– CAPÍTULO 17 — 3ª PROVA 10 Lembre que estamos falando de comutador de nível 2. Comutadores de níveis 3 e superior são essenci- almente roteadores e serão discutidos adiante. 4.4.2 Princípios de operação Em dois aspectos fundamentais, o roteador é semelhante ao comutador: ele é um equipamento do tipo armazenamento-e-reenvio e ele possui uma tabela de encami- nhamento – chamada de “tabela de roteamento”. As grandes diferenças são: a) o que o roteador faz quando não acha o destino na tabela; e b) como a tabela é preen- chida. Vejamos alguns detalhes agora. Antes de explicar os detalhes sobre a operação de roteamento, é importante en- tender que uma nova camada está entrando em ação. O repetidor atua na camada físi- ca e o comutador atua na camada de enlaces. Para poder eliminar os defeitos de es- cala dos comutadores, o roteador faz a informação “subir” mais uma camada: a ca- mada de rede. É na camada de rede que se localiza a tabela de roteamento e onde ocorre a decisão de encaminhamento tomada pelo roteador. A existência dessa ca- mada faz com que o roteador possa parar (ou delimitar) as inundações e os quadros de difusão que causaram problemas de escala nos comutadores. Um segundo ponto importante a ser destacado é que, diferentemente do repeti- dor e do comutador, o roteador não é um equipamento transparente. Se um hospedei- ro A quiser se comunicar com um hospedeiro B, e se a conexão entre os dois passar por um roteador R, então o hospedeiro A deverá encaminhar a informação endere- çada para R, pedindo que este a faça chegar a B. O roteador R, por sua vez, poderá encaminhar a informação para um segundo roteador S, endereçando-o explicita- mente. Eventualmente, um último roteador poderá encaminhar a informação ao hospedeiro B diretamente. Vê-se, portanto, que o hospedeiro A sabe da existência do roteador R e é por esse motivo que dizemos que R não é transparente. Uma das conseqüências da não transparência do roteador é que este deve ser endereçado pelos hospedeiros (na realidade, todos os hospedeiros e roteadores de- vem ser endereçados). Que esquema de endereçamento deve ser usado? Uma possi- bilidade seria usar o endereço MAC para esse fim. A idéia não funciona por dois mo- tivos: � Nem toda tecnologia empregada na camada de enlace possui endereçamen- to. Endereços MAC existem para Ethernet, por exemplo, mas não para enla- ces E1; � Os endereços MAC formam um espaço de endereçamento que chamamos de plano, o que significa que não há hierarquia útil nos endereços. Porém, para fa- zer roteamento baseado em endereços, é extremamente útil ter um esquema de endereçamento hierárquico. Por exemplo, sabemos que os números de te- lefone +55-83-333-1404 e +55-83-333-1405 devem estar no mesmo bairro da mesma cidade, o que facilita o roteamento. Diz-se que números de telefone formam um espaço hierárquico. Por outro lado, endereços MAC não formam um espaço hierárquico. O endereço 12-34-56-78-90-AB pode pertencer a uma placa de rede no Brasil e o próximo endereço – 12-34-56-78-90-AC – poderia estar na China. Rotear assim seria muito difícil. Conhecendo repetidores, comutadores e roteadores 52 ED. CAMPUS — MELHORES PRÁTICAS PARA GERÊNCIA DE REDES DE COMPUTADORES — 0700 – CAPÍTULO 17 — 3ª PROVA Um novo espaço de endereçamento, específico para a camada de rede, é neces- sário. Por exemplo, no mundo TCP/IP, o “endereço IP” é usado para esse fim. Um exemplo de um endereço IP é 192.168.0.1. Detalhes sobre o endereçamento IP po- dem ser vistos no Apêndice 7. Podemos agora descrever brevemente o algoritmo de roteamento. Na camada de rede, cada hospedeiro e roteador possui uma tabela de roteamento que indica o pró- ximo endereço no caminho para cada destino possível. O hospedeiro A deseja enviar um pacote para o hospedeiro B. O hospedeiro A consulta sua tabela de roteamento e localiza o endereço B, ou pelo menos a região que deve conter o endereço B. A tabela de roteamento indicará o endereço R do roteador ao qual se deve encaminhar o paco- te. O hospedeiro A deve necessariamente poder enviar um quadro para o roteador R usando apenas a camada de enlace; isto é, A e R devem pertencer à mesma rede física. Ao receber o quadro, o roteador R faz “subir” seu conteúdo para a camada de rede onde a decisão de roteamento (como alcançar “B”?) é tomada; como resultado, o pa- cote seguirá, de roteador em roteador, até chegar ao endereço destino, B. Resta saber como a tabela de roteamento é preenchida. Os truques usados pelos comutadores não funcionam aqui (por não possuírem escala). O preenchimento pode ser manual ou pode ser baseado em protocolos especiais de roteamento. Esses últimos são protocolos que roteadores usam para conversar entre si, trocando in- formação de roteamento para achar as “melhores” rotas. Detalhes podem ser vistos no Apêndice 8 e em [Comer]. 4.4.3 Comutadores de nível 3 Pensemos um pouco sobre a forma de montar uma rede de campus. Redes de cam- pus precisam de comutadores para interligar os equipamentos. Se a rede for peque- na, ela é tipicamente montada usando exclusivamente comutadores tais como os vimos numa seção anterior. Por outro lado, redes de campus maiores (com várias centenas ou milhares de hospedeiros) não podem ser construídas apenas com os comutadores que vimos, pois todos os equipamentos participariam de um mesmo domínio de difusão, afetando em demasia o desempenho de todos os equipamentos da rede. Portanto, uma rede de campus grande precisa utilizar roteadores para deli- mitar os domínios de difusão. Observe que tais roteadores tipicamente não possui- riam interfaces para tecnologias de longo alcance, já que são usados para delimitar o tráfego de difusão e não para alcançar lugares distantes. Talvez seja melhor dizer que precisamos da função de roteamento. Ao longo dos anos 1990, comutadores foram evoluindo até integrarem a função de roteamento também. Embora tais equipamentos sejam roteadores, é mais fre- qüente chamá-los de comutadores de nível 3. Por que diferenciá-los assim? Primeiro, esses equipamentos normalmente não possuem interfaces para tecnologias de lon- go alcance: são feitos para rotear numa rede de campus. Em segundo lugar, eles continuam sendo comutadores ao mesmo tempo em que são roteadores. Como as- sim? Vamos explicar: o comutador de nível 3 permite agrupar portas em redes virtu- 53 Melhores Práticas para Gerência de Redes de Computadores ED. CAMPUS — MELHORES PRÁTICAS PARA GERÊNCIA DE REDES DE COMPUTADORES — 0700 – CAPÍTULO 17 — 3ª PROVA ais (ou VLANs).11 Cada rede virtual é um domínio de difusão. Portanto, podemos considerar uma VLAN como sendo um domínio de difusão configurável. É, portan- to, possível limitar os domínios de difusão para que não alcancem todos os hospe- deiros presentes na rede, mas apenas aqueles presentes na VLAN. Isso é muito bo- nito e útil, mas surge a questão: como enviar informação entre hospedeiros de VLANs diferentes? A resposta é utilizar roteamento; o comutador, portanto, deve também servir de roteador, agindo na camada 3, para passar informação de uma VLAN para outra. Detalhes adicionais sobre VLANs e comutadores de nível 3 po- dem ser vistos em [Cisco-Internetworking] e no Apêndice 10. Para deixar as coisas um pouco mais complexas, devemos mencionar que co- mutadores evoluíram ainda mais e, hoje, permitem fazer seu trabalho de encami- nhamento não apenas baseados no endereço MAC (comutador de nível 2) ou no endereço de rede (comutador de nível 3), mas também no endereço de transporte (comutador de nível 4) e no endereço de aplicação (comutador de nível 7). A utili- dade destes últimos é basicamente a de realizar balanceamento de carga em redes muito carregadas. 4.4.4 Características especiais de roteadores Roteadores são equipamentos extremamente variáveis se considerarmos a funcio- nalidade adicional que pode ser agregada ao equipamento. Mencionaremos apenas algumas aqui: � Roteadores