contrato, pois, teoricamente já sabia quem seria o credor, mas, esse recusou. CONTRATO COMO INSTRUMENTO DE CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS: É através do contrato que eu faço com que o bem da vida por mim pretendido seja prestado. Costuma-se dizer que o contrato nos retira da barbárie, é um elmento de harmonia e segurança nas relações, por exemplo, se eu quero um computador, eu não vou arrancar das mãos de alguém, eu vou procurar onde firmar um contrato de compra e venda. Permite-se através do contrato, o sujeito alcance os bens da vida que ele quer. Lembre que o contrato NÃO DEPENDE de uma forma especial. FUNÇÕES E EFEITOS ECONOMICOS DOS CONTRATOS: 1. PROMOVER CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS. Como por exemplo, quando eu firmo um contrato de prestação de serviços, eu estou recebendo o capital. 2. PREVENÇÃO DE RISCOS. Como foi, por exemplo, estudado em obrigações a figura do fiador, onde ele é em tese o devedor subsidiário, e o credor percebendo que o devedor principal não tem como pagar, ele pode diretamente acionar o fiador. Observe que o contrato de fiança é uma garantia. Além do fiador, há a figura dos contratos de seguros, onde uma vez que eu causo um prejuízo, eu previamente já paguei o seguro, e vai ser a seguradora quem vai cobrir o prejuízo que causei. 3. COLABORAÇÃO ENTRE AS PARTES. Há uma discussão doutrinaria se DEVE ocorrer essa colaboração ou se PODE, Vicente e Paulo Nalim acham que DEVE. Por exemplo o dever de reduzir o próprio prejuízo, onde, eu vendo um produto agrícola para Marianna, que aplica na fazenda dela e acabando matando as plantas, causando um prejuízo de 10.000, se amanha, Marianna usa de novo e causa mais 10.000 de prejuízo, pois, quanto mais ele aumenta o prejuízo dele, ele vai estar aumentando meu prejuízo porque eu terei que restitui-lo (art 186 + 389). Assim, Marianna só tem o direito de receber pelo primeiro dia, pois, quanto mais ela aumenta o valor do prejuízo dele, também esta aumentando o meu. Perceba que Marianna estará perdendo o direito potestativo de aplica no produto, pois, ele já sabe que estará causando prejuízo a si mesmo e consequentemente a mim, que o indenizaria apenas pelo primeiro dia. 4. PREVENÇÃO DE CONTROVERSIA COM UMA CLAUSULA ARBITRAL. A clausula arbitral, os sujeitos estão renunciando que irão recorrer ao judiciário. Direito dos contratos Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza 3 5. CONCESSAO DE CREDITO. 6. CRIAÇÃO DE DIREITOS REAIS, pois, esses tem impactos econômicos. CONTRATO COMO NEGOCIO JURÍDICO Elementos de existência: Previsão doutrinaria. 1. Manifestação de vontade 2. Sujeito/Agente 3. Objeto Requisitos de validade: Art 104 do CC. 1. Livre 2. De Boa fé Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. PRINCÍPIOS LIBERAIS CLÁSSICOS AUTONOMIA: É interpretado com uma ideia de liberdade do particular de criar normas jurídicas, e a partir de momento que se estabelece um contrato, ele acha um lugar no ordenamento se respeitado os planos da existência, validade e eficácia. Assim, se um dos sujeitos descumpre o contrato, pode se pedir do Estado um ajuda para que se realize a demanda, dentro dos prazos prescricionais. Essa autonomia permite que o sujeito possa estabelecer acordos que serão exigíveis juridicamente (pretensão). Histórico e modificação estrutural: Da autonomia e da vontade a autonomia privada Quando o contrato foi colocado como uma categoria vinculada ao NJ, por uma evolução doutrinaria, em que o contrato se afasta da ideia ROMANA, e se atrela a vontade, e quando ela se estabelece como essencial para o contrato, o foco agora na analise do contrato é se essa vontade foi respeitada ou não. Isso faz com que a analise Direito dos contratos Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza 4 dos vícios é determinante para validade do contrato. Essa mudança decorre de um momento histórico do plano econômico em que a burguesia começa a ser a detentora da riqueza, onde os burgueses eram artesoes e comerciantes, que grande parte de seus serviços eram contratos de compra e venda e de prestação de serviços. Assim, a riqueza deixa de ser o patrimônio de terras e sim, o comercio. Logo, quando a burguesia quer se firmar, ela precisa fazer do contrato um instrumento da garantia da sua riqueza e de sua circulação, dai, surge a ideia da evolução francesa de IGUALDADE, LIBERDADE E FRATERNIDADE. Perceba que essa classe queria afastar a presença do Estado, que só analisaria se o objeto é licito e se o contrato foi firmado sem vícios de vontade. O contrato se torna obrigatório porque as pessoas livremente estabeleceram o contrato (“QUEM DIZ CONTRATO, DIZ JUSTO”), mas, perceba que ao longo dos anos se ONDE A VONTADE ESCRVIZA, A LEI VEM E LIBERTA, pois vai não mais só analisar a vontade dos sujeitos e sim, a proteção deles analisando por exemplo o poder econômico que difere os sujeitos. Essa autonomia da revolução francesa é a AUTONOMIA DA VONTADE. Outrossim, como já foi supracitado, foi percebido que essa autonomia estava sendo usada como abuso de direitos, pois, claramente quem tem um maior poder econômico, é quem ira ditar as regras do contrato. Assim, se inicia uma discussão se o Estado poderia interferir num contrato que eu livremente firmei com o outro. Assim, entra em ação os movimentos de esquerda que socializam o direito, e gradualmente a autonomia da vontade vira a AUTONOMIA PRIVADA: Liberdade modula e limitada por valos constitucionais e éticos. Desdobramentos 1. LIBERDADE DE CONTRATAR: Dentro da ideia tradicional de autonomia, eu contrato se quiser, não sou obrigada. Porem, essa regra é atenuada no momento em que certas situações não podem ser desprezadas, eu não posso optar por não contratar, como por exemplo serviços básicos como energia e agua. 2. LIBERDADE CONTRATUAL PROPRIAMENTE DITA: A liberdade de estabelecer o conteúdo do contrato também foi atenuado. Direito dos contratos Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza 5 Não deixa de existir liberdade contratual, mas ela foi restringido. Efeitos 1. É possível deixar de aplicar certas normas legais para aplicação de normas decorrentes da vontade. Exemplo: lei de locação = onde o proprietário do bem firma um contrato de locação