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O PERÍODO DA REGÊNCIA E DO SEGUNDO REINADO

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ASPECTOS RELEVANTES DO DIREITO NO BRASIL IMPERIAL: O PERÍODO DA REGÊNCIA E DO SEGUNDO REINADO
A ambiência jurídico-política do Período Regencial: as reformas liberalizantes de 1831 a 1837 (a lei dos juizados de paz, a lei da Regência, os Códigos Criminal e de Processo Criminal, o Ato Adicional), o “Regresso” e o fim da experiência liberal-descentralizadora (a partir de 1837). O golpe jurídico-político da Maioridade. A primeira década do Segundo Reinado: implantação e consolidação. O apogeu do Segundo Reinado (de 1850 a 1870) e a modernização jurídico-política: Lei de Terras, Lei de extinção do tráfico de escravos, o Código Comercial, a Consolidação das Leis Civis de Teixeira de Freitas. 
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PARA ENTENDER O PRIMEIRO REINADO NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1824 E 1831 (CONSIDERAÇÕES NECESSÁRIAS...)
O processo autoritário que envolveu a elaboração da primeira Constituição brasileira, jurada no dia 25 de março de 1824 (dissolução da Assembléia Constituinte pelo decreto de 12 de novembro de 1823, a convocação, por este mesmo decreto, de um grupo formado pelo Conselho de Estado e presidido por D. Pedro I para a elaboração do texto constitucional ) provocou violenta reação em Pernambuco, dando origem à formação da CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR.
 Proclamada em 02 de julho de 1824, a Confederação intentou reunir sob a forma republicana e federativa as províncias de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte e, caso fosse possível, as províncias do Piauí e do Pará.
Submetida à dura repressão das forças do governo central, a Confederação foi derrotada em novembro de 1824, e muitos de seus participantes foram executados, dentre eles, o frei Caneca.
Este, porém, não foi o único problema enfrentado pelo imperador. Questões internas e de política externa tensionaram a condução político-administrativa do Império Brasileiro no período compreendido entre 1824 e 1831 e que se encerraria com a abdicação de D. Pedro I em 07/04/1831. 
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 No plano internacional, os EUA reconheceram nossa independência em maio de 1824 mediante a assinatura de um simples acordo comercial.
 As diversas repúblicas latino-americanas foram, progressivamente, reconhecendo a independência brasileira, apesar das desconfianças em relação a um regime monárquico e o domínio brasileiro na Província Cisplatina (atual Uruguai).
Em 29 de agosto de 1825, por mediação da Inglaterra, Portugal reconheceu a independência brasileira (que seria admitida como uma concessão de Portugal) mediante algumas condições: 
 
O pagamento de uma indenização de 2 milhões de libras por parte do Brasil (para a qual a Inglaterra forneceu um empréstimo).
Concessão, por parte do Brasil à ex-metrópole, da mesma tarifa de importação que cabia aos produtos ingleses (15% “ad valorem”).
O compromisso do governo brasileiro de não permitir a união de qualquer outra colônia lusitana ao Brasil (tal preocupação por parte de Portugal fazia sentido, uma vez que havia interesses brasileiros fortemente consolidados no tráfico de escravos, especialmente em Angola). 
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 O reconhecimento de nossa independência, por parte da Inglaterra, ocorrido em 18 de outubro de 1825, se deu em troca da renovação dos tratados de 1810 (renovação esta que foi assinada em 17 de agosto de 1827) e do comprometimento brasileiro em extinguir, em breve, o tráfico de escravos da África.
Além disso, o reconhecimento da independência brasileira por parte da Inglaterra ficou condicionada ao reconhecimento de nossa independência por parte de Portugal.
 
Com relação à extinção do tráfico de mão-de-obra escrava africana para o Brasil, foi firmado com a Inglaterra, em 23 de novembro de 1826, um tratado que declarava que o comércio interatlântico de escravos se tornaria ilegal três anos após a ratificação do acordo (o que se deu em 13 de março de 1827) – já a ratificação dos acordos comerciais (ou seja, da renovação dos tratados de 1810) se daria em 10 de novembro de 1827.
A renovação dos tratados de 1810, ocorrida em agosto de 1827, revelou o enfraquecimento da posição política de D. Pedro, sobretudo em função do desgastante conflito travado pelo Império com os argentinos pela posse da Província Cisplatina. 
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A GUERRA DA CISPLATINA (1825 – 1828)
Em 1825, quatro após sua incorporação ao Brasil, iniciou-se uma rebelião na Província Cisplatina, de que se aproveitou o governo de Buenos Aires para incorporá-la, em 25 de outubro de 1825, às Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina).
Tal fato levou o governo de D. Pedro I a declarar guerra à Argentina em dezembro de 1825, conflito este que se arrastou até 1828.
 Apesar da superioridade material, a condução da guerra mostrou-se desastrosa para o Brasil, o que viria a corroer o prestígio político e militar de D. Pedro I que foi acusado de não conseguir manter a integridade territorial do império.
A guerra acabou se transformando em um grande fracasso para o Brasil, sendo que, em outubro de 1828, foi criado, através de mediação inglesa, o Estado da Banda Oriental do Uruguai, estado-tampão entre Brasil e Argentina – com este acordo, a Inglaterra se tornaria a grande beneficiária no ambiente comercial da região do Rio da Prata.
A guerra trouxe para o Brasil graves consequências: gastos que estavam acima da capacidade dos cofres públicos; interrupção de abastecimento e elevação dos preços do gado bovino e muar do Rio Grande do Sul para RJ, SP e MG; aumento do recrutamento militar, prática detestada pela população; contratação de tropas mercenárias estrangeiras que foram protagonistas de graves motins no Rio de Janeiro em 1828.
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 Outras questões marcaram significativamente o Primeiro Reinado:
 O retorno ao funcionamento da Assembléia Geral em 1826 levou ao debate de projetos importantes, como por exemplo, o que tratava da responsabilidade dos ministros (resguardar o cidadão dos abusos das autoridades políticas, garantindo-lhe o direito de denúncia), o que versava sobre os abusos da imprensa (regulamentação dos crimes de abuso da liberdade de imprensa, projeto proposto por Gonçalves Ledo) e o que propunha a criação dos JUIZADOS DE PAZ (cuja implantação encontrava-se prevista no texto constitucional de 1824 – art. 162).
 A partir da legislatura de 1826, a Assembléia Geral (especialmente a Câmara dos Deputados) iria desempenhar papel fundamental na consolidação da representação política e na confrontação com o poder do imperador, almejando inclusive a hegemonização do processo político.
 Uma séria crise econômico-financeira ajudou a desgastar o cacife política político de D. Pedro I – tal crise se caracterizou por um aumento do déficit externo, pela queda na produção do açúcar e pela baixa dos preços dos demais produtos primários de exportação (algodão, couros, tabaco, café) devido à concorrência internacional e à recessão da economia mundial – além disso, podemos destacar a “quebra” do Banco do Brasil e o descalabro financeiro do governo, com a emissão descontrolada de dinheiro, que incentivou as falsificações e estimulou a elevação dos preços e a conseqüente desvalorização da moeda.
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 Uma séria desconfiança começou a ser alimentada por parte das elites brasileiras de que D. Pedro I pretendia a recomposição do Reino Unido, sobretudo a partir da morte de D. João VI em 1826 e da instalação de um governo absolutista, em Portugal, tendo a frente seu irmão mais novo, D. Miguel– deve-se lembrar que D. Pedro I nunca se desvinculou das questões sucessórias relacionadas ao trono português, participando ativamente do movimento de restituição do trono a sua filha, D. Maria da Glória (em nome da qual abdicara da Coroa portuguesa), o qual havia sido usurpado por seu D. Miguel, por meio de um golpe de Estado.
 Progressivamente, foi-se verificando o afastamento do Exército em relação ao Imperador, descontente, na base (ou seja, no meio dos soldados), com as más condições de vida, os atrasos nos pagamentos dos soldos e a rígida disciplina e na cúpula (ou seja, entre os comandantes), com as derrotas militares e com a presença de oficiais portuguesesnos postos de comando.
 Ao final de 1830 e no início de 1831 era visível a aproximação entre o Parlamento e o povo nas ruas, ao mesmo tempo em que a situação política de D. Pedro I se deteriorava rapidamente com a intensificação das manifestações de descontentamento por parte dos brasileiros e mesmo com as tentativas de formação de um novo ministério visando o apaziguamento, o descontentamento continuou e com a adesão de comandantes militares.
Por fim, em 07/04/1831 D. Pedro I abdicou em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, então com cinco anos e que seria coroado alguns anos depois como D. Pedro II.
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O PERÍODO REGENCIAL: REFORMAS LIBERAIS E DESCENTRALIZADORAS E O “REGRESSO” CENTRALIZADOR
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UMA PRIMEIRA ABORDAGEM A RESPEITO DO PERÍODO REGENCIAL...
O período posterior à abdicação de D. Pedro I ficou conhecido como Período Regencial – ao longo dele o país foi conduzido por figuras públicas, em nome do futuro imperador (cuja maioridade aconteceria antecipadamente, em 23/07/1840, quando então D. Pedro de Alcântara não havia completado 15 anos, já que seu aniversário ocorria no dia 02/12).
A princípio o governo regencial assumiu a forma de Regência Trina (três regentes) – logo após a abdicação de D. Pedro I, instalou-se uma Regência Trina Provisória, escolhida por parlamentares que se encontravam na Corte na manhã do dia 07/04, já que a Assembléia Geral estava em recesso. 
Em junho de 1831, foi formada a Regência Trina Permanente e, a partir do Ato Adicional de 1834, transformou-se em Regência Una.
O Período Regencial foi um dos mais agitados da história política do país, quando esteve em jogo a UNIDADE TERRITORIAL DO BRASIL e quando os temas da centralização e da descentralização do poder (autonomia das províncias, organização das forças armadas) estiveram no centro do debate político.
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 As reformas realizadas pelos regentes refletiram as dificuldades em se adotar uma prática liberal que se desligasse da influência do absolutismo – muitas das medidas adotadas que se destinaram a flexibilizar o sistema político e a garantir os direitos individuais, nas condições brasileiras da época, provocaram violentos conflitos entre as elites e resultaram em predomínio dos interesses locais.
 A verdade é que entre os grupos e classes dominantes no Brasil da época, não havia consenso a respeito do arranjo institucional mais conveniente para seus interesses e nem clareza sobre qual o papel a ser desempenhado pelo Estado como organizador dos interesses gerais dominantes.
 As reformas do Período Regencial, pelo menos até 1837, trataram de suprimir ou diminuir as atribuições da Monarquia e criar uma nova forma de organização militar, que reduzisse o papel do Exército.
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As reformas liberais e descentralizadoras implantadas no Primeiro Reinado e nos Governos Regenciais entre 1831 e 1837
Lei de Regência, sancionada em 14 de junho de 1831.
Criação da Guarda Nacional, em 18 de agosto de 1831.
Promulgação do Código Criminal em 16 de dezembro de 1830.
Criação dos JUIZADOS DE PAZ, em 15 de outubro de 1827.
Promulgação do Código de Processo Criminal em 29 de novembro de 1832.
Ato Adicional, promulgado em 12 de agosto de 1834 e implementado sob a forma de Emenda Constitucional.
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SOBRE OS JUIZADOS DE PAZ...
Os JUÍZES DE PAZ eram magistrados não profissionais, sem remuneração, eleitos localmente pelos habitantes de cada distrito ao qual ficavam circunscritos.
Inicialmente foram encarregados da conciliação entre as partes envolvidas em litígios de menor importância e do julgamento de ações cíveis que envolvessem valores de até dezesseis mil-réis, incumbindo-se também de certas funções policiais (dentre as quais podemos destacar: dissolver ajuntamentos ilícitos, perseguir e prender criminosos dentro de sua jurisdição, efetuar o corpo de delito, zelar pela aplicação das posturas municipais, desbaratar quilombos).
A implantação dos Juizados de Paz se constituía em uma das principais “bandeiras” dos liberais e tinha como um de seus objetivos a descentralização e o esvaziamento do excesso de concentração de poderes nas mãos do imperador.
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SOBRE O CÓDIGO CRIMINAL DE 1830...
Em 16/12/1830 foi instituído o Código Criminal do Império, baseado no projeto de Bernardo Pereira de Vasconcellos .
Este código classificou os crimes em três tipos:
 Crimes públicos (crimes políticos e administrativos que atentassem contra a integridade e a existência do Império e dos poderes públicos e que corrompessem a administração pública e os direitos políticos dos cidadãos).
 Crimes particulares (crimes cometidos contra a segurança, a liberdade, a honra e a propriedade do indivíduo, como por exemplo, o conto-do-vigário, o roubo, o insulto, a agressão física e o assassinato).
 Crimes policiais (crimes relacionados à desordem, ajuntamentos ilícitos, falsificação e uso de identidade falsa, abusos contra a liberdade de imprensa, vadiagem e mendicância, atentados contra a religião e a “moral e os bons costumes”, entre outros delitos leves, próximos à contravenção).
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Dentre os aspectos mais significativos do Código Criminal de 1830, podemos destacar:
a pena de morte se daria na forca, cumprida no dia seguinte ao da intimação, não se realizando nunca na véspera do domingo, dia santo ou de festa nacional.
na mulher grávida não se aplicaria a pena de morte e nem seria julgada, no caso de a merecer, senão 40 dias após o parto.
Além da pena de morte, outras penas eram previstas: galés, prisão com trabalho, prisão simples, banimento, degredo, desterro, todas acompanhadas de suspensão de direitos políticos.
Para os escravos mantinham-se as condenações a penas de açoites, no caso de delitos que não implicassem em condenação à morte, ou às galés.
O Código de 1830 não imputava pena, por não considerar como criminosos, os MENORES DE 14 ANOS, os LOUCOS DE TODO GÊNERO e as pessoas que cometessem crime levadas por força ou medo “irresistíveis”.
Os menores de 14 anos, quando considerados com discernimento a respeito do delito cometido, eram recolhidos a casas de correção.
O Código abrigava o Princípio da Legalidade, mas ainda se permitia o arbítrio dos juízes.
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 Até 1871, o Código não contemplava a indicação e a qualificação do crime culposo, quando então a falha foi sanada por lei complementar – pelo artigo 3º não haveria criminoso ou delinqüente sem má fé, ou seja, sem conhecimento do mal que se estava praticando.
Os crimes sexuais eram rigidamente punidos, mas a punição era tão mais contundente se a mulher fosse considerada socialmente como sendo “de família” – no caso da mulher ser prostituta, a pena para o agressor era mais leve.
O adultério feminino era punido com pena de prisão com trabalho de um a três anos – já o homem casado que tivesse concubina “teúda e manteúda”, seria punido com as penas impostas à mulher adúltera.
 Cultos religiosos que não fossem católicos eram considerados crimes quando praticados em público.
No âmbito da responsabilidade podemos destacar que os legisladores imperiais impuseram a responsabilidade sucessiva – isto ocorria nos crimes de imprensa.
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SOBRE A LEI DE REGÊNCIA DE JUNHO DE 1831...
 Um dos temas que mais disputas e controvérsias gerou no Primeiro Reinado, relacionava-se ao tensionamento entre o Executivo e o Legislativo.
Passado o episódio da abdicação de D. Pedro I, começaram a ser debatidas, na Câmara dos Deputados, as atribuições da Regência, tendo prevalecido os argumentos que buscavam evitar um desequilíbrio de poderes a favor do Executivo (ou seja, da Regência), em detrimento do Legislativo.
Assim, foi sancionada a Lei de Regência que fortalecia o poder dos deputados em detrimento dos regentes que estavam impedidos de dissolver a Câmara, de conceder anistia, de outorgar títulos honoríficos, de suspender as liberdades individuais, de decretar estado de sítio, de declarar guerra, de ratificar tratados e de nomear conselheiros - para tanto, dependiam do Parlamento.
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SOBRE A CRIAÇÃO DA GUARDA NACIONAL EM AGOSTO DE 1831...
 Uma das primeiras medidas tomadaspara reformular o aparelho repressivo oriundo do Primeiro Reinado foi a criação da Guarda Nacional.
 Em agosto de 1831 foi promulgada a lei que criava a Guarda Nacional - a idéia consistia em organizar um corpo armado de cidadãos confiáveis com capacidade de reduzir os excessos do governo centralizado e as ameaças das “classes perigosas”, ou seja, das classes populares.
 Além do controle das classes populares, a criação da Guarda Nacional refletiu a preocupação do governo brasileiro após a abdicação de D. Pedro I e das elites locais com o Exército – esta instituição mostrava-se mal organizada e formada por pessoas que eram mal pagas, insatisfeitas e propensas a se aliarem às “classes perigosas”, ou seja, ao povo, nas rebeliões urbanas.
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 Na prática, esta instituição ficou incumbida de manter a ordem no município onde fosse formada, contribuindo tanto para reafirmar o poder das elites locais, como para garantir os interesses do Estado Imperial, através do consenso entre estas elites – a Guarda Nacional era composta obrigatoriamente por cidadãos com direito de voto nas eleições primárias que tivessem de 21 a 60 anos e o alistamento obrigatório acabou desfalcando os quadros do Exército.
Até 1850, os oficiais inferiores da Guarda Nacional eram eleitos pelos integrantes da corporação, em eleição presidida pelo juiz de paz – aos poucos, o estabelecimento de uma hierarquia se sobrepôs ao princípio eletivo e as eleições se tornaram “letra morta” antes mesmo que a lei fosse mudada. 
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SOBRE O CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL DE 1832...
 O Código de Processo Criminal do Império alterou significativamente o direito brasileiro, pondo fim ao sistema judicial antigo derivado das Ordenações Filipinas. Na verdade, a denominação deste Código, de acordo com a lei de 29 de novembro de 1832 era “Código de Processo Criminal de primeira instância com disposição provisória acerca da administração da Justiça Civil”. Dentre as novidades introduzidas pelo Código de Processo Criminal podemos destacar:
 O modelo de investigação criminal típico das Ordenações (o processo inquisitorial) foi substituído por um JUIZADO DE INSTRUÇÃO, de perfil CONTRADITÓRIO, sob a direção de um JUIZ DE PAZ, leigo e eleito.
 Foram introduzidos o Conselho de Jurados (o Tribunal do Júri) e o recurso do HABEAS-CORPUS – havia dois conselhos de jurados: o da acusação (ou de pronúncia) com 23 jurados e o de sentença com 12 jurados.
 A primeira parte do Código reorganizou a justiça criminal, extinguindo as ouvidorias de comarca, os juízes de fora, os juízes ordinários, passando a justiça criminal a contar com os JUÍZES DE DIREITO, os JUÍZES MUNICIPAIS, JUÍZES DE PAZ e JURADOS.
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 Em nível de recurso havia as JUNTAS DE PAZ (formadas por cinco juízes de paz que apreciavam os recursos sobre as decisões dos juízes de paz) ou os TRIBUNAIS DA RELAÇÃO ou TRIBUNAIS PROVINCIAIS (para julgamento dos recursos das sentenças (revisão das decisões) dos JUÍZES DE DIREITO – para o SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA havia apenas o recurso de revista (os recursos de revista que lhe eram oferecidos, eram analisados com base exclusiva em nulidade manifesta ou injustiça notória no julgamento da causa pelas instâncias inferiores) 
 Os JUÍZES DE DIREITO eram nomeados pelo imperador e tinham atuação na COMARCA e sua função principal era presidir o Conselho de Jurados (presidiam os dois júris, o de acusação e o de sentença) – eram vitalícios e deviam ser bacharéis em direito com prática de um ano no foro;
 Os JUÍZES MUNICIPAIS eram nomeados pelos Presidentes de Província, por um período de três anos, por meio de listas tríplices elaboradas pelas Câmaras Municipais, sendo escolhidos entre pessoas bem conceituadas – eram formados em direito ou podiam ser advogados de comprovada habilidade (na falta de bacharéis em direito, os Tribunais da Relação “passavam provisão” para os que tivessem conhecimento da prática forense) e sua atuação se dava nos TERMOS (subdivisões da COMARCA).
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!!! 
Apesar da autonomia municipal ter sofrido um revés importante com a lei de 01/10/1828 *, o Código de Processo Criminal de 29/11/1832, durante o tempo em que esteve em vigor (reformado em 1841) restabeleceu, de certa forma, a autonomia dos municípios, habilitando-os a exercer, por si sós, atribuições judiciárias e policiais, ao mesmo tempo em que ampliou os poderes dos JUÍZES DE PAZ em relação àquelas atribuições previstas na lei de implantação dos JUIZADOS DE PAZ.
 Dentre as atribuições ampliadas dos JUÍZES DE PAZ, podemos destacar:
 Competência para julgar ações cuja pena máxima não excedesse a cem mil-réis ou seis meses de cadeia.
 prender criminosos procurados pela Justiça fora de sua jurisdição. 
 efetuar a formação de culpa e a pronúncia dos acusados, indicar os inspetores de quarteirão e elaborar, juntamente com os párocos locais e o presidente da Câmara Municipal, a lista dos jurados. 
ATENÇÃO!!!
 Durante a assembléia constituinte de 1823 que antecedeu a Constituição de 1824, havia dois posicionamentos sobre a natureza jurídica do município: um a favor da sua autonomia e outro defendendo a função meramente administrativa do poder municipal. Mas em 01/10/1828, foi editada a lei que regulamentava o exercício das funções municipais, definindo, em seu artigo 24, "serem as câmaras corporações meramente administrativas, na exercendo jurisdição alguma contenciosa". Assim, os municípios atravessaram o período imperial sem rendas próprias para prover as suas necessidades e sem autonomia para outras resoluções que porventura surgissem.
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A ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA CRIMINAL DE ACORDO COM O CÓDIGO CRIMINAL DE 1832 
JUÍZES DE PAZ (nos Distritos)
JUÍZES MUNICIPAIS (nos Termos ou Municípios
JUÍZES DE DIREITO (nas Comarcas)
JUNTAS DE PAZ
CONSELHO DE JURADOS (nos Municípios)
TRIBUNAIS DE RELAÇÃO (TRIBUNAIS PROVINCIAIS)
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Primeira Instância
Segunda Instância
Terceira Instância
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SOBRE O ATO ADICIONAL DE AGOSTO DE 1934...
 O Ato Adicional promulgado a 12 de agosto de 1834, resultou de um longo processo de debates que se iniciaram na imprensa e nas ruas, tendo como tema o FEDERALISMO, a partir de 1830 e em comissão especial da Câmara dos Deputados a partir de maio de 1831 que foi encarregada de elaborar uma proposta de reformas.
 O projeto inicial que ficou conhecido como “projeto Miranda Ribeiro” (proponente do projeto e membro da comissão, toda formada por liberais moderados) previa: monarquia federativa, supressão do Conselho de Estado, do Poder Moderador e do mandato vitalício do Senado, criação de assembléias provinciais e de intendentes nos municípios com funções executivas, repartição das rendas públicas em nacionais e provinciais e mudança da forma do governo regencial de REGÊNCIA TRINA para REGÊNCIA UNA, com vice-regente e eleita pelas assembléias provinciais.
 Este projeto foi enviado para o Senado em 13 de outubro de 1831, onde, depois de intensos debates, uma série de emendas acabou por derrubar o projeto Miranda Ribeiro.
 As emendas implementadas pelo Senado foram todas rejeitadas na Câmara, o que levou, em setembro de 1832, à reunião das duas casas legislativas em Assembléia Geral, o que levou a uma “solução de compromisso”, através da lei de 12/10/1832 que retirava do projeto original os seguintes itens: extinção do Poder Moderador e do Senado vitalício, a autonomia municipal e a qualificação de “monarquia federativa”. Por esta lei, as eleições para a Regência Uma seriam diretas (sem a eleição de vice-regente).
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 Como o projeto original da Câmara saiu muito modificado das negociações, uma nova comissão foi formada na Câmara (composta pelos deputados Paula Araújo, Bernardo de Vasconcellos e Limpo de Abreu) com o objetivo de elaborar um novo projeto de reformas que seria apresentado na sessão do dia 07 de junho de 1834.
 Mais uma vez, os temas polêmicos foram objeto de intensos debates entre os LIBERAIS EXALTADOS (que defendiam a ampliação das reformas descentralizadoras) e os CARAMURUS (conservadores)e alguns LIBERAIS MODERADOS (que pretendiam limitar, principalmente, os poderes dos LEGISLATIVOS PROVINCIAIS).
 Chegou-se a uma solução de “meio termo” que garantisse a liberdade das províncias, mas que não ameaçasse a unidade nacional e a ordem pública – em 12 de agosto de 1834 foi promulgado o Ato Adicional à Constituição de 1824.
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 Dentre os principais dispositivos do Ato Adicional, podemos destacar:
 Suspensão do exercício do Poder Moderador durante a Regência. 
 Supressão do Conselho de Estado.
 Substituição da Regência Trina pela Regência Una, sendo o regente eleito para um mandato de 04 anos por voto secreto e direto.
 Criação das Assembléias Provinciais (com legislaturas bienais), com maiores poderes que os Antigos Conselhos Gerais das Províncias – as decisões das Assembléias Provinciais não poderiam ser vetadas pelos Presidentes das Províncias, mas elas não tinham condições de legislar livremente, uma vez que não poderiam prejudicar “as imposições gerais do Estado” (art. 10, § 5º ).
 Pelo Ato Adicional, as Assembléias Provinciais passaram a ter competência para fixar e fiscalizar as despesas municipais e das províncias e para lançar os impostos necessários ao atendimento dessas despesas, desde que não prejudicassem as rendas a serem arrecadadas pelo governo central.
 Atribuiu-se também às Assembléias Provinciais a competência de nomear e demitir funcionários públicos, o que dava aos políticos regionais uma arma significativa tanto para a obtenção de votos em troca de favores, como para a perseguição de inimigos.
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!!! 
 Apesar do Ato Adicional não ter implantado uma FEDERAÇÃO (os presidentes das Províncias continuavam a ser escolhidos pelo Poder Central no Rio de Janeiro e as Províncias estavam impedidas de ter Constituições próprias), ele descentralizou a administração e concedeu mais autonomia às Províncias com a criação das ASSEMBLÉIAS PROVINCIAIS e com a DIVISÃO DAS RENDAS PÚBLICAS.
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PODER MODERADOR
PODER LEGISLATIVO
PODER EXECUTIVO
PODER JUDICIAL
IMPERADOR
REGÊNCIA UNA
ASSEMBLÉIA GERAL
SENADO
CÂMARA DOS DEPUTADOS
PRESIDENTES DE PROVÍNCIAS
ASSEMBLÉIAS PROVINCIAIS
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TRIBUNAIS DE RELAÇÃO
JUÍZES DE DIREITO E JUÍZES MUNICIPAIS
JUÍZES DE PAZ
OS PODERES DO ESTADO BRASILEIRO APÓS AS PROMULGAÇÕES DO CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL DE 1832 E DO ATO ADICIONAL DE 1834
JUNTAS DE PAZ
Suspenso até a maioridade de D. Pedro
Exercido por governos regenciais até a maioridade de D. Pedro
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E AS REFORMAS REGENCIAIS TIVERAM POUCA DURAÇÃO...
 Todo o conjunto de reformas liberais e descentralizadoras implementadas desde a segunda metade do Primeiro Reinado e ao longo do período compreendido entre 1831 e 1834 começou a ser contestada já no início do governo do primeiro regente uno, o liberal moderado, padre Diogo Antonio Feijó.
 Desde o início da regência de Feijó, em outubro de 1835, a resistência no Parlamente foi grande, já que as desavenças entre o regente e os deputados vinha do tempo em que Feijó, como ministro da Justiça na Regência Trina Permanente, cobrou duramente da Câmara a adoção de medidas extraordinárias para combater a “anarquia”, entrando em choque, não somente com a oposição dos deputados EXALTADOS e CARAMURUS, mas também com deputados do grupo dos MODERADOS, ao qual pertencia.
 Além disso, sua participação na tentativa de golpe de Estado por ocasião da discussão das reformas descentralizadoras em julho de 1832, associada a medidas polêmicas tomadas ao longo de seu governo (restrições à liberdade de imprensa pela lei de 18/03/1837, anulação das eleições na Paraíba e em Sergipe, por suspeita de fraude), aumentaram o desgaste do regente junto ao Parlamento, tornando-o mais vulnerável aos ataques da oposição.
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 Dois fatores contribuíram efetivamente para o desgaste do governo e para o aprofundamento da crise:
 O primeiro foi a eclosão de grandes revoltas em diferentes regiões do Império a partir de 1835 – mais uma vez Feijó, como já fizera quando ministro da Justiça da Regência Trina Permanente, exigiu do Câmara meios mais eficazes para o combate à Cabanagem e à Revolução Farroupilha (mais recursos no Orçamento e crédito complementar, efetivos militares maiores e leis mais enérgicas contra crimes de rebelião, sedição, conspiração, suspensão das garantias e restrição ao HABEAS-CORPUS).
O segundo fator foi a desilusão com as reformas liberais que, se refletiram a supremacia dos MODERADOS, produziram transformações que questionaram sua posição política, como por exemplo, o fortalecimento dos poderes provinciais que nem sempre estavam em sintonia com os interesses do governo central. 
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 No caso de solicitação de recursos materiais, financeiros e normativos adicionais para o combate à revoltas, a oposição, tendo a frente, Bernardo Pereira de Vasconcellos, estabelecia obstáculos às negociações, limitava a concessão dos recursos solicitados, sob a alegação de que o governo pretendia implantar uma DITADURA.
 Assim, 11 meses após a aprovação do Ato Adicional, surgiu a primeira proposta de elaboração de um projeto de interpretação de artigos considerados “obscuros e duvidosos” do Ato – esta proposta veio através de um requerimento do deputado Souza Martins, de 14/07/1835, que tinha como objetivo solicitar esclarecimentos das atribuições do Legislativo central e dos Legislativos provinciais, sendo, contudo, barrado.
 Em 18/05/1836 e em 19/06/1836 propostas semelhantes apresentadas pelos deputados Rodrigues Torres e José Raphael de Macedo foram rejeitadas. 
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 Entretanto, um novo projeto de interpretação do Ato Adicional apresentado pela Comissão das Assembléias Legislativas da Câmara dos Deputados (comissão formada por deputados REGRESSISTAS, Paulino Soares de Souza, Miguel Calmon e Carneiro Leão), tinha como objetivo limitar a ampliação dos poderes das ASSEMBLÉIAS PROVINCIAIS.
 Este projeto propunha que tudo o que não estivesse incluído ou mencionado nos artigos 10 e 11 do Ato, sobre as atribuições das ASSEMBLÉIAS PROVINCIAIS, pertenceria ao governo central.
 Dentre as proibições previstas nos seis artigos deste projeto que demonstravam claramente seu caráter centralizador, podemos destacar:
Proibição das assembléias provinciais de legislar sobre assuntos de polícia judiciária.
 Veto às assembléias de promover modificações na natureza e nas atribuições dos empregos públicos provinciais e municipais estabelecidos por leis gerais relativas a temas sobre os quais não podiam legislar (os cargos criados pelo Código de Processo Criminal).
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 Restrições ao poder de nomear e demitir empregados provinciais por parte das Assembléias Provinciais que só poderiam fazê-lo com relação aos cargos instituídos por leis provinciais ou por leis gerais que se referissem a objetos de competência legislativa das assembléias.
Proibição de demissão, por parte das Assembléias Provinciais, de magistrados gerais (das Relações e dos tribunais superiores).
 Proibição de demissão dos demais magistrados, a não ser que isto se fizesse por meio de queixa por crime de responsabilidade e mediante relatório.
 Este projeto foi levado adiante na legislatura seguinte (a de 1838 a 1841), tendo sido aprovado na Câmara em 26/06/1838 e ao passar pelo Senado no ano seguinte, foi promulgado em 12/05/1840 como a Lei de Interpretação do Ato Adicional.
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 A Lei de Interpretação do Ato Adicional pode ser compreendida como um dos instrumentos de reversão das reformas liberais implantadas nos primeiros anos da Regência, tendência esta que se configurou a partir de 1837, com a ascensão do chamado REGRESSO (parlamentares defensores de uma revisão das reformas liberais, consideradas excessivas) ao poder.
 Nas eleições parlamentares para uma nova legislatura que se iniciaria em 1838, o REGRESSO foi vitorioso e com a renúncia de Feijó em 19/09/1837, assumiu o governo da Regência o ministro do Império, Pedro de Araújo Lima, que seria confirmado como regente com as eleições de 1838.
O gabinete do novo governo, tendo à frente, BernardoPereira de Vasconcellos e Rodrigues Torres, com um grupo de políticos (destacando-se Paulino Soares de Souza e Euzebio de Queiroz) que comporia o futuro Partido Conservador, revelava a nova direção política do país.
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 Apesar da vitória do REGRESSO nas eleições parlamentares e regenciais, as dificuldades enfrentadas pelo novo esquema de poder foram praticamente as mesmas daquelas enfrentadas por Feijó, o que acabou resultando na queda do gabinete de Vasconcellos em 16/04/1839.
 Com o agravamento da crise, a solução passou a ser o fim da Regência e os PROGRESSISTAS (que comporiam o futuro Partido Liberal), apesar de serem minoria, começaram a articular a antecipação da MAIORIDADE do Imperador que se daria em 23/07/1840, quando D. Pedro de Alcântara ainda não havia completado 15 anos (só o faria em 02/12/1840).
O projeto Regressista, além da implantação da Lei de Interpretação do Ato Adicional, propôs também uma revisão no Código de Processo Criminal, cuja lei revisora foi sancionada pelo Imperador em 03/12/1841.
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 No que consistiu a reforma do Código de Processo Criminal?
 Concentração de toda a estrutura judicial e policial nas mãos do governo central (do Ministro da Justiça, representando o Imperador).
“Esvaziamento” da importância do JUIZ DE PAZ, em favor da POLÍCIA.
 Implantação de CHEFIAS DE POLÍCIA na Corte e em cada capital de província, cujos titulares eram nomeados pelo Ministro da Justiça, escolhidos dentre desembargadores e juízes de direito.
 Criação de cargos de DELEGADO e SUBDELEGADO (indicados e subordinados diretamente aos Chefes de Polícia e nomeados, na Corte, pelo Ministro da Justiça e nas Províncias, pelos Presidentes das Províncias) nas paróquias e nos municípios os quais assumiram muitas das funções antes atribuídas ao JUIZ DE PAZ, inclusive com atribuições de promover o julgamento de pequenas causas criminais, passando assim a POLÍCIA, em alguns casos, a ter atribuições de INVESTIGAÇÃO, de PROMOÇÃO DO INQUÉRITO e de APLICAÇÃO DE SENTENÇAS DE PRONÚNCIA em certos crimes, já que o art. 95 da Lei de Interpretação do Ato Adicional aboliu o JURI DE ACUSAÇÃO – a instrução criminal passou a ser matéria de polícia e as províncias perderam competências em matéria policial que haviam sido instituídas pelo Ato Adicional.
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 A reforma do Código de Processo Criminal também aumentou os requisitos para a condição de JURADO:
Saber ler e escrever.
Ter renda mínima anual que variava de 200 mil a 400 mil réis, de acordo com o tamanho da cidade.
 Além disso, determinou-se que, todas as pessoas em viagem pelo Império deveriam portar passaporte, para evitar interrogatórios e possíveis expulsões. 
 A obra centralizadora do REGRESSO contemplou também o restabelecimento do CONSELHO DE ESTADO em 23/11/1841 , por meio de projeto de Bernardo Pereira de Vasconcellos.
 Foi promovida também a reforma da Guarda Nacional, com a abolição do princípio eletivo, passando os oficiais a serem escolhidos pelo governo central ou pelos presidentes de províncias, AUMENTANDO-SE AS EXIGÊNCIAS DE RENDA PARA OS POSTOS DA GUARDA.
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IMPERADOR
MINISTRO DA JUSTIÇA
CHEFES DE POLÍCIA
PRESIDENTES DE PROVÍNCIAS
JUÍZES DE PAZ
ESTRUTURA JUDICIÁRIA E POLICIAL DO ESTADO MONÁRQUICO BRASILEIRO COM A REFORMA DO CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL
COMANDANTES DA GUARDA NACIONAL
MAGISTRADOS (desembargadores, juízes de órfãos, juízes municipais, juízes de direito e substitutos)
DELEGADOS
SUBDELEGADOS
INDEPENDENTES DO PODER CENTRAL
Nomeava o Chefe de Polícia, os delegados e os subdelegados na Corte 
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PRIMEIROS TRINTA ANOS DO SEGUNDO REINADO: IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO NA PRIMEIRA DÉCADA (1840 A 1850) – APOGEU DO GOVERNO DE D. PEDRO II (1850 A 1870)
 A década de 1850 não balizou para a sociedade brasileira apenas a metade do século XIX. Foi um período em que uma série de medidas foram tomadas na tentativa de mudar a fisionomia do país, conduzindo-o no sentido daquilo que se entendia como modernidade.
 Por exemplo, durante o ano de 1850 verificou-se a promulgação do Código Comercial, da Lei Euzébio de Queiroz que extinguiu o tráfico de escravos da África para o Brasil, da Lei de Terras e centralizou-se a Guarda Nacional.
Deve-se lembrar ainda que, na segunda metade da década de 1850, foi concluída a Consolidação da Leis Civis, elaborada pelo advogado e jurista AugustoTeixeira de Freitas.
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O CÓDIGO COMERCIAL
 Foi implantado pela Lei nº 556 de 25/06/1850, cuja redação foi levada a cabo por uma comissão presidida pelo ministro da Justiça, Euzébio de Queiroz e por notáveis conservadores como José Clemente Pereira, Nabuco de Araújo, Francisco Inácio de Carvalho Moreira e Irineu Evangelista de Souza, futuro Visconde de Mauá.
Compunha-se de três partes: 
 Do artigo 1º ao 455, o Código tratava do comércio em geral.
 Do artigo 456 ao 796, o Código tratava do comércio marítimo.
 Do artigo 797 ao 913, o Código tratava das quebras (falências).
O Código continha um anexo com o título “Da administração da justiça nos negócios e nas causas comerciais” que tratava da regulamentação da profissão de banqueiro e das operações bancárias, as condições dos contratos e obrigações mercantis (hipotecas, penhor mercantil), organização das companhias de comércio, das sociedades anônimas e das sociedades por comanditas.
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 O Código Comercial foi regulamentado pelos decretos 737 e 738 de 1850, sendo que este último decreto disciplinava o funcionamento dos TRIBUNAIS COMERCIAIS.
 Já o decreto 737 se constituiu como um verdadeiro Código de Processo Comercial , funcionando também como um Código de Processo Civil.
 Para muitos juristas, o decreto 737 se constituiu na mais sólida referência processualística do período imperial.
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LEI EUZÉBIO DE QUEIROZ
 Na primeira metade do século XIX, havia a crença, entre os círculos dominantes da sociedade brasileira, que “O Brasil é o café e o café é o negro”.
 Após a Independência, apesar da pressão inglesa de fazer com que o Brasil eliminasse o tráfico de escravos, a população livre como um todo acreditava que o fim do tráfico escravos traria o colapso para a sociedade brasileira – durante a década de 1820, o tráfico aumentou em relação à década anterior e a maior parte dos escravos importados foi encaminhada para as lavouras de café no Vale do Paraíba ou ficou no Rio de Janeiro.
 Em 1826, o Brasil firmou um tratado com a Inglaterra, pelo qual, três anos após a sua ratificação, o tráfico de escravos para o Brasil seria considerado ilegal, reservando-se a Marinha Inglesa o direito de inspecionar, em alto-mar, navios suspeitos de comércio ilegal - tal acordo deveria entrar em vigor em março de 1827, com eficácia a partir de março de 1830.
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 Uma lei de 07/11/1831 tentou pôr em andamento o tratado, com a previsão de penas severas para os traficantes, declarando livres todos os cativos que entrassem no Brasil após aquela data - tal lei se mostrou inócua, uma vez que, os traficantes de escravos não eram ainda malvistos na sociedade brasileira e as reformas descentralizadoras da Regência os favoreceram, visto os júris locais, dominados pelos grandes proprietários absolviam os pouco acusados que iam a julgamento (uma lei para “inglês ver”).
 Diante da inércia (na verdade, da impossibilidade prática e política) do governo brasileiro combater o tráfico de escravos de maneira efetiva, o Parlamento inglês aprovou em 1845 o SLAVE TRADE ACT (que no Brasil ficou conhecido como BILL ABERDEEN), proposto por George Hamilton Gordon, Lord Aberdeen (então ministro das Relações Exteriores do governo britânico), e que autorizava a Marinha Inglesa a tratar os navios negreiros como navios piratas, promovendo sua apreensão (tanto em alto-mar, como em águas territoriais brasileiras gerando alguns incidentes ao longo da costa, como por exemplo a troca de tiros entre um navio da Armada Inglesa e o Forte de Paranaguá, no Paraná) e levando os envolvidos para julgamento em tribunais ingleses – no Brasil, o Bill Aberdeen foi alvo de ataques com um certo conteúdo “nacionalista”.
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 Em setembrode 1848, subiu ao poder no governo brasileiro um gabinete conservador que, a partir de outubro de 1849 passou a ser presidido pelo Marquês de Porto Alegre, e que representava uma aliança de burocratas, magistrados e grandes fazendeiros fluminenses, ocupando o Ministério da Justiça, Eusébio de Queiros – partiria do Ministro da Justiça um projeto de lei, submetido ao Parlamento, para que se tomassem medidas eficazes contra o tráfico negreiro, reforçando a lei de 1831.
Por este projeto, o Brasil reconheceria os traficantes de escravos como piratas e tribunais especiais julgariam os infratores – tal projeto transformou-se em lei em setembro de 1850 e, desta vez, a lei “pegou”.
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DUAS QUESTÕES IMPORTANTES A RESPEITO DA EXTINÇÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS PARA O BRASIL: Quais os motivos que teriam levado a efetiva aplicação da lei de 1850 e o que mudou entre 1831 e 1850 para que isto tivesse acontecido?
 O incremento da pressão inglesa sobre o governo brasileiro.
Ao final da década de 1840, o mercado brasileiro encontrava-se bem abastecido de mão-de-obra escrava, em função da intensa importação de escravos realizada nas décadas anteriores.
A situação de muitos fazendeiros que tinham hipotecado suas terras para grandes traficantes, a maioria deles portugueses, que passaram a ser vistos com ressentimento.
O reforço do governo central, iniciativa dos conservadores, facilitou a tomada de medidas repressivas, destacando-se nesta tarefa homens como João Maurício Wanderley (futuro Barão de Cotejipe) e Nabuco de Araújo (ministro da Justiça entre 1853 e 1857).
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LEI DE TERRAS
 A Lei de Terras (Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850), aprovada duas semanas após a extinção do tráfico de escravos, tentou colocar ordem no emaranhado existente em matéria de propriedade rural, determinando que, no futuro, as terras públicas (terras devolutas) não poderiam ser ocupadas por qualquer outro título que não o de COMPRA DO ESTADO EM HASTA PÚBLICA.
 Garantia-se os direitos dos ocupantes de terra por posse mansa e pacífica ocorrida a partir de 1822 (quando foi revogado o instituto de doação de sesmarias) e dos possuidores de sesmarias com empreendimentos agrícolas instalados até a data da promulgação da lei.
 Esta lei foi concebida como uma forma de evitar o acesso à propriedade da terra por parte dos futuros imigrantes, estabelecendo que as terras públicas deveriam ser vendidas por um preço suficientemente alto para que posseiros e imigrantes pobres fossem afastados. 
Na verdade, a lei visava o favorecimento dos grandes fazendeiros preocupados em atrair o trabalho de imigrantes, para substituir a mão-de-obra escrava, impedindo que aqueles se tornassem pequenos proprietários.
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A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS CIVIS DE TEIXEIRA DE FREITAS
 Proclamada a Independência, foi promulgada a Lei de 20 de outubro de 1823 que determinou vigorassem no Império do Brasil as Ordenações Filipinas, as Leis e Decretos de Portugal promulgados até 25 de abril de 1821, até que se publicasse um novo Código.
 A Constituição de 1824 expressou “a necessidade de se organizar, o quanto antes, um Código Civil e um Criminal, fundado nas sólidas bases da Justiça e da Eqüidade” - em 1830 e 1850 foram promulgados os Códigos Criminal e Comercial, respectivamente.
Para a legislação civil, adotou-se outro critério, o de aperfeiçoá-la em duas fases distintas: primeiro, seria feito o levantamento e a consolidação de toda a legislação vigente até ali (“formar um novo corpo, mas de direito já vigente”); a seguir, com o auxílio do que fora feito, seria elaborado o texto do novo Código Civil (“formar um corpo novo de direito novo”).
 Em 15 de fevereiro de 1855, o Governo, representado pelo então Ministro da Justiça, José Tomás Nabuco de Araújo, celebrou contrato com o advogado Augusto Teixeira de Freitas, a quem foi concedido o prazo de cinco anos para a realização da tarefa.
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 A Consolidação (que foi publicada em 1857) foi o verdadeiro Código Civil do Brasil durante mais de meio século (até 1917, quando entrou em vigor o Código Civil Brasileiro, sancionado em 1º de Janeiro de 1916). 
Depois de haver realizado com pleno êxito a tarefa de elaborar a Consolidação das Leis Civis do Império, em 1859, Augusto Teixeira de Freitas foi contratado pelo governo imperial para elaborar o primeiro anteprojeto, mas o trabalho foi por ele abandonado em 1867, o que pode ser atribuído ao conflito entre as idéias de Teixeira de Freitas (que entendia que o Código Civil deveria abordar Direito Civil e Comercial)e as intenções do governo imperial (que entendia que o Código deveria abordar aspectos da legislação civil não incluídos no Código Comercial) a respeito dos temas que deveriam compor o Código Civil.
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