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A EXPERIÊNCIA EMOCIONAL PROPOSTA POR BION

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A EXPERIÊNCIA EMOCIONAL PROPOSTA POR BION
 
 A experiência emocional é a base do nosso funcionamento humano, permitindo a sua transformação ensaiar e desenvolver sentidos e significações para as sensações e os sentimentos primordiais que existem, de forma dispersa, no sujeito. Segundo Bion, a experiência emocional é um elemento essencial no desenvolvimento e através da qual pode-se dar um verdadeiro desenvolvimento da personalidade. O malogro no uso desta experiência ocasiona uma catástrofe semelhante no desenvolvimento da personalidade. A experiência emocional não pode ser concebida isoladamente, pois constitui-se como um elemento Beta (coisa em si), inapropriado para ser sonhado e, desta forma, metabolizado como pensamento e depois como memória. Esta experiência expressa-se através de emoções que anseiam transformação e sentido integrativo para o que se encontra disperso na ação (corporal e/ou verbal). Diante das teorias psicanalíticas, a experiência emocional é invariável, contudo, Bion a considera como conceito central e organizador do desenvolvimento humano, ou melhor, é partindo dela e da sua transformação em conteúdos narrativos que o sujeito vai humanizando-se e se formando único no seu jeito e nas formas de expressão e de relação. Para Bion, essa humanização do sujeito, ou seja, sua construção como ser único envolve processos continuados de significação, cuja base está na relação com as figuras cuidadoras, desde o pré-natal, envolvendo uma comunicação bioquímica, fantasmática e relacional. Ele nos alerta o quão importante é a parentalidade, principalmente a origem do Eu nuclear que emerge no indivíduo levando-o à construção do Eu autobiográfico. O Eu nuclear está ligado às ações, ou seja, com as relações entre o organismo e o objeto. Já o Eu autobiográfico, se desenvolve a partir de imagens que descrevem o objeto interagindo com sentimentos primordiais. Ao deslocar sua atenção à criança de desenvolvimento, Bion enfatiza a clareza da função parental que limita e transforma a impulsividade ao transformar e dar sentido aos impulsos da criança. Esta função introduz limites à criança, contrapondo segurança e significação.
 Nosso corpo e a ação motora são elementos expressivos acerca de si, do nosso sentir, do que nos rodeia, mas que, contudo, quando não se integram como variação, sinalizadoras das angústias sentidas face ás ameaças internas e externas, sejam elas um desconforto interno, com a relação com nossos pais ou a ausência de respostas as nossas necessidades. Na relação no setting, dependendo do nível de não interação, podem ser mobilizadas defesas que, ao serem colocadas no campo relacional, podem se tornar ameaça à integridade do Eu do sujeito, dando espaço a manifestações de autodefesa como a clivagem que impede o acesso ao Eu total, revelando-se como escapatórias duma ausência contentora e transformadora das experiências emocionais. Segundo Bion, sua proposta quanto ao setting psicanalítico nos encaminha ao conhecimento da experiência emocional vivida na sessão. De acordo com Zimerman (1999), um fator importante para um clima eficaz no setting é a motivação, tanto a consciente quanto a inconsciente, quanto aos objetivos relativos a que ambos, analista e analisando esperam da análise. Isso deixa claro que desta forma conseguiremos apreender os sentimentos que brotam, de forma espontânea durante a sessão e, ratifica-se que, na psicanálise o objeto de estudo é a realidade psíquica do analisando ou do analista. A realidade psíquica não e um objeto no sentido físico e os sentimentos vivenciados pelo analista não são apreendidos. Cabe ao analista comunicar ao analisando a natureza dos objetos do conhecimento que emergem através de sucessivas transformações e abstrações. Vínculos são criados no setting, uma vez que se trata de entender experiências vivenciadas entre analista/analisando, pois emoções estarão sempre permeando entre os objetos. De acordo com Bion, o analista nem sempre conseguirá esconder seus sentimentos e nem deve fazê-lo, porém deve sempre lembrar que seu papel serve de modelo ao analisando, devendo sempre manter a ética.
Referências:
- Zimerman, David E. Fundamentos Psicanalíticos Teoria, Técnica e Clínica. Editora Artmed, 1999. Reimpressão 2017.
- Zusman, Waldemar. Influências de Bion na Técnica Psicanalítica. Sociedade Brasileira de Psicanálise de porto Alegre (BR 1712.1 - SBPPA). 2001, http://sbpdepa.org.br
- O vértice da Teoria das Transformações. Revista Brasileira de psicoterapia, 2016, http://www.fepal.org
- Experiência Emocional e Processo Transformacional Psicoterapia Analítica. Associação Portuguesa de Psicologia e Psicoterapia Psicanalítica, 2019, http://www.apppp.pt>revista

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