Buscar

Intoxicação exógena

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ana Freitas 
 
 Ana Freitas 
 
A introdução de agroquímicos na agricultura brasileira está relacionada a 
tentativa de combater vetores e parasitas que afetavam a plantação e produção. 
Na década de 70 criou-se a necessidade de regulamentação dos agrotóxicos no 
país, visto que seu uso se tornou incontrolável. No atual sistema agrícola é 
comum, para manter a competitividade e a alta produtividade, a desestruturação 
ecológica do meio ambiente, agravada pela remoção de plantas competitivas, 
monocultura, adubação química, linhagens por seleção, podas e controle de 
pragas e doenças. Essas ações pedem, como medida de corretiva desse 
desequilíbrio, controle químico. Em 2008, o Brasil se tornou o maior consumidor 
de agrotóxico no mundo, os produtos químicos usados no país são classificados 
seguindo a sua finalidade e o mecanismo de ação no alvo biológico, os mais 
comuns são, plantas daninhas, doenças e pragas de espécies agrícolas 
cultivadas, formando os herbicidas, inseticidas e fungicidas. 
Os herbicidas são os mais utilizados no Brasil, por conta das plantas daninhas e 
a competição causada por elas com a plantação e, com isso, o destaque é a 
participação do glifosato no mercado brasileiro, que representa 76% do total de 
herbicidas comercializados. Em seguida temos os inseticidas que é 
representado por três grupos: os organoclorados, inibidores da colinesterase 
(fosforados orgânicos e carbamatos) e piretroides naturais e sintéticos e os 
fosforados orgânicos e os carbamatos são conhecidos como inibidores da 
acetilcolinesterase, que são os inseticidas mais utilizados e o principio ativo 
desses agrotóxicos são a cipermetrina. Em terceiro lugar nas vendas de 
agrotóxicos se encontram os fungicidas e possuem uma baixa toxicidade a 
mamíferos. O maior impacto dos fungicidas são nos microrganismos do solo, 
sendo enxofre e carbendazim responsável pela grande comercialização dos 
produtos com ação fungicida. A Bahia ocupa o 7° lugar no ranking de estados 
que utilizam agrotóxicos. 
A toxicidade do agrotóxico é variável e depende das propriedades dos 
ingredientes ativos e inertes do produto. Os efeitos dos agrotóxicos no ambiente 
podem ser agudos, subcrônicos e crônicos e podem interferir na fisiologia, no 
comportamento e na reprodução dos organismos. 
Para conhecer o produto do ponto de vista dos seus efeitos agudos foi criada a 
classificação por toxicidade e por determinação legal, todos os produtos devem 
apresentar nos rótulos uma faixa colorida que indica a sua classe toxicológica, 
essa classificação é: 
- classe l: extremamente tóxico, com a dose letal menor que 5 mg/kg e a cor da 
faixa é vermelha 
- classe ll: altamente tóxico, com dose letal entre 5-50mg/kg e cor da faixa 
amarela 
-classe lll: medianamente tóxico com dose letal entre 50-500 mg/kg e faixa do 
produto azul 
INTOXICAÇÃO EXÓGENA 
 
Ana Freitas 
 
 Ana Freitas 
-classe lV: pouco tóxico, com dose letal entre 500-5000 mg/Kg e faixa verde 
Vale destacar que a classificação toxicológica reflete a toxicidade da exposição 
aguda e não indica riscos de exposição a longo prazo. No Brasil há poucos 
estudos sobre a saúde do trabalhador rural, embora se tenha o reconhecimento, 
entre profissionais de saúde e de extensão rural, sobre a morbidade entre os 
agricultores. Durante o preparo de calda de agrotóxicos, o trabalhador manipula 
a embalagem, rompe o lacre, retira a tampa e o lacre do bocal da embalagem, 
dosa a formulação e recoloca a tampa. Nesse sentido, o risco de intoxicação no 
preparo de formulações de agrotóxicos é maior do que na aplicação. Sendo 
assim, nota-se que os problemas provocados por agrotóxicos são decorrentes 
do uso inadequeado desses produtos, pois com a rigidez e evolução da 
legislação que envolve o sistema de registro de agrotóxicos garante que os 
produtos disponíveis no mercado não causam maiores problemas quando 
usados de maneira adequada. 
Organofosforatos (derivado do ácido fosfórico) e carbamatos (proibidos, 
derivados do ácido carbâmico) – são bem comuns, inseticidas que pode ser 
usado como arma química, ataque terrorista, chumbinho, gas sarin, bastante 
usado na agricultura. Suas substancias são encontradas em inseticidas 
carbamatos, inseticidas organofosforados, neostigmina e rivastigmina (remédios 
usados em doenças como miasteniase gravis e Parkinson), gás sarin, 
cogumelos do gênero Inocybe e Clitocybe. São agentes anticolinesterásicos 
e são pouco hidrossolúveis e solúveis em solventes orgânicos, logo, são 
lipossolúveis (quanto maior a lipossolubilidade, maior a absorção no 
corpo). 
A fisiopatologia causada pela intoxicação por esses compostos se dá pela 
ligação da acetilcolinestarase a esses compostos, gerando uma inibição 
enzimática, causando o acumulo de acetilcolina nas sinapses muscarínicas e 
nicotínicas o que estimula receptores colinérgicos, e causando sintomas 
colinégicos, com uma hiperestimulação parassimpática e neuromuscular. Os 
organofosforados geram uma inibição irreversível da acetilcolinesterase 
(ligação covalente, extremamente estável), bloqueando a ação da 
colinesterase (promove a hidrólise do neurotransmissor acetilcolina), esse 
bloqueio gera uma hiperestimulação parassimpática, o sítio esterásico é o 
sítio que faz que a enzima reconheça a acetilcolina e é nesse sítio que os 
fosforados fazem ligação. 
 Já os carbamatos geram uma ligação reversível (característica de liga e 
desliga), é um anticolinesterasico, ocupando os dois sítios da enzima, sítio 
esterásico e aniônico (implica no tratamento). 
O reativador (atropina) no tratamento ocupa o sítio aniônico, faz ponte de 
hidrogênio com o grupo fosfato que ta no sítio esterásico, logo, no tratamento de 
intoxicação por carbamato esse reativador não vai fazer efeito e a droga de 
escolha vai ser o sulfato de atropina (antagonista dos receptores muscarínicos). 
 
Ana Freitas 
 
 Ana Freitas 
A atropina ocupa o receptor muscarínico e impede que a acetilcolina se ligue a 
esses receptores. A atropina reverte apenas receptores muscarínicos 
O que acontece na intoxicação pelo organofosforado: no funcionamento normal 
dos terminais axonicos a acetilcolinesterase se liga a acetilcolina nos terminais 
axonicos, hidrolisando essa acetilcolina para ela ser reutilizada, quando a 
pessoa esta intoxicada pelo organofosforado a acetilcolinesterase não consegue 
capturar a acetilcolina, muito menos hidrolisa-la, logo, há um acumulo de 
acetilcolina nos terminais e um aumento dos efeitos parassimpáticos no SNP e 
sítio neuromusculares. 
O tempo para o início dos sintomas dependem da via de intoxicação, se a 
intoxicação foi oral ou respiratória demora 3h para aparecer os sintomas, se for 
cutâneo, levam 12h. Já as manifestações clínicas dependem do tipo de 
receptores atingidos pela intoxicação mas também podem acontecer ao mesmo 
tempo, caso atinja os receptores mucarínicos teremos sintomas como salivação, 
lacrimejamento, miose, sudorese, vomito, incontinência fecal e urinária, 
broncoespasmo e bradicardia. Agora caso atinja os receptores nicotínicos vamos 
ter sintomas como taquicardia, midríase, hipertensão, delirium, coma, 
convulsões, fraqueza muscular, fasciculações. No sistema nervoso central é 
observado o paciente com inquietação, ansiedade, confusão mental, crise 
convulsiva, coma e tremor. Os sintomas mais comuns são bradicardia e 
hipotensão, pode ocorrer um bloqueio atrioventricular e um 
prolongamento do segmento QT no ECG, os sintomas neurológicos podem 
evoluir para síndrome intermediária ou neuropatia tardia. Na síndrome 
intermediaria os sintomas neurológicos aparecem após 24-96h da exposição, 
pode ser fraqueza muscular proximal, redução dos reflexos profundos, fraqueza 
na flexão de pescoço, alteração em pares cranianos. Se o paciente apresentar 
a neuropatia tardia, os sintomas ocorrem 1-3 semanas após a exposição e é uma 
manifestação mais comum nos organofosforados. 
Odiagnóstico é feito através da história, exame físico ou dosagem das atividades 
séricas e eritrocitárias. O manejo é sempre estabilização da hemodinâmica do 
paciente, tratar bradicardia e convulsões caso necessário e descontaminar o 
paciente caso seja indicado. 
O antidoto indicado é a atropina, que compete pela acetilcolina nos receptores 
muscarínicos e reverte seus efeitos. 
Após o atendimento notificar o caso aos órgãos responsáveis. 
Paraquat- herbicida, a intoxicação em contato com a pele causa uma lesão local 
mas não possui uma absorção sistêmica, não é absorvido pela via respiratória 
(pulmão) e a ingesta oral tem alta letalidade (10-20 ml em adultos e 4-5ml em 
crianças). O paraquat gera um estado redox, é uma espécie reativa ao O2, que 
causa o consumo de NADPH, gerando redução da defesa ao estresse oxidativo 
e produção de radicais livres, gerando a disfunção mitocondrial e consequente 
necrose e apoptose. Os herbicidas são agrotóxicos não seletivos, conhecidos 
comercialmente como gramaxineos 
 
Ana Freitas 
 
 Ana Freitas 
O diagnóstico pode ser através da clínica sugestiva ou teste diagnóstico pela 
urina. 
Diquat é mais potente que o paraquat 
Essa substancia fica em estado REDOX, é uma espécie reativa ao O2, o causa 
um maior consumo de NADPH, redução da defesa ao estresse oxidativo, produz 
radicais livres e causa disfunção mitocondrial, necrose e apoptose, logo, o 
paraquat causa uma resposta inflamatória intensa em múltiplos órgãos como 
pulmão, coração, fígado e rins, mas não atravessa a barreira hematoencefálica. 
Piretrina e piretroides- inseticida doméstico, possui baixa toxicidade a 
mamíferos. As piretrinas são produtos naturais, usados por mais tempo pelo 
homem e de alta instabilidade à luz. Por conta dessa instabilidade as piretrinas 
são transformadas em piretróides, que são produtos sintéticos com alta atividade 
inseticida, usada na agricultura, veterinária e domissanitário. 
Organoclorados: foi muito utilizado, até como arma biológica, atualmente é 
proibida e os pietroides são substitutos desses compostos. Possuem elevada 
lipossolubilidade e alta persistência no ambiente, o que gera uma bioacumulação 
na cadeia alimenta r. 
O mecanismo de ação dos piretroides e do organoclorado atuam nos canais de 
sódio, mantendo esses canais abertos por mais tempo que o necessário, 
gerando uma despolarização continua e estimulando a fibra continuamente em 
um potencial excitatório, causando uma hiperexcitabilidade nervosa. Os 
piretróides do tipo II inibem especificamente receptores do neurotransmissor 
GABA, impedindo a entrada do íon Cl- para o interior do neurônio, resultando 
numa repolarização parcial. Já a cipermetrina, permetrina e deltametrina causam 
inibição da enzima Ca2+ATPase e da calmodulina, resultando em níveis de 
Ca2+ intracelular, com consequente liberação de neurotransmissores na fenda 
sináptica. Sendo assim, os piretroides e organoclorados alteram as propriedades 
eletrofisiológicas da membrana dos neurônios e das enzimas relacionadas, 
modificando a cinética do fluxo dos íons Na+ e K+. 
Após o atendimento notificar o caso aos órgãos responsáveis. 
Rodenticidas antagonistas da vitamina K – inibem competitivamente as 
enzimas: vitamina K redutase e vitamina K epóxido redutase. Atuam diretamente 
nos vasos sanguíneos causando fragilidade capilar, além de causar alteração 
nos fatores da cascata de coagulação II, VII, IX, X (protrombínicos e 
dependentes da vitamina K) e redução da proteína C e S. Podem causar 
hematoma, sangramento, hematúria e epistaxe. O manejo é feito através da 
descontaminação, administração de vitamina K e plasma fresco ou gelado, caso 
necessário. 
*O rodenticida de uso legal no país são os rodenticidas de ação anticoagulante, 
causam manifestações hemorrágicas. 
Chumbinho: mais usado em tentativas de suicídio. Os sinais e sintomas clínicos 
começam a aparecer de forma muito rápida, inclusive pode evoluir para morte 
 
Ana Freitas 
 
 Ana Freitas 
dentro de algumas horas, o aldicard possui uma toxicidade muito elevada e o 
quadro clínico é caracterizado por manifestações muscarínicas e nicotínicas, 
além de apresentar acometimento do SNC. O chumbinho é um 
anticolinesterásico, inicialmente predomina as manifestações muscarínicas, 
seguidas de manifestações de acometimento do SNC e então, das 
manifestações nicotínicas, além de sintomas gastrointestinais (mais precoces). 
A evolução para o óbito, ocorre normalmente pela insuficiência respiratória 
(colapso cardiorrespiratório = broncoespasmo, broncoconstricção e hipotensão), 
consequente da broncoconstricção, hipersecreção pulmonar, paralisia da 
musculatura respiratória e ação a nível de centro respiratório. As manifestações 
mais raras são a neuropatia periférica tardia (dores musculares, fraqueza 
muscular progressiva e diminuição dos reflexos tendinoso) e a síndrome 
intermediária (paralisia da musculatura proximal dos membros da musculatura 
flexora do pescoço e da muscula respiratória). No chumbinho vai aparecer 
convulsão, tremores musculares, delírios, miose, sialorreia, vômitos e sudorese. 
a acetilcolinesterase é responsável pela finalização da transmissão dos impulsos 
nervosos nas sinapses colinérgicas pela hidrólise do neurotransmissor 
acetilcolina (AchE), além disso a acetilcolinesterase está presente no sistema 
nervoso central e periférico. A AchE (chamada de colinesterase eritrocitária) é a 
colinesterase verdadeira, sintetizada no tecido nervoso e encontrada na junção 
neuromuscular e glóbulos vermelhos. Já a butirilcolinesterase (colinesterase 
plasmática) é a colinesterase falsa, sintetizada no fígado e encontrada em 
tecidos do pâncreas, mucosa intestinal, substância branca (SNC) e plasma. Em 
casos de intoxicação exógena por cabarmato ou organofosforado, a 
colinesterase plasmática é inibida, então a colinesterase plasmática pode indicar 
o diagnóstico. 
A oxima é amplamente aceita como antidoto para o tratamento por 
organofosforado, mas no caso do chumbinho não é utilizada. As oximas são 
reativadoras de colinesterase, a oxima ocupa o sítio aniônico da enzima, logo o 
sítio precisa estar livre, faz ponte de hidrogênio com o fosfato do 
organofosfarado, fazendo que o fosforado se torne uma molécula inerte que é 
liberada pela urina.

Outros materiais