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1 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG DISTÂNCIAS BIOLÓGICAS A SEREM CONSIDERADAS EM PRÓTESE FIXA Secreção purulenta no sulco gengival: Próteses mal adaptadas, sobrecontorno, acúmulo de placa, dificuldade de higienização -> Alteração na saúde periodontal - Paciente com o biotipo periodontal mais fibroso, mascara a doença periodontal, não há alteração de forma e contorno gengival. “O sucesso de uma restauração, direta ou indireta, não é medido apenas pelo ato da confecção, e sim ao longo do tempo, por estar integrada e em harmonia com os tecidos periodontais.” ANATOMIA DO PERIODONTO DE PROTEÇÃO - Promove a proteção entre o meio interno e o meio externo VERTENTE INTERNA: - Unidades biológicas que têm como função prover um selamento entre o ambiente contaminado da cavidade oral e o meio interno asséptico. -> Homeostasia - O selamento biológico consiste de uma união adesiva epitelial mais coronal, e uma inserção conjuntiva mais apical supra cristal. - Distâncias biológicas - Epitélio sulcular: Reveste o sulco gengival (histológico) Varia de 0,2mm a 0,7mm (0,5mm) em sua altura Porta de entrada e saída dos fluidos gengivais (manutenção da homeostasia) - Epitélio juncional: 30 a 40 camadas de células na sua porção coronal, e 3 a 4 camadas na sua porção apical. Tem uma altura de 1,2mm a 1,7mm (1,5mm) Capacidade de produzir uma proteína de adesão - Inserção conjuntiva: Dois grupos de fibras dento-gengivais (que ligam do cemento a gengiva) Um grupo de fibra dento-periostal (do cemento ao osso – periósteo) Tem uma altura de 1,0mm (altura constante/ Estável) - Sondagem clínica: A sonda periodontal chega até o epitélio juncional. - Espaço Biológico: Espaço virtual acima da crista óssea que contém as distâncias biológicas (epitélio juncional e inserção conjuntiva) Da crista óssea até a margem do preparo: - “A altura do espaço biológico depende do fenótipo periodontal”. (Muller & Eger, 2002) - Respeitar sempre as distâncias biológicas ao realizar preparos cavitários. LIMITE CERVICAL DOS PREPAROS CAVITÁRIOS - Nível supra-gengival: Ideal Utilizar sempre que possível Facilidade de higienização pelo paciente Facilidade de moldagem Ausência de agressão gengival, periodontal - Nível gengival: Quando não há necessidade de esconder parte metálica da restauração 2 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG Restaurações de cerâmica pura Margem cervical do preparo está no nível da gengiva marginal - Nível sub-gengival: Várias indicações clínicas Abaixo da margem gengival (Até 0,5mm) Sulcular: A margem cervical do preparo está 0,5mm abaixo da gengiva marginal (sulco histológico) Intra-sulcular: Respeita o espaço biológico, mas há uma violação das distâncias biológicas (hiperplasia epitelial). Procedimento ressectivo de tecido mole, aumento de coroa clínica aparente. Ultra-sulcular: Há violação do espaço biológico. Extrusão ortodôntica (dentes unirradiculares), procedimento ressectivo de tecido ósseo (posicionamento apical do retalho), aumento de coroa clínica real (recuperação das distâncias biológicas). Preparo subgengival sulcular: Indicações: - Estética (esconder parte metálica das restaurações metalo-cerâmicas) - Refinamento de preparos prévios - Questões mecânicas do preparo - Cáries radiculares - Desgastes cervicais severos - Sensibilidade dentinária VERTENTE EXTERNA: - Mucosa mastigatória (gengiva e mucosa alveolar): Consiste de um tecido conjuntivo (lâmina própria) predominantemente colágeno e célula, e um epitélio escamoso estratificado queratinizado, que serve primariamente como barreira de proteção impermeável. 1 – Gengiva papilar 2 – Gengiva marginal: Epitélio sulcular e epitélio juncional. Ela é aderida, mas não é inserida. 3 – Gengiva inserida. Sua quantidade depende de vários fatores. Vai do ápice do sulco clínico até a linha muco- gengival. Obs.: Nem toda mucosa queratinizada é inserida. Para prótese fixa é necessário ter gengiva inserida. PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO COMPLEXO MUCO-GENGIVAL Biotipo gengival: - Quantidade e qualidade de mucosa queratinizada. Altura gengival: - Varia entre 1 a 9mm - Pode aumentar com a idade, atrição, erupção contínua. Quantidade ideal de mucosa queratinizada: - 2mm – dentes naturais. Pacientes que não necessitam de restaurações. - 3 a 5mm – dentes restaurados ou que precisam de restauração. Qualidade da mucosa queratinizada: - Delgado/festonado: Estreita faixa de tecido queratinizado (pouca quantidade de gengiva inserida) Deiscência/fenestrações ósseas Risco de recessão gengival -> Multifatorial Papila longa Ponto de contato no terço incisal Dentes com formato triangular - Espesso/plano: Tecido gengival espesso Ampla faixa de tecido queratinizado Osso espesso Risco de bolsa periodontal (mascara a doença periodontal) Papila curta Área de contato no terço médio Dentes com formato quadrangular Diferenças individuais na largura e espessura da gengiva são determinas geneticamente. Podemos alterar a quantidade de gengiva, mas nunca a qualidade. - A espessura da mucosa queratinizada tem uma significativa correlação negativa com a recessão da mucosa. Quanto mais fina, maior a chance de ter recessão gengival. Deiscências e fenestrações: - O osso é tão fino, que não é capaz de suportar traumas. ANATOMIA DO OSSO ALVEOLAR Classificação: (Elian, 2007; Sanz, 2010) Tipo I: Muito osso e muita gengiva Tipo II: Muita gengiva e pouco osso Tipo III: Pouca gengiva e pouco osso Mucosa queratinizada 3 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG - 90% dos pacientes possuem menos de 1mm de espessura da tábua óssea vestibular. Qualquer força excessiva realizada (tracionamento ortodôntico, escovação) pode causar recessão gengival. - A tábua óssea vestibular é significativamente mais fina nos incisivos e caninos do que em pré-molares e molares. Isso se deve a posição anatômica dos dentes. - Em pacientes com biotipo gengival FINO, e especialmente com raízes proeminentes, espera-se uma perda maior dos volumes horizontal e vertical do rebordo alveolar. Existe um método 100% confiável para identificação do biotipo periodontal, já que muitas respostas clínicas dependem disto? NÃO. - Clinicamente: análise visual e sonda periodontal no interior do sulco são os métodos disponíveis mais utilizados. Com a sonda no sulco avalia-se a transparência da gengiva. - Espessura da gengiva pode ser verificada com um especímetro. -> Difícil. Necessita de sítio cirúrgico. - É importante determinar o biotipo do tecido antes de começar o tratamento restaurador!! - Biotipo espesso: Aspecto de casca de laranja - Biotipo fino: pouca mucosa queratinizada ABORDAGEM PROTÉTICA - Avaliar se há quantidade suficiente ou “ideal” de mucosa queratinizada (mínimo 3mm) -> Preservar - Quantidade insuficiente de mucosa queratinizada -> Aumentar - Ausência de mucosa queratinizada -> Criar CIRURGIA MUCOGENGIVAL Técnica determinada: - Avaliar: Qualidade do tecido residual (da região que vai ser realizada a cirurgia) Demanda funcional: - Tratamento ortodôntico - Tratamento protético - Estética - Sensibilidade radicular Técnicas utilizadas: - Enxerto gengival livre - Retalho posicionado coronariamente, com ou sem enxerto de conjuntivo - Enxerto subepitelial Necessidade de tratamento cirúrgico? NÃO: Continuar o monitoramento do paciente SIM: Qual técnica cirúrgica? - O primeiro objetivo da cirurgia é aumento da gengiva queratinizada ou prevenir aumentoda recessão, ou ambos? Enxerto livre ou subepitelial - O primeiro objetivo da cirurgia é aumento da gengiva queratinizada ou alcançar o recobrimento da raiz, ou ambos? Tecido queratinizado maior que 3mm e recobrimento da raiz é o único objetivo: Retalho posicionado coronalmente (Enxerto de conjuntivo pode ser necessário ou não) Tecido queratinizado menor que 3mm: Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial com posterior retalho posicionado coronalmente. BIOTIPO GENGIVAL x TRANSPARÊNCIA Tratamento protético dento-supotado: - Margem intrasucular de coroas instaladas em dentes com biotipo gengival fino apresentam maiores chances de desenvolver recessões. Pois durante o processo de confecção da prótese, há muito traumatismo (preparo, provisória, moldagem...). - Dependendo do material da coroa protética (cerâmica, metalo-cerâmica..) haverá uma maior opacidade de cada material. Com isso, dependendo da qualidade da gengiva do paciente, poderá aparecer um halo acinzentado na cervical do dente, principalmente em dentes anteriores. Para tentar mascarar este halo, temos que aumentar a quantidade de gengiva. “O tipo de material e espessura da mucosa influencia na mudança de cor visível. Em mucosa queratinizada acima de 3mm não há alteração na cor do tecido independente do tipo de material.” Jung et al, 2007;2008 MOLDAGEM DOS PREPAROS: - Paciente com biotipo gengival fino e pouca mucosa queratinizada: Aumentar a faixa de gengiva inserida antes de realizar a moldagem, para que não haja problemas de recessão gengival, melhor afastamento gengival, exposição da margem do preparo. Moldagem com fio retrator ou com casquete? x - Independente do tipo de técnica escolhida, o afastamento gengival deve ser realizado cuidadosamente, sem trauma, utilizando métodos específicos. - A consequência de uma moldagem com fio incorreta é muito mais traumática se comparada com a técnica do casquete. 4 Mariana Magalhães – Odontologia UFMG - Se não houver uma faixa mínima de 3mm de mucosa queratinizada, eu devo criar. MOLDAGEM COM FIO: - Método mecânico e químico Técnicas: - Fio único: - Fio duplo: - O fio deve ser colocado 0,2mm dentro do sulco para promover espessura do material de moldagem. - Se o fio não for colocado cuidadosamente pode causar dor, sangramento e consequências futuras (recessão gengival). Desvantagens do fio: - A força excessiva em uma gengiva fina pode levar a alterações irreversíveis - Lesão das fibras mais superficiais da inserção conjuntiva - Dor pós-operatória - Recessão gengival MOLDAGEM COM CASQUETE: - Menos traumática aos tecidos moles - Evita agentes químicos - Impressão de múltipos dentes é facilitada - Previsibilidade “Para as restaurações se manterem a longo prazo, o periodonto deve permanecer saudável. Para o periodonto permanecer saudável, as restaurações devem ser gerenciadas criteriosamente e estar em harmonia com os tecidos periodontais circunjacentes.” Spear & Cooney, 2006
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