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ao sistema imune; 4. à medida que se multiplicam, as células cancerosas são capazes de estimular a formação de vasos sangüíneos em suas proximidades, o que lhes garante o aporte de oxigênio e nutrientes; 5. as células cancerosas são imortais. Uma célula normal divide-se, no máximo, umas 70 vezes. Uma célula cancerosa divide-se indefinidamente; 6. as células cancerosas adquirem a capacidade de invadir outros tecidos e órgãos, disseminando-se na forma de tumores metastásicos. Esta última propriedade é a responsável final pela letalidade do câncer. Biologia Celular II | A célula cancerosa 10 C E D E R J A U LA 1 4 M Ó D U LO 3 C E D E R J 11 O processo de metástase não é simples; para disseminar-se, uma célula cancerosa de origem epitelial tem de transpor várias barreiras: • desfazer contatos juncionais com outras células; • atravessar a lâmina basal; • ser aspirada pelo sistema linfático ou cair na corrente sangüínea; • passar pelo endotélio em um ponto distante do tumor primário (no fígado, por exemplo) e ali formar nova colônia. Este processo requer habilidades especiais que nem toda célula tumoral possui; assim, apenas uma em cada 1.000 células que se desprendem do tumor primário formarão metástases. Um outro fato interessante é que é muito comum que as células sejam aspiradas pelo sistema linfático, vindo a “encalhar” em um gânglio e ali originem um novo tumor. O QUE INDUZ À FORMAÇÃO DE UM CÂNCER? Já temos em mente que uma só alteração no DNA não causa câncer. São necessárias várias mutações cumulativas em seqüência capazes de causar uma desregulação no mecanismo de crescimento e multiplicação. Observamos que o câncer ocorre mais freqüentemente em pessoas idosas. A partir dos 55 anos, a incidência da doença cresce em nível exponencial. Isso quer dizer que quanto mais tempo uma pessoa tem para expor seu material genético a um fator qualquer que possa alterá-lo, maior será a chance disso acontecer. Se vivêssemos até 200 anos, todos provavelmente teríamos algum tipo de câncer. Isso porque passou tempo suficiente para que se acumulassem mutações genéticas em nossas células. Aos elementos lesivos capazes de acarretar um aumento na probabilidade de ocorrência de lesões no DNA, e, portanto, de aumento da incidência de neoplasias, é dado o nome de carcinógenos. Podem ser agentes químicos, alguns vírus e diversos tipos de radiação, como os raios ultravioleta e os raios gama. A exposição prolongada ou repetida a esses agentes pode, após um certo tempo, resultar num câncer. Os fumantes, por exemplo, só costumam ter tumores diagnosticados após 10 ou 20 anos de tabagismo. Da mesma forma, os tumores de pele, Biologia Celular II | A célula cancerosa 12 C E D E R J A U LA 1 4 M Ó D U LO 3 C E D E R J 13 ou melanomas, podem surgir depois de décadas de exposição aos raios solares. Num caso histórico, os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki desenvolveram diversos tipos de tumor alguns anos após o lançamento das bombas atômicas sobre aquelas cidades. Os agentes químicos incluem substâncias notoriamente tóxicas, como o gás mostarda e a aflatoxina. Entretanto, a inflamação crônica de algum órgão, como o intestino, por exemplo, provoca aumento da divisão celular, aumentando a chance de alguma mutação. Dessa forma, gorduras animais (que causam um tipo de inflamação na mucosa intestinal) são carcinógenos “indiretos”. É por essa razão que se recomenda uma dieta rica em fibras. Elas aumentam o volume do bolo fecal, diminuindo o tempo de exposição de todas as substâncias à mucosa intestinal, além de diminuir a concentração da gordura animal na massa fecal total. A ação de hormônios é semelhante. Eles aceleram a divisão celular de alguns tipos de células, facilitando a ocorrência de mutações. Por este motivo, as terapias de reposição hormonal para mulheres na menopausa ainda são tema de muitos debates e pesquisas. O fumo, por sua vez, desenvolve uma ação carcinogênica mista. Ele é capaz tanto de lesar o DNA das células do corpo inteiro, diretamente, quanto irritar mucosas, causando inflamação crônica na boca, na garganta, nos brônquios e nos pulmões. É por isso que o fumo pode causar também câncer de bexiga e pâncreas, por exemplo, não ficando limitado apenas às vias aéreas. Outras situações em que pode ocorrer lesão direta do DNA é quando ocorre invasão celular por vírus. Como exemplo mais evidente temos o vírus das hepatites B e C, que a longo prazo podem causar câncer hepático. Também há a associação do papilomavirus (HPV) com o câncer de colo de útero. As alterações específicas provocadas no DNA por esses tipos de vírus ainda não estão bem determinadas. O que se sabe é que pode haver uma completa integração do genoma do vírus ao genoma (DNA) da célula hospedeira, sendo que esta célula dará origem à oncogênese. Biologia Celular II | A célula cancerosa 12 C E D E R J A U LA 1 4 M Ó D U LO 3 C E D E R J 13 O CÂNCER PODE SER TRATADO HOJE? Sim, em muitos casos. O resultado do tratamento contra o câncer varia de acordo com cada paciente. Os tratamentos em uso atualmente incluem: • Cirurgia: em geral é o tratamento mais importante e mais definitivo, quando o tumor está localizado em local anatomicamente favorável. Para muitos tipos de câncer, no entanto, apenas a cirurgia não é suficiente, devido à disseminação de células cancerosas local ou difusamente. • Radioterapia: é utilizada para tumores localizados que não podem ser ressecados totalmente ou para tumores que costumam recidivar localmente após a cirurgia. O objetivo da radioterapia é lesar extensamente o DNA das células cancerosas, inviabilizando sua divisão e sobrevivência. • Quimioterapia: consiste na utilização de medicamentos que têm ação citotóxica (causam danos às células). São utilizadas combinações de vários medicamentos diferentes, pois nos tumores há freqüentemente subpopulações de células com sensibilidade diferente às drogas antineoplásicas. Os mecanismos de ação das drogas são diferentes, mas em geral acabam em lesão do DNA celular. Algumas das drogas utilizadas, como o taxol e a colchicina, interferem com a integridade dos microtúbulos, essenciais na formação do fuso mitótico. • Terapia biológica: usam-se modificadores da resposta biológica do próprio organismo frente ao câncer, “ajudando-o” a combater a doença (linfoquinas, anticorpos monoclonais). Pode-se usar também drogas que melhoram a diferenciação das células tumorais, tornando-as de mais fácil controle. COMO SERÃO OS TRATAMENTOS NO FUTURO? Há grande esperança de que as pesquisas em Biologia Celular abram novas perspectivas para tratamento de câncer, assim como outras doenças. A terapia celular, utilizando células-tronco (Aula 12), é uma dessas possibilidades, especialmente para o tratamento de leucemias. Além dessas, estão sendo pesquisadas e testadas terapias baseadas em: Imunoterapia: o tratamento imunoterápico do câncer se baseia na ativação do sistema imune contra a célula maligna. Ela produz alguns tipos de proteínas que passariam a ser reconhecidas pelas células de Biologia Celular II | A célula cancerosa 14 C E D E R J A U LA 1 4 M Ó D U LO 3 C E D E R J 15 defesa do organismo. Haveria então a destruição das células do tumor. Estuda-se também a produção de vacinas, a partir de antígenos específicos da célula tumoral, com o fim de estimular o próprio sistema imune do paciente a destruir as células cancerosas. Já está em uso uma vacina contra o vírus HPV, indutor do