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Dir Civil II - Semana 1

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DIREITO CIVIL II  - O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SEMANA 1 
 
Estrutura do Conteúdo
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
1.1
Plano de ensino; 1.2 Metodologia de ensino – o método
da resolução de casos; 1.3 Bibliografia adotada – básica e complementar. 
 
2. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
2.1
Conceito, âmbito, gênese e importância do Direito das Obrigações. 2.2
Princípios norteadores das relações obrigacionais. 2.3 Direitos de crédito; 2.4 Tratamento do direito obrigacional no novo Código Civil;
2.5 Distinção entre direitos obrigacionais e direitos reais. 2.5.1 As
obrigações propter rem. 2.6
Distinção entre obrigação e responsabilidade. 
 
Referências bibliográficas: 
Nome do
livro: Direitos das Obrigações, Rio de Janeiro:, 2009. EAN-13:9788537506103
Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD,
Nelson. Editora: Rio de Janeiro: Lumem Juris Ano: 2009. Edição: 4a Nome do capítulo: Capítulo 1-
Introdução ao Direito das Obrigações N. de páginas do capítulo: 20 ( itens 1.1 a 1.4) 
 
DIREITO DAS
OBRIGAÇÕES
 
Ao longo do primeiro encontro o intuito é de apenas
apresentar uma síntese do conteúdo do Plano de ensino da disciplina,
discorrendo sobre seu âmbito focal, a partir da aplicação da metodologia
explicativa, através da qual o aluno possa começar a familiarizar-se com a
matéria. A partir daí, vamos discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. A
seguir, apresentar a bibliografia básica e complementar. Assim,  ao
adentrar ao conteúdo programático do primeiro
encontro vamos fornecer ao aluno o campo estrutural do Direito das
Obrigações e sua base principiológica. Vamos então,
discorrer sobre a relação do Direito Civil com a Constituição Federal de 1988,
para a partir deste entendimento introduzir o entendimento do conceito de repersonalização e do fenômeno da constitucionalização do
Direito Civil. Assim, sugerimos alguns tópicos que podem se constituir como um
referencial norteador à apresentação do conteúdo programático estabelecido para
estes dois primeiros encontros da primeira semana de aulas: Conceitos
importantes a desenvolver: Relações sociais em geral; Relações jurídicas;
Sociedade e complexidade social - necessidade de contratar; fazer algo e
receber em troca. Obrigações sociais: morais, religiosas e jurídicas –
distinção entre elas – a tutela estatal; força coercitiva advinda da norma, lei
ou contrato. Relação entre a liberdade do indivíduo e as obrigações impostas
pela sociedade para a vida social. Breve histórico sobre o direito obrigacional
no Direito Romano em que a obrigação possuía um cunho eminentemente pessoal.
Ex.: poder de tornar o indivíduo um escravo por cota de endividamento.
Enfatizar o fato pelo qual no Direito das Obrigações se encontra o suporte
econômico da sociedade capitalista, ressaltando a questão da circulação da
riqueza. Obrigações em relação ao Estado: obrigações tributárias. Esclarecer que
as obrigações decorrentes do Direito de Família serão tratadas posteriormente
em disciplinas próprias. Sobre o conceito de obrigação: A palavra obrigação
pode assumir vários significados, dependendo do contexto que estiver se
referindo. Dessa forma, em sentido amplo, a obrigação é um dever, que pode
estar ligada a uma acepção moral ou jurídica. Do ponto de vista moral, as
pessoas têm obrigações diversas, fruto da cultura, dos costumes e da própria
convivência social. Assim, exemplos de obrigações morais seriam
a obrigação de ir à missa, comparecer a eventos familiares, contribuir
com campanhas sociais, pagar dízimo em Igreja, dentre outras. Quando a
obrigação está dentro da órbita jurídica, há um dever
jurídico, que se relaciona à observância de uma lei específica, ou um
contrato firmado entre as partes. Assim, exemplos de obrigações jurídicas seriam a obrigação de pagar um tributo, de comparecer a uma
audiência, de cumprir um contrato de prestação de serviços, dentre muitas
outras. Importante apontar que não há uma definição no Código Civil; mas, que
no entanto há uma diferença entre obrigação em geral e direito das obrigações;
Clovis Bevilácqua (1977 ):
“Obrigação é a relação transitório do Direito que nos constrange a dar, fazer
ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de
alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em
virtude de lei, adquirir o direito de exigir de nós uma ação ou omissão”
Washington de Barros (1979) – critica a ausência da responsabilidade.
“Obrigação é a relação jurídica de caráter transitório,
estabelecida ente o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa
prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao
segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.” Silvio
Venosa ( 2003 ) “Obrigação é a relação jurídica transitória, de cunho
pecuniário, unindo duas ( ou mais ) pessoas, devendo uma ( o devedor ) realizar
uma prestação à outra.” (a responsabilidade não integra o conceito). Assim, é
possível afirmar: O Direito da obrigações consiste num
complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial que tem
por objetivo prestações de um sujeito em proveito de outro. Trabalhando a
partir dos conceitos O conceito: Relação é de cunho jurídico; não é pessoal; é
inerente ao direito. Transitória: deverá extinguir-se; há uma relação de tempo;
não há obrigação perene; Há, neste aspecto, uma diferença entre o Direito
Obrigacional e o Direito Real. Credor e devedor – pessoalidade do vínculo, há
um sujeito ativo e um sujeito ativo; diferentemente dos direitos reais que é
erga omnes. Prestação: atividade do devedor e, prol
do credor, que pode ser positiva ou negativa. É o patrimônio do devedor que
deverá responder, mesmo quando da obrigação personalíssima, quando resolve-se por perdas e danos. Direito das obrigações possui
cunho pecuniário; sem este aspecto econômico, pode ser obrigação jurídica, mas
não se insere no mundo do Direito das Obrigações. Obrigação de servir às forças
armadas e obrigações do proprietário de cumprir certos regulamentos administrativos – sentido lato; não há o aspecto pecuniário,
a figura do credor. Obrigação com título negociável – obrigação no mercado
financeiro. OBRIGAÇÃO DEVER JURÍDICO ? Observar o comando da lei, sob pena de
sanção SUJEIÇÃO ? Suportar as conseqüências jurídicas do exercício de um
direito ÔNUS JURÍDICO ? Agir de modo a tutelar seu direito DUALIDADE DA
OBRIGAÇÃO DÉBITO (dever de prestar) GARANTIA (direito de exigir / permite
sanção) Distinção entre os direitos reais e os direitos pessoais e o caso
especial das obrigações propter rem
Nos Direito das Obrigações, estuda-se as relações dos homens entre si. Nos
Direitos Reais, se estuda a relação dos homens com as coisas,
sempre movido por interesse econômico. Desse relacionamento econômico,
com as pessoas e com as coisas, forma-se um patrimônio ao longo de nossa vida,
que será transferido aos nossos herdeiros após nossa morte, de acordo com as
regras do Direito das Sucessões. O interesse econômico está em todas essas
relações. Importante esclarecer que o Direito de Família é o menos patrimonial
de todas os ramos do Direito Civil. Em suma, o Direito Patrimonial é o campo do
Direito Civil onde as pessoas se relacionam entre si,
através dos contratos, e onde as pessoas se relacionam com as coisas,
adquirindo propriedade, com o objetivo de formar um patrimônio, que será
transferido aos herdeiros após a morte. No direito patrimonial predomina a
autonomia privada, onde a liberdade dos particulares é grande, não há a
presença marcante do Estado. É permitido fazer tudo o que a lei não proíbe,
diferentemente do direito público (Administrativo - onde só se faz o que a lei
permite) DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIONAIS Incide sobre a coisa Incide
sobre as relações humanas Absoluto; oponível erga omnes
Relativo; só é oponível ao devedor. Só há um titular ( pessoa
ou condomínio ), exercida de forma direta e imediata. Credor e Devedor
vinculados pela prestação. É Atributiva. É Cooperativa. Concede gozo e fruição
de bens.Concede uma ou mais prestações efetuadas pelo devedor. É permanente É
transitório Estabelece direito de seqüela vinculado ao bem A execução recai
sobre o patrimônio geral. Numerus clausus
É infinito. 
 
AS OBRIGAÇÕES PROPTER REM. 
A conceituação do Direito das Coisas traz uma série de
questionamentos acerca de sua relação com o Direito Pessoal. A doutrina se
diverge em duas concepções: a teoria realista e a teoria monista. A despeito da
aceitação dessa dicotomia, não chegaram os civilistas a um critério único para
assinalar os traços distintivos do direito real e pessoal. Não obstante, nosso
Código Civil adotou a teoria realista. Entretanto, existe uma categoria
intermediária entre o direito real e o pessoal. São figuras híbridas ou ambíguas,
constituindo, na aparência, um misto de obrigação e de direito real. As
obrigações “in rem”, “ob”, ou “propter
rem”, para ARNOLDO WALD
derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres
decorrentes da necessidade de manter-se a coisa. Assim, considera que “as
obrigações reais, ou propter rem,
passam a pesar sobre quem se torne titular da coisa. Logo, sabendo-se quem é o
titular, sabe-se quem é o devedor”. Portanto, essas obrigações só existem em
razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de
determinada coisa. Caracterizam-se pela origem e transmissibilidade automática.
Consideradas em sua origem, verifica-se que provêm da existência de um direito
real, impondo-se a seu titular. Se o direito de que se origina é transmitido, a
obrigação segue, seja qual for o título translativo.
A transmissão ocorre automaticamente, isto é, sem ser necessária a intenção específica do transmitente.
São obrigações propter rem:
a do condomínio de contribuir para a conservação da coisa comum (CC, art. 624): a do proprietário de um imóvel no pagamento
do IPTU. Assim, é oportuno fixar as características dessas figuras: 
 
1º) vinculação a um direito real; 
2º) possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito
real, renunciando o direito sobre a coisa; 
3º) transmissibilidade por meio de negócios jurídicos, caso
em que a obrigação recairá sobre o adquirente. 
 
É de bom alvitre ressaltar a natureza jurídica dessas
obrigações, pois se encontram na zona fronteiriça entre os direitos reais e os
pessoais. Não são elas nem uma obligatio, nem um jus
in re, constituindo figuras mistas, no dizer de MARIA HELENA DINIZ. Entretanto,
há aqueles que atribuem maior importância ao aspecto real da relação. Como
também, aqueles, que apontando uma prestação num facere,
não se quadra à natureza do direito real. ORLANDO GOMES afirma que, apesar de
ser predominante no direito positivo brasileiro a tese da realidade das
obrigações propter rem, é
irrecusável que constituem vínculo jurídico pelo qual uma pessoa, embora
substituível, fica adstrita a satisfazer uma prestação no interesse de outra.
Assim, pondo os olhos para a questão, verifica-se que qualificados de acordo
com a teoria da realidade, seriam tutelados por meio de ações reais. No
entanto, a tendência é para admitir que o credor tem ação pessoal contra o
devedor, assim se procede na cobrança de IPTU. A propósito do tratamento do
direito obrigacional no Código Civil de 2002, apresentamos a contribuição
valiosa do texto elaborado pelo desembargador carioca Sylvio
Capanema, a seguir: “O NOVO CÓDIGO CIVIL E A REFORMULAÇÃO DA TEORIA DAS
OBRIGAÇÕES E DOS CONTRATOS A socialidade, eticidade e efetividade, que
caracterizam o novo Código Civil, revelam-se, ainda mais, no complexo e desafiante
mundo das obrigações e dos contratos, submetido que foi a um intenso processo
de releitura. De um modelo individualista, solidamente alicerçado nos velhos
dogmas do Estado Liberal, que transformava os princípios da autonomia da
vontade e da imutabilidade dos contratos em valores quase absolutos, passamos
agora para um sistema profundamente comprometido com a função social do
direito, e preocupado com a construção da dignidade do homem e de uma sociedade
mais justa e igualitária. A boa-fé objetiva, que passa a exigir dos
contratantes uma efetiva conduta honesta, leal e transparente,
transformou-se em dever jurídico, em cláusula geral, implícita em todos os
contratos, substituindo o velho conceito de boa-fé subjetiva, que traduzia mera
exortação ética, que pouco contribuía para garantir equações econômicas justas.
Como se não bastasse, converteu-se a boa-fé em primeiro critério de
hermenêutica dos negócios jurídicos, o que representará sua louvável e
necessária purificação ética. E a nova técnica das cláusulas gerais, de
princípios indefinidos, que aumenta, e muito, a discricionariedade dos juízes,
permitindo-lhes adotar, diante do caso concreto, as medidas necessárias para
compor o conflito de interesses, será o mais poderoso mecanismo de efetiva realização
e acesso à justiça, acelerando a entrega da prestação jurisdicional. Entre
tantas inovações, que oxigenam as relações obrigacionais, vamos destacar as que
nos parecem representar mudanças paradigmáticas, capazes de promover a redenção
ética da sociedade brasileira. A execução das obrigações de fazer e não fazer
resulta muito mais efetiva, já que se confere ao credor, em caso de urgência, e
independentemente de autorização judicial, o direito de mandar executar ou
desfazer o fato, para depois ser ressarcido pelo devedor inadimplente
(parágrafos únicos dos artigos 249 e 251). Imperdoável lacuna do antigo Código
foi agora suprida, inserindo-se capítulo expresso que disciplina a assunção da
dívida, inclusive com um certo alento para os que se dispõem a assumir débitos
garantidos por hipoteca, hipótese em que o silêncio do credor, ao final de 30
dias, representará anuência com a transferência. Parece-nos, entretanto, que a
regra de maior significado social está consagrada no artigo 317, que autoriza o
juiz, a requerimento da parte prejudicada, corrigir, quanto possível, o valor
real da prestação, sempre que por motivos imprevisíveis sobrevier desproporção
manifesta do valor da prestação devida entre o momento de seu nascimento e o do
pagamento. Fácil é perceber que o juiz será, agora, o grande equilibrador ético
e econômico das relações obrigacionais, cabendo-lhe velar pela preservação da
equação financeira dos negócios jurídicos, restaurando a comutatividade
inaugural. Pessoalmente temos entendido que esta revisão superveniente poderá
ser feita mesmo que o desequilíbrio resulte de um fato previsível, mas desde
que sejam imprevisíveis os seus efeitos, posição também já manifestada pela
maioria dos participantes do memorável encontro organizado pelo Superior Tribunal
de Justiça, do qual resultaram os primeiros enunciados interpretativos. No
cálculo das perdas e danos decorrentes do inadimplemento das obrigações
pecuniárias, além da atualização monetária, dos juros moratórios, custas e
honorários de advogado, se permite, agora, desde que não tenha sido ajustada
cláusula penal, que o credor reclame indenização suplementar, demonstrando que
os juros foram insuficientes para ressarci-lo integralmente. Do mesmo modo, e
como se vê do artigo 416, autoriza-se o credor a demandar pelo integral
ressarcimento de seus danos, caso a cláusula penal arbitrada se revele
insuficiente, mas desde que fique tal possibilidade
expressamente consignada, competindo ao credor a prova do prejuízo excedente.
No sensível campo da teoria geral dos contratos, os artigos 421 e 422
representam um novo tempo, e, por si só, já justificariam o Código, redimindo-o
de seus inevitáveis erros. O primeiro vincula os contratos a uma função social,
colocando-os a serviço não só das partes, mas também de toda a sociedade, e o
segundo passa a exigir dos contratantes uma efetiva conduta honesta, o que se
traduzirá em maior lealdade e transparência, além de equações econômicas
permanentemente equilibradas e justas. No contratos de
adesão, hoje tão freqüentes, se estabelece que a interpretação se fará sempre
em favor do aderente, vedando-se renúncias prévias a direitos inerentesà
natureza do negócio. Vale ainda ressaltar o fortalecimento dos direitos dos
adquirentes, em caso da existência de vícios redibitórios, ampliando-se os
prazos decadenciais para o ajuizamento das ações edilícias, o que aproxima o
Código Civil do direito consumerista. Parece-nos
indispensável observar, quanto à este aspecto, que se
estabeleceu louvável e necessária simetria entre o Código Civil e o de Defesa
do Consumidor, que, agora, se completam, unificando os regimes de proteção da
parte contratual mais vulnerável. Percebe-se que o novo Código recepciona, e
com vigor, os princípios do dirigismo contratual, para equilibrar os contratos
em que uma parte é mais frágil que a outra, da transparência, da informação e
da boa-fé. Como se não bastasse, também se fortalece, no novo Código, a teoria do risco,
no que concerne à responsabilidade civil, consagrada no Código de Defesa do
Consumidor, afastando-se cada vez mais a obsoleta teoria da culpa provada,
que passa a ser a exceção, quando, antes, era regra geral. Ao contrário do que
muitos temiam, o Código do Consumidor não foi revogado, passando a interagir
com o Civil, criando agora um poderoso sistema de proteção do hiposuficiente. Outras leis especiais, já bem recepcionadas
pela sociedade, e que disciplinam, com eficiência, seus respectivos mercados,
como a Lei do Inquilinato, também foram preservadas, não se tornando o Código
uma lei exaustiva, a regular todo o direito privado, e permitindo a manutenção
de micro-sistemas, mais ágeis e flexíveis, que possam acompanhar as rápidas
mutações econômicas e as turbulências políticas. Notável conquista representa o
novo capítulo que disciplina o regime jurídico dos contratos preliminares,
destacando-se o artigo 464, que permite ao juiz, a pedido do interessado,
suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo à
promessa, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. O velho dogma da
imutabilidade dos contratos resulta temperado, com a adoção, ainda que tardia,
da teoria da onerosidade excessiva, que assegura a qualquer das partes pedir a
resolução ou a modificação do contrato que, por motivos imprevisíveis, tiver rompida a sua base econômica, causando insuportável
prejuízo a um dos contratantes. Neste particular, vale a pena ressaltar que se
estabelece a diferença entre a lesão, a que se refere
o artigo 157, e a onerosidade excessiva, de que trata o artigo 478. A primeira
traduz vício de consentimento, defeito do negócio jurídico, sendo antecedente à
sua celebração, conduzindo à anulação do contrato. Verifica-se quando alguém,
aproveitando-se da premente necessidade de outrem, ou de usa inexperiência, lhe
impõe uma prestação desproporcional à contraprestação. A onerosidade excessiva,
ao contrário, é sempre superveniente ao nascimento do contrato, decorrente de
fatos extraordinários e imprevisíveis, que rompam a sua base econômica, não
constituindo um vício de vontade, e trazendo, como conseqüência, o direito de
resolver ou modificar o pacto. A rápida circulação dos contratos, exigência de
uma economia cada vez mais célere e sofisticada, e antes tão dificultada, pela
exacerbada aplicação do princípio da relatividade, agora se viabiliza, com a
adoção de figuras novas, como a do contrato com pessoa a declarar (artigos 467
a 471), no qual a parte se reserva o direito potestativo
de, em certo tempo, indicar uma outra pessoa que virá substituí-la na relação
contratual, sub-rogando-se em todos os seus direitos e deveres. Na disciplina
dos contratos em espécie, e em decorrência da unificação das obrigações civis e
comerciais, passaram a figurar modelos que antes se aninhavam no Código
Comercial, como, por exemplo, os contratos de comissão, agência e distribuição,
corretagem e estimatório, ampliando o campo dos
contratos típicos. Como se pode perceber, do apertado resumo que procuramos
fazer, as relações obrigacionais resultam, no novo Código, muito mais éticas e
efetivas, permitindo a construção de um modelo que realize uma função social.
Em inúmeros dispositivos se percebe, claramente, a já referida técnica das
cláusulas abertas, o que confere muito maior responsabilidade aos magistrados,
QUE terão que fixar os seus limites e consolidar os conceitos enunciados. Foi
por isto que o Professor Miguel Reale, coordenador do
projeto, afirmou que o Código está, a gora, na mão dos juízes, que deixam de
ser, apenas, a “boca da lei”, para exercer uma função efetiva de realização e
distribuição da justiça. De nada adiantarão as mudanças, frustrando-se as
justas expectativas da sociedade, se o Judiciário não interpretar o Código
segundo os ideais que o inspiraram, aplicando-o com coragem e fidelidade, o que
lhe permitirá cumprir o seu redentor papel de reformador social. Este novo
tempo, que emerge do Código Civil, exigirá também um novo Poder Judiciário, com
maior liberdade de atuação, inclusive política, modernizado pelas conquistas
tecnológicas, livre de ingerências externas, e integrados por juízes que se sintam
comprometidos com a função social do direito. O Judiciário fluminense não só
está preparado para o desafio, como certamente o vencerá!” Texto
confeccionado por Sylvio Capanema de Souza. Distinção
entre obrigação e responsabilidade. Pode haver obrigação sem responsabilidade:
ex. débitos prescritos. Assim como pode haver responsabilidade sem obrigação:
ex. fiador, que pagará a dívida somente em caso de inadimplemento. A obrigação,
do latim obligatio (ob+ ligatio),
que significa ação de prender, deriva do verbo obligare
(atar, ligar, vincular). A obrigação não se confunde com: sujeição, ônus e
dever jurídico. A sujeição tem o significado de obediência. Ex. um direito potestativo (que significa a impossibilidade de uma pessoa
em não cumprir um determinado comando): a existência de um prédio encravado e o
direito de o proprietário desse bem obter uma passagem forçada (art. 1.285 CCv), o direito de o locador despejar o locatário (arts. 59 e 60 da Lei 8.245/91). Portanto, nos exemplos
dados (direitos potestativos), há a sujeição e não a
obrigação daquele que se encontra na situação passiva. Ônus, por sua vez, é a
necessidade de seguir uma dada conduta em benefício próprio, como, verbi gratia, o ônus da prova
(art. 333, do CPC). O dever jurídico, no entanto, é a
necessidade de todos no cumprimento dos comandos legais, sob pena de sanção. Aí
vem a diferenciação da obrigação com as figuras acima expostas (sujeição, ônus
e dever jurídico), pois ela caracteriza-se e diferencia-se diante do fato de
uma determinada pessoa se encontrar obrigada a realizar uma certa conduta no
interesse de outra, denominada prestação (determinada no negócio jurídico). A
obrigação é um efeito jurídico e como tal sempre possui um fato que lhe dá
origem. Dos fatos jurídicos nascem as obrigações. Daí, do fato, a fonte da
obrigação. Para efeitos didáticos, as fontes das obrigações seriam as
seguintes: os negócios jurídicos bilaterais (contratos), de que trata os arts. 104 e segs. Do CCv/2002;
atos jurídicos unilaterais (arts. 854 e segs. do CCv/2002 - promessa de recompensa (arts.
854 e segs.), gestão de negócios (arts. 861 e segs.),
pagamento indevido ( arts.
876 e segs.) e enriquecimento sem causa (arts. 884 e
segs.); atos ilícitos (arts. 186/188 do CCv); e a lei. Portanto, a afirmativa de que a única fonte
das obrigações são os fatos jurídicos procede, pois se um fato está previsto
legalmente e tem o condão de criar efeitos obrigacionais, ele passa a ser um
fato jurídico. A lei é considerada fonte obrigacional por ser possível dar a um
fato conseqüências jurídicas, mediante a criação de uma norma, que poderá criar
uma nova relação obrigacional. A obrigação, pois, é sempre um dever jurídico
originário. 
 
APLICAÇÃO PRATICA TEÓRICA - CASO CONCRETO 1 
“- Saiba o senhor que o ordenamento civil obrigacional
brasileiro não dispõe de norma específica reguladora do denominado adimplemento
ruim. O art. 422 de nosso Código Civil, porém, ao estabelecer as normas gerais
sobre contraltos dispõe: “Os contrantes
são obrigados a guardar,assim na conclusão do contrato, como em sua execução,
os princípios de probidade e boa-fé”, estando ambos ligados à concepção da
relação obrigacional como processo. - Assim sendo, Seu Raimundo, caso o senhor
não cumpra com sua obrigação, ou seja, pague o aluguel em atraso, vou usar meu
direito potestativo e colocá-lo em sujeição! Estas
foram as palavras de Maria Clarisse para Raimundo Nonato, locatário de um
imóvel de sua propriedade, ao saber que ele havia dado uma grande festa para
comemorar o aniversário da esposa, mas estava com o aluguel atrasado há quase
dois meses e alegava dificuldades financeiras insuperáveis para justificar o
atraso. Sem entender muito bem o significado das palavras de sua senhoria,
Raimundo procura você, seu advogado, e faz as seguintes perguntas: 
 
a) A que
se pode associar a concepção da relação obrigacional como um processo? 
b) Que significa
esse tal direito potestativo da Dona Maria Clarisse? 
c) Por
que a obrigação não se confunde com sujeição ? 
 
QUESTÃO OBJETIVA 1 
Relacionado
ao conceito de obrigação formulado pelos autores, é CORRETO dizer: 
(A) é um
direito subjetivo absoluto porque permite a uma pessoa exigir de outra certo
comportamento; 
(B) é um
direito subjetivo relativo porque permite a uma pessoa exigir a prática de
certa conduta de toda a comunidade (erga omnes); 
(C) é um
direito subjetivo absoluto porque trata das relações que se estabelecem entre
as pessoas sobre uma coisa (ius in re), e todas as
demais pessoas ficam sujeitas a respeitá-lo; (D) é um direito subjetivo
relativo porque é o poder de uma pessoa de exigir de outra a prática de certo
comportamento em decorrência de um fato específico; 
(E) é um
direito subjetivo absoluto de uma pessoa impor à coletividade que respeite o
seu nome, a honra e a dignidade. 
 
QUESTÃO OBJETIVA 2 
O direito
das obrigações emprega o vocábulo obrigação no sentido técnico-jurídico de: 
(A)
qualquer espécie de vínculo ou de sujeição da pessoa; (B) submissão a uma regra
de conduta, cuja autoridade é reconhecida ou forçosamente se impõe; 
(C)
vínculo jurídico de conteúdo patrimonial, que se estabelece de pessoa a pessoa,
colocando-as, uma em face da outra, como credora e devedora; 
(D)
qualquer dever jurídico preexistente; 
( E) dever jurídico sucessivo, decorrente da violação de
um dever jurídico originário.

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