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Critica: Noticias de uma Guerra Particular
Noticias de uma guerra particular, documentário de Kátia Lund e João Moreira Salles, que acaba de ser lançado em todo Brasil, começou a ser produzido dez anos antes nas favelas do Rio de Janeiro. Retrata a violência na cidade sobre diferentes pontos de vista. 
Nele são entrevistados desde o comandante do BOPE até o chefe do tráfico do morro Dona Marta. Sem aquela abordagem sensacionalista oferecida pela grande mídia, o documentário deixa a escolha do espectador que lado defender. A expressão “Guerra Particular” a que se refere o titulo, foi retirada de uma frase dita pelo ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel, que diz respeito à guerra incessante entre policiais e traficantes na cidade do Rio de Janeiro. 
O documentário conta com depoimentos de Gordo, um dos fundadores do Comando Vermelho, o escritor Paulo Lins e do chefe da policia civil Hélio Luz, traçando o desenvolvimento histórico do tráfico nas favelas e como se tornou esse movimento violento que vemos hoje. O filme conta com imagens fortes como a de um soldado do morro apresentando a farta artilharia utilizada na guerra, é também registrado um confronto entre policiais e traficantes a luz do dia. No entanto, a força do filme não está nas imagens e sim nos depoimentos. 
Um dos fundadores do Comando Vermelho apresenta a seguinte idéia principal e política da criação do movimento: segundo ele, o Comando inicialmente surgiu para assistir e proteger os membros do morro, sustentado pela venda de drogas.
Foi introduzido para preencher a lacuna deixada pelo poder publico nas favelas cariocas. Os moradores recebem ajuda do movimento para adquirirem bens necessários para o seu bem-estar, sejam na compra de medicamentos, bujões de gás, compras mensais e etc. Esse papel é cumprido pela facção gerando assim uma espécie de inversão de papeis entre estado e poder paralelo. Quem é policia e quem é bandido? Para nós que estamos seguros dentro de nossas casas fica fácil responder a pergunta. Agora imagine se você crescesse dentro de uma comunidade e sempre que a policia se faz presente é para impor medo, terror e violência, e os ditos “bandidos” são aqueles que sempre o ajudaram e estenderam a mão no momento em que precisou. Por assim é compreensível essa inversão de papeis, sobre o ponto de vista dos flagelados. 
Nesse contexto, os membros desse movimento são muitas vezes vistos como exemplo e motivo de orgulho. Pois bem, se no meio em que vivem morrer lutando contra o inimigo é tido como um ato de bravura e admiração, mão-de-obra não faltará. Somando a escassez de empregos e falta de oportunidades de se obter uma fonte de renda digna, se junta à fome com a vontade de comer e uma guerra civil, se é que nós já não a vivemos, torna-se iminente.

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