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CCJ0009-WL-PA-14-T e P Narrativa Jurídica-Novo-34126

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Título 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
7 
Tema 
Organização dos fatos na narrativa jurídica. 
Objetivos 
O aluno deverá ser capaz de: 
- Compreender a necessidade de organização cronológica dos fatos na narraƟva jurídica; 
- Identificar corretamente o fato gerador da demanda; 
- Desenvolver interesse pela pesquisa, com acesso a fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudências. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Formas de organização dos fatos na narraƟva 
1.1. Organização cronológica 
1.2. Organização acronológica 
2. IdenƟficação do fato gerador 
3. Organização linear dos fatos nas narraƟvas cível e criminal 
Aplicação Prática Teórica 
No discurso jurídico, é necessário ater-se aos fatos do mundo biossocial que levaram ao litígio. Ao procurar um advogado, o cliente fará, logo de início, um relato dos acontecimentos que, 
em sua perspectiva, causaram-lhe prejuízo do ponto de vista moral ou material. Contará sua versão do conflito, marcada, geralmente, por comoção, frequentes rodeios e muita parcialidade. 
Já compreendemos, nas aulas anteriores, que saber selecionar essas informações é importante e esse procedimento depende não só da peça que se quer redigir, mas também de uma visão 
crítica madura e acurada. 
Ao profissional do Direito caberá, em seguida, organizar as informações importantes obtidas nessa conversa, com vistas à estruturação da narrativa a ser apresentada na petição inicial. 
Sempre que o advogado elencar fatos, haverá entre eles um lapso temporal, imprescindível para a narrativa, a qual, por sua própria natureza, deve respeitar a cronologia do assunto em 
pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos na realidade. A essa narrativa chama-se também narrativa linear. Sobre esse assunto, leia, também, o capítulo “Narração e descrição: 
textos a serviço da argumentação”, do livro Lições de argumentação jurídica : da teoria à prática. 
Ao contrário, não se deve apresentar fatos em sequência alterada, não-linear. Para Victor Gabriel Rodríguez, a utilização da narrativa linear evidencia para o leitor o encadeamento lógico 
entre os acontecimentos, crucial para se estabelecerem os nexos de causalidade e alcançar também maior clareza textual. 
Adiante, uma tabela com vocabulário da área semântica de tempo, a fim de orientá-lo na produção das narrativas. 
VOCABULÁRIO DA ÁREA SEMÂNTICA DE TEMPO[1]: 
Tempo em geral: idade, era, época, período, ciclo, fase, temporada, prazo, lapso de tempo, instante, momento, minuto, hora, etc. 
Fluir do tempo: o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge, etc. 
Perpetuidade: perenidade, eternidade, duração eterna, permanente, contínua, ininterrupta, constante, tempo infinito, interminável, infindável, etc. Sempre, duradouro, indelével, 
imorredouro, imperecível, até a consumação dos séculos, etc. 
Longa duração: largo, longo tempo, longevo, macróbio, Matusalém, etc. 
Curta duração:  tempo breve, curto, rápido, instantaneidade, subitaneidade, pressa, rapidez, ligeireza, efêmero, num abrir e fechar d 'olhos, relance, momentâneo, precário, provisório, 
transitório, passageiro, interino, de afogadilho, presto, etc. 
Cronologia, medição, divisão do tempo: Cronos, calendário, folhinha, almanaque, calendas, cronometria, relógio, milênio, século, centúria, década, lustro, quinquênio, triênio, biênio, ano, 
mês, dia, tríduo, trimestre, bimestre, semana, anais, ampulheta, clepsidra, etc. 
Simultaneidade: durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultâneo, contemporâneo, coevo, isocronismo, coexistente, coincidência, coetâneo, gêmeo, ao passo que, à medida que, etc. 
Antecipação: antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritário, primordial, prematuro, primogênito, antecedência, precedência, prenúncio, preliminar, véspera, pródomo, etc. 
Posteridade: depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, por fim, afinal, mais tarde, póstumo, "in fine", etc. 
Intervalo: meio tempo, interstício, ínterim, entreato, interregno, pausa, tréguas, entrementes, etc. 
Tempo presente: atualidade, agora, já, neste instante, o dia de hoje, modernamente, hodiernamente, este ano, este século, etc. 
Tempo futuro: amanhã, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentro em pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc. 
Tempo passado: remoto, distante, pretérito, tempos idos, outros tempos, priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisa antediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo de 
amarrar cachorro com linguiça, etc. 
Frequência: constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetição, repetidamente, tradicional, amiúde, com frequência, ordinariamente, muitas vezes, etc. 
Infrequência: raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre, ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado, insólito, de quando em quando, de vez em vez, de vez 
em quando, de tempos em tempos, uma que outra vez, etc. 
  
CASO CONCRETO 
Famílias velam corpos trocados em hospital estadual de Saracuruna 
O Globo, 21 de abril de 2009, p. 16. 
Francisca Constantina de Souza, de 49 anos, e Helena dos Santos, de 51 anos, morreram, no último domingo, no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Caxias. 
Comunicadas, as duas famílias prepararam os enterros. Mas os corpos foram trocados. Na funerária, em Itaguaí, Daniele Moura, de 25 anos, descobriu que a mulher que estava no caixão 
não era sua mãe, Francisca. No Cemitério de Queimados, a família Santos velava Francisca acreditando se tratar de Helena. 
Apenas no início da tarde de ontem, o filho de Helena, Elias Santos, de 30 anos, soube da reclamação da família de Francisca. Ele já estava desconfiado. De acordo com os amigos, Helena 
era evangélica e não pintava as unhas ou fazia as sobrancelhas. 
- É uma verdadeira bagunça - disse Elias. 
Uma foto do corpo de Francisca, enviada por celular para a família dela, acabou com a dúvida. A filha Daniele lamentou o absurdo da situação: 
- Outras pessoas estão fazendo o velório da minha mãe. Olhem o que fizeram com as nossas famílias. 
Helena, mãe de cinco filhos, que foi atropelada, foi levada para o Hospital de Saracuruna e morreu no domingo. Francisca foi internada no dia 28 de março com aneurisma cerebral. Também 
na manhã de domingo, o hospital avisou a família sobre sua morte. O engenheiro químico Daniel de Moura Barbosa, de 54 anos, ex -marido de Francisca, reconheceu o corpo, mas disse ter 
sido pressionado por funcionários do hospital a dizer que se tratava da ex -mulher. 
Segundo o advogado Ricardo Felipe Meira de Carvalho, a família de Francisca vai denunciar o fato ao Ministério Público e mover uma ação por danos morais e materiais contra o estado. 
  
Questão 1 
Considere que informações juridicamente importantes são aquelas que precisam constar na narrativa da peça porque a lei, a doutrina e/ou a jurisprudência consideram essas informações 
como importantes. 
Assim, realize uma pesquisa e indique as fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudenciais que contribuam para a percepção de quais informações são juridicamente 
importantes para a solução da lide. 
Questão 2 
Produza uma narrativa simples – em texto corrido, adequadamente dividido em parágrafos – para o caso concreto com a exposição 
cronológica dos fatos. 
 
[1] GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna . 22. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004, cap. 1.6.5.5.1. 
  
Plano de Aula: Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA
Estácio de Sá Página 1 / 2
Título 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
7 
Tema 
Organização dos fatos na narrativa jurídica. 
Objetivos 
O aluno deverá ser capaz de: 
- Compreender a necessidade de organização cronológica dos fatos na narraƟva jurídica; 
- Identificar corretamente o fato gerador da demanda; 
- Desenvolver interesse pela pesquisa, com acesso a fontes principiológicas, legais, doutrináriase jurisprudências. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Formas de organização dos fatos na narraƟva 
1.1. Organização cronológica 
1.2. Organização acronológica 
2. IdenƟficação do fato gerador 
3. Organização linear dos fatos nas narraƟvas cível e criminal 
Aplicação Prática Teórica 
No discurso jurídico, é necessário ater-se aos fatos do mundo biossocial que levaram ao litígio. Ao procurar um advogado, o cliente fará, logo de início, um relato dos acontecimentos que, 
em sua perspectiva, causaram-lhe prejuízo do ponto de vista moral ou material. Contará sua versão do conflito, marcada, geralmente, por comoção, frequentes rodeios e muita parcialidade. 
Já compreendemos, nas aulas anteriores, que saber selecionar essas informações é importante e esse procedimento depende não só da peça que se quer redigir, mas também de uma visão 
crítica madura e acurada. 
Ao profissional do Direito caberá, em seguida, organizar as informações importantes obtidas nessa conversa, com vistas à estruturação da narrativa a ser apresentada na petição inicial. 
Sempre que o advogado elencar fatos, haverá entre eles um lapso temporal, imprescindível para a narrativa, a qual, por sua própria natureza, deve respeitar a cronologia do assunto em 
pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos na realidade. A essa narrativa chama-se também narrativa linear. Sobre esse assunto, leia, também, o capítulo “Narração e descrição: 
textos a serviço da argumentação”, do livro Lições de argumentação jurídica : da teoria à prática. 
Ao contrário, não se deve apresentar fatos em sequência alterada, não-linear. Para Victor Gabriel Rodríguez, a utilização da narrativa linear evidencia para o leitor o encadeamento lógico 
entre os acontecimentos, crucial para se estabelecerem os nexos de causalidade e alcançar também maior clareza textual. 
Adiante, uma tabela com vocabulário da área semântica de tempo, a fim de orientá-lo na produção das narrativas. 
VOCABULÁRIO DA ÁREA SEMÂNTICA DE TEMPO[1]: 
Tempo em geral: idade, era, época, período, ciclo, fase, temporada, prazo, lapso de tempo, instante, momento, minuto, hora, etc. 
Fluir do tempo: o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge, etc. 
Perpetuidade: perenidade, eternidade, duração eterna, permanente, contínua, ininterrupta, constante, tempo infinito, interminável, infindável, etc. Sempre, duradouro, indelével, 
imorredouro, imperecível, até a consumação dos séculos, etc. 
Longa duração: largo, longo tempo, longevo, macróbio, Matusalém, etc. 
Curta duração:  tempo breve, curto, rápido, instantaneidade, subitaneidade, pressa, rapidez, ligeireza, efêmero, num abrir e fechar d 'olhos, relance, momentâneo, precário, provisório, 
transitório, passageiro, interino, de afogadilho, presto, etc. 
Cronologia, medição, divisão do tempo: Cronos, calendário, folhinha, almanaque, calendas, cronometria, relógio, milênio, século, centúria, década, lustro, quinquênio, triênio, biênio, ano, 
mês, dia, tríduo, trimestre, bimestre, semana, anais, ampulheta, clepsidra, etc. 
Simultaneidade: durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultâneo, contemporâneo, coevo, isocronismo, coexistente, coincidência, coetâneo, gêmeo, ao passo que, à medida que, etc. 
Antecipação: antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritário, primordial, prematuro, primogênito, antecedência, precedência, prenúncio, preliminar, véspera, pródomo, etc. 
Posteridade: depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, por fim, afinal, mais tarde, póstumo, "in fine", etc. 
Intervalo: meio tempo, interstício, ínterim, entreato, interregno, pausa, tréguas, entrementes, etc. 
Tempo presente: atualidade, agora, já, neste instante, o dia de hoje, modernamente, hodiernamente, este ano, este século, etc. 
Tempo futuro: amanhã, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentro em pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc. 
Tempo passado: remoto, distante, pretérito, tempos idos, outros tempos, priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisa antediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo de 
amarrar cachorro com linguiça, etc. 
Frequência: constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetição, repetidamente, tradicional, amiúde, com frequência, ordinariamente, muitas vezes, etc. 
Infrequência: raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre, ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado, insólito, de quando em quando, de vez em vez, de vez 
em quando, de tempos em tempos, uma que outra vez, etc. 
  
CASO CONCRETO 
Famílias velam corpos trocados em hospital estadual de Saracuruna 
O Globo, 21 de abril de 2009, p. 16. 
Francisca Constantina de Souza, de 49 anos, e Helena dos Santos, de 51 anos, morreram, no último domingo, no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Caxias. 
Comunicadas, as duas famílias prepararam os enterros. Mas os corpos foram trocados. Na funerária, em Itaguaí, Daniele Moura, de 25 anos, descobriu que a mulher que estava no caixão 
não era sua mãe, Francisca. No Cemitério de Queimados, a família Santos velava Francisca acreditando se tratar de Helena. 
Apenas no início da tarde de ontem, o filho de Helena, Elias Santos, de 30 anos, soube da reclamação da família de Francisca. Ele já estava desconfiado. De acordo com os amigos, Helena 
era evangélica e não pintava as unhas ou fazia as sobrancelhas. 
- É uma verdadeira bagunça - disse Elias. 
Uma foto do corpo de Francisca, enviada por celular para a família dela, acabou com a dúvida. A filha Daniele lamentou o absurdo da situação: 
- Outras pessoas estão fazendo o velório da minha mãe. Olhem o que fizeram com as nossas famílias. 
Helena, mãe de cinco filhos, que foi atropelada, foi levada para o Hospital de Saracuruna e morreu no domingo. Francisca foi internada no dia 28 de março com aneurisma cerebral. Também 
na manhã de domingo, o hospital avisou a família sobre sua morte. O engenheiro químico Daniel de Moura Barbosa, de 54 anos, ex -marido de Francisca, reconheceu o corpo, mas disse ter 
sido pressionado por funcionários do hospital a dizer que se tratava da ex -mulher. 
Segundo o advogado Ricardo Felipe Meira de Carvalho, a família de Francisca vai denunciar o fato ao Ministério Público e mover uma ação por danos morais e materiais contra o estado. 
  
Questão 1 
Considere que informações juridicamente importantes são aquelas que precisam constar na narrativa da peça porque a lei, a doutrina e/ou a jurisprudência consideram essas informações 
como importantes. 
Assim, realize uma pesquisa e indique as fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudenciais que contribuam para a percepção de quais informações são juridicamente 
importantes para a solução da lide. 
Questão 2 
Produza uma narrativa simples – em texto corrido, adequadamente dividido em parágrafos – para o caso concreto com a exposição 
cronológica dos fatos. 
 
[1] GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna . 22. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004, cap. 1.6.5.5.1. 
  
Plano de Aula: Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA
Estácio de Sá Página 2 / 2

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