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Objetivos 1) Conhecer DSM-V e CID-10 como instrumentos de diagnóstico e classificação das Doenças Mentais. – Apenas estudar em casa. 2) Definir e caracterizar clinicamente os tipos de transtorno de Personalidade, identificando os traços de personalidade patológica presentes em cada transtorno. → Prováveis etiologias para os transtornos de Personalidade → Influências genéticas e neurobiológicas 3) Caracterizar o perfil epidemiológico dos transtornos de Personalidade, correlacionando a prevalência desses transtornos com o uso/abuso de drogas. 4) Descrever os tratamentos indicados para os transtornos de Personalidade, incluindo os psicoterapêuticos e os farmacológicos. 5) Identificar as Políticas Públicas e os modelos de Atenção voltados à saúde mental, descrevendo a rede de apoio à saúde psicossocial (Atenção Básica, CAPS, RAPS hospitais, INESC e Caderno de Atenção Básica nº 34). _______________________________________________________________________________________________ 1) REFERÊNCIA: Compêndio de Psiquiatria Classificação em psiquiatria O objetivo final da classificação é melhorar os esforços de tratamento e prevenção. De maneira ideal, uma classificação de transtornos é baseada no conhecimento da etiologia ou da fisiopatologia porque isso aumenta a probabilidade de alcançar esse objetivo. Porém, os neurocientistas ainda não produziram dados suficientes para criar um sistema diagnóstico com biomarcadores que possibilitem aos diagnósticos psiquiátricos terem por base mais as causas do que os sintomas. Em vez disso, o diagnóstico de transtornos mentais é embasado em observações clínicas de agrupamentos de sinais e sintomas reunidos em transtornos ou síndromes que são, então, acordados por um consenso de psiquiatras e de outros profissionais da saúde mental. Os sistemas de classificação para diagnósticos psiquiátricos têm vários propósitos: diferenciar um diagnóstico psiquiátrico de outro, de modo que os médicos possam oferecer o tratamento mais eficaz; oferecer uma linguagem comum entre os profissionais da saúde mental; e explorar as causas ainda desconhecidas de muitos transtornos mentais. As duas classificações psiquiátricas mais importantes são o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), desenvolvido pela American Psychiatric Association em colaboração com outros grupos de profissionais da saúde mental, e a Classificação internacional de doenças (CID), desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde. Todas as categorias usadas no DSM-5 são encontradas na CID-10, mas nem todas as da CID-10 estão no DSM-5. O DSM-5 é o sistema de codificação psiquiátrica oficial usado nos Estados Unidos. Características básicas Abordagem descritiva. A abordagem do DSM-5 é ateórica com relação a causas. Portanto, esse manual tenta descrever as manifestações dos transtornos mentais e apenas raramente explicar como acontecem. Critérios diagnósticos. Esses critérios incluem uma lista de requisitos que devem estar presentes para que o diagnóstico seja feito. Eles aumentam a confiabilidade do processo de diagnóstico. Descrição sistemática. O DSM-5 descreve sistematicamente cada transtorno em termos de seus aspectos associados: aspectos específicos relacionados a idade, cultura e gênero; prevalência, incidência e risco; curso; complicações; fatores predisponentes; padrão familiar; e diagnóstico diferencial. Achados laboratoriais e sinais e sintomas de exame físico associado são descritos quando relevantes. O DSM-5 é um manual diagnóstico, não um tratado. Ele não faz menção a teorias de causas, manejo ou tratamento ou a questões controversas. CID-10 significa "Classificação Internacional de Doenças", e o número 10 indica a versão, ou seja, já foram realizadas 10 atualizações e revisões desse código; DSM-5 é uma sigla inglesa, Diagnostic and Statistical Manual, que significa Manual de Diagnóstico e Estatística e o número 5 da sigla é usado para indicar que já foram feitas cinco revisões. Esses dois critérios diagnósticos servem para ajudar o profissional de saúde a classificar os problemas relacionados ao uso de substância em questão. A CID-10 é o critério adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele abrange todas as doenças, incluindo os transtornos mentais, e foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O DSM-5 abrange apenas os transtornos mentais e tem sido mais utilizado em ambientes de pesquisa, porque possui itens mais detalhados, em forma de tópicos. Foi elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria. CID 10: Tabela online com todas as doenças e situações 2) Transtorno de Personalidade - traços de personalidade patológica presentes em cada transtorno. → Prováveis etiologias para os transtornos de Personalidade → Influências genéticas e neurobiológicas REFERÊNCIA: Compêndio de Psiquiatria/MedCurso/SanarFlix Transtornos de Personalidade – Compêndio e MedCurso O termo personalidade pode ser definido como um conjunto de traços emocionais e comportamentais que caracterizam o indivíduo em sua vida cotidiana. Os pacientes com transtorno de personalidade apresentam padrões profundamente estranhos, inflexíveis, mal-ajeitados de relacionamento, percepção do ambiente e de si mesmos. São pacientes difíceis de aceitar auxílio psiquiátrico e tendem a negar seus problemas. Esses transtornos aparecem, geralmente, no final da infância ou adolescência e continuam a se manifestar na idade adulta. Entretanto, evitamos o uso desse diagnóstico antes dos 16 anos, idade em que a personalidade não se encontra completamente formada. Transtornos da personalidade são comuns e crônicos. Eles ocorrem em 10 a 20% da população em geral, e sua duração é expressa em décadas. Aproximadamente 50% de todos os pacientes psiquiátricos apresentam um transtorno da personalidade, com frequência comórbido com outras síndromes clínicas. O transtorno da personalidade também é um fator predisponente para outros transtornos psiquiátricos (p. ex., uso de substância, suicídio, transtornos afetivos, do controle de impulsos, alimentares e de ansiedade), interferindo nos resultados de tratamento de várias síndromes clínicas e aumentando a incapacitação pessoal, a morbidade e a mortalidade desses pacientes. Os subtipos de transtorno da personalidade classificados no DSM-5 são esquizotípico, esquizoide, e paranoide (Grupo A); narcisista, borderline, antissocial e histriônico (Grupo B); e obsessivo-compulsivo, dependente e evitativo (Grupo C). Os três grupos baseiam-se em semelhanças descritivas. O Grupo A inclui três transtornos da personalidade com características estranhas ou de afastamento (paranoide, esquizoide e esquizotípica). O Grupo B inclui quatro transtornos com características dramáticas, impulsivas ou erráticas (borderline, antissocial, narcisista e histriônica). O Grupo C inclui três transtornos que compartilham características de ansiedade e medo (evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva). Indivíduos frequentemente exibem traços que não se limitam a um único transtorno da personalidade. Quando um paciente satisfaz os critérios para mais de um, o clínico deve diagnosticar cada um deles. Etiologia Fatores genéticos. Os transtornos da personalidade do Grupo A são mais comuns em parentes biológicos de pacientes com esquizofrenia do que em grupos-controle. Há mais parentes com transtorno da personalidade esquizotípica em histórias familiares de pessoas com esquizofrenia do que em grupos-controle. Há uma correlação menor entre esquizofrenia e transtorno de personalidade paranoide ou esquizoide. Os transtornos da personalidade do Grupo B aparentemente têm uma base genética. O da personalidade antissocial está relacionado a transtornos por uso de álcool. Depressão é comum nos antecedentes familiares de indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Esses indivíduos têm mais parentescom transtorno do humor do que os grupos-controle, e pessoas com transtorno da personalidade borderline também costumam apresentar um transtorno do humor. Encontra-se uma forte associação entre o transtorno da personalidade histriônica e o de sintomas somáticos (síndrome de Briquet); pacientes com cada um desses transtornos demonstram uma sobreposição de sintomas. Transtornos da personalidade do Grupo C também podem ter uma base genética. Pacientes com transtorno da personalidade evitativa costumam apresentar níveis elevados de ansiedade. Traços obsessivo-compulsivos são mais comuns em gêmeos monozigóticos do que em dizigóticos, e pacientes com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva mostram alguns sinais associados à depressão – por exemplo, período de latência reduzido do movimento rápido dos olhos (REM) e resultados anormais nos testes de supressão com dexametasona (TSD). Fatores biológicos. Hormônios. Indivíduos que exibem traços impulsivos frequentemente também apresentam níveis elevados de testosterona, 17-estradiol e estrona. Em primatas não humanos, andrógenos aumentam a probabilidade de agressividade e de comportamento sexual, mas a função da testosterona na agressividade humana não está bem estabelecida. Resultados do TSD são anormais em alguns pacientes com transtorno da personalidade borderline que também apresentam sintomas depressivos. Monoaminoxidase plaquetária. Baixos níveis plaquetários de monoaminoxidase (MAO) foram associados com atividade e sociabilidade em macacos. Estudantes universitários com baixos níveis plaquetários de MAO relatam passar mais tempo em atividades sociais do que aqueles com níveis plaquetários elevados de MAO. Identificaram-se também baixos níveis plaquetários de MAO em alguns pacientes com transtornos esquizotípicos. Movimentos oculares de seguimento suave. Movimentos oculares de seguimento suave são sacádicos (i.e., irregulares) em pessoas introvertidas, que têm baixa autoestima e tendência ao retraimento e que apresentam transtorno da personalidade esquizotípica. Esses achados não têm aplicação clínica, mas indicam o papel da hereditariedade. Neurotransmissores. Endorfinas apresentam efeitos semelhantes aos da morfina exógena, como analgesia e a supressão de excitação. Níveis elevados de endorfinas endógenas podem estar associados a indivíduos apáticos. Estudos de traços de personalidade e sistemas dopaminérgicos e serotonérgicos indicam uma função de ativação da excitação para esses neurotransmissores. Níveis de ácido 5-hidróxi-indolacético (5-HIAA), um metabólito de serotonina, são baixos em indivíduos que tentam suicídio e naqueles que são impulsivos e agressivos. Níveis crescentes de serotonina com agentes serotonérgicos como fluoxetina podem produzir alterações drásticas em alguns traços de personalidade referentes ao caráter. Em muitas pessoas, a serotonina diminui depressão, impulsividade e ruminação e pode produzir uma sensação geral de bem-estar. Aumento das concentrações de dopamina no sistema nervoso central produzido por determinados psicoestimulantes (p. ex., anfetaminas) pode induzir euforia. Eletrofisiologia. Mudanças na condução elétrica no eletrencefalograma (EEG) ocorrem em alguns pacientes com transtornos da personalidade, com maior frequência dos tipos antissocial e borderline; essas mudanças aparecem como atividade de ondas lentas em EEGs. Fatores psicanalíticos Mecanismos de defesa. Para ajudar indivíduos com transtornos da personalidade, o psiquiatra deve compreender as defesas subjacentes do paciente, os processos mentais inconscientes que o ego usa para resolver conflitos entre os quatro princípios-guia da vida interior: instinto (desejo ou necessidade), realidade, pessoas importantes e consciência. Em sua eficácia máxima, especialmente entre indivíduos com transtornos da personalidade, as defesas podem abolir a ansiedade e a depressão no nível consciente. Assim, abandonar uma defesa aumenta a consciência de ansiedade e depressão – um dos maiores motivos pelos quais indivíduos com transtornos da personalidade relutam em alterar seu comportamento. FANTASIA. Muitas pessoas classificadas como esquizoides – pessoas excêntricas, solitárias ou assustadas – buscam conforto e satisfação dentro de si mesmas criando vidas imaginárias, especialmente amigos imaginários. DISSOCIAÇÃO. Dissociação, ou negação, é uma substituição de afetos desagradáveis por agradáveis. Pessoas que fazem uso de dissociação com frequência são vistas como dramáticas e emocionalmente superficiais; elas podem ser caracterizadas como tendo uma personalidade histriônica. Com frequência, a melhor forma para o terapeuta lidar com dissociação e negação é usar deslocamento. Desse modo, o clínico pode conversar com o paciente sobre uma questão de negação em uma circunstância não ameaçadora. Demonstrar empatia com o afeto negado sem confrontar o paciente diretamente com os fatos pode lhe permitir trazer por si mesmo os tópicos originais à tona. ISOLAMENTO. Isolamento é característico de pessoas controladas e metódicas que costumam ser caracterizadas como tendo personalidade obsessivo-compulsiva. Diferentemente dos indivíduos com personalidade histriônica, as pessoas obsessivo-compulsivas lembram-se da verdade em detalhes, mas sem afeto. Em uma crise, o paciente pode demonstrar maior autocontrole, comportamento social excessivamente formal e teimosia. Suas tentativas de assumir o controle podem irritar o clínico ou deixá-lo ansioso. Com frequência, esses pacientes reagem bem a explicações precisas, sistemáticas e racionais e valorizam eficiência, limpeza e pontualidade tanto quanto valorizam a agilidade de resposta do clínico. PROJEÇÃO. Na projeção, o paciente atribui seus próprios sentimentos inconfessos a outros. A excessiva censura e a sensibilidade a críticas do paciente podem soar, para o terapeuta, como uma preconceituosa e hiperviligante cobrança de injustiças, mas essa atitude não deve ser enfrentada de modo defensivo, nem ser discutida. A técnica de contraprojeção é particularmente útil. O clínico reconhece e dá razão total aos sentimentos e às percepções dos pacientes paranoides; ele não argumenta contra as queixas dos pacientes nem as reforça, mas concorda que o mundo descrito por eles é concebível. O entrevistador pode falar sobre os reais motivos e sentimentos, atribuídos por engano a outra pessoa, e começar a sedimentar uma aliança com o paciente. CISÃO. Na cisão, as pessoas que são alvo de sentimentos ambivalentes do paciente são divididas em boas e más. Por exemplo, em um contexto de internação, um paciente pode idealizar alguns membros da equipe e desmerecer outros. AGRESSIVIDADE PASSIVA. Pessoas com defesa passivo-agressiva voltam sua raiva contra si mesmas. Em termos psicanalíticos, esse fenômeno é denominado masoquismo e inclui fracasso, procrastinação, comportamento tolo ou provocativo, ridicularização autodegradante e atos de autodestruição manifestos. ATUAÇÃO. Durante a atuação, os pacientes expressam diretamente desejos inconscientes ou conflitos por meio de ações para evitar tanto a consciência da ideia quanto do afeto que os acompanham. Ataques de raiva, agressões aparentemente sem motivo, abuso infantil e promiscuidade sem prazer são exemplos comuns. Ao deparar-se com a atuação, seja ela de natureza agressiva ou sexual, o clínico, durante a entrevista, deve reconhecer que o paciente perdeu o controle, que tudo o que o entrevistador disser provavelmente será mal interpretado e que atrair a atenção do paciente é fundamental. IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA. O mecanismo de defesa de identificação projetiva surge principalmente no transtorno da personalidade borderline e consiste em três passos. Primeiro, um aspecto do self é projetado sobre outra pessoa. O indivíduo que o projetou tenta, então, coagir a outra pessoa a se identificar com o que foi projetado. Porfim, é criado um sentimento de unidade ou união entre a pessoa que foi o alvo da projeção e a pessoa que a realizou. Transtornos de Personalidade – SanarFlix Justamente por estar relacionado com a personalidade do indivíduo não é um transtorno que possui períodos de crise ou remissão, mas costuma ser estável e presente em diversas situações da vida da pessoa, além disso, pelo mesmo motivo, só é possível diagnosticar tais transtornos quando a pessoa já formou sua personalidade, o que costuma se firmar a partir dos 18 anos, permitindo o diagnóstico na adolescência e início da idade adulta. O transtorno de personalidade é fator predisponente para transtornos psiquiátricos como abuso de substâncias, suicídio, transtornos alimentares, de ansiedade, afetivos, do controle do impulso, etc. o que interfere nos resultados dos tratamentos e aumenta a morbimortalidade destes pacientes. Vale ressaltar que ao falar de TP não estamos nos referindo a traços de personalidade, mas sim comportamentos rígidos e mal-adaptativos que trazem prejuízo funcional ou sofrimento para o paciente. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANOIDE – Compêndio O indivíduo com transtorno da personalidade paranoide caracteriza-se por suspeita e desconfiança arraigadas em relação a pessoas em geral. Ele recusa a responsabilidade por seus próprios sentimentos e a atribui a outros. Costuma ser hostil, irritável e irascível. Intolerantes, colecionadores de injustiças, cônjuges patologicamente ciumentos e mal-humorados, litigiosos com frequência têm transtorno da personalidade paranoide. Epidemiologia Dados sugerem que a prevalência do transtorno da personalidade paranoide seja de 2 a 4% da população em geral. Indivíduos com o transtorno raramente buscam terapia por si mesmos; ao serem encaminhados para tratamento por um cônjuge ou empregador, conseguem se recompor e demonstrar falta de sofrimento. Parentes de pacientes com esquizofrenia demonstram uma incidência mais elevada de transtorno da personalidade paranoide do que participantes de grupos-controle. O transtorno é diagnosticado com maior frequência em homens do que em mulheres, em amostras clínicas. A prevalência entre indivíduos homossexuais não é mais elevada que o normal, como se pensava, mas acredita-se que seja mais elevada entre grupos de minorias, imigrantes e surdos do que na população em geral. Diagnóstico Durante o exame psiquiátrico, pacientes com transtorno da personalidade paranoide podem apresentar modos formais e agir perplexos por terem que buscar ajuda psiquiátrica. Tensão muscular, incapacidade de relaxar e necessidade de vasculhar o ambiente por pistas podem ser sinais evidentes, e seus modos são com frequência sérios e sem humor. Embora algumas bases de seus argumentos possam ser falsas, sua fala é dirigida a objetivos e lógica. Características clínicas Os atributos inconfundíveis do transtorno da personalidade paranoide são suspeita e desconfiança excessivas em relação a outras pessoas expressas como uma tendência global de interpretar os atos dos outros como deliberadamente aviltantes, malévolos, ameaçadores, exploradores ou enganadores. Essa tendência começa no início da vida adulta e surge em diversos contextos. Quase de modo invariável, indivíduos com o transtorno esperam ser explorados ou lesados pelos outros de alguma forma. Eles com frequência questionam, sem qualquer justificativa, a lealdade ou integridade de caráter de amigos ou sócios. Essas pessoas costumam ser patologicamente ciumentas e, sem algum motivo, questionam a fidelidade de seus cônjuges ou parceiros sexuais. Pessoas com transtorno da personalidade paranoide têm afeto restrito e parecem frias, sem emoção. Orgulham-se de sua racionalidade e objetividade, mas isso não corresponde à realidade. Demonstram ausência de afeição e impressionam-se e prestam bastante atenção a poder e nível hierárquico. Expressam desdém em relação a indivíduos que percebam como fracos, doentios, debilitados ou deficientes de alguma forma. Em situações sociais, essas pessoas podem transmitir uma ideia de profissionalismo e eficiência, mas costumam gerar medo e conflito em outras pessoas. Diagnóstico diferencial O transtorno da personalidade paranoide normalmente pode ser diferenciado do transtorno delirante devido à ausência de delírios fixos. Diferentemente de indivíduos com esquizofrenia paranoide, pessoas com transtornos da personalidade não têm alucinações nem um transtorno manifesto do pensamento. O transtorno da personalidade paranoide pode ser distinguido do transtorno da personalidade borderline porque pacientes paranoides raramente são capazes de desenvolver um envolvimento excessivo ou relacionamentos tumultuosos com outras pessoas. Pacientes com paranoia não têm a longa história de comportamento antissocial das pessoas com caráter antissocial. Indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide são retraídos e indiferentes e não apresentam ideação paranoide. Curso e prognóstico Não foram conduzidos estudos adequados, sistemáticos e de longo prazo sobre o transtorno da personalidade paranoide. Em alguns, o transtorno é vitalício; em outros, um prenúncio de esquizofrenia. E, ainda em outros, traços paranoides cedem espaço para formação reativa, preocupação adequada com moralidade e preocupações altruísticas quando amadurecem ou quando há redução do estresse. De modo geral, contudo, indivíduos afetados têm problemas vitalícios de trabalho e convivência com outras pessoas. Problemas profissionais e conjugais são comuns. Tratamento Psicoterapia. A psicoterapia é o tratamento recomendado para indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. Terapeutas devem tratar esses pacientes sempre de forma direta. Caso um terapeuta seja acusado de incoerência ou de alguma falha, como estar atrasado para uma consulta, sinceridade e desculpas são preferíveis a uma explicação defensiva. O terapeuta deve se lembrar de que confiança e tolerância a intimidade são áreas problemáticas para pessoas com esse transtorno. Portanto, psicoterapia individual exige um estilo profissional e não muito afetuoso do terapeuta. O uso zeloso demais de interpretação por parte do clínico – especialmente interpretação sobre sentimentos profundos de dependência, preocupações sexuais e desejos de intimidade – aumenta de forma significativa a desconfiança do paciente. Indivíduos paranoides não se saem bem em psicoterapia de grupo, embora ela possa ser útil para melhorar habilidades sociais e reduzir suspeitas por meio de psicodrama. Por vezes, pacientes com transtorno da personalidade paranoide se comportam de forma tão ameaçadora que o terapeuta precisa controlar seus atos ou impor limites. Acusações delirantes devem ser abordadas de forma realista, mas delicada, e sem humilhar os pacientes. O indivíduo paranoide fica profundamente assustado quando sente que as pessoas que tentam ajudá-lo são fracas e desamparadas; portanto, o terapeuta nunca deve se oferecer para assumir o controle a menos que esteja disposto e seja capaz de fazê-lo. Farmacoterapia. A farmacoterapia é útil para lidar com agitação e ansiedade. Na maioria dos casos, um agente ansiolítico como diazepam é o suficiente. Pode ser necessário, no entanto, usar um antipsicótico como haloperidol em pequenas doses e durante períodos curtos de tempo para o manejo de agitação grave ou pensamento quase delirante. O fármaco antipsicótico pimozida reduziu a ideação paranoide com sucesso em alguns pacientes. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOIDE O transtorno da personalidade esquizoide é caracterizado por um padrão vitalício de retraimento social. Indivíduos com esse transtorno costumam ser vistos pelos outros como excêntricos, isolados ou solitários. Seu desconforto com a interação humana, sua introversão e seu afeto frio e constrito são destaques. Epidemiologia Pode afetar 5% dapopulação em geral. A proporção de gênero do transtorno é desconhecida; alguns estudos apontam uma proporção de homens para mulheres de 2:1. Indivíduos afetados tendem a se direcionar para trabalhos solitários que envolvam pouco ou nenhum contato com os outros. Muitos preferem trabalhar à noite, ao invés de turnos diurnos, para que não precisem lidar com muitas pessoas. Diagnóstico Em um exame psiquiátrico inicial, o paciente com transtorno da personalidade esquizoide pode parecer pouco à vontade. Ele raramente tolera contato visual, e o entrevistador pode supor que esse tipo de paciente esteja ansioso para que a entrevista termine. Seu afeto pode ser constrito, distante ou inadequadamente sério, mas, por trás da indiferença, o clínico sensível pode identificar medo. Sua fala é dirigida a objetivos, mas são propensos a fornecer respostas curtas às perguntas e evitar conversas espontâneas. Algumas vezes, podem usar figuras de linguagem incomuns, como uma metáfora estranha, e podem ficar fascinados por objetos inanimados ou construtos metafísicos. Seu conteúdo mental pode revelar um senso injustificado de intimidade com pessoas que não conhecem bem ou que passaram um longo tempo sem encontrar. Seu sensório é intacto, a memória funciona bem, e suas interpretações de provérbios são abstratas. Características clínicas Pessoas com transtorno da personalidade esquizoide parecem frias e indiferentes; exibem um retraimento distante e demonstram falta de envolvimento com eventos diários e com as preocupações de terceiros. Parecem caladas, distantes, isoladas e insociáveis. Podem viver suas vidas com extraordinariamente pouca necessidade ou vontade de formar laços afetivos e são as últimas a perceber mudanças na moda popular. As histórias de vida dessas pessoas refletem interesses solitários e sucesso em empregos solitários e não competitivos que outras pessoas acham difíceis de tolerar. Sua vida sexual pode existir apenas na fantasia, e podem adiar indefinidamente o amadurecimento da sexualidade. Homens podem não se casar porque são incapazes de atingir intimidade; mulheres podem concordar de forma passiva a se casar com um homem agressivo que deseje o casamento. Indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide costumam revelar uma incapacidade vitalícia de expressar diretamente a raiva. Eles podem investir quantidades enormes de energia afetiva a interesses não humanos, como matemática e astronomia, e podem ser muito ligados a animais. Embora pareçam pensar apenas em si mesmas e estar perdidas em devaneios, pessoas com transtorno da personalidade esquizoide apresentam capacidade normal de reconhecer a realidade. Uma vez que atos agressivos raras vezes são incluídos em seu repertório de reações habituais, elas lidam com a maioria das ameaças, reais ou imaginadas, por meio de fantasias de onipotência ou resignação. Diagnóstico diferencial O transtorno da personalidade esquizoide pode ser distinguido de esquizofrenia, transtorno delirante e transtorno afetivo com características psicóticas com base em períodos com sintomas psicóticos positivos, como delírios e alucinações, nestes últimos. Embora indivíduos com transtorno da personalidade paranoide compartilhem diversos traços com os da personalidade esquizoide, os primeiros exibem maior envolvimento social, uma história de comportamento verbal agressivo e uma maior tendência a projetar seus sentimentos nos outros. Mesmo que também apresentem o mesmo grau de constrição emocional, indivíduos com transtornos das personalidades obsessivo- compulsiva e evitativa experimentam a solidão como disfórica, têm uma história mais rica de relações objetais anteriores e não se entregam com a mesma frequência a devaneios autistas. Teoricamente, a principal distinção entre um paciente com transtorno da personalidade esquizotípica e um com transtorno da personalidade esquizoide é que o primeiro se assemelha mais a um paciente com esquizofrenia no que se refere a estranhezas de percepção, pensamento, comportamento e comunicação. Aqueles com transtorno da personalidade evitativa são isolados, mas têm um forte desejo de participar de atividades, uma característica ausente em indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide. Distingue-se, ainda, do transtorno autista e da síndrome de Asperger por apresentar interações sociais prejudicadas e comportamentos e interesses estereotipados com ainda mais gravidade do que nesses dois transtornos. Curso e prognóstico O início do transtorno da personalidade esquizoide em geral ocorre no começo da infância ou na adolescência. Assim como todos os transtornos da personalidade, este tem longa duração, mas não é necessariamente vitalício. A proporção da incidência de esquizofrenia nesses pacientes é desconhecida. Tratamento Psicoterapia. O tratamento de pacientes com transtorno da personalidade esquizoide é semelhante àquele para indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. Pessoas esquizoides têm tendência a introspecção; contudo, essas tendências são consistentes com as expectativas do psicoterapeuta, e esses pacientes podem se tornar devotados, ainda que distantes. Com o desenvolvimento de confiança, o paciente esquizoide pode, com bastante apreensão, revelar uma abundância de fantasias, amigos imaginários e temores de dependência insuportáveis – até mesmo de se fundir ao terapeuta. No contexto de terapia grupal, pacientes com transtorno da personalidade esquizoide podem ficar calados durante longos períodos; ainda assim, ficam envolvidos. Esses pacientes devem ser protegidos contra ataques agressivos de outros membros do grupo devido a sua inclinação a permanecerem quietos. Farmacoterapia. A farmacoterapia com pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes beneficia alguns pacientes. Agentes serotonérgicos podem deixar o paciente menos sensível a rejeição. Benzodiazepínicos podem ajudar a diminuir a ansiedade interpessoal. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA Pessoas com transtorno da personalidade esquizotípica exibem características estranhas ou excêntricas impressionantes, mesmo para leigos. Pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões e desrealização são parte do mundo cotidiano de uma pessoa com o transtorno. Epidemiologia O transtorno da personalidade esquizotípica ocorre em cerca de 3% da população. A proporção entre gêneros é desconhecida; no entanto, ele é diagnosticado com frequência em mulheres com síndrome do X frágil. Ligeiramente mais comum no sexo masculino. Existe uma maior associação de casos entre parentes biológicos de pacientes com esquizofrenia do que entre controles e uma incidência maior entre gêmeos monozigóticos do que entre dizigóticos. Etiologia Estudos de adoção, de família e de gêmeos demonstram um aumento de prevalência de características esquizotípicas nas famílias de indivíduos com esquizofrenia, especialmente quando as características esquizotípicas não foram associadas a sintomas afetivos comórbidos. Diagnóstico Diagnostica-se transtorno da personalidade esquizotípica com base nas peculiaridades de pensamento, comportamento e aparência do paciente. Obter a história pode ser uma tarefa difícil devido a sua forma incomum de comunicação. Características clínicas Indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica exibem perturbação de pensamento e comunicação. Embora não haja transtorno do pensamento totalmente manifesto, sua fala pode ser distinta ou peculiar, pode fazer sentido apenas para eles mesmos e com frequência necessita de interpretação. Assim como ocorre com os afetados por esquizofrenia, o indivíduo com transtorno da personalidade esquizotípica pode desconhecer seus próprios sentimentos e ainda assim ter extrema sensibilidade e consciência a respeito dos sentimentos dos outros, sobretudo os negativos, comode raiva. Esses indivíduos podem ser supersticiosos ou alegar poderes de clarividência e acreditar ser dotados de poderes especiais de pensamento e insight. Seu mundo interior pode estar cheio de relacionamentos imaginários vívidos e temores e fantasias infantis. Eles podem admitir ilusões da percepção ou macropsia e confessar que outras pessoas parecem ser feitas de madeira e todas iguais. Visto terem poucos relacionamentos interpessoais e poderem agir de forma inadequada, indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica são isolados e têm poucos ou nenhum amigo. O paciente pode exibir características de transtorno da personalidade borderline, e, de fato, ambos os diagnósticos podem ser estabelecidos. Sob estresse, pacientes com transtorno da personalidade esquizotípica podem sofrer descompensação e apresentar sintomas psicóticos, mas que costumam ser breves. Aqueles com casos graves do transtorno podem apresentar anedonia e depressão grave. Diagnóstico diferencial Teoricamente, pessoas com transtorno da personalidade esquizotípica podem ser diferenciadas daquelas com transtornos de personalidades esquizoide e evitativa devido à presença de excentricidades em seu comportamento e pensamento, sua percepção e comunicação e, talvez, por uma história familiar evidente de esquizofrenia. Pacientes com o transtorno da personalidade esquizotípica podem ser distinguidos daqueles com esquizofrenia em razão da ausência de psicose. Caso surjam sintomas psicóticos, eles são breves e fragmentados. Alguns pacientes satisfazem os critérios para ambos os transtornos da personalidade, esquizotípica e borderline. Os que apresentam transtorno da personalidade paranoide se caracterizam por suspeita, mas não exibem o comportamento estranho daqueles com o subtipo esquizotípico. Curso e prognóstico De acordo com o pensamento clínico atual, a personalidade pré-mórbida do paciente com esquizofrenia é a esquizotípica. Alguns, no entanto, mantêm uma personalidade esquizotípica durante toda a vida e se casam e trabalham, apesar de suas excentricidades. Um estudo de longo prazo realizado por Thomas McGlashan relatou que 10% dos indivíduos com transtorno da personalidade esquizotípica acabaram cometendo suicídio. Tratamento Psicoterapia. Os princípios de tratamento do transtorno da personalidade esquizotípica não diferem dos usados no tratamento do transtorno da personalidade esquizoide, mas o clínico deve lidar com o primeiro com maior sensibilidade. Esses pacientes apresentam padrões de pensamento peculiares, e alguns estão envolvidos em cultos, estranhas práticas religiosas e o ocultismo. O terapeuta não deve ridicularizar essas peculiaridades nem criticar essas crenças ou atividades. Farmacoterapia. Medicamentos antipsicóticos podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com psicoterapia. Antidepressivos são válidos quando houver um componente depressivo da personalidade. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL O transtorno da personalidade antissocial é uma incapacidade de se adequar às regras sociais que normalmente governam diversos aspectos do comportamento adolescente e adulto de um indivíduo. Embora se caracterize por atos contínuos de natureza antissocial ou criminosa, o transtorno não é sinônimo de criminalidade. Epidemiologia Os índices de prevalência de 12 meses do transtorno da personalidade antissocial encontram-se entre 0,2 e 3% de acordo com o DSM-5. Ele é mais comum em áreas urbanas pobres e entre residentes eventuais dessas áreas. A prevalência mais elevada é encontrada entre as amostras mais graves de homens com transtorno por uso de álcool (acima de 70%) e na população carcerária, na qual pode chegar a 75%. É muito mais comum em homens do que em mulheres. Meninas normalmente apresentam sintomas antes da puberdade, e meninos, ainda mais cedo. Um padrão familiar está presente; o transtorno é cinco vezes mais comum entre parentes em primeiro grau de homens com o transtorno do que entre participantes do grupo-controle. Diagnóstico Pacientes com transtorno da personalidade antissocial podem enganar até o clínico mais experiente. Durante a entrevista, podem parecer calmos e confiáveis, mas, sob o verniz (ou, para usar a expressão de Hervey Cleckley, a máscara de sanidade), escondem-se tensão, hostilidade, irritabilidade e fúria. Uma entrevista de estresse, na qual o paciente seja confrontado vigorosamente com incoerências em sua história, pode ser necessária para revelar a patologia. Uma bateria de exames diagnósticos deve incluir testes neurológicos. Uma vez que os pacientes costumam demonstrar resultados de EEG anormais e leves sinais neurológicos que sugerem dano cerebral mínimo na infância, esses achados podem ser usados para confirmar a impressão clínica. Características clínicas Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial frequentemente podem parecer normais e até mesmo simpáticos e lisonjeiro. Suas histórias, no entanto, revelam perturbação do funcionamento ou várias áreas da vida. Mentiras, vadiagem, fuga de casa, roubos, brigas, abuso de substância e atividades ilegais são experiências típicas, tendo inicio já na infância. Eles costumam impressionar clínicos do sexo oposto com os aspectos sedutores e pitorescos de sua personalidade, mas clínicos do mesmo sexo podem vê-los como manipuladores e exigentes. Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial não exibem ansiedade nem depressão, uma ausência que pode parecer amplamente incongruente com suas situações, embora ameaças de suicídio e preocupações somáticas possam ser comuns. Pessoas com esse transtorno são autênticas representantes dos vigaristas. Elas são extremamente manipuladoras e com frequência podem convencer os outros a participar de esquemas para obter dinheiro fácil ou para alcançar fama ou notoriedade. Esses esquemas podem, no fim, levar o incauto a ruína financeira ou constrangimento social, ou a ambos. Indivíduos com esse transtorno não falam a verdade, e não se pode confiar neles para executar qualquer tipo de tarefa ou aderir a qualquer padrão convencional de moralidade. Promiscuidade, abuso conjugal, abuso infantil e condução de veículos em estado de embriaguez são eventos comuns em suas vidas. Um achado de destaque é a ausência de remorso por tais atos; ou seja, eles parecem não ter uma consciência. Diagnóstico diferencial Transtorno da personalidade antissocial pode ser distinguido de comportamento ilegal no sentido de que o transtorno envolve diversas áreas da vida do indivíduo. Quando o comportamento ilegal visa apenas a ganhos e não está acompanhado pelos traços de personalidade rígidos, mal-adaptativos e persistentes de um transtorno da personalidade, ele é classificado pelo DSM-5 como comportamento criminoso não associado a um transtorno da personalidade. A diferenciação mais difícil de ser estabelecida é entre transtorno da personalidade antissocial e abuso de substância. Quando ambos se iniciam na infância e continuam na vida adulta, os dois transtornos devem ser diagnosticados. Quando, no entanto, o comportamento antissocial é evidentemente secundário a abuso pré-mórbido de álcool ou de outra substância, o diagnóstico de transtorno da personalidade antissocial não se justifica. Ao diagnosticar transtorno da personalidade antissocial, o clínico deve compensar a distorção causada pelo nível socioeconômico, antecedentes culturais e sexo. Ademais, esse diagnóstico não se justifica quando deficiência intelectual, esquizofrenia ou mania podem explicar os sintomas. Curso e prognóstico Quando um transtorno da personalidade antissocial se desenvolve, segue um curso ininterrupto, sendo que o auge do comportamento antissocial normalmente ocorre no fim da adolescência. O prognóstico varia. Há relatos que indicam a redução dossintomas com a idade. Muitos pacientes apresentam transtorno de sintomas somáticos e diversas queixas físicas. Transtornos depressivos, transtornos por uso de álcool e abuso de outra substância são comuns. Tratamento Psicoterapia. Caso sejam confinados (p. ex., internados em um hospital), pacientes com transtorno da personalidade antissocial frequentemente se tornam receptivos a psicoterapia. Quando o indivíduo sente que está entre pares, sua falta de motivação para mudança desaparece. Talvez, por esse motivo, grupos de mútua ajuda são mais úteis do que o cárcere para atenuar o transtorno. Antes que o tratamento possa ter início, é fundamental estabelecer limites firmes. O terapeuta deve encontrar formas de lidar com o comportamento autodestrutivo do paciente. Farmacoterapia. A farmacoterapia é usada para lidar com sintomas incapacitantes como ansiedade, raiva e depressão, mas, como os pacientes com frequência abusam de substâncias, os fármacos devem ser usados de forma criteriosa. Caso um paciente mostre evidências de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, psicoestimulantes como metilfenidato podem ser úteis. Foram realizadas tentativas de alterar o metabolismo de catecolamina com fármacos e de controlar o comportamento impulsivo com antiepilépticos, como carbamazepina ou valproato, por exemplo, especialmente quando foram identificadas formas de onda anormais no EEG. Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos foram usados para reduzir agressividade. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE Indivíduos com transtorno da personalidade borderline encontram-se no limiar entre neurose e psicose e têm por característica afeto, humor, comportamento, relações objetais e autoimagem extraordinariamente instáveis. O transtorno também foi chamado de esquizofrenia ambulatorial, personalidade “como se” (expressão cunhada por Helene Deutsch), esquizofrenia pseudoneurótica (descrita por Paul Hoch e Phillip Politan) e transtorno de caráter psicótico (descrito por John Frosch). A 10ª revisão da Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) usa a denominação de transtorno de personalidade emocionalmente instável. Epidemiologia Não há estudos definitivos sobre prevalência, mas acredita-se que o transtorno da personalidade borderline esteja presente em 1 a 2% da população e seja duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. Um aumento de prevalência do transtorno depressivo maior, de transtornos por uso de álcool e de abuso de substância é encontrado em parentes em primeiro grau de indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Diagnóstico De acordo como DSM-5, o diagnóstico de transtorno da personalidade borderline pode ser estabelecido no início da idade adulta quando o paciente exibe pelo menos cinco dos critérios listados na tabela. Estudos biológicos podem auxiliar o diagnóstico; alguns pacientes com transtorno da personalidade borderline mostram redução da latência REM e perturbações na continuidade do sono, resultados anormais no TSD e no teste de hormônio liberador de tireotrofina. Essas alterações, no entanto, também são observadas em algumas pessoas com transtornos depressivos. Características clínicas Indivíduos com transtorno da personalidade borderline quase sempre parecem estar em crise. Mudanças de humor são comuns. A pessoa pode estar inclinada a discussões em um momento, deprimida no momento seguinte e, mais tarde, se queixar de não ter sentimentos. Pode apresentar episódios psicóticos de curta duração (denominados episódios micropsicóticos) em vez de crises psicóticas totalmente manifestas, e seus sintomas psicóticos quase sempre são limitados, fugazes ou questionáveis. O comportamento do paciente com transtorno da personalidade borderline é de extrema imprevisibilidade, e é raro suas realizações estarem no mesmo nível de suas capacidades. A natureza dolorosa de sua vida reflete-se em atos autodestrutivos repetidos. Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as pessoas com esse transtorno têm relacionamentos interpessoais tumultuosos. Elas podem ser dependentes das pessoas com quem têm intimidade e, quando se frustram, expressar uma grande raiva dirigida aos amigos mais íntimos. Essas pessoas não conseguem tolerar a ideia de ficar sozinhas e preferem uma busca frenética por companhia, sem importar o quanto ela lhe seja insatisfatória. Para mitigar a solidão, mesmo que por breves períodos, aceitam um estranho como amigo ou se comportam de forma promíscua. Costumam se queixar de sentimentos crônicos de vazio e tédio e da falta de um senso de identidade coerente (difusão de identidade); quando pressionadas, frequentemente reclamam de como se sentem sempre deprimidas, apesar do turbilhão de outros afetos. Otto Kernberg descreveu o mecanismo de defesa de identificação projetiva que ocorre em pacientes com transtorno da personalidade borderline. Nesse mecanismo de defesa primitivo, aspectos intoleráveis do self são projetados no outro; a outra pessoa é induzida a desempenhar o papel projetado, e as duas pessoas agem em uníssono. O terapeuta deve estar ciente desse processo a fim de poder agir de forma neutra com esse tipo de paciente. A maioria dos terapeutas concorda que esses pacientes demonstram capacidades de raciocínio normais em testes estruturados. Do ponto de vista funcional, pacientes com transtorno da personalidade borderline distorcem seus relacionamentos caracterizando cada pessoa como totalmente boa ou totalmente má. Eles enxergam as pessoas ou como figuras de ligação afetuosas, ou como figuras sádicas odiosas que os privam de suas necessidades de segurança e ameaçam abandoná-los sempre que se sentem dependentes. Como resultado dessa cisão, a pessoa boa é idealizada, e a pessoa má, desvalorizada. Diagnóstico diferencial O transtorno diferencia-se de esquizofrenia com base no fato de o paciente com personalidade borderline não apresentar episódios psicóticos prolongados, transtorno do pensamento e outros sinais clássicos de esquizofrenia. Pacientes com transtorno da personalidade esquizotípica exibem peculiaridades acentuadas de pensamento, ideação estranha e ideias de referência recorrentes. Aqueles com transtorno da personalidade paranoide caracterizam-se por suspeita extrema. Pacientes com transtorno da personalidade borderline em geral apresentam sentimentos crônicos de vazio e episódios psicóticos de curta duração; eles agem impulsivamente e buscam relacionamentos extraordinários; podem se mutilar e fazer tentativas de suicídio manipulativas. Curso e prognóstico O transtorno da personalidade borderline é razoavelmente estável; o paciente sofre pouca mudança ao longo do tempo. Estudos longitudinais mostram que não há progressão para esquizofrenia, mas os pacientes têm uma incidência elevada de episódios de transtorno depressivo maior. O diagnóstico costuma ser estabelecido antes dos 40 anos, quando as pessoas tentam fazer escolhas profissionais, conjugais, entre outras, e são incapazes de lidar com os estágios normais do ciclo da vida. Tratamento Psicoterapia. A psicoterapia para pacientes com transtorno da personalidade borderline é uma área intensamente pesquisada e se tornou o tratamento recomendado. Para a obtenção de melhores resultados, acrescentou- se farmacoterapia ao regime de tratamento. A psicoterapia é difícil tanto para o paciente quanto para o terapeuta. O paciente regride com facilidade, age por impulso e demonstra transferências positivas ou negativas lábeis ou fixas, as quais são difíceis de analisar. O mecanismo de defesa de cisão faz o paciente amar ou odiar o terapeuta de forma alternada, assim como as outras pessoas em seu ambiente. Terapeutas usaram terapia comportamental para controlar os impulsos e as explosões de raiva dos pacientes e para reduzir sua sensibilidade a críticas e rejeição.O treinamento de habilidades sociais, sobretudo com reprodução de gravações em vídeo, permite ao paciente ver como suas ações afetam outras pessoas e, assim, melhorar seu comportamento interpessoal. TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA. Uma forma específica de psicoterapia, denominada terapia comportamental dialética (TCD), foi usada em pacientes com transtorno da personalidade borderline, especialmente nos casos de comportamento parassuicida, como cortes frequentes. TRATAMENTO BASEADO NA MENTALIZAÇÃO. Outro tipo de psicoterapia para transtorno da personalidade borderline é chamado de terapia baseada na mentalização (TBM). O TBM se baseia em uma teoria de que os sintomas da personalidade borderline, como dificuldade de regular emoções e de lidar com impulsividade, são resultado das capacidades reduzidas de mentalização do paciente. Portanto, acredita-se que a recuperação da mentalização o ajude a construir habilidades de relacionamento ao aprender a regular melhor seus pensamentos e sentimentos. PSICOTERAPIA FOCADA NA TRANSFERÊNCIA. A psicoterapia focada na transferência (PFT) é uma forma modificada de psicoterapia psicodinâmica usada para o tratamento do transtorno da personalidade borderline com base na teoria de relações objetais de Otto Kernberg. O terapeuta vale-se de dois processos principais ao trabalhar com o paciente: o primeiro é clarificação, na qual a transferência é analisada de forma mais direta do que na psicoterapia tradicional, de modo que o paciente se torne rapidamente consciente de suas distorções com relação ao terapeuta. O segundo é a confrontação, na qual o terapeuta indica como essas distorções de transferência interferem nas relações interpessoais com outros (objetos). O mecanismo de cisão usado pelo paciente borderline caracteriza-se pela existência de um objeto bom e um objeto mau e é utilizado como defesa contra a ansiedade. Caso a terapia tenha sucesso, a necessidade de cisão se reduz, as relações objetais melhoram, e um nível de funcionamento mais normal é alcançado. Farmacoterapia. A farmacoterapia é útil para lidar com características específicas da personalidade que interferem no funcionamento geral do paciente. Usaram-se antipsicóticos para controlar raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves. Antidepressivos melhoram o humor deprimido comum em indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Inibidores da MAO (IMAOs) modularam com sucesso o comportamento impulsivo em alguns pacientes. Benzodiazepínicos, especialmente alprazolam, ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns pacientes exibem desinibição com essa classe de fármacos. Anticonvulsivantes, como carbamazepina, podem melhorar o funcionamento global de algumas pessoas. Agentes serotonérgicos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis em alguns casos. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA Pessoas com transtorno da personalidade histriônica são excitáveis e emotivas e comportam-se de forma dramática, florida e extrovertida. Contudo, junto com esses aspectos mais vistosos, costuma existir uma incapacidade de manter ligações profundas e duradouras. Epidemiologia Dados limitados de estudos com a população em geral sugerem uma prevalência do transtorno da personalidade histriônica de cerca de 1 a 3%. Índices em torno de 10 a 15% foram relatados em instalações de saúde ambulatoriais e de internação. O transtorno é diagnosticado com maior frequência em mulheres do que em homens. Alguns estudos revelaram uma associação com transtorno de sintomas somáticos e transtornos por uso de álcool. Diagnóstico Em entrevistas, pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam ser cooperativos e ávidos por fornecer uma história detalhada. Gesticulações e exclamações dramáticas em seu discurso são comuns; eles cometem deslizes frequentes, e sua linguagem é pitoresca. Exibição afetiva é comum, mas, quando pressionados a reconhecer determinados sentimentos (p. ex., raiva, tristeza e desejos sexuais), podem reagir com surpresa, indignação ou negação. Os resultados do exame cognitivo costumam ser normais, embora uma falta de perseverança possa ser evidenciada em tarefas aritméticas ou de concentração, e o esquecimento do paciente de material com carga afetiva pode ser impressionante. Características clínicas Pessoas com transtorno da personalidade histriônica exibem um grau elevado de comportamento de busca por atenção. Elas tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos e fazem tudo soar mais importante do que realmente é. Exibem ataques de raiva, choro e acusações quando não são o centro das atenções ou não estão recebendo elogios ou aprovação. O comportamento sedutor é comum nos dois sexos. Fantasias sexuais envolvendo pessoas com as quais o paciente esteja envolvido são comuns, mas ele demonstra incoerência ao verbalizar essas fantasias e pode se comportar de forma tímida ou flertar em vez de ser sexualmente agressivo. Na realidade, pacientes histriônicos podem apresentar uma disfunção psicossexual; mulheres podem ser anorgásmicas, e homens podem ser impotentes. As principais defesas de pacientes com transtorno da personalidade histriônica são repressão e dissociação. Em conformidade com essa característica, esses indivíduos não estão cientes de seus verdadeiros sentimentos e não conseguem explicar suas motivações. Sob estresse, o teste de realidade fica facilmente prejudicado. Diagnóstico diferencial A distinção entre transtorno da personalidade histriônica e transtorno da personalidade borderline é difícil, mas, neste último, tentativas de suicídio, difusão de identidade e episódios psicóticos breves são mais prováveis. Embora ambas as condições possam ser diagnosticadas no mesmo paciente, o clínico deve separá-las. O transtorno de sintomas somáticos (síndrome de Briquet) pode ocorrer em conjunto com o da personalidade histriônica. Pacientes com transtornos psicótico breve e dissociativos podem justificar um diagnóstico coexistente de transtorno da personalidade histriônica. Curso e prognóstico Com a idade, pessoas com transtorno da personalidade histriônica mostram menos sintomas, mas, como não têm a energia de anos anteriores, a diferença na quantidade de sintomas pode ser mais aparente do que real. Indivíduos com esse transtorno buscam sensações e podem ter problemas legais, fazer abuso de substâncias e agir de forma promíscua. Tratamento Psicoterapia. Pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam não estar cientes de seus próprios sentimentos reais; a clarificação de seus sentimentos interiores é um processo terapêutico importante. Psicoterapia e orientação psicanalítica, em grupo ou individual, provavelmente seja o tratamento mais indicado para essas pessoas. Farmacoterapia. A farmacoterapia pode funcionar como tratamento adjunto quando direcionada aos sintomas (p. ex., uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas, agentes ansiolíticos para ansiedade, e antipsicóticos para desrealização e ilusões). TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA Pessoas com transtorno da personalidade narcisista são caracterizadas por um senso aguçado de autoimportância, ausência de empatia e sentimentos grandiosos de serem únicas. Contudo, por trás dessas características, existe uma autoestima frágil e vulnerável às menores críticas. Epidemiologia Conforme o DSM-5, estimativas de prevalência desse transtorno variam de menos de 1 a 6% em amostras da comunidade. Podem transmitir uma ideia irrealista de onipotência, grandiosidade, beleza e talento a seus filhos e, assim, os filhos, de pais com essas características podem apresentar um risco acima do normal de desenvolver, eles próprios, o transtorno. Diagnóstico Características clínicas Pessoas com transtorno da personalidade narcisista têm um sentimento de autoimportância grandioso;consideram-se especiais e esperam tratamento especial. Seu sentimento de merecimento é impressionante. Elas lidam mal com críticas e podem ficar com raiva quando alguém ousa criticá-las, ou podem parecer completamente indiferentes a críticas. Querem que as coisas sejam do seu jeito e com frequência têm ambição de obter fama e fortuna. Seus relacionamentos são pouco importantes, e podem deixar os outros furiosos por sua recusa em obedecer às regras convencionais de comportamento. Não conseguem demonstrar empatia e fingem simpatia apenas para atingir seus próprios objetivos egoístas. Devido a sua frágil autoestima, são suscetíveis a depressão. Dificuldades interpessoais, problemas profissionais, rejeição e perda estão entre os estresses que os narcisistas normalmente produzem com seu comportamento – estresses com os quais são as pessoas menos capazes de lidar. Diagnóstico diferencial Os transtornos das personalidades borderline, histriônica e antissocial frequentemente acompanham o transtorno da personalidade narcisista, de modo que um diagnóstico diferencial é difícil. Pacientes narcisistas têm menos ansiedade do que aqueles com transtorno da personalidade borderline e são menos propensos a uma vida caótica e a tentativas de suicídio. Pacientes com transtorno da personalidade antissocial têm uma história de comportamento impulsivo muitas vezes associado a álcool ou a outra substância de abuso, o que gera problemas legais. Aqueles com transtorno da personalidade histriônica demonstram características de exibicionismo e manipulação interpessoal que se assemelham àquelas dos pacientes com transtorno da personalidade narcisista. Curso e prognóstico O transtorno da personalidade narcisista é crônico e difícil de tratar. Indivíduos com o transtorno devem lidar constantemente com golpes em seu narcisismo resultantes de seu próprio comportamento ou de sua experiência de vida. Eles lidam mal com o processo de envelhecimento, já que valorizam beleza, força e atributos da juventude, à qual se apegam de forma inadequada. Podem ser mais vulneráveis, portanto, a crises de meia-idade do que outros grupos. Tratamento Psicoterapia. Visto que os pacientes precisam renunciar a seu narcisismo para progredir, o tratamento do transtorno da personalidade narcisista é difícil. Psiquiatras como Kernberg e Heinz Kohut defendem o uso de abordagens psicanalíticas para efetuar mudanças, mas são necessárias pesquisas para validar o diagnóstico e determinar o melhor tratamento. Alguns clínicos defendem terapia de grupo para que seus pacientes aprendam a compartilhar e, sob circunstâncias ideais, possam desenvolver uma reação empática com os outros. Farmacoterapia. Usou-se lítio em pacientes cujo quadro clínico incluía mudanças de humor. Uma vez que os pacientes com transtorno da personalidade narcisista têm baixa tolerância a rejeição e são suscetíveis a depressão, antidepressivos, especialmente fármacos serotonérgicos, também podem ser úteis. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA Indivíduos com transtorno da personalidade evitativa exibem sensibilidade extrema a rejeição e podem levar vidas socialmente retraídas. Embora sejam tímidos, não são associais e demonstram um grande desejo por companhia, mas precisam de garantias muito fortes de aceitação não crítica. Essas pessoas em geral são descritas com um complexo de inferioridade. Epidemiologia Sugere-se que a prevalência do transtorno seja de aproximadamente 2 a 3% da população em geral, de acordo com o DSM-5. Crianças pequenas que foram classificadas com um temperamento tímido podem ser mais suscetíveis ao transtorno do que as que recebem uma pontuação elevada em escalas de abordagem de atividades. Diagnóstico Em entrevistas clínicas, a característica mais evidente do paciente é a ansiedade acerca de falar com um entrevistador. Seu comportamento tenso e nervoso parece se expandir e se retrair conforme a percepção de ser apreciado ou não pelo entrevistador. Parece vulnerável aos comentários e às sugestões do entrevistador e pode encarar uma clarificação ou interpretação como crítica. Características clínicas A hipersensibilidade à rejeição por outros é a característica clínica fundamental do transtorno da personalidade evitativa, e o traço principal da personalidade é a timidez. Essas pessoas desejam o afeto e a segurança da companhia humana, mas justificam sua esquiva a relacionamentos por meio de seu suposto medo de rejeição. Ao conversar com alguém, elas expressam incerteza, demonstram falta de autoconfiança e podem falar de modo discreto. Têm inclinação a interpretar mal os comentários dos outros como depreciativos ou ridicularizadores. A recusa de qualquer pedido as leva ao retraimento e se sentirem magoados. Na esfera profissional, pacientes com transtorno da personalidade evitativa costumam assumir empregos que recebem pouca atenção. Eles raramente alcançam muito avanço pessoal ou exercem muita autoridade, mas parecem tímidos e ansiosos por agradar. Por consequência, costumam não ter amigos íntimos nem confidentes. Diagnóstico diferencial Pacientes com transtorno da personalidade evitativa desejam interação social, ao contrário daqueles com transtorno da personalidade esquizoide, que desejam ficar sozinhos. Os evitativos não são tão exigentes, irritáveis ou imprevisíveis como indivíduos com personalidades borderline e histriônica. O transtorno da personalidade evitativa e o da personalidade dependente são semelhantes. Supõe-se que aqueles com o da personalidade dependente apresentem um temor maior de serem abandonados ou não amados do que aqueles com cuja personalidade é evitativa, mas o quadro clínico pode ser indistinguível. Curso e prognóstico Muitas pessoas com transtorno da personalidade evitativa são capazes de funcionar em um ambiente protegido. Algumas se casam, têm filhos e vivem suas vidas rodeadas apenas por membros da família. Caso seu sistema de apoio falhe, no entanto, ficam sujeitas a depressão, ansiedade e raiva. Esquivas fóbicas são comuns, e pacientes com o transtorno podem fornecer histórias de fobia social ou incorrer em fobia social durante o curso da doença. Tratamento Psicoterapia. O tratamento psicoterapêutico depende da solidificação de uma aliança com o paciente. Com o desenvolvimento da confiança, o terapeuta pode transmitir uma atitude de aceitação dos temores do paciente, especialmente o medo de rejeição. O terapeuta, por fim, encoraja-o a sair para o mundo e assumir o que parecem ser riscos enormes de humilhação, rejeição e fracasso. Contudo, o profissional deve ser cauteloso ao estabelecer tarefas para exercitar novas habilidades sociais fora da terapia; o fracasso pode reforçar uma autoestima já fraca. A terapia de grupo pode ajudar o paciente a compreender como sua sensibilidade a rejeição o afeta e atinge os outros. Farmacoterapia. Usa-se farmacoterapia para o manejo de ansiedade e depressão quando são associadas ao transtorno. Alguns pacientes se beneficiam de antagonistas de receptores β-adrenérgicos, como atenolol, para o manejo de hiperatividade do sistema nervoso autônomo, propensa a ser elevada em indivíduos com transtorno da personalidade evitativa, em especial quando lidam com situações que lhes inspiram temor. Agentes serotonérgicos podem ajudar com a sensibilidade a rejeição. Em teoria, fármacos dopaminérgicos podem gerar comportamento de busca por novidades; entretanto, o indivíduo deve estar psicologicamente preparado para os possíveis resultados de novas experiências. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE Pessoas com transtorno da personalidade dependente subordinam suas próprias necessidades às necessidades de outros, fazem outra pessoas assumir responsabilidade por áreas importantes de suas vidas, não têm autoconfiança e podem experimentar desconforto intenso ao ficar sozinhas por mais do que breves períodos.O transtorno já foi denominado personalidade passivo-dependente. Freud descreveu uma dimensão oral de personalidade dependente caracterizada por dependência, pessimismo, medo de sexualidade, insegurança, passividade, sugestionabilidade e falta de perseverança. Epidemiologia O transtorno da personalidade dependente é mais comum em mulheres do que em homens. É mais comum em crianças pequenas do que nas mais velhas. Pessoas com doenças físicas crônicas na infância podem ser mais suscetíveis ao transtorno. Diagnóstico Em entrevistas, o paciente parece ser complacente. Ele tenta cooperar, é receptivo a perguntas específicas e busca orientação. Características clínicas O transtorno da personalidade dependente caracteriza-se por um padrão global de comportamento dependente e submisso. Pessoas com o transtorno não conseguem tomar decisões sem uma quantidade excessiva de aconselhamento e tranquilização dos outros. Elas evitam posições de responsabilidade e ficam ansiosas se precisam assumir um papel de liderança. Preferem ser submissas. Quando deixadas sozinhas, encontram dificuldades de perseverar em tarefas, mas podem achar fácil executá-las para outra pessoa. Visto que não gostam de ficar sozinhos, indivíduos com esse transtorno buscam outras pessoas de quem possam depender; seus relacionamentos, portanto, são distorcidos por sua necessidade de estar apegados à outra pessoa. Pessimismo, insegurança, passividade, temor de expressar sentimentos sexuais e agressivos tipificam o comportamento de indivíduos com transtorno da personalidade dependente. Um cônjuge abusivo, infiel ou alcoolista pode ser tolerado durante longos períodos de tempo para evitar a perturbação da sensação de apego. Diagnóstico diferencial Os traços de dependência são encontrados em vários transtornos psiquiátricos, de forma que o diagnóstico diferencial é difícil. Dependência é um fator proeminente em pacientes com transtornos das personalidades histriônica e borderline, mas indivíduos com transtorno da personalidade dependente costumam ter um relacionamento duradouro com outra pessoa, em vez de uma série de pessoas de quem dependam, e não são propensos a ser abertamente manipuladores. Pacientes com transtornos das personalidades esquizoide e esquizotípica podem ser indistinguíveis daqueles com transtorno da personalidade evitativa. O comportamento dependente também pode ocorrer em pessoas com agorafobia, mas estas tendem a apresentar um nível elevado de ansiedade manifesta ou até mesmo pânico. Curso e prognóstico Pouco se sabe sobre o curso do transtorno da personalidade dependente. O funcionamento ocupacional tende a ser comprometido porque os indivíduos com o transtorno não conseguem agir de modo independente e sem supervisão. Relacionamentos sociais são limitados às pessoas de quem dependem, e muitos sofrem abuso físico ou mental porque não conseguem se impor. Eles correm risco de desenvolver transtorno depressivo se perderem a pessoa de quem dependem, mas, com tratamento, o prognóstico é favorável. Tratamento Psicoterapia. O tratamento do transtorno da personalidade dependente costuma ser bem-sucedido. Terapias voltadas para o insight possibilitam ao paciente compreender os antecedentes de seu comportamento e, com o apoio de um terapeuta, ele pode se tornar mais independente, assertivo e autossuficiente. Pode surgir uma armadilha durante o tratamento quando o terapeuta encoraja um paciente a mudar a dinâmica de um relacionamento patológico (p. ex., apoia uma esposa que sofre abuso físico a denunciar a situação à polícia). Nesse momento, o paciente pode ficar ansioso e incapaz de cooperar na terapia; ele pode se sentir dividido entre concordar com o terapeuta e perder uma relação externa patológica. O terapeuta deve mostrar grande respeito pelos sentimentos de apego desses pacientes, não importa o quanto esses sentimentos possam parecer patológicos. Farmacoterapia. Tem-se usado farmacoterapia para lidar com sintomas específicos, como ansiedade e depressão, que são características comumente associadas a esse transtorno. Pacientes que experimentam ataques de pânico ou que têm níveis elevados de ansiedade de separação podem ser beneficiados do uso de imipramina. Benzodiazepínicos e agentes serotonérgicos também foram úteis. Caso a depressão de um paciente ou os sintomas de abstinência reajam a psicoestimulantes, eles podem ser usados. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVA O transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é caracterizado por constrição emocional, organização, perseverança, teimosia e indecisão. A característica essencial do transtorno é um padrão global de perfeccionismo e inflexibilidade. Epidemiologia O DSM-5 relata uma prevalência estimada de 2 a 8%. O transtorno é mais comum em homens do que em mulheres e é diagnosticado com maior frequência em irmãos mais velhos. Também é mais observado em parentes biológicos em primeiro grau. Pacientes costumam ter antecedentes caracterizados por disciplina rígida. Diagnóstico Em entrevistas, pacientes com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem ter uma atitude formal, rígida, distante. Seu afeto não é embotado nem plano, mas pode ser descrito como constrito. Não demonstram espontaneidade, e seu humor costuma ser sério. Esses pacientes podem ficar ansiosos por não estarem no controle da entrevista. Suas respostas a perguntas apresentam detalhamento incomum. Os mecanismos de defesa que usam são racionalização, isolamento, intelectualização, formação reativa e anulação. Características clínicas Pessoas com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva são obcecadas por regras, regulamentos, método, limpeza, organização, detalhes e desejo de alcançar a perfeição. Esses traços explicam a constrição geral de toda a personalidade. Elas insistem em que as regras devem ser seguidas de forma rígida e não conseguem tolerar o que consideram infrações. Correspondentemente, não apresentam flexibilidade e são intolerantes. São capazes de trabalhar durante muito tempo, contanto que seja um trabalho com rotina e que não exija mudanças às quais não possam se adaptar. Indivíduos com esse transtorno têm habilidades interpessoais limitadas. São formais e sérios e costumam não ter senso de humor. Isolam pessoas, são incapazes de ceder e insistem para que os outros se submetam a suas necessidades. Contudo, anseiam por agradar pessoas que consideram mais poderosas que eles mesmos e executam os desejos dessas pessoas de forma autoritária. Como temem cometer erros, são indecisos e ruminam as tomadas de decisão. Diagnóstico diferencial Quando obsessões ou compulsões recorrentes estão presentes, o diagnóstico de transtorno obssessivo- compulsivo deve ser considerado. Talvez a distinção mais difícil seja entre pacientes ambulatoriais com alguns traços obsessivo-compulsivos e aqueles com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva. O diagnóstico de transtorno da personalidade é reservado para indivíduos com prejuízos significativos em seu desempenho profissional ou social. Em alguns casos, transtorno delirante coexiste com transtornos da personalidade e deve ser considerado. Curso e prognóstico O curso da personalidade obsessivo-compulsiva é variável e imprevisível. De tempos em tempos, o indivíduo pode desenvolver obsessões ou compulsões no curso do transtorno. Alguns adolescentes se tornam adultos afetuosos, abertos e simpáticos; em outros, o transtorno pode ser o prenúncio tanto de esquizofrenia quanto – décadas mais tarde e exacerbado pelo processo de envelhecimento – de transtorno depressivo maior. Indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem prosperar em cargos que exijam trabalho metódico, dedutivo ou detalhado, mas são vulneráveis a mudanças inesperadas, e sua vida pessoal pode permanecer estéril.Transtornos depressivos, especialmente com início tardio, são comuns. Tratamento Psicoterapia. Diferentemente de pacientes com outros transtornos da personalidade, indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva costumam estar cientes de seu sofrimento e buscam tratamento sozinhos. O tratamento, no entanto, costuma ser prolongado e complexo, e problemas de contratransferência são frequentes. Terapia de grupo e terapia comportamental eventualmente oferecem certas vantagens. Nos dois contextos, é fácil interromper os pacientes no meio de suas explicações ou interações mal-adaptativas. Impedir que seu comportamento habitual se complete eleva sua ansiedade e os deixa suscetíveis a aprender novas estratégias de enfrentamento. Os pacientes também podem receber recompensas diretas para mudanças em terapia de grupo, algo possível com menos frequência em psicoterapias individuais. Farmacoterapia. Clonazepam, um benzodiazepínico com uso anticonvulsivante, reduziu os sintomas em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Desconhece-se sua utilidade para transtornos da personalidade. Clomipramina e agentes serotonérgicos como fluoxetina, normalmente em dosagens de 60 a 80 mg ao dia, podem ser úteis se sinais e sintomas obsessivo-compulsivos se manifestarem. A nefazodona pode beneficiar alguns pacientes. OUTRO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESPECIFICADO No DSM-5, a categoria outro transtorno da personalidade especificado é reservada para transtornos que não se encaixam em nenhuma das categorias descritas, como personalidade passivo-agressiva e personalidade depressiva. Um espectro restrito de comportamento ou um traço particular – como oposicionismo, sadismo ou masoquismo – também pode ser incluído nessa categoria. Um paciente com características de mais de um transtorno da personalidade, mas sem os critérios completos de um transtorno específico, pode receber essa classificação. • Personalidade passivo-agressiva Embora não seja mais um diagnóstico oficial, pessoas com esse tipo de personalidade não são raras. Elas se caracterizam por obstrucionismo velado, procrastinação, teimosia e ineficácia. Tal comportamento é uma manifestação de agressividade subjacente expressa passivamente. Epidemiologia. Não há dados disponíveis sobre epidemiologia. Características clínicas. Pacientes com personalidade passivo-agressiva costumam procrastinar, resistir a solicitações para desempenho adequado, encontram desculpas para atrasos e defeitos nas pessoas de quem dependem, mas ainda assim se recusam a se desvencilhar dos relacionamentos dependentes. Em relacionamentos interpessoais, essas pessoas tentam manipular para assumir uma posição de dependência, mas outras costumam experimentar esse comportamento passivo autoprejudicial como punitivo e manipulativo. Pessoas com esse tipo de personalidade esperam que outros façam suas tarefas e executem suas responsabilidades de rotina. Amigos e clínicos podem ficar enredados ao tentar apaziguar as várias reclamações de tratamento injusto. Os relacionamentos íntimos de indivíduos com personalidade passivo-agressiva, no entanto, raras vezes são tranquilos ou felizes. Essas pessoas são destituídas de autoconfiança e em geral têm uma visão pessimista do futuro. Diagnóstico diferencial. A personalidade passivo-agressiva deve ser diferenciada das personalidades histriônica e borderline. Pacientes passivo-agressivos, no entanto, são menos exagerados, dramáticos, afetivos e abertamente agressivos do que os que apresentam transtornos das personalidades histriônica e borderline. Curso e prognóstico. Em um estudo de acompanhamento com média de 11 anos de 100 pacientes internados diagnosticados com transtorno passivo-agressivo, Ivor Small descobriu que o diagnóstico primário em 54 deles era de transtorno da personalidade passivo-agressiva; 18 também abusavam de álcool, e 30 podiam ser classificados clinicamente como deprimidos. Dos 73 ex-pacientes localizados, 58 (79%) tinham dificuldades psiquiátricas persistentes, e 9 (12%) foram considerados assintomáticos. A maioria parecia irritável, ansiosa e deprimida; havia grande quantidade de queixas somáticas. Apenas 32 (44%) tinham emprego em tempo integral como funcionários ou com trabalho doméstico. Embora negligência de responsabilidade e tentativas de suicídio fossem comuns, apenas um indivíduo cometeu suicídio nesse ínterim. Houve readmissão hospitalar no caso de 28 indivíduos (38%), mas apenas 3 receberam diagnóstico de esquizofrenia. Tratamento. Pessoas com personalidade passivo-agressiva que recebem psicoterapia de apoio apresentam bons resultados, mas, para essas pessoas, ela é repleta de armadilhas. Satisfazer suas demandas, com frequência, reitera a patologia, mas recusá-las condena-as à rejeição. Sessões de terapia, portanto, podem se tornar um campo de batalha no qual o paciente deseja se tornar dependente. Com esses pacientes, o clínico precisa tratar atos suicidas como uma expressão velada de raiva, e não como perda objetal em transtorno depressivo maior. O terapeuta deve indicar as prováveis consequências de comportamentos passivo-agressivos conforme eles ocorrem. Esses confrontos podem ser mais úteis do que uma interpretação correta para a alteração do comportamento do paciente. Antidepressivos devem ser receitados apenas quando há indicações clínicas de depressão e a possibilidade de suicídio. Caso contrário, não é indicado medicação. • Personalidade depressiva Pessoas com personalidade depressiva são caracterizadas por traços vitalícios que se encaixam no espectro depressivo. Elas são pessimistas, anedônicas, presas ao dever, inseguras e cronicamente infelizes. Epidemiologia. Não existem, hoje, dados epidemiológicos disponíveis; contudo, o tipo de personalidade depressiva parece ser comum, ocorrer igualmente em homens e mulheres e em famílias nas quais se encontram transtornos depressivos. Etiologia. A causa da personalidade depressiva é desconhecida, mas os mesmos fatores envolvidos nos transtornos distímico e depressivo maior podem contribuir. As teorias psicológicas envolvem perda precoce, maus cuidados dos pais, superegos punitivos e sentimentos extremos de culpa. Teorias biológicas envolvem o eixo hipotalâmico- hipofisário-suprarrenal-tireoide, incluindo os sistemas de amina noradrenérgicos e serotonérgicos. Características clínicas. O paciente com personalidade depressiva sente pouco do prazer normal de viver e tem a inclinação a ser solitário e solene, triste, submisso, pessimista e autodepreciativo. Ele é propenso a exprimir arrependimentos e sentimentos de inadequação e desesperança. Costuma ser meticuloso, perfeccionista, extremamente zeloso e obcecado com o trabalho e ter sentimentos agudos de responsabilidade e se desencoraja com facilidade sob novas condições. Ele tem medo de desaprovação. Uma tendência a hesitação, indecisão e cautela revela um sentimento inerente de insegurança. Mais recentemente, Hagop Akiskal descreveu sete grupos de traços depressivos: (1) calado, introvertido, passivo e não assertivo; (2) triste, pessimista, sério e incapaz de se divertir; (3) dotado de autocrítica, autocensura e autodepreciação; (4) cético, crítico aos outros e difícil de agradar; (5) consciencioso, responsável e autodisciplinado; (6) taciturno e dado a preocupações; e (7) obcecado com eventos negativos, sentimentos de inadequação e falhas pessoais. Diagnóstico diferencial. O transtorno distímico é um transtorno do humor caracterizado por maiores flutuações no humor do que ocorre na personalidade depressiva. O transtorno distímico é episódico, pode ocorrer a qualquer momento e normalmente apresenta um estressor precipitante. A personalidade depressiva pode ser conceitualizada como parte de um espectro de condições afetivas nas quais os transtornos distímico e depressivo maior são variantes mais
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