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Apostila Teórica 1- O básico que todo generalista deve saber sobre radiologia

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1 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
 
 
 
 
Aula 1: Raios X. 
............................................................................................................................Página 03 
Aula 2: Tomografia Computadorizada. 
............................................................................................................................Página 10 
Aula 03: Ressonância Magnética. 
............................................................................................................................Página 24 
Aula 04: Ultrassonografia. 
............................................................................................................................Página 39 
Aula 05: Meios de Contraste. 
............................................................................................................................Página 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Introdução à Radiologia e aos Meios de Contraste 
(Por Marcelo Augusto Fonseca) 
 
 
Raios X 
O raio X é um tipo de radiação que é capaz de ionizar a matéria em virtude da sua alta carga de 
energia. Desde a sua descoberta a radiologia tem evoluído de tal forma que hoje em dia o raio 
x é um dos mais importantes métodos de diagnóstico devido à praticidade da formação das 
imagens. 
 
Para que ocorra a formação dos raios X no aparelho é necessário aplicar uma grande diferença 
de potencial no cátodo, que se torna incandescente, gerando um fluxo de elétrons, que é 
acelerado, ganha energia e é liberado, atingindo o ânodo bruscamente. A interação entre o 
impacto desses elétrons no ânodo resultará na formação dos raios x e calor. 
Aproximadamente 98% dessa energia será liberada em forma de calor e apenas 2% em forma 
de raios x. 
4 
 
 
Os termos de nomenclatura utilizados para os raios X são baseados em escalas de opacidade. 
Quanto mais opaca, mais “branca” a imagem é e quanto mais radiotransparente ou 
radiolucente (outro termo radiológico que é utilizado), mais “preta” a imagem é. 
Podemos citar como vantagens: a praticidade do aparelho de raio x, o custo, que comparado 
com alguns outros métodos de imagem é mais barato, mais disponível e até mesmo as 
dimensões do aparelho, que quando comparamos a uma máquina de ressonância ou de 
tomografia esboça um tamanho bem menor. 
Uma grande desvantagem em relação aos outros métodos de imagem é o uso de radiação 
ionizante, a falta de grandes detalhes na imagem estudada (quando comparamos com a 
tomografia e a ressonância) e a sobreposição de imagens. O que seria essa “sobreposição de 
imagens”? Como o nome sugere: são imagens sobrepostas, ou seja, eu não sei exatamente 
quem ou o que está na frente de quem (isso se deve aos contornos das estruturas anatômicas 
que ficam sobrepostas), caso eu faça apenas uma incidência. Para driblar essa eventualidade 
eu realizo geralmente raios X em duas incidências diferentes (ou mais) para que dê ao 
radiologista melhores noções de localização, tamanho, profundidade, etc, quando estivermos 
diante de alguma lesão ou imagem. Normalmente para avaliarmos a região desejada 
utilizamos uma incidência ânteroposterior ou pôsteroanterior e uma incidência de perfil. 
Vantagens do RX convencional Desvantagens do RX convencional 
Boa praticidade. Sobreposição de imagens 
Custo baixo (comparado aos outros métodos 
de aquisição de imagem). 
Uso de radiação ionizante (contraindicado 
para gestantes) 
Ocupa um tamanho menor se comparado à 
tomografia e ressonância. 
Pouca diferenciação de densidades (se 
compararmos com tomografia, pois usa 
menos tons de cinza). 
 
Vamos ver um pouco mais sobre a sobreposição de imagens a seguir. Observe o exemplo 
abaixo, onde há uma lesão radiopaca (branca) no pulmão direito: 
5 
 
 
No interior do círculo vermelho temos uma lesão radiopaca. Mas, você, iniciante, poderia dizer 
em qual dos lobos pulmonares essa lesão se encontra? Provavelmente não. Pois é. Isso se 
chama sobreposição de imagens. Não só isso, mas ao observarmos o coração, a coluna 
vertebral, a aorta, enfim, as estruturas torácicas, você, caso não tenha o mínimo de anatomia 
básica não saberia dizer quem está na anteriormente ou posteriormente ao que (parto do 
pressuposto que você é iniciante em radiologia), de forma que para compensar essa 
desvantagem de sobreposição de imagens, deve-se pedir mais de uma incidência para o 
exame, como, por exemplo, uma radiografia de perfil, como a imagem a seguir demonstra: 
 
Observe agora as duas imagens lado a lado e perceba como o incremento de uma incidência 
radiográfica a mais auxilia na localização da lesão 
6 
 
 
 Provavelmente você deve ter estranhado, no exemplo acima, ter lido “pulmão 
direito” e não “pulmão esquerdo”, já que a lesão opaca está localizada ao seu lado esquerdo, 
provavelmente. Porém, dizer que a lesão do exemplo acima está no pulmão esquerdo está 
errado, já que na radiologia temos que ter algo chamado contralateralidade dentro da nossa 
cabeça ao avaliarmos algum sítio anatômico, ou seja, a grosso modo e didaticamente falando, 
o seu direito é o esquerdo do paciente e o seu esquerdo é o direito do paciente. Isso evita 
trocas e equívocos nas localizações de lesões. Já pensou se o paciente acima precisasse de 
algum procedimento de intervenção por conta dessa lesão opaca que está no pulmão direito e 
você falasse ao realizador do procedimento que está no pulmão esquerdo? Eu não gostaria de 
ser você se isso acontecesse. 
Observe outro exemplo, dessa vez em um raio X de crânio, mostrando fragmentos de bala 
feitos por arma de fogo, e note como uma segunda incidência ajuda na localização da lesão. 
 
Observe outro exemplo, agora com um rx de abdome, mostrando um “artefato” estranho que 
um paciente psiquiátrico introduziu em si mesmo. 
7 
 
 
Obs: Saber qual incidência utilizar para que ambas se complementem é importantíssimo, 
porém, como cada região anatômica tem suas principais incidências, essas serão tratadas em 
apostilas de fisiologia (radiologia fisiológica de tórax, abdome, crânio, etc) a fim de trazer mais 
clareza ao leitor. Por enquanto não se estresse. 
Quando falamos de Raio X temos que nos lembrar também da escala de radiopacidade, ou 
seja, o que é mais radiotransparente e o que é mais radiopaco ao exame de imagem. Observe 
abaixo um exemplo com as respectivas numerações 
 
Observe que o número 1, o ar, é o mais radiotransparente, enquanto que o osso (cálcio) é o 
mais radiopaco. A gordura é mais radiotransparente que os músculos e partes moles, que por 
sua vez são menos radiopacos que os ossos. Ou seja, a escala crescente de radiopacidade é: Ar 
– 1, Gordura – 2, Partes moles – 3, osso – 4. 
8 
 
 
Muito se discute a respeito das tonalidades de cores utilizadas na radiologia em geral. Muitos 
acreditam que se utilizam cores em preto e branco, porém, é um achismo errado. A radiologia 
trabalha com tons de cinza ou escalas de cinza (basta comparar as duas imagens acima). Esses 
tons de cinza são inúmeros, porém, nossos olhos apenas conseguem captar uma faixa muito 
pequena de todos esses tons e em virtude disso, os aparelhos nos transmitem essa pequena 
faixa de tons de cinza adaptadas ao que nosso olho consegue distinguir para podermos avaliar 
as imagens. 
 Como realizamos o exame de raio X convencional? 
O filme radiográfico é colocado dentro de um Chassi (dispositivo que guarda o filme), que 
então é posicionado de acordo com a região a ser estudada. Depois de disparados, os raios x 
carregam a informação da região corpórea que atravessaram para o filme radiográfico, que 
capta essa informação e transfere para que possamos ver adequadamente. 
 
 Ao contráriodo que muitos pensam, existe sim meios de contraste para serem 
utilizados no raio X. Vamos abordar melhor no fim dessa apostila, porém, utilizamos nos raios 
X convencionais o bário ou o iodo. A principal utilização, atualmente, para meios de contraste 
no raio X é a visualização do trato gastrointestinal de forma geral. Podemos procurar 
divertículos, estenoses, dilatações esofagianas, fístulas, etc. Observe alguns exemplos abaixo. 
9 
 
 
 
Observe um caso de esofagograma (estudo contrastado do esôfago) que mostrou a presença 
de um divertículo esofagiano. Perceba que logo no início do trajeto temos uma dilatação 
esofagiana em formato de bolsa e o resto do contraste segue seu caminho. Ao lado do exame 
tem uma representação do divertículo em questão. Isso foi só um pequeno exemplo do que o 
contraste pode fazer no raio X. O contraste utilizado aqui foi o sulfato de bário. 
 O exame de esôfago baritado serve para, indiretamente, avaliar a presença de 
dilatação cardíaca? Em estágios avançados, se o epicentro da dilatação cardíaca for o átrio 
esquerdo, podemos fazer um esofagograma e usar a incidência de perfil a fim de perceber um 
detalhe anatômico curioso. O esôfago guarda íntimas relações anatômicas com o coração, em 
especial com o átrio esquerdo. Se essa câmara cardíaca aumenta, o esôfago é abaulado. É 
possível ver esse abaulamento também em cardiomegalias mais avançadas, onde o coração 
estará bastante crescido (como um todo). Observe abaixo. 
10 
 
 
Observamos três imagens. A 1º (atlas) mostrando as relações anatômicas de proximidade 
entre o coração (os mais atentos vão reparar inclusive a relação de proximidade com o átrio 
esquerdo que eu mencionei) e o esôfago. A 2º mostra um exame contrastado normal (note 
também a presença do contraste no esôfago). A 3º mostra um esôfago abaulado e uma área 
cardíaca aumentada (compare a 2º e 3º imagens no que diz respeito à opacidade que está 
anterior ao esôfago. Perceba como ele foi empurrado e o coração está aumentado). 
 
Tomografia Computadorizada 
A tomografia foi um verdadeiro marco para a radiologia, possibilitando novas aquisições e 
modalidades de estudo. Foi o primeiro método de imagem que possibilitou a visualização clara 
do encéfalo, ao contrário dos raios x convencionais, onde era apenas possível ver 
componentes ósseos. Com o incremento computadorizado foi possível que cortes axiais 
pudessem ser remontados em cortes sagitais e coronais, melhorando a avaliação do tecido a 
ser estudado. 
Não vamos nos prender muito ao tipo de tomógrafo (convencional, helicoidal, singleslice, 
dualslice ou multislice), vamos apenas entender o básico da dinâmica das imagens. A 
qualidade da reconstrução da imagem será proporcional à quantidade de informação captada 
pelo aparelho, correto? Isso é até lógico. Então, como você acha que poderíamos arrancar o 
máximo de informação de um tecido a ser estudado? Um corte por vez? Dois cortes? Múltiplos 
cortes? Vejamos as imagens a seguir para tirar nossas conclusões: 
11 
 
 
Em qual dos dois exemplos você acha que teríamos mais informações do objeto estudado? O 
segundo, correto? Perceba como o método que utiliza vários feixes de molas (cortes) nos 
possibilita um estudo bem melhor e detalhado da respectiva maça do que o método usado na 
primeira imagem. As molas representadas ao lado das maças representam a quantidade e a 
forma dos cortes realizados a fim de se obter um grau diferente de informações sobre algo, 
nesse caso, as maças. Com apenas um corte (uma mola) obtivemos uma qualidade X de corte. 
O problema dele é que entre o intervalo de um corte e outro, poderíamos ter perdido alguma 
informação valiosa. Com vários cortes (várias molas), obtivemos uma qualidade 3X de corte. 
Pudemos avaliar melhor a maça a fim de não deixar alguma informação importante escapar. 
Pode ter escapado? Pode. Mas é mais difícil do que no primeiro exemplo (uma mola apenas). 
Esse mesmo princípio é utilizado nos exames de tomografia. Temos aparelhos com diferentes 
canais e quantias de cortes (singleslice, dualslice, multislice, etc). Podemos inclusive regular o 
aparelho para realizar cortes mais finos e com alta resolução (a depender do tecido que 
queremos estudar). Tudo isso é feito no intuito de obter a maior qualidade e quantidade de 
imagens possíveis e caso tenhamos um número baixos de corte por determinado período de 
tempo, não vamos conseguir avaliar regiões anatômicas da melhor maneira. Caso ainda não 
tenha conseguido entender, vamos ver um exemplo a seguir: 
 
12 
 
 
Observe como aparelhos que utilizam tecnologia de poucos cortes tendem a não conseguir 
tantas informações e com tanta rapidez quanto um aparelho que utiliza múltiplos cortes por 
vez. Outro detalhe é que, como dito acima, a reconstrução pode ficar comprometida devido à 
falta de informações do tecido alvo de estudo. A tomografia faz cortes axiais e os recombina, 
criando cortes sagitais e coronais, porém, caso não haja a quantidade e qualidade adequada 
dos cortes axiais, como a máquina vai reconstruir os demais cortes com qualidade? Como 
poderemos estudar estruturas como aorta e demais vasos sem uma quantidade adequada de 
cortes? Como estudar o mediastino e outros segmentos anatômicos? Concordamos que fica 
complicado. 
Com o passar do tempo, as gerações de tomógrafos foram avançando e novas técnicas foram 
incrementadas para auxiliar no estudo tecidual, tal como os aparelhos multislice (múltiplos 
cortes) e com tecnologia helicoidal, porém, como mencionei, não falaremos desse assunto de 
forma aprofundada, já que mais nos interessa a dinâmica da tomografia do que os tipos de 
tomógrafos utilizados e as particularidades de cada um. Eu quero que você entenda. Não 
decore. O mecanismo de formação das imagens é o raio X, porém, diferente daquele método 
convencional que estudamos no início da apostila, essa forma de avaliação utiliza princípios e 
noções um pouco mais avançados. 
Para estudarmos melhor a forma como a tomografia computadorizada (TC) adquire e estuda 
as imagens, precisamos saber quais seus principais componentes. Podemos dividir a 
aparelhagem e o procedimento em duas salas: A sala de exame e a sala de comandos (ou 
workstation. Na sala de exames temos: Gantry e mesa de exames e na sala de comandos 
(workstation) temos: computadores e monitores de processamento. 
13 
 
 
Vamos começar destrinchando a sala de exames: O Gantry e a mesa de exames. O gantry nada 
mais é do que o corpo do aparelho, que irá conter, no seu interior, vários outros equipamentos 
necessários para a aquisição das imagens. Os PRINCIPAIS são: tubos de raio X, detectores e 
colimadores. O gantry possui uma abertura (“um buraco”) no meio do aparelho para que o 
paciente possa ser posicionado adequadamente. Para melhorar a acomodação e 
posicionamento, podemos inclinar (angular) o gantry em +30º ou -30º (necessário para melhor 
realização de alguns exames como coluna e crânio). Caso haja dúvidas no posicionamento 
podemos utilizar luzes indicatórias para confirmar ou alterar a posição do paciente. No exterior 
do gantry encontramos a carcaça que irá cobri-lo e botões para controlar o aparelho. 
 
 
Os tubos de raios X são semelhantes aos tubos que estudamos no começo da apostila, porém, 
existem algumas modificações com o intuito de fazer com que o tubo possa ser capaz de 
suportar mais o calor excessivo provocado pelo aumento do tempo de exposição (há um 
14 
 
sistema de refrigeração para isso e algumas modificações estruturais que não entrarei em 
detalhes). Enquanto no aparelho de raios X convencional eu disparo um feixe por um 
momento e já obtenho a imagem, na TC os feixes vão sendo continuamente produzidos, pois 
há a formaçãode muitas imagens. É óbvio: quanto mais tempo eu estiver utilizando a geração 
dos raios X pelo tubo, mais calor irá gerar (já que aprendemos que cerca de 98% da energia 
gerada é dissipada em calor). 
 
Os detectores nada mais são do que detectores de fato. Eles irão detectar a energia dos raios 
X e convertê-la em um sinal que possa ser legível e interpretado pelo aparelho: um sinal digital 
(didaticamente falando) que possa ser interpretado pelo computador. Não preciso dizer que a 
eficiência da tomografia depende bastante dos detectores (qualidade e quantidade destes). 
 
Os Colimadores são equipamentos que tem a função de melhorar a qualidade da imagem, 
além de evitar que algo prejudique a qualidade da imagem (excesso de ruídos, por exemplo). 
Contribuem também para melhor administração da dose de radiação que o paciente irá 
receber, inclusive, diminuí-la ou regulá-la quando for necessário (minimizar a radiação 
espalhada pelo paciente). A TC possui colimadores pré e pós paciente, ou seja, antes do feixe 
de raio X passar pelo paciente e depois do feixe passar pelo paciente. Os colimadores também 
guardam forte relação com a espessura do corte (em especial nos aparelhos com uma única 
fileira de detectores) que será realizado durante o exame. 
Ao juntarmos esses 3 equipamentos essenciais, que estão no interior do gantry, teríamos uma 
imagem semelhante a essa: 
15 
 
 
Que tal observarmos agora o gantry em sua totalidade, com e sem sua carcaça? 
 
É perceptível que do lado externo do gantry temos botões que irão regular e controlar os 
dispositivos 
 
16 
 
 Existem sinalizadores de apneia e respiração no exterior do gantry. Esses 
sinalizadores irão guiar o paciente durante a realização do exame, já que necessitamos de um 
grau de apneia por um determinado período de tempo (que varia de acordo com a rapidez do 
tomógrafo em adquirir as imagens). Existem outros indicadores como os pulmonares e 
cardíacos, que acendem quando o aparelho detecta um sinal de sincronização pulmonar ou 
cardíaca (chamado também de GATED) e irão alertar o técnico e o radiologista para alguma 
eventual “alteração de imagem”. 
 
Deixando o gantry de lado e prosseguindo nossos estudos, temos a mesa de exames, que nada 
mais é do que uma mesa (ah vá, não me diga) que vai se diferenciar basicamente pela 
capacidade de peso que poderá suportar e se ela irá ou não se movimentar em direção ao 
gantry para facilitar e agilizar o exame. 
 
 Como realizamos o exame de tomografia computadorizada? 
Observe que o paciente deita em uma mesa e ao passar por dentro do aparelho (gantry), o 
tecido é “fatiado” pelos raios x, que ao saírem de sua origem e cruzarem o corpo, seguirão até 
os detectores, que irão captar essa informação, repassar para a estação de trabalho 
(workstation) onde as imagens serão remontadas adequadamente. Esses filetes de raio X que 
“cortam” o paciente são constantes e os tubos emissores raio X que estão dentro do aparelho 
irão girar em torno do paciente, de formas que o mesmo está sujeito a uma quantia de 
radiação ionizante maior, por questão lógica, se compararmos com o aparelho de raio X 
17 
 
convencional. Ou seja, temos que ter em mente que a quantia de radiação ionizante usada em 
uma tomografia é bem maior que a utilizada em um exame de raio X convencional. 
 
 
Com as informações adequadas dentro da workstation, é possível remontarmos a imagem 
axiais em outros planos, bem como utilizarmos reconstruções 3D em aparelhos mais 
modernos, possibilitando um estudo ainda mais detalhado de diversas regiões. Observe abaixo 
um exemplo de uma tomografia computadorizada com reconstrução em 3D 
 
No que diz respeito à nomenclatura, temos uma sutil mudança se comparado com os raios X 
convencionais. A tomografia é um método que avalia densidade tecidual, de forma que sua 
18 
 
nomenclatura gira em torno disso. O que era radiotransparente no raio X torna-se hipodenso 
na tomografia e o que era radiopaco no raio X torna-se hiperdenso na tomografia. Estruturas 
de densidades semelhantes são chamadas de estruturas isodensa, ou de mesma densidade. 
Algumas vezes ouvimos o termo “hiperatenuante” e “hipoatenuante”. Eles podem ser 
interpretados como hiperdenso e hipodenso, respectivamente. 
Por muitas vezes temos dúvidas no que pode ser hipodenso ou hiperdenso. Às vezes lemos 
sobre uma lesão e não sabemos ou não conseguimos compreender o porquê da hipo ou 
hiperdensidade. Não precisamos decorar, mas sim ter na cabeça uma tabela chamada tabela 
de densidade de Hounsfield (UH). A tabela original é gigante, com as mais variadas estruturas, 
porém, para efeitos didáticos, precisamos apenas de alguns valores chave. Observe abaixo 
que, de acordo com a tabela de densidades, o ar é o material menos denso (-1000) e o mais 
denso é o osso (+1000). Observe que no meio da tabela temos várias densidades (gorduras, 
músculos e partes moles, etc) que são transcritas através das tonalidades de cinza que 
conseguimos perceber. A água, apesar de marcar o ponto de 0 UH, mostra relativa 
hipodensidade (que pode ser percebida através da análise de uma TC de crânio e visualização 
do líquor, por exemplo). 
 
Cada densidade terá sua representação de tons de cinza. Quanto menos denso (mais 
negativo), mais escuro ou mais hipodenso. Quanto mais denso (mais positivo), mais branco ou 
mais hiperdenso. 
 
Observe que o ar é a substância mais hipodensa (menos densa) da tabela. É representado por 
uma cor bem enegrecida. Já o osso (desconsiderando os meios de contraste, que são 
altamente densos, até mesmo mais que o osso) é substância mais densa da tabela. A água 
19 
 
contém densidade 0 e as partes moles podem variar até 100 HU. A gordura possui densidade 
negativa, ou seja, é hipodensa e possui densidade próxima de -60 a -100. O ar possui -1000. 
Simplificando e Resumindo: As estruturas que precisamos ter em mente em quesito de 
densidade, de acordo com a tabela de densidade de Hounsfield, são: 
 
A tomografia utiliza janelas para avaliar os tecidos corpóreos. Dentre as principais janelas 
temos: Cerebral, Óssea, Mediastinal e Pulmonar. Observe a seguir: 
 
Podemos observar que a depender da janela temos enfoque em diferentes partes do corpo. A 
primeira imagem nos possibilita avaliar claramente o encéfalo. A segunda nos possibilita 
avaliar os componentes ósseos deste encéfalo. A terceira focaliza o mediastino e a quarta 
focaliza os pulmões. Cada janela tem sua utilidade e pode ser utilizada pelo radiologista para 
avaliar melhor determinada região. Observe na segunda imagem que, ao avaliar os 
componentes ósseos, com alta densidade, podemos ver o contraste que os seios paranasais e 
células da mastoide fazem com os ossos. Os seios paranasais e as mastoides estão hipodensas 
20 
 
por conter ar, que possui muito pouca densidade, conforme foi visto anteriormente. A janela 
óssea é requisitada em vários outros sítios anatômicos. 
Vantagens da TC Desvantagens da TC 
Adquire imagens que permite percepção 
espacial mais nítida e sem sobreposição de 
imagens (vários cortes, diferente da 
sobreposição dos raios X convencionais) e 
com bons detalhes. 
Uso de radiação ionizante (contraindicado 
para gestantes) 
As imagens não possuem estruturas 
anatômicas com distorções e sim mantém 
suas proporcionalidades (desde que o exame 
seja de boa qualidade) 
Custo maior se comparado ao aparelho de 
raio X convencional. 
Podemos utilizar técnicas de manipulação 
pós-reconstrução (3d,2d, ampliação, etc) 
Grande tamanho com a necessidade de um 
grande espaço para todo o maquinário 
(gantry e sala de exames) 
Consegue distinguir tecidos com pequenas 
diferenças de densidade, especialmentetecidos moles (pois usa mais tons de cinza 
que o raio X convencional). 
Pacientes podem ter reação alérgica ao 
contraste iodado utilizado nos exames de 
tomografia 
Podemos medir quantitativamente as 
densidades dos tecidos, estruturas e lesões 
que estamos estudando. 
 
 
 Sempre ouvimos por aí que tal tomografia computadorizada é de 2, 8, 16, 64 
ou 128 canais. O que significaria isso a grosso modo? Quanto maior o número de canais, 
melhor resolução e definição das imagens estudadas. Esse aumento de canais nada mais seria 
do que o aumento de detectores. Lembra-se do que estudamos lá em cima? Lembra-se dos 
detectores? Abaixo segue uma imagem demonstrando bem o que ocorre quando aumentamos 
o número/fileira de detectores. Há aumento da aquisição/leitura das informações. Óbvio que 
quanto mais canais, mais cara é a tomografia. Por que mais canais? Óbvio. Mais canais, melhor 
estudo. Qual tomografia seria melhor para estudar o corpo, em especial territórios anatômicos 
com movimentos rápidos como vasos? Uma de 8 canais ou 64 canais? Deixo a resposta com 
você. 
21 
 
 
 Já citei que os detectores são os responsáveis por captar a radiação emitida 
pelos raios X dos tubos, que estão girando em torno do paciente, e transformar os dados em 
sinais que possam ser processados e digitalizados pelos sistemas de computadores por meio 
de softwares. A interpretação dessas imagens anatômicas pelos sistemas só é possível através 
de matrizes de imagem (projeções de vários ângulos a fim de reconstruir a imagem final com 
maiores detalhes). Uma matriz de imagem é composta por pixels. Quanto maior o número de 
pixels (unidades formadoras de uma imagem digital) melhor a resolução da imagem. O pixel é 
uma unidade de medida bidimensional (altura x comprimento) que mostra informações 
anatômicas. Já o fragmento de tecido estudado (com profundidade) é chamado de voxel. Ou 
seja, a grosso modo, o voxel seria um fragmento o tecido estudado que inclui, além do 
comprimento e altura, a profundidade/espessura da imagem. As imagens são armazenadas em 
formato DICOM (Digital Imaging and Communication in Medicine). Perceba abaixo uma 
imagem tomográfica (com sua matriz, ou seja, as linhas e colunas) representando os voxels e 
pixels. 
22 
 
 
 
 Existem acessórios que compõe o aparelho tomográfico. Um desses 
acessórios, altamente utilizado para injeção de contraste para estudos dinâmicos, é a bomba 
injetora de contraste. Após a adequada obtenção da via de acesso vascular do paciente, 
podemos escolher o quanto de contraste (ml) vamos injetar em uma determinada quantia de 
tempo (segundos). O uso dessa bomba injetora ocorre principalmente em estudos 
angiográfico. O contraste utilizado na tomografia são substâncias derivadas do iodo. 
 
Ressonância Magnética 
23 
 
Entrando para um novo marco radiológico, devemos começar falando da ressonância no que 
diz respeito à radiação. Ela não utiliza radiação ionizante, pois, como o nome próprio sugere 
seu mecanismo de formação de imagens advém do magnetismo ou de propriedades 
magnéticas. Mas, como podemos iniciar o estudo do corpo humano apenas com um “campo 
magnético”? Concordemos que necessitamos escolher um átomo para utilizarmos esse 
magnetismo a fim de iniciarmos nossos estudos. Você consegue pensar em algum? O 
hidrogênio foi o escolhido. Não é mistério. É o átomo mais abundante em nosso corpo. 
Os átomos muitas vezes tendem a apresentar movimentos desordenados e com o hidrogênio 
não é diferente. Precisamos utilizar um campo magnético para ordenar o movimento do 
mesmo. Observe a imagem abaixo: 
 
Veja, à esquerda, como os átomos de hidrogênio tendem a ter um movimento desordenado, 
de forma que não é possível um estudo adequado do tecido. À direita temos os mesmos 
átomos de hidrogênio, porém, sob efeito de um campo magnético. Perceba que os 
movimentos são organizados e, com isso, o estudo adequado é possível. A finalidade da 
ressonância é, a grosso modo, fornecer um campo para orientar os átomos de hidrogênio, 
estimulando-os organizadamente e estes, ao devolver a energia que lhes foi fornecida, 
fornecer dados dos tecidos na qual estão localizados. Não vamos entrar na parte física ou do 
funcionamento avançado da ressonância magnética, mas sim tentar compreender conceitos 
básicos, tal como fizemos na tomografia. 
A parte mais importante de uma ressonância magnética é o magneto. O magneto é 
categorizado por uma escala de potência chamada tesla (por isso ouvimos falar que tal clínica 
ou centro de referência comprou ressonância de tantos teslas). O aparelho de ressonância usa 
pulsos de radiofrequência direcionados ao hidrogênio. O aparelho direciona esse pulso para a 
área que queremos estudar. Os prótons absorvem aquela energia e passam a girar em uma 
frequência e direções específicas. Normalmente esses pulsos de radiofrequência são aplicados 
através de bobinas de radiofrequência, cujas quais são das mais variadas possíveis para 
diferentes partes do corpo. Quando o pulso é desligado, os prótons de hidrogênio começam a 
retornar aos seus alinhamentos naturais dentro do campo magnético e liberam o excesso de 
energia armazenada. Ao fazer isso, eles emitem um sinal que a bobina recebe e envia para o 
computador e as imagens são geradas e interpretadas. 
24 
 
 
Observamos, à esquerda, o magneto da RM e à direita observamos o aparelho em 
funcionamento. 
 
 
 
25 
 
Em resumo, esse magneto principal pode se arranjar de 3 formas mais conhecidas. São elas: 
resistivos, permanentes e supercondutores. Os supercondutores são os que proporcionam 
melhores imagens devido a gerar um alto campo magnético (alta intensidade de corrente 
elétrica). São usados mais em aparelhos de alto campo e são refrigerados por hélio. São 
excelentes. Os resistivos são os usados normalmente em aparelhos de campo aberto e 
possuem certa limitação de potência no campo magnético (limitação de teslas). Os 
permanentes possuem baixa potência de campo magnético e possuem baixo custo, sendo 
mais bem aplicados em exames de extremidades. Hoje existem cada vez mais magnetos 
modernos, com melhores campos e melhor aperfeiçoáveis. Um campo homogêneo, com 
estabilidade e intensidade é fundamental para um bom exame de ressonância magnética. 
 
Observe, à esquerda, um aparelho de ressonância de campo aberto e observe à direita um 
aparelho de ressonância magnética de campo fechado. 
 
A potência do campo e do magneto é tão importante que podemos observar na imagem 
abaixo um exemplo claro de qualidade de imagem. Sutil aos olhos iniciantes, mas essencial aos 
olhos dos mais experientes que prezam por qualidade de imagem acima de tudo. Comparamos 
um aparelho aberto de 0,3T com um equipamento de 1,5T. Existem no mercado equipamentos 
de 3,0T (de mais alto campo) que fornecem imagens ainda mais definidas e detalhadas. 
 
Além das bobinas de radiofrequência (que nada mais são do que materiais que retransmitem 
os pulsos magnéticos do magneto, guiando-os e direcionando-os adequadamente ao tecido a 
ser estudado, além de medir o sinal que foi emitido de volta por esse tecido para auxiliar na 
adequada formação das imagens) e do magneto principal, temos as bobinas de gradiente. O 
que seriam essas bobinas de gradiente? 
26 
 
São materiais eletromagnéticos com capacidade de provocar variações de posição e variação 
no campo magnético. E por que isso é importante? Porque essas bobinas auxiliam na seleção 
dos cortes, codificação de frequência e de fases do exame. Quanto maior a potência desses 
gradientes, maior a resolução e velocidade das imagens geradas. Normalmente temos 3 delas 
(X, responsável por selecionar os cortes sagitais, Y, responsávelpor selecionar os cortes 
coronais e Z, responsável por selecionar os cortes axiais). 
 
 Como realizamos o exame de ressonância magnética? 
Com os pulsos de radiofrequência direcionados ao hidrogênio da área do corpo que queremos 
estudar, faremos com que os hidrogênios daquela região absorvam energia para se moverem 
de forma ordenada ou girar em uma posição ordenada/específica. A palavra "ressonância" não 
é à toa e se aplica especialmente nessa hora. Esses pulsos de radiofrequência são aplicados e, 
através de bobinas, as quais são adaptadas para as diferentes regiões do corpo, estimulam a 
área corpórea alvo. Algumas vezes é necessário o uso de meio de contraste para melhorar a 
visualização das imagens. No lugar do iodo da TC usamos o gadolíneo aqui. 
Lembram-se das janelas da tomografia? Na ressonância utilizamos algo semelhante. Porém, 
não vamos dar o nome de janelas, mas sim de ponderações. Essas “ponderações” são feitas 
com base nos pulsos magnéticos que o aparelho irá administrar para energizar os átomos de 
hidrogênio. Os dois componentes mais básicos que compõe uma ponderação são os tempos 
de repetição e os tempos de eco. Vamos descrevê-los da forma mais didática possível para os 
mais iniciantes não terem medo. 
TR (Tempo de repetição) - Como o nome sugere, é o intervalo decorrido entre pulsos 
excitatórios sucessivos no tecido. 
 
27 
 
TE (Tempo de eco) - Novamente, como o nome já nos sugere, é o intervalo entre o pulso 
excitatório e a amplitude máxima desse sinal, ou, em outras palavras, é o tempo decorrido 
entre o pulso excitatório e o pico energético deste pulso, que irá gerar sinal, que será recebido 
pelo aparelho. Depois disso o ciclo reinicia. 
 
A nomenclatura utilizada na ressonância magnética também muda. No raio X convencional 
tínhamos radiopaco e radiotransparente. Na tomografia tínhamos hipodenso, isodenso e 
hiperdenso. Aqui temos hipoINTENSO para imagens escuras, isoINTENSO para imagens com 
intensidades de sinal semelhantes e hiperINTENSO para imagens brancas. 
Quando juntamos um TR x com um TE y podemos criar as ponderações. As duas principais são 
as que conhecemos pelo nome de T1 e T2. A principal característica de T1 é exibir sinal escuro 
(hiposinal ou hipointensidade) para a água. Quanto mais água naquela região, mais escura ela 
ficará. A recíproca também. Menos água, menos hipointensidade. Já a principal característica 
de T2 é exibir sinal claro (hipersinal). Vamos identificar essas duas principais ponderações nas 
imagens a seguir 
 
Veja duas RM’s de crânio. T1 à esquerda e T2 à direita. Perceba que o líquor dos ventrículos 
laterais está escuro (hipointenso) em T1 e brilhante em T2 (hiperintenso). Outro fator que nos 
ajuda a diferenciar T1 de T2 na neurorradiologia é a substância branca e a substância 
cinzenta. A substância branca possui mielina, já que contém axônios. A mielina é hidrófoba, 
ou seja, a substância branca contém muito pouca água. Já a substância cinzenta é composta 
por corpos de neurônios e compreende o córtex e os núcleos da base, ou seja, a substância 
cinzenta irá conter uma graduação aquosa maior que a substância branca. Em T1 a água fica 
escura e podemos perceber que a substância branca fica clara em T1 (contém pouca água, 
então pouco hiposinal, predominando o hipersinal) e a substância cinzenta (córtex e núcleos 
da base) ficam escuros em T1 (mais água, mais hipointensidade). Já em T2 a lógica é inversa. 
Quem tem muita água fica claro e quem tem pouca água fica escuro. Pela mesma lógica, a 
substância branca fica escura (tem pouca água) e a substância cinzenta (núcleos da base e 
córtex) fica clara (tem mais água). 
 
28 
 
 
Veja duas RM’s de abdome. À esquerda um T1 e à direita um T2. Como saber? Devemos 
procurar a água em alguma região anatômica do território que estamos estudando. Nesse 
corte temos dois locais. O primeiro é o estômago (apontado pela seta vermelha). O estômago 
contém secreções gástricas aquosas. Observe que no T1 o conteúdo estomacal (aquoso) 
contém hiposinal (é escuro) e no T2 o conteúdo estomacal (aquoso) contém hipersinal (é 
claro). Outra região é no canal medular (apontado pela seta verde). O canal aquoso contém 
líquor (que contém água). É o mesmo princípio do líquor usado na neurorradiologia que 
estudamos acima. Em T1 o líquor do canal medular fica escuro e em T2 o líquor do canal 
medular fica claro. 
 
 
Veja três RM’s de coluna em um corte sagital. À esquerda temos um T1 e no meio e à direita 
um T2. Podemos observar a presença de líquor circundando o cone medular e a cauda equina 
(com suas raízes). A água é escura em T1 e clara em T2, estando, portanto, justificado os 
sinais emitidos. Outro fato que podemos estudar na coluna é a composição do disco 
intervertebral. Temos o núcleo pulposo, apontado pelas setas vermelhas (hiperintenso em T2 
por conter muita água) e o anel fibroso apontado pelas setas verdes (que possui menos sinal 
em T2, por não conter muita água). 
 
29 
 
 
Observe, em detalhes, o disco intervertebral e sua composição. Anel fibroso e núcleo pulposo. 
Devemos tomar BASTANTE cuidado, pois, quando o disco está desidratado, o núcleo pulposo 
perderá o hipersinal característico. Observe abaixo. 
 
Temos 3 RM’s de coluna. Todas são T2. A primeira está em um corte sagital e as demais estão 
em corte axial. O que podemos reparar? Na primeira RM temos, apontado pelas setas 
vermelhas, o núcleo pulposo, que, em condições normais, apresenta hiperintensidade em T2, 
por estar hidratado. Ainda na primeira RM observamos que há um disco marcado em 
vermelho que, diferente dos demais, não possui uma diferenciação tão boa entre o núcleo 
pulposo e o anel fibroso. É um disco desidratado ou em processo degenerativo. Para visualizar 
melhor, temos as outras 2 RM’s em corte axial. A primeira RM em corte axial mostra um disco 
intervertebral normal (núcleo pulposo hiperintenso e anel fibroso hipointenso). Já a segunda 
RM em corte axial mostra um disco intervertebral em processo de degeneração e 
desidratado. Observamos que o núcleo pulposo está com limites mal definidos, além de ter 
perdido o hipersinal característico. Conforme o processo for avançando, ficará cada vez mais 
difícil verificar a hiperintensidade do núcleo pulposo. Todas essas 3 RM’s são do mesmo 
paciente. As RM’s axiais comparam justamente os discos normais com o disco patológico do 
paciente 
 
30 
 
 
Veja duas RM’s. À esquerda temos um T1 e à direita temos um T2. Podemos observar 
algumas coisas estranhas nesse T1. Trata-se de uma paciente histerectomizada e com outra 
lesão genitourinária (perceptível pelo asterisco amarelo). Explicado isso, vamos olhar para um 
local nesse corte que contenha água. Exato. A bexiga. Observamos uma bexiga mais repleta e 
cheia no corte T2 (podemos ver a urina brilhar no interior do referido órgão) e observamos 
uma bexiga não tão cheia, porém, que contém urina (representado no corte T1 através de um 
jogo da velha ou hashtag branca). A urina no corte em T1 apresenta hiposinal. No corte T2, 
apresenta hipersinal. 
 
 Diferente da água, que exibe hiposinal em T1 e hipersinal em T2, a gordura 
apresenta hipersinal tanto em T1 quanto em T2. A diferença é que em T1 ela apresenta um 
brilho (hipersinal) maior e mais evidente que em T2. Essa característica da gordura poderá nos 
ajudar quando estivermos em um corte de tecido que não tenha água para nos guiarmos. Por 
exemplo? Ressonância de ombro e de joelho. 
 
Veja duas RM’s de ombro. À esquerda, T1 e à direita, T2. O que fazer nesses casos em que não 
temos um referencial de água no corte anatômico estudado? Podemos utilizar um “macete”. 
A gordura é hiperintensa em ambas as ponderações, porém, a hiperintensidade em T2 é bem 
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mais discreta do que a hiperintensidadeem T1 (basta comparar a medula óssea amarela do 
úmero, apontado pela seta vermelha, que possui gordura em sua composição). Devemos ter 
MUITO CUIDADO com esse macete, pois existem outras ponderações como a DP (densidade 
de prótons) que pode confundir os olhos mais desatentos. Algumas vezes até mesmo a forma 
como fazemos o exame no aparelho magnético pode causar ligeiras alterações de 
intensidades. Devemos utilizar com cautela. 
 
O TE e TR são medidos em milissegundos (ms) e são classificados em longos ou curtos. Um TR 
curto é aquele próximo de 500 ms e um TR longo é próximo a 2000-2500 ms. Um TE curto é 
aquele próximo de 20 ms e um TE longo é próximo de 90 ms. TE curto com TR curto geram T1. 
TE longo com TR longo geram T2. 
 
T1 é uma ótima ponderação para vermos a anatomia local e aspectos mais fisiológicos 
enquanto que T2 é uma ótima ponderação para vermos patologias. Obviamente T1 também 
tem seus papeis em patologias diversas, porém, T2 é mais bem utilizado para esse fim, 
devendo-se, inclusive, utilizarmos várias ponderações para complementar nosso arsenal de 
avaliação imaginológica. 
Existem várias outras ponderações (FLAIR, STIR, GRE, DP, DIFUSÃO, ADC, SWI, etc), técnicas 
(Spin eco, fast spin eco, etc) e técnicas especiais na ressonância (Em fase, fora de fase, 
perfusão, etc), porém, vamos nos ater ao básico. Saiba que muita informação a cerca da física 
e dos pulsos magnéticos da ressonância foram deixados de lado, pois, além de não ser 
didático, causaria medo e hesitação nos iniciantes que estão lendo pela primeira vez ou até 
mesmo acadêmicos que estão estudando por essa apostila (caso você seja um aluno 
experiente, residente ou radiologista, sabe do que estou falando). Iremos falar somente sobre 
a técnica de supressão ou saturação de gordura, pois ela é bastante essencial e útil. Não que as 
outras não sejam, mas essa é uma das técnicas que todos deveriam ter conhecimento. Para 
isso precisamos nos lembrar de alguns aspectos patológicos básicos da reação inflamatória. 
Na reação inflamatória temos quatro componentes básicos: Calor, rubor, dor e edema. O 
edema é obviamente composto por água, que é hiperintensa em T2. A gordura apresenta 
hiperintensidade tanto na sequência T1 quanto na sequência T2. Como a água apresenta 
32 
 
hiperintensidade em T2 e a gordura também apresenta o que fazer diante de um território 
corpóreo que contém tecido adiposo e que contem uma inflamação ou processo patológico 
que contenha edema? Como vamos ver essa lesão? 
E se eu te falasse que existe uma técnica chamada técnica de supressão de gordura, onde 
iremos suprimir o sinal da gordura, deixando apenas o componente hiperintenso da patologia 
visível? 
 
Observe como o sinal da gordura (inclusive na medula óssea amarela) é suprimido. Basta 
compararmos a primeira imagem com a segunda e perceber como a primeira está mais escura 
que a segunda, especialmente o osso. Isso nos dá margem para avaliarmos melhor patologias 
inflamatórias sem que o sinal da gordura nos atrapalhe. Observe abaixo 
 
33 
 
 
Observe um T2 (À esquerda) e um T2 com saturação (ou supressão) de gordura à direita. 
Perceba como não foi possível perceber as lesões (que brilham na ponderação com supressão 
de gordura) destacadas em vermelho. Isso se deve pelo fato de que a gordura e a água brilham 
em T2. Ao isolar o sinal da gordura e deixar o edema mais visível, podemos caracterizar as 
lesões de uma forma melhor. Cuidado para não confundir tudo que brilha com lesões. Observe 
que os vasos (setas) se tornam mais destacados como efeito “colateral” do uso dessa técnica 
radiológica. 
 A técnica de supressão de gordura não serve apenas para o sistema 
musculoesquelético. Podemos aplicar para outros locais onde queremos apagar o sinal da 
gordura para confirmar ou afastar alguma patologia. Vamos falar apenas de outros 2 sistemas 
e outras 2 aplicabilidades porque se não as páginas sobre ressonância não vão acabar. 
 
Observamos 3 RM’s. Em T1 observamos uma lesão intramedular com hiperintensidade. Em T2 
a lesão intramedular também tem hiperintesidade, porém, bastante discreta. Quando 
utilizamos a técnica de saturação (ou supressão) de gordura, o que ocorre com o sinal da 
lesão? Desaparece. De posse desses dados, a principal hipótese foi lipoma intramedular. 
 
34 
 
 
Temos duas RM’s. A da esquerda está ponderada em T1 (observem o canal medular com o 
líquor hipointenso) e a da direita está com supressão de gordura. Essa supressão é visível, pois 
a gordura que circunda o rim em questão está hiperintensa no corte da esquerda e está 
hipointensa no corte da direita (a gordura dessa RM está suprimida). Esse paciente havia 
realizado uma TC que mostrou uma lesão hipodensa e que precisava de um estudo 
complementar por meio da RM. Observamos que na supressão de gordura, algumas partes da 
lesão (que é heterogênea) apagaram. Esse caso era um caso de angiomiolipoma. 
 
 Outro fato que pode ocorrer no exame de RM é, em decorrência do fluxo 
acelerado dentro dos vasos, o sinal correspondente ao território vascular em questão não se 
formar. Isso pode ser mais bem visto em vasos sanguíneos. É o que chamamos de efeito 
flowvoid. Esse efeito ocorre quando o sinal não consegue ser formado em decorrência de um 
fluxo vascular acelerado. Observe abaixo, apontado pelas setas, a ausência de sinal em alguns 
vasos de alto fluxo como as artérias do sistema carotídeo e vertebro-basilar. 
 
35 
 
 O que será que ocorre quando não temos hidrogênio na região anatômica que 
estamos estudando ou quando o movimento do hidrogênio daquele tecido é bem limitado? 
Pensem bem. Escolhemos o hidrogênio por ele ser abundante em nosso corpo, porém, ele não 
está em todos os locais ou pode até estar, mas apresentar restrições de movimentos. É o caso 
das cartilagens e ligamentos. Normalmente elas apresentam uma ausência de sinal, bem como 
a cortical dos ossos. Observe abaixo 
 
Note como os ligamentos colaterais (anterior e posterior), demais cartilagens e corticais dos 
ossos possuem um sinal bem hipointenso (praticamente uma ausência de sinal) devido ao 
movimento inadequado do hidrogênio ou devido a conter pouca água em movimento 
adequado para ser captado pelo aparelho. 
 
Vantagens da RM Desvantagens da RM 
Raras reações alérgicas ao gadolíneo (se 
compararmos com o iodo da TC). 
Altíssimo custo se comparado com o RX e alto 
custo se comparado com a TC 
Não usa radiação ionizante Pacientes com objetos metálicos (próteses 
valvulares, marca-passos, pinos, etc) não 
podem utilizar a RM. Por quê? Imagine um 
magneto gigante puxando o marca-passo 
metálico de um paciente para fora do seu 
corpo. Concordamos que não é legal. 
Possui excelente resolução e qualidade de 
imagens (a depender da capacidade dos 
teslas), exceto nos pulmões, onde a TC é 
preferida. 
Exame muito demorado (cada ponderação 
leva alguns minutos para ser gerada. Umas 
mais e outras menos minutos. O exame 
completo utiliza em média 3 a 4 
ponderações, então, é um exame demorado). 
Pode gerar imagens em qualquer plano 
devido às suas 3 bobinas gradientes 
Pacientes claustrofóbicos tendem a não 
aceitar bem o exame devido ao medo de 
36 
 
(diferente da TC que só produz cortes axiais, 
que precisam ser totalmente remontados). 
entrar em um local fechado e um pouco 
apertado, além de ter que ficar nele por 
vários minutos. 
 Durante o exame, devido ao funcionamento 
do aparelho e do magneto, há uma grande 
quantidade de ruído forte sendo produzido. 
Para amenizar isso, o paciente deve usar 
abafadores ou protetores sonoros. 
 
 Os artefatos de imagem não ocorrem somente na RM, porém, devemos ter 
cuidado principalmente com ela. Artefatos são imagens caracterizadaspor alterações não 
esperadas na imagem radiográfica. O pulsar da aorta, um fragmento balístico, grampos 
cirúrgicos, movimentação do paciente, respirações profundas, campo magnético heterogêneo 
e desregulado, etc. 
 
Podemos observar 3 RM’s com artefatos. A primeira com artefato devido à respiração 
profunda de um paciente claustrofóbico, a segunda com artefatos de movimentação de um 
paciente hiperativo e a terceira tem um artefato de pulsamento aórtico (apontado pelas setas 
vermelhas). 
 
 Muitos acadêmicos possuem essa dúvida após estudar TC e RM. Mesmo 
sabendo que você irá ver neuroimagem na próxima aula, por que não matar essa curiosidade? 
Quando aplicamos para a neurorradiologia, como saber quem é TC e quem é RM de crânio? 
37 
 
 
Observamos 3 exames de imagem. Dois são RM’s e um é TC. A primeira coisa que podemos 
perceber é que a 1º imagem possui um grau de detalhamento e resolução aquém das outras 
duas imagens que estão ao seu lado. Na neurorradiologia a RM possui um grau de 
detalhamento superior ao da TC. Então temos: 1º imagem  TC, 2 e 3º imagens  RM’s. 
Outro fato que podemos perceber é que o cálcio exibe hiperdensidade no exame de 
tomografia (podemos perceber o cálcio do crânio, que é hiperdenso) enquanto o cálcio exibe 
hipointensidade no exame de ressonância (se transferirmos a área compreendida pelo crânio 
da TC para a RM da para perceber que o crânio tende a ter hipointensidade. Não devemos 
confundir o crânio, hipointenso, com a pele e tecido subcutâneo, que irão apresentar isossinal 
e hipersinal, respectivamente. Outro macete, agora para todas as TC’s é que existem 3 coisas 
principais que são espontaneamente ou naturalmente hiperdensas: sangue em fase aguda, 
cálcio e meios de contraste. 
 
Ultrassonografia 
Estudamos os raios X, a tomografia, a ressonância e agora temos a ultrassonografia. Para 
darmos início ao nosso estudo temos que nos lembrar: O que é um ultrassom? Ultrassom é um 
som a uma frequência superior àquela que o ouvido do ser humano pode perceber, ou seja, 
aproximadamente 20.000 Hz. Após lembrarmo-nos desse conceito, é importante que 
lembremo-nos de alguns outros mais. 
Frequência  Descrita como uma grandeza que indica o número de ocorrências de um evento 
(ciclos, voltas, oscilações, etc) em um determinado intervalo de tempo. 
Impedância Acústica  Dificuldade que um som tem à passagem em um determinado meio. O 
meio gasoso é um meio de baixa impedância acústica, ao contrário do meio sólido, de alta 
impedância. 
Agora que entendemos esses 2 conceitos, precisamos entender a dinâmica dos ultrassons no 
estudo radiológico. Para entendermos os princípios básicos, vamos tentar achar, em outro 
lugar, alguma coisa que lembre o funcionamento dos ultrassons utilizados na radiologia. 
Temos um exemplo principal: um sonar. O sonar funciona jogando uma onda, que bate em 
algo e retorna para a origem da sua emissão, trazendo consigo alguma informação do meio 
onde foi exposta. 
38 
 
 
Aplicando ao meio radiológico, quem iria ser o emissor dessas ondas? Não é a toa que o exame 
de ultrassonografia (ou ecografia) é feito com o auxílio de transdutores, conforme mostrados 
abaixo nas imagens. 
 
 
Mas no que isso nos interessa? Por que um transdutor é importante para o exame? 
Os aparelhos de ultrassom utilizam frequências variáveis através de objetos chamados de 
transdutores. Os transdutores são dispositivos que recebem algum tipo de sinal e o 
retransmite. No caso dos transdutores de ultrassonografia, os mesmos possuem, em sua 
extremidade, cristais que possuem a capacidade de converter energia elétrica em energia 
39 
 
sonora (ou mecânica) e vice-versa (também chamado de efeito piezoelétrico). Além de 
diferenças de frequência, podemos classificar os transdutores de acordo com sua disposição 
ou formatação. Dentre os principais, temos: convexo, linear, setorial e endocavitário. 
Qual a importância de utilizarmos diferentes frequências? 
Simples. Quanto maior a frequência do transdutor maior será a definição das imagens, mas 
menor a profundidade de penetração. Na prática isso quer dizer que podemos utilizar um 
transdutor com maior ou menor frequência a fim de alcançar alguma região corpórea ou 
algum órgão. Teremos que escolher sabiamente para adquirirmos imagens melhores e mais 
nítidas. Partindo desse conceito, responda rápido: você escolheria um transdutor de alta ou de 
baixa frequência para avaliar uma tireoide? Se você respondeu que escolheria um transdutor 
de alta frequência, acertou. A tireoide é um órgão bem superficial (se comparado com outros, 
como o fígado, por exemplo), logo, um transdutor de alta frequência irá deixar as imagens 
mais nítidas, embora que haja perda de profundidade, isso não seria um problema diante da 
tireoide. 
 
Para realizarmos o exame ultrassonográfico precisamos utilizar um gel à base de água. Por 
quê? 
Porque precisamos que o transdutor deslize melhor e, além disso, esse gel favorece a retirada 
do ar presente nos poros, dobras da pele, etc. Precisamos retirar essa interface "transdutor-ar-
paciente" e ao colocarmos o transdutor em contato direto com a pele do paciente juntamente 
com esse gel, conseguimos transformar "transdutor-ar-paciente" em "transdutor-paciente", 
favorecendo a melhor aquisição das imagens e um melhor contato do transdutor com a região 
a ser estudada por ele. Lembre-se, o gás não é um bom condutor de ultrassons. 
 
40 
 
O ar ou gás não é um bom veículo condutor de ondas ultrassonoras. Isso é tão verdade que em 
exames de ultrassonografia abdominal IDEAL precisamos de um período de jejum por parte do 
paciente, pois precisamos reduzir a quantidade de ar no intestino. Afinal de contas, precisamos 
que o ultrassom vá até a região anatômica desejada, bata naquela região e volte com um eco 
(parecido com um sonar) para aí então termos a formação plena da imagem. O ar/gás não 
permite que o som bata e retorne de maneira adequada, dificultando a formação das imagens. 
O mesmo ocorre com o crânio. O osso não permite que o som tenha livre trânsito sonoro 
("bate e volta"), de forma que o ultrassom não é um bom método radiológico para adquirir 
imagens a partir de componentes ósseos como o crânio (exceto em casos onde as fontanelas 
estejam abertas. É o que chamamos de ultrassom transfontanelar, feito em criancinhas cujas 
fontanelas ainda não fecharam). 
Como utilizamos o som, a nomenclatura utilizada nesse método de exame de imagem é 
baseada no eco. Hipoecóico para imagens pretas, isoecóico para imagens com ecogenicidade 
semelhantes e hiperecóico para imagens brancas. Há uma quarta nomenclatura, na qual 
atribuímos o nome de “imagem anecóica” ou sem eco. Estruturas anecóicas são aquelas que 
são livres de ecos, como a água, por exemplo. 
Ou seja, revisando: o aparelho de ultrassom é composto por transdutores, que possuem 
cristais piezoelétricos na sua extremidade, que são capazes de converter energias (no caso, 
transformar a energia em energia sonora). Aprendemos que devemos utilizar sempre um gel a 
fim de criar uma interface melhor do transdutor com a pele do paciente a fim de evitar que os 
feixes sonoros sejam refletidos. Portanto, a ultrassonografia é o resultado final de uma leitura 
de ecos gerados pelos reflexos do aparelho de ultrassom, semelhante aos sonares e radares 
que vimos lá em cima. O aparelho não é somente formado por transdutores, mas por outros 
apetrechos. Vamos visualizar as imagens a seguir 
 
 Como realizamos o exame de ultrassonografia? 
O exame de ultrassom começa com o preparo do paciente, antes mesmo dele chegar ao local 
que fará seu exame. Cada região do corpo tem um protocolo, tempo de jejum e características 
41 
 
que devem serobedecidas. Por exemplo: para o exame de abdome recomenda-se jejum de 8 
horas e alguns gostam do uso de medicações que faça com que o intestino do paciente fique o 
mais livre possível de gases e fezes. Após o devido preparo, devemos escolher qual transdutor 
iremos utilizar (tipo e frequência) e aplicar o gel na região anatômica que vamos estudar. 
Inserimos o nome do paciente no aparelho e iniciamos o exame até estudarmos todo aquele 
território pedido. É válido ressaltar que alguns ecos que retornam de estruturas profundas 
podem voltar com força reduzida. Assim sendo devemos, através do painel de comando do 
aparelho, amplificá-los (TGC ou amplificador de compensação). Será mandatório que 
conheçamos também os dois efeitos sonoros principais da ultrassonografia, em minha opinião. 
Existem vários outros (absorção, reverberação, reflexão, refração, etc), mas vamos nos ater 
aos 2 principais. São os efeitos sonoros que determinadas lesões ou patologias podem vir a 
gerar. A sombra acústica e o reforço acústico. 
 Sombra Acústica 
Imagine que você é uma onda ultrassonora e vai viajar até a vesícula biliar. Certo, eu vou 
chegar lá na vesícula e a minha missão é gerar uma onda sonora, correto? Correto. Porém, se 
por alguma eventualidade tivermos um obstáculo que faça com que você não consiga passar 
como, por exemplo, um cálculo biliar. E aí? O que vai acontecer? Não consegue imaginar? Eu 
facilito. Vamos para outro exemplo 
Temos uma fonte de luz vinda de uma lanterna, que está jogando raios luminosos e você, por 
ventura, coloca um objeto, cujo diâmetro é menor que o diâmetro da lente da lanterna, na 
frente dela. Vai se formar uma sombra, correto? É o mesmo princípio da sombra acústica. 
Quando o som bate em uma estrutura sólida, como um cálculo (seja no rim ou na vesícula), ele 
tende a formar uma sombra acústica. O som não consegue passar adequadamente por ali. Ele 
é, a grosso modo, “absorvido”, ou seja, a sombra acústica ocorre quando um feixe de 
ultrassons tem no meio do seu trajeto uma estrutura que é muito densa. Como o som não 
consegue passar adequadamente forma-se uma zona hipoecóica (uma sombra) 
posteriormente ao obstáculo. Veja abaixo: 
 
Para didatizar mais, podemos conceituar a sombra acústica como um fenômeno acústico 
formado devido a algo que apresenta alta impedância acústica (estruturas sólidas) se 
comparado com o tecido circunjacente. Se uma estrutura ou lesão absorve mais intensidade 
ecoica do que o tecido circunjacente, a imagem aparece mais escura (forma uma sombra). 
42 
 
 É errado acharmos que toda sombra acústica será patológica. A sombra se 
forma diante de algo ou alguma coisa extremamente densa ou com grande impedância 
acústica. Ponto final. Se esse algo ou alguma coisa for uma costela, por exemplo, será 
fisiológico e não patológico. Observe o exemplo abaixo (costelas) e veja a sombra acústica que 
ela forma. 
 
Observe, representado pelas letras “C”, as costelas emitindo duas sombras acústicas em um 
ultrassom de parede torácica. 
 
 Reforço Acústico 
O reforço acústico ocorre em estruturas com baixa atenuação (hipoecogênicas). Como isso é 
possível? Imaginemos que você é uma onda ultrassonora que vai até o ovário de uma 
paciente. Lá, temos um cisto simples de ovário. Muito provavelmente essa onda ultrassonora, 
no caso você, vai passar lá tranquilamente, com certa impedância, obvio, mas vai conseguir 
passar. O que ocorre se, do nada, você, uma onda ultrassonora, passando por uma região 
sólida dá de cara com um cisto simples? Ora, o cisto é basicamente composto por líquido, 
então, já que o líquido favorece mais a passagem do som que o sólido, a onda passa sem 
demais problemas ou perdas sonoras. É comum encontrarmos o reforço acústico em órgãos 
com grande quantidade de água, como vesícula biliar e a bexiga, decorrente da baixa 
atenuação dessas estruturas ao feixe sonoro. O reforço acústico é uma maneira útil de 
caracterizar uma estrutura anecóica. Não quer dizer que o reforço acústico seja patológico. 
Podemos observá-lo em patologias que contenham fluidos sim, mas, como dito agora, órgãos 
também podem mostrar esse efeito. Observe abaixo a bexiga (bladder) à esquerda e um 
ultrassom patológico, com reforço acústico, à direita. 
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Para didatizar mais, podemos conceituar o reforço acústico como um fenômeno acústico 
formado devido a algo que apresente uma baixa impedância acústica se comparado com o 
tecido circunjacente. Se uma estrutura ou lesão absorve menos intensidade ecoica do que o 
tecido circunjacente, a imagem aparece com um reforço ecoico (Reforço Acústico). 
 Efeito Doppler 
As imagens dos fluxos em movimento são obtidas pela emissão de pulsos sonoros e ecos do 
ultrassom e são transformados em cores, a depender da velocidade desse fluxo. É similar ao 
efeito Doppler que observamos em um som de ambulância ou trem, por exemplo. 
 
Esse efeito pode ser usado tanto para estudar a vascularização local e fisiológica quanto para 
aferir a presença de vascularização patológica. Veja abaixo um exemplo renal. 
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Podemos observar o devido estudo dos vasos renais (basta comparar o exame de imagem com 
a ilustração) através do Doppler. Esse Doppler é chamado Doppler colorido (não é o único tipo 
Doppler utilizado na ultrassonografia, mas não falarei deles aqui, nessa apostila). Muitos 
acham, erroneamente, que SEMPRE a cor azul irá representar o fluxo das veias e que a cor 
vermelha irá representar o fluxo das artérias. É uma ideia errônea, apesar de que essa lógica 
aconteça algumas vezes. Eu não recomendo utilizá-la em todos os casos, pois ela é bastante 
falha. O Doppler colorido representa um mapeamento dos elementos móveis em relação à 
intensidade e ao sentido do movimento, em relação ao transdutor. Convencionou-se que o 
fluxo em direção ao transdutor (ou que se aproxima do transdutor) tem cor vermelha e o fluxo 
em direção contrária ao transdutor (ou que se afasta do transdutor) tem cor azul. Existe outro 
detalhe: fluxos de maior velocidade são expressos por tonalidades mais claras de sua 
respectiva cor. Você deve ter notado na imagem acima (do doppler renal) que há tonalidades 
vermelhas e azuis, bem como tonalidades mais claras (vermelhos mais claros, quase um 
laranja, vermelhos mais escuros, azuis mais claros, quase um verde claro e azuis mais escuros). 
Tenha sempre esse conceito na sua cabeça. Esqueça aquele macete de “azul é veia e vermelho 
é artéria sempre e acabou”. Observe a imagem abaixo para entender melhor o que significa 
“se aproximar do transdutor” ou “se afastar do transdutor”. 
 
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Obs: O uso do Doppler colorido, como já foi dito, não serve apenas para visualizar 
compartimentos fisiológicos, mas também para lesões. Observe alguns exemplos abaixo: 
 
Podemos observar 3 casos patológicos. A 1º imagem mostra presença de fluxo em uma lesão 
mamária. Era um câncer. A 2º imagem mostra a presença de fluxo em uma lesão hiperecóica 
no fígado. Era um hemangioma hepático. A 3º imagem mostra a presença de uma lesão na 
parede da bexiga, com presença de fluxo. Nesse caso era um tumor de bexiga (o paciente 
fumava e tinha hematúria). O Doppler não serve só para avaliar tumores, deixo claro, porém, 
decidi trazer essas 3 lesões para a apostila por serem mais fáceis de entender. Não acredita? 
Então vamos ver um caso de malformação de veia de galeno. 
 
 
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Paciente portador de malformação da veia de galeno. USG transfontanelar mostrou uma 
lesão circular e ao uso do Doppler, fluxo. Feito exames de RM mostrou-se alteração da veia de 
galeno. 
 
 Apesar de o ultrassom apresentar limitações por conta do gás ou do crânio, é 
possível realizar exames ultrassonográficos nessas áreas,a depender do local onde se coloque 
o transdutor. O exame ficará complicado de fazer, mas com muita paciência e competência, é 
possível (possível e não fácil). Com o excesso de gás temos a formação de “imagens sujas”, ou 
imagens com a cor escura na sua profundidade. Saber disso é importante, pois, em imagens de 
USG de parede torácica, onde o paciente pode ter um derrame pleural, edema pulmonar ou 
patologias semelhantes, a perda da cor escura do pulmão pode chamar atenção para uma 
patologia. 
 
 Uma pergunta que muitos poderiam fazer com a “curiosidade” descrita acima 
é: Se o pulmão apresenta-se escuro e a água é anecóica (apresenta coloração escura também), 
como eu poderia detectar um derrame pleural em um USG? É simples. Quando temos um 
derrame pleural, aos poucos, esse derrame causará uma atelectasia passiva no pulmão 
adjacente a ele. A atelectasia é, a grosso modo, o colabamento do pulmão. Se o pulmão 
colaba, deixa de ter ar e, deixando de ter ar, sua ecogenicidade aumenta. Observe abaixo: 
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Observamos um USG de parede torácica de um paciente com derrame pleural (representado 
pelo líquido anecoico e a letra A). Representado pela letra C temos o pulmão com atelectasia 
passiva. Representado por B temos o parênquima hepático. A área representada em 
vermelho na segunda figura corresponde a uma ascite que o paciente também possuía. Ele 
possuía insuficiência hepática por causa de etilismo crônico. No exame dinâmico e ao vivo, o 
pulmão acometido praticamente flutua no líquido e se mexe de forma ondular ou com 
movimento ondulariforme. 
 Não é sempre que essa regra funciona, porém, auxilia o radiologista a 
desconfiar de um derrame pleural exsudativo ou transudativo. Quando temos um derrame 
completamente anecogênico (preto), podemos desconfiar ou levantar a suspeita de derrame 
transudativo. Quando temos um derrame pleural anecogênico com partículas ecogênicas 
(brancas), muitas vezes heterogêneas, podemos desconfiar ou levantar a suspeita de derrame 
pleural exsudativo. Observe dois exemplos. 
 
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Temos dois derrames pleurais. Um completamente anecogênico (totalmente preto), que é a 
primeira figura e temos um que também é anecogênico, mas que possui algumas partículas 
brancas (ecogênicas no seu interior). Podemos desconfiar de derrame transudativo na 1º 
imagem e derrame exsudativo na 2º imagem. O paciente da 1º imagem era um etilista crônico 
com derrame pleural do tipo transudato (confirmado) e o paciente da 2º imagem era um 
paciente com derrame pleural onde foram achadas células neoplásicas. Havia um achado de 
imagem que ajudou o radiologista a desconfiar de derrame neoplásico, que era o 
espessamento e irregularidade da pleura diafragmática (apontado pelas setas brancas). 
 
 Dentre os principais transdutores temos: 
Convexos --> Varredura setorial (em forma de leque). Usado muito em exames obstétricos e 
de abdome. Frequência de 3 a 6 MHz mais ou menos. Possuem 60º de campo de visão, 
aproximadamente. O tamanho do transdutor às vezes pode enganar, mas tenham sempre esse 
formato convexo ou de “leque aberto” na cabeça. Ajudará a não se confundir, até mesmo com 
o setorial, que possui varredura setorial também. 
 
 
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Linear --> Varredura linear (formato de retângulo). Muito utilizado para exames de tireoide, 
mama e vascular. Frequência de 5 a 11 MHz mais ou menos. O ângulo de visão, nesse 
transdutor, vai ser proporcional à largura dele. Pode ver que existem lineares de vários 
tamanhos. Cuidado também para não confundir alguns recortes (modelos) de linear com os 
convexos (pode parecer absurdo, mas isso servirá para os mais desatentos). 
 
Endocavitário --> Varredura setorial também. Usado para exames transvaginais, genitais 
internos e exames de próstata. Frequência de 5 a 11 MHz mais ou menos. Possuem 120-150º 
de ângulo de visão. Existem endocavitários mais avançados, os biplanos, que podem digitalizar 
uma forma vertical e horizontal e alternar entre as duas visualizações sem mover o transdutor. 
Existe também um triplano que pode alternar entre 3 diferentes pontos de vista. 
 
 
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Setorial --> Varredura setorial com ângulo de visão maior que os convexos. Muito utilizado 
para exames cardíacos (ecocardiografia). Frequência de 2 a 8 MHz mais ou menos. Podem 
possuir até 90º ângulo de visão. Alguns modelos podem não ser 100% quadrados, podendo 
apresentar algum grau de formatação, como mostrado na última foto abaixo. 
 
Anular --> Varredura setorial. Usado em partes moles e sistema muscular. Frequência de 6 a 10 
MHz mais ou menos. 
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Lembrem-se do que foi dito no começo do estudo sobre ultrassonografia. Quanto maior a 
frequência, maior resolução das imagens e menor penetração dos feixes sonoros. Isso não 
deve ser utilizado somente pensando no território anatômico estudado, mas também no 
paciente. Para pacientes obesos o ideal é utilizar transdutores cujas ondas sonoras penetrem 
mais e para pacientes mais magros o ideal é utilizar transdutores cujas ondas penetrem menos 
e forneçam imagens com melhor resolução, afinal, não há muito tecido gorduroso para criar 
resistência à passagem do som e atrapalhá-lo. Escolham bem seus transdutores para 
diferentes áreas do corpo. Existem aqueles que são mais utilizados para determinado fim, 
porém, fica a critério do radiologista qual o melhor transdutor para ele naquela situação. 
Existem ainda transdutores endoscópicos, laparoscópicos, transesofagianos, até mesmo para 
usarmos dentro dos vasos e compartimentos anatômicos e temos também aqueles mais 
modernos de 3D e 4D, que fornece imagens em mais de 2 dimensões. Observe abaixo um 
exemplo. 
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Ecoendoscopia anoretal com lesão submucosa (correspondia a um lipoma) 
 
 
USG coronariano. A imagem de cima mostra os componentes básicos dos vasos (as camadas) 
e o cateter de US. Podemos utilizar o USG nesses casos para mostrar placas ateromatosas 
(vistas na imagem de cima). Na imagem de baixo reparamos uma placa calcificada, que é 
mostrada pela seta verde, (o cálcio é hiperecoico no USG, assim como a gordura) que por sua 
vez forma uma sombra acústica (mostrada pela seta vermelha). 
 
 Uma modalidade de exame ultrassonográfico realizado no crânio é o 
ultrassom transfontanelar. É usado para avaliar, via transfontanelar, encéfalo de RN’s e bebês. 
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USG transfontanelar mostrando ventriculomegalia (cortes coronal e sagital, respectivamente). 
 O termo janela acústica é utilizado para um tecido ou estrutura que ofereça 
pouca impedância às ondas de ultrassom, podendo ser usados como "amplificador" de ondas 
para examinar estruturas mais profundas. A bexiga cheia de urina é a principal janela acústica 
que temos e por isso é tão importante realizarmos o exame de USG com a bexiga cheia. 
Vantagens da Ultrassonografia Desvantagens da Ultrassonografia 
Método não invasivo que permite a avaliação 
em tempo real do objeto a ser estudado 
É um exame operador dependente. Significa 
dizer que se o operador for ruim, o exame 
provavelmente não sairá tão bom quanto 
deveria. 
Não usa radiação ionizante Não consegue acessar muito bem algumas 
regiões do corpo (intestinal e crânio), seja por 
conter muita impedância acústica ou por 
possuir gás. 
Podemos avaliar o fluxo de um local através 
do doppler colorido. 
Em pacientes obesos a visualização de 
estruturas pode ser mais difícil. 
Possui um custo menor se comparado à TC e 
a RM. 
Não gera imagens tão nítidas e com tantos 
detalhes anatômicos como uma TC ou RM, 
por exemplo. 
 
Meios de Contraste 
Os meios de contraste são fundamentais na radiologia de uma maneira geral. Eles são 
compostos que interagem com os tecidos humanos, melhorando as imagensradiológicas de 
diversas formas, seja auxiliando na técnica radiológica ou realçando alguma imagem duvidosa 
ou local anatômico que você deseje estudar. 
Temos principalmente 3 meios de contraste que são utilizados na radiologia. Existe um 4º, que 
são as microbolhas do USG, mas que não falaremos aqui. O bário, o iodo e o gadolíneo. O bário 
é administrado por via oral, o iodo por via venosa ou via oral e o gadolíneo apenas por via 
venosa. Existe ainda um “4º meio de contraste utilizado”, que são as microbolhas, usadas na 
ultrassonografia, que são injetáveis. 
 Bário 
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O sulfato de bário é um meio de contraste para o trato gastrointestinal. Pode ser administrado 
VO (via oral) ou via retal. Podemos fazer enemas baritados (exames intestinais com contraste), 
esofagograma e diversas outras modalidades para o TGI. Quando opacificamos esse trato 
gastrointestinal, podemos procurar dilatações (divertículos esofagianos), estenoses, falha de 
continuidade (indicando indiretamente alguma tumoração), divertículos intestinais, etc. É 
recomendado que após o exame o paciente realize ingestão de água e fibras a fim de reduzir 
um potencial efeito colateral de constipação que esse meio de contraste pode causar. Dentre 
outros efeitos colaterais principais temos dores abdominais, náuseas e enjoo, mas podemos 
ter reações de intolerância. É contraindicado caso haja suspeita de perfuração abdominal. 
 
 
 Iodo 
Já os contrastes iodados são meios de contraste que podem ir tanto em via EV (endovenosa) 
quanto VO (via oral). Podemos classificar os contrastes iodados em dois grupos principais. 
Iônicos e não iônicos, monômeros ou dímeros. A grosso modo, os iônicos fornecem uma 
imagem com melhor qualidade, mas possuem risco maior de reações adversas se comparados 
com o não iônico. O não iônico por sua vez fornece uma imagem com qualidade menor do que 
o tipo iônico, mas em contrapartida tem um risco de reações adversas menor. Os contrastes 
iodados são utilizados na TC por via EV a fim de elevar a densidade daquela região anatômica 
ou realçar alguma imagem, melhorando as imagens e detectando possíveis imagens suspeitas. 
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Quando falamos de contrastes iodados, precisamos sempre ter em mente alguns prós e contra 
de cada classe. Iônicos monômeros, iônicos dímeros, não iônicos monômeros e não iônicos 
dímeros. Para ser classificado como monômero ou dímero, iônico ou não iônico, precisamos 
entender um pouco da estrutura química do meio de contraste iodado. Observe abaixo: 
 
 
Podemos notar claramente que a diferença de um dímero para um monômero é a presença de 
1 ou 2 anéis aromáticos benzênicos. Aqueles que possuem apenas um anel são monômeros e 
os que possuem dois anéis ligados através dos seus respectivos átomos de iodo são os 
dímeros. Outro fator é que a nomenclatura iônica ou não iônica remete à capacidade de 
apresentar ou não a presença de cargas após a finalização da formação do composto químico. 
Ou seja, eu formei o composto químico e este não apresenta capacidade de formação de 
cargas após o seu processo de formação, significa dizer que ele é um meio de contraste iodado 
não iônico (não forma cargas). Já caso esse composto químico apresente capacidade de 
formação de cargas após seu processo de formação, significa dizer que ele é um meio de 
contraste iônico (forma cargas). E qual a importância disso? É simples. Essa informação será o 
pilar principal para os outros 3 conceitos que irei introduzir logo mais. 
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Devemos sempre levar em consideração 3 coisas: a osmolalidade do contraste, a viscosidade 
do contraste e quanto de contraste eu preciso infundir em determinada quantia de tempo. 
Esses são os 3 conceitos que eu citei no parágrafo de cima. Vamos observar a imagem abaixo 
para compreender melhor um deles. 
 
Podemos observar 3 tempos distintos com diferentes quantidades de contraste sendo injetado 
nessa quantia de tempo. Isso vai ser importante daqui a pouco. Guarde essa informação. Pois 
bem, utilizamos 1mL/seg quando nosso foco não for a rapidez, ou seja, aquele exame não vai 
precisar de uma injeção de contraste rápida para ser feito ou quando a rapidez não for o nosso 
foco, por exemplo, quando pesquisamos metástases (hepáticas, neurológicas, etc). Já quando 
temos 3mL/seg nós estamos em um meio termo. A necessidade de velocidade é mediana 
porque eu preciso fazer várias fases de exames. Aplicamos isso muito bem nas TC's de 
abdome, que precisamos fazer as fases arteriais, portal e tardia a fim de observar múltiplos 
acontecimentos, desde viscerais até de excreção de contraste. Partindo para os 5mL/seg, 
temos uma necessidade de grande quantia de contraste em pouco tempo. Aplicamos esse tipo 
de técnica especialmente em estudos angiográficos, onde precisamos densificar os vasos 
sanguíneos e obter fases bastante rápidas de cada vaso pré, durante e pós a passagem de 
contraste. Os vasos são redes interligadas, logo, o contraste sai rapidamente de um vaso e 
chega a outro, que será analisado. A velocidade aqui é bastante importante, bem como a 
quantidade de contraste, que deve ser adequada. 
Lembra-se da informação que eu pedi para guardar sobre a necessidade de uma determinada 
quantia de contraste por uma determinada quantia de tempo? Pois é. Vamos falar de 
viscosidade e osmolalidade, as outras 2 propriedades bastante importantes dos contrastes 
iodados, especialmente injetáveis. Devemos entender um contraste iodado iônico possui mais 
toxicidade do que o não iônico, mas não é só isso. Os não iônicos além de serem menos 
tóxicos ou causarem potencialmente menos efeitos adversos, possuem menor osmolalidade 
devido a não conter cargas. E qual a importância de saber as diferenças de osmolalidade? 
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Simples. Os meios de contraste com baixa osmolalidade ou osmolalidade menor, tendem a 
possuir semelhanças com a osmolalidade sanguínea (em torno de 260-280). Essa baixa 
osmolalidade é importante, pois o contraste terá maior capacidade de passar por membranas. 
Isso é importante ressaltar, pois o contraste precisa sair do compartimento intravascular e 
banhar o meio extravascular (e extracelular, obviamente). O problema dos meios de contraste 
de baixa osmolalidade é justamente a grande viscosidade. Essa grande viscosidade faz com 
que o contraste tenha mais resistência à passagem pelo meio vascular. Ele adere mais fácil. 
Gruda mais fácil. Não se move tão bem. Por esse motivo que profissionais radiologistas 
intervencionistas e médicos vasculares preferem utilizar contrastes de baixa viscosidade, mais 
especialmente para avaliar vasos sanguíneos. Imagine se eu preciso ver um vaso ou seus 
segmentos subsequentes (que são de menor calibre que o vaso principal) atrás de alguma 
patologia ou caso eu precise estudar vasos coronarianos. Não podemos ter uma viscosidade 
grande, não é verdade? Observe a imagem abaixo e observe como as grandezas de viscosidade 
e osmolalidade são inversamente proporcionais nos meios de contraste iodados. 
 
Obs: todos os valores não números aproximados. 
Entretanto não podemos esquecer: se usarmos meios de contraste com baixa viscosidade, o 
mesmo irá ter uma alta osmolalidade (eles são inversamente proporcionais). Em detrimento 
dos iônicos possuírem alta osmolalidade, ao utilizarmos, ele irá possuir uma osmolalidade 
maior que a do sangue. Muitas vezes maior. Como ele possui essa osmolalidade elevada, ao 
passar por receptores carotídeos (por exemplo), o corpo irá interpretar como uma 
osmolalidade muito alterada. Isso gera maiores riscos de reações adversas do que os 
contrastes não iônicos (de osmolalidade mais baixa que os iônicos). Segue abaixo uma 
tabelinha com os principais nomes comerciais das 4 classes de contrastes iodados.

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