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Introdução à disciplina história do direito brasileiro

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PROF.: WILLIAMS MELLO
PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO
Ementa, objetivos, conteúdos (unidades) e procedimentos de avaliação. 
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EMENTA DA DISCIPLINA
·   Síntese do Direito no Brasil no período anterior à independência.
·   O direito no Brasil Imperial.
·   O direito na República Velha.
·   O direito na Era Vargas;
·   O direito brasileiro no pós-Guerra em um contexto de ascensão e decadência democrática.
·   A ordem jurídica na ditadura militar: da radicalização à distensão do regime de força.
·   O direito brasileiro no contexto da reconstrução democrática.
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OBJETIVO GERAL
Compreender o pensamento jurídico e o ordenamento brasileiro vigentes, como produtos de progressivas construções no tempo, tendo como referência o encontro de visões de mundo que se constroem a partir das realidades política, social, mental, cultural e econômica das sociedades que, em cada tempo, colaboraram para sua produção.
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Analisar instituições jurídicas e estruturas judiciais aplicadas no Brasil a partir do período colonial até sua independência, de forma a apontar suas influências na formação de uma tradição do pensamento jurídico brasileiro; 
·   Pesquisar, a partir da visão de mundo da sociedade da época, as instituições jurídicas e sociais do Brasil Imperial que, assumidas da tradição colonial, importadas de outras sociedades, ou mesmo construídas no período - a partir das peculiaridades locais -, contribuíram para a construção do pensamento jurídico-político brasileiro;  
·   Investigar as instituições e estruturas jurídicas construídas no período republicano, a partir de estruturas jurídicas, políticas e sociais herdadas do Brasil Colônia e do Brasil Imperial, ou mesmo importadas de tradições estrangeiras, identificando um quadro de permanências e rupturas no decorrer do tempo histórico, que acabam por ajudar a compreender o perfil atual do pensamento e da dogmática jurídica do Brasil contemporâneo; 
·   Permitir que o aluno visualize as transformações, rupturas e permanências dos institutos do direito brasileiro no decorrer da história, utilizando-se como parâmetro o direito vigente;
·   Colaborar no processo de auto-reconhecimento pelo discente como um sujeito histórico, potencial transformador da realidade sociopolítica e jurídica do mundo em que vive. 
·   Evidenciar como o direito se cristaliza como produto de seu tempo, demonstrando que sua legitimidade busca suas raízes mais profundas na tradição histórica e mental da sociedade que o produz.
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CONTEÚDOS (UNIDADES)
Unidade 1 - Síntese do direito no Brasil no período anterior à independência: Estudo dos aspectos relevantes das instituições jurídicas e estruturas judiciais aplicados no Brasil a partir do período colonial até sua independência, analisados sob a perspectiva social, mental, econômica, política e cultural do período.    
Unidade 2 – O direito no Brasil Imperial: A gênese de um sistema jurídico brasileiro. O processo constituinte. A Constituição imperial como retrato contraditório da difícil conjugação entre liberalismo e escravagismo. O papel da Igreja no modelo imperial. A legislação material e processual penal. Os cursos jurídicos no Brasil. Os principais movimentos legislativos do período: o Código Comercial, a Lei de Terras e os projetos do Código Civil. A questão escravocrata e as legislações abolicionistas
Unidade 3 – O direito na República Velha A República e a Constituição liberal de 1891 (a nova estruturação dos poderes, o sistema eleitoral e os direitos e garantias tipicamente liberais), analisada sob os primas social, político, econômico e cultural do período. A ruptura Estado /Igreja.  O novo Código Penal sob a influência da abolição da escravatura. O primeiro Código Civil Brasileiro e a leitura mental e social de uma época. 
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CONTEÚDOS (UNIDADES)
Unidade 4 - O direito na Era Vargas O corporativismo na emblemática e breve Constituição de 1934. O  trabalhismo, a CLT e a segunda geração de direitos fundamentais. A Constituição de 1937 (a “Polaca”). A centralização e o antifederalismo na base da ditadura varguista.  Os novos códigos penal e de processo penal sob a influência do hegemônico positivismo jurídico no período. 
 
Unidade 5 – O direito brasileiro entre o pós-Guerra e o Golpe Militar: ascensão e decadência do regime democrático A Constituição de 1946 e o breve período democratizante. A crise da Ordem Constitucional de 1946. Golpe Militar de 1964 e o Ato Institucional (nº1) como ato inaugural de uma ordem “metaconstitucional”. A Constituição de 1967 como base jurídica inicial do regime militar.
 
Unidade 6 - A ordem jurídica na ditadura militar: da radicalização à distensão do regime de força O recrudescimento do regime militar e seu crescente caráter antidemocrático. Os Atos Institucionais (AIs) nº 2, 3 e 4.  O AI-5 e a supressão de direitos fundamentais. As alterações substanciais da Constituição de 1967 pela Emenda Constitucional nº 1/69. A ditadura e suas consequências nos campos jurídico, social, político, cultural, mental e econômico. A paulatina distensão do regime. A Lei da Anistia e a Lei do Divórcio como estatutos paradigmáticos do período.
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CONTEÚDOS (UNIDADES)
Unidade 7- O direito brasileiro no contexto da reconstrução democrática O movimento “Diretas-já”. A Constituinte e o choque ideológico. A Constituição de 1988 : a construção democrática e a progressiva ampliação e proteção aos direitos e garantias fundamentais.  O direito  sob novo enfoque: as legislações ambiental, do consumidor, civil, de proteção à criança e ao adolescente. Os novos direitos a partir das novas demandas.
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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
No Curso de Direito, a avaliação  se dá de forma continuada. Isto é, antes de cada aula o estudante deverá solucionar os casos concretos que se encontram na webaula da disciplina e postar suas respostas no ambiente on line.
      Após a revisão e autocorreção, o estudante deverá refazer a análise do caso concreto, no ambiente webaula, acrescentando citações doutrinárias e jurisprudenciais. O conjunto dos trabalhos práticos realizados ao longo do período valerão até 1,0 (um) ponto na AV1, AV2 e AV3.
      As AV1, AV2 E AV3 serão realizadas através de provas escritas, valendo, no mínimo, até 9,0 (oito) pontos, contendo questões objetivas e discursivas, sendo, ao menos uma das questões, um caso concreto para análise e resolução.
     
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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
A soma de todas as atividades ( provas escritas e resolução dos casos aula a aula) comporão o grau final de cada avaliação, não podendo ultrapassar o grau máximo de 10 (dez), sendo permitido atribuir valor decimal às avaliações. 
 
A AV1 contemplará o conteúdo da disciplina até a sua realização, incluindo o das atividades estruturadas, nas disciplinas que as contenham.
 
As AV2 e AV3 abrangerão todo o conteúdo da disciplina, incluindo o das atividades estruturadas.    
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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
Para a aprovação na disciplina o aluno deverá:
 
1.    Atingir resultado igual ou superior a 6,0, calculado a partir da média aritmética entre os graus das avaliações, sendo consideradas apenas as duas maiores notas obtidas dentre as três etapas de avaliação (AV1, AV2 e AV3). A média aritmética obtida será o grau final do aluno na disciplina.
2.    Obter grau igual ou superior a 4,0 em, pelo menos, duas das três avaliações.
3.    Frequentar, no mínimo, 75% das aulas ministradas.
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PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO
Síntese dos conteúdos das aulas.
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SEMANA 1 – INTRODUÇÃO À DISCIPLINA HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO
Apresentação do plano de ensino da disciplina com ênfase na sua importância no processo de formação de uma sólida cultura sócio-histórico-jurídica dos futuros profissionais do Direito.
Desenvolvimento de considerações a respeito da “natureza” do conhecimento histórico e, mais especificamente, do conhecimento da História do Direito Brasileiro.
 Apresentação das principais características dos dois grandes sistemas do direito ocidental (o
romano-germânico e a common law) e o pertencimento do direito brasileiro ao sistema romano-germânico.
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SEMANA 2 – A ORIGEM DO BRASIL PORTUGUÊS E O DIREITO NA COLÔNIA
A chegada dos portugueses ao litoral atlântico da América do Sul e sua inserção no contexto da grande expansão marítima européia do início da chamada Idade Moderna.
A “construção” da América Portuguesa ao longo dos séculos XVI, XVII e grande parte do XVIII: principais aspectos sócio-político-econômicos e as estruturas mentais típicas das sociedades da Idade Moderna européia e de suas colônias.
Os aspectos mais significativos do Direito e da estrutura judicial implantados no Brasil colonial pela metrópole portuguesa e sua influência (na forma e no conteúdo) sobre as instituições e na normatividade jurídicas sobre o futuro Estado independente brasileiro).
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SEMANA 3 – O DIREITO NA COLÔNIA: DA DECADÊNCIA DO SISTEMA COLONIAL À INDEPENDÊNCIA
Principais aspectos sociais, políticos e econômicos do Brasil colonial ao longo do século XVIII e no período correspondente à crise do sistema colonial europeu moderno (segunda metade do século XVIII e primeiras décadas do século XIX).
As revoltas antifiscais no Brasil colonial do século XVIII. As reformas pombalinas. Os movimentos autonomistas. A aplicação da legislação penal portuguesa (Livro V das Ordenações Filipinas) e sua inserção na lógica punitiva das sociedades européias do Antigo Regime: o caso da pena de morte aplicada a Tiradentes.
A presença do Estado Português no Brasil (a transmigração da Família Real) e o fim do status jurídico-político colonial brasileiro. O Brasil como sede jurídico-política do Império Português entre 1808 e 1821.
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SEMANA 4 – ASPECTOS RELEVANTES DO DIREITO NO BRASIL IMPERIAL: O PERÍODO DO PRIMEIRO REINADO.
As condições que levaram ao movimento de independência do Brasil. Os tensionamentos políticos que marcaram este processo.
A ruptura jurídico-político-institucional com a Metrópole portuguesa. A convocação da Assembléia Constituinte de 1823 e sua posterior dissolução. As conturbações políticas que envolveram a “imposição”, nas províncias e na Corte, da independência e da centralização política a partir do Rio de Janeiro.
A primeira constituição brasileira: a constituição outorgada de 1824. Os principais aspectos da organização jurídico-política do Estado Brasileiro. As relações entre a Igreja e o Estado. Os direitos civis e políticos presentes nesta Carta Constitucional e as razões de sua baixa efetividade. 
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SEMANA 5 – ASPECTOS RELEVANTES DO DIREITO NO BRASIL IMPERIAL: O PERÍODO DA REGÊNCIA E DO SEGUNDO REINADO.
A ambiência jurídico-política do Período Regencial (mais precisamente do período compreendido entre 1831 e 1837): as reformas liberalizantes, a experiência da descentralização jurídico-político-administrativa e do fortalecimento dos poderes locais (os códigos Criminal e de Processo Criminal).
As conturbações políticas nas províncias. As ameaças de revolução social e de secessão. O fim da experiência liberal-descentralizadora: o Regresso, a partir de 1837.
O Golpe jurídico-político da Maioridade. A primeira década do Segundo Reinado: implantação e consolidação. O apogeu do Segundo Reinado (de 1850 a 1870) e a modernização jurídico-política: A Lei de Terras, a lei de extinção do tráfico de escravos para o Brasil, o Código Comercial, a Consolidação das Leis Civis de Teixeira de Freitas.
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SEMANA 6 – O DIREITO NA REPÚBLICA VELHA
A implantação da República no Brasil a partir da crise do Segundo Império: o processo abolicionista (e a produção de uma legislação abolicionista), a Questão com a Igreja e a crise com os militares.
A proclamação da República como um golpe militar. Os tensionamentos políticos nos primeiros anos da República (a fase militar de 1889 a 1894). O Código Penal de 1890: principais características. A Constituição de 1891: perfil político-ideológico desta Carta Constitucional e principais aspectos da organização do Estado Brasileiro.
A etapa civil da República Velha (a República Oligárquica de 1894 a 1930). A Política dos Governadores. A ambiência jurídico-política desta etapa. O Código Civil de 1916: principais características. A crise da República Velha (a década de 1920).
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SEMANA 7 – A ERA VARGAS E O DIREITO: DO GOVERNO PROVISÓRIO AO ESTADO NOVO.
A crise da República Velha, a crise capitalista mundial iniciada em 1929 e a Revolução de 1930: a ruptura da ordem jurídico-político-institucional da República Velha com a implantação de um Governo Provisório.
O início da construção de uma nova institucionalidade jurídico-política a partir do Governo Provisório. O tensionamento entre o modelo jurídico-político de organização liberal-individualizante e as tendências centralizadoras e corporativistas no mundo e no Brasil a partir da crise de 1929. A confrontação entre correntes políticas autoritárias de direita (conservadoras, fascistas) e de esquerda (socialistas, comunistas) no mundo e no Brasil. O Código Eleitoral de 1932: principais inovações políticas. A Constituição de 1934: perfil político-ideológico e principais características da organização do Estado Brasileiro.
O período de vigência da Carta de 1934: deterioração do ambiente democrático e escalada autoritária até a implantação do regime do Estado Novo.
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SEMANA 8 – A ERA VARGAS E O DIREITO: A DITADURA DO ESTADO NOVO.
A implantação da ditadura do Estado Novo: aspectos sociais, políticos e econômicos. As propostas de modernização do Estado Brasileiro.
A Constituição outorgada de 1937. Principais aspectos sociais, políticos, jurídicos e econômicos desta constituição. As influências autoritárias, fascistas e corporativistas externas sobre o texto da Carta de 1937. A Constituição que “já nasceu histórica”, segundo Francisco Campos. A CLT: a Consolidação das Leis Trabalhistas da Era Vargas. Os códigos Penal (1940) e de Processo Penal (1941): a influência do pensamento jurídico positivista.
O perfil político-ideológico do regime do Estado Novo. A construção do “mito Vargas”: o papel do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) neste processo.
A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e o fim do Estado Novo. A preparação política para o retorno ao regime liberal-democrático.
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SEMANA 9 – O DIREITO NO BRASIL DO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. 
A ambiência político-ideológica no mundo e no Brasil no pós-guerra. A configuração da Guerra Fria.
O fim do Estado Novo e a construção de um ambiente partidário (ainda sob a égide de Vargas) que marcaria o panorama político brasileiro entre 1946 e 1964.
A Constituição de 1946: perfil político-ideológico. Principais características da organização do Estado Brasileiro de acordo com esta Carta. A permanência das estruturas corporativistas oriundas da Era Vargas e da tutela do Estado nas relações entre capital e trabalho. A manutenção dos direitos sociais e trabalhistas no texto desta constituição.
As tensões políticas do período de vigência da Carta de 1946. O crescimento da oposição ao legado de Vargas que levaria à implantação do regime militar-tecnocrático em março/abril de 1964.
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SEMANA 10 – O DIREITO NO BRASIL DO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: A IMPLANTAÇÃO DO REGIME MILITAR-TECNOCRÁTICO DE 1964 – A BUSCA PELA INSTITUCIONALIZAÇÃO. 
A ambiência sócio-político-econômica que levou à deposição do Governo de João Goulart e a implantação do regime militar pela via do GOLPE DE ESTADO. 
O Golpe de Estado de 1964 na lógica da Guerra Fria.
A construção da institucionalidade autoritária do novo regime: os Atos Institucionais. As principais medidas implantadas pelos quatro primeiros atos institucionais. 
A Constituição de 1967: perfil político-ideológico. O processo de produção do texto desta Carta Constitucional. Constituição outorgada ou promulgada?
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SEMANA 11 – O DIREITO NO BRASIL DO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: O GOLPE DENTRO DO GOLPE E A EXACERBAÇÃO AUTORITÁRIA. 
O “fechamento” do regime: a ambiência política que levou à implantação do Ato Institucional no 5.
Perfil do AI-5: principais medidas restritivas de natureza
jurídico-política adotadas por esta ato institucional. O AI-5 como expressão política da chamada “linha dura” das Forças Armadas (especialmente do Exército) que se opunham a qualquer tentativa de restabelecimento da normalidade democrática. A Emenda 1 de 17/10/1969 à Constituição de 1967 (para muitos, a Constituição de 1969).
 A exacerbação da ditadura (o governo Médici): o fechamento político, a luta armada, o “milagre econômico).
O início da distensão política: o Governo Geisel. O crescimento da oposição democrática e as reações ao projeto da abertura política lenta e gradual do Governo Geisel (votação da Emenda Constitucional no 11 em outubro de 1978 e que entrou em vigor em 1º de Janeiro de 1979, revogando o AI-5).
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SEMANA 12 – O DIREITO NO BRASIL DO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: O DECLÍNIO DO REGIME MILITAR E A TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA.
As dificuldades econômicas vivenciadas pelo regime militar já a partir do Governo Geisel. Os casuismos eleitorais visando a contenção da oposição. A Lei do Divórcio. 
A ambiência política e econômica no Brasil e no mundo ao final da década de 1970: a adoção na Inglaterra (início do período de Margareth Tatcher) e nos Estados Unidos (início da Era Reagan) do modelo de organização sócio-produtiva capitalista vulgarmente conhecida como neoliberal. O Governo Figueiredo, as crescentes dificuldades econômicas, a abertura política (a Lei da Anistia votada em agosto de 1979) e a resistência da “linha dura” do regime.
O movimento das Diretas-Já, a retomada da participação popular na construção de um regime democrático. O Fracasso do movimento e a eleição indireta e a morte de Tancredo Neves, a ascensão de José Sarney à presidência e o início da Nova República. A assembléia constituinte de 1987, a luta ideológica, a Constituição Cidadã de 1988.
Principais características da Constituição de 1988. As tensões políticas do início da década de 1990: o impeachment de Collor. O plebiscito de 1993 e a opção pelo presidencialismo republicano.
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SEMANA 13 – O DIREITO NO BRASIL DO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: A AMBIÊNCIA CONTEMPORÂNEA DO DIREITO BRASILEIRO 
A produção normativa hodierna a partir do filtro constitucional.
Alguns dos principais avanços legislativos sob a égide da Constituição de 1988: O Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso, a Lei Maria da Penha, as leis ambientais, as alterações nos códigos processuais.
A adequação das relações privadas aos novos tempos prevista no novo Código Civil de 2002.
Novas necessidades e novos direitos.
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SEMANA 14 – REVISÃO DOS CONTEÚDOS DAS SEMANAS DE 1 A 7
SEMANA 15 – REVISÃO DOS CONTEÚDOS DAS SEMANAS DE 8 A 13
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INTRODUÇÃO À DISCIPLINA HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO
Considerações a respeito da natureza do conhecimento histórico e do “lugar” da História do Direito no processo de formação dos operadores do Direito. 
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O que é a História? Ou melhor, como a História é pensada pelo senso comum? 
A História e o passado seriam categorias intercambiáveis – elas estariam unidas de tal forma que somente poderia haver uma única leitura histórica do passado.
A História serviria para o conhecimento do passado tal como ele “realmente” aconteceu – isto permitiria uma apreensão “pura” dos fatos históricos.
A História se confundiria com a memória – sobreviventes, participantes, contemporâneos de fatos e eventos históricos, ou seus escritos e depoimentos seriam considerados como “a História viva” deste ou daquele fato ou evento.
A História se constituiria como a narrativa de um processo evolutivo linear das sociedades, desde os “tempos remotos” até os dias atuais .
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O senso comum, entretanto não consegue dar conta de uma apreensão mais sofisticada, mais elaborada dos fenômenos sociais e do mundo natural.
O “olhar” do senso comum sobre o mundo é sempre fragmentado, imediatista e pouco abrangente.
No que se refere à História, este “olhar” do senso comum a situa no campo da compilação/registro de fatos e eventos considerados históricos “per si” em uma seqüência temporal linear.
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Como então superar a perspectiva do senso comum no conhecimento histórico? Algumas sugestões:
Entender que a História é um dentre muitos “discursos” sobre o mundo e que tais discursos ainda que não criem o mundo, dele se apropriam, dando-lhe todos os significados que têm – a pequena parte do mundo que se constitui em pretenso objeto de investigação da História é o Passado. Portanto História e Passado são coisas diferentes. Assim como História e Memória são também coisas distintas.
Compreender que os fatos e eventos da história chegam até nós sempre refratados através da mente, do olhar do registrador, ou seja, do historiador – quando tomamos um trabalho de história para leitura devemos nos preocupar, não com os fatos que ele contém, mas, primeiramente, com o historiador que o escreveu.
A visualização, a compreensão do passado somente ocorre através dos olhos do presente – o historiador pertence à sua época, ao seu “presente”, e a ele se liga pelas condições objetivas da existência humana.
Entender que a História é produto do trabalho de historiadores (ou dos que atuam como historiadores) – não é possível relatar mais do que uma pequena parcela do que aconteceu, sendo que o relato do historiador nunca corresponde exatamente ao passado.
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ALGUMAS REFLEXÕES
As rápidas considerações que tecemos anteriormente a respeito da natureza do conhecimento histórico e de sua produção, são válidas para o campo do conhecimento da História do Direito e, mais especificamente, da História do Direito Brasileiro.
Como campo especializado do conhecimento histórico, a História do Direito (e como tal, a História do Direito Brasileiro) se apresenta como produção discursiva daqueles que exercem o ofício do historiador e que buscam a compreensão das configurações institucionais e normativas do Direito nas diversas formações sociais ao longo do tempo ou no processo de formação de uma determinada sociedade. 
No que se refere à importância e ao papel da disciplina histórica na formação dos juristas e dos chamados “operadores do direito”, podemos entendê-la a partir de uma perspectiva CONSERVADORA ou a partir de uma perspectiva CRÍTICA.
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DE UMA FORMA MAIS USUAL, A HISTÓRIA DO DIREITO SERIA CONSIDERADA IMPORTANTE NA FORMAÇÃO DOS JURISTAS E DOS OPERADORES DO DIREITO PORQUE:
Ela serviria para a interpretação do direito atual.
Permitiria a identificação de valores jurídicos considerados “eternos”, “naturais”.
Desenvolveria a sensibilidade jurídica.
Possibilitaria um alargamento do “horizonte cultural” dos juristas e dos operadores do direito, aumentando seu poder de persuasão e ocasionalmente “abrilhantando” sua argumentação, sobretudo diante de uma audiência forense.
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Tal interesse pedagógico pela História do Direito limita-se geralmente, em uma perspectiva mais tradicional do ensino jurídico, a afirmar que, para os futuros juristas e operadores do Direito, ela é uma disciplina formativa.
Aceitaremos, portanto, o fato de que a História do Direito é uma Disciplina Formativa, porém DIFERENTE DAS DEMAIS DISCIPLINAS DOGMÁTICAS DO CURSO JURÍDICO.
Mas por que ela seria efetivamente uma disciplina FORMATIVA?
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A HISTÓRIA DO DIREITO PODE SE CONFIGURAR COMO UMA DISCIPLINA FORMATIVA SOB UMA PERSPECTIVA CONSERVADORA/LEGITIMADORA.
 COMO?
Identificando a idéia de direito justo com o direito estabelecido e longamente praticado - a concepção de que aquilo que é antigo, tradicional é “naturalmente” bom;
Disseminando a idéia de que determinada categoria discursiva ou que determinada solução jurídica pertencem à “natureza das coisas” ou que derivam de “categorias eternas da justiça ou da razão jurídica”;
“Comprovando”a “linearidade do progresso da sociedade e de suas instituições” e a consequente “sacralização” do presente;
Apresentando as decisões judiciais como opções puramente “técnicas”, “científicas”, desideologizadas, apartadas de qualquer conflito social adjacente. 
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TODAVIA, A HISTÓRIA DO DIREITO PODE SE CONFIGURAR COMO UMA
DISCIPLINA FORMATIVA SOB UMA PERSPECTIVA CRÍTICA E INTERDISCIPLINAR.
COMO?
Assumindo uma FUNÇÃO CRÍTICA – ou seja, diferentemente das disciplinas dogmáticas dos cursos jurídicos que visam criar certezas acerca do DIREITO, a História do Direito deve problematizar o pressuposto básico de tais disciplinas.
E que pressuposto seria este? O de que o direito dos nossos dias é o RACIONAL, o NECESSÁRIO, o DEFINITIVO.
Enfatizando que o Direito existe sempre em um determinado formação social e que suas soluções estarão sempre referenciadas a um determinado ambiente, sendo portanto sempre soluções locais, independentemente do modelo teórico que se use para descrever as relações do Direito com os contextos sociais.
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
De acordo com o historiador do direito ANTONIO MANUEL HESPANHA, o DIREITO se constitui como um sistema de legitimação, ou seja, como um sistema que produz efeitos de obediência consentida em todos aqueles que terão sua liberdade (ou suas liberdades) limitada (s) pelas normas;
O Direito portanto necessita de legitimação, tal como os poderes políticos, o que significa dizer que o Direito demanda a “produção” de um determinado consenso social a respeito não apenas de sua “inevitabilidade” na composição de uma “vida ordenada”, mas também acerca da necessidade de que seja obedecido;
Tal legitimação, segundo Max Weber, pode ser obtida a partir de vários complexos de crenças, ou seja de “estruturas de legitimação”, que se organizam em torno de determinados valores tais como a TRADIÇÃO (porque está estabelecido há muito tempo), o CARISMA (porque é inspirado por virtudes mágicas ou por Deus), a RACIONALIZAÇÃO (porque é racional e/ou eficiente) - no âmbito do mundo jurídico, alguns dos principais processos de legitimação, sobretudo a “legitimação tradicional”, dependem de argumentos de caráter histórico;
Muito mais do que se constituir como um sistema de normas voltadas para a regulação das relações sociais, assegurando padrões mínimos de convivência em sociedade, o Direito em boa medida cria os próprios valores sobre os quais se assentam tais padrões - na verdade, o Direito “imagina” a sociedade, criando a realidade com a qual opera. 
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QUE CONDIÇÕES TEÓRICAS E IDEOLÓGICAS POSSIBILITAM O DESENVOLVIMENTO UMA HISTÓRIA CRÍTICA DO DIREITO?
O entendimento das normas jurídicas em seu movimento de integração nos complexos normativos da vida social.
A criação de uma consciência de que os “fatos históricos” não são independentes do olhar do historiador.
A compreensão da produção do Direito não apenas em suas vinculações com os processos sociais, mas também como um processo social dotado de relativa autonomia, e que modela “imaginários” e práticas sociais mais abrangentes.
A percepção que a história é descontínua onde continuidades e rupturas se sucedem ou convivem em um mesmo espaço, em um mesmo tempo.
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PERSPECTIVAS DA HISTÓRIA DO DIREITO
História “externa”
Trata do exame formal dos acontecimentos político-sociais que dão origem e influenciam as fontes clássicas do Direito.
História “interna”
Trata do estudo da vida dos institutos jurídicos e das instituições públicas e privadas.
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De acordo com ANTONIO CARLOS VOLKMER, pode-se conceituar a História do Direito “como parte da História geral que examina o Direito como fenômeno sócio-cultural, inserido em um contexto fático, produzido pela interação dos homens entre si e com o ambiente, e materializado evolutivamente através de fontes históricas, documentos jurídicos, agentes operacionais e instituições legais reguladoras;
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