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Transtornos de Personalidade

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Objetivos 
1) Conhecer DSM-V e CID-10 como instrumentos de diagnóstico e classificação das Doenças Mentais. – Apenas estudar 
em casa. 
2) Definir e caracterizar clinicamente os tipos de transtorno de Personalidade, identificando os traços de personalidade 
patológica presentes em cada transtorno. 
 → Prováveis etiologias para os transtornos de Personalidade 
 → Influências genéticas e neurobiológicas 
3) Caracterizar o perfil epidemiológico dos transtornos de Personalidade, correlacionando a prevalência desses 
transtornos com o uso/abuso de drogas. 
4) Descrever os tratamentos indicados para os transtornos de Personalidade, incluindo os psicoterapêuticos e os 
farmacológicos. 
5) Identificar as Políticas Públicas e os modelos de Atenção voltados à saúde mental, descrevendo a rede de apoio à 
saúde psicossocial (Atenção Básica, CAPS, RAPS hospitais, INESC e Caderno de Atenção Básica nº 34). 
_______________________________________________________________________________________________ 
1) REFERÊNCIA: Compêndio de Psiquiatria 
Classificação em psiquiatria 
 O objetivo final da classificação é melhorar os esforços de tratamento e prevenção. De maneira ideal, uma 
classificação de transtornos é baseada no conhecimento da etiologia ou da fisiopatologia porque isso aumenta a 
probabilidade de alcançar esse objetivo. Porém, os neurocientistas ainda não produziram dados suficientes para criar 
um sistema diagnóstico com biomarcadores que possibilitem aos diagnósticos psiquiátricos terem por base mais as 
causas do que os sintomas. Em vez disso, o diagnóstico de transtornos mentais é embasado em observações clínicas 
de agrupamentos de sinais e sintomas reunidos em transtornos ou síndromes que são, então, acordados por um 
consenso de psiquiatras e de outros profissionais da saúde mental. 
 Os sistemas de classificação para diagnósticos psiquiátricos têm vários propósitos: diferenciar um diagnóstico 
psiquiátrico de outro, de modo que os médicos possam oferecer o tratamento mais eficaz; oferecer uma linguagem 
comum entre os profissionais da saúde mental; e explorar as causas ainda desconhecidas de muitos transtornos mentais. 
 As duas classificações psiquiátricas mais importantes são o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 
mentais (DSM), desenvolvido pela American Psychiatric Association em colaboração com outros grupos de 
profissionais da saúde mental, e a Classificação internacional de doenças (CID), desenvolvida pela Organização 
Mundial da Saúde. 
 Todas as categorias usadas no DSM-5 são encontradas na CID-10, mas nem todas as da CID-10 estão no 
DSM-5. O DSM-5 é o sistema de codificação psiquiátrica oficial usado nos Estados Unidos. 
Características básicas 
 Abordagem descritiva. A abordagem do DSM-5 é ateórica com relação a causas. Portanto, esse manual tenta 
descrever as manifestações dos transtornos mentais e apenas raramente explicar como acontecem. 
 Critérios diagnósticos. Esses critérios incluem uma lista de requisitos que devem estar presentes para que o 
diagnóstico seja feito. Eles aumentam a confiabilidade do processo de diagnóstico. 
 
 Descrição sistemática. O DSM-5 descreve sistematicamente cada transtorno em termos de seus aspectos 
associados: aspectos específicos relacionados a idade, cultura e gênero; prevalência, incidência e risco; curso; 
complicações; fatores predisponentes; padrão familiar; e diagnóstico diferencial. Achados laboratoriais e sinais 
e sintomas de exame físico associado são descritos quando relevantes. 
 O DSM-5 é um manual diagnóstico, não um tratado. Ele não faz menção a teorias de causas, manejo ou 
tratamento ou a questões controversas. 
 CID-10 significa "Classificação Internacional de Doenças", e o número 10 indica a versão, ou seja, já foram 
realizadas 10 atualizações e revisões desse código; 
 DSM-5 é uma sigla inglesa, Diagnostic and Statistical Manual, que significa Manual de Diagnóstico e 
Estatística e o número 5 da sigla é usado para indicar que já foram feitas cinco revisões. 
 Esses dois critérios diagnósticos servem para ajudar o profissional de saúde a classificar os problemas 
relacionados ao uso de substância em questão. 
 A CID-10 é o critério adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele abrange todas as doenças, 
incluindo os transtornos mentais, e foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
 O DSM-5 abrange apenas os transtornos mentais e tem sido mais utilizado em ambientes de pesquisa, porque 
possui itens mais detalhados, em forma de tópicos. Foi elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria. 
 
CID 10: Tabela online com todas 
as doenças e situações 
 
2) Transtorno de Personalidade - traços de personalidade patológica presentes em cada transtorno. 
 → Prováveis etiologias para os transtornos de Personalidade 
 → Influências genéticas e neurobiológicas 
REFERÊNCIA: Compêndio de Psiquiatria/MedCurso/SanarFlix 
Transtornos de Personalidade – Compêndio e MedCurso 
 O termo personalidade pode ser definido como um conjunto de traços emocionais e comportamentais que 
caracterizam o indivíduo em sua vida cotidiana. Os pacientes com transtorno de personalidade apresentam padrões 
profundamente estranhos, inflexíveis, mal-ajeitados de relacionamento, percepção do ambiente e de si mesmos. 
São pacientes difíceis de aceitar auxílio psiquiátrico e tendem a negar seus problemas. Esses transtornos aparecem, 
geralmente, no final da infância ou adolescência e continuam a se manifestar na idade adulta. Entretanto, evitamos 
o uso desse diagnóstico antes dos 16 anos, idade em que a personalidade não se encontra completamente formada. 
 Transtornos da personalidade são comuns e crônicos. Eles ocorrem em 10 a 20% da população em geral, e 
sua duração é expressa em décadas. Aproximadamente 50% de todos os pacientes psiquiátricos apresentam um 
transtorno da personalidade, com frequência comórbido com outras síndromes clínicas. O transtorno da 
personalidade também é um fator predisponente para outros transtornos psiquiátricos (p. ex., uso de substância, 
suicídio, transtornos afetivos, do controle de impulsos, alimentares e de ansiedade), interferindo nos resultados de 
tratamento de várias síndromes clínicas e aumentando a incapacitação pessoal, a morbidade e a mortalidade desses 
pacientes. 
 Os subtipos de transtorno da personalidade classificados no DSM-5 são esquizotípico, esquizoide, e paranoide 
(Grupo A); narcisista, borderline, antissocial e histriônico (Grupo B); e obsessivo-compulsivo, dependente e 
evitativo (Grupo C). Os três grupos baseiam-se em semelhanças descritivas. 
 O Grupo A inclui três transtornos da personalidade com características estranhas ou de afastamento 
(paranoide, esquizoide e esquizotípica). O Grupo B inclui quatro transtornos com características dramáticas, 
impulsivas ou erráticas (borderline, antissocial, narcisista e histriônica). O Grupo C inclui três transtornos que 
compartilham características de ansiedade e medo (evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva). Indivíduos 
frequentemente exibem traços que não se limitam a um único transtorno da personalidade. Quando um paciente 
satisfaz os critérios para mais de um, o clínico deve diagnosticar cada um deles. 
Etiologia 
Fatores genéticos. 
 Os transtornos da personalidade do Grupo A são mais comuns em parentes biológicos de pacientes com 
esquizofrenia do que em grupos-controle. Há mais parentes com transtorno da personalidade esquizotípica em 
histórias familiares de pessoas com esquizofrenia do que em grupos-controle. Há uma correlação menor entre 
esquizofrenia e transtorno de personalidade paranoide ou esquizoide. 
 Os transtornos da personalidade do Grupo B aparentemente têm uma base genética. O da personalidade 
antissocial está relacionado a transtornos por uso de álcool. Depressão é comum nos antecedentes familiares de 
indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Esses indivíduos têm mais parentescom transtorno do humor 
do que os grupos-controle, e pessoas com transtorno da personalidade borderline também costumam apresentar um 
transtorno do humor. Encontra-se uma forte associação entre o transtorno da personalidade histriônica e o de 
 
sintomas somáticos (síndrome de Briquet); pacientes com cada um desses transtornos demonstram uma sobreposição 
de sintomas. 
 Transtornos da personalidade do Grupo C também podem ter uma base genética. Pacientes com transtorno 
da personalidade evitativa costumam apresentar níveis elevados de ansiedade. Traços obsessivo-compulsivos são 
mais comuns em gêmeos monozigóticos do que em dizigóticos, e pacientes com transtorno da personalidade 
obsessivo-compulsiva mostram alguns sinais associados à depressão – por exemplo, período de latência reduzido do 
movimento rápido dos olhos (REM) e resultados anormais nos testes de supressão com dexametasona (TSD). 
Fatores biológicos. 
 Hormônios. Indivíduos que exibem traços impulsivos frequentemente também apresentam níveis elevados de 
testosterona, 17-estradiol e estrona. Em primatas não humanos, andrógenos aumentam a probabilidade de 
agressividade e de comportamento sexual, mas a função da testosterona na agressividade humana não está bem 
estabelecida. Resultados do TSD são anormais em alguns pacientes com transtorno da personalidade borderline 
que também apresentam sintomas depressivos. 
 Monoaminoxidase plaquetária. Baixos níveis plaquetários de monoaminoxidase (MAO) foram associados 
com atividade e sociabilidade em macacos. Estudantes universitários com baixos níveis plaquetários de MAO relatam 
passar mais tempo em atividades sociais do que aqueles com níveis plaquetários elevados de MAO. Identificaram-se 
também baixos níveis plaquetários de MAO em alguns pacientes com transtornos esquizotípicos. 
 Movimentos oculares de seguimento suave. Movimentos oculares de seguimento suave são sacádicos (i.e., 
irregulares) em pessoas introvertidas, que têm baixa autoestima e tendência ao retraimento e que apresentam 
transtorno da personalidade esquizotípica. Esses achados não têm aplicação clínica, mas indicam o papel da 
hereditariedade. 
 Neurotransmissores. Endorfinas apresentam efeitos semelhantes aos da morfina exógena, como analgesia e 
a supressão de excitação. Níveis elevados de endorfinas endógenas podem estar associados a indivíduos apáticos. 
Estudos de traços de personalidade e sistemas dopaminérgicos e serotonérgicos indicam uma função de ativação da 
excitação para esses neurotransmissores. Níveis de ácido 5-hidróxi-indolacético (5-HIAA), um metabólito de 
serotonina, são baixos em indivíduos que tentam suicídio e naqueles que são impulsivos e agressivos. 
 Níveis crescentes de serotonina com agentes serotonérgicos como fluoxetina podem produzir alterações 
drásticas em alguns traços de personalidade referentes ao caráter. Em muitas pessoas, a serotonina diminui depressão, 
impulsividade e ruminação e pode produzir uma sensação geral de bem-estar. Aumento das concentrações de 
dopamina no sistema nervoso central produzido por determinados psicoestimulantes (p. ex., anfetaminas) pode 
induzir euforia. 
 Eletrofisiologia. Mudanças na condução elétrica no eletrencefalograma (EEG) ocorrem em alguns pacientes 
com transtornos da personalidade, com maior frequência dos tipos antissocial e borderline; essas mudanças aparecem 
como atividade de ondas lentas em EEGs. 
Fatores psicanalíticos 
Mecanismos de defesa. Para ajudar indivíduos com transtornos da personalidade, o psiquiatra deve compreender as 
defesas subjacentes do paciente, os processos mentais inconscientes que o ego usa para resolver conflitos entre os quatro 
princípios-guia da vida interior: instinto (desejo ou necessidade), realidade, pessoas importantes e consciência. Em 
 
sua eficácia máxima, especialmente entre indivíduos com transtornos da personalidade, as defesas podem abolir a 
ansiedade e a depressão no nível consciente. Assim, abandonar uma defesa aumenta a consciência de ansiedade e 
depressão – um dos maiores motivos pelos quais indivíduos com transtornos da personalidade relutam em alterar seu 
comportamento. 
 FANTASIA. Muitas pessoas classificadas como esquizoides – pessoas excêntricas, solitárias ou assustadas – 
buscam conforto e satisfação dentro de si mesmas criando vidas imaginárias, especialmente amigos imaginários. 
 DISSOCIAÇÃO. Dissociação, ou negação, é uma substituição de afetos desagradáveis por agradáveis. 
Pessoas que fazem uso de dissociação com frequência são vistas como dramáticas e emocionalmente superficiais; elas 
podem ser caracterizadas como tendo uma personalidade histriônica. Com frequência, a melhor forma para o terapeuta 
lidar com dissociação e negação é usar deslocamento. Desse modo, o clínico pode conversar com o paciente sobre uma 
questão de negação em uma circunstância não ameaçadora. Demonstrar empatia com o afeto negado sem confrontar o 
paciente diretamente com os fatos pode lhe permitir trazer por si mesmo os tópicos originais à tona. 
 ISOLAMENTO. Isolamento é característico de pessoas controladas e metódicas que costumam ser 
caracterizadas como tendo personalidade obsessivo-compulsiva. Diferentemente dos indivíduos com personalidade 
histriônica, as pessoas obsessivo-compulsivas lembram-se da verdade em detalhes, mas sem afeto. Em uma crise, o 
paciente pode demonstrar maior autocontrole, comportamento social excessivamente formal e teimosia. Suas tentativas 
de assumir o controle podem irritar o clínico ou deixá-lo ansioso. Com frequência, esses pacientes reagem bem a 
explicações precisas, sistemáticas e racionais e valorizam eficiência, limpeza e pontualidade tanto quanto valorizam 
a agilidade de resposta do clínico. 
 PROJEÇÃO. Na projeção, o paciente atribui seus próprios sentimentos inconfessos a outros. A excessiva 
censura e a sensibilidade a críticas do paciente podem soar, para o terapeuta, como uma preconceituosa e hiperviligante 
cobrança de injustiças, mas essa atitude não deve ser enfrentada de modo defensivo, nem ser discutida. A técnica de 
contraprojeção é particularmente útil. O clínico reconhece e dá razão total aos sentimentos e às percepções dos 
pacientes paranoides; ele não argumenta contra as queixas dos pacientes nem as reforça, mas concorda que o mundo 
descrito por eles é concebível. O entrevistador pode falar sobre os reais motivos e sentimentos, atribuídos por engano a 
outra pessoa, e começar a sedimentar uma aliança com o paciente. 
 CISÃO. Na cisão, as pessoas que são alvo de sentimentos ambivalentes do paciente são divididas em boas e 
más. Por exemplo, em um contexto de internação, um paciente pode idealizar alguns membros da equipe e desmerecer 
outros. 
 AGRESSIVIDADE PASSIVA. Pessoas com defesa passivo-agressiva voltam sua raiva contra si mesmas. 
Em termos psicanalíticos, esse fenômeno é denominado masoquismo e inclui fracasso, procrastinação, comportamento 
tolo ou provocativo, ridicularização autodegradante e atos de autodestruição manifestos. 
 ATUAÇÃO. Durante a atuação, os pacientes expressam diretamente desejos inconscientes ou conflitos por 
meio de ações para evitar tanto a consciência da ideia quanto do afeto que os acompanham. Ataques de raiva, agressões 
aparentemente sem motivo, abuso infantil e promiscuidade sem prazer são exemplos comuns. Ao deparar-se com 
a atuação, seja ela de natureza agressiva ou sexual, o clínico, durante a entrevista, deve reconhecer que o paciente 
perdeu o controle, que tudo o que o entrevistador disser provavelmente será mal interpretado e que atrair a atenção do 
paciente é fundamental. 
 
 IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA. O mecanismo de defesa de identificação projetiva surge principalmente no 
transtorno da personalidade borderline e consiste em três passos. Primeiro, um aspecto do self é projetado sobre 
outra pessoa. O indivíduo que o projetou tenta, então, coagir a outra pessoa a se identificar com o que foi projetado. Porfim, é criado um sentimento de unidade ou união entre a pessoa que foi o alvo da projeção e a pessoa que a realizou. 
Transtornos de Personalidade – SanarFlix 
 Justamente por estar relacionado com a personalidade do indivíduo não é um transtorno que possui períodos 
de crise ou remissão, mas costuma ser estável e presente em diversas situações da vida da pessoa, além disso, pelo 
mesmo motivo, só é possível diagnosticar tais transtornos quando a pessoa já formou sua personalidade, o que costuma 
se firmar a partir dos 18 anos, permitindo o diagnóstico na adolescência e início da idade adulta. 
 O transtorno de personalidade é fator predisponente para transtornos psiquiátricos como abuso de 
substâncias, suicídio, transtornos alimentares, de ansiedade, afetivos, do controle do impulso, etc. o que interfere nos 
resultados dos tratamentos e aumenta a morbimortalidade destes pacientes. 
 Vale ressaltar que ao falar de TP não estamos nos referindo a traços de personalidade, mas sim comportamentos 
rígidos e mal-adaptativos que trazem prejuízo funcional ou sofrimento para o paciente. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANOIDE – Compêndio 
 O indivíduo com transtorno da personalidade paranoide caracteriza-se por suspeita e desconfiança 
arraigadas em relação a pessoas em geral. Ele recusa a responsabilidade por seus próprios sentimentos e a atribui a 
outros. Costuma ser hostil, irritável e irascível. Intolerantes, colecionadores de injustiças, cônjuges patologicamente 
ciumentos e mal-humorados, litigiosos com frequência têm transtorno da personalidade paranoide. 
Epidemiologia 
 Dados sugerem que a prevalência do transtorno da personalidade paranoide seja de 2 a 4% da população em 
geral. Indivíduos com o transtorno raramente buscam terapia por si mesmos; ao serem encaminhados para tratamento 
por um cônjuge ou empregador, conseguem se recompor e demonstrar falta de sofrimento. 
 Parentes de pacientes com esquizofrenia demonstram uma incidência mais elevada de transtorno da 
personalidade paranoide do que participantes de grupos-controle. 
 O transtorno é diagnosticado com maior frequência em homens do que em mulheres, em amostras clínicas. A 
prevalência entre indivíduos homossexuais não é mais elevada que o normal, como se pensava, mas acredita-se que seja 
mais elevada entre grupos de minorias, imigrantes e surdos do que na população em geral. 
Diagnóstico 
 Durante o exame psiquiátrico, pacientes com transtorno da personalidade paranoide podem apresentar modos 
formais e agir perplexos por terem que buscar ajuda psiquiátrica. Tensão muscular, incapacidade de relaxar e 
necessidade de vasculhar o ambiente por pistas podem ser sinais evidentes, e seus modos são com frequência sérios 
e sem humor. Embora algumas bases de seus argumentos possam ser falsas, sua fala é dirigida a objetivos e lógica. 
 
 
Características clínicas 
 Os atributos inconfundíveis do transtorno da personalidade paranoide são suspeita e desconfiança excessivas 
em relação a outras pessoas expressas como uma tendência global de interpretar os atos dos outros como 
deliberadamente aviltantes, malévolos, ameaçadores, exploradores ou enganadores. Essa tendência começa no 
início da vida adulta e surge em diversos contextos. Quase de modo invariável, indivíduos com o transtorno esperam 
ser explorados ou lesados pelos outros de alguma forma. Eles com frequência questionam, sem qualquer justificativa, 
a lealdade ou integridade de caráter de amigos ou sócios. Essas pessoas costumam ser patologicamente ciumentas 
e, sem algum motivo, questionam a fidelidade de seus cônjuges ou parceiros sexuais. 
 Pessoas com transtorno da personalidade paranoide têm afeto restrito e parecem frias, sem emoção. 
Orgulham-se de sua racionalidade e objetividade, mas isso não corresponde à realidade. Demonstram ausência de 
afeição e impressionam-se e prestam bastante atenção a poder e nível hierárquico. Expressam desdém em relação a 
indivíduos que percebam como fracos, doentios, debilitados ou deficientes de alguma forma. Em situações sociais, 
essas pessoas podem transmitir uma ideia de profissionalismo e eficiência, mas costumam gerar medo e conflito em 
outras pessoas. 
Diagnóstico diferencial 
 O transtorno da personalidade paranoide normalmente pode ser diferenciado do transtorno delirante devido à 
ausência de delírios fixos. Diferentemente de indivíduos com esquizofrenia paranoide, pessoas com transtornos da 
personalidade não têm alucinações nem um transtorno manifesto do pensamento. O transtorno da personalidade 
paranoide pode ser distinguido do transtorno da personalidade borderline porque pacientes paranoides raramente são 
capazes de desenvolver um envolvimento excessivo ou relacionamentos tumultuosos com outras pessoas. Pacientes com 
paranoia não têm a longa história de comportamento antissocial das pessoas com caráter antissocial. Indivíduos com 
transtorno da personalidade esquizoide são retraídos e indiferentes e não apresentam ideação paranoide. 
Curso e prognóstico 
 Não foram conduzidos estudos adequados, sistemáticos e de longo prazo sobre o transtorno da personalidade 
paranoide. Em alguns, o transtorno é vitalício; em outros, um prenúncio de esquizofrenia. E, ainda em outros, traços 
paranoides cedem espaço para formação reativa, preocupação adequada com moralidade e preocupações altruísticas 
quando amadurecem ou quando há redução do estresse. De modo geral, contudo, indivíduos afetados têm problemas 
vitalícios de trabalho e convivência com outras pessoas. Problemas profissionais e conjugais são comuns. 
 
 
Tratamento 
 Psicoterapia. A psicoterapia é o tratamento recomendado para indivíduos com transtorno da personalidade 
paranoide. Terapeutas devem tratar esses pacientes sempre de forma direta. Caso um terapeuta seja acusado de 
incoerência ou de alguma falha, como estar atrasado para uma consulta, sinceridade e desculpas são preferíveis a uma 
explicação defensiva. O terapeuta deve se lembrar de que confiança e tolerância a intimidade são áreas problemáticas 
para pessoas com esse transtorno. Portanto, psicoterapia individual exige um estilo profissional e não muito afetuoso do 
terapeuta. O uso zeloso demais de interpretação por parte do clínico – especialmente interpretação sobre sentimentos 
profundos de dependência, preocupações sexuais e desejos de intimidade – aumenta de forma significativa a 
desconfiança do paciente. Indivíduos paranoides não se saem bem em psicoterapia de grupo, embora ela possa ser útil 
para melhorar habilidades sociais e reduzir suspeitas por meio de psicodrama. 
 Por vezes, pacientes com transtorno da personalidade paranoide se comportam de forma tão ameaçadora que o 
terapeuta precisa controlar seus atos ou impor limites. Acusações delirantes devem ser abordadas de forma realista, mas 
delicada, e sem humilhar os pacientes. O indivíduo paranoide fica profundamente assustado quando sente que as pessoas 
que tentam ajudá-lo são fracas e desamparadas; portanto, o terapeuta nunca deve se oferecer para assumir o controle a 
menos que esteja disposto e seja capaz de fazê-lo. 
 Farmacoterapia. A farmacoterapia é útil para lidar com agitação e ansiedade. Na maioria dos casos, um agente 
ansiolítico como diazepam é o suficiente. Pode ser necessário, no entanto, usar um antipsicótico como haloperidol 
em pequenas doses e durante períodos curtos de tempo para o manejo de agitação grave ou pensamento quase 
delirante. O fármaco antipsicótico pimozida reduziu a ideação paranoide com sucesso em alguns pacientes. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOIDE 
 O transtorno da personalidade esquizoide é caracterizado por um padrão vitalício de retraimento social. 
Indivíduos com esse transtorno costumam ser vistos pelos outros como excêntricos, isolados ou solitários. Seu 
desconforto com a interação humana, sua introversão e seu afeto frio e constrito são destaques. 
Epidemiologia 
 Pode afetar 5% dapopulação em geral. A proporção de gênero do transtorno é desconhecida; alguns estudos 
apontam uma proporção de homens para mulheres de 2:1. Indivíduos afetados tendem a se direcionar para trabalhos 
solitários que envolvam pouco ou nenhum contato com os outros. Muitos preferem trabalhar à noite, ao invés de 
turnos diurnos, para que não precisem lidar com muitas pessoas. 
Diagnóstico 
 Em um exame psiquiátrico inicial, o paciente com transtorno da 
personalidade esquizoide pode parecer pouco à vontade. Ele raramente tolera 
contato visual, e o entrevistador pode supor que esse tipo de paciente esteja 
ansioso para que a entrevista termine. Seu afeto pode ser constrito, distante ou 
inadequadamente sério, mas, por trás da indiferença, o clínico sensível pode 
identificar medo. 
 Sua fala é dirigida a objetivos, mas são propensos a fornecer respostas 
curtas às perguntas e evitar conversas espontâneas. Algumas vezes, podem usar 
figuras de linguagem incomuns, como uma metáfora estranha, e podem ficar 
fascinados por objetos inanimados ou construtos metafísicos. Seu conteúdo mental 
 
pode revelar um senso injustificado de intimidade com pessoas que não conhecem bem ou que passaram um longo 
tempo sem encontrar. Seu sensório é intacto, a memória funciona bem, e suas interpretações de provérbios são 
abstratas. 
Características clínicas 
 Pessoas com transtorno da personalidade esquizoide parecem frias e indiferentes; exibem um retraimento 
distante e demonstram falta de envolvimento com eventos diários e com as preocupações de terceiros. Parecem 
caladas, distantes, isoladas e insociáveis. Podem viver suas vidas com extraordinariamente pouca necessidade ou 
vontade de formar laços afetivos e são as últimas a perceber mudanças na moda popular. 
 As histórias de vida dessas pessoas refletem interesses solitários e sucesso em empregos solitários e não 
competitivos que outras pessoas acham difíceis de tolerar. Sua vida sexual pode existir apenas na fantasia, e podem 
adiar indefinidamente o amadurecimento da sexualidade. Homens podem não se casar porque são incapazes de atingir 
intimidade; mulheres podem concordar de forma passiva a se casar com um homem agressivo que deseje o casamento. 
Indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide costumam revelar uma incapacidade vitalícia de expressar 
diretamente a raiva. Eles podem investir quantidades enormes de energia afetiva a interesses não humanos, como 
matemática e astronomia, e podem ser muito ligados a animais. 
 Embora pareçam pensar apenas em si mesmas e estar perdidas em devaneios, pessoas com transtorno da 
personalidade esquizoide apresentam capacidade normal de reconhecer a realidade. Uma vez que atos agressivos 
raras vezes são incluídos em seu repertório de reações habituais, elas lidam com a maioria das ameaças, reais ou 
imaginadas, por meio de fantasias de onipotência ou resignação. 
Diagnóstico diferencial 
 O transtorno da personalidade esquizoide pode ser distinguido de esquizofrenia, transtorno delirante e 
transtorno afetivo com características psicóticas com base em períodos com sintomas psicóticos positivos, como 
delírios e alucinações, nestes últimos. Embora indivíduos com transtorno da personalidade paranoide compartilhem 
diversos traços com os da personalidade esquizoide, os primeiros exibem maior envolvimento social, uma história de 
comportamento verbal agressivo e uma maior tendência a projetar seus sentimentos nos outros. Mesmo que também 
apresentem o mesmo grau de constrição emocional, indivíduos com transtornos das personalidades obsessivo-
compulsiva e evitativa experimentam a solidão como disfórica, têm uma história mais rica de relações objetais anteriores 
e não se entregam com a mesma frequência a devaneios autistas. 
 Teoricamente, a principal distinção entre um paciente com transtorno da personalidade esquizotípica e um com 
transtorno da personalidade esquizoide é que o primeiro se assemelha mais a um paciente com esquizofrenia no que 
se refere a estranhezas de percepção, pensamento, comportamento e comunicação. Aqueles com transtorno da 
personalidade evitativa são isolados, mas têm um forte desejo de participar de atividades, uma característica ausente 
em indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide. Distingue-se, ainda, do transtorno autista e da síndrome de 
Asperger por apresentar interações sociais prejudicadas e comportamentos e interesses estereotipados com ainda mais 
gravidade do que nesses dois transtornos. 
Curso e prognóstico 
 O início do transtorno da personalidade esquizoide em geral ocorre no começo da infância ou na adolescência. 
Assim como todos os transtornos da personalidade, este tem longa duração, mas não é necessariamente vitalício. A 
proporção da incidência de esquizofrenia nesses pacientes é desconhecida. 
 
Tratamento 
 Psicoterapia. O tratamento de pacientes com transtorno da personalidade esquizoide é semelhante àquele para 
indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. Pessoas esquizoides têm tendência a introspecção; 
contudo, essas tendências são consistentes com as expectativas do psicoterapeuta, e esses pacientes podem se tornar 
devotados, ainda que distantes. Com o desenvolvimento de confiança, o paciente esquizoide pode, com bastante 
apreensão, revelar uma abundância de fantasias, amigos imaginários e temores de dependência insuportáveis – até 
mesmo de se fundir ao terapeuta. 
 No contexto de terapia grupal, pacientes com transtorno da personalidade esquizoide podem ficar calados 
durante longos períodos; ainda assim, ficam envolvidos. Esses pacientes devem ser protegidos contra ataques 
agressivos de outros membros do grupo devido a sua inclinação a permanecerem quietos. 
 Farmacoterapia. A farmacoterapia com pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e 
psicoestimulantes beneficia alguns pacientes. Agentes serotonérgicos podem deixar o paciente menos sensível a 
rejeição. Benzodiazepínicos podem ajudar a diminuir a ansiedade interpessoal. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA 
 Pessoas com transtorno da personalidade esquizotípica exibem características estranhas ou excêntricas 
impressionantes, mesmo para leigos. Pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões e 
desrealização são parte do mundo cotidiano de uma pessoa com o transtorno. 
Epidemiologia 
 O transtorno da personalidade esquizotípica ocorre em cerca de 3% da população. A proporção entre gêneros 
é desconhecida; no entanto, ele é diagnosticado com frequência em mulheres com síndrome do X frágil. Ligeiramente 
mais comum no sexo masculino. Existe uma maior associação de casos entre parentes biológicos de pacientes com 
esquizofrenia do que entre controles e uma incidência maior entre gêmeos monozigóticos do que entre dizigóticos. 
Etiologia 
 Estudos de adoção, de família e de gêmeos demonstram um aumento de prevalência de características 
esquizotípicas nas famílias de indivíduos com esquizofrenia, especialmente quando as características esquizotípicas 
não foram associadas a sintomas afetivos comórbidos. 
Diagnóstico 
 Diagnostica-se transtorno da personalidade esquizotípica com base nas peculiaridades de pensamento, 
comportamento e aparência do paciente. Obter a história pode ser uma tarefa difícil devido a sua forma incomum de 
comunicação. 
 
 
Características clínicas 
 Indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica exibem perturbação de pensamento e 
comunicação. Embora não haja transtorno do pensamento totalmente manifesto, sua fala pode ser distinta ou peculiar, 
pode fazer sentido apenas para eles mesmos e com frequência necessita de interpretação. Assim como ocorre com os 
afetados por esquizofrenia, o indivíduo com transtorno da personalidade esquizotípica pode desconhecer seus próprios 
sentimentos e ainda assim ter extrema sensibilidade e consciência a respeito dos sentimentos dos outros, sobretudo os 
negativos, comode raiva. Esses indivíduos podem ser supersticiosos ou alegar poderes de clarividência e acreditar 
ser dotados de poderes especiais de pensamento e insight. Seu mundo interior pode estar cheio de relacionamentos 
imaginários vívidos e temores e fantasias infantis. Eles podem admitir ilusões da percepção ou macropsia e confessar 
que outras pessoas parecem ser feitas de madeira e todas iguais. 
 Visto terem poucos relacionamentos interpessoais e poderem agir de forma inadequada, indivíduos com 
transtorno da personalidade esquizotípica são isolados e têm poucos ou nenhum amigo. O paciente pode exibir 
características de transtorno da personalidade borderline, e, de fato, ambos os diagnósticos podem ser estabelecidos. 
Sob estresse, pacientes com transtorno da personalidade esquizotípica podem sofrer descompensação e apresentar 
sintomas psicóticos, mas que costumam ser breves. Aqueles com casos graves do transtorno podem apresentar 
anedonia e depressão grave. 
Diagnóstico diferencial 
 Teoricamente, pessoas com transtorno da personalidade esquizotípica podem ser diferenciadas daquelas com 
transtornos de personalidades esquizoide e evitativa devido à presença de excentricidades em seu comportamento e 
pensamento, sua percepção e comunicação e, talvez, por uma história familiar evidente de esquizofrenia. Pacientes 
com o transtorno da personalidade esquizotípica podem ser distinguidos daqueles com esquizofrenia em razão da 
ausência de psicose. Caso surjam sintomas psicóticos, eles são breves e fragmentados. Alguns pacientes satisfazem 
os critérios para ambos os transtornos da personalidade, esquizotípica e borderline. Os que apresentam transtorno da 
personalidade paranoide se caracterizam por suspeita, mas não exibem o comportamento estranho daqueles com o 
subtipo esquizotípico. 
Curso e prognóstico 
 De acordo com o pensamento clínico atual, a personalidade pré-mórbida do paciente com esquizofrenia é a 
esquizotípica. Alguns, no entanto, mantêm uma personalidade esquizotípica durante toda a vida e se casam e trabalham, 
apesar de suas excentricidades. Um estudo de longo prazo realizado por Thomas McGlashan relatou que 10% dos 
indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica acabaram cometendo suicídio. 
Tratamento 
 Psicoterapia. Os princípios de tratamento do transtorno da personalidade esquizotípica não diferem dos usados 
no tratamento do transtorno da personalidade esquizoide, mas o clínico deve lidar com o primeiro com maior 
sensibilidade. Esses pacientes apresentam padrões de pensamento peculiares, e alguns estão envolvidos em cultos, 
estranhas práticas religiosas e o ocultismo. O terapeuta não deve ridicularizar essas peculiaridades nem criticar essas 
crenças ou atividades. 
 Farmacoterapia. Medicamentos antipsicóticos podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e 
outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com psicoterapia. Antidepressivos são válidos quando houver 
um componente depressivo da personalidade. 
 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL 
 O transtorno da personalidade antissocial é uma incapacidade de se adequar às regras sociais que 
normalmente governam diversos aspectos do comportamento adolescente e adulto de um indivíduo. Embora se 
caracterize por atos contínuos de natureza antissocial ou criminosa, o transtorno não é sinônimo de criminalidade. 
Epidemiologia 
 Os índices de prevalência de 12 meses do transtorno da personalidade antissocial encontram-se entre 0,2 e 3% 
de acordo com o DSM-5. Ele é mais comum em áreas urbanas pobres e entre residentes eventuais dessas áreas. A 
prevalência mais elevada é encontrada entre as amostras mais graves de homens com transtorno por uso de álcool 
(acima de 70%) e na população carcerária, na qual pode chegar a 75%. É muito mais comum em homens do que 
em mulheres. Meninas normalmente apresentam sintomas antes da puberdade, e meninos, ainda mais cedo. Um padrão 
familiar está presente; o transtorno é cinco vezes mais comum entre parentes em primeiro grau de homens com o 
transtorno do que entre participantes do grupo-controle. 
Diagnóstico 
 Pacientes com transtorno da personalidade antissocial podem enganar até o clínico mais experiente. Durante a 
entrevista, podem parecer calmos e confiáveis, mas, sob o verniz (ou, para usar a expressão de Hervey Cleckley, a 
máscara de sanidade), escondem-se tensão, hostilidade, irritabilidade e fúria. Uma entrevista de estresse, na qual o 
paciente seja confrontado vigorosamente com incoerências em sua história, pode ser necessária para revelar a patologia. 
 Uma bateria de exames diagnósticos deve incluir testes neurológicos. Uma vez que os pacientes costumam 
demonstrar resultados de EEG anormais e leves sinais neurológicos que sugerem dano cerebral mínimo na infância, 
esses achados podem ser usados para confirmar a impressão clínica. 
 
Características clínicas 
 Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial frequentemente podem parecer normais e até mesmo 
simpáticos e lisonjeiro. Suas histórias, no entanto, revelam perturbação do funcionamento ou várias áreas da vida. 
Mentiras, vadiagem, fuga de casa, roubos, brigas, abuso de substância e atividades ilegais são experiências típicas, 
tendo inicio já na infância. 
 Eles costumam impressionar clínicos do sexo oposto com os aspectos sedutores e pitorescos de sua 
personalidade, mas clínicos do mesmo sexo podem vê-los como manipuladores e exigentes. Indivíduos com transtorno 
da personalidade antissocial não exibem ansiedade nem depressão, uma ausência que pode parecer amplamente 
incongruente com suas situações, embora ameaças de suicídio e preocupações somáticas possam ser comuns. 
 
 Pessoas com esse transtorno são autênticas representantes dos vigaristas. Elas são extremamente 
manipuladoras e com frequência podem convencer os outros a participar de esquemas para obter dinheiro fácil ou para 
alcançar fama ou notoriedade. Esses esquemas podem, no fim, levar o incauto a ruína financeira ou constrangimento 
social, ou a ambos. Indivíduos com esse transtorno não falam a verdade, e não se pode confiar neles para executar 
qualquer tipo de tarefa ou aderir a qualquer padrão convencional de moralidade. Promiscuidade, abuso conjugal, 
abuso infantil e condução de veículos em estado de embriaguez são eventos comuns em suas vidas. Um achado de 
destaque é a ausência de remorso por tais atos; ou seja, eles parecem não ter uma consciência. 
Diagnóstico diferencial 
 Transtorno da personalidade antissocial pode ser distinguido de comportamento ilegal no sentido de que o 
transtorno envolve diversas áreas da vida do indivíduo. Quando o comportamento ilegal visa apenas a ganhos e não está 
acompanhado pelos traços de personalidade rígidos, mal-adaptativos e persistentes de um transtorno da personalidade, 
ele é classificado pelo DSM-5 como comportamento criminoso não associado a um transtorno da personalidade. 
 A diferenciação mais difícil de ser estabelecida é entre transtorno da personalidade antissocial e abuso de 
substância. Quando ambos se iniciam na infância e continuam na vida adulta, os dois transtornos devem ser 
diagnosticados. Quando, no entanto, o comportamento antissocial é evidentemente secundário a abuso pré-mórbido de 
álcool ou de outra substância, o diagnóstico de transtorno da personalidade antissocial não se justifica. 
 Ao diagnosticar transtorno da personalidade antissocial, o clínico deve compensar a distorção causada pelo nível 
socioeconômico, antecedentes culturais e sexo. Ademais, esse diagnóstico não se justifica quando deficiência 
intelectual, esquizofrenia ou mania podem explicar os sintomas. 
Curso e prognóstico 
 Quando um transtorno da personalidade antissocial se desenvolve, segue um curso ininterrupto, sendo que o 
auge do comportamento antissocial normalmente ocorre no fim da adolescência. O prognóstico varia. Há relatos que 
indicam a redução dossintomas com a idade. Muitos pacientes apresentam transtorno de sintomas somáticos e 
diversas queixas físicas. Transtornos depressivos, transtornos por uso de álcool e abuso de outra substância são 
comuns. 
Tratamento 
 Psicoterapia. Caso sejam confinados (p. ex., internados em um hospital), pacientes com transtorno da 
personalidade antissocial frequentemente se tornam receptivos a psicoterapia. Quando o indivíduo sente que está entre 
pares, sua falta de motivação para mudança desaparece. Talvez, por esse motivo, grupos de mútua ajuda são mais 
úteis do que o cárcere para atenuar o transtorno. Antes que o tratamento possa ter início, é fundamental estabelecer 
limites firmes. O terapeuta deve encontrar formas de lidar com o comportamento autodestrutivo do paciente. 
 Farmacoterapia. A farmacoterapia é usada para lidar com sintomas incapacitantes como ansiedade, raiva 
e depressão, mas, como os pacientes com frequência abusam de substâncias, os fármacos devem ser usados de forma 
criteriosa. Caso um paciente mostre evidências de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, 
psicoestimulantes como metilfenidato podem ser úteis. Foram realizadas tentativas de alterar o metabolismo de 
catecolamina com fármacos e de controlar o comportamento impulsivo com antiepilépticos, como carbamazepina 
ou valproato, por exemplo, especialmente quando foram identificadas formas de onda anormais no EEG. Antagonistas 
dos receptores β-adrenérgicos foram usados para reduzir agressividade. 
 
 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE 
 Indivíduos com transtorno da personalidade borderline encontram-se no limiar entre neurose e psicose e têm 
por característica afeto, humor, comportamento, relações objetais e autoimagem extraordinariamente instáveis. 
O transtorno também foi chamado de esquizofrenia ambulatorial, personalidade “como se” (expressão cunhada por 
Helene Deutsch), esquizofrenia pseudoneurótica (descrita por Paul Hoch e Phillip Politan) e transtorno de caráter 
psicótico (descrito por John Frosch). A 10ª revisão da Classificação internacional de doenças e problemas relacionados 
à saúde (CID-10) usa a denominação de transtorno de personalidade emocionalmente instável. 
Epidemiologia 
 Não há estudos definitivos sobre prevalência, mas acredita-se que o transtorno da personalidade borderline 
esteja presente em 1 a 2% da população e seja duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. Um aumento 
de prevalência do transtorno depressivo maior, de transtornos por uso de álcool e de abuso de substância é 
encontrado em parentes em primeiro grau de indivíduos com transtorno da personalidade borderline. 
Diagnóstico 
 De acordo como DSM-5, o diagnóstico de transtorno da personalidade borderline pode ser estabelecido no 
início da idade adulta quando o paciente exibe pelo menos cinco dos critérios listados na tabela. 
 
 Estudos biológicos podem auxiliar o diagnóstico; alguns pacientes com transtorno da personalidade borderline 
mostram redução da latência REM e perturbações na continuidade do sono, resultados anormais no TSD e no 
teste de hormônio liberador de tireotrofina. Essas alterações, no entanto, também são observadas em algumas pessoas 
com transtornos depressivos. 
Características clínicas 
 Indivíduos com transtorno da personalidade borderline quase sempre parecem estar em crise. Mudanças de 
humor são comuns. A pessoa pode estar inclinada a discussões em um momento, deprimida no momento seguinte 
e, mais tarde, se queixar de não ter sentimentos. Pode apresentar episódios psicóticos de curta duração 
(denominados episódios micropsicóticos) em vez de crises psicóticas totalmente manifestas, e seus sintomas psicóticos 
quase sempre são limitados, fugazes ou questionáveis. O comportamento do paciente com transtorno da personalidade 
borderline é de extrema imprevisibilidade, e é raro suas realizações estarem no mesmo nível de suas capacidades. A 
natureza dolorosa de sua vida reflete-se em atos autodestrutivos repetidos. 
 
 Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as pessoas com esse transtorno têm relacionamentos 
interpessoais tumultuosos. Elas podem ser dependentes das pessoas com quem têm intimidade e, quando se 
frustram, expressar uma grande raiva dirigida aos amigos mais íntimos. Essas pessoas não conseguem tolerar a ideia 
de ficar sozinhas e preferem uma busca frenética por companhia, sem importar o quanto ela lhe seja insatisfatória. Para 
mitigar a solidão, mesmo que por breves períodos, aceitam um estranho como amigo ou se comportam de forma 
promíscua. 
 Costumam se queixar de sentimentos crônicos de vazio e tédio e da falta de um senso de identidade coerente 
(difusão de identidade); quando pressionadas, frequentemente reclamam de como se sentem sempre deprimidas, 
apesar do turbilhão de outros afetos. 
 Otto Kernberg descreveu o mecanismo de defesa de identificação projetiva que ocorre em pacientes com 
transtorno da personalidade borderline. Nesse mecanismo de defesa primitivo, aspectos intoleráveis do self são 
projetados no outro; a outra pessoa é induzida a desempenhar o papel projetado, e as duas pessoas agem em uníssono. 
O terapeuta deve estar ciente desse processo a fim de poder agir de forma neutra com esse tipo de paciente. A maioria 
dos terapeutas concorda que esses pacientes demonstram capacidades de raciocínio normais em testes estruturados. 
 Do ponto de vista funcional, pacientes com transtorno da personalidade borderline distorcem seus 
relacionamentos caracterizando cada pessoa como totalmente boa ou totalmente má. Eles enxergam as pessoas ou como 
figuras de ligação afetuosas, ou como figuras sádicas odiosas que os privam de suas necessidades de segurança e 
ameaçam abandoná-los sempre que se sentem dependentes. Como resultado dessa cisão, a pessoa boa é idealizada, e a 
pessoa má, desvalorizada. 
Diagnóstico diferencial 
 O transtorno diferencia-se de esquizofrenia com base no fato de o paciente com personalidade borderline não 
apresentar episódios psicóticos prolongados, transtorno do pensamento e outros sinais clássicos de esquizofrenia. 
Pacientes com transtorno da personalidade esquizotípica exibem peculiaridades acentuadas de pensamento, ideação 
estranha e ideias de referência recorrentes. Aqueles com transtorno da personalidade paranoide caracterizam-se por 
suspeita extrema. Pacientes com transtorno da personalidade borderline em geral apresentam sentimentos 
crônicos de vazio e episódios psicóticos de curta duração; eles agem impulsivamente e buscam relacionamentos 
extraordinários; podem se mutilar e fazer tentativas de suicídio manipulativas. 
Curso e prognóstico 
 O transtorno da personalidade borderline é razoavelmente estável; o paciente sofre pouca mudança ao longo 
do tempo. Estudos longitudinais mostram que não há progressão para esquizofrenia, mas os pacientes têm uma 
incidência elevada de episódios de transtorno depressivo maior. O diagnóstico costuma ser estabelecido antes dos 
40 anos, quando as pessoas tentam fazer escolhas profissionais, conjugais, entre outras, e são incapazes de lidar com os 
estágios normais do ciclo da vida. 
Tratamento 
 Psicoterapia. A psicoterapia para pacientes com transtorno da personalidade borderline é uma área 
intensamente pesquisada e se tornou o tratamento recomendado. Para a obtenção de melhores resultados, acrescentou-
se farmacoterapia ao regime de tratamento. 
 A psicoterapia é difícil tanto para o paciente quanto para o terapeuta. O paciente regride com facilidade, age 
por impulso e demonstra transferências positivas ou negativas lábeis ou fixas, as quais são difíceis de analisar. 
 
 O mecanismo de defesa de cisão faz o paciente amar ou odiar o terapeuta de forma alternada, assim como as 
outras pessoas em seu ambiente. 
 Terapeutas usaram terapia comportamental para controlar os impulsos e as explosões de raiva dos pacientes 
e para reduzir sua sensibilidade a críticas e rejeição.O treinamento de habilidades sociais, sobretudo com 
reprodução de gravações em vídeo, permite ao paciente ver como suas ações afetam outras pessoas e, assim, melhorar 
seu comportamento interpessoal. 
 TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA. Uma forma específica de psicoterapia, denominada 
terapia comportamental dialética (TCD), foi usada em pacientes com transtorno da personalidade borderline, 
especialmente nos casos de comportamento parassuicida, como cortes frequentes. 
 TRATAMENTO BASEADO NA MENTALIZAÇÃO. Outro tipo de psicoterapia para transtorno da 
personalidade borderline é chamado de terapia baseada na mentalização (TBM). O TBM se baseia em uma teoria de 
que os sintomas da personalidade borderline, como dificuldade de regular emoções e de lidar com impulsividade, são 
resultado das capacidades reduzidas de mentalização do paciente. Portanto, acredita-se que a recuperação da 
mentalização o ajude a construir habilidades de relacionamento ao aprender a regular melhor seus pensamentos e 
sentimentos. 
 PSICOTERAPIA FOCADA NA TRANSFERÊNCIA. A psicoterapia focada na transferência (PFT) é uma 
forma modificada de psicoterapia psicodinâmica usada para o tratamento do transtorno da personalidade borderline com 
base na teoria de relações objetais de Otto Kernberg. O terapeuta vale-se de dois processos principais ao trabalhar com 
o paciente: o primeiro é clarificação, na qual a transferência é analisada de forma mais direta do que na psicoterapia 
tradicional, de modo que o paciente se torne rapidamente consciente de suas distorções com relação ao terapeuta. O 
segundo é a confrontação, na qual o terapeuta indica como essas distorções de transferência interferem nas relações 
interpessoais com outros (objetos). O mecanismo de cisão usado pelo paciente borderline caracteriza-se pela existência 
de um objeto bom e um objeto mau e é utilizado como defesa contra a ansiedade. Caso a terapia tenha sucesso, a 
necessidade de cisão se reduz, as relações objetais melhoram, e um nível de funcionamento mais normal é 
alcançado. 
 Farmacoterapia. A farmacoterapia é útil para lidar com características específicas da personalidade que 
interferem no funcionamento geral do paciente. Usaram-se antipsicóticos para controlar raiva, hostilidade e 
episódios psicóticos breves. Antidepressivos melhoram o humor deprimido comum em indivíduos com transtorno 
da personalidade borderline. Inibidores da MAO (IMAOs) modularam com sucesso o comportamento impulsivo em 
alguns pacientes. Benzodiazepínicos, especialmente alprazolam, ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns 
pacientes exibem desinibição com essa classe de fármacos. Anticonvulsivantes, como carbamazepina, podem 
melhorar o funcionamento global de algumas pessoas. Agentes serotonérgicos, como inibidores seletivos da 
recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis em alguns casos. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA 
 Pessoas com transtorno da personalidade histriônica são excitáveis e emotivas e comportam-se de forma 
dramática, florida e extrovertida. Contudo, junto com esses aspectos mais vistosos, costuma existir uma incapacidade 
de manter ligações profundas e duradouras. 
 
 
 
Epidemiologia 
 Dados limitados de estudos com a população em geral sugerem uma prevalência do transtorno da personalidade 
histriônica de cerca de 1 a 3%. Índices em torno de 10 a 15% foram relatados em instalações de saúde ambulatoriais 
e de internação. O transtorno é diagnosticado com maior frequência em mulheres do que em homens. Alguns estudos 
revelaram uma associação com transtorno de sintomas somáticos e transtornos por uso de álcool. 
Diagnóstico 
 Em entrevistas, pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam ser cooperativos e ávidos por 
fornecer uma história detalhada. Gesticulações e exclamações dramáticas em seu discurso são comuns; eles cometem 
deslizes frequentes, e sua linguagem é pitoresca. Exibição afetiva é comum, mas, quando pressionados a reconhecer 
determinados sentimentos (p. ex., raiva, tristeza e desejos sexuais), podem reagir com surpresa, indignação ou negação. 
 Os resultados do exame cognitivo costumam ser normais, embora uma falta de perseverança possa ser 
evidenciada em tarefas aritméticas ou de concentração, e o esquecimento do paciente de material com carga afetiva pode 
ser impressionante. 
 
Características clínicas 
 Pessoas com transtorno da personalidade histriônica exibem um grau elevado de comportamento de busca por 
atenção. Elas tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos e fazem tudo soar mais importante do que realmente 
é. Exibem ataques de raiva, choro e acusações quando não são o centro das atenções ou não estão recebendo elogios 
ou aprovação. O comportamento sedutor é comum nos dois sexos. Fantasias sexuais envolvendo pessoas com as quais 
o paciente esteja envolvido são comuns, mas ele demonstra incoerência ao verbalizar essas fantasias e pode se 
comportar de forma tímida ou flertar em vez de ser sexualmente agressivo. Na realidade, pacientes histriônicos 
podem apresentar uma disfunção psicossexual; mulheres podem ser anorgásmicas, e homens podem ser impotentes. 
 As principais defesas de pacientes com transtorno da personalidade histriônica são repressão e dissociação. 
Em conformidade com essa característica, esses indivíduos não estão cientes de seus verdadeiros sentimentos e não 
conseguem explicar suas motivações. Sob estresse, o teste de realidade fica facilmente prejudicado. 
Diagnóstico diferencial 
 A distinção entre transtorno da personalidade histriônica e transtorno da personalidade borderline é difícil, mas, 
neste último, tentativas de suicídio, difusão de identidade e episódios psicóticos breves são mais prováveis. Embora 
ambas as condições possam ser diagnosticadas no mesmo paciente, o clínico deve separá-las. O transtorno de sintomas 
somáticos (síndrome de Briquet) pode ocorrer em conjunto com o da personalidade histriônica. Pacientes com 
 
transtornos psicótico breve e dissociativos podem justificar um diagnóstico coexistente de transtorno da personalidade 
histriônica. 
Curso e prognóstico 
 Com a idade, pessoas com transtorno da personalidade histriônica mostram menos sintomas, mas, como não 
têm a energia de anos anteriores, a diferença na quantidade de sintomas pode ser mais aparente do que real. Indivíduos 
com esse transtorno buscam sensações e podem ter problemas legais, fazer abuso de substâncias e agir de forma 
promíscua. 
Tratamento 
 Psicoterapia. Pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam não estar cientes de seus 
próprios sentimentos reais; a clarificação de seus sentimentos interiores é um processo terapêutico importante. 
Psicoterapia e orientação psicanalítica, em grupo ou individual, provavelmente seja o tratamento mais indicado para 
essas pessoas. 
 Farmacoterapia. A farmacoterapia pode funcionar como tratamento adjunto quando direcionada aos 
sintomas (p. ex., uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas, agentes ansiolíticos para ansiedade, e 
antipsicóticos para desrealização e ilusões). 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA 
 Pessoas com transtorno da personalidade narcisista são caracterizadas por um senso aguçado de 
autoimportância, ausência de empatia e sentimentos grandiosos de serem únicas. Contudo, por trás dessas 
características, existe uma autoestima frágil e vulnerável às menores críticas. 
Epidemiologia 
 Conforme o DSM-5, estimativas de prevalência desse transtorno variam de menos de 1 a 6% em amostras da 
comunidade. Podem transmitir uma ideia irrealista de onipotência, grandiosidade, beleza e talento a seus filhos e, 
assim, os filhos, de pais com essas características podem apresentar um risco acima do normal de desenvolver, eles 
próprios, o transtorno. 
Diagnóstico 
 
Características clínicas 
 Pessoas com transtorno da personalidade narcisista têm um sentimento de autoimportância grandioso;consideram-se especiais e esperam tratamento especial. Seu sentimento de merecimento é impressionante. Elas lidam 
mal com críticas e podem ficar com raiva quando alguém ousa criticá-las, ou podem parecer completamente 
indiferentes a críticas. Querem que as coisas sejam do seu jeito e com frequência têm ambição de obter fama e 
 
fortuna. Seus relacionamentos são pouco importantes, e podem deixar os outros furiosos por sua recusa em obedecer 
às regras convencionais de comportamento. 
 Não conseguem demonstrar empatia e fingem simpatia apenas para atingir seus próprios objetivos egoístas. 
Devido a sua frágil autoestima, são suscetíveis a depressão. Dificuldades interpessoais, problemas profissionais, 
rejeição e perda estão entre os estresses que os narcisistas normalmente produzem com seu comportamento – estresses 
com os quais são as pessoas menos capazes de lidar. 
Diagnóstico diferencial 
 Os transtornos das personalidades borderline, histriônica e antissocial frequentemente acompanham o transtorno 
da personalidade narcisista, de modo que um diagnóstico diferencial é difícil. Pacientes narcisistas têm menos 
ansiedade do que aqueles com transtorno da personalidade borderline e são menos propensos a uma vida caótica e a 
tentativas de suicídio. Pacientes com transtorno da personalidade antissocial têm uma história de comportamento 
impulsivo muitas vezes associado a álcool ou a outra substância de abuso, o que gera problemas legais. Aqueles com 
transtorno da personalidade histriônica demonstram características de exibicionismo e manipulação interpessoal que se 
assemelham àquelas dos pacientes com transtorno da personalidade narcisista. 
Curso e prognóstico 
 O transtorno da personalidade narcisista é crônico e difícil de tratar. Indivíduos com o transtorno devem lidar 
constantemente com golpes em seu narcisismo resultantes de seu próprio comportamento ou de sua experiência de vida. 
Eles lidam mal com o processo de envelhecimento, já que valorizam beleza, força e atributos da juventude, à qual se 
apegam de forma inadequada. Podem ser mais vulneráveis, portanto, a crises de meia-idade do que outros grupos. 
Tratamento 
 Psicoterapia. Visto que os pacientes precisam renunciar a seu narcisismo para progredir, o tratamento do 
transtorno da personalidade narcisista é difícil. Psiquiatras como Kernberg e Heinz Kohut defendem o uso de 
abordagens psicanalíticas para efetuar mudanças, mas são necessárias pesquisas para validar o diagnóstico e 
determinar o melhor tratamento. Alguns clínicos defendem terapia de grupo para que seus pacientes aprendam a 
compartilhar e, sob circunstâncias ideais, possam desenvolver uma reação empática com os outros. 
 Farmacoterapia. Usou-se lítio em pacientes cujo quadro clínico incluía mudanças de humor. Uma vez que 
os pacientes com transtorno da personalidade narcisista têm baixa tolerância a rejeição e são suscetíveis a depressão, 
antidepressivos, especialmente fármacos serotonérgicos, também podem ser úteis. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA 
 Indivíduos com transtorno da personalidade evitativa exibem sensibilidade extrema a rejeição e podem levar 
vidas socialmente retraídas. Embora sejam tímidos, não são associais e demonstram um grande desejo por 
companhia, mas precisam de garantias muito fortes de aceitação não crítica. Essas pessoas em geral são descritas com 
um complexo de inferioridade. 
Epidemiologia 
 Sugere-se que a prevalência do transtorno seja de aproximadamente 2 a 3% da população em geral, de acordo 
com o DSM-5. Crianças pequenas que foram classificadas com um temperamento tímido podem ser mais suscetíveis 
ao transtorno do que as que recebem uma pontuação elevada em escalas de abordagem de atividades. 
 
 
 
Diagnóstico 
 Em entrevistas clínicas, a característica mais evidente do paciente é a ansiedade acerca de falar com um 
entrevistador. Seu comportamento tenso e nervoso parece se expandir e se retrair conforme a percepção de ser apreciado 
ou não pelo entrevistador. Parece vulnerável aos comentários e às sugestões do entrevistador e pode encarar uma 
clarificação ou interpretação como crítica. 
 
Características clínicas 
 A hipersensibilidade à rejeição por outros é a característica clínica fundamental do transtorno da personalidade 
evitativa, e o traço principal da personalidade é a timidez. Essas pessoas desejam o afeto e a segurança da companhia 
humana, mas justificam sua esquiva a relacionamentos por meio de seu suposto medo de rejeição. Ao conversar com 
alguém, elas expressam incerteza, demonstram falta de autoconfiança e podem falar de modo discreto. Têm 
inclinação a interpretar mal os comentários dos outros como depreciativos ou ridicularizadores. A recusa de 
qualquer pedido as leva ao retraimento e se sentirem magoados. 
 Na esfera profissional, pacientes com transtorno da personalidade evitativa costumam assumir empregos que 
recebem pouca atenção. Eles raramente alcançam muito avanço pessoal ou exercem muita autoridade, mas parecem 
tímidos e ansiosos por agradar. Por consequência, costumam não ter amigos íntimos nem confidentes. 
Diagnóstico diferencial 
 Pacientes com transtorno da personalidade evitativa desejam interação social, ao contrário daqueles com 
transtorno da personalidade esquizoide, que desejam ficar sozinhos. Os evitativos não são tão exigentes, irritáveis ou 
imprevisíveis como indivíduos com personalidades borderline e histriônica. O transtorno da personalidade evitativa e 
o da personalidade dependente são semelhantes. Supõe-se que aqueles com o da personalidade dependente apresentem 
um temor maior de serem abandonados ou não amados do que aqueles com cuja personalidade é evitativa, mas o quadro 
clínico pode ser indistinguível. 
Curso e prognóstico 
 Muitas pessoas com transtorno da personalidade evitativa são capazes de funcionar em um ambiente protegido. 
Algumas se casam, têm filhos e vivem suas vidas rodeadas apenas por membros da família. Caso seu sistema de apoio 
falhe, no entanto, ficam sujeitas a depressão, ansiedade e raiva. Esquivas fóbicas são comuns, e pacientes com o 
transtorno podem fornecer histórias de fobia social ou incorrer em fobia social durante o curso da doença. 
Tratamento 
 Psicoterapia. O tratamento psicoterapêutico depende da solidificação de uma aliança com o paciente. Com o 
desenvolvimento da confiança, o terapeuta pode transmitir uma atitude de aceitação dos temores do paciente, 
especialmente o medo de rejeição. O terapeuta, por fim, encoraja-o a sair para o mundo e assumir o que parecem ser 
 
riscos enormes de humilhação, rejeição e fracasso. Contudo, o profissional deve ser cauteloso ao estabelecer tarefas para 
exercitar novas habilidades sociais fora da terapia; o fracasso pode reforçar uma autoestima já fraca. A terapia de 
grupo pode ajudar o paciente a compreender como sua sensibilidade a rejeição o afeta e atinge os outros. 
 Farmacoterapia. Usa-se farmacoterapia para o manejo de ansiedade e depressão quando são associadas ao 
transtorno. Alguns pacientes se beneficiam de antagonistas de receptores β-adrenérgicos, como atenolol, para o 
manejo de hiperatividade do sistema nervoso autônomo, propensa a ser elevada em indivíduos com transtorno da 
personalidade evitativa, em especial quando lidam com situações que lhes inspiram temor. Agentes serotonérgicos 
podem ajudar com a sensibilidade a rejeição. Em teoria, fármacos dopaminérgicos podem gerar comportamento de 
busca por novidades; entretanto, o indivíduo deve estar psicologicamente preparado para os possíveis resultados de 
novas experiências. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE 
 Pessoas com transtorno da personalidade dependente subordinam suas próprias necessidades às necessidades 
de outros, fazem outra pessoas assumir responsabilidade por áreas importantes de suas vidas, não têm autoconfiança 
e podem experimentar desconforto intenso ao ficar sozinhas por mais do que breves períodos.O transtorno já foi 
denominado personalidade passivo-dependente. Freud descreveu uma dimensão oral de personalidade dependente 
caracterizada por dependência, pessimismo, medo de sexualidade, insegurança, passividade, sugestionabilidade e 
falta de perseverança. 
Epidemiologia 
 O transtorno da personalidade dependente é mais comum em mulheres do que em homens. É mais comum em 
crianças pequenas do que nas mais velhas. Pessoas com doenças físicas crônicas na infância podem ser mais 
suscetíveis ao transtorno. 
Diagnóstico 
 Em entrevistas, o paciente parece ser complacente. Ele tenta cooperar, é receptivo a perguntas específicas e 
busca orientação. 
 
Características clínicas 
 O transtorno da personalidade dependente caracteriza-se por um padrão global de comportamento dependente 
e submisso. Pessoas com o transtorno não conseguem tomar decisões sem uma quantidade excessiva de 
 
aconselhamento e tranquilização dos outros. Elas evitam posições de responsabilidade e ficam ansiosas se precisam 
assumir um papel de liderança. Preferem ser submissas. Quando deixadas sozinhas, encontram dificuldades de 
perseverar em tarefas, mas podem achar fácil executá-las para outra pessoa. 
 Visto que não gostam de ficar sozinhos, indivíduos com esse transtorno buscam outras pessoas de quem 
possam depender; seus relacionamentos, portanto, são distorcidos por sua necessidade de estar apegados à outra pessoa. 
 Pessimismo, insegurança, passividade, temor de expressar sentimentos sexuais e agressivos tipificam o 
comportamento de indivíduos com transtorno da personalidade dependente. Um cônjuge abusivo, infiel ou alcoolista 
pode ser tolerado durante longos períodos de tempo para evitar a perturbação da sensação de apego. 
Diagnóstico diferencial 
 Os traços de dependência são encontrados em vários transtornos psiquiátricos, de forma que o diagnóstico 
diferencial é difícil. Dependência é um fator proeminente em pacientes com transtornos das personalidades histriônica 
e borderline, mas indivíduos com transtorno da personalidade dependente costumam ter um relacionamento duradouro 
com outra pessoa, em vez de uma série de pessoas de quem dependam, e não são propensos a ser abertamente 
manipuladores. Pacientes com transtornos das personalidades esquizoide e esquizotípica podem ser indistinguíveis 
daqueles com transtorno da personalidade evitativa. O comportamento dependente também pode ocorrer em pessoas 
com agorafobia, mas estas tendem a apresentar um nível elevado de ansiedade manifesta ou até mesmo pânico. 
Curso e prognóstico 
 Pouco se sabe sobre o curso do transtorno da personalidade dependente. O funcionamento ocupacional tende 
a ser comprometido porque os indivíduos com o transtorno não conseguem agir de modo independente e sem 
supervisão. Relacionamentos sociais são limitados às pessoas de quem dependem, e muitos sofrem abuso físico ou 
mental porque não conseguem se impor. Eles correm risco de desenvolver transtorno depressivo se perderem a pessoa 
de quem dependem, mas, com tratamento, o prognóstico é favorável. 
Tratamento 
 Psicoterapia. O tratamento do transtorno da personalidade dependente costuma ser bem-sucedido. Terapias 
voltadas para o insight possibilitam ao paciente compreender os antecedentes de seu comportamento e, com o apoio de 
um terapeuta, ele pode se tornar mais independente, assertivo e autossuficiente. 
 Pode surgir uma armadilha durante o tratamento quando o terapeuta encoraja um paciente a mudar a dinâmica 
de um relacionamento patológico (p. ex., apoia uma esposa que sofre abuso físico a denunciar a situação à polícia). 
Nesse momento, o paciente pode ficar ansioso e incapaz de cooperar na terapia; ele pode se sentir dividido entre 
concordar com o terapeuta e perder uma relação externa patológica. O terapeuta deve mostrar grande respeito pelos 
sentimentos de apego desses pacientes, não importa o quanto esses sentimentos possam parecer patológicos. 
 Farmacoterapia. Tem-se usado farmacoterapia para lidar com sintomas específicos, como ansiedade e 
depressão, que são características comumente associadas a esse transtorno. Pacientes que experimentam ataques de 
pânico ou que têm níveis elevados de ansiedade de separação podem ser beneficiados do uso de imipramina. 
Benzodiazepínicos e agentes serotonérgicos também foram úteis. Caso a depressão de um paciente ou os sintomas de 
abstinência reajam a psicoestimulantes, eles podem ser usados. 
 
 
 
 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVA 
 O transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é caracterizado por constrição emocional, organização, 
perseverança, teimosia e indecisão. A característica essencial do transtorno é um padrão global de perfeccionismo e 
inflexibilidade. 
Epidemiologia 
 O DSM-5 relata uma prevalência estimada de 2 a 8%. O transtorno é mais comum em homens do que em 
mulheres e é diagnosticado com maior frequência em irmãos mais velhos. Também é mais observado em parentes 
biológicos em primeiro grau. Pacientes costumam ter antecedentes caracterizados por disciplina rígida. 
Diagnóstico 
 Em entrevistas, pacientes com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem ter uma atitude 
formal, rígida, distante. Seu afeto não é embotado nem plano, mas pode ser descrito como constrito. Não demonstram 
espontaneidade, e seu humor costuma ser sério. Esses pacientes podem ficar ansiosos por não estarem no controle da 
entrevista. Suas respostas a perguntas apresentam detalhamento incomum. Os mecanismos de defesa que usam são 
racionalização, isolamento, intelectualização, formação reativa e anulação. 
 
Características clínicas 
 Pessoas com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva são obcecadas por regras, regulamentos, 
método, limpeza, organização, detalhes e desejo de alcançar a perfeição. Esses traços explicam a constrição geral 
de toda a personalidade. Elas insistem em que as regras devem ser seguidas de forma rígida e não conseguem tolerar o 
que consideram infrações. Correspondentemente, não apresentam flexibilidade e são intolerantes. São capazes de 
trabalhar durante muito tempo, contanto que seja um trabalho com rotina e que não exija mudanças às quais não 
possam se adaptar. 
 Indivíduos com esse transtorno têm habilidades interpessoais limitadas. São formais e sérios e costumam 
não ter senso de humor. Isolam pessoas, são incapazes de ceder e insistem para que os outros se submetam a suas 
necessidades. Contudo, anseiam por agradar pessoas que consideram mais poderosas que eles mesmos e executam os 
desejos dessas pessoas de forma autoritária. Como temem cometer erros, são indecisos e ruminam as tomadas de 
decisão. 
 
 
 
Diagnóstico diferencial 
 Quando obsessões ou compulsões recorrentes estão presentes, o diagnóstico de transtorno obssessivo-
compulsivo deve ser considerado. Talvez a distinção mais difícil seja entre pacientes ambulatoriais com alguns traços 
obsessivo-compulsivos e aqueles com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva. O diagnóstico de transtorno 
da personalidade é reservado para indivíduos com prejuízos significativos em seu desempenho profissional ou social. 
Em alguns casos, transtorno delirante coexiste com transtornos da personalidade e deve ser considerado. 
Curso e prognóstico 
 O curso da personalidade obsessivo-compulsiva é variável e imprevisível. De tempos em tempos, o indivíduo 
pode desenvolver obsessões ou compulsões no curso do transtorno. Alguns adolescentes se tornam adultos afetuosos, 
abertos e simpáticos; em outros, o transtorno pode ser o prenúncio tanto de esquizofrenia quanto – décadas mais tarde 
e exacerbado pelo processo de envelhecimento – de transtorno depressivo maior. 
 Indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem prosperar em cargos que exijam 
trabalho metódico, dedutivo ou detalhado, mas são vulneráveis a mudanças inesperadas, e sua vida pessoal pode 
permanecer estéril.Transtornos depressivos, especialmente com início tardio, são comuns. 
Tratamento 
 Psicoterapia. Diferentemente de pacientes com outros transtornos da personalidade, indivíduos com transtorno 
da personalidade obsessivo-compulsiva costumam estar cientes de seu sofrimento e buscam tratamento sozinhos. O 
tratamento, no entanto, costuma ser prolongado e complexo, e problemas de contratransferência são frequentes. 
 Terapia de grupo e terapia comportamental eventualmente oferecem certas vantagens. Nos dois contextos, 
é fácil interromper os pacientes no meio de suas explicações ou interações mal-adaptativas. Impedir que seu 
comportamento habitual se complete eleva sua ansiedade e os deixa suscetíveis a aprender novas estratégias de 
enfrentamento. Os pacientes também podem receber recompensas diretas para mudanças em terapia de grupo, algo 
possível com menos frequência em psicoterapias individuais. 
 Farmacoterapia. Clonazepam, um benzodiazepínico com uso anticonvulsivante, reduziu os sintomas em 
pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Desconhece-se sua utilidade para transtornos da personalidade. 
Clomipramina e agentes serotonérgicos como fluoxetina, normalmente em dosagens de 60 a 80 mg ao dia, podem 
ser úteis se sinais e sintomas obsessivo-compulsivos se manifestarem. A nefazodona pode beneficiar alguns pacientes. 
OUTRO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESPECIFICADO 
 No DSM-5, a categoria outro transtorno da personalidade especificado é reservada para transtornos que não 
se encaixam em nenhuma das categorias descritas, como personalidade passivo-agressiva e personalidade 
depressiva. Um espectro restrito de comportamento ou um traço particular – como oposicionismo, sadismo ou 
masoquismo – também pode ser incluído nessa categoria. Um paciente com características de mais de um transtorno 
da personalidade, mas sem os critérios completos de um transtorno específico, pode receber essa classificação. 
• Personalidade passivo-agressiva 
 Embora não seja mais um diagnóstico oficial, pessoas com esse tipo de personalidade não são raras. Elas se 
caracterizam por obstrucionismo velado, procrastinação, teimosia e ineficácia. Tal comportamento é uma 
manifestação de agressividade subjacente expressa passivamente. 
Epidemiologia. 
 Não há dados disponíveis sobre epidemiologia. 
 
Características clínicas. 
 Pacientes com personalidade passivo-agressiva costumam procrastinar, resistir a solicitações para 
desempenho adequado, encontram desculpas para atrasos e defeitos nas pessoas de quem dependem, mas ainda 
assim se recusam a se desvencilhar dos relacionamentos dependentes. 
 Em relacionamentos interpessoais, essas pessoas tentam manipular para assumir uma posição de 
dependência, mas outras costumam experimentar esse comportamento passivo autoprejudicial como punitivo e 
manipulativo. Pessoas com esse tipo de personalidade esperam que outros façam suas tarefas e executem suas 
responsabilidades de rotina. Amigos e clínicos podem ficar enredados ao tentar apaziguar as várias reclamações de 
tratamento injusto. Os relacionamentos íntimos de indivíduos com personalidade passivo-agressiva, no entanto, raras 
vezes são tranquilos ou felizes. Essas pessoas são destituídas de autoconfiança e em geral têm uma visão pessimista 
do futuro. 
Diagnóstico diferencial. 
 A personalidade passivo-agressiva deve ser diferenciada das personalidades histriônica e borderline. 
Pacientes passivo-agressivos, no entanto, são menos exagerados, dramáticos, afetivos e abertamente agressivos do 
que os que apresentam transtornos das personalidades histriônica e borderline. 
Curso e prognóstico. 
 Em um estudo de acompanhamento com média de 11 anos de 100 pacientes internados diagnosticados com 
transtorno passivo-agressivo, Ivor Small descobriu que o diagnóstico primário em 54 deles era de transtorno da 
personalidade passivo-agressiva; 18 também abusavam de álcool, e 30 podiam ser classificados clinicamente como 
deprimidos. Dos 73 ex-pacientes localizados, 58 (79%) tinham dificuldades psiquiátricas persistentes, e 9 (12%) 
foram considerados assintomáticos. A maioria parecia irritável, ansiosa e deprimida; havia grande quantidade de 
queixas somáticas. Apenas 32 (44%) tinham emprego em tempo integral como funcionários ou com trabalho 
doméstico. Embora negligência de responsabilidade e tentativas de suicídio fossem comuns, apenas um indivíduo 
cometeu suicídio nesse ínterim. Houve readmissão hospitalar no caso de 28 indivíduos (38%), mas apenas 3 
receberam diagnóstico de esquizofrenia. 
Tratamento. 
 Pessoas com personalidade passivo-agressiva que recebem psicoterapia de apoio apresentam bons resultados, 
mas, para essas pessoas, ela é repleta de armadilhas. Satisfazer suas demandas, com frequência, reitera a patologia, mas 
recusá-las condena-as à rejeição. Sessões de terapia, portanto, podem se tornar um campo de batalha no qual o paciente 
deseja se tornar dependente. Com esses pacientes, o clínico precisa tratar atos suicidas como uma expressão velada de 
raiva, e não como perda objetal em transtorno depressivo maior. O terapeuta deve indicar as prováveis consequências 
de comportamentos passivo-agressivos conforme eles ocorrem. Esses confrontos podem ser mais úteis do que uma 
interpretação correta para a alteração do comportamento do paciente. 
 Antidepressivos devem ser receitados apenas quando há indicações clínicas de depressão e a possibilidade 
de suicídio. Caso contrário, não é indicado medicação. 
• Personalidade depressiva 
 Pessoas com personalidade depressiva são caracterizadas por traços vitalícios que se encaixam no espectro 
depressivo. Elas são pessimistas, anedônicas, presas ao dever, inseguras e cronicamente infelizes. 
 
 
Epidemiologia. 
 Não existem, hoje, dados epidemiológicos disponíveis; contudo, o tipo de personalidade depressiva parece ser 
comum, ocorrer igualmente em homens e mulheres e em famílias nas quais se encontram transtornos depressivos. 
Etiologia. 
 A causa da personalidade depressiva é desconhecida, mas os mesmos fatores envolvidos nos transtornos 
distímico e depressivo maior podem contribuir. As teorias psicológicas envolvem perda precoce, maus cuidados dos 
pais, superegos punitivos e sentimentos extremos de culpa. Teorias biológicas envolvem o eixo hipotalâmico-
hipofisário-suprarrenal-tireoide, incluindo os sistemas de amina noradrenérgicos e serotonérgicos. 
Características clínicas. 
 O paciente com personalidade depressiva sente pouco do prazer normal de viver e tem a inclinação a ser 
solitário e solene, triste, submisso, pessimista e autodepreciativo. Ele é propenso a exprimir arrependimentos e 
sentimentos de inadequação e desesperança. Costuma ser meticuloso, perfeccionista, extremamente zeloso e 
obcecado com o trabalho e ter sentimentos agudos de responsabilidade e se desencoraja com facilidade sob novas 
condições. Ele tem medo de desaprovação. Uma tendência a hesitação, indecisão e cautela revela um sentimento 
inerente de insegurança. 
 Mais recentemente, Hagop Akiskal descreveu sete grupos de traços depressivos: (1) calado, introvertido, 
passivo e não assertivo; (2) triste, pessimista, sério e incapaz de se divertir; (3) dotado de autocrítica, autocensura 
e autodepreciação; (4) cético, crítico aos outros e difícil de agradar; (5) consciencioso, responsável e 
autodisciplinado; (6) taciturno e dado a preocupações; e (7) obcecado com eventos negativos, sentimentos de 
inadequação e falhas pessoais. 
Diagnóstico diferencial. 
 O transtorno distímico é um transtorno do humor caracterizado por maiores flutuações no humor do que ocorre 
na personalidade depressiva. O transtorno distímico é episódico, pode ocorrer a qualquer momento e normalmente 
apresenta um estressor precipitante. A personalidade depressiva pode ser conceitualizada como parte de um espectro 
de condições afetivas nas quais os transtornos distímico e depressivo maior são variantes mais

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