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TEORIA DE APRENDIZAGEM DE VYGOTSKY Papel do professor na aprendizagem Vygotsky defende que o processo de aprendizagem é resultante da atividade de cada pessoa e da reflexão que ela consegue fazer a partir daquilo, cada aluno é um agente ativo nesse processo. Dessa forma, o papel do professor consiste em guiá-lo enquanto fornece as ferramentas adequadas para que seu desenvolvimento cognitivo ocorra da forma mais apropriada. Assim, a função do profissional é conduzir o indivíduo até a aquisição do conhecimento. O papel do educador, então, é ativo e determinante nesse processo. Estruturas mentais Para educar, o professor deve entender as estruturas mentais e seus mecanismos. Para Vygotsky, a aquisição do conhecimento ocorre por mediação, convivência, partilha e assim por diante até que diversas estruturas sejam internalizadas. Um de seus principais conceitos é a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que destaca o papel do outro — em especial o do professor. A ZDP é a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e o que ela ainda tem o potencial de aprender. O profissional interfere de forma objetiva, intencional e direta na ZDP. O aluno é aquele que aprende os valores, a linguagem e o conhecimento que seu grupo social produz a partir da interação com o outro — no caso, o professor. Para Vygotsky, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. Mediação da aprendizagem A ZDP é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. O professor deve ser capaz de identificar essas duas capacidades e, a partir disso, determinar qual deve ser o percurso de cada aluno entre elas. Por isso, a relação entre professor e estudante deve ser de cooperação, respeito e crescimento, não de imposição. O educador é o suporte para que a aprendizagem seja satisfatória. Para Vygotsky, isso ocorre pela linguagem — pelo diálogo entre professor e aluno. Conceitos de aprendizagem A partir de seus estudos e observações com primatas, Vygotsky elaborou alguns conceitos. Linguagem e pensamento A fase em que os macacos resolviam problemas no entorno foi chamada pelo psicólogo de “linguagem pré-intelectual”. Paralelamente, o estudioso percebeu que os primatas usam expressões faciais, gritos e urros para se comunicar — algo que chamou de “pensamento pré-verbal”. Quando analisou crianças, ele notou que elas passam por um processo semelhante. Depois, por volta dos dois anos de idade, a linguagem pré- intelectual e o pensamento pré-verbal se unem e dão origem à linguagem intelectual e ao pensamento verbal. Nesse momento, seu vocabulário ganha mais consistência, ela passa a questionar o que lhe intriga e sua linguagem e seu pensamento passam a ser internalizados. Isso ocorre em três momentos: fala social (ou exterior): a comunicação engloba elementos do entorno e tem como finalidade apenas a comunicação com adultos; fala egocêntrica: a prioridade não é ser ouvida pelo adulto, mas ela ainda não saber expressar sua fala apenas para si; fala interior: quando atinge a potencialidade da reflexão. Mediação semiótica A mediação é um conceito central da teoria de aprendizagem de Vygotsky e representa a intervenção de um elemento intermediário em uma relação. Os mediadores podem ser instrumentos ou signos. Instrumentos são objetos criados pelo homem para facilitar sua vida e signos são fatores psicológicos que auxiliam nos processos internos. Tanto os instrumentos quanto os signos ajudam o homem a agir no mundo. Assim, quando o indivíduo cria uma lista de supermercado, por exemplo, ele está usando signos. Afinal, trata-se de um suporte psicológico que pode auxiliá- lo, mais tarde, a fazer as compras no mercado. O processo de educação ocorre por meio da mediação semiótica. Ela, por sua vez, atua na construção de processos mentais superiores. Essa construção de Vygotsky é prolongada e complexa, pois passa por uma série de transformações qualitativas em que um estágio é precondição para o próximo (que é uma ampliação ou uma inovação de um antecedente). Internalização Para o estudioso, o ambiente tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual da criança. Ou seja, o desenvolvimento ocorre de fora para dentro. Assim, a internalização, que permite absorver o conhecimento vindo do contexto, é fundamental. As influências sociais são a base da teoria de aprendizagem de Vygotsky. A internalização está diretamente relacionada à repetição: a criança se apropria da fala do outro e a torna sua. Isso ocorre no processo de socialização, já que, quando se relaciona com o adulto, a criança reconstrói as formas culturais, o pensamento, as significações e os usos das palavras. Em resumo, todos os dias, em todos os lugares, a criança observa o que as pessoas dizem, como o dizem, o que fazem e por que o fazem. Ela, então, internaliza tudo isso e o transforma em sua propriedade. Para isso, ela recria, dentro de si, as conversações e demais interações observadas. Esse processo é essencial para o crescimento do funcionalismo psicológico humano. Afinal, ele compreende uma atividade externa que deve ser mudada para tornar-se uma atividade interna: assim, ela começa como interpessoal e se torna intrapessoal. Zonas de desenvolvimento 1. Zona de desenvolvimento real: refere-se às etapas já alcançadas pela criança e que permitem que ela solucione problemas de forma independente. 2. Zona de desenvolvimento potencial: é a capacidade que a criança tem de desempenhar tarefas desde que seja ajudada por adultos ou companheiros mais capazes. 3. Zona de desenvolvimento proximal: é a distância entre as zonas de desenvolvimento real e potencial. Ou seja, é o caminho a ser percorrido até o amadurecimento e a consolidação de funções. Isso significa que, antes mesmo de frequentar a escola, a criança desenvolve seu potencial a partir das trocas estabelecidas e adquire conhecimento. Quando vai para o ambiente escolar, ela se familiariza com esse mundo e sai da zona de desenvolvimento real para, com auxílio do professor, atingir seu desenvolvimento potencial. A cultura ao redor do indivíduo é uma das principais influências nesse processo. Estágios de desenvolvimento A criança reconstrói ações e ideias quando se relaciona com novas experiências proporcionadas pelo ambiente. O progresso mental acontece de forma lenta e em estágios: sensório-motor, pré-operatório, operatório- concreto e operatório-formal. Estágio sensório-motor Essa fase inclui, em geral, crianças de 0 a 2 anos e é a etapa da percepção-ação. O pequeno se concentra em sensações e movimentos, já que ocorre o desenvolvimento inicial das coordenações e das relações de ordem entre as ações. A criança começa, então, a entender o que as sensações significam e como seus movimentos podem levar a alterações no mundo exterior. Estágio pré-operatório Engloba as idades de 2 a 7 anos. Esse estágio se inicia com a capacidade do pensamento representativo — ou seja, a criança começa a gerar representações da realidade no próprio pensamento. É uma etapa representada pela capacidade de pensar um objeto por meio de outro. Estágio operatório-concreto Ocorre dos 7 aos 12 anos e é marcado pelo início do pensamento lógico concreto. Aqui, a criança começa a manipular mentalmente as representações do que internalizou nos estágios anteriores. Isso só ocorre, porém, com coisas concretas, já que conceitos abstratos ainda não são compreensíveis para ela.. Estágio operatório-formal Após os 12 anos, já na pré-adolescência, a criança passa a ter um modo de pensar adulto e é capaz de assimilar hipóteses e conceitos abstratos. Ou seja, ela já faz representações abstratas e operações com conceitos que não têm formas físicas, como os da matemática.Em resumo, segundo a teoria de aprendizagem de Vygotsky, a criança nasce inserida em um meio social (sua família) e nele estabelece suas primeiras relações com a linguagem a partir da interação com os outros. No dia a dia, isso acontece espontaneamente durante o processo de uso da linguagem. Afinal, segundo ele, o homem se produz na e pela linguagem. Essa relação é mediada por instrumentos e signos. As práticas pedagógicas devem, então, trabalhar no sentido de esclarecer a importância da fala no processo de interação com o outro. Isso é especialmente importante na educação infantil, já que é o momento inicial do contato da criança com o mundo externo, fora do ambiente familiar.
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